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Aula1 Apostila1 RCXZXJC14H

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Prévia do material em texto

SUMÁRIO
Sumário .................................................................................................................................1
Boas Vindas ...........................................................................................................................5
Considerações Gerais ............................................................................................................5
APRESENTAÇÃO PAULO BILYNSKYJ.....................................................................................5
APRESENTAÇÃO BEATRIZ PESTILLI......................................................................................7
APRESENTAÇÃO DO CURSO................................................................................................8
Qual a importância da criminologia na atualidade e porque a disciplina é tão explorada em concursos jurídicos? 8
Metodologia de curso ......................................................................................................13
O que nossas aulas abordarão?........................................................................................................................ 13
Questões........................................................................................................................................................... 14
Destaques a Legislação e Jurisprudência.......................................................................................................... 14
Resumos ........................................................................................................................................................... 15
Quais serão os formatos utilizados?................................................................................................................. 15
.PDF................................................................................................................................................................... 15
VIDEOAULAS ..................................................................................................................................................... 16
1 ?Considerações Iniciais....................................................................................................18
2 ? Introdução ao estudo das Escolas Criminológicas ........................................................18
3 ?Escola clássica (ou Criminológica clássica).....................................................................21
3.1 à?Surgimento da escola clássica ou clássica criminologia ........................................... 22
3.2 à?Escola clássica e o princípio da legalidade (reserva legal ou estrita legalidade) ....... 23
3.3 à?Principais referências da escola clássica ..................................................................23
3.4 à?Cesare Beccaria /Bonesana / Marquês de Beccaria ................................................ 24
a. A Obra: DOS DELITOS E DAS PENAS.............................................................................................................. 24
3.5 à?Francesco Carrara ...................................................................................................28
4 ?Escola positiva (Positivista, Criminologia Positiva ou Positivismo criminológico) ........30
4.1 à?Surgimento da Escola Positiva .................................................................................30
4.2 à?Principais referências da escola positiva: três mosqueteiros .................................... 31
4.2.1 à?Cesare Lombroso .................................................................................................................................. 32
a. Obra: O HOMEM DELINQUENTE ............................................................................................................... 33
ƒ Criminoso Nato ......................................................................................................................................... 34
ƒ Direito Penal de Autor .............................................................................................................................. 35
Aula 01
4.2.2 à?Enrico Ferri............................................................................................................................................ 35
a. Obra: SOCIOLOGIA CRIMINAL................................................................................................................... 36
4.2.3 à?Raffaele Garofalo .................................................................................................................................. 40
a. Obra: CRIMINOLOGIA ............................................................................................................................... 41
ƒ O tema em provas..................................................................................................................................... 41
5 - Terza Scuola ou Terceira Escola......................................................................................41
5.1 à?Principais referências da Terza Scuela: Carnevale, Alimena e Impallomeni .............. 42
6 ?Criminologia Interacionista: Labelling approach ...........................................................44
7 ?Escola de Chicago...........................................................................................................45
ƒ Delinquency área ...................................................................................................................................... 45
ƒ Inqueritos sociais à?Social Surveys............................................................................................................ 46
8 ?Escola Minimalista .........................................................................................................47
9 ?Escola Abolicionista .......................................................................................................48
10 ?Questões......................................................................................................................51
10.1 à?Lista de questões ...................................................................................................51
10.2 à?Gabarito ................................................................................................................68
10.3 à?Questões Comentadas...........................................................................................69
11 ?Destaques a legislação e jurisprudência......................................................................74
11.1 - Legislação ..............................................................................................................74
Art. 96 ao 99, CP ............................................................................................................................................... 74
Art. 6º, CP, ........................................................................................................................................................ 75
11.2 à?Jurisprudência .......................................................................................................76
Súmula 527 à?STJ .............................................................................................................................................. 76
12 ?Resumo ........................................................................................................................76
NOÇÕES GERAIS................................................................................................................................................ 76
Escola clássica (ou Criminológica clássica) ....................................................................................................... 79
Surgimento da escola clássica ou clássica criminologia ...................................................................................80
Escola clássica e o princípio da legalidade (reserva legal ou estrita legalidade) .............................................. 80
Principais referências da escola clássica........................................................................................................... 81
Cesare Beccaria /Bonesana / Marquês de Beccaria ........................................................................................ 81
A Obra: DOS DELITOS E DAS PENAS.................................................................................................................. 81
Francesco Carrara............................................................................................................................................. 85
Escola positiva (Positivista, Criminologia Positiva ou Positivismo criminológico)............................................ 86
Surgimento da Escola Positiva.......................................................................................................................... 86
Aula 01
Figura 1: Defensoria Pública de Minas Gerais
Querido amigo e Defensor Público,
Seja bem-vindo ao nosso Curso de Criminologia - pós edital, direcionado as provas de Defensor
Público de Minas Gerais.
