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LOGÍSTICA HOSPITALAR 1 Apresentação ................................................................................................................................ 8 Aula 1: Logística e a logística hospitalar ........................................................................................ 9 ............................................................................................................................. 9 Introdução .............................................................................................................................. 10 Conteúdo Histórico da logística ....................................................................................................... 10 Origem e definição .......................................................................................................... 10 Importância da logística na guerra .............................................................................. 11 Na prática .......................................................................................................................... 11 Exemplo prático ............................................................................................................... 12 Quatro pilares interdependentes .................................................................................. 13 Gestão hospitalar ............................................................................................................. 14 Importância da logística empresarial ........................................................................... 14 Atividades logísticas ........................................................................................................ 15 Atividades primárias ........................................................................................................ 15 Atividades de apoio ......................................................................................................... 17 Competência logística .................................................................................................... 18 Missão da logística ........................................................................................................... 19 Serviço Logístico .............................................................................................................. 19 Nível de Serviço ............................................................................................................... 20 Relação Nível de Serviço x Custo ................................................................................. 20 Logística hospitalar .......................................................................................................... 21 A cadeia de suprimentos hospitalar ............................................................................. 22 Encerramento ................................................................................................................... 23 Atividade proposta .......................................................................................................... 23 ........................................................................................................................... 24 Referências ......................................................................................................... 25 Exercícios de fixação Notas ........................................................................................................................................... 29 Chaves de resposta ..................................................................................................................... 29 ..................................................................................................................................... 29 Aula 1 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 29 Aula 2: Planejamento do suprimento ......................................................................................... 32 ........................................................................................................................... 32 Introdução .............................................................................................................................. 33 Conteúdo LOGÍSTICA HOSPITALAR 2 Contextualização ............................................................................................................. 33 O nível estratégico ........................................................................................................... 33 O nível estratégico ........................................................................................................... 36 Nível estrutural ou tático ................................................................................................ 36 O sistema produtivo de uma OH .................................................................................. 36 Nível operacional ............................................................................................................. 38 Razões para a previsão das necessidades de uma organização hospitalar ......... 38 Gestão da demanda ........................................................................................................ 39 Métodos quantitativos de previsão da demanda ...................................................... 42 Reflexão ............................................................................................................................. 45 Atividade proposta .......................................................................................................... 45 Atividade proposta .......................................................................................................... 46 ........................................................................................................................... 47 Referências ......................................................................................................... 47 Exercícios de fixação Notas ........................................................................................................................................... 52 Chaves de resposta ..................................................................................................................... 53 ..................................................................................................................................... 53 Aula 2 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 53 Aula 3: Gestão dos estoques ....................................................................................................... 56 ........................................................................................................................... 56 Introdução .............................................................................................................................. 57 Conteúdo Gerência de estoque ....................................................................................................... 57 Visão financeira dos estoques ....................................................................................... 58 Função dos estoques ...................................................................................................... 59 Planejamento dos estoques .......................................................................................... 59 Classificação dos estoques ............................................................................................ 60 Ferramentas para a gestão dos estoques ...................................................................61 Metodologia de construção – curva ABC ................................................................... 63 Criticidade ......................................................................................................................... 64 Métodos para controle de estoques ............................................................................ 65 Métodos das quantidades fixas ..................................................................................... 66 Método das revisões periódicas .................................................................................... 69 Avaliação de estoques .................................................................................................... 69 Exemplo prático ............................................................................................................... 70 Encerramento ................................................................................................................... 72 Atividade proposta .......................................................................................................... 72 LOGÍSTICA HOSPITALAR 3 ........................................................................................................................... 72 Referências ......................................................................................................... 73 Exercícios de fixação Notas ........................................................................................................................................... 77 Chaves de resposta ..................................................................................................................... 77 ..................................................................................................................................... 77 Aula 3 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 77 Aula 4: Gestão dos estoques ....................................................................................................... 81 .............................................................................................................................. 82 Conteúdo Função de compras ......................................................................................................... 82 Objetivos principais ......................................................................................................... 82 O Papel estratégico de compras ................................................................................... 83 Centralização e descentralização de compras .......................................................... 85 Duas estratégias básicas ................................................................................................. 86 O perfil do setor de compras ......................................................................................... 87 Compradores: reativos ou proativos ........................................................................... 87 Atributos desejáveis ao perfil dos profissionais ......................................................... 88 Consultor interno ............................................................................................................ 89 O Processo de compras.................................................................................................. 90 Recebimento e análise das requisições de compras ................................................ 90 Seleção de fornecedores ................................................................................................ 91 Mapa comparativo ........................................................................................................... 91 Negociação das condições ............................................................................................ 92 Emissão da documentação ........................................................................................... 93 Gestão do Fornecimento ou Diligenciamento .......................................................... 94 Recebimento e aceitação ............................................................................................... 94 Compras no setor público ............................................................................................. 95 Atividade proposta .......................................................................................................... 95 ........................................................................................................................... 96 Referências ......................................................................................................... 97 Exercícios de fixação Notas ......................................................................................................................................... 100 Chaves de resposta ................................................................................................................... 100 ................................................................................................................................... 100 Aula 4 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 100 Aula 5: Licitações ....................................................................................................................... 104 ............................................................................................................................ 105 Conteúdo Considerações iniciais .................................................................................................. 105 LOGÍSTICA HOSPITALAR 4 Aquisições em instituições públicas .......................................................................... 105 Três pilares básicos ....................................................................................................... 106 A legislação ainda contempla circunstâncias especiais ......................................... 107 Quadro-resumo das principais características ........................................................ 108 O edital ............................................................................................................................. 109 Na aquisição de medicamentos - edital ................................................................... 109 Editais para a compra de equipamentos ................................................................... 110 Especificação dos bens ................................................................................................. 110 Edital de pregão eletrônico nº 012/2013 ................................................................... 111 Sistema de Registro de Preços .................................................................................... 111 Hipóteses ......................................................................................................................... 112 Do Procedimento e Julgamento das Licitações ...................................................... 113 O Portal de Compras do Governo Federal (Comprasnet) ..................................... 114 O portal de compras do Governo Federal (Comprasnet) ...................................... 114 Encerramento ................................................................................................................. 115 Atividade proposta ........................................................................................................ 115 ......................................................................................................................... 116 Referências....................................................................................................... 117 Exercícios de fixação Notas ......................................................................................................................................... 122 Chaves de resposta ................................................................................................................... 122 ................................................................................................................................... 122 Aula 5 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 122 Aula 6: Terceirização aplicada à área de saúde ........................................................................ 125 ............................................................................................................................ 126 Conteúdo Custos operacionais (eficiência) e eficácia (competitividade) .............................. 126 A Terceirização .............................................................................................................. 126 A Terceirização sob o Enfoque das Empresas Modernas ...................................... 126 Atividades mais indicadas para a terceirização ....................................................... 127 Fundamento teóricos .................................................................................................... 128 Início da terceirização no Brasil .................................................................................. 128 Empresas brasileiras e a terceirização ....................................................................... 129 Porque Terceirizar? ....................................................................................................... 129 Flexibilidade gerencial ................................................................................................... 130 Problemas frequentes ................................................................................................... 130 Qualidade, preço, prazo, e inovação.......................................................................... 131 Concentração de Fornecedores x Relacionamento ............................................... 131 LOGÍSTICA HOSPITALAR 5 Consenso na literatura.................................................................................................. 132 Alguns problemas enfrentados ................................................................................... 132 Profissionais com o perfil exigido ............................................................................... 133 Os contratos e sua gestão ............................................................................................ 134 O Contrato, e a sua importância ................................................................................ 134 O Contrato ...................................................................................................................... 135 Elementos Essenciais do Contrato ............................................................................. 135 A Importância da Gestão de Contratos ..................................................................... 137 Tipos de contratos ......................................................................................................... 137 Integração entre Gestão e Fiscalização de Contratos ............................................ 138 Quem Cala Consente? .................................................................................................. 139 Integração entre Gestão e Fiscalização de Contratos ............................................ 140 A Fiscalização de Contratos na Lei nº 8.666/1993 (Administração Pública) ...... 141 Atividade proposta ........................................................................................................ 142 Atividade proposta ........................................................................................................ 142 Atividade proposta ........................................................................................................ 142 ......................................................................................................................... 143 Referências ....................................................................................................... 143 Exercícios de fixação Notas ......................................................................................................................................... 147 Chaves de resposta ................................................................................................................... 147 ................................................................................................................................... 147 Aula 6 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 147 Aula 7: Armazenamento e distribuição ..................................................................................... 150 ............................................................................................................................ 151 Conteúdo Armazenar ou estocar? ................................................................................................. 151 Armazenagem de produtos ......................................................................................... 151 Instalações de armazenagem ..................................................................................... 152 Centros de distribuição ................................................................................................ 152 Crossdocking: o que é? ................................................................................................ 152 Principais vantagens da utilização de centros de distribuição ............................. 154 Layout dos centros de distribuição ............................................................................ 155 Esquema lógico .............................................................................................................. 156 Tecnologia aplicada às organizações de saúde .......................................................... 161 Códigos de barras ........................................................................................................... 162 Como é feita a codificação em barras? ........................................................................ 164 Estrutura do código de barras ..................................................................................... 165 LOGÍSTICA HOSPITALAR 6 RFID (Radio Frequency Identification) ....................................................................... 166 Recursos de rastreamento de cargas via satélite .................................................... 168 Reflexão ........................................................................................................................... 169 Sistemas de Gestão de Centros de Distribuição ou Warehouse Management System (WMS) ................................................................................................................. 170 Objetivos básicos de um WMS .................................................................................... 170 Input x Output de um WMS ......................................................................................... 171 Implantação de um WMS ............................................................................................. 172 Atividade proposta ........................................................................................................173 ......................................................................................................................... 173 Referências ....................................................................................................... 174 Exercícios de fixação Notas ......................................................................................................................................... 177 Chaves de resposta ................................................................................................................... 177 ................................................................................................................................... 177 Aula 7 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 177 Aula 8: Controle de materiais .................................................................................................... 181 ............................................................................................................................ 182 Conteúdo A armazenagem de materiais ..................................................................................... 182 Área de carga e descarga ............................................................................................. 182 A central .......................................................................................................................... 182 Recepção de medicamentos ....................................................................................... 183 Materiais médico-hospitalares .................................................................................... 184 Embalagem de materiais .............................................................................................. 185 Características das embalagens mais comuns ........................................................ 185 Alguns cuidados com a forma de manusear e de acondicionar o estoque ...... 187 Guarda e preservação de materiais na farmácia hospitalar .................................. 188 Principais aspectos relacionados ao armazenamento de medicamentos na farmácia hospitalar ........................................................................................................ 188 Controle de material ..................................................................................................... 189 Inventários ...................................................................................................................... 193 Definição de inventários ............................................................................................... 194 Acurácia do estoque ..................................................................................................... 194 Tipos de inventários ...................................................................................................... 195 Finalidade dos inventários ........................................................................................... 196 Procedimentos ............................................................................................................... 196 Atividade proposta ........................................................................................................ 196 LOGÍSTICA HOSPITALAR 7 ......................................................................................................................... 197 Referências ....................................................................................................... 197 Exercícios de fixação Notas ......................................................................................................................................... 202 Chaves de resposta ................................................................................................................... 202 ................................................................................................................................... 202 Aula 8 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 202 Conteudista ............................................................................................................................... 205 LOGÍSTICA HOSPITALAR 8 Sabemos que as Organizações Hospitalares (OHs) têm como principal objetivo prover o bem-estar e a recuperação da saúde de seus pacientes. Em termos logísticos, uma OH não difere muito dos demais tipos de organização. O que as distingue é o grau de prioridade atribuído a uma ou a outra atividade, pois a falta de um recurso (profissional, equipamento, suprimentos, e outros) pode inviabilizar as atividades e causar danos irreparáveis à vida de um ser humano. Nesse contexto, a logística será tratada de modo geral, mas com uma abordagem voltada para a gestão de OHs, principalmente nas questões que envolvam prioridades nas decisões gerenciais e a otimização de recursos, cada vez mais escassos. Nesta aula, abordaremos diversos aspectos da logística hospitalar, principalmente os relacionados à administração de materiais dos sistemas de saúde, desde o levantamento das necessidades até a efetiva entrega aos usuários, com foco em definições, conceitos, princípios modelos, métodos e ferramentas destinados a racionalizar as operações e otimizar os resultados. Sendo assim, esta disciplina tem como objetivos: 1. Aplicar os fundamentos da gestão de logística hospitalar; 2. Analisar os processos para aquisição, armazenamento, distribuição e controle de insumos e equipamentos hospitalares com qualidade, eficiência e segurança; 3. Identificar as principais ferramentas de apoio à gestão da logística hospitalar. LOGÍSTICA HOSPITALAR 9 Introdução Nesta aula, abordaremos o tema “Planejamento do Suprimento” a partir da divisão clássica dos níveis estratégico, tático e operacional em organizações hospitalares. A partir daí, começaremos a tratar de questões mais técnicas relacionas à logística, em que analisaremos as demandas de uma OH e os métodos quantitativos adotados para a sua previsão. Por fim, apresentaremos um caso ilustrativo que servirá de base para uma atividade prática. Objetivo: 1. Apresentar noções gerais sobre o planejamento da atividade de suprimento nas organizações em geral e nas organizações hospitalares, especificamente; 2. Conhecer as demandas de uma Organização Hospitalar e os métodos quantitativos adotados para a sua previsão. LOGÍSTICA HOSPITALAR 10 Conteúdo Histórico da logística Nos dias atuais, muito se tem ouvido falar sobre o tema logística, mas o que realmente significa essa palavra? As literaturas disponíveis apresentam uma rápida evolução do tema. Na prática, a logística representa o elo entre todas as expectativas geradas pelos demais setores das organizações, inclusive das pertencentes ao setor de saúde, uma vez que durante todo o processo de desenvolvimento ou na fase final de qualquer produto e/ou serviço, está sempre presente e à disposição todos os dias da semana, durante todo ano. Na prática, a logística representa o elo entre todas as expectativas geradas pelos demais setores das organizações, inclusive das pertencentes ao setor de saúde, uma vez que durante todo o processo de desenvolvimento ou na fase final de qualquer produto e/ou serviço, está sempre presente e à disposição todos os dias da semana, durante todo ano. Podemos comparar a logística ao lubrificante de um equipamento, de cuja importância somente lembramos quando este parapor falta de lubrificação. Nesse contexto, percebe-se claramente a importância do tema para a continuidade das atividades das organizações em geral, uma vez que a logística se apresenta como uma atividade fundamental para garantir a sobrevivência de qualquer empresa, em qualquer segmento que esteja atuando. Origem e definição A logística é conceituada de diversas formas, desde o conceito tradicional de administração de material, vigente nos anos 1970, até a visão contemporânea da gestão da Cadeia de Suprimentos (Supply Chain Management). De que a logística está associada às grandes estratégias de guerra e conquistas não temos dúvidas, não é mesmo? LOGÍSTICA HOSPITALAR 11 Nesse contexto, surge uma primeira definição: Logística Militar é a componente da arte da guerra que tem como propósito obter e distribuir às Forças Armadas os recursos de pessoal, material e serviços em quantidade, qualidade, momento e lugar por elas determinados, satisfazendo as necessidades na preparação e na execução de suas operações exigidas pela guerra. Importância da logística na guerra Mas qual a importância da logística na guerra? Para responder a essa pergunta, vamos recorrer a algumas frases de famosos e dados reais: “Estive a 12 Km de Bologna. Não a tomei por dez razões. A primeira: porque não tinha munição nem combustível. As outras nove são secundárias”. (PATTON, II Guerra Mundial) “Na realidade, as batalhas começam, terminam e são decididas pela Logística. Eu perdi a da África porque não a tinha.” (ROMMEL, II Guerra Mundial) Dos U$ 28 Bilhões gastos na operação “IraqiFreedom” (Guerra do Iraque em 2003), U$ 14,2 Bi foram para operações de suprimento e U$ 4,9 Bi para custos de transporte.”... Ou seja, 70%! “Na Prática: A Logística não ganha a guerra, mas ajuda a perder!” Na prática Saindo do campo militar e adentrando ao campo empresarial, a logística, apesar de conceitualmente, um pouco diferente, assume igual e relevante papel estratégico: LOGÍSTICA HOSPITALAR 12 1 -“A Logística Estratégica é um processo de planejamento, implementação e controle da eficiência e eficácia do fluxo e armazenamento de materiais (matéria-prima, em processo, e acabados) e informação relacionada do ponto de origem ao ponto de destino com o propósito de satisfazer as necessidades do consumidor”. 2 - Tradicionalmente, a logística é entendida como o processo de planejar, implementar e controlar, eficientemente, a aquisição, a estocagem, a movimentação de materiais e as informações relativas a essas atividades, desde o surgimento das necessidades, até o atendimento destas, finalizando com o descarte do material requisitado, após a sua utilização, a um custo mínimo. 