Ah, quanto ao vocativo, não o estranhe. Você já é Defensor!
Aliás, você nasceu Defensor. Resta apenas o decurso do tempo.
Agora, Guerreiro, chegou a hora de viver esse sonho!
Por isso, LUTE PARA VENCER!
Meu desejo é que no dia da sua prova você seja o melhor colocado, porque só a vitória interessa a
nós. Aqui, não aceitamos o médio, temos a excelência como referencial! E você? Bem, você tem o
selo da excelência e da vitória a partir de agora, pois aqui, nós só treinamos vencedores.
É uma honra correr ao seu lado, nós acreditamos em você!
Paulo Bilynskyj e Beatriz Pestilli
Delegados de Polícia de SP e Professores
Aula 01
BOAS VINDAS
Olá Dr.,
Bem-Vindo (a)!
Voltamos com Criminologia para Defensor Público de Minas Gerais.
Lembrem-se de que vocês têm data marcada com a vitória, portanto, sejam elegantes: Sorria,
caminhem, façam atividades físicas e coloque a alegria no plano de estudo. Enquanto estiver lendo
e estudando este material, sejam sorridentes, é ele seu guia à vitória.
Respirem fundo e, se necessário, recomece. Recomece quantas vezes forem necessárias.
Nós acreditamos em você!
Paulo Bilynskyj e Beatriz Pestilli
Delegados de Polícia de SP e Professores
CONSIDERAÇÕES GERAIS
Inicialmente, queremos compartilhar nossa alegria em tê-lo conosco neste módulo. Nós, Profs.
Paulo Bilynskyj e Beatriz Pestilli, estamos felizes pela sua escolha. É um privilégio acompanhá-lo
nessa jornada, preparando-o para concursos jurídicos que exploram a disciplina de criminologia.
Somos Delegados de Polícia em São Paulo e concurso público é um assunto que falamos com
propriedade, pois já fizemos o mesmo percurso que você se encontra hoje.
Por isso, parabéns pela decisão! Aqui você encontrará tudo o que precisam para a aprovação.
Nós acreditamos em você, nós acreditamos no seu sonho!
Nas próximas linhas, falaremos um pouco sobre e nós e, em seguida, apresentaremos o nosso curso
e como ele se desenvolverá nos próximos dias.
Então vamos lá.
APRESENTAÇÃO PAULO BILYNSKYJ
Olá, Guerreiros (as),
Eu sou PAULO BILYNSKYJ, Delegado de Polícia no Estado de São Paulo. Atualmente, e com muito
orgulho, em exercício no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, Titular do 2º Grupo
Especial de Atendimento a Local de Crime.
Sou graduado em Direito pela Faculdade de Direito de Curitiba, e especialista em Criminologia,
Segurança Pública e Política Criminal.
Aula 01
Meu primeiro concurso público foi aos 12 anos, para o Colégio Militar de Curitiba. Lá tive a
oportunidade de servir ao Exército Brasileiro e de internalizar valores como PÁTRIA, HONRA,
DEVER e DISCIPLINA.
Apaixonei-me pela carreira de Delegado de Polícia no terceiro período de faculdade e, logo que
formei, iniciei minha preparação, alcançando a aprovação em meu primeiro concurso, em 2011,
para o cargo de Delegado de Polícia do Estado de São Paulo, aos 25 anos de idade, digo sempre:
- cada minuto de estudo valeu a pena e eu faria tudo de novo.
Dedico-me também à carreira de Professor aqui, no Estratégia Jurídico, lecionando as matérias
de Lei (s) de Organização da Polícia Civil, Medicina Legal e Criminologia. Nesta última, sendo
acompanhada pela Professora e também Delegada, Beatriz Pestilli.
Tenho também o privilégio de figurar como coautor de livros em parceria com colegas Doutores
e amigos de caminhadas. Destaco as obras:
2017 à?Editora: Questões Discursivas. Delegado de Polícia à?Questões Discursivas e Peças
Práticas Comentadas e Respondidas.
2018 à?Editora: Novo Século. Polícia Civil do Estado de São Paulo à?Concurso - Agente,
Escrivão, Investigador, Apostila Preparatória.
Por último, mas não menos importante, sou Consultor Técnico para Cinema e Televisão.
Como puderam perceber, entrei na esfera de concursos públicos há aproximadamente 18 anos e,
desde então, tenho auxiliado pessoas a realizar seus sonhos. Por isso, digo sempre: sou professor
por paixão!
Acredito sempre no melhor dos meus alunos e que a aprovação é questão de tempo, estratégia
e disciplina. Portanto, vamos à luta!
Deixarei abaixo meus contatos para quaisquer dúvidas ou sugestões. Terei prazer em orientá-los
da melhor forma possível nesta caminhada que estamos iniciando.
Bons estudos.
Aula 01
APRESENTAÇÃO BEATRIZ PESTILLI
Olá, Doutores (as)
Meu nome é BEATRIZ PESTILLI, também sou Delegada de Polícia no Estado de São Paulo.
Orgulhosamente, integro os quadros da Polícia Civil de São Paulo desde 1997, quando ingressei
na carreira de Investigadora de Polícia, permanecendo até 2012, ano em que avancei para o atual
cargo de Delegada de Polícia. Estes mais de vinte anos de experiência no trabalho policial me
permitem falar com desenvoltura sobre a realidade da nossa polícia judiciária estadual.
Nesse período, tive a oportunidade de participar de vários cursos, dentro e fora da instituição,
mas todos relacionados com nossa atividade fim; investigação criminal, tais como:
Cursos na Academia de Polícia de São Paulo:
Î Técnicas de Entrevista e Interrogatório;
Î Estratégias de PNL;
Î Psicologia Investigativa;
Î Gerenciamento de Crises (dentre outros).
Cursos na Secretaria Nacional de Segurança Pública:
Î Investigação Criminal;
Î Psicologia das Emergências;
Î Mediação de Conflitos (dentre outros).
Em 2014, fui aprovada em mais um concurso, dessa vez para Professora da ACADEMIA DE
POLÍCIA DE SÃO PAULO ?ACADEPOL. Lá tenho a honra de ministrar a disciplina de Perfilamento
Criminal - Unidade Docente III: Criminologia, além da oportunidade de ministras diversas aulas
e palestras sobre temas correlatos.
Sou GRADUADA em Direito pela UNIFIEO - Centro Universitário FIEO - em Osasco/SP (1999) e
também em Psicologia pela UNISA - Universidade Santo Amaro - em São Paulo/SP (2009), sendo
que ambas as graduações me acrescentaram muito conteúdo em diversas frentes de
conhecimento.
Possuo ainda duas pós-graduações que considero importantíssimas e pelas quais sou apaixonada.
A primeira, Especialização latu sensu em Direito Penal (2007), que me trouxe a possibilidade de
rever temas de direito de forma mais aprofundada. A segunda, e não menos importante, é
a Especialização latu sensu em Psicologia Investigativa - Criminal Profiling (2016), que me
acrescentou conhecimentos teóricos do universo da psicologia vinculados à prática de
investigação criminal. Com certeza, esta é, na minha opinião, a área de conhecimento mais
interessante do mundo.