3 - Outro conceito mais amplo da logística trata do movimento, em todos os sentidos, de materiais, serviços, recursos financeiros, pessoas e informações, nos ambientes inter e intraempresarial, com eficácia (alcance de objetivos), eficiência (otimização de recursos) e efetividade (compromisso com o social e com o meio ambiente). Exemplo prático Para ilustrar melhor os conceitos de eficácia, eficiência e efetividade, vamos a um exemplo prático: Determinado governo, ao detectar o grave problema na área de saúde relacionado à precariedade dos serviços prestados aos cidadãos, elaborou um Planejamento Estratégico contemplando o seguinte objetivo: “Melhorar os atendimentos até ano X.” Meta traçada: Construir 100 novos hospitais em todo o país até ano X, a um custo estimado de R$ 100.000.000,00. LOGÍSTICA HOSPITALAR 13 Ao chegar no ano X, o governo fez um levantamento e obteve a informação de que foram construídos 100 hospitais a um custo de R$ 80.000.000,00. Conclusões: Em relação à construção dos hospitais, podemos afirmar que o Governo foi eficaz, pois alcançou a meta estipulada. Foi eficiente, pois o fez utilizando menos recursos. Entretanto, não foi efetivo, pois constatou que a simples construção dos hospitais, não significou, na prática, melhoria de atendimentos, que envolve outros fatores até então não contemplados. Quatro pilares interdependentes Retomando aos conceitos de logística, outra forma de abordá-la é visualizá-la segundo quatro pilares interdependentes: A infraestrutura é o pilar físico desse conceito, significando a disponibilidade de meios de transportes, de comunicações, de energia, e de outros componentes que possibilitam alcançar os objetivos logísticos. Em linhas gerais, tomando como base o setor de transportes, é necessário que as organizações, inclusive as de saúde, disponham de rodovias, ferrovias, hidrovias e aerovias operantes e a custos competitivos. Tecnologia engloba os recursos que tornam possível o melhor uso da infraestrutura logística. Dentre as principais aplicações utilizadas podemos destacar: o código de barras, as etiquetas inteligentes (RFID), os satélites de comunicação, os softwares embarcados em veículos e conectados via satélite (GPS), os sistemas integrados de gestão (ERP) e outros que vêm surgindo graças à velocidade da TI moderna. Abordaremos mais aprofundadamente essas tecnologias na nossa aula 7 quando tratarmos das suas aplicabilidades voltadas, principalmente, à Armazenagem e Distribuição. LOGÍSTICA HOSPITALAR 14 De todos, o mais importante é o dono do conhecimento: as pessoas, sem as quais não seria possível utilizar a tecnologia para movimentar a Cadeia de Suprimentos dentro da infraestrutura logística. No setor de saúde, essas pessoas, de formação diferenciada – médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, farmacêuticos, bioquímicos, psicólogos, assistentes sociais, instrumentadores, auxiliares de enfermagem, técnicos de laboratórios, operadores de Raio-X, motoristas de ambulância, administradores, engenheiros, mecânicos e muitos outros profissionais – são os responsáveis pelo alcance dos objetivos da logística na área de saúde: prestar o melhor serviço ao cliente, sendo eficaz e eficiente, e com responsabilidade social. Gestão hospitalar Na gestão hospitalar, é essencial que todas essas pessoas trabalhem em equipe, de modo que o resultado individual de seus esforços seja apenas parte de um conjunto sinérgico, como estabelece o modelo conceitual apresentado. E você, sabe o que é sinergia? É somar forças, buscando a integração entre as partes envolventes de uma organização, fazendo com que todos foquem no mesmo objetivo, de forma que o todo seja maior que o somatório das partes. Importância da logística empresarial Ballou (2011) evidencia a importância da logística empresarial da seguinte maneira: A logística empresarial estuda como a administração pode prover melhor nível de rentabilidade nos serviços de distribuição aos clientes e consumidores, através do planejamento, organização e controle efetivos para as atividades de movimentação e armazenagem que visam facilitar o fluxo de produtos. LOGÍSTICA HOSPITALAR 15 A logística é um assunto vital. É um fato econômico que tanto os recursos quanto os seus consumidores estão espalhados numa ampla área geográfica. Além disso, os consumidores não residem próximos donde os bens ou produtos estão localizados. Este é o problema enfrentado pela logística: diminuir o hiato entre a produção e a demanda, de modo que os consumidores tenham bens e serviços quando e onde quiserem, e na condição física que desejarem. Atividades logísticas As atividades a serem gerenciadas que compõem a logística empresarial variamde acordo com cada organização, mas de uma forma geral, podem ser classificadas em: Primárias (ou Atividades-Chaves), que envolvem: Transportes; Manutenção de Estoques; Processamento de Pedidos. Ou Atividades de Apoio (ou de Suporte), que envolvem: Transporte; Movimentação de materiais; Armazagem; Processamento de pedidos; Gerenciamento de informações. Atividades primárias Também chamadas de atividades-chave, correspondem às mais relevantes no ambiente da Logística e, que, além disso, participam com os maiores LOGÍSTICA HOSPITALAR 16 percentuais nos custos logísticos, abrangendo as atividades de transportes, manutenção de estoques e processamento de pedidos. Transportes É a atividade relacionada à movimentação de itens (matérias-primas ou produtos). Sua importância é percebida, também por assumirem, em geral, o maior percentual dos custos logísticos totais. Geralmente nos referimos aos transportes como uma atividade que agrega valor de “lugar” ao produto, pois posiciona-o para atender a demanda. Existem vários sistemas para se movimentar produtos: o sistema rodoviário, o sistema ferroviário e o sistema aeroviário. Tais sistemas e seus subsistemas serão estudados posteriormente. Manutenção de Estoques É a atividade relacionada à disponibilização de produtos aos clientes, a imediata entrega, de acordo com suas necessidades (demanda), o que só é possível, normalmente, com a manutenção de níveis mínimos de estoques dos produtos. Pode-se dizer que os estoques funcionam como “amortecedores” entre a oferta e a demanda, pois evitam que pedidos efetuados pelos clientes deixem de ser atendidos (quebra ou ruptura de estoque). Geralmente nos referimos à manutenção de estoques como uma atividade que agrega valor de “tempo”, pois disponibiliza o produto na hora que o cliente o deseja. Processamento de Pedidos Em linhas gerais, corresponde à atividade que dá partida ao fluxo e movimentação de produtos em razão dos pedidos dos clientes. LOGÍSTICA HOSPITALAR 17 Essa atividade associada ao transporte e à manutenção de estoques forma o que pode ser denominado de: “Ciclo Crítico das Atividades Logísticas”. Atividades de apoio Corresponde às atividades que dão o suporte às atividades primárias, visando ao atendimento do objetivo da redução de distâncias entre a demanda e a produção, para a perfeita satisfação dos clientes. São atividades de apoio: Armazenagem Os dois papéis da Armazenagem são: O papel operacional (visão interna): englobando os processos voltados para estocagem, movimentação e processamento de produtos e informações. O papel estratégico (visão externa): visando a atender de forma eficaz mercados geograficamente distantes, procurando criar valor para os clientes. Segundo Ballou (2011), “refere-se à administração do espaço necessário para manter estoques”. Tal administração de espaços busca a otimização, transitando, em consequência, em discussões que envolvem problemas de: localização, dimensionamento de área, arranjo físico, configuração de armazéns, entre outros. Manuseio de Materiais Basicamente, corresponde à atividade de movimentação dos produtos no local da armazenagem, desde o recebimento de mercadorias, no ponto de recebimento do depósito, sua movimentação até o local de armazenagem e, por fim, a movimentação do ponto de armazenagem até o ponto de despacho. Embalagem de Proteção Tem como finalidade a proteção dos produtos e das mercadorias, possibilitando: LOGÍSTICA HOSPITALAR 18 • A movimentação de produtos sem quebras ou danos; e • A otimização das atividades de Manuseio e Armazenagem. Obtenção Corresponde ao fluxo de entrada dos produtos, deixando-os disponíveis para o sistema logístico. Segundo Ballou (2011), “a obtenção trata da seleção das fontes de suprimento, das quantidades a serem adquiridas, da programação das compras e da forma pela qual o produto é comprado”. Programação do Produto Corresponde ao “fluxo de saída” (distribuição), atentando para as quantidades que devem ser produzidas, quando e onde devem ser fabricadas. Manutenção da Informação Em linhas gerais, corresponde à manutenção de uma base de dados para o planejamento e o controle da logística, envolvendo, entre outros, informação sobre clientes, volume de vendas, níveis de estoque etc. Trabalhando integradas, o bom desempenho das atividades de apoio e as atividades primárias da logística responsáveis pela excelência logística de qualquer organização. Competência logística É decorrente de uma avaliação comparativa entre organizações da capacidade de fornecer ao cliente um serviço superior ao menor custo total possível. O pacote de serviços oferecidos por empresas que apresentam uma logística de vanguarda é tipicamente caracterizado por capacitações logísticas alternativas, com ênfase no controle operacional, flexibilidade, capacidade de postergação, LOGÍSTICA HOSPITALAR 19 agilidade e acima de tudo, no compromisso de atingir um nível de desempenho que implique em um serviço perfeito. (BOWERSOX; CLOSS, 2001). Missão da logística Atingir uma qualidade predefinida de serviço ao cliente por meio de uma competência operacional no seu estado da arte é uma tarefa árdua. O desafio é equilibrar as expectativas de serviço e os gastos de modo a alcançar os objetivos do negócio (Serviço Logístico x custos). “Dispor a mercadoria ou o serviço certo, no lugar certo, no tempo certo e nas condições desejadas, ao mesmo tempo em que fornece a maior contribuição à empresa” (BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J., 2010; BALLOU, 2001). Serviço Logístico O Serviço Logístico é o conjunto de atividades realizadas para atender às necessidades de clientes, que as empresas procuram a diferenciação, principalmente em pontos como cumprimento de prazos, entregas sem erros, pedidos perfeitos e uma ampla gama de atributos de serviço que vão além dos requisitos convencionais ligados a prazos e quantidades atendidas. Disponibilidade do Produto: Dispor de estoques para atender às constantes necessidades dos clientes em termos de materiais e produtos (BOWERSOX e CLOSS, 2011). Desempenho Operacional: O desempenho operacional refere-se ao tempo incorrido desde o pedido da mercadoria até a entrega da mesma ao consumidor final (BOWERSOX e CLOSS, 2011). Confiabilidade do Serviço: mede a pontualidade das entregas, isto é, o efetivo cumprimento dos prazos de entregas previamente acordados com os clientes (BOWERSOX e CLOSS, 2011). LOGÍSTICA HOSPITALAR 20 Em suma, o serviço logístico representa um equilíbrio entre prioridade e custo. Nível de Serviço Poderíamos citar definições diferenciadas para Nível de Serviço, porém escolhemos a de Ronald H. Ballou (2011), que afirma: “Nível de serviço logístico é a qualidade com que o fluxo de bens e serviços é gerenciado”, “é o tempo necessário para se entregar um pedido ao cliente”. Fica evidente, então, que o Nível de Serviço pode ser o grande diferencial entre concorrentes que atuam no mesmo ramo. Dentre os fatores que ratificam a importância do nível de serviço, podemos destacar o fato de: • Influenciar a escolha do cliente; • Ser elemento de satisfação do cliente; • Impactar nas vendas em comparação com os níveis oferecidos pela concorrência; em geral, corresponderem a menores custos de estoque; etc. Importante: Quando o nível de serviço já se encontrar em patamar elevado,sua melhoria, em geral, pode ser mais custosa, devendo ser analisada quanto a ser ou não implementada. Relação Nível de Serviço x Custo Diante de critérios competitivos, custo e nível de serviço, encontramos um exemplo clássico de trade-off logístico. Trade-off: análise ou troca compensatória, na sua forma básica. O resultado incorre em um aumento de custos em determinada área com o intuito de obter uma vantagem em relação à outras. LOGÍSTICA HOSPITALAR 21 A relação nível de serviço-custos logístico é claramente um exemplo de trade- off, uma vez que a busca por maiores níveis de serviço provocará, em geral, aumento dos custos.” Logística hospitalar Sabemos que a logística tem cumprido papel fundamental na gestão hospitalar, seja na redução de custos, seja no aumento da confiabilidade do sistema de abastecimento hospitalar. Diante desse cenário, podemos conceituar a logística hospitalar como sendo o processo de gerenciamento estratégico de diversas atividades logísticas como compras, movimentação e armazenagem de materiais médico-hospitalares (por exemplo, medicamentos) e outros materiais necessários ao funcionamento da unidade hospitalar, visando à restauração da saúde ou à preservação da vida dos clientes (pacientes) com qualidade, custo baixo e retorno satisfatório para a organização. É fácil perceber que os hospitais precisam estar prontos para cuidar de suas demandas e que, em situações críticas, a competência da organização hospitalar é testada. Como exemplos práticos, podemos citar a área de gerenciamento de estoque que deve estar preparada para responder às necessidades de todos pacientes, em especial dos que ingressam pela porta da emergência, sem marcar hora. Essa demanda, praticamente imprevisível, dá a complexidade da atividade médico-hospitalar. Nesse contexto, essa responsabilidade é que torna a eficiência e eficácia do gerenciamento de estoques essencial para o sucesso dos objetivos de um hospital. LOGÍSTICA HOSPITALAR 22 Nesse contexto, a necessidade de inovar a logística de qualquer hospital relaciona-se intimamente a um fato vital: vida do paciente muitas das vezes depende da eficiência e da eficácia da logística hospitalar. Aliado a tudo isso, para o sucesso da logística hospitalar, principalmente para as organizações de grande porte, é fundamental a existência de um eficiente sistema informatizado para gerenciar as suas diversas atividades logísticas. A cadeia de suprimentos hospitalar Ao observamos um sistema de saúde a partir do complexo hospitalar, podemos associar a maioria de suas atividades de natureza logística a uma cadeia típica da maioria das organizações, como ilustra a figura a seguir. Entretanto, na cadeia de suprimentos de uma organização de saúde existem características que a tornam complexa, principalmente relacionadas à(s): • Necessidades de produtos que envolvam alta tecnologia; • Aquisição ou manutenção de equipamentos específicos; • Armazenagem, manuseio e gestão de itens especiais; LOGÍSTICA HOSPITALAR 23 • Prazos de validade de medicamentos; • Serviços de hospedagem, lavanderia e outros. Encerramento Nesta aula, compreendemos a importância da Logística para as organizações em geral e, principalmente, para as organizações da área de saúde. Na próxima aula, serão apresentadas as características mais importantes do suprimento nos sistemas de saúde, incluindo desde considerações sobre questões estratégicas até uma visão macro do funcionamento do sistema hospitalar. Atividade proposta Leia a reportagem a seguir e discorra sobre a importância da logística na área de saúde. MP processa Londrina por falta de medicamentos e irregularidades Havia também armazenagem inadequada de soro fisiológico vencido. Prefeitura se manifestou formalmente, mas não convenceu Promotoria. A Prefeitura de Londrina, no norte do Paraná, foi acionada pelo Ministério Público (MP) do estado por falta de medicamentos da Relação Nacional. Havia também armazenagem inadequada de, por exemplo, soro fisiológico vencido. A lista de irregularidades redigida pela Promotoria soma 17 itens, retirados principalmente de relatórios da Vigilância Sanitária. As denúncias contra a Central de Abastecimento Farmacêutico de Londrina (Centrofarma) chegaram ao MP, segundo a Promotoria, em setembro de 2011. A prefeitura chegou a se manifestar formalmente, mas as explicações foram consideradas insuficientes. LOGÍSTICA HOSPITALAR 24 O promotor de defesa de saúde pública Paulo Tavares pediu à Justiça que haja decisão liminar. Fonte: G1 Chave de resposta: Com base no pequeno texto que evidencia equívocos logísticos, percebemos o quão importante é a logística hospitalar. Primeiro, sob a ótica comum a qualquer organização, em termos de custos envolvidos. Segundo, e mais importante, porque problemas como esse podem custar a saúde ou a vida de um paciente (cliente). A Atividade de Transplante de Órgãos é um dos produtos da organização hospitalar de ponta. Envolve uma logística complexa, coordenada em conjunto pela Central de Notificação, Capacitação e Distribuição de Órgãos ou Central de Transplantes (CNCDO), e pela Organização de Procura de Órgãos (OPO). Com base no exposto, reflita sobre as atividades de uma ação logística relacionada a um transplante de órgão, focando os integrantes da cadeia logística, bem como os principais processos logísticos envolvidos. Chave de resposta: Numa ação logística de referente à cadeia de suprimento de um transplante de órgãos, devemos considerar a participação dos seguintes integrantes da Cadeia Logística: Doador, Receptor, Equipe Médica, Hospitais, CNCDO, OPO e Equipe de Transplante. Além disso, diversas são as atividades que devem ser objeto de preocupação por parte dos gestores, desde a remoção do doador, passando pela mobilização, desmobilização e transporte da equipe de transplante, por atuação de fornecedores e prestadores de serviços afins (materiais e equipamentos para retirada do órgão), até o transplante em si. Nesse contexto, destacam-se algumas atividades logísticas relacionadas a aquisições, transportes e armazenagem. Referências BALLOU, R.H. Logística empresarial: transporte, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 2011. LOGÍSTICA HOSPITALAR 25 BOWERSOX, D.; CLOSS, D. Logística empresarial, São Paulo: Atlas, 2004. MACHLINI, C.; BARBIERI, J. Logística hospitalar. São Paulo: Saraiva, 2009. Exercícios de fixação Questão 1 No ambiente hospitalar, assim como em diversos outros tipos de organizações, há que se gerenciar estrategicamente diversas atividades como aquisição, movimentação e armazenagem de materiais, de forma que estejam no momento certo, disponíveis para a utilização, preferencialmente, a o menor custo possível. Essas são preocupações constantes do(a): a) Administração da Produção b) Gestão em Projetos Industriais c) Logística d) Suprimentos e) Gestão em Vendas Questão 2 “É a rede que integra os atores dos processos logísticos das organizações, levando-os a colaborarem para que a gestão dessa cadeia seja benéfica para o elo final, o cliente”. Estamos nos referindo ao conceito de: a) Logística b) Trade-off c) Nível de Serviço d) Cadeia de Suprimentos e) Supply Chain Questão 3 As atividades de apoio são atividades que dão o suporte às atividades primárias, visando ao atendimento do objetivo da redução de distâncias entre a demanda e a produção,para a perfeita satisfação dos clientes. Dentre as atividades de apoio podemos destacar, exceto: a) Transportes LOGÍSTICA HOSPITALAR 26 b) Armazenagem c) Manuseio de materiais d) Obtenção e) Manutenção da informação Questão 4 A confiabilidade mede a pontualidade das entregas, isto é, o efetivo cumprimento dos prazos de entregas previamente acordados com os clientes. Nesse contexto, podemos afirmar que a confiabilidade é um atributo: a) Operacional b) Externo, alheio à gestão logística c) Do Serviço Logístico d) De um trade-off logístico e) Relacionado à função compras, somente Questão 5 É fator-chave do conjunto de valores logísticos que as empresas oferecem a seus clientes para assegurar sua fidelidade: a) Preço b) Nível de serviço c) Demanda d) Formas de pagamento e) Multimodalidade Questão 6 “É o processo de gerenciamento estratégico de diversas atividades logísticas como compras, movimentação e armazenagem de materiais médico- hospitalares (por exemplo, medicamentos) e outros materiais necessários ao funcionamento da unidade hospitalar, visando a restauração da saúde ou a preservação da vida dos clientes (pacientes) com qualidade, custo baixo e retorno satisfatório para a organização”. Esta é a definição clássica de: a) Cadeia de Suprimentos LOGÍSTICA HOSPITALAR 27 b) Trade-off c) Nível de Serviço d) Logística Hospitalar e) Supply Chain Questão 7 Em vez de focar os relacionamentos individuais, o conceito de cadeia de suprimentos, inclusive na área hospitalar: a) Propõe uma redução do número de fornecedores do processo de compras. b) Dá uma visão geral do fluxo de bens e serviços do fornecedor ao usuário final e o fluxo de pagamentos e informações em direção oposta. c) Evidencia a necessidade de desenvolvimento conjunto (fornecedores e compradores) de novos produtos e o trabalho com fornecedores responsivos. d) Indica o uso de bancos de dados integrados e a orientação de fornecedores-chave. e) promove o trabalho do comprador junto aos seus principais fornecedores, concentrando-se na eliminação dos custos desnecessários de toda a cadeia e, dessa forma, os preços podem ser razoavelmente reduzidos. Questão 8 Para atingir os objetivos logísticos de custo e nível de serviço, existem atividades-chave e atividades de apoio. Acerca disso, considere as afirmativas abaixo: 1 - Transporte é uma atividade-chave. 2 - Manutenção de estoques é uma atividade de apoio. 3 - Armazenagem é uma atividade-chave. 4 - Embalagem é uma atividade de apoio. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras LOGÍSTICA HOSPITALAR 28 b) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras c) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras d) Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras e) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras Questão 9 Numa Cadeia de Suprimentos de uma organização de saúde existem características que a tornam complexa. Dentre algumas dessas características, destaca-se, exceto: a) Necessidades de produtos que envolvam alta tecnologia. b) Aquisição ou manutenção de equipamentos específicos. c) Armazenagem, manuseio e gestão de itens especiais. d) Prazos de validade de medicamentos. e) Facilidade da gestão de hotelaria e hospedagem. Questão 10 Sobre a Logística Hospitalar foram feitas as seguintes afirmações: I - A logística tem cumprido papel fundamental na gestão hospitalar, seja na redução de custos, seja no aumento da confiabilidade do sistema de abastecimento hospitalar. II - A demanda por serviços hospitalares é perfeitamente previsível, o que facilita a gestão de sua cadeia de suprimentos. III - A necessidade de inovar a logística de qualquer hospital relaciona-se intimamente a um fato vital: a vida do paciente muitas das vezes depende da eficiência e da eficácia da logística hospitalar. Está(ão) correta(s): a) Somente I b) Somente II c) Somente III d) Somente I e III e) I, II e III LOGÍSTICA HOSPITALAR 29 Armazenagem: “Segundo Ballou (2011), “refere-se à administração do espaço necessário para manter estoques”. Tal administração de espaços busca a otimização, transitando, em consequência, em discussões que envolvem problemas de: localização, dimensionamento de área, arranjo físico, configuração de armazéns, entre outros.” Aula 1 Exercícios de fixação Questão 1 - C Justificativa: Como vimos na nossa primeira aula, o conceito de Logística evoluiu ao longo do tempo. Entretanto, jamais se distanciou da lógica de prever e prover os recursos necessários no momento, local e quantidade certos, ao menor custo possível. Questão 2 - D Justificativa: A Cadeia de Suprimentos é um conjunto de unidades produtivas unidas por um fluxo de materiais e informações com o objetivo de satisfazer às necessidades de usuários ou clientes específicos. Questão 3 - A Justificativa: A atividade “Transportes” é uma atividade primária relacionada à movimentação de itens (matérias-primas ou produtos). Sua importância é percebida, também, por assumir, em geral, o maior percentual dos custos logísticos totais. Questão 4 - C Justificativa: Disponibilidade do Produto, Desempenho Operacional e Confiabilidade do Serviço são os atributos do nível de serviço, entendido como LOGÍSTICA HOSPITALAR 30 o conjunto de atividades realizadas para atender às necessidades de clientes, que as empresas procuram a diferenciação, principalmente em pontos como cumprimento de prazos, entregas sem erros, pedidos perfeitos e uma ampla gama de atributos de serviço que vão além dos requisitos convencionais ligados a prazos e quantidades atendidas. Questão 5 - B Justificativa: Nível de serviço logístico é a qualidade com que o fluxo de bens e serviços é gerenciado”, “é o tempo necessário para se entregar um pedido ao cliente”. Pode ser o grande diferencial entre concorrentes que atuam no mesmo ramo. Questão 6 - D Justificativa: Sabemos que a logística tem cumprido papel fundamental na gestão hospitalar, seja na redução de custos, seja no aumento da confiabilidade do sistema de abastecimento hospitalar. É fácil perceber que os hospitais precisam estar prontos para cuidar de suas demandas e que, em situações críticas, a competência da organização hospitalar é testada. Esse é o contexto da Logística Hospitalar. Questão 7 - B Justificativa: Cadeia de suprimentos é a rede que integra os atores dos processos logísticos das organizações, levando-os a colaborarem para que a gestão dessa cadeia seja benéfica para o elo final, o cliente. Questão 8 - A Justificativa: As atividades primárias correspondem às mais relevantes no ambiente da Logística e, que, além disso, participam com os maiores percentuais nos custos logísticos, abrangendo as atividades de transportes, manutenção de estoques e processamento de pedidos. São atividades de apoio: armazenagem; manuseio de materiais; embalagem de proteção; obtenção; programação do produto e manutenção da informação. LOGÍSTICA HOSPITALAR 31 Questão 9 - E Justificativa: Serviços de hospedagem, lavanderia e afins são, assim como os itens elencados nas demais alternativas, características que tornam a gestão da cadeia de suprimentos hospitalar uma atividade complexa, uma vez que estão revestidos de peculiaridades. Questão 10 - D Justificativa: As opções I e III estão corretas, porque como sabemos, uma das principais preocupações dos gestores das organizações hospitalares,além de prestar bons serviços, é fazê-los a um menor custo possível. Além disso, fato é que faltas de materiais ou de manutenção de equipamentos, por exemplo, podem ser danosas às atividades, podendo pôr em risco, inclusive, vidas humanas. Nesse contexto, a logística é fundamental! A opção II é incorreta, porque, como sabemos, a demanda por serviços hospitalares é, praticamente imprevisível, o que dá a complexidade à gestão de sua Cadeia de Suprimentos. LOGÍSTICA HOSPITALAR 32 Introdução Nesta aula, abordaremos o tema “Planejamento do Suprimento” a partir da divisão clássica dos níveis estratégico, tático e operacional em organizações hospitalares. A partir daí, começaremos a tratar de questões mais técnicas relacionas à logística, em que analisaremos as demandas de uma OH e os métodos quantitativos adotados para a sua previsão. Por fim, apresentaremos um caso ilustrativo que servirá de base para uma atividade prática. Objetivo: 1. Apresentar noções gerais sobre o planejamento da atividade de suprimento nas organizações em geral e nas organizações hospitalares, especificamente; 2. Conhecer as demandas de uma Organização Hospitalar e os métodos quantitativos adotados para a sua previsão. LOGÍSTICA HOSPITALAR 33 Conteúdo Contextualização O planejamento do suprimento é o processo de formulação de políticas, estratégias, objetivos, táticas e procedimentos para a área de suprimentos da organização, visando a otimizar a utilização de seus recursos logísticos. Para uma visualização desse conceito, observe a figura. Em seguida analisaremos cada um dos níveis. Os Níveis de Planejamento do Suprimento Nível estratégico Políticas e objetivos Nível estrutural Projetos e programas Nível operacional Procedimentos O nível estratégico Nesse nível ocorrem os processos relacionados aos objetivos a serem alcançados pela organização. Em se tratando de uma OH, devemos estabelecer com precisão o tipo de demanda que devemos atender, ou seja, o perfil do nosso cliente. Essa definição também é válida para organizações públicas, onde devem existir diferentes níveis de atendimento, desde os hospitais para operar com grande risco até os postos de saúde periféricos, que poderiam funcionar como triagem do cliente a ser atendido pelo sistema. A definição estratégica poderá estar relacionada, também, à especialidade funcional do hospital. Em ambos os casos, a logística desempenha papel relevante. LOGÍSTICA HOSPITALAR 34 Atenção Imaginemos, por exemplo, que certo hospital pretenda atuar prioritariamente na realização de tratamentos ortopédicos. Para que a ação seja bem-sucedida é essencial que o processo logístico contribua com ações específicas como, por exemplo, a aquisição de próteses, para que o objetivo estratégico seja alcançado. Imaginemos, por exemplo, que certo hospital pretenda atuar prioritariamente na realização de tratamentos ortopédicos. Para que a ação seja bem-sucedida é essencial que o processo logístico contribua com ações específicas como, por exemplo, a aquisição de próteses, para que o objetivo estratégico seja alcançado. Em termos de política, o hospital poderá definir que o atendimento obedecerá, rigorosamente, às necessidades do paciente, à sua ordem de chegada para atendimento. Para que muitas políticas funcionem é necessário, igualmente, que certos procedimentos logísticos sejam observados com rigor, envolvendo aspectos materiais e de informação. Em suma, os objetivos definidos no nível estratégico devem: Ajustar as ações a serem executadas pelo sistema de suprimentos às diretrizes estratégicas da organização. Definir as diretrizes estratégicas para o suprimento de materiais, focando as relações com clientes, parceiros e fornecedores. Determinar os objetivos, metas e políticas operacionais para o processo de suprimento. LOGÍSTICA HOSPITALAR 35 Estabelecer as normas e procedimentos para a realização das atividades em todas as funções do sistema de suprimentos. Estabelecer as bases para a organização funcional do sistema de suprimentos, levando em consideração as disponibilidades e necessidades de recursos humanos e materiais, a formalização do processo logístico, a flexibilidade operacional, os controles e o desempenho operacional requerido. Outro ponto importante no nível estratégico são as definições da natureza logística relativa ao canal de suprimentos da Organização Hospitalar, o que envolve decisões sobre questões como: Quantas instalações de armazenagem são necessárias na OH ou no sistema a que ela pertence? As instalações devem ser próprias ou de terceiros? Terceirizaremos ou não? Total ou parcialmente? Qual o nível de estoques de itens como sobressalentes, componentes, medicamentos e outros produtos? Em caso de uma OH com diversas unidades separadas geograficamente, convém manter um Centro de Distribuição? Qual o nível de estoques a ser mantido na OH para atendimento de demandas internas? As farmácias hospitalares devem ter um tratamento diferenciado no atendimento de suas demandas? Que recursos de TI devem ser empregados para garantir certo nível de qualidade? LOGÍSTICA HOSPITALAR 36 Como atuar em relação à Logística Reversa? O nível estratégico Finalmente, cabe ao nível estratégico definir as linhas mestras a serem observadas na elaboração dos orçamentos de investimentos e operações da Organização hospitalar. Definidos os objetivos e as políticas do nível estratégico, passaremos ao seu detalhamento no nível estrutural ou tático. Nível estrutural ou tático Esse nível considera a análise acurada dos componentes funcionais da estratégia logística adotada pela OH, envolvendo compras, estoques, armazenagem, transporte e distribuição, logística reversa e tecnologia da informação. Vimos na nossa primeira aula um exemplo de estrutura de uma cadeia de suprimentos voltada para uma OH. Outra maneira de visualizar essa estrutura é sob a forma de uma estrutura sistêmica, o que permite a identificação de alguns componentes-chave: • Sistema produtivo; • Sistema de abastecimento; • Sistema de informação; • Funções administrativas. O sistema produtivo de uma OH O Sistema Produtivo de uma OH é o componente onde estão desempenhadas as atividades finalísticas dos serviços de saúde. LOGÍSTICA HOSPITALAR 37 Atividade-Fim Aquela ligada à missão da organização, ou seja, é a atividade principal ou central (core business) que justifica a sua existência. No caso de OHs, equivalem às diretamente ligadas ao atendimento das necessidades diagnósticas, terapêuticas e de recuperação de pacientes. Atividades-Meio Aquelas que não estão diretamente relacionadas com as atividades finalísticas da OH, mas que possibilitam executá-las com eficácia e eficiência, como por exemplo, a manutenção de equipamentos. O Sistema de Abastecimento é o que dá suporte às atividades desempenhadas no Sistema Produtivo, sendo responsável pelas atividades logísticas, dentre as quais podemos destacar: • Previsão de necessidades; • Compra e recebimento; • Guarda e a gestão dos estoques; • Disponibilização de insumos (materiais, serviços, medicamentos, equipamentos e outros), para que os profissionais da área de saúde possam prestar seus serviços aos pacientes. O Sistema de Informaçõesé o responsável pelo processamento, armazenagem, fluxo e troca de dados e informações entre os atores que integram a OH, sendo um dos grandes responsáveis pelo sincronismo entre os sistemas produtivo e de abastecimento. As Funções Administrativas compreendem, as atividades de contabilidade/finanças, jurídicas, de cadastramento e alta de pacientes, dentre outras. LOGÍSTICA HOSPITALAR 38 A partir dessa visão estrutural, os componentes mencionados detalham políticas, diretrizes e estratégias definidas pela alta administração da OH, no nível estratégico. Assim, cabe a esse nível, por exemplo, a elaboração orçamentária, a definição e execução de políticas de terceirização (em geral dos transportes e armazenagem). Cabe destacar que esse nível é responsável pela “tradução” da estratégia, definida no nível estratégico, para a perfeita compreensão pelo nível operacional. A seguir, abordaremos o terceiro e último nível de planejamento que corresponde ao conjunto das ações operacionais que levam à consecução dos objetivos propostos, com base nas táticas estabelecidas para tanto. Nível operacional Este é o nível responsável pela execução das tarefas determinadas pelo nível estrutural a partir das políticas e diretrizes superiores. Trata da aplicação de procedimentos, protocolos e outras medidas que transformem em resultados as operações logísticas da organização. Razões para a previsão das necessidades de uma organização hospitalar A partir de agora veremos as técnicas de previsão de demandas aplicáveis às organizações hospitalares, desde as mais simples às mais complexas. Sabemos que nas organizações hospitalares não podem ocorrer falhas no suprimento de medicamentos ou de serviços essenciais como água e eletricidade. Além disso, a manutenção dos equipamentos para exames de pacientes é fundamental e depende principalmente dos estoques de peças de reposição. LOGÍSTICA HOSPITALAR 39 Nesse contexto, na gestão de estoques, uma das principais providências é estabelecer modelos de previsão de demandas adequados às características da logística da organização. Em uma OH existem demandas em diversos níveis, como: Demanda global do sistema; Demandas setoriais (farmácias, clínicas, enfermagem etc.); Compra (ou aluguel) de equipamentos para exames, centros cirúrgicos e produção de serviços internos de emergência. Gestão da demanda O estudo do tema “Gestão da Demanda” deve iniciar pela definição do que vem a ser “Demanda”, que corresponde à quantidade de material necessária ao atendimento dos clientes, relacionada a uma determinada unidade de tempo. Nesse contexto, algumas macroatividades se destacam: Previsão da Demanda É a função que se preocupa em predizer o consumo dos medicamentos ou a necessidade de serviços, por exemplo, de forma que as aquisições e contratações possam ser efetivadas nas quantidades e momentos apropriados. Comunicação com o Cliente Através dessa atividade colhemos e analisamos informações que podem ser úteis para as estimativas de