Aula 01
Dedico-me também à carreira de Professora aqui, no Estratégia Jurídico, lecionando a disciplina
de Criminologia, com meu querido amigo Professor e Delegado, Paulo Bilynkyj.
Como puderam ver, tenho enorme experiência naárea policial e no ramo dos concursos.
Acredito que nossa missão é ajudá-lo nessa caminhada.
Acredito que este curso pode ser o melhor da sua vida, só depende de você
Então, coloque amor, disciplina e dedicação em tudo que fizer e o resultado só pode ser a
aprovação.
Nós só treinamos vencedores.
Deixarei abaixo meus contatos para quaisquer dúvidas ou sugestões. Será um prazer orientá-los
nesta caminhada.
APRESENTAÇÃO DO CURSO
Qual a importância da criminologia na atualidade e porque a disciplina é tão explorada em
concursos jurídicos?
A partir de agora, daremos início ao nosso curso de CRIMINOLOGIA voltado às provas objetivas de
carreiras jurídicas. Inicialmente, queremos deixá-lo a par da real importância do estudo da disciplina
e, em seguida, apresentaremos nossa metodologia de estudo.
É que ainda hoje, muitos candidatos não sabem o porquê devem se dedicar ao estudo da matéria.
Para muitos, a matéria não é tão atrativa quanto Direito Penal ou Processo Penal, por exemplo.
Para outra parcela de alunos, a matéria não é tão relevante.
Erro primário.
Percebemos que esse tipo de pensamento ainda representa a maioria dos candidatos às vagas de
concursos públicos, - esperamos que a partir de agora não mais -, porém, temos certeza que você
que é nosso aluno sairá desta aula convencido da importância da disciplina e terá uma nova
perspectiva com uma visão clara de todo conteúdo.
Aula 01
Nossa proposta aqui, neste módulo, é desmistificar a dificuldade da matéria, deixá-lo apto a
gabaritar toda e qualquer prova da disciplina e, sobretudo, fazer com que de fato se torne um
candidato estratégico e isso acontecerá na medida em que você entender que:
A sua prova não é um mestrado em direito penal, processo penal ou da matéria que
você é apaixonado. A sua prova é composta por DISCIPLINAS ESTRATÉGICAS, com um
número de QUESTÕES ESTRATÉGICAS, buscando aprovar CANDIDATOS ESTRATÉGICOS.
Entender isso é integrar o ranking dos melhores rapidamente.
Socialmente e culturalmente falando, podemos afirmar que a criminologia foi deixada de lado
enquanto as outras ciências que, dentro das ciências criminais, ganharam força e destaque.
A conclusão pode ser feita a partir de observações básicas e muito atuais. Quando encontramos
pessoas falando de VIOLÊNCIA URBANA, APARELHAMENTO DO CRIME ORGANIZADO à?tema que
ƚĞŵ ƐŝĚŽ ĚŝƐĐƵƚŝĚŽ Ğŵ ůĂƌŐĂ ĨƌĞƋƵġŶĐŝĂ à“Ğŵ ƚĞŵƉŽƐ ĚĞOPERAÇÃO LAVA-JATOà?-, crescimento
desajustado da CORRUPÇÃO e tantos outros assuntos inclusos na atual pauta social, é possível notar
que muitos manifestam, na maioria das vezes, uma visão crítica notadamente desprovida de
informações reais ou um respaldo minimamente fundamentado.
Com o crescimento e avanço da internet e, consequentemente, das redes sociais, essas opiniões dão
às pessoas a possibilidade de emitir opinião sobre todo e qualquer tipo de assunto. Discussão sobre
criminalidade então, é algo que está sempre em alta. Todo o mundo tem opinião, a maioria das
pessoas as lançam, quase sempre, nas redes sociais. O problema disso, como já dizia ZAFFARONI,
Diz-se que, atualmente, todos comentam sobrem futebol e violência, existindo milhares
de técnicos desse esporte, e, na mesma proporção, criminólogos1
Não é que alguém precise ser Doutor ou Mestre em qualquer tema para manifestar opinião, mas
um mínimo de fundamento nelas é imprescindível.
Não precisamos de uma análise profunda para perceber que a maioria das opiniões lançadas acerca
da criminalidade, por exemplo, (ou até mesmo dos recentes casos de rebelião que ocorreu nos
presídios Brasileiros, ou ainda, nas recentes e polêmicas decisões da Suprema Corte à?como no caso
destacado no Informativo nº 8602, m que se vedou o exercício de direito de greve a todos os policiais
civis e aos que atuem diretamente na área de segurança pública), são reproduções de comentários
prontos. (Vide jurisprudências sobre segurança pública em destaque no capítulo 5).
1 ZAFFARONI, Eugênio Raúl. A Questão Criminal; Rio de Janeiro: Revan, 2013.
2 Info 860: Policiais são proibidos de fazer greve. O exercício do direito de greve, sob qualquer
forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente
na área de segurança pública. É obrigatória a participação do Poder Público em mediação instaurada
pelos órgãos classistas das carreiras de segurança pública, nos termos do art. 165 do CPC, para
vocalização dos interesses da categoria. STF. Plenário. ARE 654432/GO, Rel. orig. Min. Edson Fachin,
red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 5/4/2017 - repercussão geral.
Aula 01
WĂƌĐĞůĂ ůĞŝŐĂ ĚĂ ƉŽƉƵůĂĕĆŽà? ƐŝŵƉůĞƐŵĞŶƚĞ ĂĐĞŝƚĂ Ğ ƌĞƉƌŽĚƵnj ƚĞdžƚŽƐ à“ďŽŶŝƚŽƐà?à? ƉŽƌĠŵà? ĚĞƐƉƌŽǀŝĚŽƐ
de teorias ou conceitos científicos e que empobrecem a percepção a respeito das causas reais dos
fenômenos delitivos, o que permite, uma fácil manipulação popular quando não um clamor social
desfundado e midiático.
A consequência?
Certamente, a aprovação de medidas meramente paliativas. Aquelas que servem para
absolutamente nada. É verdadeiramente o remédio que não cura, mas mitiga a doença. O resultado
disso gera o que a doutrina classifica como DIREITO PENAL SIMBÓLICO.
CLEBER MASSON3, nos explica:
A função simbólica é inerente à todas as leis, não dizendo respeito somente as de cunho penal. São aquelas que
não produzem efeitos externos, mas tão somente, na mente dos governantes e dos cidadãos.
É que no primeiro caso, acarreta aos governantes a sensação de terem feito algo para a proteção da
paz social. No outro, proporciona a falsa impressão de que a criminalidade está sob controle.
Masson, 4 ainda revela que, no âmbito penal, o simbolismo manifesta-se de forma comum, no que
ele chama de direito penal do terror que se verifica com a inflação legislativa do Direito Penal de
Emergência, criando-se exageradamente figuras penais desnecessárias, ou então, aumento
desproporcional e injustificado das penas em casos pontuais à?Hipertrofia do Direito Penal.
A título de exemplo, podemos citamos a criação da Lei 8.072/90 ?Lei de Crimes Hediondos. E aí
vŽĐġ ũĄ ƐĂďĞà? ŚĄ Ƶŵ ƌŽů ƚĂdžĂƚŝǀŽ ĚĞ ĐƌŝŵĞƐ ƋƵĞ ƐĆŽ ƉƵŶŝĚŽƐ ĐŽŵ à“Dh/dKà? ŽƵ ĐŽŵ à“D�/^ Z/'KZà? ƋƵĞ
os crimes ali não previstos.
O Legislador brasileiro da década de 90, tomado por uma ideia de Direito Penal Máximo5,
Movimento Lei e Ordem6 (Law and Order), bem como a Teoria das Janelas quebradas7 (Broken
3 MASSON, Cleber. Direito Penal - parte geral. 11ª. Edição. Revista atualizada e ampliada. Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017. Pg. 10.
4 MASSON, Cleber. Direito Penal - parte geral. 11ª. Edição. Revista atualizada e ampliada. Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017. Pg. 10.