novas solicitações. Priorização e Alocação O ideal é que toda a demanda seja atendida. Caso o estoque existente seja insuficiente para atendimento de toda a demanda, devemos priorizar os atendimentos, decidindo, por exemplo, sobre qual paciente deve ser atendido e qual terá condições de esperar ou ter seu medicamento substituído. LOGÍSTICA HOSPITALAR 40 Planejamento e Distribuição A distribuição é planejada a partir dos períodos preestabelecidos, das solicitações de ressuprimento de estoques e da capacidade de estocagem. O conhecimento do tipo de demanda é outro ponto fundamental, porque para cada uma delas deve haver diferentes: Critérios de formação de estoques; Critérios de ressuprimentos; Responsabilidades pelas informações; Métodos de controle de estoques; Parâmetros de avaliação; Ações gerenciais. Com base nas suas leis de formação, as demandas podem ser classificadas em dependentes e independentes, conforme a seguir: Demanda dependente Este tipo de demanda decorre do fato gerador conhecido. Exemplo Na montagem de veículos existe uma lista de amterial perfeitamente conhecida para a conclusão de um unidade. Demanda independente Este tipo de demanda decorre de fato gerador desconhecido, de natureza aleatória. LOGÍSTICA HOSPITALAR 41 Exemplo O consumo de medicamentos pela população e em uma OH em particular é de natureza independente. Atenção A diferença básica entre a demanda dependente e a demanda independente é que a demanda da primeira não necessita ser prevista, pois sendo dependente de outra pode ser calculada com base na demanda desta e a demanda da segunda tem de ser prevista com base nas características de consumo. O principal objetivo de qualquer método aplicado à previsão de demandas, principalmente as de natureza independente, é reduzir incertezas. Portanto, não existe método infalível para prever o futuro da ocupação de uma OH, dos preços de medicamentos, do consumo, dos tempos de ressuprimentos (lead time) ou de qualquer outra forma de necessidade. Para a previsão de demanda, a literatura conta com diversas técnicas, umas puramente quantitativas (objetivas) e outras qualitativas (subjetivas). Enquanto o primeiro grupo trabalha com dados históricos e técnicas estatísticas, que dependem de fatores como o comportamento usual dos itens e de alguns fatores externos, como Regulação Governamental, por exemplo, o segundo se baseia em uma análise mais subjetiva, por meio de opiniões, intuições, experiência ou julgamentos pessoais, praticados individualmente ou em grupo. LOGÍSTICA HOSPITALAR 42 Métodos quantitativos de previsão da demanda É preciso escolher um dos métodos de previsão de demanda, que pode ser um método simples ou um método que exige algum tratamento matemático, mas estejamos certos de uma coisa: cada situação exigirá a aplicação de um dos métodos e caberá ao gestor decidir qual método melhor se aplica na situação em análise. Os métodos mais comuns são: Método do Último Período Este método é simples e não tem qualquer embasamento matemático, pois simplesmente prevê a demanda do período seguinte tomando por base o período imediatamente anterior. Exemplo: A tabela a seguir ilustra os consumos históricos de determinado medicamento e devemos prever o consumo para o mês de agosto (AGO). Por esse método, o consumo previsto para agosto equivaleria ao mesmo consumo do mês de julho (período anterior), ou seja, 3.000 unidades. LOGÍSTICA HOSPITALAR 43 É o processo mais comum, muito empregado, apesar da distorção que geralmente apresenta. Partindo da mesma tabela de consumo histórico: Cálculo: Agosto = (2500 + 2200 + 2650 + 2800 + 2850 + 2900 + 3000) / 7 = 2700 Este método equivale ao método da média aritmética, excetuando-se pelo fato de que, a cada nova previsão, exclui-se do cálculo o dado mais antigo. Para agosto, pelo método da média aritmética, chegamos ao valor de 2700. Então, para setembro, calcularíamos da mesma forma, excluindo o dado de janeiro. Cálculo: Setembro = (2200 + 2650 + 2800 + 2850 + 2900 + 3000 + 2700) / 7 = 2729 (aproximadamente). Trata-se de um método similar ao método da média móvel, onde os valores mais próximos do período atual recebem pesos maiores que os valores mais antigos.LOGÍSTICA HOSPITALAR 44 Cálculo: Atribuídos o peso “1” para os meses de janeiro a março, “1,05” para os meses de abril e maio, “1,10” para o mês de junho e “1,15” para o mês de julho: Agosto = ((2500 x 1,0) + (2200 x 1.0) + (2650 x 1,0) + (2800 x 1,05) + (2850 x 1,05) + (2900 x 1,10) + (3000 x 1,15)) / 7,35 = 2846 * Onde 7,35 corresponde à soma de todos os pesos atribuídos. Este método consiste numa média ponderada da demanda dos períodos passados, segundo uma estrutura de ponderação exponencial. A previsão do período futuro é dada por: Em que, para se calcular a média no período atual, válida como previsão para o próximo, é necessário conhecer apenas a demanda (consumo) mais recente (Dt) e a previsão feita no período imediatamente anterior (Xt-1). Com esses dados, mais o coeficiente α, pode-se calcular qualquer média, para qualquer número de termos, dependendo do valor de α que for escolhido. Este método é usado para determinar a melhor linha de ajuste que passa mais perto dos dados de demanda observadas em períodos anteriores, minimizando as distâncias entre os pontos de demanda coletados. Como este método está relacionado a estudos mais aprofundados e aplicam-se a grandes séries históricas voltadas para projeções, exigindo, assim, um LOGÍSTICA HOSPITALAR 45 tratamento matemático mais sofisticado, podemos substituí-lo pelos métodos anteriormente vistos que se ajusta às atividades de previsão das necessidades hospitalares. Reflexão Da operacionalização e análise de alguns desses métodos, podemos tirar algumas conclusões, dentre as quais, o fato de alguns poderem induzir a erros, em certas situações. Imagine, por exemplo, se o número de períodos for muito pequeno. O cálculo da demanda prevista reagirá muito mais rapidamente do que seria o recomendável. Outro ponto importante é que, se houver uma tendência de consumo (crescente ou decrescente), a previsão da demanda calculada será menor ou maior que a necessária, conforme o caso da tendência. Atividade proposta Vejamos agora um caso ilustrativo sobre a falta de medicamentos e material para curativos em Posto de Saúde. Em seguida, reflita sobre a aplicabilidade das técnicas e métodos de previsão da demanda e responda: Fatores extrínsecos (externos) podem afetar a gestão da demanda? Depois, confira sua resposta! Faltam Medicamentos e Material para Curativos em Posto de Saúde "Não tem nem equipo para trabalharmos". Com esta frase, uma funcionária da Policlínica Oeste, localizada na Cidade da Esperança, resumiu o atual quadro de abastecimento da unidade de saúde municipal. O equipo ao qual se referiu a servidora, é um dos itens utilizados pela equipe médica para aplicação de medicação intravenosa nos pacientes. O desabastecimento, porém, vai além e não se restringe somente à unidade da Cidade da Esperança. Jeane Dantas da LOGÍSTICA HOSPITALAR 46 Silva, mãe de Alisson Mateus, de 1 ano e sete meses, percorria as unidades do Município em busca de três medicamentos: dipirona, nistatina e paracetamol. Nenhum deles, entretanto, estava disponível na Policlínica Oeste, cuja farmácia atende usuários de diversos bairros da capital. "Meu filho foi atendido no Sandra Celeste (pronto socorro infantil) só que lá não tem os remédios que a médica receitou. Vim para cá e nada", lamentava Jeane. Além dos medicamentos considerados de custo mais baixo, a Policlínica está desabastecida de psicotrópicos (remédios de uso controlado) há meses. De acordo com o diretor da unidade, Eleázaro Damião de Carvalho, o problema da falta de medicamentos está sendo solucionado. "Eu procurei o DLS e eles me informaram que eu aguardasse", resumiu o diretor. O DLS é o Departamento de Logística e Suporte da Saúde Municipal, órgão responsável pela regulação e distribuição de diversos medicamentos para a rede básica de saúde. Fonte: Tribuna do Norte Chave de resposta: se você respondeu que sim, acertou! Mesmo baseadas na experiência profissional do gestor (Técnicas Subjetivas) ou em modelos matemáticos (Técnicas Objetivas), as previsões das demandas são afetadas por vários fatores que muitas das vezes fogem ao nosso domínio. No caso em tela, não podemos precisar, mas um contingenciamento de recursos, por exemplo, pode ter impedido a aquisição de suprimentos. Atividade proposta Desesperado, um gestor de uma unidade hospitalar, após sucessivos fracassos nas suas previsões de demandas para determinado medicamento, se viu frente a frente com um estagiário, recém-pós-graduado na Unesa. Profundo conhecedor das técnicas de previsão de demandas, o estagiário se prontificou a colaborar. Vamos aos dados: Os consumos do item entre os meses de P1 a P6, LOGÍSTICA HOSPITALAR 47 em unidades, foram os seguintes: P1 = 3000, P2 = 3100, P3 = 3200, P4 = 3300, P5 = 3400, P6 = 3500. Utilizando a média móvel para os últimos 03 (três) meses, o gestor utilizou como parâmetro para o mês P7 a demanda estimada (calculada) de 3400 unidades. Entretanto, ao longo do mês P7, houve uma grave falta do item em questão. Chave de resposta: se você respondeu que o equívoco se deu na escolha do método, acertou! Como podemos perceber pela análise dos dados, existe claramente uma tendência crescente da demanda pelo item, indicando que em P7 ficaria em torno de 3600 (veja: crescimento de 100 unidades por mês). Como utilizou um método com base no cálculo da média de períodos passados, desconsiderando a tendência, obteve um valor estimado aquém do que se configurava (e configurou) para a realidade, ocasionando a falta do item. Material complementar Para saber mais sobre logística reversa, leia a resolução disponível em nossa biblioteca virtual. Referências BALLOU, R.H. Logística empresarial: transporte, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 2011. BOWERSOX, D.; CLOSS, D. Logística empresarial, São Paulo: Atlas, 2004. MACHLINI, C.; BARBIERI, J. Logística hospitalar. São Paulo: Saraiva, 2009. Exercícios de fixação Questão 1 O planejamento do suprimento é o processo de formulação de políticas, estratégias, objetivos, táticas e procedimentos para a área de suprimentos da LOGÍSTICA HOSPITALAR 48 organização, visando a otimizar a utilização de seus recursos logísticos e que ocorre em três níveis distintos: estratégico, tático e operacional. Dentre as alternativas a seguir, assinale a que contempla uma ação a nível operacional. a) Estabelecer as normas para a realização das atividades em todas as funções do sistema de suprimentos. b) Análise acurada dos processos de compras. c) Definir linhas mestras a serem observadas na elaboração dos orçamentos de investimentos e operações. d) Estabelecer as bases para a organização funcional do sistema de suprimentos. e) Aplicação de procedimentos, com transformação em resultados. Questão 2 Sabemos que podemos visualizar a Cadeia de Suprimentos sob a forma de uma estrutura sistêmica, o que permite a identificação de alguns componentes- chave. Assinale a alternativa que NÃO contempla um desses componentes- chave: a) Sistema reverso b) Sistema de abastecimento c) Sistema de informação d) Funções administrativas e) Sistema produtivo Questão 3 Sobre os componentes-chave que compõem a visão sistêmica da Cadeia de Suprimentos, foram feitas as seguintes afirmações: I - O Sistema Produtivo de uma OH é a componente onde são desempenhadas as atividades finalísticas dos serviços de saúde. II - O Sistema de Abastecimentoé o que dá suporte às atividades desempenhadas no Sistema Produtivo. III - O Sistema de Informações é o responsável pelo processamento, armazenagem, fluxo e troca de dados e informações entre os atores que LOGÍSTICA HOSPITALAR 49 integram a OH, sendo um dos grandes responsáveis pelo sincronismo entre os sistemas produtivo e de abastecimento. Está(ão) correta(s): a) Somente I b) Somente II c) Somente III d) Somente I e III e) I, II, III Questão 4 No nível estratégico ocorrem os processos relacionados aos objetivos a serem alcançados pela organização. Em se tratando de uma OH, devemos, por exemplo, estabelecer com precisão o tipo de demanda que devemos atender, ou seja, o perfil do nosso cliente. Além disso, alguns outros objetivos são definidos nesse nível, EXCETO: a) Ajustar as ações a serem executadas pelo sistema de suprimentos às diretrizes estratégicas da organização. b) Definir as diretrizes estratégicas para o suprimento de materiais, focando as relações com clientes, parceiros e fornecedores. c) Determinar os objetivos, metas e políticas operacionais para o processo de suprimento. d) Estabelecer as normas e procedimentos para a realização das atividades em todas as funções do sistema de suprimentos. e) A elaboração orçamentária, a definição e execução de políticas de terceirização (em geral dos transportes e armazenagem). Questão 5 Sobre a atividade de suprimento nas organizações foram feitas as seguintes afirmações: I - O planejamento do suprimento é o processo de formulação de políticas, estratégias, objetivos, táticas e procedimentos para a área de suprimentos da organização, visando a otimizar a utilização de seus recursos logísticos. LOGÍSTICA HOSPITALAR 50 II - Cabe ao nível tático definir as linhas mestras a serem observadas na elaboração dos orçamentos de investimentos e operações da OH. III - Cabe ao nível tático a “tradução” da estratégia, definida no nível estratégico, para a perfeita compreensão pelo nível operacional. Está(ão) correta(s): a) Somente I b) Somente II c) Somente III d) Somente I e III e) I, II, III Questão 6 Para a gestão de estoques, a análise da demanda é imprescindível, pois é ela que vai determinar a escolha dos modelos a serem adotados e seus parâmetros. Nesse contexto, podemos classificar a demanda como dependente ou independente. Sobre esses tipos de demanda foram feitas as seguintes afirmações: I - A Demanda Dependente se dá quando a demanda de um item é facilmente associada à de um outro, podendo ser calculada. II - A Demanda Independente não está associada diretamente à de nenhum outro produto e não pode ser calculada, apenas prevista. III - A diferença básica entre a demanda independente e a demanda dependente é que a demanda da primeira não necessita de ser prevista, pois sendo dependente de outra pode ser calculada com base na demanda desta, e a demanda da segunda tem de ser prevista com base nas características de consumo. Está(ão) correta(s): a) Somente I b) Somente I e II c) Somente III d) Somente I e III e) I, II e III LOGÍSTICA HOSPITALAR 51 Questão 7 O cálculo da previsão da demanda é um dos fatores importantes para que os níveis de estoque estejam adequados às metas da organização. Como é identificado o método que consiste em utilizar como previsão para o período seguinte o valor ocorrido no período anterior e que se colocado em um gráfico os valores ocorridos e as previsões resultarão em duas curvas exatamente iguais, porém deslocadas de um período de tempo? a) Método da média móvel ponderada b) Método da média móvel c) Método do último período d) Método dos mínimos quadrados e) Método da demanda dependente Questão 8 O consumo de um determinado item durante um período de 4 anos foi: 2008 = 82; 2009 = 88; 2010 = 92 e 2011 = 96. Qual deverá ser o consumo previsto para o ano de 2012, utilizando-se o método da média móvel para um "n" igual a 3? a) 90 b) 91 c) 92 d) 93 e) 94 Questão 9 Sabemos que para a previsão de demanda, a literatura conta com diversos modelos, uns puramente quantitativos e outros qualitativos. Enquanto o primeiro grupo trabalha com dados históricos e técnicas estatísticas, o segundo se baseia em uma análise mais subjetiva, por meio de opiniões ou julgamentos pessoais. Dentre os modelos quantitativos, um aplica-se a grandes séries históricas voltadas para projeções, exigindo, assim, um tratamento matemático mais sofisticado. Estamos nos referindo ao: LOGÍSTICA HOSPITALAR 52 a) Método da média móvel ponderada b) Método da média móvel c) Método do último período d) Método dos mínimos quadrados e) Método da demanda dependente Questão 10 Na atividade de previsão de demanda, o “consenso do pessoal da emergência” é um exemplo de: a) Média móvel simples b) Abordagem top-down de previsão c) Método qualitativo de previsão d) Método Delphi e) Método econométrico de previsão Logística reversa: A área responsável pelo fluxo reverso de produtos, independente do motivo: devolução, reciclagem, recall etc. Este processo geralmente está baseado em dois pontos: em regulamentações, que exigem o tratamento de alguns produtos após seu uso (resíduos hospitalares); e na possibilidade de agregar valor ao que seria lixo (reciclagem de papel). Tempo de Ressuprimento (Lead Time): É o tempo necessário para o seu ressuprimento. Se um item é comprado, o LT refere-se ao tempo decorrido desde a colocação do pedido de compra até o recebimento do material comprado. Se for um item fabricado, o LT refere-se ao tempo decorrido desde a liberação de uma ordem de produção até que o item fabricado esteja pronto e disponível para uso. LOGÍSTICA HOSPITALAR 53 Aula 2 Exercícios de fixação Questão 1 - E Justificativa: O Nível Operacional é responsável pela execução das tarefas determinadas pelo nível estrutural a partir das políticas e diretrizes superiores. Trata da aplicação de procedimentos, protocolos e outras medidas que transformem em resultados as operações logísticas da organização. Demais alternativas contemplam ações dos níveis estratégico e tático. Questão 2 - A Justificativa: Este sistema não existe como componente da estrutura da Cadeia de Suprimentos numa visão sistêmica. Sob essa ótica, identificamos os seguintes componentes-chave: sistema produtivo, sistema de abastecimento, sistema de informação e funções administrativas. Questão 3 - E Justificativa: O Sistema Produtivo de uma OH é a componente onde são desempenhadas as atividades finalísticas dos serviços de saúde como, por exemplo, as diretamente ligadas ao atendimento das necessidades diagnósticas, terapêuticas e de recuperação de pacientes. O Sistema de Abastecimento é o que dá suporte às atividades desempenhadas no Sistema Produtivo, sendo responsável pelas atividades logísticas, dentre as quais podemos destacar: a previsão de necessidades, a compra, o recebimento, a guarda e a gestão dos estoques e a disponibilização de insumos (materiais, serviços, medicamentos, equipamentos e outros), para que os profissionais da área de saúde possam prestar seus serviços aos pacientes. O Sistema de Informações é o responsável pelo processamento, armazenagem, fluxo e troca de dados e informações entre os atores que integram a OH, sendo um dos grandes responsáveis pelo sincronismo entre os sistemas produtivo e de abastecimento. LOGÍSTICA HOSPITALAR 54 Questão 4 - E Justificativa: A elaboração orçamentária, adefinição e execução de políticas de terceirização (em geral dos transportes e armazenagem) competem ao nível tático que, a partir da visão estrutural da Cadeia de Suprimentos, detalha políticas, diretrizes e estratégias definidas pela alta administração da OH, no nível estratégico. Questão 5 - D Justificativa: A afirmação II está incorreta porque compete ao nível estratégico definir as linhas mestras a serem observadas na elaboração dos orçamentos de investimentos e operações da OH. Demais afirmações estão corretas. Questão 6 - B Justificativa: A afirmação III está incorreta, pois a demanda dependente não necessita de ser prevista, pois com base nessa característica, pode ser calculada com base na demanda do item de que depende, enquanto a demanda independente deve ser prevista com base nas características de consumo. Questão 7 - C Justificativa: O método do último período é simples e não tem qualquer embasamento matemático, pois simplesmente prevê a demanda do período seguinte tomando por base o período imediatamente anterior. Questão 8 - C Justificativa: Basta calcularmos a média aritmética utilizando-se os três últimos valores de consumo, ou seja: (88 + 92 + 96) / 3 = 92. Questão 9 - D Justificativa: O método dos mínimos quadrados ou regressão é usado para determinar a melhor linha de ajuste que passa mais perto dos dados de demanda observadas em períodos anteriores, minimizando as distâncias entre LOGÍSTICA HOSPITALAR 55 os pontos de demanda coletados. Como este método está relacionado a estudos mais aprofundados e aplica-se a grandes séries históricas voltadas para projeções, exigindo, assim, um tratamento matemático mais sofisticado, podemos substituí-lo pelos demais métodos estudados que se ajustam às atividades de previsão das necessidades hospitalares. Questão 10 - C Justificativa: A percepção do “Pessoal da Emergência” se configura, claramente, uma análise subjetiva, com base em opiniões, intuições, experiência ou julgamentos pessoais, praticados individualmente ou em grupo, características peculiares do método qualitativo de previsão da demanda. LOGÍSTICA HOSPITALAR 56 Introdução Sabemos que os estoques são uma formas de a Organização proteger-se da imprevisibilidade dos processos com os quais lida ou está envolvida, mas que requerem significativos investimentos financeiros e gastos na sua manutenção. Nesse contexto, evitar sua formação ou tê-los em número reduzido de itens e quantidades, sem aumentar o risco de não ser satisfeita a demanda dos clientes, é um ideal conflitante com a realidade do dia a dia e que aumenta a importância da sua gestão. Objetivo: 1. Conhecer a função, as características e a classificação dos estoques sob diversos aspectos; 2. Aplicar ferramentas para o planejamento de ações gerenciais e métodos para a operacionalização do controle e avaliação dos estoques. LOGÍSTICA HOSPITALAR 57 Conteúdo Gerência de estoque A gestão dos estoques compreende o planejamento e a programação das necessidades e o controle dos materiais que são adquiridos e armazenados para utilização futura, a fim de atender às demandas de usuários diversos. Trata-se de uma função que adiciona o valor de tempo aos negócios de uma organização, sendo de importância crucial para uma organização hospitalar, na qual esse valor é essencial. O atendimento das necessidades de material dos clientes do suprimento é realizado, de modo geral, de duas formas: • Obtenção do material (compras, transferências, produção etc.); • Uso dos estoques existentes. O ideal seria que não houvesse a necessidade de se formar estoques, uma vez que representam imobilização de capital. Entretanto, o mercado fornecedor, algumas vezes, não pode atender prontamente às necessidades de seus clientes. Assim, nesses casos, a manutenção em estoques dos materiais necessários ao atendimento das demandas é imprescindível. No ambiente das organizações que lidam com a saúde os estoques são um elemento essencial no atendimento dos pacientes. Incluem-se aí estoques de todos os tipos de materiais, desde medicamentos até itens de uso comum e baixo custo, como algodão, por exemplo. Na prática, devemos antes de tudo entender que os estoques são importantes mas nem sempre necessários e a sua formação deve ocorrer quando existirem dúvidas quanto à demanda, ou quanto ao ressuprimento. LOGÍSTICA HOSPITALAR 58 Não ter estoques é algo muito desejado pelas empresas, mas bastante complexo de ser conseguido em função das diversas nuances que envolvem tanto a previsão das demandas quanto o ressuprimento. Dessa forma, podemos concluir que tratar do dimensionamento dos níveis dos estoques, bem como controlá-los não são tarefas das mais fáceis. Descobrir maneiras para reduzir os níveis dos estoques sem afetar o processo produtivo e sem o crescimento dos custos é um dos maiores desafios dos gestores numa época de escassez de recursos. Visão financeira dos estoques A gestão dos estoques é a função do sistema logístico de suprimentos diretamente responsável pelo dimensionamento e aplicação dos recursos financeiros a serem utilizados na formação dos estoques. Em empresas industriais e comerciais, o custo dos materiais representa, em média, mais que 50% do custo total dos produtos, podendo alcançar mais de 80% em algumas empresas comerciais com elevado coeficiente de giro dos estoques. Nesses casos, é fácil perceber a importância de se otimizar a utilização desse recurso. Nas Organizações Hospitalares, o custo do material como parte do produto final não chega, na maioria das vezes, a ser significativo. Entretanto, a criticidade da grande maioria dos itens é fator que, em geral, eleva os níveis de estoques. Pensemos em um simples e real: Em uma organização de saúde, diversos exames deixaram de ser realizados porque o equipamento específico para isso estava inoperante, por falta de um simples sobressalente para pronto uso (manutenção). Somente algumas horas depois a contratada para realizar a manutenção do equipamento conseguiu repará-lo. LOGÍSTICA HOSPITALAR 59 Função dos estoques Por que surgem os estoques? Para respondermos a essa pergunta devemos compreender as suas três funções básicas: Função Operacional Estoque decorrente da impossibilidade de se dispor dos materiais no exato momento em que as demandas ocorrem, ou formado em função dos ganhos de escala que proporciona. Função Preventiva Estoque cuja existência visa a garantir segurança no atendimento ao cliente. Função Especulativa Estoque formado como forma de investimento ou proteção contra aumento de preços. Nas Organizações Hospitalares a função dos estoques é operacional e preventiva, não sendo aplicável a função especulativa, normalmente existente ou desejável em empresas comerciais. Planejamento dos estoques Uma das ações essenciais no planejamento é a formulação de uma política de estoques, ou seja, um conjunto de diretrizes, objetivos e procedimentos direcionados para a formação, manutenção e desmobilização de estoques. Em síntese, dentre as atividades associadas à política de estoques, podemos destacar: • Determinar “o quê” deve permanecer em estoque (número de itens). • Determinar “quando” se devem reabastecer os estoques (periodicidade). LOGÍSTICA HOSPITALAR60 • Determinar “quanto” de estoque será necessário para um período determinado (quantidade). Classificação dos estoques Os estoques variam de acordo com sua classificação e características, que vão impactar na forma pela qual devem ser ressupridos. Quanto à Natureza A classificação quanto à natureza visa a agrupar os materiais em subconjuntos em função das perspectivas de sua utilização futura. Nesse caso, podem ser classificados em Ativo, resultante de um planejamento prévio e destinado a uma utilização conhecida e repetida operacionalmente, como de medicamentos, por exemplo, e Inativo, sem perspectiva de utilização total ou parcial, dispensáveis ou alienáveis. Quanto ao Tipo de Demanda Existem quatro tipos de demanda: • Programada (dependente): planejada em função de quantidades e prazos de utilização, estando vinculada a programas específicos de operação ou investimento; • Probabilística (independente): não vinculada a programas específicos, com distribuição de probabilidades conhecidas, previsíveis por meio de modelos estatísticos; • Incerta (independente): decorrente de fatores de difícil previsão; • Eventual: decorrente de necessidades específicas, para aplicação imediata e cuja repetição não é prevista. Como vimos na aula anterior, o conhecimento do tipo de demanda é um ponto fundamental, porque para cada uma delas deve haver diferentes: LOGÍSTICA HOSPITALAR 61 • Critérios de formação de estoques e de ressuprimentos; • Responsabilidades pelas informações; • Métodos de controle de estoques; • Parâmetros de avaliação; • Ações gerenciais. Estoque Puxado (Pull System) Esses estoques têm a característica de serem puxados pela demanda. Seu ressuprimento é natural, ou seja, saiu ressupre-se. É o exemplo da maioria dos produtos de varejo, comercializados em supermercados. Estoque Empurrado (Push System) São estoques cujo ressuprimento é definido pelos fornecedores, sejam eles internos ou externos. Na grande maioria das vezes não há alternativa quanto a outro tipo de ressuprimento, características estruturais da empresa, ou ressuprimentos por fornecedores monopolistas, por exemplo, veículos novos, combustíveis, bebidas etc. Ferramentas para a gestão dos estoques As principais ferramentas para a gestão dos estoques são: 1. Sistema de Contagem de Estoque Existem dois tipos de sistema de contagem: Sistema Periódico de Contagem (Inventário) Neste sistema os estoques são contados de tempos em tempos, com períodos determinados pela organização. A contagem é efetuada através da presença física nos compartimentos dos responsáveis por esse trabalho. LOGÍSTICA HOSPITALAR 62 Normalmente, os itens de maior importância exigem maior frequência de contagem que os itens menos importantes. Sistema Periódico de Contagem (Inventário) Neste sistema, costuma-se utilizar uma ferramenta de TI para controle de estoque (software), que atualiza as quantidades do estoque instantaneamente, ou seja, assim que o item de material é movimentado, registra-se a sua entrada ou saída do depósito. Confrontação de resultados Deve-se comparar os resultados dessas duas contagens, de modo a verificar eventuais divergências de quantidades. É importante ficar alerta para o fato de que, no dia a dia, esses dois tipos de contagem podem apresentar divergências que, usualmente, ocorrem devido ao inadequado registro das quantidades movimentadas (entrada ou saídas). 3. Análise ou Classificação ABC Imagine um hospital em que existam milhares de itens em estoque. Certamente a sua gestão demandaria uma quantidade de pessoas e de tempo muito elevados, se fosse dada a mesma atenção de controle para todos os materiais, o que é inviável. Para se contornar esse problema, muitos adotam a Classificação ABC. Esse método é um investimento de planejamento que permite ao gestor identificar aqueles itens que necessitam de atenção maior em razão da representatividade de cada um em relação aos investimentos feitos em estoque. Na prática, permite identificar aqueles itens que justificam mais atenção, dispensando tratamento adequado quanto a sua administração, cabendo LOGÍSTICA HOSPITALAR 63 destacar que não existe forma totalmente aceita de dizer qual o percentual do total dos itens que pertencem à classe A, B ou C. Mas a lógica padrão é a seguinte: Classe A: Pequeno número de itens responsáveis por alta participação no valor total dos estoques, que justificam procedimentos meticulosos no seu dimensionamento e controle. Representam, em média, 5% dos itens e 80% dos recursos financeiros. Classe B: Itens intermediários entre as classes A e C, cujos procedimentos de dimensionamento e controle não precisam ser tão meticulosos. Representam, em média, 15% dos itens e 15% dos recursos financeiros. Classe C: Itens de menor importância, que não justificam procedimentos rigorosos de dimensionamento e controle, devendo predominar a adoção de estoques elevados. Representam, em média, 80% dos itens e 5% dos recursos financeiros. Metodologia de construção – curva ABC Dividimos didaticamente a construção da Curva ABC em 8 (oito) passos: Passo 1 - Listar todos os itens com respectivos custos unitários e consumo anual. Passo 2 - Calcular o valor monetário consumido no período. Passo 3 - Ordenar os itens por ordem decrescente do valor consumido durante o período. Passo 4 - Obter o custo anual total a partir do somatório de cada custo anual. Efetuando soma de todos os valores totais, obtivemos 141.700. LOGÍSTICA HOSPITALAR 64 Passo 5 - Calcular os percentuais de cada um dos itens em relação ao total. Passo 6 - Acumular os percentuais dos itens calculados na ordem decrescente. Passo 7 - Determinar os itens de classe A, B e C. Com a coluna % acumulada concluída, cabe neste momento uma análise dos dados obtidos. Deve-se escolher a proporção desejada para os itens A, B e C. Essa proporção deverá ser feita considerando-se o seguinte: A > B > C, em que a soma de A, B e C deverá ser 100%. Passo 8 - Confeccionar o gráfico da Curva ABC. Ao aplicar o método ABC em seus itens de estoque a organização de saúde pode dar um grande passo na racionalização de seus métodos de controle e classificação de materiais, trazendo grande mobilidade nas tomadas de decisão em relação aos investimentos feitos em estoque. Criticidade Como pudemos perceber, a classificação ou análise ABC é feita sob a ótica do valor ou da quantidade, o que muitas das vezes pode levar a distorções perigosas, uma vez que deixa de considerar a importância relativa de cada item em relação à operação do sistema como um todo. Além da análise ABC tradicional, a criticidade assume importância cada dia maior, visto que muitas vezes a falta de um item de baixíssimo custo e pequena rotatividade pode parar toda a operação de uma organização. Portanto, complementarmente à análise ABC tradicional, podemos realizar uma análise pautada na criticidade dos itens em estoque, meramente qualitativa. LOGÍSTICA HOSPITALAR 65 Essa classificação visa entender qual o grau de importância, de criticidade para o negócio da organização. Tem também uma nomenclatura alfabética e em conjunto com a classificação ABC tem mostrado bons resultados nas gestões de estoques. Nível 1 - Material que não pode faltar no estoque, pois sua falta causa atraso ou parada operacional e prejuízos irrecuperáveis. Nível 2 -Material considerável substituível. Nível 3 - Material considerado supérfluo, só deve ser adquirido quando necessário à operação. Método ABC x Nível de Criticidade Métodos para controle de estoques O controle de estoques envolve, dentre outras responsabilidades, o cumprimento das seguintes tarefas: • Ressuprimento dos estoques; • Análise e acompanhamento dos níveis de estoques; • Identificação dos excedentes e inservíveis; • Avaliação de demandas e tempos de compra. LOGÍSTICA HOSPITALAR 66 Nas organizações que trabalham com demandas independentes e relativamente regulares, o método mais empregado é o das quantidades fixas. O método das revisões periódicas é mais adequado para itens de valor elevado e passíveis de descontinuidade de uso, podendo ser adotado também por questões de otimização logística. Como exemplo, podemos citar algumas distribuidoras de medicamentos que agrupam pedidos de redes de farmácia e assim reduzem o número de fornecimentos. Métodos das quantidades fixas Um tipo de método empregado no controle dos estoques de organizações hospitalares e assemelhadas. Demanda ou Consumo (D) É a quantidade de material requerida para atender às necessidades de operação da organização. Tempo de Ressuprimento ou Lead Time (TR) LOGÍSTICA HOSPITALAR 67 É o tempo necessário para o seu ressuprimento. Intervalo de Ressuprimento (IR) É um período preestabelecido pela gerência de estoque que corresponde, aproximadamente, ao intervalo de tempo decorrido entre duas quantidades de ressuprimento sucessivas. Por exemplo, uma demanda de 1600 unidades poderá ser atendida por uma única compra (IR=12 meses), por quatro compras (IR= 3 meses) ou mais. Ponto de Pedido ou de Ressuprimento (PP ou PR) Ponto de Pedido ou de Ressuprimento (PP ou PR): É uma quantidade de material, pré-determinada que, ao ser atendida pela ação da demanda, dá origem a uma solicitação de ressuprimento. Caso tenhamos um Estoque de Segurança, o cálculo do Ponto de Ressuprimento se dará da seguinte forma: PR = D. LT + ES LOGÍSTICA HOSPITALAR 68 Onde: PR = Ponto de Ressuprimento (UN) D = Demanda Média LT = Lead Time ES = Estoque Segurança (UN) Ruptura de Estoque (RE) é a situação em que o material existente chega a zero, após consumido todo o estoque de segurança (quando houver). A partir desse ponto de ruptura, a ação continuada da demanda irá provocar a falta de material e seu consequente custo. Nível de Serviço x Fator de Segurança Es = D x K Onde: Es = Estoque segurança em unidades d = Demanda Média K= Fator de Segurança *O fator K é arbitrado e é proporcional ao grau de atendimento ou nível de serviço desejado para o item. LOGÍSTICA HOSPITALAR 69 Método das revisões periódicas Esse método é aplicável quando se deseja utilizar um procedimento menos automatizado para recompor os níveis de estoques. Os procedimentos de controle do estoque ocorrem em intervalos regulares de tempo (semana, mês, semestre), sendo de fundamental importância a definição do intervalo de tempo entre revisões de controle, pois é justamente nesse intervalo de tempo que há mais risco da falta de material. Avaliação de estoques Por que devemos avaliar os nossos estoques? 1 - Para conhecimento e controle dos valores monetários investidos em estoques; 2 - Assegurar que os recursos investidos estejam de acordo com a política da empresa; 3 - Garantir que a valorização reflita seu conteúdo. O objetivo do registro do estoque é controlar a quantidade de materiais, tanto em volume físico quanto em valor financeiro. A avaliação de estoque anual deverá ser realizada em termos de preço, para proporcionar uma avaliação exata do material e informações financeiras atualizadas. Fato é que o método de avaliação escolhido afetará o total do lucro, uma vez que os estoques constituem conta patrimonial do ativo das organizações. Logo, permanecendo inalterados outros fatores, quanto maior for o estoque final avaliado, maior será o lucro reportado, ou menor será o prejuízo. Quanto menor o estoque final, menor será o lucro reportado, ou maior será o prejuízo. LOGÍSTICA HOSPITALAR 70 Considerando que vários fatores podem fazer variar o preço de aquisição dos materiais entre duas ou mais compras (inflação, custo do transporte, procura de mercado, outro fornecedor etc.), surge o problema de selecionar o método que se deve adotar para avaliar os estoques. Os métodos mais comuns são: • Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair (FIFO ou PEPS); • Último a Entrar, Primeiro a Sair (LIFO ou UEPS); • Custo Médio. Exemplo prático Para ilustrar numericamente, vamos utilizar uma sequência de operações realizadas por uma empresa e posteriormente aplicar, para o mesmo exemplo, os três métodos de avaliação de estoque. Suponha-se que uma empresa, no primeiro dia do mês, possua um estoque (inicial) igual a zero de certo item. A partir daí, obtivemos as seguintes informações sobre as entradas e saídas do item em análise: Cálculo pelo Critério FIFO (First-in, First-out)/PEPS Com base nesse critério, dá-se saída no custo da seguinte maneira: o primeiro que entra é o primeiro que sai (PEPS). À medida que ocorrem saídas, vamos dando baixas no estoque a partir das primeiras entradas, ou seja, a primeira unidade a entrar no estoque é a primeira a ser utilizada. LOGÍSTICA HOSPITALAR 71 Cálculo pelo Critério LIFO (Last-in, First-out)/UEPS Com base nesse critério, dá-se saída no custo da seguinte maneira: o último que entra é o primeiro que sai (UEPS). À medida que ocorrem saídas, vamos dando baixas no estoque a partir das últimas entradas, ou seja, a última unidade a entrar no estoque é a primeira a ser utilizada. Cálculo pelo Critério do Custo Médio Este método, também chamado de método da média ponderada, utiliza os custos médios em lugar dos custos efetivos, sendo amplamente usado e aceito pelo Fisco. LOGÍSTICA HOSPITALAR 72 Encerramento Nesta aula compreendemos as principais características da gestão de estoques para a área de saúde e suas principais ferramentas. Na próxima aula serão apresentadas as principais características da Função Compras e aspectos relevantes da relação com os fornecedores. Atividade proposta A Classificação ABC é uma ferramenta bastante útil, pois, como vimos, permite uma priorização dos itens dos estoques. Nesse contexto, que tal pesquisar sobre como a classificação ABC pode contribuir para minimizar os custos dos estoques? Chave de resposta: A divisão em classes permite que cada item do estoque tenha um tratamento diferenciado, priorizando a redução dos níveis de estoques e o controle dos produtos A. Por exemplo, podemos optar por uma política ótima que minimize a imobilização de recursos em alguns itens, realizando pedidos mais frequentes e menores. Referências BALLOU, R.H. Logística empresarial: transporte, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 2011. BOWERSOX, D.; CLOSS, D. Logística empresarial. São Paulo: Atlas, 2004. LOGÍSTICA HOSPITALAR 73 CHRISDTOPHER, M. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos. São Paulo: Cengage Learning, 2009. FERREIRA, F.A. Administração de material. Rio de Janeiro: CNI. MACHLINI, C; Barbieri, J. Logística hospitalar. São Paulo: Saraiva, 2009.Exercícios de fixação Questão 1 A gestão dos estoques é a função do sistema logístico de suprimentos diretamente responsável pelo dimensionamento e aplicação dos recursos financeiros a serem utilizados na formação dos estoques. Sobre os estoques foram feitas as seguintes afirmações: I - Os estoques são importantes mas nem sempre necessários. II - A formação dos estoques deve ocorrer quando existirem dúvidas quanto à demanda ou ao ressuprimento. III - Os estoques variam de acordo com sua classificação e características, que vão impactar na forma pela qual devem ser ressupridos. Está(ão) correta(s): a) Somente I b) Somente I e II c) Somente III d) Somente I e III e) I, II e III Questão 2 Os estoques constituem um vínculo entre as etapas do processo de compra e venda - no processo de comercialização em empresas comerciais — e entre as etapas de compra, transformação e venda — no processo de produção em empresas industriais. Nesse contexto, foram feitas as seguintes afirmações: I - Os estoques desempenham um papel importante na flexibilidade operacional da empresa. II - Os estoques funcionam como amortecedores das entradas e saídas entre as duas etapas dos processos de comercialização e de produção, pois minimizam LOGÍSTICA HOSPITALAR 74 os efeitos de erros de planejamento e as oscilações inesperadas de oferta e procura. III - Normalmente, a decisão pela manutenção de estoques decorre da dificuldade de se prever a demanda com exatidão. Está(ão) correta(s): a) Somente I b) Somente I e II c) Somente II e III d) Somente I e III e) I, II e III Questão 3 Os estoques variam de acordo com sua classificação e características, que vão impactar na forma pela qual devem ser ressupridos. Assinale a alternativa que não contempla um tipo de demanda que influencie na característica dos estoques: a) Inativa b) Dependente c) Probabilística d) Incerta e) Eventual Questão 4 A classificação dos estoques quanto à natureza visa a agrupar os materiais em subconjuntos em função das perspectivas de sua utilização futura. Nesse caso, podem ser classificados em: a) Ativo e inativo b) Dependente e independente c) Cíclico e sazonal d) De segurança e mínimo e) Máximo e mínimo LOGÍSTICA HOSPITALAR 75 Questão 5 Sabemos que os estoques variam de acordo com sua classificação e características, que vão impactar na forma pela qual devem ser ressupridos. Nesse contexto, existe um tipo de estoque em cujo ressuprimento é definido pelos fornecedores, sejam eles internos ou externos. Estamos nos referindo ao: a) Estoque puxado b) Estoque empurrado c) Estoque sazonal d) Estoque de segurança e) Estoque antecipado Questão 6 Em um ambiente hospitalar, sabemos que alguns itens de material são mais importantes que outros e precisam ser tratados como tal. Tendo isso em mente, devemos direcionar recursos, esforços e pessoal para fazer com os itens mais críticos sejam atendidos com atenção especial. Uma ferramenta que auxilia os gestores nessa priorização é o(a): a) Classificação ABC b) PERT c) PEPS d) Trade-off e) CIF Questão 7 A Classificação ou Análise ABC é feita sob a ótica do valor ou da quantidade, o que muitas das vezes pode levar a distorções perigosas, uma vez que deixa de considerar a importância relativa de cada item em relação à operação do sistema como um todo. Nesse contexto, complementarmente à Análise ABC tradicional, comumente adota-se um outro critério, denominado de: a) Criticidade b) Paretto c) Análise SWOT LOGÍSTICA HOSPITALAR 76 d) Matriz GUT e) Matriz Ansoff Questão 8 Conceito que exprime o período que decorre a partir de uma decisão ou medida adotada e sua efetiva concretização. Tomando por exemplo a gestão de estoques, diz respeito ao tempo necessário para a reposição do produto em carência, que toma partida no pedido ao fornecedor e termina com a entrega concreta da mercadoria. Estamos nos referindo a(o): a) Intervalo de ressuprimento b) Tempo de ressuprimento c) Giro do estoque d) Tempo de espera e) Ciclo de suprimento Questão 9 Sobre o Estoque de Segurança foram feitas as seguintes afirmações: I - Devemos ter bastante critério e bom senso ao dimensionar o estoque de segurança, pois também representam capital empatado e inoperante. II - O Estoque de Segurança é uma quantidade predeterminada de material destinada a evitar ou minimizar os efeitos causados pela variação da demanda ou do tempo de ressuprimento. III - O Estoque de Segurança ou Estoque Mínimo deve ser dimensionado de forma que previna o consumo acima do normal e os atrasos de entrega durante o período de revisão e o tempo de reposição. Está(ão) correta(s): a) Somente I b) Somente I e II c) Somente III d) Somente I e III e) I, II e III LOGÍSTICA HOSPITALAR 77 Questão 10 O almoxarifado de um hospital apresentou a seguinte movimentação de um remédio específico (considere o estoque inicial no dia 1 igual a zero). Utilizando o método de avaliação de estoque UEPS (último a entrar, primeiro a sair), o valor do estoque final desse produto no almoxarifado no quinto dia é de: a) 347 b) 360 c) 400 d) 480 e) 750 Estoque de Segurança (ES): É uma quantidade predeterminada de material destinada a evitar ou minimizar os efeitos causados pela variação da demanda ou do tempo de ressuprimento. Aula 3 Exercícios de fixação Questão 1 - E Dia Entrada (unid.) Custo (R$) Saída (unid.) 1 100 12 - 2 200 10 - 3 - - 250 4 80 15 - 5 - - 100 LOGÍSTICA HOSPITALAR 78 Justificativa: Na prática, devemos, antes de tudo, entender que os estoques são importantes, mas, nem sempre necessários e a sua formação deve ocorrer quando existirem dúvidas quanto à demanda, ou quanto ao ressuprimento. Não ter estoques é algo muito desejado pelas empresas, mas bastante complexo de ser conseguido em função das diversas nuances que envolvem tanto a previsão das demandas quanto ao ressuprimento. Dessa forma, concluímos que tratar do dimensionamento dos níveis dos estoques bem como controlá-los não são tarefas das mais fáceis. Descobrir maneiras para reduzir os níveis dos estoques sem afetar o processo produtivo e sem o crescimento dos custos é um dos maiores desafios dos gestores numa época de escassez de recursos. Questão 2 - E Justificativa: Os estoques são uma forma de a organização proteger-se da imprevisibilidade dos processos com os quais lida ou está envolvida, constituindo-se de um vínculo entre as etapas do processo de compra e venda — no processo de comercialização em empresas comerciais — e entre as etapas de compra, transformação e venda — no processo de produção em empresas industriais. Nesse contexto, evitar sua formação ou tê-los em número reduzido de itens e quantidades, sem aumentar o risco de não ser satisfeita a demanda dos clientes, é um ideal conflitante com a realidade do dia a dia e que aumenta a importância da sua gestão. Questão 3 - A Justificativa: Existem quatro tipos de demanda que influenciam nas características dos estoques: Programada (dependente); Probabilística (independente); Incerta (independente); Eventual: decorrente de necessidades específicas, para aplicação imediata e cuja repetição não é prevista. Quanto à Natureza, os estoques podem ser classificados em Ativo, resultante de um planejamento prévio e destinado a uma utilização conhecida e repetida operacionalmente,como de medicamentos, por exemplo, e Inativo, sem perspectiva de utilização total ou parcial, dispensáveis ou alienáveis. LOGÍSTICA HOSPITALAR 79 Questão 4 - A Justificativa: A classificação quanto à natureza visa a agrupar os materiais em subconjuntos em função das perspectivas de sua utilização futura. Nesse caso, podem ser classificados em Ativo, resultante de um planejamento prévio e destinado a uma utilização conhecida e repetida operacionalmente, como de medicamentos, por exemplo, e Inativo, sem perspectiva de utilização total ou parcial, dispensáveis ou alienáveis. Questão 5 - B Justificativa: O Estoque Empurrado (Push System) é definido pelos fornecedores, sejam eles internos ou externos. Na maioria das vezes não há alternativa quanto a outro tipo de ressuprimento, características estruturais da empresa, ou ressuprimentos por fornecedores monopolistas, por exemplo, veículos novos, combustíveis, bebidas etc. Questão 6 - A Justificativa: A Classificação ABC é um investimento de planejamento que permite ao gestor identificar aqueles itens que necessitam de atenção maior em razão da representatividade de cada um em relação aos investimentos feitos em estoque. Questão 7 - A Justificativa: A Criticidade é um outro tipo de classificação dos itens em estoque que é meramente qualitativa. Essa classificação visa entender qual o grau de importância, de criticidade para o negócio da empresa. Tem também uma nomenclatura alfabética e em conjunto com a classificação ABC tem mostrado bons resultados nas gestões de estoques. Questão 8 - B Justificativa: Tempo de Ressuprimento ou Lead Time (TR) é o tempo necessário para o ressuprimento de um item. Se um item é comprado, o LT refere-se ao tempo decorrido desde a colocação do pedido de compra até o recebimento do LOGÍSTICA HOSPITALAR 80 material comprado. Se for um item fabricado, o LT refere-se ao tempo decorrido desde a liberação de uma ordem de produção até que o item fabricado esteja pronto e disponível para uso. Questão 9 - E Justificativa: As incertezas intrínsecas existentes na gestão de estoques, principalmente advindas da demanda e do Lead Time dos fornecedores, obrigam a criação de um estoque suplementar para diminuir seus efeitos, denominado Estoque de Segurança (ES), que serve para evitar a falta de materiais em estoque, ocasionada por: Aumento não previsto da demanda no intervalo de ressuprimento; Atraso no próprio tempo de ressuprimento; Cobrir a retirada média durante o período de risco, ou seja, o intervalo entre a colocação do pedido e a entrega; Absorver as flutuações acima da média durante este tempo, até um total desejado. Questão 10 - B Justificativa: Da primeira saída (250) restarão 50 unidades a R$ 12,00 cada, pois sairão as 200 unidades de R$ 10,00 e 50 unidades de R$ 12,00. Da segunda saída (100), restarão 30 unidades a R$ 12,00 cada, pois sairão as 80 unidades a R$ 15,00 e 20 unidades de R$ 12,00. Portanto, restando 30 unidades a R$ 12,00 cada, o valor total do estoque é de R$ 360,00. LOGÍSTICA HOSPITALAR 81 Introdução Nos últimos anos, a importância da atividade de compras vem ganhando destaque nas empresas. Vários fatores contribuíram para o aumento dessa importância, dentre estes podemos citar o grande percentual de compras x faturamento. Nas Organizações Hospitalares (OH), a atividade se reveste de uma importância ainda maior, em face das consequências de sua possível ineficiência (falta de materiais). Além disso, hoje, as novas relações de fornecimento, o advento da tecnologia e a crescente participação dos fornecedores no processo produtivo exigem do setor de compras e de seus profissionais uma visão mais estratégica, direcionada para seus clientes internos e externos. Objetivo: 1. Apresentar as principais características da função compras e aspectos relacionados ao seu papel estratégico; 2. Conhecer as funções operacionais das atividades de compras (processos). LOGÍSTICA HOSPITALAR 82 Conteúdo Função de compras Nas organizações hospitalares, a aquisição de medicamentos, suprimentos, equipamentos e contratação de serviços são algumas das suas principais atividades, visto que dão suporte às ações de saúde. Uma boa aquisição, por exemplo, de medicamentos, deve considerar, sistematicamente: • Como comprar? • O que comprar? • Quando e quanto comprar? Adicionalmente, o monitoramento e a avaliação dos processos de compras são fundamentais para aprimorar a gestão e intervir nos problemas. Atenção Nesse contexto, a gestão de compras, também conhecida como função de compras, assume papel estratégico em virtude da peculiaridade das OH e do volume de recursos, principalmente financeiros envolvidos, deixando de ser percebida como uma atividade burocrática e repetitiva, um centro de despesas e não um centro de gerenciamento de recursos. Com isso, vem ganhando evidência no contexto das organizações hospitalares, uma vez que não basta apenas comprar, é preciso comprar bem. Objetivos principais Para a realização desta atividade, com sucesso, devemos estabelecer quatro objetivos principais: • Obter produtos e serviços na quantidade certa; • Garantir que a entrega seja feita de maneira correta; LOGÍSTICA HOSPITALAR 83 • Com qualidade e a um menor custo; • E desenvolver e manter boas relações com os fornecedores. Para conseguirmos alcançar esses objetivos é fundamental o estabelecimento de um fluxo dinâmico de troca de informações com outros setores da organização, onde podemos destacar algumas atividades que são favorecidas se desempenhadas em consenso: Negociação das melhores condições de compra; Seleção e qualificação de fornecedores; Administração do pedido de compra. Assim, constatamos que a função compras é uma atividade que deve ser realizada de forma profissional, com base no conhecimento técnico, uma vez que comprar e prover itens são fatores primordiais na atividade hospitalar. Além disso, as pessoas envolvidas nesse processo desempenham, direta ou indiretamente, papel fundamental na prestação da assistência ao paciente, devendo realizá-lo de maneira à melhor atender os interesses tanto dos pacientes quanto da instituição. Para isso, precisam conhecer muito bem os mecanismos do processo, sendo treinadas e capacitadas para tanto. O Papel estratégico de compras Como sabemos, a importância das atividades de compras tem aumentado nos últimos tempos. LOGÍSTICA HOSPITALAR 84 Década de 1980 Na década de 1980 a área de Compras tinha um papel operacional, burocrático, de "emissora de ordens de Compras". Década de 1990 Na década de 1990, ganhou forte orientação a processos e passou a ser percebida pelas empresas como área de "suporte". Em ambos os casos a área era classificada como "centro de custo" e, como tal, forte candidata a cortes sempre que as empresas sentiam necessidade de reduzi-los. Mais recentemente as organizações, inclusive as hospitalares, perceberam que a atividade desempenha um papel importante na realização dos objetivos estratégicos da organização, devido à sua capacidade de afetar a qualidade e entrega de itens (medicamentos, suprimentos, equipamentos etc.), ou serviços essenciais que serão utilizados no dia a dia da organização (limpeza e conservação, manutenção de elevadores, copeiragem etc.). Como sabemos, as organizaçõeshospitalares são altamente dependentes da gestão de estoques, já que esta responde pela determinação das necessidades de reposição dos itens, Por outro lado, como o nível de imobilização de capital em estoques depende do tempo de demora das aquisições, a função compras pode contribuir diretamente para a redução dos custos de materiais numa OH. Dentre os principais objetivos das compras, podemos destacar: Suprir a organização com um fluxo contínuo de fornecimento para atender às demandas operacionais; Assegurar continuidade de suprimento para manter relacionamentos efetivos com fontes existentes, desenvolvendo outras fontes de suprimentos alternativas, ou para atender a necessidades emergentes ou planejadas; Comprar de forma eficiente, competitiva e rentável (menor custo X qualidade); LOGÍSTICA HOSPITALAR 85 Manter relação sólida com outros setores da organização, fornecendo e recebendo informações e aconselhamentos necessários para assegurar o sucesso da atividade; Desenvolver funcionários, políticas, procedimentos e organização para assegurar o alcance dos objetivos previstos; Pesquisar o mercado em relação aos novos produtos ofertados e previsões relacionadas a sua evolução. Com isso, evidencia-se o papel estratégico das compras, que passa pela sua função estratégica na organização, podendo transformar-se em vantagem competitiva, desde que adequadamente desenvolvida e desempenhada. Centralização e descentralização de compras Algumas decisões estratégicas devem ser tomadas em relação à função Compras em uma organização, entre elas a definição de a organização de compras ser centralizada ou descentralizada. As vantagens da Centralização da organização de compras são significativas, notadamente no que concerne à otimização de processos correlatos e ao aprimoramento das habilidades dos compradores. Por outro lado, a descentralização das compras nas suas diversas áreas permite maior flexibilidade operacional das suas unidades. Dentre as vantagens da centralização de compras, podemos citar: Permite manter um melhor controle global das atividades de compras; Possibilita a economia de escala mediante negociações para a contratação de fornecimento de grande vulto; Otimiza a utilização do pessoal por meio da redução do quadro funcional; LOGÍSTICA HOSPITALAR 86 Evita a concorrência entre os compradores regionais e disparidades de preços de compra de um mesmo produto por compradores diversos. Dentre as vantagens da descentralização de compras, podemos citar: Permite uma maior autonomia funcional das unidades regionais; Permite uma maior flexibilidade e sensibilidade na solução dos problemas locais, assim como conhecimento das fontes de suprimentos, meios de transportes e armazenamento mais próximos da região; Permite responder mais rapidamente às necessidades de aquisição emergencial; Exerce um melhor gerenciamento das necessidades. Duas estratégias básicas A definição de uma estratégia correta de aquisição de recursos pode fornecer à organização uma grande vantagem competitiva. Há duas estratégias básicas: Verticalização e Horizontalização. Verticalização Estratégia na qual a organização tentará produzir internamente aquilo que precisa. Horizontalização Consiste na estratégia de comprar de terceiros os itens que compõem o produto ou o serviço. LOGÍSTICA HOSPITALAR 87 O perfil do setor de compras Apesar de a literatura abordar o papel estratégico que a área de compras vem assumindo nas organizações, pouco fala sobre a estrutura e o processo de compras, bem como sobre o perfil dos profissionais que atuam na área, compradores ou não. Com o passar do tempo, os processos de compras se tornaram mais complexos e dependentes de atores comprometidos e conscientes do seu papel. No processo formal administrativo de compras são vários os documentos e informações que são anexados constantemente e de forma cronológica, durante a vida útil do processo: Autorizações, pedidos, levantamentos, cotações, mapa de preços, despachos, documentos de habilitação, notas de empenho e pagamentos que, conjuntamente, servem para compor todos os passos utilizados para efetuar os procedimentos administrativos necessários para realizar uma compra. Atenção Não podemos imaginar, hoje, um comprador preocupado exclusivamente com a concretização de uma compra, desconsiderando o impacto dessa operação em relação aos demais processos integrados à produção e operação das organizações. Independentemente se públicos ou privados, os compradores precisam ter um perfil vinculado às necessidades estratégicas da organização. Compradores: reativos ou proativos Nesse contexto, podemos distinguir claramente dois tipos de compradores: o reativo e o proativo. LOGÍSTICA HOSPITALAR 88 O comprador reativo representa uma visão extremamente simplista do ato de comprar, consiste apenas em encontrar um fornecedor que esteja disposto a trocar os bens ou serviços exigidos por determinada quantia. Já o comprador proativo tenta estabelecer parcerias com o fornecedor, que permitam compartilhar ideias e conhecimento necessários para o fechamento de uma boa compra. Atributos desejáveis ao perfil dos profissionais Todos aqueles que, direta ou indiretamente, necessitam adquirir produtos e/ou serviços para alcançar os resultados almejados, são encarados como clientes do setor de compras. Então, é extremamente importante que o setor de compras leve em consideração esse cliente, uma vez que a sua existência depende da satisfação completa de todos os seus usuários. A figura a seguir mostra alguns atributos desejáveis ao perfil dos profissionais que atuam no setor de compras. Repare que o foco recai sob dois aspectos importantes, um deles no cliente interno e outro no fornecedor. LOGÍSTICA HOSPITALAR 89 Perfil do setor de compras Consultor interno Quanto ao cliente interno, o profissional de compras deve entender que algumas vezes o cliente não sabe exatamente o que quer e nem onde buscar, logo o comprador atua como um consultor interno de modo a tirar dúvidas de seu cliente. Ao mesmo tempo em que, nesse relacionamento, o comprador está vendendo a sua imagem profissional e a de seu setor, o comprador também deve ter uma noção muito clara do nível de serviço demandado pelo seu cliente, principalmente em termos de prazo, custo e qualidade. LOGÍSTICA HOSPITALAR 90 Atenção Outro aspecto importante quanto ao perfil do comprador diz respeito ao seu relacionamento com os fornecedores. O compartilhamento de políticas organizacionais que visa a auxiliar o vendedor a vender os produtos deve substituir a antiga estratégia baseada em “empurrar” responsabilidade pelas vendas a esse vendedor. O Processo de compras Basicamente, as funções operacionais das atividades de compras envolvem: • A determinação das especificações de compra, com ênfase na quantidade, qualidade e aspectos adequados da entrega; • A seleção de fornecedores, culminado com a escolha do(s) fornecedor(es) para cada processo de aquisição; • A negociação dos termos e condições de compra, aí incluídos os aspectos comerciais; • E a formalização da compra, ou seja, a emissão e gestão dos pedidos de compras, visando a garantir o cumprimento das condições previamente estabelecidas. Recebimento e análise das requisições de compras Esta é a primeira etapado processo, na qual o setor de compras recebe as solicitações ou requisições de compras (SC ou RC) de clientes internos que deve informar o nome do setor requisitante, o escopo ou especificação do produto ou serviço que se deve comprar ou contratar, a quantidade/unidade, o prazo de entrega, local da entrega, a data e aprovação, e em alguns casos especiais, os prováveis fornecedores. LOGÍSTICA HOSPITALAR 91 Em alguns casos, o processamento das requisições é feito de forma automatizada. De qualquer forma, é sempre bom uma análise paralela de forma a otimizar os processos de compras, agrupando requisições idênticas ou similares de outros solicitantes. A junção de diversas requisições numa compra única geralmente potencializa ganhos com economia de escala, favorecendo todos os requisitantes. Seleção de fornecedores Esta atividade consiste na busca e escolha das fontes de fornecimento para cada processo em andamento, a partir da análise de alternativas já conhecidas de fornecedores potenciais. Inclui a solicitação de cotações de todas as condições de compras (aspectos comerciais, disponibilidades quantitativas, prazos ...) o recebimento e análise das cotações e a definição dos fornecedores que atendem aos requisitos definidos nos processos de compras. Mapa comparativo Para melhor análise desses dados, eles podem ser transcritos em um Mapa Comparativo de Propostas, que é a cópia fiel das cotações recebidas, a fim de que se tenha uma melhor visualização. É o documento que serve para confrontar condições de fornecimento e decidir sobre a mais viável. LOGÍSTICA HOSPITALAR 92 Nesse contexto, é importante que cada organização mantenha um cadastro de fornecedores atualizado, pois através desse cadastro é que se realiza a seleção do fornecedor para atendimento das quatro condições básicas de uma boa compra: preço, prazo, qualidade e condições de pagamento. Atenção O relacionamento entre cliente (comprador) e fornecedor está cada vez mais estreito, havendo uma cobrança mais intensa do mercado sobre os seus fornecedores, referentes a aspectos como qualidade, garantia na entrega, flexibilidade e rapidez de respostas, certificação, reduções dos preços e outros? Nesse contexto, a formalização de parcerias tem como objetivo a diminuição de custos e otimização da eficiência, visando a busca de benefícios para ambas as partes com cooperação mútua, com divisão de responsabilidades, ou seja, uma relação ganha-ganha. Quando essa parceria se dá de forma evoluída, com relação de cooperação, troca irrestrita de informações e comprometimento entre as partes envolvidas a denominamos de "Comakership". Negociação das condições Consiste na etapa seguinte, já que as condições comerciais cotadas não significam necessariamente a aceitação das ofertas de determinado fornecedor. Essa negociação somente não é recomendada nos casos de processos licitatórios em que haja dispositivos condicionando a escolha fornecedor a critérios predefinidos, como menor preço, por exemplo. Habilidades técnicas para produzir/fornecer Consiste nas reconhecidas competências, ou seja, na capacidade de determinado fornecedor efetivamente atender a todas as demandas. LOGÍSTICA HOSPITALAR 93 Capacidade de fabricação ou de produção É a evidência da compatibilidade entre a capacidade operacional do fornecedor e as necessidades do cliente. Confiabilidade Trata-se da imagem predominante consolidada pela parte cliente com relação ao fornecedor, podendo ser influenciada por outros clientes, pelo mercado, por dados históricos e outros. Serviço de pós-venda Geralmente relacionados à suporte técnico, garantias, infraestrutura para reposição de componentes e peças, treinamentos e SAC. Localização do fornecedor Este fator é relevante, pois impacta em questões relacionadas ao tempo de atendimento e ao custo total, com adicionais de fretes. Preço e prazo Com a forte concorrência, esses fatores são de grande importância na escolha dos fornecedores. Emissão da documentação Esta etapa visa à formalização do pedido de compra (PC) e consiste em documentar todas as circunstâncias envolvendo o fechamento de cada compra. Mas, você sabe o que é o pedido de compra? LOGÍSTICA HOSPITALAR 94 Pedido de compra (PC) é um contrato formal entre a empresa e o fornecedor, devendo representar fielmente todas as condições estabelecidas e características da compra, razão pela qual o fornecedor deve estar ciente de todas as cláusulas e pré-requisitos constantes do impresso, dos procedimentos que regem o recebimento das peças ou produtos, dos controles e das exigências de qualidade, para que o pedido possa legalmente ser considerado em vigor. Gestão do Fornecimento ou Diligenciamento Consiste no acompanhamento de todo o processo após a determinação do fornecedor, visando garantir o cumprimento de todas as condições acordadas. Possibilita aos profissionais envolvidos no processo de compras verificarem se o fornecimento ocorreu de acordo com o pedido, ou seja, nos prazos corretos, nas quantidades corretas e em conformidade com as condições comerciais e especificações do produto. Recebimento e aceitação Geralmente esta atividade não é executada por profissionais do setor de compras, por questões relacionadas à segregação de funções (fiscalização intercorrente). Nessa atividade, constata-se física e documentalmente a recepção dos materiais, a partir da conferência das especificações técnicas e comerciais constantes no pedido de compras. Uma vez certificado junto ao Almoxarifado ou Requisitante o recebimento do material e que está tudo dentro do combinado, pode-se liberar o respectivo documento fiscal para pagamento, encerrando o ciclo executivo de compras. LOGÍSTICA HOSPITALAR 95 Compras no setor público O processo de compras para hospitais públicos exige abertura de processo licitatório (licitação) para aquisição de materiais em escala e para prestação de serviços, por um determinado período de tempo. Para tal, as organizações públicas devem seguir o que preceitua a legislação específica em que podemos destacar a Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, Lei de Licitações e Contratos Administrativos, que será objeto de estudo da nossa próxima aula. Atividade proposta Vamos agir como um profissional de compras? Pense em um item material crítico para uma organização hospitalar. Agora, elabore a especificação completa desse item. Pronto? Que tal enviar um pedido de cotação a, pelo menos, três fornecedores desse tipo de material? (Caso não conheça, pesquise na Internet). De posse das cotações obtidas dos fornecedores, monte um mapa comparativo de propostas e decida sobre a melhor opção, levando em consideração os critérios vistos na nossa aula. Mãos à obra! Chave de resposta: como essa atividade não possui uma resposta-padrão segue um exemplo de Mapa Comparativo, para análise: LOGÍSTICA HOSPITALAR 96 Nesse exemplo, se adotarmos o critério de menor preço total, certamente decidiríamos pelo Fornecedor 2. Caso utilizemos o critério de menor preço por item, os itens 04 e 05 seriam adjudicados ao Fornecedor 01. Caso tivéssemos por prioridade o critério “Condição de Pagamento”, poderíamos adjudicar aos fornecedores 01 e 03, se conveniente/aceitável. Material complementar Para saber mais sobre o setor de compras, leia o texto disponível em nossa biblioteca virtual. ReferênciasBALLOU, R.H. Logística empresarial: transporte, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 2011. BOWERSOX, D.; CLOSS, D. Logística empresarial. São Paulo: Atlas, 2004. LEI FEDERAL nº 8.666, de 21 de junho de 1993. MACHLINI, C.; BARBIERI, J. Logística hospitalar. São Paulo: Saraiva, 2009. LOGÍSTICA HOSPITALAR 97 Exercícios de fixação Questão 1 Um dos objetivos da atividade compras é: a) Codificar os materiais de consumo em relação ao espaço físico. b) Identificar no mercado as melhores condições comerciais e técnicas a serem aplicadas. c) Assegurar que o capital imobilizado em estoque seja compatível com as contas a pagar. d) Evitar desperdícios como obsolescência, roubos e extravios de materiais. e) Avaliar o procedimento de baixa de estoque em relação aos itens estocados. Questão 2 Podemos citar como aspectos principais para a importância de compras para as empresas, exceto: a) O alto custo dos impostos b) A compressão do tempo disponível c) A competitividade crescente d) A utilização da TI e) A importância cada vez maior do cliente Questão 3 Sobre a função compras foram feitas as seguintes afirmações: I. A gestão de compras, também conhecida como função de compras, vem ganhando evidência no contexto das organizações hospitalares, uma vez que não basta apenas comprar, é preciso comprar bem. II. A função Compras, se adequadamente desenvolvida e desempenhada, pode se configurar uma vantagem competitiva para uma organização. III. O monitoramento e a avaliação dos processos de compras são fundamentais para aprimorar a gestão e intervir nos problemas. Está(ão) correta(s): a) Somente I LOGÍSTICA HOSPITALAR 98 b) Somente I e II c) Somente III d) Somente I e III e) I, II e III Questão 4 As afirmativas que se seguem representam vantagens da centralização em compras, exceto: a) Comprar em quantidades maiores, o que pode significar preços melhores. b) Combinar pedidos pequenos e assim reduzir a duplicação de pedidos, o que pode reduzir os custos. c) Maior autonomia funcional das unidades regionais. d) Redução dos custos de transporte ao combinar pedidos e despachar quantidade maior. e) Melhor controle global e coerência das transações financeiras. Questão 5 Qual a estratégia de aquisições que prevê que a empresa produzirá internamente tudo o que puder ou, pelo menos, que tentará produzir? a) Verticalização b) Horizontalização c) Terceirização d) Produção em Massa e) Massificação Questão 6 As funções operacionais das atividades de compras envolvem a determinação das especificações de compra, com ênfase na quantidade, qualidade e aspectos adequados da entrega; a seleção e a escolha de fornecedores, culminado com a escolha do(s) fornecedor(es) para cada processo de aquisição; a negociação LOGÍSTICA HOSPITALAR 99 dos termos e condições de compra e a formalização da compra. Nesse contexto, o documento que dá início ao ciclo operacional de compras é o(a): a) Pedido de compra. b) Empenho. c) Cotação. d) Mapa comparativo de propostas. e) Requisição de Compra. Questão 7 A parceria com os fornecedores tem a função de suprir corretamente os clientes a um custo justo. Assinale a opção que não contempla um dos objetivos da formalização de uma parceria com fornecedores. a) Redução de custos b) Redução de taxas e impostos c) Eliminação de desperdícios d) Tempo de ciclo de pedido, o mais curto possível e) Reduzir as não conformidades Questão 8 A seleção e avaliação de fornecedores deve ser feita em função de critérios como: a) Preço, qualidade e condições de pagamento. b) Estrutura organizacional e critérios de departamentalização. c) Sistema de gestão da qualidade. d) Ações de responsabilidade social. e) Prazo de entrega. Questão 9 A seleção de fornecedores consiste na busca e escolha das fontes de fornecimento para cada processo em andamento, a partir da análise de alternativas já conhecidas de fornecedores potenciais. Para podermos analisar as informações obtidas através das cotações dos fornecedores, podemos LOGÍSTICA HOSPITALAR 100 transcrevê-las para um documento específico a fim de que se tenha uma melhor visualização. Este documento é o(a): a) Mapa comparativo de propostas. b) Pedido de cotação. c) Requerimento. d) Autorização de fornecimento. e) Empenho. Questão 10 Qual o nome que se atribui ao relacionamento entre comprador e fornecedor que atinge um grau de parceria que envolve confiança mútua, participação e fornecimento com qualidade assegurada e uma integração estratégica entre os dois? a) Benchmarking b) Procurement c) Associação comercial d) Comakership e) Brainstorming Solicitações ou requisições de compras: São documentos que desencadeiam o processo de compras, autorizando o comprador executar uma compra de materiais ou contratação de serviço. Aula 4 Exercícios de fixação Questão 1 - B Justificativa: A função compras é uma atividade que deve ser realizada de forma profissional, com base no conhecimento técnico, uma vez que comprar e LOGÍSTICA HOSPITALAR 101 prover itens são fatores primordiais na atividade hospitalar. Por isso, de posse de uma solicitação, deve-se buscar no mercado as melhores condições comerciais e técnicas a serem aplicadas, a partir da análise de fatores como especificação, preço, qualidade, prazos, garantias e outros. Questão 2 - A Justificativa: A função compras tem um fator estratégico e fundamental, pois nela se dá o início de toda a cadeia de suprimentos, e erros nesse processo podem trazer aumento de custos e até prejuízos operacionais que podem custar até mesmo uma vida. Como aspectos principais podemos citar a globalização da economia, da produção, da competição e dos sistemas financeiros e comerciais; a compressão do tempo disponível; a competitividade crescente; a utilização da tecnologia da informação; e a importância cada vez maior do cliente. Questão 3 - E Justificativa: Como vimos na aula, a gestão de compras, também conhecida como função de compras, assume papel estratégico em virtude da peculiaridade das OH e do volume de recursos, deixando de ser percebida como uma atividade burocrática e repetitiva, um centro de despesas e não um centro de gerenciamento de recursos. Com isso, vem ganhando evidência no contexto das organizações hospitalares, uma vez que não basta apenas comprar, é preciso comprar bem. Nesse contexto, o constante monitoramento dos processos de compras (diligenciamento) possibilita a verificação de oportunidades de melhorias. Questão 4 - C Justificativa: As vantagens da centralização da organização de compras são significativas, notadamente no que concerne à otimização de processos correlatos e ao aprimoramento das habilidades dos compradores. Por outro lado, a descentralização das compras nas suas diversas áreas permite maior LOGÍSTICA HOSPITALAR 102 flexibilidade operacional das suas unidades, na qual podemos enquadrar a maior autonomia funcional das unidades regionais. Questão 5 - A Justificativa: A definição de uma estratégia correta de aquisição de recursos pode fornecer à organização uma grande vantagem competitiva. Há duas estratégias básicas: verticalização e horizontalização. Enquanto na verticalização a organização tentará produzir internamente aquilo que precisa, na horizontalização a organização comprará de terceiros os itens que compõem o produto ou o serviço.Questão 6 - E Justificativa: Solicitação ou requisição de compra é o documento que desencadeia o processo de compras, autorizando o comprador executar uma compra de materiais ou contratação de serviço. Questão 7 - B Justificativa: A formalização de parcerias tem como objetivo a diminuição de custos (eliminação de desperdícios), otimização da eficiência (redução de prazos), aumento de qualidade e flexibilidade e outros, visando a busca de benefícios para ambas as partes com cooperação mútua, com divisão de responsabilidades, ou seja, uma relação ganha-ganha. Questão 8 - A Justificativa: Como sabemos, esses processos consistem na busca e escolha das fontes de fornecimento para cada processo em andamento, a partir da análise de alternativas já conhecidas de fornecedores potenciais (Seleção) e na avaliação dos fornecimentos e serviços já prestados. Para tais, são avaliadas as condições de compras (aspectos comerciais, disponibilidades quantitativas, prazos, ...) o recebimento e análise das cotações e a definição dos fornecedores que atendem aos requisitos definidos nos processos de compras (Na Seleção) e LOGÍSTICA HOSPITALAR 103 as entregas ou prestação de serviços, propriamente ditos, em termos de cumprimento dos pré-requisitos acordados (Na Avaliação). Questão 9 - A Justificativa: O mapa comparativo de propostas é documento que serve para confrontar as condições de fornecimento e decidir sobre a mais viável, traduzindo-se numa cópia fiel das cotações recebidas. Questão 10 - D Justificativa: Quando a parceria se dá de forma evoluída, com relação de cooperação, troca irrestrita de informações e comprometimento entre as partes envolvidas a denominamos de "Comakership". LOGÍSTICA HOSPITALAR 104 Introdução Como sabemos, o processo de compras na Administração Pública é complexo e minucioso, principalmente no que diz respeito aos limites e responsabilidades do agente público, de forma que a legalidade, igualdade e transparência devem orientar as suas práticas de forma a colocar a busca do interesse público como objetivo final das suas ações. Para alcançar esse objetivo, necessita adotar um procedimento preliminar rigorosamente determinado e preestabelecido, denominado de licitação. Como todos os órgãos da Administração Pública direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios estão obrigados à licitação, os hospitais da rede pública estão sujeitos ao mesmo dispositivo e devem partir para a abertura de processo licitatório (licitação) para a aquisição de materiais e serviços. Objetivo: 1. Apresentar as principais questões relativas à realização de licitações pelas organizações hospitalares do setor público; 2. Conhecer a Legislação específica sobre a temática, bem como o rito processual. LOGÍSTICA HOSPITALAR 105 Conteúdo Considerações iniciais Sabemos que existe alguma similaridade grande entre a compra pública e a privada, pois ambas visam ao menor preço, com garantia de qualidade, mas a compra pública requer procedimentos específicos para lhe dar eficácia, como, por exemplo, a legislação, enquanto na compra privada esses procedimentos são de livre escolha. Nesse contexto, na área da saúde, os hospitais de administração privada estabelecem suas diretrizes com foco nas necessidades, adequando‑se à sua capacidade, enquanto os hospitais públicos definem as formas de aquisição a fim de atender às normas e leis vigentes. Aquisições em instituições públicas As normas que regulam os processos de aquisição nos hospitais públicos são as estabelecidas pelas leis: Lei nº 8.666, de 06 de junho de 1993 Regulamentou o Artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal e instituiu Normas para Licitações e Contratos da Administração Pública. Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002 Instituiu, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, nos termos do Artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal, a modalidade de licitação denominada Pregão, para aquisição de bens e serviços comuns. Podemos extrair o seu artigo 3º que nos remete ao conceito de Licitação: Da Lei nº 8.666/1993 LOGÍSTICA HOSPITALAR 106 “A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. (Redação dada pela Lei nº 12.349, de 2010)”. Três pilares básicos Podemos afirmar que a licitação apoia-se em três pilares básicos: Isonomia; Proposta mais vantajosa; Legalidade. Assim, visa à obtenção da proposta mais vantajosa, dando condições de igualdade aos licitantes, pautando-se na Lei como parâmetro para formatar as regras do certame licitatório. A Lei nº 8.666/1993 (Lei de Licitações) define também as suas modalidades: concorrência; tomada de preços; convite; concurso; leilão. Adicionalmente, a Lei nº 10.520/2002 instituiu a modalidade de licitação denominada Pregão, nas suas formas presencial e eletrônica. Conforme esses dispositivos legais: A Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto. A Tomada de Preços é a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para LOGÍSTICA HOSPITALAR 107 cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação. O Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa. O Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital. O Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens móveis inservíveis para a Administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação. Pregão é a modalidade de licitação, na forma presencial e eletrônica (Regulamentada pelo Decreto 5.450/2005), para aquisição de bens e serviços comuns, assim entendidos aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado. A legislação ainda contempla circunstâncias especiais A legislação ainda contempla circunstâncias especiais que permitem à organização realizar aquisições sem licitação, são elas: Dispensa de Licitação Destacam-se os casos em que o valor não ultrapasse os limites estabelecidos pela legislação; casos emergenciais, onde a aquisição deve ser daquantidade LOGÍSTICA HOSPITALAR 108 necessária para atender à demanda momentânea, em caso de licitações não finalizadas com sucesso. *O Artigo 24 da Lei de Licitações contempla outros casos em que a licitação é dispensável. Inexigibilidade de Licitação A licitação será inexigível quando houver inviabilidade de competição, em que a exclusividade deverá ser comprovada através de atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes. *O Artigo 25 da Lei de Licitações contempla outros casos em que a licitação é inexigível. Quadro-resumo das principais características Em ambas as situações faladas anteriormente, a formalidade processual deve ser mantida e o ato de dispensa ou de inexigibilidade da licitação devidamente fundamentado. As modalidades de licitação e os casos de seu afastamento irão se diferenciar tanto nos valores para as quais podem ser utilizadas, quanto à necessidade de documentos, complexidade e fluxo do processo e prazos. Segue um quadro-resumo das principais características: Quadro-Resumo - Modalidades e Afastamentos de Licitação LOGÍSTICA HOSPITALAR 109 O edital O edital é o instrumento que estabelece todas as condições para a realização da licitação e, conforme o Artigo 40 da Lei de Licitações, deverá conter no seu preâmbulo o número de ordem em série anual, o nome da repartição interessada e de seu setor, a modalidade, o regime de execução e o tipo da licitação, a menção de que será regida pela Lei nº 8.666/1993, o local, dia e hora para recebimento da documentação e proposta, bem como para início da abertura dos envelopes. Na aquisição de medicamentos - edital Na aquisição de medicamentos, por exemplo, o Edital serve para divulgar diversas informações dentre obrigatórias e relevantes, à realização do certame, como: • Objeto da licitação, em descrição sucinta e clara; • Prazo e condições para assinatura do contrato ou retirada dos instrumentos, para execução do contrato e para Entrega do objeto da licitação; • Sanções para o caso de inadimplemento; • Local onde poderá ser examinado e adquirido o Projeto Básico ou Termo de Referência; • Condições para participação na licitação e forma de apresentação das propostas; • Critério para julgamento, com disposições claras e parâmetros objetivos; • O critério de aceitabilidade dos preços unitário e global, conforme o caso; • Critério de reajuste, admitida a adoção de índices específicos ou setoriais; • Condições de pagamento; • Instruções e normas para os recursos previstos na Lei; • Condições de recebimento do objeto da licitação. Consulte a Lei nº 8.666/1993 para conhecer a relação completa das informações obrigatórias que deve conter o Edital. LOGÍSTICA HOSPITALAR 110 Editais para a compra de equipamentos No caso de Editais para a compra de equipamentos, cumpre explicitar: Garantias (prazo e cobertura total ou parcial da data de operação do equipamento); Fornecimento de esquemas e manuais de instalação, operação e manutenção; Relação dos prestadores de serviços autorizados para assistência técnica; Proposta de treinamento para os usuários de insumos ou operadores de equipamentos, a ser apresentada imediatamente após a aquisição; Fornecimento de peças sobressalentes; No caso de instalação pelo fornecedor, indicação do momento em que ocorrerá. Especificação dos bens A especificação dos bens a serem adquiridos pode se basear nos seguintes instrumentos de apoio: • Laudo de Certificação (Inmetro, ISO 9000 etc.); • Catálogo de Fabricantes ou Laboratórios; • Normas ABNT; • Manuais de Padronização de Equipamentos Médico-Hospitalares; • Informações colhidas com usuários/clientes; • No caso de equipamentos, informações colhidas com o setor de manutenção etc. Constituem anexos do edital, nele integrando: • O projeto básico ou Termo de Referência, com todas as suas partes, desenhos, especificações e outros complementos; • Orçamento estimado em planilhas de quantitativos e preços unitários; LOGÍSTICA HOSPITALAR 111 • A minuta do contrato a ser firmado entre a Administração e o licitante vencedor; • As especificações complementares e as normas de execução pertinentes à licitação. Edital de pregão eletrônico nº 012/2013 Podemos citar como exemplo o Edital de Pregão Eletrônico nº 012/2013 do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que, para aquisição de Reagente para Diagnóstico Clínico, tipo de Análise Hemoglobina Glicosilada, solicita aos licitantes a apresentação dos seguintes documentos, dentre outros: • Certificado de Registro do Produto, emitido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) ou Certificado de Produto de Notificação Simplificada emitido pela ANVISA; • Cópia autenticada Autorização de Funcionamento da Empresa Licitante, expedida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA); • Cópia autenticada do Alvará ou Licença de Funcionamento da Empresa Licitante, emitida pela Vigilância Sanitária (VISA) Estadual ou Municipal; • Certificado de Boas Práticas de Fabricação e Controle por Linha de Produção/Produtos, emitido pela ANVISA; • Declaração de Responsabilidade Ambiental. Sistema de Registro de Preços A Sistemática de Registro de Preços foi inserida na Lei de Licitação (Artigo 15) para agilizar as contratações e ganhou destaque como sistema inovador para compras pela Administração Pública. Regulamentado pelo Decreto nº 7.892, de 23 de janeiro de 2013, o Sistema de Registro de Preços é operacionalizado através de um procedimento licitatório (Pregão ou Concorrência), em que a organização hospitalar firma com o LOGÍSTICA HOSPITALAR 112 licitante vencedor um valor unitário a ser pago por um quantitativo estimado de determinado item por um período de até um ano. As partes firmam uma Ata de Registro de Preços (ARP) em que se registram os preços, fornecedores, órgãos participantes e condições a serem praticadas, conforme as disposições contidas no instrumento convocatório e propostas apresentadas. Cabe destacar que a ARP é um documento vinculativo, obrigacional, com característica de compromisso para futura contratação. A partir daí, as solicitações são feitas ao fornecedor conforme a necessidade da OH. Hipóteses Conforme Decreto que o Regulamenta, o Sistema de Registro de Preços poderá ser adotado nas seguintes hipóteses: • Quando, pelas características do bem ou serviço, houver necessidade de contratações frequentes; • Quando for conveniente a aquisição de bens com previsão de entregas parceladas ou contratação de serviços remunerados por unidade de medida ou em regime de tarefa; • Quando for conveniente a aquisição de bens ou a contratação de serviços para atendimento a mais de um órgão ou entidade, ou a programas de governo; • Quando, pela natureza do objeto, não for possível definir previamente o quantitativo a ser demandado pela Administração. LOGÍSTICA HOSPITALAR 113 Atenção Portanto, este dispositivo é uma ferramenta bastante útil nas OH, principalmente para aquisições de medicamentos, uma vez que a natureza da atividade apresenta relevante imprevisibilidade no consumo, exigindo, em muitos casos, celeridade na realização da aquisição e que as compras desses itens são realizadas periodicamente,com alta frequência. A adoção dessa sistemática evita a repetição de procedimentos licitatórios com o custo que lhes é inerente, ou seja, supre a multiplicidade de licitações contínuas e seguidas obtendo‑se desta forma maior agilidade nos processos de aquisição. Do Procedimento e Julgamento das Licitações Conforme o Artigo 38 da lei de Licitações, o procedimento deve ser iniciado com a abertura de processo administrativo, devidamente autuado, protocolado e numerado, contendo a autorização respectiva, a indicação sucinta de seu objeto e do recurso próprio para a despesa, e ao qual serão juntados oportunamente: • Edital ou convite e respectivos anexos, quando for o caso; • Comprovante das publicações do edital resumido ou da entrega do convite; • Ato de designação da comissão de licitação, do leiloeiro administrativo ou oficial, ou do responsável pelo convite; • Original das propostas e dos documentos que as instruírem; • Atas, relatórios e deliberações da Comissão Julgadora; • Pareceres técnicos ou jurídicos emitidos sobre a licitação, dispensa ou inexigibilidade; • Atos de adjudicação do objeto da licitação e da sua homologação; • Recursos eventualmente apresentados pelo licitantes e respectivas manifestações e decisões; LOGÍSTICA HOSPITALAR 114 • Despacho de anulação ou de revogação da licitação, quando for o caso, fundamentado circunstanciadamente; • Dermo de contrato ou instrumento equivalente, conforme o caso; • Outros comprovantes de publicações; • Demais documentos relativos à licitação. O Portal de Compras do Governo Federal (Comprasnet) Gerenciado pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), o portal http://www.comprasgovernamentais.gov.br/ Comprasnet é disponibilizado para realização de procedimentos eletrônicos de aquisições e disponibilização de informações referentes às licitações e contratações promovidas pela Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional. Pelo sistema podem ser realizadas as licitações previstas na Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993 (convites, tomadas de preço e concorrência), os pregões e as cotações eletrônicas. O portal de compras do Governo Federal (Comprasnet) No site http://www.comprasnet.gov.br podem ser consultados os editais e acompanhadas as licitações pela sociedade. São também disponibilizadas publicações, legislação e informações sobre contratações realizadas e cadastro de fornecedores, dentre outras. No portal, os fornecedores podem ter acesso a diversos serviços, como o pedido de inscrição no Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores (SICAF), a obtenção de editais, a participação em processos eletrônicos de aquisição de bens e contratações de serviços, dentre outros. Na tela principal do Comprasnet é possível realizar o cadastro, obter login e senha para utilizar os serviços disponíveis aos fornecedores, dentre os quais receber avisos de licitações e de cotações por e-mail. LOGÍSTICA HOSPITALAR 115 Encerramento Concluindo, podemos perceber que o processo licitatório, por todas as características descritas, é moroso, o que muitas vezes dificulta à instituição realizar aquisições com a agilidade necessária. Atividade proposta Vamos ressaltar a importância de uma boa especificação do objeto a ser licitado? Imagine que desejemos adquirir 10.000 unidades de canetas azuis para as atividades administrativas do nosso hospital. Definido o quantitativo necessário, devemos especificar o nosso item. Faça isso e depois, numa primeira oportunidade, troque informações com seu professor e colegas de turma sobre o que definiram e sobre as possíveis consequências advindas de uma má especificação. Chave de resposta: Uma razoável especificação para o item pode ser: Caneta esferográfica azul, corpo sextavado em material transparente, com orifício para entrada de ar no corpo da caneta distante 6 cm da ponta superior e 8,3 cm da ponta inferior, ponta com biqueira plástica e esfera em tungstênio, com escrita em 0,8 mm, fixação da carga por pressão entre a biqueira e o tubo sextavada transparente, tubo de carga com no mínimo 11cm de altura e 1,25 cm de espessura e 10 cm de carga de tinta, tampa da biqueira e da parte superior fixado por pressão no corpo sextavado transparente, validade mínima de 3 anos. Se você descreveu algo semelhante, parabéns! Entretanto, caso tenha deixado de mencionar, por exemplo, o tamanho desejável da carga de tinta, veja o que poderia ocorrer: LOGÍSTICA HOSPITALAR 116 LICITANTE 1 LICITANTE 2 LICITANTE 3 Carga de Tinta – 10 cm Carga de Tinta – 10 cm Carga de Tinta – 5 cm R$ 1,00/UN R$ 1,20/UN R$ 0,80/UN Adotando-se como critério o menor preço, o Licitante 3 venceria, uma vez que cotou bem abaixo dos demais, não é mesmo? Mas veja o tamanho da caneta que ele ofertou! Se isso aconteceu com uma caneta, poderia ocorrer também com um item específico de saúde, não é mesmo? Portanto, CUIDADO com a especificação! Material complementar Para saber mais sobre a Lei nº 8.666/1993 e o Decreto nº 7.892, leia os textos disponíveis em nossa biblioteca virtual. Referências BALLOU, R.H. Logística Empresarial: transporte, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 2011. BOWERSOX, D.; CLOSS, D. Logística empresarial. São Paulo: Atlas, 2004. BRASIL. Lei Federal nº 8.666, de 21 de junho de 1993. MACHLINI, C.; BARBIERI, J. Logística hospitalar. São Paulo: Saraiva, 2009. LOGÍSTICA HOSPITALAR 117 Exercícios de fixação Questão 1 Sobre a Lei nº 8.666/1993, que institui normas para licitações e contratos da Administração Pública, é correto afirmar, EXCETO: I. A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, impessoalidade, moralidade, igualdade e publicidade, dentre outros. II. A licitação não será sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao público os atos de seu procedimento, salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva abertura. III. Em igualdade de condições, como critério de desempate, será assegurada preferência, inicialmente, aos bens e serviços produzidos ou prestados por empresas brasileiras de capital nacional. IV. É vedado aos agentes públicos admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo e estabeleçam preferências ou distinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto do contrato. V. O procedimento licitatório caracteriza ato administrativo formal, dependendo, contudo, da esfera da Administração Pública. a) I b) II c) III d) IV e) V Questão 2 Findo o procedimento licitatório, a organização hospitalar pública não pode atribuir o objeto da licitação a outrem que não o vencedor e, além disso, o julgamento das propostas há de ser feito de acordo com os critérios fixados no LOGÍSTICA HOSPITALAR 118 edital. As afirmações citadas correspondem, respectivamente, aos princípios licitatórios da: a) Isonomia e julgamento objetivo b) Impessoalidade e vinculação ao instrumento convocatório c) Moralidade e legalidade d) Adjudicação compulsória e publicidade. e) Adjudicação compulsória e julgamento objetivo.Questão 3 Quanto às modalidades, limites e dispensa de Licitação, analise as afirmações a seguir. I - Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número máximo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas. II - Os avisos contendo os resumos dos editais das concorrências, das tomadas de preços, dos concursos e dos leilões, embora realizados no local da repartição interessada, deverão ser publicados com antecedência, no mínimo, por uma vez no Diário Oficial do Estado ou do Distrito Federal quando se tratar, respectivamente, de licitação feita por órgão ou entidade da Administração Pública Estadual ou Municipal, ou do Distrito Federal. III - Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto. IV - As licitações serão efetuadas no local onde se situar a repartição interessada, salvo por motivo de interesse público, devidamente justificado, sendo que isso não impedirá a habilitação de interessados residentes ou sediados em outros locais. LOGÍSTICA HOSPITALAR 119 V - Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o décimo dia anterior à data do recebimento das propostas. a) I - II - III b) I - III - IV c) II - III - IV d) III - IV - V e) IV - V Questão 4 As aquisições e contratações nas organizações hospitalares do serviço público dependem de prévia licitação, EXCETO no caso de: a) Publicidade b) Inexigibilidade c) Informática d) Alimentos e) Importações Questão 5 Considerado o regime da Lei nº 8.666/1993, NÃO está configurada hipótese de dispensa de licitação em: a) Havendo necessidade de a União intervir no domínio econômico para regular preços ou normalizar o abastecimento. b) Um caso de compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros perecíveis, no tempo necessário para a realização dos processos licitatórios correspondentes, realizadas diretamente com base no preço do dia. c) Um caso havido durante guerra ou grave perturbação da ordem. d) Uma situação em que não acudiram interessados à licitação anterior e esta, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a Administração. e) Uma situação em que houver inviabilidade de competição. LOGÍSTICA HOSPITALAR 120 Questão 6 O Edital é o instrumento que estabelece todas as condições para a realização da licitação. Constituem anexos do edital, nele integrando, EXCETO: a) Projeto Básico ou Termo de Referência. b) Orçamento estimado em planilhas de quantitativos e preços unitários. c) Especificações complementares e as normas de execução pertinentes à licitação. d) Extrato da publicação no Diário Oficial da União (DOU). e) Minuta do contrato a ser firmado. Questão 7 O prazo mínimo até o recebimento das propostas ou da realização do evento será de 5 dias úteis para: a) Concorrência b) Convite c) Concurso d) Tomada de preços e) Leilão Questão 8 Sobre os procedimentos licitatórios destinados à aquisição e contratação de bens e serviços por uma organização hospitalar pública foram feitas as seguintes afirmações: I - Seria ilícita a realização pela organização de pregão para a contratação de empresa especializada na prestação de serviços de limpeza e conservação, porque essa modalidade licitatória é incompatível com a seleção de empresas especializadas. II - As modalidades de licitação e os casos de seu afastamento irão se diferenciar tanto nos valores para as quais podem ser utilizadas, quanto à necessidade de documentos, complexidade e fluxo do processo e prazos. III - A Ata de Registro de Preços (ARP) é um documento vinculativo, obrigacional, com característica de compromisso para futura contratação. LOGÍSTICA HOSPITALAR 121 Está(ão) correta(as): a) Somente I b) Somente I e II c) Somente III d) Somente II e III e) I, II e III Questão 9 São modalidades de licitação, previstas na Lei nº 8.666/1993: a) Concurso, Tomada de Preços, Registro de Preços e Leilão b) Concurso, Tomada de Preços, Pregão e Leilão c) Concorrência, Tomada de Preços, Concurso, Disputa e Leilão d) Concorrência, Tomada de Preços e Pregão e) Pregão e Sistema de Registro de Preços Questão 10 Sobre a Sistemática de Registro de Preços foram feitas as seguintes afirmações: I - O sistema de registro de preços não obriga a Administração Pública a firmar contrato com o particular beneficiário do registro, mas lhe assegura o direito de preferência, durante seu prazo de vigência. II - A licitação para registro de preços somente pode ser realizada na modalidade de concorrência, do tipo menor preço, precedida de ampla pesquisa de mercado. III - O SRP é uma opção economicamente viável à Administração, portanto, preferencial em relação às demais. Está(ão) correta(as): a) Somente I b) Somente I e II c) Somente III d) Somente I e III e) I, II e III LOGÍSTICA HOSPITALAR 122 Cotação eletrônica: É um aplicativo disponibilizado no Portal de Compras do Governo Federal (Comprasnet) que permite a aquisição de bens de pequeno (hipótese de dispensa de licitação prevista no inciso II do Artigo 24 da Lei nº 8.666/1993) valor por intermédio de processo eletrônico na Internet. Inadimplemento: Refere-se à falta de cumprimento de um contrato ou de qualquer de suas condições. Projeto básico: É o documento, anexo ao Edital, que contempla o conjunto de elementos necessários e suficientes, para caracterizar o objeto da licitação (obras e serviços), elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução (Lei de Licitações). Aula 5 Exercícios de fixação Questão 1 - E Justificativa: A opção “V” está incorreta, pois todos os órgãos da Administração Pública direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios estão obrigados à licitação. Questão 2 - E Justificativa: O princípio da adjudicação compulsória previne que o objeto licitado seja atribuído a outro que não o seu legítimo vencedor, encerrando o LOGÍSTICA HOSPITALAR 123 procedimento licitatório, que passa então à fase de contratação. O julgamento (Objetivo) deve ser pautado nos critérios predefinidos no Edital. Questão 3 - C Justificativa: A opção “I” está incorreta porque para a realização do convite devem ser escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa. A opção V está incorreta, pois o cadastramento na Tomada de Preços deve ser realizado até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação. Questão 4 - B Justificativa: A licitação será inexigível quando houver inviabilidade de competição, em que aexclusividade deverá ser comprovada através de atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes. Demais alternativas contemplam objetos perfeitamente licitáveis. Questão 5 - E Justificativa: A inviabilidade de competição é fator determinante para a caracterização de licitação inexigível (Artigo 25 da Lei nº 8.666/1993). Demais alternativas contemplam hipóteses de dispensa de licitação, conforme preconiza o Artigo 24 da Lei nº 8.666/1993. Questão 6 - D Justificativa: O comprovante da publicação no Diário Oficial da União (DOU) deve ser autuado ao processo, não se constituindo anexo ao Edital. Demais alternativas contemplam documentos que integram o edital, a ele vinculando- se. LOGÍSTICA HOSPITALAR 124 Questão 7 - B Justificativa: O Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, devendo ser considerados o prazo mínimo de 05 (cinco) dias úteis para realização do evento. Questão 8 - D Justificativa: A afirmação I está incorreta porque seria perfeitamente lícita a adoção do pregão para o objeto pretendido por se tratar de serviço comum, cujo padrão de desempenho e qualidade podem ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado. Questão 9 - A Justificativa: A Lei nº 8.666/1993 (Lei de Licitações) define as seguintes modalidades: concorrência, tomada de preços, convite, concurso e leilão. Pregão e a Sistemática de Registro de Preços foram instituídos por dispositivos específicos e “Disputa” não se configura uma modalidade. Questão 10 - D Justificativa: A Sistemática de Registro de Preços foi inserida na Lei de Licitação (Artigo 15) cuja redação faz menção a sua adoção prioritária em relação às demais (As compras, sempre que possível, deverão ... ser processadas através de sistema de registro de preços). Além disso, regulamentada pelo Decreto nº 7.892, de 23 de janeiro de 2013, deve ser operacionalizada através de um procedimento licitatório sob a forma de Pregão ou Concorrência, em que as partes firmam uma Ata de Registro de Preços (ARP), documento vinculativo, obrigacional, com característica de compromisso para futura contratação. LOGÍSTICA HOSPITALAR 125 Introdução Como sabemos, o dilema entre terceirizar ou utilizar recursos próprios atormenta a mente dos dirigentes hospitalares. Constantemente nos deparamos com tomadas de decisão sistematicamente errôneas e tendenciosas, nocivas à gestão hospitalar. Como a terceirização é mais do que uma análise pura e simples de números e a qualidade dos serviços, os aspectos humanitários e o bem-estar dos pacientes devem ser considerados e avaliados criteriosamente, abordaremos nesta aula alguns conceitos e elementos básicos da terceirização (Fundamentos e Razões), evidenciando as vantagens e desvantagens de sua operacionalização. Por fim, abordaremos aspectos relacionados à fiscalização de contratos, com foco no acompanhamento e controle de custos de obras e reformas hospitalares. Objetivo: 1. Conhecer os fundamentos teóricos e os aspectos legais da terceirização em saúde; 2. Compreender a importância e os benefícios trazidos pela boa gestão de contratos. LOGÍSTICA HOSPITALAR 126 Conteúdo Custos operacionais (eficiência) e eficácia (competitividade) Uma das consequências da crescente utilização de conceitos relacionados à gestão da cadeia de suprimentos é a busca permanente de menores custos operacionais (eficiência) e eficácia (competitividade) nos serviços prestados. Com isso, as organizações tendem a transferir para terceiros atividades que não fazem parte de seu core business. Nesse cenário, marcado pela competição, a terceirização se apresenta como uma ferramenta adequada, pois visa repassar a terceiros, considerados especialistas em determinadas atividades, parte de suas tarefas, reduzindo com isso os custos (aumentando a eficiência) e ampliando a competitividade (eficácia). A Terceirização Terceirização é uma técnica administrativa pela qual se repassam algumas atividades (atividades-meio) para terceiros, com os quais se estabelece uma relação de parceria. Na terceirização a empresa contratante visa alcançar maior qualidade, produtividade e redução de custos, possibilitando maior ênfase na sua atividade principal, buscando a qualidade e fazendo cumprir os princípios estabelecidos e contratados. Curiosidade: Na saúde, a terceirização mais comum é a de cooperativas médicas para tratamento de pacientes em domicílio, o home care. A Terceirização sob o Enfoque das Empresas Modernas A terceirização continua sendo um dos temas mais discutidos no âmbito das organizações, independentemente do seu ramo de atividade, tamanho, origem ou localização. LOGÍSTICA HOSPITALAR 127 Muitos gestores estudam a fundo o funcionamento desse processo para poderem decidir sobre a viabilidade ou não de sua introdução em cada cenário organizacional. O termo terceirização é amplamente utilizado no ambiente organizacional para referir-se ao processo evidenciado pela “tendência moderna” que consiste na concentração de esforços nas atividades essenciais, delegando a terceiros as ditas atividades complementares. Atividades mais indicadas para a terceirização Limpeza Portaria Logistica Jardinagem Recepção Envase e Empacotamento Dentre as atividades mais indicadas para a terceirização podemos citar: • Trabalho temporário; • Atividades de vigilância; • Atividades de conservação e limpeza; • Serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador. Nas organizações hospitalares, as atividades-fim são aquelas diretamente relacionadas a diagnóstico, terapêuticas e recuperação de pacientes, ao passo LOGÍSTICA HOSPITALAR 128 que as atividades-meio visam apoiar com eficiência e eficácia as tarefas finalísticas. Fundamento teóricos Ao optar pela terceirização, a organização deixa um campo conhecido e inicia relações pautadas em algum contrato específico, cujas características são diferentes do contrato de emprego. O contrato de terceirização sempre envolverá pessoas jurídicas, tendo, de um lado, a tomadora ou contratante, e, do outro, a executora das atividades ou contratada, que pode ser uma empresa mercantil ou uma cooperativa de trabalho. Tomadora ou contratante X executora das atividades ou contratada Fundamentos teóricos Um ponto importante a ser destacado quando tratamos de terceirização é o seu caráter não subordinativo, uma vez que a contratante não pode ter qualquer tipo de ingerência em relação aos recursos humanos da contratada, pois os trabalhadores envolvidos na atividade são diretamente subordinados à empresa contratada, que é a legítima empregadora. Início da terceirização no Brasil No Brasil, o processo de terceirização teve início por meio das técnicas de gestão trazidas por multinacionais, principalmente pelas montadoras de veículos que, apesar de instaladas no Brasil há cerca de 50 anos, intensificaram o processo de terceirização a partir de meados da década de 1990, com o aparecimento e o desenvolvimento de fornecedores a partir da demanda das montadoras.LOGÍSTICA HOSPITALAR 129 Posteriormente, devido ao acirrado ambiente competitivo, em que se exigia o aprimoramento da qualidade dos produtos e da eficiência nos serviços de baixo custo, a racionalização econômica passou a ser a prioridade, visando a uma maior competitividade. Dessa maneira, a terceirização começou a ser implementada em atividades consideradas periféricas na produção, como a limpeza e a conservação e segurança patrimonial. Mais tarde, passou a permear as atividades-meio, tais como vigilância, transportes, informática, reprografia, telecomunicações, manutenção de prédios e equipamentos, dentre outras. Empresas brasileiras e a terceirização Os desdobramentos mais recentes da terceirização permitem compreendê-la como uma ferramenta adotada pelas organizações brasileiras, com delegação de grande parte das atividades de apoio e, diferentemente da sua concepção original, até mesmo de importantes etapas do processo produtivo. Um número significativo de empresas brasileiras adota a terceirização de maneira ampla e intensa, chegando a terceirizar até 100% do seu processo produtivo. Porque Terceirizar? Focar as questões do negócio 36% Suprir aumento da demanda 11% Aumentar a qualidade dos serviços 13% Trazer inovações para o negócio 4% Reduzir custos 36% Segundo experiências bem-sucedidas, a terceirização tem sido fundamental para garantir bons níveis de produtividade e lucratividade, pois: LOGÍSTICA HOSPITALAR 130 • Otimiza as escalas produtivas; • Reduz custos administrativos e custos com a força de trabalho; • Reduz número de processos e atividades; • Permite a concentração em atividades consideradas como estratégicas; e. • permite uma melhor gestão da força de trabalho, em razão da menor concentração de trabalhadores. Flexibilidade gerencial Com trabalhadores terceirizados, as organizações ganham maior flexibilidade gerencial. Os gestores podem examinar o desempenho dos terceirizados visando identificar aqueles que se sobressaem nas suas atividades para contratá-los diretamente no futuro. Como a demissão de trabalhadores é um ato custoso, ao invés de ter que demitir funcionários próprios, monitorar o desempenho dos terceirizados e contratar os que possuem alta performance é uma boa opção que as empresas têm para reduzir a necessidade de demitir funcionários no futuro. Problemas frequentes São várias as forças que impulsionam o crescimento da terceirização. Uma delas é a maior ou menor regulação das relações de trabalho, expressa em legislações mais ou menos restritivas. Ao optar pela terceirização as empresas também se deparam com problemas. Dentre eles destacam-se: A dificuldade de encontrar no mercado empresas qualificadas o suficiente para assumirem as atividades terceirizadas; LOGÍSTICA HOSPITALAR 131 Os erros de interpretação das encomendas por parte das terceiras, produtos/serviços que não atendem às especificações; Desrespeito aos prazos e dificuldade em definir o grau de apoio a ser dispensado às contratadas. Qualidade, preço, prazo, e inovação Daí, a importância de uma boa gestão dos fornecedores e do estreitamento da relação com esses. Para a escolha dos fornecedores existentes é essencial uma análise detalhada dos fatores que a organização julga importantes e que normalmente são baseados em critérios como qualidade, preço, prazo, e inovação. Qualidade: melhores padrões advindos de especialização; Preço: resultado da especialização, da competitividade e da busca de produtividade; Prazo: aliados precisam cumprir prazos para não comprometer o negócio; Inovações: decorrentes de foco mais específico e da especialização esperada do terceiro. Concentração de Fornecedores x Relacionamento A figura a seguir evidencia o tipo de relacionamento que geralmente as organizações mantém, evitando a troca frequente de fornecedores. LOGÍSTICA HOSPITALAR 132 Consenso na literatura Do ponto de vista do empregado, há certo consenso na literatura de que a terceirização tende a levar: • A uma precarização nas relações de trabalho; • A condições de empregos múltiplos e, via de regra, adversas; • Ao recebimento de salários inferiores e abaixo do mercado; • A trabalhos sem formalização contratual e sem benefícios; • À atuação em condições de pressão acima da média; • Ao aumento da produtividade etc. Alguns problemas enfrentados Outro problema que diz respeito aos trabalhadores terceirizados, é que eles tendem a ser alvos de tratamento preconceituoso, na medida em que se forma uma concepção estereotipada deles, baseado em um pressuposto de que: • Possuem baixo conhecimento; • Possuem pouca qualificação; • Possuem pouca ética no trabalho; • São inferiores em relação aos trabalhadores das contratantes. LOGÍSTICA HOSPITALAR 133 Esse estigma geralmente traz consequências negativas, uma vez que pode comprometer a autoestima, o bem-estar, a satisfação no trabalho, a performance e o comprometimento. Atenção Portanto, devem as organizações estar sempre atentas para os fatores organizacionais e estruturais que levam à estigmatização dos trabalhadores terceirizados que pode ser um contrapeso aos benefícios que aspiram a atingir com a terceirização. Como a terceirização vem sendo amplamente utilizada no Brasil, os gestores vêm deparando-se com enormes desafios para lidar com tantos vínculos contratuais diferentes. Novas formas de relações de trabalho, como as oriundas da terceirização, implicam diferentes processos de gestão de pessoas, apontando novos desafios para os gestores. Profissionais com o perfil exigido Nesse contexto, a gestão de contratos tem sido a principal forma de garantir a qualificação. À gestão cabe verificar se as especificações acerca da qualificação dos terceirizados que são estabelecidas nos contratos são atendidas pelas contratadas. Normalmente, a área requisitante da organização aponta um perfil da qualificação desejada dos terceirizados e específica apenas o perfil dos ocupantes de alguns cargos considerados mais estratégicos para a prestação daquele tipo de serviço. Cabe às empresas terceiras participantes comprovar que têm profissionais com o perfil exigido. LOGÍSTICA HOSPITALAR 134 Os contratos e sua gestão Segundo a Organização Mundial de Saúde, um sistema de saúde é composto de organizações, instituições, recursos e pessoas que têm por objetivo melhorar a saúde, sendo condição necessária para a eficiência desse sistema a integração dos setores relacionados a: Gestão de pessoas Infraestrutura Logística Recursos financeiros Entre outros. Nesse contexto, as Organizações Hospitalares (OH) têm como principal objetivo prover o bem-estar e a recuperação da saúde de seus pacientes. Para tanto, porém, as OH dependem de um número considerável de empresas que as proveem de equipamentos, materiais de consumo, serviços diversos e outros insumos essenciais ao exercício de suas atividades. Por sua vez, essas empresas satélites também são interligadas a outras instituições que as suprem materialmente, e assim sucessivamente, num processo complexo de relação cliente/provedor. O Contrato, e a sua importância Diante desse cenário, com o objetivo precípuo de garantir os interesses das partes envolvidas, surge um importante instrumento: o contrato, a mais comum e a mais importante fonte de obrigações devido às suas múltiplasformas e repercussões no mundo jurídico. Geralmente, quando determinado negócio resultar de um mútuo consenso, de um encontro de vontades, estaremos diante de um contrato. LOGÍSTICA HOSPITALAR 135 Entretanto, muitos entendem que, quando um contrato é assinado, “a tarefa está concluída”. Esta não é e nem deve ser a nossa visão. A partir da assinatura de um contrato, entende-se que toda a atenção passa a ser necessária. Questionamentos como “Será que o fornecimento está sendo cumprido à risca?” ou “Será que a contratada cumprirá o prazo” passam a ser objeto de grande preocupação. Daí, a importância da Gestão e Fiscalização dos contratos. O Contrato A terminologia contrato vem do latim contractu, que significa “trato com”. Daí, contrato significar acordo entre vontades, trato, podendo emanar de duas ou mais vontades. Contrato é o acordo de duas ou mais vontades, na conformidade da ordem jurídica, destinado a estabelecer uma regulamentação de interesses entre as partes, com a finalidade de adquirir, resguardar, modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial. O termo “contrato” pode ser usado para designar tanto negócio jurídico bilateral como o próprio instrumento, seja por escritura pública ou particular. Elementos Essenciais do Contrato São os itens que devem constar de todos os contratos, sob pena de nulidade. Além dos elementos essenciais gerais, isto é, comuns a todos os atos jurídicos, existem os elementos essenciais especiais, que devem existir somente em alguns contratos. Elemento I – Capacidade Plena das Partes LOGÍSTICA HOSPITALAR 136 Pressupõe a existência de duas ou mais pessoas (físicas e/ou jurídicas) capazes e aptas para contratar. Se as partes não forem capazes, o contrato pode ser nulo ou anulável. Exemplos: Contrato Nulo – absolutamente incapaz, não representado Contrato Anulável – relativamente incapaz, não assistido Elemento II – Consentimento Válido Pressupõe vontades livres e isentas de vício. As vontades correspondem a interesses contrapostos (ex.: na compra e venda, uma parte quer comprar e outra quer vender). Defeitos: erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão, fraude contra credores e simulação. Elemento III – Objeto do Contrato Não devemos confundir objeto (atuação das partes no contrato) com a coisa sobre a qual incide a obrigação. No contrato de compra e venda de um equipamento de Raio-X, o objeto não é o equipamento. Este é o bem em que a prestação se especializa. O objeto de quem compra é pagar o preço e de quem vende é entregar a coisa, no caso, o equipamento. Elemento IV – Forma Prescrita ou não defesa em Lei Em nosso Direito, a regra é que a forma é livre. Pode ser verbal ou por meio de um simples gesto. Em algumas circunstâncias exige-se maior formalidade e solenidade. LOGÍSTICA HOSPITALAR 137 Quando a Lei exigir que um contrato tenha determinada forma especial, é dessa forma que deverá ser feito. Qualquer vício referente à forma torna o contrato nulo. A Importância da Gestão de Contratos Sabemos que os contratos celebrados regem as principais relações entre uma organização e seus clientes, fornecedores e colaboradores. Daí a importância de uma administração efetiva e ágil, uma vez que esta privará ou, pelo menos, minimizará os riscos e contribuirá para o incremento de benefício de tudo que foi contratado. Critérios de contratação bem elaborados e prazos precisos trazem vantagens significativas na hora de renegociar. O monitoramento das atividades relacionadas aos contratos, bem como o acompanhamento dos prazos, são fatores fundamentais que levam a organização a obter melhores vantagens no momento da renegociação contratual. Devido à falta de controle centralizado dos contratos, as organizações acabam mantendo contratos ativos de serviços que não são mais úteis. Tipos de contratos Veja os tipos de contratos mais utilizados: Contratos de Fornecimento: denominação dada com enfoque da contratação e gestão por parte da contratada, locatária ou outros da espécie que corresponde à parte que está fornecendo (entregando) o objeto à outra parte do contrato. LOGÍSTICA HOSPITALAR 138 Contratos de Aquisição: denominação dada com enfoque da contratação e gestão por parte do Contratante, Locador ou outros da espécie que corresponde ao adquirente (tomador) do objeto da outra parte do contrato. Contratos de Parceria: denominação percebida por ambas as partes do contrato (Consórcios, Cooperados e outros), uma vez estabelecidas obrigações conjuntas para fornecer ou adquirir um objeto de terceiros. Na área de saúde podemos listar alguns dos principais tipos de contratos com que os profissionais se deparam e que podem (e devem) gerenciar e fiscalizar: • Aquisição de Equipamentos ou Suprimentos; • Contratação de Prestadores de Serviços de Recolhimento de Lixo Hospitalar; • Contratação de Planos de Saúde; • Contratos de Manutenção de Equipamentos; • Contratos de Locação de Equipamentos; • Credenciamento de Clínicas e Laboratórios; • Contratos de Prestação de Exames Laboratoriais; • Contratação de Empresas de Atendimento e Teleatendimento etc. Integração entre Gestão e Fiscalização de Contratos Gestão Foco na relação Contratual Fiscalização Foco na execução Contratual Execução Gestor/Gestão de Contratos LOGÍSTICA HOSPITALAR 139 Responsável pela condução plena do processo de contratação desde o levantamento da necessidade até a execução e encerramento do contrato (inclui o processo de seleção, contratação e acompanhamento). Fiscal/Fiscalização de Contratos Responsável por parte da atividade de gestão de contratos, mas que se concentra especificamente na cobrança do cumprimento do acordado pelas contratadas. Representante/Preposto da Contratada Geralmente uma pessoa física da Contratada, com plenos poderes de representação, e responsável pelo bom andamento do contrato, bem como pela condução e orientação dos colaboradores utilizados no processo. A execução dos serviços ou fornecimento de bens caberá a funcionário da contratada ou subcontratada desta, quando previsto no instrumento contratual. Quem Cala Consente? O silêncio de umas das partes não é percebido como um consentimento pelos doutrinadores. Existe certa convergência para o princípio: “qui tacet si liqui debuisset ac potuisset consentire videtur” (quem cala quando deveria e poderia falar, parece consentir), diferentemente do “qui tacent clamant” (quem cala consente). Em alguns casos, a imposição da reação ao consentimento silencia uma coação! Caso Real: Uma pessoa recebe um cartão de crédito com ordem para devolvê- lo em caso de recusa. Se assim não o fizer considerar-se-á aceito o contrato de adesão e aos seus respectivos termos, inclusive com cobrança de anuidade? Isso parece mais uma coação! href="docs/a06_t24.pdf" Clique aqui e veja os principais benefícios da gestão de contratos. LOGÍSTICA HOSPITALAR 140 Integração entre Gestão e Fiscalização de Contratos Veja quais são os pontos fundamentais na gestão de contratos: Equilíbrio Econômico-Financeiro do Contrato Há que se preservar o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos, entendido como a relação entre a remuneração pactuada (preço) e os encargos (custo). Definição Imprecisa do Produto Outro ponto importante reside na definição dos objetivos e dos serviços que serão prestados que deveser feita da forma mais precisa possível, mensurada e qualificada por meio de indicadores quantitativos e qualitativos. Os indicadores podem ser de produção, produtividade, de qualidade e de satisfação dos usuários. A Escolha e a Organização dos Recursos O contrato deve especificar claramente os recursos que serão empregados para a consecução dos objetivos traçados. Logo, torna-se importante a definição de como esses recursos serão gerenciados. A Coordenação no Tempo e no Espaço O contrato deve definir quando e onde os serviços serão disponibilizados. Além disso, uma vez definido o prazo de vigência do contrato, o Gestor deve atentar para o seu cumprimento. O Sistema de Garantias O contrato deve prever um sistema de garantia que vise ao estabelecimento da responsabilidade das partes envolvidas, de modo a proteger cada parte contra o comportamento oportunístico da outra, definindo a penalização em caso de não cumprimento das responsabilidades assumidas. Além disso, é imperioso o estabelecimento do foro de discussão, em caso de litígio. LOGÍSTICA HOSPITALAR 141 Sistema de Monitoramento e Avaliação O contrato deve prever um sistema de monitoramento e avaliação, que deve ser composto por indicadores quantitativos e qualitativos, com parâmetros, periodicidades e fontes de verificação preestabelecidos. Portanto, é importante e útil o desenvolvimento de um sistema de informação gerencial (não necessariamente informatizado) para utilização pelos profissionais e gerentes, além da designação de responsáveis pelo monitoramento. A Fiscalização de Contratos na Lei nº 8.666/1993 (Administração Pública) Segundo o Artigo 67 da Lei nº 8.666/1993, a execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por um representante da Administração especialmente designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição. O representante da Administração deve anotar, em registro próprio, todas as ocorrências relacionadas com a execução do contrato, determinando o que for necessário à regularização das faltas ou defeitos observados. As decisões e providências que ultrapassarem a competência do representante deverão ser solicitadas a seus superiores em tempo hábil para a adoção das medidas convenientes. A contratada deve sempre manter preposto, aceito pela Administração, no local do serviço, para representá-la na execução do contrato. Na Administração Pública, Fiscalizar é um dever, não é atividade discricionária! A experiência aponta que os contratos não são devidamente fiscalizados. LOGÍSTICA HOSPITALAR 142 Atividade proposta Reflita: Voltando ao nosso exemplo das aulas iniciais referente à logística dos transplantes de órgãos, qual o real papel do transporte nesse processo: seria uma atividade-meio, de simples apoio? Ou uma atividade-fim, crítica, da qual depende diretamente o sucesso do empreendimento? Chave de resposta: A atividade de transporte, a exceção das empresas que atuam nesse ramo, costumeiramente é percebida como atividade-meio, de suporte. Entretanto, no caso em tela, reveste-se de suma importância, dada as peculiaridades do item a ser transportado e do próprio transporte em si, sendo considerada uma atividade-fim para as organizações hospitalares que atuam nesse segmento, não terceirizada e desempenhada por corpo técnico especializado da OH. Atividade proposta Reflita: Diante do atual cenário dos serviços de saúde no Brasil, a terceirização é uma tendência? Chave de resposta: O aumento crescente da competitividade no setor experimentado na última década induziu a necessidade de mudanças nas estruturas organizacionais, buscando agilidade e flexibilidade, para estarem bem posicionadas em seu ambiente. Esse cenário obriga as empresas a buscarem a flexibilização da produção e do trabalho, levando a tendência de descentralização, e foco na atividade-fim (core business), portanto a terceirização é uma realidade no atual cenário de saúde do Brasil. Atividade proposta Reflita: Quais as condições gerais para que a terceirização no mercado de medicina diagnóstica seja uma estratégia economicamente viável? Chave de resposta: Para objetivar os resultados esperados pela terceirização, o parceiro corporativo deve dar o suporte ideal às atividades a ele confiadas. LOGÍSTICA HOSPITALAR 143 Para tanto, se faz necessário meios de avaliar a capacidade que este parceiro tem de oferecer os serviços com a qualidade desejada, bem como criar alianças fortes e duradouras, além da capacidade de geração de melhoria de desempenho no serviço proposto nos âmbitos assistencial e financeiro, assim como agregação de valor através das sinergias das marcas, gerado pelo contrato de terceirização. Referências BRASIL. Lei Federal nº 8.666, de 21 de junho de 1993. MARIA MALIK, Ana; Vecina Neto, Gonzalo. Gestão em Saúde. 1. ed. Guanabara Koogan, 2011. VIANA, Marco Aurélio S. Curso de direito civil: contratos. 1. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008. Exercícios de fixação Questão 1 A terceirização é uma tecnologia que pode ser tipificada consoante dois critérios distintos: a natureza do trabalho ou atividade que é terceirizada e: a) A relação com os clientes internos. b) O modo pelo qual a terceirização se opera. c) Ao ganho de competitividade. d) Ao ganho de satisfação dos clientes. e) Ao aumento da qualidade dos serviços a serem oferecidos aos clientes. Questão 2 Analise as proposições a seguir sobre a terceirização: I - Terceirização é contratação de serviços especializados realizados autonomamente por empresa terceirizada, não se tratando intermediação de mão de obra. II - É a empresa prestadora de serviços (terceirizada) que contrata, remunera e dirige o trabalho realizado por seus empregados, ainda que nas instalações físicas de empresa contratante. LOGÍSTICA HOSPITALAR 144 III - A duração do contrato de prestação de serviços terceirizados celebrado entre as empresas não pode ser superior a três anos. IV - A empresa contratada deve prestar serviços especializados (know-how, conhecimento técnico específico) em relação ao objeto do contrato para caracterização da terceirização legítima. Assinale a alternativa correta: a) Apenas a proposição II é incorreta. b) Apenas a proposição III é incorreta. c) Apenas as proposições III e IV são corretas. d) Apenas as proposições II e IV são corretas. e) Todas as proposições são corretas. Questão 3 Sobre a Terceirização foram feitas as seguintes afirmações: I - Atividade-meio é aquela que se presta a dar condições para que uma entidade pública ou privada atinja seus objetivos sociais. II - As atividades mais indicadas para a terceirização são aquelas que não fazem parte do chamado core business da organização. III - A gestão de contrato tem sido a principal forma de garantir a qualificação dos terceirizados. Está (ão) correta (s): a) Somente I b) Somente II c) Somente III d) Somente I e II e) I, II e III Questão 4 As atividades mais indicadas para a terceirização em um ambiente hospitalar são aquelas que não fazem parte do chamado core business da organização, dentre as quais NÃO se enquadra: a) As atividades diretamente relacionadas à recuperação de pacientes. LOGÍSTICA HOSPITALAR 145 b) A atividade de vigilância. c) As atividades de conservação e limpeza. d) Os serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador. e) O trabalho temporário.Questão 5 No contrato administrativo, o equilíbrio econômico financeiro, também denominado equação econômica financeira significa: a) A relação que as partes estabelecem, inicialmente, no contrato, entre os encargos do contratante e a retribuição da Administração, para a justa remuneração do seu objetivo. b) A inalterabilidade das condições, vantagens e ônus recíprocos, nos contratos referentes a empréstimos externos para a realização de obras públicas. c) A observância das regras estabelecidas pela Organização Mundial do Comércio (OMC) para os contratos de financiamento firmados em moeda estrangeira. d) A legislação estabelecida pela União e executada pelo Banco Central, para ressarcir os prejuízos das pessoas físicas nos contratos de depósito, em caso de quebra de Bancos e outras instituições financeiras. e) Nenhuma das alternativas anteriores. Questão 6 Assinale a opção que NÃO condiz com a importância de uma Gestão de Contratos: a) Critérios de contratação bem elaborados e prazos precisos trazem vantagens significativas na hora de renegociar. b) Devido à falta de controle centralizado dos contratos, as organizações acabam mantendo contratos ativos de serviços que não são mais úteis. c) A Gestão de Contratos se responsabiliza pela condução plena do processo de contratação desde o levantamento da necessidade até a execução e encerramento do contrato. LOGÍSTICA HOSPITALAR 146 d) O Gestor do Contrato é o responsável pela cobrança do cumprimento do acordado com as contratadas. e) O Preposto é uma pessoa física da Contratada, com plenos poderes de representação, e responsável pelo bom andamento do contrato, bem como pela condução e orientação dos colaboradores utilizados no processo. Questão 7 Dentre os principais benefícios da Gestão de Contratos destaca-se, EXCETO: a) Garantia da contratada perceber o pagamento antes mesmo de ter concluído a respectiva obrigação. b) Padronização do processo de contratação que evita que etapas sejam negligenciadas; c) O acompanhamento da tramitação do contrato em suas diversas fases reduzindo o ciclo de contratação. d) A redução de desperdícios pela possibilidade de descobrir contratos ativos de serviços que não são mais necessários ou foram contratados em duplicidade. e) Redução de riscos de perda de prazos. Questão 8 Dentre as afirmativas abaixo, assinale a que não condiz com a realidade e legalidade da gestão e fiscalização de contratos. a) A gestão é a função de gerenciamento de todos os contratos; a fiscalização é pontual. b) A fiscalização do contrato consiste no acompanhamento e verificação do fiel cumprimento das condições contratuais estabelecidas e aceitas pelo contratado. c) O gerenciamento em sua amplitude exige a prática de atos voltados à negociação constante e adoção de estratégia e ações que garantam a execução do contrato até a executiva entrega do seu objeto. LOGÍSTICA HOSPITALAR 147 d) Nos contratos administrativos, o contratado deverá manter preposto, aceito pela Administração, no local da obra ou serviço, para representá- lo na execução do mesmo. e) Na Administração Pública, a fiscalização de contratos é uma atividade discricionária do gestor. Atividade-meio: É aquela que se presta a dar condições para que uma entidade pública ou privada atinja seus objetivos sociais. Core business: É uma expressão que significa "a parte central de um negócio ou de uma unidade de negócios". Aula 6 Exercícios de fixação Questão 1 - B Justificativa: A terceirização pode ser classificada conforme dois critérios: a natureza do trabalho ou atividade que é realizada e o modo pelo qual se opera a terceirização. Segundo a natureza do trabalho que é terceirizado, têm-se funções da área tecnológica e da área administrativa. Segundo o modo pelo qual a terceirização se opera, tem-se terceirização parcial e total. Questão 2 - D Justificativa: As afirmações I e II estão incorretas por que a Terceirização consiste na concentração de esforços nas atividades essenciais, delegando a terceiros as ditas atividades complementares. A opção I refere-se, em parte, às subcontratações pela terceirizada. Os prazos acordados nos contratos de LOGÍSTICA HOSPITALAR 148 terceirização dependerão de peculiaridades como demandas, limitações e outras, não havendo, portanto, a limitação a que se refere à afirmação III. Questão 3 - E Justificativa: A Terceirização é uma técnica administrativa pela qual se repassam algumas atividades (atividades-meio) para terceiros, com os quais se estabelece uma relação de parceria, possibilitando maior ênfase na sua atividade principal (core business), buscando a qualidade e fazendo cumprir os princípios estabelecidos e contratados. Nesse contexto, uma boa gestão dos contratos com terceirizadas é fundamental. Questão 4 - A Justificativa: Como sabemos, as atividades mais indicadas para a terceirização são aquelas que não fazem parte do chamado core business da organização. Assim, no contexto das organizações hospitalares, não podemos imaginar a terceirização de atividades diretamente relacionadas à recuperação de pacientes, por constituírem atividades-fim. Questão 5 - A Justificativa: Como sabemos, um dos principais pontos na gestão dos contratos é o seu equilíbrio econômico-financeiro, entendido como a relação entre a remuneração pactuada (preço) e os encargos (custo) e que deve ser preservada. Questão 6 - D Justificativa: A opção D está incorreta pois se refere a uma atividade de responsabilidade do Fiscal do Contrato, lembrando que ao Gestor competem atividades mais gerenciais. Questão 7 - A LOGÍSTICA HOSPITALAR 149 Justificativa: A opção A está incorreta, pois, a princípio, não é aconselhável o pagamento antecipado e, em alguns casos, como o das organizações públicas, essa prática é proibida! Questão 8 - E Justificativa: Na Administração Pública, fiscalizar é um dever, não é atividade discricionária! LOGÍSTICA HOSPITALAR 150 Introdução Já sabemos que a logística é responsável por prover recursos, equipamentos e informações, onde e quando estes forem necessários, para a execução de todas as atividades de uma organização. O grande problema passa a ser como estruturar os sistemas de distribuição visando oferecer razoáveis níveis de serviço em termos de disponibilidade de estoque e tempo de atendimento. Nesse contexto, a atenção se volta para as instalações de armazenagem e para como elas podem contribuir para atender de forma eficiente as metas estabelecidas de nível de serviço. Além disso, a funcionalidade dessas instalações dependerá da estrutura de distribuição adotada. Portanto, nesta aula, serão descritas operações logísticas de recebimento, armazenagem e distribuição aplicáveis a uma organização de saúde, bem como os principais recursos disponibilizados pela tecnologia da informação empregados no dia a dia de suas atividades. Objetivo: 1. Descrever as funções de armazenagem e distribuição, detalhando aspectos relacionados às organizações hospitalares; 2. Apresentar os principais recursos disponibilizados pela tecnologia da informação para a contínua modernização das organizações de saúde. LOGÍSTICA HOSPITALAR 151 Conteúdo Armazenar ou estocar? Os termos "armazenagem" e "estocagem" normalmente são utilizados para identificar processos semelhantes, mas a diferençaentre os dois termos é muito simples: A armazenagem pode ser entendida como um conjunto de funções de recepção, descarga, carregamento, arrumação e conservação de matérias- primas, produtos acabados ou semiacabados. A estocagem é o ato de guardar, estocar o produto em um local apropriado, de forma que se possa retirá-lo quando necessário. Em suma, a diferença entre armazenar e estocar é que, no primeiro, há todo um processo de recepção e expedição do produto, separação, estocagem; enquanto que, no segundo, há apenas o ato de “guardar” o produto em determinado local. Armazenagem de produtos A armazenagem de produtos pode ser justificada em qualquer fase (matéria- prima, semiacabado ou acabado) pela autonomia que se pode ganhar sobre a linha de ação a ser tomada frente às prioridades aparentes do mercado, como: Variáveis envolvendo o mercado de transporte quando das suas oscilações. Administração entre demanda e oferta. Auxílio estratégico para o processo de produção. Como apoio comercial e ferramenta de marketing. LOGÍSTICA HOSPITALAR 152 Instalações de armazenagem Denominamos de instalações de armazenagem todo o complexo de diferentes naturezas e finalidades, situado em áreas cobertas e descobertas, destinado a receber, armazenar e proteger adequadamente mercadorias soltas ou embaladas, de diferentes tipos, características e naturezas, oferecendo equipamentos de movimentação e total segurança às pessoas responsáveis pelo manuseio desses materiais. A existência de diversos tipos de instalações de armazenagem é consequência dos mais variados tipos e naturezas de cargas que demandam exigências específicas, ou seja, para cada natureza de carga, haverá um tipo de armazenagem adequado, o que pode orientar o emprego de áreas de armazenagem diferentes entre si. Dentre as instalações de armazenagem existentes, modernamente, a mais conhecida é o centro de distribuição, padronizado em dois tamanhos: 20 e 40 pés. Centros de distribuição São áreas de armazenagem altamente sofisticadas, que dispõem de elevado nível de tecnologia de informação, e destinadas a operações de alta rotatividade, denominadas de crossdocking. Estas atividades visam ao recebimento de grandes lotes homogêneos, que serão desmontados e separados para montar pedidos de clientes e roteirizar a programação de entregas. Avance à próxima tela e veja o que são os crossdockings. Crossdocking: o que é? As operações do tipo crossdocking atendem a clientes comuns, em que carretas chegam de múltiplos fornecedores para, então, dar início ao processo de LOGÍSTICA HOSPITALAR 153 separação dos pedidos, com a movimentação das cargas da área de recebimento para a área de expedição. Para que haja sucesso na operação de crossdocking, é imprescindível um alto nível de coordenação entre os participantes (fornecedores, transportadores), o que normalmente é conseguido com a utilização de sistemas de informação, como transmissão eletrônica de dados e identificação de produtos através dos códigos de barra. Além disso, para coordenar o intenso e rápido fluxo de produtos entre as docas, é fundamental a existência e utilização de softwares de gerenciamento de armazenagem (WMS). As instalações de crossdockings que operam com alto nível de eficiência dispõem apenas de uma plataforma, com as docas de recebimento em um lado, e as docas de expedição no outro. Na operação, os produtos apenas atravessam a plataforma para serem embarcados. Não há, portanto, necessidade de grandes áreas para o estoque em trânsito, e a utilização de docas e veículos é muito maior. LOGÍSTICA HOSPITALAR 154 Do contrário, quando há pouca ou nenhuma coordenação, com falta de sincronismo entre os recebimentos das cargas, será necessário maior espaço para manter o estoque, e os veículos, possivelmente, deverão aguardar maior tempo para ter sua carga completada. Principais vantagens da utilização de centros de distribuição O centro de distribuição constitui um dos mais importantes e dinâmicos elos da cadeia de suprimentos. Seu objetivo é o gerenciamento do fluxo de produtos e informações associadas, além de consolidar estoques e processar pedidos para a distribuição física. Dessa forma, reduz-se distâncias e prazos de entrega, contribuindo, assim, para o atendimento das necessidades dos consumidores. Dentre as principais vantagens da utilização de centros de distribuição, podemos destacar: Melhoria nos níveis de serviço em função de reduções no tempo e no desempenho das entregas ao cliente/usuário. Redução nos gastos com transporte de distribuição. Gestão de materiais facilitada. Aumento de produtividade. LOGÍSTICA HOSPITALAR 155 Atenção A procura pela redução de custos, pelo melhor atendimento ao cliente e por competitividade têm ressaltado a importância de uma efetiva gestão da armazenagem não somente no que diz respeito à armazenagem física dos produtos e/ou materiais, mas, também, da movimentação de materiais e distribuição física, agregando valores através de diversas atividades. Entre outras atividades, a gestão da armazenagem envolve o planejamento do layout da área de armazenagem. Layout dos centros de distribuição Uma característica de qualquer CD moderno, independentemente de sua área ou pé-direito, é a ausência de colunas ou estruturas internas fixas. Para simplificar, um CD é como uma grande caixa vazia, dentro da qual são posicionadas unidades de estocagem com base em um layout. Seguem alguns exemplos de layouts: Com base no layout, podemos estabelecer um esquema lógico para endereçar os itens, como veremos em seguida. LOGÍSTICA HOSPITALAR 156 Esquema lógico Com base no layout, podemos estabelecer um esquema lógico para endereçar os itens, como veremos em seguida. Métodos para endereçamento / localização de itens A movimentação de materiais, tanto na entrada quanto na saída, utiliza uma série de códigos que são lidos manualmente ou por meio de recursos de TI, a fim de que as informações e providências daí decorrentes sejam registradas nos sistemas de controle. O sistema de gestão de centros de distribuição somente pode trabalhar com eficiência se estiver em funcionamento um esquema de endereçamento lógico e único, de modo a evitar erros na movimentação de materiais. Unitização de cargas Esse é um dos elementos mais importantes no recebimento, armazenagem e distribuição de materiais, uma vez que contribui para a redução dos custos devido à racionalização do manuseio dos materiais, com ganho nos tempos de processamento e maior segurança no transporte e distribuição da carga. Você sabia? Unitizar cargas significa tornar única uma série de mercadorias de pesos, tamanhos e formatos distintos, permitindo, assim, a movimentação mecânica dessa unidade. Recebimento de materiais Após a execução das compras e decorrido o prazo de fornecimento, iniciam-se as tarefas relacionadas, como o recebimento dos insumos adquiridos. É a operação que antecede a armazenagem, cujo objetivo é o cumprimento do contrato de compra, materializando a recepção e conferências, especialmente de insumos tangíveis. LOGÍSTICA HOSPITALAR 157 Armazenagem específica para ambientes hospitalares Do ponto de vista operacional, a área de armazenagem deve situar-se geograficamente de forma a favorecer os processos de inbound (entrada) e outbound(saída). Portanto, deve oferecer facilidades para a recepção de materiais provenientes do recebimento, bem como fluidez para o atendimento à demanda dos clientes internos. Além disso, deve ser um ambiente saudável, limpo, arejado, bem iluminado, com piso adequado, instalações fisicamente bem dimensionadas, layout funcional e acesso somente para pessoal devidamente autorizado. Armazenagem de fármacos Nos hospitais, a área de armazenagem da maioria dos insumos utilizados é denominada farmácia hospitalar, que cumpre duas funções fundamentais: • A primeira, geralmente, acumula as responsabilidades de recebimento de materiais com a preparação de medicamentos para a distribuição aos pacientes em doses individuais devidamente programadas; • A segunda função vital consiste na preparação de medicamentos e materiais de consumo para posterior utilização. Métodos para endereçamento/localização de itens Um código de endereçamento (CE) deve ter as seguintes configurações: Código alfanumérico, com letras e números intercalados, a fim de facilitar a localização manual; Identificação, da direita para a esquerda, de edificação de armazenagem, corredor, instalação de estocagem, localização horizontal e localização vertical. LOGÍSTICA HOSPITALAR 158 Para exemplificar um sistema de endereçamento, vamos utilizar o CE 1.D.4.C.5. O código 1.D.4.C.5 tem o seguinte significado: o endereço do item de material corresponde ao 5; escaninho da terceira prateleira da estante, 4; localizada na rua D do centro de distribuição 1. Assim, o código 1.A.2.D.3: 1 – Identifica o CD de número 1; outras unidades receberão números sucessivos; A – Identifica a rua A, devendo esta identificação ser feita da esquerda para a direita, estando o observador na frente do CD; 2 – Identifica a instalação de estocagem (estante, por exemplo), numerada sequencialmente, da frente para os fundos, se estiver localizada em um dos lados; se necessário, ímpares à esquerda e pares à direita; D – Identifica uma prateleira ou um nível de porta-paletes, a partir de A, de baixo para cima; 3 – Identifica um escaninho ou uma posição de porta-paletes, com numeração a partir da rua onde está localizada a instalação de estocagem a que pertence. Unitização de cargas O primeiro sistema utilizado amplamente na logística para unitização de cargas é a paletização, que consiste na colocação de volumes de cargas fracionadas sobre os estrados padronizados, cujo conjunto é integrado em uma única unidade, destinado a ser movimentado por empilhadeiras ou paleteiras. O palete é o unitizador empregado para a união das mercadorias na paletização. LOGÍSTICA HOSPITALAR 159 Existem paletes dos mais diversos materiais (madeira, metal, plástico ou outro material) e dimensões, sendo que eles são criados tendo em mente o princípio da adequação ao uso, podendo ser: Descartáveis (one way): servem apenas para uma única operação de transporte ou armazenagem, sendo depois destruídos; Reusáveis: destinam-se a várias e sucessivas operações e/ou armazenagem; ao fim de cada operação, são devolvidos. O uso da paletização permite uma série de vantagens, tais como: Otimização dos espaços em armazéns, fábricas e caminhões; Redução no tempo e custos de movimentação; Redução de acidentes pessoais; Diminuição no tempo de operação de carga e descarga; Redução nos furtos; Simplificação no controle de inventários; Diminuição de danos nos produtos, entre outros. O segundo grande recurso para unitização de carga e que funciona como uma instalação de armazenagem é o contêiner, estrutura padronizada internacionalmente (20 ou 40 pés de comprimento), com formato retangular, construída em aço, alumínio ou fibra, para o transporte unitizado de mercadorias e suficientemente forte para resistir ao uso repetitivo. Você sabia? O contêiner não é considerado embalagem, mas, sim, um acessório do veículo transportador, sendo, no Brasil, normalizado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) através da Norma NB-443. Que tal pesquisar sobre os diversos contêineres existentes e suas finalidades? LOGÍSTICA HOSPITALAR 160 Recebimento de materiais Diversas atividades compõem o recebimento de materiais: Verificação: comparação da documentação fiscal de cada insumo adquirido com o constante nos pedidos de compra (especificação, quantidades, condições comerciais); Identificação: identificar os itens recebidos de acordo com a sistemática adotada pela organização; como exemplo, podemos adotar o código de barras; Armazenamento: encaminhar os itens recebidos para armazenagem ou utilização; no âmbito hospitalar, trata-se de encaminhá-los para a guarda até o momento do consumo; Devolução: restituir ao fornecedor os itens defeituosos ou entregues em quantitativo superior ao acordado, sempre documentando tais fatos. Eventuais discrepâncias de natureza física ou contábil devem ser formalmente registradas e encaminhadas para tratamento pelas áreas responsáveis. Além do recebimento físico, o recebimento contábil inclui, após conferências já referidas, o encaminhamento da documentação para providências de pagamento, envolvendo, em geral, as áreas de compras, almoxarifado e, principalmente, contas a pagar. As etapas do processo de recebimento detalhadas são muito parecidas com as existentes na maioria das organizações. No caso específico de medicamentos, além dos cuidados já vistos, deve-se realizar uma rigorosa conferência no que diz respeito à denominação do produto, fórmula farmacêutica, detalhes alusivos à concentração, identificação do lote, prazo de validade e registro no Ministério da Saúde. Armazenagem específica para ambientes hospitalares Especialmente no setor de saúde, muitos insumos, como matérias-primas, princípios ativos excipientes, etc., podem ser vulneráveis a condições severas de armazenagem, motivos pelos quais os cuidados descritos são importantes LOGÍSTICA HOSPITALAR 161 para se evitar a perecibilidade de insumos. Em um ambiente hospitalar, muitas são as áreas específicas em termos de armazenagem, como, por exemplo, de insumos para nutrição e dietética, de insumos para lavanderia, para manutenção, de gases medicinais e outras, mas uma merece atenção especial: a armazenagem de fármacos. Armazenagem de fármacos Convencionalmente, uma farmácia hospitalar costuma armazenar três tipos de mercadorias: Medicamentos de prateleira: artigos descartáveis como agulhas, seringas e demais artigos tipicamente farmacêuticos; Medicamentos passíveis de controles específicos: psicotrópicos e outros fármacos causadores de dependência química ou psíquica; Artigos refrigerados: medicamentos, antibióticos e outros itens sensíveis à temperatura ambiente ou a variações bruscas de temperatura. Saiba mais: consulte a Resolução RDC 189, de 18 de julho de 2003, que dispõe sobre a regulamentação dos procedimentos de análise, avaliação e aprovação dos projetos físicos de estabelecimentos de saúde no Sistema Nacional de Vigilância Sanitária. Tecnologia aplicada às organizações de saúde Como já sabemos, as atividades de armazenagem são complexas e exigem procedimentos bem definidos e detalhados, não permitindo falhas nas informações, pois esses tipos de equívocos podem acarretar problemas de todos os tipos e naturezas. Logo, muitas são as razões para a implantação de sistemas informatizados de movimentação e gerenciamento dasoperações, de forma a propiciar: - Racionalização das entradas de dados. LOGÍSTICA HOSPITALAR 162 - Digitação das informações diretamente dos documentos produzidos, sem a necessidade de transcrições. - Desburocratização e racionalização das rotinas. - Aumento de qualidade e da produtividade no processamento das informações operacionais. No caso de organizações hospitalares, as aplicações mais comuns, na área operacional, são os códigos de barras e os sistemas RFID (Radio Frequency Identification). Na área gerencial, os sistemas de gerenciamento eletrônico de armazenagem do tipo WMS (Warehouse Management System) são os mais utilizados. A seguir, serão descritos alguns elementos relacionados à tecnologia aplicada na gestão logística. Códigos de barras O primeiro elemento significativo da revolução tecnológica na gestão logística foi o código de barras (CB), que, nos últimos anos, vem desempenhando papel relevante no processo de informatização nas áreas de produção e logística. De acordo com a Associação Brasileira de Automação (GS1 Brasil), antiga EAN Brasil, o código de barras é uma forma de representação numérica que viabiliza a captura automática dos dados por meio da leitura óptica nas operações automatizadas. Assista ao vídeo e veja como funciona o código de barras no dia a dia das pessoas. Barra: consiste na parte escura do código (normalmente preta); ela absorve a luz e codifica um em cada módulo de barra; LOGÍSTICA HOSPITALAR 163 Espaço: consiste na parte clara do código (geralmente o fundo que o código é impresso); ele reflete a luz, e cada módulo é codificado como “zero”; Caractere: cada número ou letra codificado com barra e espaço; Caractere inicial e final: indicam ao leitor de código o início e o fim do código; estes caracteres podem ser representados por uma letra, um número ou outro símbolo, dependendo do padrão do código em questão; Separadores: servem para indicar as extremidades do código e indicar ao leitor o sentido que o código está sendo lido; este separador serve também para permitir que o código seja lido nos dois sentidos: Zonas Mudas: também conhecidas como quites zones, são as margens, anterior e posterior aos caracteres inicial e final, respectivamente, formadas por espaços. Elas são extremamente importantes para o reconhecimento do código pelo leitor e, se forem excluídas, poderão impossibilitar a interpretação do código de barra, gerando, assim, uma leitura nula. Sinais de Enquadramento: delimitam uma área retangular onde devem estar contidos, exclusivamente, todos os elementos do código. LOGÍSTICA HOSPITALAR 164 Densidade do Código de Barra: é caracterizada pela relação entre a quantidade de módulos ou caracteres e o espaço ocupado por eles, uma vez impressos; Módulo: consiste no elemento mais estreito do código, sejam eles uma barra ou espaço. Os separadores, as zonas mudas, os caracteres especiais, ou seja, todos os elementos que compõem o código de barras são múltiplos do módulo quanto à largura. Podemos dizer que o módulo é a unidade mínima e básica do código de barras, cujo tamanho é definido diretamente pela densidade do código; Flag: é empregado no sistema EAN no início do código para indicar o país de origem do produto. Já no UPC, ele também se situa no início do código, mas indica o tipo de produto; Dígito verificador: utilizado para detectar erros durante a varredura, evitando, assim, a leitura errônea e também adulterações, sendo constituído por um elemento calculado a partir de um algoritmo que emprega os demais números do código. Como é feita a codificação em barras? Por convenção, identifica-se os dígitos da seguinte maneira: LOGÍSTICA HOSPITALAR 165 Atualmente, existem vários padrões para código de barras, cada um utilizado conforme sua aplicação. Os tipos existentes são: EAN, CodaBar, ITF, JAN, Post Net, UPC, Pharmacode. Estrutura do código de barras O tipo mais comum é o EAN-13, utilizado para identificar bens de consumo em geral. A estrutura do código, exclusivamente numérico, é: • Os três primeiros dígitos, atribuídos pela GS1 internacional, representam o país onde é produzido o item (os produtos brasileiros são identificados pelos dígitos 789); LOGÍSTICA HOSPITALAR 166 • Os quatro, cinco ou seis dígitos seguintes, atribuídos pela GS1 Brasil, identificam a empresa produtora do item; • Os demais números, com exceção do último (que é denominado dígito de verificação), servem para identificar o item (também chamado de SKU) e são atribuídos pela empresa produtora. RFID (Radio Frequency Identification) Com a finalidade de compartilhamento de informações em tempo real, o processo evolutivo do desenvolvimento tecnológico fez surgir outro sistema de identificação de produtos: a tecnologia RFID (Radio Frequency Identification) ou Identificação de Dados por Radiofrequência. Na sua composição, existem dois componentes: o identificador (tag), que é um dispositivo de identificação anexado a um item que se deseja rastrear; e o leitor, que é um dispositivo que consegue reconhecer a presença de identificadores RFID e ler as informações armazenadas neles. O leitor pode se comunicar a outro sistema e informar a presença dos itens identificados. Aplicações da RFID Diversas são as aplicações para essa tecnologia, que ainda está em fase de difusão e consolidação. Na pecuária: fazendas brasileiras identificam o gado de corte com etiquetas eletrônicas (chips) colocadas na orelha do animal, que armazenam informações, como vacinação, peso, alimentação e dados da genética do animal. Pedágios: sistemas automáticos de pedágio, como o Sem Parar/Via Fácil. Os carros que possuem uma etiqueta/equipamento são reconhecidos, e a cancela abre sozinha. Pagamento via celular: com a identificação por rádio frequência, é possível realizar pagamentos via telefone celular. Através da identificação dos sinais, o LOGÍSTICA HOSPITALAR 167 banco recebe os dados da compra e desconta da conta bancária ou informa o valor a ser debitado em fatura de cartão de crédito. Identificação biométrica: esta tecnologia também pode facilitar a vida das pessoas através de identificações biométricas, como passaportes e documentos de identidades; desta forma, um chip de RFID seria implantando em um único documento, e ali estariam contidas todas as informações básicas a seu respeito: números de documentos, cor dos olhos, altura, impressões digitais, etc. Passaporte com Chip RFID Na logística: a tecnologia vem sendo usada também na área de logística, principalmente no recebimento e expedição de mercadorias. A agilidade no recebimento de produtos nos centros de distribuição é uma das principais vantagens percebidas. Os paletes passam por um portal, e a antena captura as informações do chip por meio de ondas de radiofrequência e, automaticamente, os produtos são incorporados ou desincorporados ao/do estoque do centro de distribuição. O objetivo é que a tecnologia seja amplamente utilizada em toda a cadeia de suprimento como forma de integração e compartilhamento de informações. Na saúde: na área da saúde, vêm sendo estudados diversos procedimentos para a utilização da RFID no controle e movimentação de instrumentos hospitalares e na dispensação de medicamentos. Obstáculos ao uso da RFID Baterias de baixo rendimento Um problema é a vida útil de uma bateria para etiquetas ativasde RFID, que ainda é muito curta, o que geraria certo transtorno ao invés de comodidade, pois ela precisaria ser reposta em pouco tempo. Além disso, isso impede LOGÍSTICA HOSPITALAR 168 também o desenvolvimento de processos mais elaborados que utilizem a RFID, o que demandaria ainda mais energia de seus dispositivos. Preço Apesar de esta tecnologia vir se consolidando ao longo dos anos, ainda existem vários empecilhos para sua implantação em larga escala. Talvez o principal deles seja o preço, pois, para usá-la, serão necessários vários outros equipamentos, e isso, para produtos de baixo custo (e baixo retorno financeiro), acaba não sendo a melhor alternativa. Segurança Existe também o problema com a segurança, pois ainda não foi desenvolvido nenhum sistema à prova de interceptações. Mesmo as etiquetas passivas, que possuem alcance de apenas alguns metros, ainda se encontram vulneráveis a leituras indevidas de dados, o que pode causar vários danos. Pensando em uma situação em que você carregue seus dados, como senhas de cartões, números de documentos e tudo mais, em um dispositivo presente em sua roupa, em seu celular ou em sua mão, a possibilidade de roubo de informações torna-se ainda maior e mais perigosa. Contra isso, alguns estudos vêm sendo realizados, e sistemas de criptografia de dados, implementação de códigos e também dispositivos metálicos, como “embalagem” das etiquetas, têm sido apontados como itens para garantir a segurança e a privacidade do RFID. Esta tecnologia tem evoluído constantemente; entretanto, para a sua difusão, a redução do tamanho e o custo do dispositivo de funcionamento, além do aumento da capacidade de armazenamento, figuram como grandes desafios. Recursos de rastreamento de cargas via satélite Fato é que, devido à quantidade de recursos tecnológicos disponíveis, a logística tornou-se mais complexa, com maiores custos envolvidos. Os investimentos em logística também se tornaram vultosos. LOGÍSTICA HOSPITALAR 169 Por exemplo, a tecnologia de rastreamento via satélite transformou os veículos de transporte em verdadeiros CDs móveis, com toda a flexibilidade que se possa imaginar. Nesse contexto, podemos destacar a importância do sistema Global Position System (GPS), que fornece dados sobre a posição (latitude e longitude), velocidade, altura e tempo. Reflexão Você deve estar se perguntando: que relação existe entre o rastreamento e as organizações de saúde? Muitas, responderíamos. Eis algumas: Os produtos farmacêuticos têm, em geral, custos elevados e pequeno volume. No Brasil, os transportadores desses produtos são um dos alvos prediletos de assaltantes de caminhões, principalmente quando sabem que os veículos transportam itens de grande valor. Nesse contexto, o rastreamento permite um maior controle, incluindo cercas eletrônicas, recurso que permite identificar qualquer desvio de rota. Por questões de custo operacional, alguns usuários, como hospitais e farmácias, procuram trabalhar com níveis reduzidos de estoques e, para garantirem o suprimento, utilizam os recursos de rastreamento dos distribuidores para o atendimento de demandas no menor tempo possível. No caso dos transplantes, as operações logísticas pré-cirúrgicas devem ser monitoradas com rigor para que o objetivo final seja alcançado. LOGÍSTICA HOSPITALAR 170 Sistemas de Gestão de Centros de Distribuição ou Warehouse Management System (WMS) Os sistemas de gerenciamento eletrônico de armazenagem do tipo WMS (Warehouse Management System) são softwares de gerenciamento de informações que controlam eletronicamente as operações em áreas de armazenagem e reduzem o nível de interveniência humana no processo, eliminando erros e agilizando os procedimentos. Esses softwares auxiliam na busca de melhorias nos processos de armazenamento e distribuição de materiais, através de algumas funcionalidades como: roteirização, parametrização de cargas, controle on line de inventários, etc. De forma geral, os WMS proporcionam alto nível de controle, menos suscetível a falhas e mais dinâmico no gerenciamento de informações e resolução de tarefas, utilizando dados recebidos de diversas fontes. A gestão estratégica do tempo, após a implementação de um WMS, gera uma sensível redução de custos, principalmente no quesito de eficiência de mão de obra e na redução da quantidade de estoques, ferramentas fundamentais para estimular a competitividade e agregar valor ao produto final. Objetivos básicos de um WMS Veja quais são os objetivos básicos de um WMS: Aumentar a precisão das informações de estoque A preocupação com a precisão e acuracidade das informações é justificável, uma vez que faltas e excessos de estoque são prejudiciais tanto à organização hospitalar quanto aos seus clientes/pacientes. LOGÍSTICA HOSPITALAR 171 Com a implementação de um WMS, o controle de estoque se dá em tempo real e digitalmente, sem a necessidade de verificação in loco num centro de distribuição, por exemplo. É possível efetuar um total controle sobre prazos de validade, datas de entrada/saída de medicamentos, por exemplo, com baixíssimo percentual de erros. Aumentar a velocidade e qualidade das operações As operações de recebimento e separação dos pedidos devem ser muito bem elaboradas para que seja prestado um atendimento mais dinâmico e sem erros. Aumentar a produtividade A habilidade dos sistemas de trabalhar com equipamentos de movimentação automatizados propicia uma redução de custos com pessoal e de dispositivos tecnológicos se compararmos com os antigos sistemas tradicionais. Input x Output de um WMS A principal função de um sistema de gerenciamento é processar informações inseridas no sistema pelo usuário (input) e informar quais são os melhores procedimentos a serem adotados em relação aos dados analisados (output). Após a inserção das informações necessárias no sistema para o seu “raciocínio”, como tipo de produto, prazo de validade, composição, layout e embalagem, as análises feitas pelo software englobam, entre outras: estratégias de endereçamento, priorização de tarefas, parametrizações, e controle e separação do estoque. LOGÍSTICA HOSPITALAR 172 Implantação de um WMS A implantação de sistemas WMS acaba sendo uma reação às demandas do ambiente em que as organizações estão inseridas, levando-as a investir no processo logístico. Os projetos de implantação de sistemas de gerenciamento são extremamente complexos devido ao fato de exigir a integração de várias áreas e tecnologias diferentes, tais como: terminais remotos, sistemas de radiofrequência, scanners, equipamentos de manuseio, transporte e estocagem. Atenção Os altos investimentos e esforços necessários para sua implementação exigem uma abordagem extremamente disciplinada no desenvolvimento e execução do projeto. A base para o sucesso de um projeto de automação de armazenagem é o entendimento claro do que precisa ser feito, como e quando fazê-lo. Atualmente, a implantação de sistemas WMS é justificada pela necessidade de vantagens competitivas e pela busca incessante de redução de custos, na qual citamos sistemas de inteligência artificial, maior qualificação dos profissionais envolvidos no LOGÍSTICA HOSPITALAR 173 processo, melhor aproveitamento de espaço físico e circulação dos materiais. Atividade proposta Reflita sobre o seguinte questionamento: O RFID substituirá o código de barras?Chave de resposta: Imagine que, para pagar suas compras, você só precise passar com o carrinho cheio por perto de um receptor, na saída do supermercado? Pois é, com o RFID, as compras ficariam mais ou menos assim, pois uma antena seria capaz de identificar tudo o que você está levando e geraria uma fatura a partir disso. Entretanto, especialistas garantem que a tecnologia RFID não deve substituir o código de barras, mas, sim, que os dois podem coexistir normalmente, pois a demanda de cada uma dessas tecnologias pode ser diferente, de acordo com a finalidade de determinados produtos e equipamentos. Material complementar Para saber mais sobre código de barras, vejas os vídeos disponíveis em nossa galeria de vídeos. Referências BALLOU, R. H. Logística Empresarial: Transporte, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 2011. BOWERSOX, D.; CLOSS, D. Logística Empresarial. São Paulo: Atlas, 2004. LOGÍSTICA HOSPITALAR 174 CHRISDTOPHER, M. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. São Paulo: Cengage Learning, 2009. FERREIRA, F. A. Administração de Material. Rio de Janeiro: CNI. MACHLINI, C; BARBIERI, J. Logística Hospitalar. São Paulo: Saraiva, 2009. MARIA MALIK, Ana; VECINA NETO, Gonzalo. Gestão em Saúde. Ed.1. Guanabara Koogan, 2011. Exercícios de fixação Questão 1 A integração da função armazenagem ao sistema logístico deve ser total, pois é um elo importante no equilíbrio do fluxo de materiais. Os fatores básicos que determinam a necessidade de armazenagem são, exceto: a) Diminuição da velocidade na movimentação. b) Equilíbrio sazonal. c) Garantia da continuidade da produção. d) Custos e especulação. e) Redução dos custos de mão de obra. Questão 2 Dentre as vantagens da utilização de um centro de distribuição, destaca-se, exceto: a) A duplicação de pessoal em vários armazéns. b) A centralização do controle. c) A redução do custo com transporte. d) A redução do tempo de entrega ao cliente. e) A imediata identificação do nível de estoque. Questão 3 Dentre as vantagens da paletização, podemos destacar, exceto: a) Otimização dos espaços em armazéns, fábricas e caminhões. b) Redução no tempo e custos de movimentação. c) Redução no tempo de operação de carga e descarga. LOGÍSTICA HOSPITALAR 175 d) Simplificação no controle de inventários. e) Espaços perdidos dentro da unidade de carga. Questão 4 Recipiente construído de material resistente, destinado a propiciar o transporte de mercadorias com segurança, inviolabilidade e rapidez, dotado de dispositivo de segurança aduaneira e que atende às condições técnicas e de segurança previstas pela legislação nacional e pelas convenções internacionais ratificadas pelo Brasil. Estamos nos referindo ao conceito de: a) Contêiner b) Granel c) Draga d) Galpão e) Armazém Questão 5 Como sabemos, diversas operações compõem o recebimento de materiais. Assinale a alternativa que não contempla uma dessas atividades. a) Verificação b) Identificação c) Armazenamento d) Devolução e) Pagamento Questão 6 Como sabemos, são muitas as razões para a implantação de sistemas informatizados de movimentação e gerenciamento das operações. Assinale a opção que não contempla um dos objetivos desse investimento. a) Racionalização das entradas de dados. b) Digitação das informações diretamente dos documentos produzidos, sem a necessidade de transcrições. c) Racionalização das rotinas. LOGÍSTICA HOSPITALAR 176 d) Aumento de qualidade e da produtividade no processamento das informações operacionais. e) Burocratização das rotinas. Questão 7 Assinale a alternativa que contemple uma forma de representação numérica que viabilize a captura automática dos dados por meio da leitura óptica nas operações automatizadas. a) Radio Frequency Identification – RFID b) Warehouse Management Systems – WMS c) Customer Relationship Management – CRM d) Código de barras e) Transport Management System – TMS Questão 8 Dentre os principais obstáculos ao uso da tecnologia RFID, podemos destacar: a) Velocidade de Comunicação b) Imprecisão c) Concorrência do código de barras d) Custo e segurança e) Irrastreabilidade Questão 9 Dentre os objetivos básicos de um WMS, podemos destacar, exceto: a) Aumentar a precisão das informações de estoque. b) Aumentar a velocidade das operações. c) Aumentar a qualidade das operações. d) Aumentar a produtividade. e) Aumentar o fluxo de tramitação de documentos. LOGÍSTICA HOSPITALAR 177 Questão 10 Sabemos que os produtos farmacêuticos têm, em geral, custos elevados e pequeno volume, e que, no Brasil, os transportadores desses produtos são um dos alvos prediletos de assaltantes de caminhões, principalmente quando sabem que os veículos transportam itens de grande valor. Nesse contexto, de que dispositivo, geralmente, podemos dispor para rastrear indesejáveis desvios de rota? a) Código de barras b) WMS c) GPS d) GS1 Brasil e) EAN-18 SKU (Store Keeping Unit): É a menor unidade de um produto movimentado por uma empresa; por exemplo: um pacote de gaze colocado numa gôndola de supermercado é um SKU. WMS: Warehouse Management System (Sistemas de Gestão de Centros de Distribuição). Aula 7 Exercícios de fixação Questão 1 - A Justificativa: Com a armazenagem de materiais, obviamente, não se pretende a redução da velocidade de movimentação deles. Na verdade, o que se busca de um bom sistema de armazenagem é a melhoria dos fluxos em termos de tempo e custos. LOGÍSTICA HOSPITALAR 178 Questão 2 - A Justificativa: Como sabemos, a utilização dos centros de distribuição tem vantagens e alguns óbices e, certamente, o fato de termos que alocar pessoal numa nova estrutura de armazenagem, no âmbito de recursos e custos envolvidos, é ponto complicador. Todas as demais alternativas contemplam vantagens da utilização desse tipo de estrutura de armazenagem e distribuição. Questão 3 - E Justificativa: Como sabemos, unitizar cargas significa tornar única uma série de mercadorias de pesos, tamanhos e formatos distintos, permitindo, assim, a movimentação mecânica dessa unidade. Como a paletização é uma das formas de operacionalizar a unitização, esse sistema busca otimizar grandes áreas, minimizando, assim, espaços perdidos. As demais alternativas contemplam algumas de suas vantagens. Questão 4 - A Justificativa: O contêiner é um recurso utilizado para unitização de carga e que funciona como uma instalação de armazenagem. É uma estrutura padronizada internacionalmente (20 ou 40 pés de comprimento), com formato retangular, construída em aço, alumínio ou fibra, para o transporte unitizado de mercadorias e suficientemente forte para resistir ao uso repetitivo. Questão 5 - E Justificativa: Além do recebimento físico, o recebimento contábil inclui, após conferências já referidas, o encaminhamento da documentação para providências de pagamento, envolvendo, em geral, as áreas de compras, almoxarifado e, principalmente, contas a pagar. Entretanto, a atividade de pagamento se configura como atividade no rol de responsabilidade do recebimento. Verificação: comparação da documentação fiscal de cada insumo adquirido com o constante nos pedidos de compra (especificação, quantidades, condições comerciais). LOGÍSTICA HOSPITALAR 179 Identificação: identificar os itens recebidos de acordo com a sistemáticaadotada pela organização; como exemplo, podemos adotar o código de barras. Armazenamento: encaminhar os itens recebidos para armazenagem ou utilização; no âmbito hospitalar, trata-se de encaminhá-los para a guarda até o momento do consumo. Devolução: restituir ao fornecedor os itens defeituosos ou entregues em quantitativo superior ao acordado, sempre documentando tais fatos. Questão 6 - E Justificativa: Como já sabemos, as atividades de armazenagem são complexas e exigem procedimentos bem definidos e detalhados, não permitindo falhas nas informações passíveis de acarretar problemas de todos os tipos e naturezas. Logo, muitas são as razões para a implantação de sistemas informatizados de movimentação e gerenciamento das operações, de forma a propiciar, dentre outras, a racionalização das entradas de dados; a digitação das informações diretamente dos documentos produzidos, sem a necessidade de transcrições; a racionalização das rotinas; e o aumento de qualidade e da produtividade no processamento das informações operacionais. Entretanto, não se pretende, com isso, a burocratização das rotinas, mas, sim, o inverso. Questão 7 - D Justificativa: O primeiro elemento significativo da revolução tecnológica na gestão logística foi o código de barras (CB), que, nos últimos anos, vem desempenhando papel relevante no processo de informatização nas áreas de produção e de logística. De acordo com a Associação Brasileira de Automação (GS1 Brasil), antiga EAN Brasil, o código de barras é uma forma de representação numérica que viabiliza a captura automática dos dados por meio da leitura óptica nas operações automatizadas. Questão 8 - D Justificativa: A tecnologia RFID tem evoluído constantemente; entretanto, para a sua difusão, a redução do tamanho e do custo do dispositivo de LOGÍSTICA HOSPITALAR 180 funcionamento, além do aumento da capacidade de armazenamento e de sua segurança, figuram como grandes desafios. Questão 9 - E Justificativa: Obviamente, aumentar o fluxo de tramitação de documentos (burocratização) não está entre os objetivos de um WMS, uma vez que se pretende exatamente o inverso, ou seja, automatizar, ao máximo, as operações e fluxos, minimizando tempos e custos, aumentando precisão, velocidade e qualidade das operações e, por conseguinte, a produtividade. Questão 10 - C Justificativa: A tecnologia de rastreamento via satélite é uma importante ferramenta que auxilia, principalmente transportadoras, no combate a roubos de cargas. Nesse contexto, podemos destacar a importância do sistema Global Position System (GPS), que fornece dados sobre a posição (latitude e longitude), velocidade, altura e tempo, permitindo um maior controle, incluindo cercas eletrônicas, recurso que permite identificar qualquer desvio de rota. LOGÍSTICA HOSPITALAR 181 Introdução Sabemos que os gestores sempre buscam uma perfeição numérica e a redução de custos, e isso requer das organizações a adoção de novas posturas: investimento em capacitação de colaboradores e em sistemas de gerenciamento de estoque, com objetivos de integrar planejamento, controle e gestão de materiais e minimizar custos e consequências que o capital circulante causa aos caixas das organizações. Entre métodos, ferramentas e instrumentos mais utilizados pelas organizações, inclusive as hospitalares, o inventário é o que mais se destaca, pois por meio dele apuramos os quantitativos existentes, confrontando-os com o quantitativo esperado, o que permite mensurar a acurácia dos estoques. Objetivo: 1. Conhecer os principais fatores relacionados à guarda, à preservação e ao controle de materiais; 2. Conhecer os aspectos relacionados à operacionalização de inventários. LOGÍSTICA HOSPITALAR 182 Conteúdo A armazenagem de materiais A armazenagem de materiais, abordada na aula anterior, inclui a guarda e a preservação do material estocado a fim de evitar a sua deterioração ou perda. Essa preocupação possui uma amplitude de requisitos bastante extensa, mas podemos delimitar seu espaço geográfico de atuação. Em uma organização de saúde, nosso foco estará voltado para o almoxarifado de materiais e para a farmácia configurando-os como pertencentes a uma central de abastecimento de uma organização de saúde. A central de abastecimento geralmente tem algumas áreas componentes comuns: carga e descarga, quarentena, administração, áreas de armazenamento específicas para controlados, inflamáveis e termolábeis, assim como uma área geral de estocagem. Área de carga e descarga A área de carga e descarga deve comportar: Recepção: área destinada ao recebimento do material e onde se procede à verificação, à conferência e à separação dos medicamentos para posterior armazenamento. Expedição: área destinada à expedição dos medicamentos; ela pode se localizar no mesmo espaço da recepção, mas deve ficar distintamente separada das áreas restantes. A central A central deve oferecer (possuir): LOGÍSTICA HOSPITALAR 183 Proteção contra animais; Proteção contra incêndio; Ausência de umidade, boa circulação de ar e temperatura não superior a 25ºC; Boas operacionalidade e circulação interna entre estrados e estantes ou porta- pallets; Empilhadeira com raio de giro compatível com a área de operação, para que haja livre movimentação. Recepção de medicamentos Quando do recebimento de medicamentos e/ou itens médico-hospitalares, deve ser efetuada uma conferência dos dados que constam no documento fiscal de entrega com os dados que constam no pedido ao fornecedor, priorizando-se a verificação de itens como: • Se o nome genérico do produto entregue é mesmo o que foi pedido; • Forma farmacêutica enviada igual à solicitada (quando aplicável); • Data de validade de acordo com a norma interna da organização (por exemplo: “A validade é igual ou maior do que 2 anos, a contar da data da entrega”); • Especificação do material recebido igual à solicitada; • Se os preços unitários e totais são iguais aos do pedido, e quantidade recebida igual à quantidade solicitada; • Concentração recebida igual à solicitada (quando aplicável); • Indícios de violação na embalagem; • Embalagem, empacotamento e envases de todas as formas farmacêuticas constando nome do produto, número de registro, número do lote, prazo de validade, volume ou peso e via de administração; • Possíveis alterações organolépticas nas diferentes formas farmacêuticas. LOGÍSTICA HOSPITALAR 184 Materiais médico-hospitalares O almoxarifado de uma organização de saúde normalmente concentra materiais que possuem características peculiares de guarda e preservação, quer seja pelo risco de furto, para evitar sua deterioração ou contaminação, devendo possuir dois setores muito bem segregados: Almoxarifado tradicional, onde os materiais recebidos ficam estocados até o momento de sua utilização; Almoxarifado de guarda de materiais utilizados, onde os materiais já utilizados e que apresentam resíduos infecto-contaminantes aguardam sua destinação para fora da organização. Focaremos nosso estudo nos almoxarifados tradicionais, uma vez que os de guarda de materiais utilizados é objeto de estudo da gestão de resíduos. Podemos inicialmente identificar como principais objetivos: Os materiais devem ser resguardados contra o furto ou roubo; Os materiais devem ser protegidos contra aação dos perigos mecânicos e das ameaças climáticas, bem como de animais daninhos; Os materiais estocados devem possuir controle quanto a tempo de armazenagem, como função do prazo máximo de validade, a fim de evitar o envelhecimento do estoque e consequente perda; O ambiente deve ser seco, sem infiltração de umidade pelas paredes ou goteiras no teto; Materiais armazenados não podem obstruir portas, corredores ou outros materiais; Devem existir em lugar visível as seguintes indicações: “Proibida a entrada de pessoas não autorizadas” e “Proibido fumar”. LOGÍSTICA HOSPITALAR 185 Em relação à primeira questão (“os materiais devem ser resguardados contra o furto ou roubo”), podemos elencar alguns cuidados a serem observados: Controle de inventário do material; Controle de acesso ao local de guarda com registro não só da movimentação dos materiais como também do fluxo de pessoas; Alarmes e sistema de monitoramento remoto; Controle de custos de procedimentos. Lembre-se: o desvio de medicamentos contribui com a perda de recursos em organizações de saúde. Em relação aos perigos mecânicos, climáticos e de animais, a diversidade de materiais exige uma multiplicidade de ações que se inicia em conhecer a própria embalagem de acondicionamento do material. Embalagem de materiais Dentre os objetivos das embalagens podemos destacar a proteção aos materiais, devendo elas serem resistentes o suficiente para suportar todo o processo de transferência e armazenagem. Alguns aspectos a serem considerados na seleção do tipo de embalagem: • Fragilidade do material; • Necessidade de resistência por parte da embalagem; • Volume e peso do material a ser embalado; • As condições de transporte e armazenagem; • Custo das diversas alternativas. Características das embalagens mais comuns Veja quais são as características das embalagens mais comuns: Caixas de papelão LOGÍSTICA HOSPITALAR 186 • Baixo peso; • Facilidade de manuseio; • Facilidade de percepção quando da violação da embalagem; • Resistência a choques em virtude do acolchoamento entre uma parede e outra da caixa; • Facilidade de manutenção e limpeza dos depósitos em relação a outros tipos de embalagem; • Facilidade de impressão de instruções de manuseio e dados de identificação dos materiais; • Baixo custo. Tambores • Utilizados para produtos líquidos e produtos em pó; • Facilidade de manipulação; • Facilidade de armazenamento; • Proteção ao material; • Grande resistência se comparado com o papelão; • Possibilidade de reutilização. Fardos • Facilidade de manuseio; • Reduz os volumes a serem movimentados. Recipientes plásticos • Versatilidade do material empregado; • Resistência à corrosão; • Facilidade de limpeza. LOGÍSTICA HOSPITALAR 187 Alguns cuidados com a forma de manusear e de acondicionar o estoque Além da embalagem de armazenamento, alguns cuidados com a forma de manusear e de acondicionar o estoque influenciam diretamente a atividade de preservação tais como: • Os materiais não devem ser estocados em contato direto com o piso a fim de evitar contaminação; • A disposição dos materiais não deve interferir no acesso às partes de emergência, aos extintores de incêndio ou à circulação de pessoal especializado para combater o incêndio; • Os materiais pesados e/ou volumosos devem ser estocados nas partes inferiores dos equipamentos de armazenagem, eliminando-se os riscos de acidentes ou avarias; • Os materiais devem ser conservados nas embalagens originais e somente abertos quando houver necessidade de fornecimento parcelado ou por ocasião da utilização; • As áreas de armazenamento devem ser identificadas de acordo com o grupo e os produtos armazenados, de maneira que permita a perfeita visualização de nome, número de lote e prazo de validade (aquele que for vencer primeiro); • A arrumação dos materiais deve ser feita de modo a manter a face da embalagem (ou etiqueta) contendo a marcação do item voltada para o lado de acesso ao local de armazenagem, o que permite a fácil e rápida leitura de identificação e das demais informações registradas; • Quando o material tiver que ser empilhado, deve-se atentar para a segurança e a altura das pilhas, de modo a não ser afetada a sua qualidade pelo efeito da LOGÍSTICA HOSPITALAR 188 pressão decorrente, e deve haver arejamento (distância de 70 cm aproximadamente do teto e de 50 cm aproximadamente das paredes). Todo e qualquer material possui o seu valor intrínseco e, de uma forma ou de outra, representa inversão de capital; considerando esse motivo imperioso, deve ser tratado com cuidado. Guarda e preservação de materiais na farmácia hospitalar Devido à sua peculiaridade, devemos destacar a farmácia hospitalar que se destina ao recebimento, conferência, estocagem, distribuição e controle de medicamentos com proteção contra riscos, deterioração e prejuízos eventuais. Em virtude dos altos custos que encerram os medicamentos, a segurança é um item que requer muita atenção. Assim, o local deve possuir apenas uma entrada/saída, o que permite o total controle de todo material que entra e sai, bem como das pessoas que tenham acesso a ele. A farmácia hospitalar possui legislação de regulação bastante extensa e que deve ser atendida. A Anvisa disponibiliza em seu portal um sistema de consulta rápida à legislação em vigor, o http://www.saude.gov.br/saudelegis Saúde Legis, que reúne os atos normativos do Sistema Único de Saúde (SUS), no âmbito da esfera federal, incluindo as normas publicadas pela Anvisa. Principais aspectos relacionados ao armazenamento de medicamentos na farmácia hospitalar De acordo com a RDC nº 59/00, devem ser observados os seguintes critérios de boas práticas de armazenagem: Armazenar os produtos por forma farmacêutica; LOGÍSTICA HOSPITALAR 189 Armazenar os produtos pelo nome do princípio ativo em ordem alfabética rigorosa, da esquerda para a direita; Armazenar os produtos por prazo de validade: os que vencem primeiro devem ser armazenados à esquerda e na frente; Observar o empilhamento máximo permitido para o produto (ver recomendações do fabricante); Observar a temperatura ideal em que o produto deve ser armazenado; As caixas que forem abertas devem ser riscadas, pois isso possibilita indicar a violação e a quantidade dessa ocorrência, e, em seguida, a caixa deve ser lacrada. Saiba Mais: Acesse http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2000/rdc0059_27_06_2000.p df e consulte a RDC 59/00. Controle de material Antes de abordarmos a temática “inventários”, devemos tomar conhecimento de alguns pontos importantes sobre o controle de material. Esse controle é composto por arquivos, manuais ou magnéticos, constituídos por fichas ou registros magnéticos, delegação de responsabilidade e tendo como objetivos: • Registrar dados cadastrais de identificação, individualização, padronização, localização e valorização de bens em estoque ou em uso; • Registrar saldos, entradas e saídas de bens e valores, e documentos de movimentação de material que os formalizam; • Controlar as responsabilidades por gestão, uso, guarda e conservação dos bens patrimoniais; LOGÍSTICA HOSPITALAR 190 • Facultar o grupamento dos bens existentes e valores por eles representados (código de conta contábil, número patrimonial, símbolo, centros de consumoe compartimento, por exemplo); • Promover conferências periódicas entre os registros manuais ou magnéticos com os das fichas de armazenagem e a consequente existência física do material na quantidade registrada; • Acompanhar os níveis mínimo, máximo e operacional para possibilitar a aquisição de material em tempo hábil; • Produzir demonstrativos patrimoniais requeridos pelos controles interno e externo. Controle patrimonial é a atividade de caráter administrativo que tem por propósito a supervisão da movimentação de material de qualquer natureza patrimonial, desde o seu recebimento até a sua destinação final. Classificação de bens patrimoniais Os bens patrimoniais representam todos os itens de material destinados aos serviços da organização, quer sejam de natureza consumidora, fornecedora, industrial, comercial ou de aquisição, independente da jurisdição do material. Para efeito da gestão de material, os bens patrimoniais podem ser classificados em: Bens de estoque Consistem nos itens de material normalmente estocáveis que, uma vez utilizados, são consumidos e alterados em suas características ou incorporados de forma definitiva a outro bem de natureza permanente ou a bem imóvel. Bens móveis Consistem nos itens de material de grande valor intrínseco que não desaparecem com o uso e preservam as características originais, mantendo-se LOGÍSTICA HOSPITALAR 191 fisicamente individualizados e permitindo a sua incorporação ao patrimônio da organização. Quanto ao estado, os bens podem ser classificados em: Novo Refere-se ao bem comprado e que se encontra com menos de um ano de uso. Bom Quando estiver em perfeitas condições e em uso normal. Ocioso É aquele que, embora em perfeitas condições de uso, não esteja sendo aproveitado ou não tenha aplicação, a saber: Todo item de material não identificado que não possua um número de referência atribuído por um fabricante, fornecedor, órgão de governo ou sociedade classificadora, ou uma descrição de características previamente estabelecida; Todo item de material que, embora corretamente identificado, não pertença a um equipamento ou equipagem cadastrado e em uso; Todo item de material em estoque cuja quantidade seja superior aos níveis máximos estabelecidos por controle de material. Recuperável É aquele que, embora em condições precárias de uso, é passível de recuperação, a qual, normalmente, custará, no máximo, cinquenta por cento do preço de mercado do mesmo material ou similar em perfeitas condições de uso. Antieconômico É aquele que, em virtude do longo tempo de uso, apresenta rendimento precário e desgaste prematuro, obsolescência ou que, por causas fortuitas, LOGÍSTICA HOSPITALAR 192 exija manutenção ou recuperação onerosa, assim consideradas aquelas cujo custo seja, normalmente, superior a cinquenta por cento do preço de mercado do mesmo material ou de material similar em perfeitas condições de uso. Inservível ou irrecuperável É aquele que não mais possa ser utilizado para o fim a que se destina em razão da inviabilidade de recuperação pela perda de suas características originais: Material contaminado por agentes patológicos, sem possibilidade de recuperação por assepsia; Material infestado por insetos nocivos, com risco para outro material; Material de natureza tóxica ou venenosa, com risco de vida; Material com prazo de validade determinado pelo fabricante vencido; Material contaminado por radioatividade; Material avariado que, pelo longo tempo de uso, não apresenta condições de reparo. Quanto à materialidade, os bens podem ser classificados em: Bens corpóreos São os que têm existência material, como um prédio, um terreno ou um equipamento. Bens incorpóreos São os que não têm existência tangível e são relativos aos direitos que as pessoas físicas ou jurídicas têm sobre coisas, produtos de seu intelecto ou com outra pessoa, apresentando valores econômicos tais como os direitos reais, obrigacionais e autorais. Quanto à mobilidade, os bens podem ser classificados em: LOGÍSTICA HOSPITALAR 193 Bens móveis São os que podem ser transportados por movimento próprio ou removidos por força alheia. Bens imóveis São os que não podem ser transportados sem alteração de sua substância. Abrangem o solo com sua superfície, os seus acessórios e adjacências naturais, compreendendo, portanto, árvores e frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo. Inventários A realização de inventário está diretamente ligada às atividades gerenciais de controle de estoque e armazenagem. O seu resultado tem reflexo nas atividades gerenciais de controle de inventário e obtenção, haja vista ser de extrema importância o conhecimento da quantidade de material disponível para a definição da necessidade de promover nova obtenção. Em face da grande diversidade de itens, o controle de estoque, por melhores que sejam os seus processos de controle de movimentação, possivelmente apresenta incorreções, resultando em divergência entre as posições física e contábil do material. Essa divergência, também conhecida como inconsistência, pode acarretar consequências desagradáveis às unidades hospitalares, bem como dificultar a procura por preços mais compensadores na obtenção em face da urgência decorrente. LOGÍSTICA HOSPITALAR 194 Definição de inventários Uma das ferramentas utilizadas para se eliminar ou ao menos reduzir essa divergência e aumentar a acurácia dos estoques é a realização de inventário. Inventário Entende-se por inventário a verificação de um grupo de itens de material existentes do ponto de vista físico e contábil. Acurácia Entende-se por acurácia de inventário a representação da porcentagem de itens que não apresentaram incorreções por ocasião da realização de um inventário em relação à quantidade total inventariada. Acurácia do estoque Em linhas gerais, a acurácia do estoque é o número de itens com contagem de quantidades corretas dividido pelo número de itens efetivamente contados. Acurácia (%) = (itens corretos/itens contados) x 100 Expressa o grau de confiabilidade da contagem física. Periodicamente, a acurácia será medida da seguinte forma: I - Determina-se numericamente uma amostra significativa do universo dos itens em estoque; II - Verifica-se a correção dos registros físicos e contábeis dessa amostra; III - Calcula-se a acurácia (%) = itens corretos/total da amostra. Diversas podem ser as causas da falta de acurácia dentre as quais podemos destacar: • Equívocos de cadastramentos de quantitativos dos itens; • Armazenamento inadequado; • Erros de contagem. LOGÍSTICA HOSPITALAR 195 Tipos de inventários Veja quais tipos de inventários existem: Inventário geral ou global É um processo que consiste no levantamento total dos itens existentes sob a guarda da organização em um período de tempo definido. É utilizado, usualmente, no fechamento contábil do exercício anual ou em inventários mensais/trimestrais para “fechamento” dos custos de produção. Exige um grande dispêndio de energia administrativa para a sua realização. Inventário periódico ou rotativo É o que consiste nos levantamentos rotativo, contínuo e seletivo dos materiais existentes em estoque. São realizados de acordo com uma programação de forma que todos os itens sejam verificados ao longo de um dado período detempo. Em um inventário rotativo, é escolhida uma pequena porção do inventário total para ser contada todos os dias, podendo essa escolha ser randômica ou semirrandômica, e, à medida que os erros são encontrados devem ser corrigidos. LOGÍSTICA HOSPITALAR 196 Finalidade dos inventários A realização de um inventário de qualquer tipo tem por finalidade: • O ajuste dos saldos escriturais com o saldo físico existente nas instalações de armazenagem; • A análise do desempenho das atividades do pessoal responsável pela armazenagem por meio dos resultados obtidos no levantamento físico; • A identificação de material ocioso, recuperável, antieconômico ou inservível existente em estoque ou em uso nas dependências; • O levantamento da situação dos materiais estocados quanto à preservação e à localização; • A identificação da necessidade de promoção de obtenção/destinação, nos casos de discrepância entre as posições física e contábil; • A verificação da efetividade dos processos de controle adotados; • A identificação da necessidade de apuração de responsabilidade nos casos de extravio de material e desleixo na conservação dos itens. Procedimentos A realização de um inventário envolverá, normalmente, as seguintes atividades básicas executadas pelos inventariantes: • Pesquisa das referências e aplicações dos itens; • Contagem dos itens; • Nova identificação das embalagens; • Informação do resultado da contagem; • Atualização dos bancos de dados, fichas de controle e afins. Atividade proposta Reflita sobre as principais consequências do não tratamento correto dos itens utilizados em unidades hospitalares, em se tratando de guarda e conservação. LOGÍSTICA HOSPITALAR 197 Por exemplo, pense nas consequências do acondicionamento incorreto de um medicamento. Chave de resposta: Obviamente, muitas são as consequências do não atendimento das regras gerais de guarda e conservação de itens em estoque. Em unidades hospitalares, isso ganha contornos ainda mais graves pelo uso habitual de uma grande quantidade de itens, como os medicamentos, por exemplo. Além do custo com perdas de validade, deterioração, furtos e afins, um medicamento fora das suas condições normais de utilização, se aplicado em um paciente, pode causar graves danos. Material complementar Para saber mais sobre a armazenagm de materiais e sobre alguns cuidados ao manusear e acondicionar o estoque, assista aos vídeos disponíveis em nossa galeria de vídeo. Referências BALLOU, R.H. Logística Empresarial: transporte, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 2011. BOWERSOX, D.; CLOSS, D. Logística Empresarial. São Paulo: Atlas, 2004. CHRISDTOPHER, M. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. São Paulo: Cengage Learning, 2009. FERREIRA, F. A. Administração de Material. Rio de Janeiro: CNI. MACHLINI, C.; BARBIERI, J. Logística Hospitalar. São Paulo: Saraiva, 2009. Exercícios de fixação Questão 1 LOGÍSTICA HOSPITALAR 198 Quando do recebimento de medicamentos e/ou itens médico-hospitalares, deve ser efetuada uma conferência dos dados que constam no documento fiscal de entrega com os dados que constam no pedido ao fornecedor. Nessa verificação, muito provavelmente, não confrontaremos: a) Aspectos físicos que necessitem de perícia ou exames químicos b) Quantidade recebida igual à quantidade solicitada c) Especificação do material recebido igual à solicitada d) Data de validade e) Indícios de violação na embalagem Questão 2 O almoxarifado de uma organização de saúde normalmente concentra materiais que possuem características peculiares de guarda e preservação, seja pelo risco de furto, para evitar sua deterioração ou contaminação. Dentre as opções a seguir assinale a que não deve ser adotada/implementada. a) Os materiais devem ser resguardados contra o furto ou roubo. b) Os materiais devem ser protegidos contra a ação dos perigos mecânicos e das ameaças climáticas, bem como de animais daninhos. c) O ambiente deve ser seco, sem infiltração de umidade pelas paredes ou goteiras no teto. d) Materiais obstruindo portas, corredores ou outros materiais. Questão 3 Dentre os objetivos das embalagens podemos destacar a proteção aos materiais, devendo elas serem resistentes o suficiente para suportar todo o processo de transferência e armazenagem. Nesse contexto, há alguns aspectos a serem considerados na seleção do tipo de embalagem – marque, dentre as opções a seguir, aquele que não se considera. a) A fragilidade do material b) A necessidade de resistência por parte da embalagem c) O volume e peso do material a ser embalado d) O fabricante da embalagem LOGÍSTICA HOSPITALAR 199 e) O custo das diversas alternativas Questão 4 Sobre os principais cuidados que devemos ter ao manusear e acondicionar os itens do estoque, foram feitas as seguintes afirmações: I - Os materiais não devem ser estocados em contato direto com o piso a fim de evitar contaminação. II - A disposição dos materiais não deve interferir no acesso às partes de emergência, aos extintores de incêndio ou à circulação de pessoal especializado para combater incêndio. III - Os materiais devem ser conservados nas embalagens originais e somente abertos quando houver necessidade de fornecimento parcelado ou por ocasião da utilização. Está(ão) correta(s): a) Somente I b) Somente II c) Somente I e III d) Somente II e III e) I, II e III Questão 5 Sabemos que “os materiais devem ser resguardados contra o furto ou roubo”. Assim sendo, podemos elencar alguns cuidados a serem observados, exceto: a) O controle de inventário do material. b) O controle de acesso ao local de guarda, com registro não só da movimentação dos materiais como também do fluxo de pessoas. c) A instalação de alarmes e sistema de monitoramento remoto. d) O controle de custos de procedimentos. e) A classificação ABC dos materiais. Questão 6 LOGÍSTICA HOSPITALAR 200 Bem inservível ou irrecuperável é aquele que não mais possa ser utilizado para o fim a que se destina em razão da inviabilidade de recuperação pela perda de suas características originais. Dentre as opções a seguir assinale a que não contempla uma dessas situações. a) Material contaminado por agentes patológicos, sem possibilidade de recuperação por assepsia. b) Material infestado por insetos nocivos, com risco para outro material. c) Material radioativo. d) Material de natureza tóxica ou venenosa, com risco de vida. e) Material com prazo de validade determinado pelo fabricante vencido. Questão 7 Sobre as finalidades dos inventários foram feitas as seguintes afirmações: I – Visam ao ajuste dos saldos escriturais com o saldo físico existente nas instalações de armazenagem. II – Visam à análise do desempenho das atividades do pessoal responsável pela armazenagem, por meio dos resultados obtidos no levantamento físico. III – Visam à identificação de material ocioso, recuperável, antieconômico ou inservível existente em estoque ou em uso nas dependências. Está(ão) correta(s): a) Somente I b) Somente II c) Somente I e III d) Somente II e III e) I, II e III Questão 8 Os bens patrimoniais representam todos os itens de material destinados aos serviços da organização, quer sejam de natureza consumidora, fornecedora, industrial, comercial ou de aquisição, independente da jurisdição do material. Sabemos que podem ser classificados de diversas formas. Quanto ao seuLOGÍSTICA HOSPITALAR 201 estado, o bem que, embora em perfeitas condições de uso, não esteja sendo aproveitado ou não tenha aplicação é chamado de: a) Inservível b) Ocioso c) Irrecuperável d) Antieconômico e) Recuperável Questão 9 A acurácia do estoque é o número de itens com contagem de quantidades corretas dividido pelo número de itens efetivamente contados. Diversas podem ser as causas da falta de acurácia dentre as quais podemos destacar, exceto: a) Erros de cadastramento b) Armazenamento inadequado c) Erro de contagem d) Erros de digitação e) Padronização dos itens Questão 10 Em face da grande diversidade de itens, o controle de estoque, por melhores que sejam os seus processos de controle da movimentação, possivelmente apresenta incorreções, resultando em divergência entre as posições física e contábil do material. Essa divergência, também conhecida como inconsistência, pode acarretar consequências desagradáveis às unidades hospitalares. Uma das ferramentas utilizadas para eliminar ou ao menos reduzir tal divergência e aumentar a acurácia dos estoques é o(a): a) Inventário b) Classificação ABC c) Gestão de projetos d) Previsão da demanda e) Giro do estoque LOGÍSTICA HOSPITALAR 202 Organolépticas: São características de uma substância que podem ser percebidas com nossos sentidos. Aula 8 Exercícios de fixação Questão 1 - A Justificativa: Como alguns itens necessitam de realização de testes, exames laboratoriais e afins, com uma verificação documental certamente não perceberemos discrepâncias. Questão 2 - D Justificativa: Os materiais armazenados não podem obstruir portas, corredores ou outros materiais. Além disso, devem existir em lugar visível as seguintes indicações: “Proibida a entrada de pessoas não autorizadas” e “Proibido fumar”. Questão 3 - D Justificativa: Salvo questões técnicas que possam restringir a escolha de fornecedores, a origem (fornecedor), em princípio, não é fator balizador para a seleção da embalagem. Todas as demais opções contemplam aspectos relevantes a serem considerados na seleção do tipo de embalagem. Questão 4 - E Justificativa: Como vimos na nossa aula, diversas são as preocupações que devemos ter por ocasião do trato com os itens a serem estocados/armazenados. Todas as opções contemplam ações e aspectos aos quais devemos atentar. LOGÍSTICA HOSPITALAR 203 Questão 5 - E Justificativa: Como já vimos em aulas anteriores, a classificação ABC destina-se à priorização dos itens de estoques, não se relacionando, diretamente, à segurança desses. Questão 6 - C Justificativa: Um material radioativo não é, necessariamente, um bem inservível. Ao contrário, um material contaminado por radioatividade, geralmente, é considerado um bem inservível ou irrecuperável. Questão 7 - E Justificativa: As afirmações são finalidades clássicas dos inventários; acrescente-se a essas: o levantamento da situação dos materiais estocados quanto à preservação e localização; a identificação da necessidade de promoção de obtenção/destinação nos casos de discrepância entre as posições física e contábil; a verificação da efetividade dos processos de controle adotados; e a identificação da necessidade de apuração de responsabilidade nos casos de extravio de material e desleixo na conservação dos itens. Questão 8 - B Justificativa: Enquadram-se nessa classificação: todo item de material não identificado que não possua um número de referência atribuído por um fabricante, fornecedor, órgão de governo ou sociedade classificadora ou uma descrição de características previamente estabelecida; todo item de material que, embora corretamente identificado, não pertença a um equipamento ou equipagem cadastrado e em uso; e todo item de material em estoque cuja quantidade seja superior aos níveis máximos estabelecidos por controle de material. Questão 9 - E Justificativa: Muito pelo contrário, a falta de um padrão é umas das principais causas da falta de acurácia dos estoques. LOGÍSTICA HOSPITALAR 204 Questão 10 - A Justificativa: Entende-se por inventário a verificação de um grupo de itens de material existentes, do ponto de vista físico e contábil. Como vimos na nossa aula, uma das finalidades dos inventários é o ajuste dos saldos escriturais com o saldo físico existente nas instalações de armazenagem. LOGÍSTICA HOSPITALAR 205 Eduardo de Moura é Bacharel em Ciências Navais com ênfase em Administração de Sistemas pela Escola Naval (RJ), com Mestrado em Administração Pública pela FGV-RJ e Pós-graduação em Gestão Empresarial pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Atua como Coordenador do MBA em Gestão de Projetos, nas modalidades a distância e presencial, e é Professor de diversas disciplinas na área de gestão, sendo também conteudista de algumas disciplinas de Graduação e Pós-graduação. Atuou como Chefe de Departamento de Compras do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro e como Vice-Diretor de órgão público federal na área de Educação Corporativa. Possui experiência de cerca de 5 anos gerenciando o apoio a hospital público que atende a indústria naval, com destaque para aquisições de suprimentos, contratações de serviços médico-hospitalares e de manutenção de equipamentos.