5 O Direito Penal Máximo constitui justamente o oposto do Direito Penal Mínimo, e traz em si a ideia
de que o Direito Penal é a solução para todos os problemas existentes na sociedade. Por tal movimento,
o Direito Penal é o meio de controle social mais eficaz a restringir o direito à liberdade do ser humano,
devendo, portanto, ser a solução adotada em primeiro lugar. HABIB, Gabriel. Leis Penais Especiais.
10ª. Edição. Revista atualizada e ampliada. Salvador: Editora JusPodivm,2018. Pg. 470.
6 Movimento Lei e Ordem6 (Law and Order): movimento idealizado por Ralf Dahrendorf, que surgiu
como uma reação ao crescimento dos índices de criminalidade. Tal movimento baseia-se na ideia da
repressão, para o qual a pena se justifica por meio das ideias de retribuição e castigo. Os adeptos desse
movimento pregam que somente as leis severas, que imponham lingas penas privativas de liberdade ou
até mesmo a pena de morte, têm o condão de controlar e inibur a prática de delitos. Dessa forma, os
crimes de maior gravidade devem ser punidos com penas longas e severas, a serem cumpridas em
estabelecimentos prisionais de segurança máxima. Leis Penais Especiais. 10ª. Edição. Revista
atualizada e ampliada. Salvador: Editora JusPodivm,2018. Pg. 470.7 Teoria das Janelas quebradas7 (Broken Windowns Theory): Em 1982, o cientista político James Q.
Wilson e o psicólogo criminologista Geroge Kelling, ambos norte-americanos, criaram a The Broken
Windowns Theory, denominada no Brasil TEORIA DAS JANELAS QUEBRADAS. (...) essa teoria ganhou
esse nome em razão de seus autores utilizarem a imagem das janelas quebradas para explicá-la,
Aula 01
Windowns Theory), implantou um movimento de política criminal bastante severo como forma de
tentar diminuir a criminalidade. Para isso, criou tipos penais, aumentou penas para alguns crimes e
etc.8
O Direito Penal Máximo constitui justamente o oposto do Direito Penal Mínimo, e traz em si a ideia
de que o Direito Penal é a solução para todos os problemas existentes na sociedade. Por tal
movimento, o Direito Penal é o meio de controle social mais eficaz a restringir o direito à liberdade
do ser humano, devendo, portanto, ser a solução adotada em primeiro lugar.9
Movimento Lei e Ordem (Law and Order): movimento idealizado por Ralf Dahrendorf, que surgiu
como uma reação ao crescimento dos índices de criminalidade. Tal movimento baseia-se na ideia da
repressão, para o qual a pena se justifica por meio das ideias de retribuição e castigo. Os adeptos
desse movimento pregam que somente as leis severas, que imponham lingas penas privativas de
liberdade ou até mesmo a pena de morte, têm o condão de controlar e inibir a prática de delitos.
Dessa forma, os crimes de maior gravidade devem ser punidos com penas longas e severas, a serem
cumpridas em estabelecimentos prisionais de segurança máxima. Leis Penais Especiais. 10ª. Edição.
Revista atualizada e ampliada. Salvador: Editora JusPodivm,2018. Pg. 470.
Trabalharemos de forma aprofundada todas essas teorias ao longo do curso, por ora, a título de
exemplo, citamos o crime de porte ou a posse de arma de fogo de uso restrito (art. 1º, Parágrafo
único, Lei 8072/90),. Quem porta ou mantém em sua posse armas, cujo uso é restrito do EB, terá
sua pena fixada em patamar mais alto que quem porta ou tem a posse de arma cujo uso não é
restrito.10 Além disso, para que esse indivíduo alcance eventual progressão de regime, deverá
cumprir 2/5 da pena, se réu primário e 3/5 se reincidente.
Agora, te fazemos um convite a reflexão: Pense conosco!
Indivíduos que portam fuzis ou que desfilam com
armamentos de última geração, com tecnologia israelense,
de fato estão preocupados com o rigor ou com a
aplicabilidade da lei 8.072/90?
Acaso, deixariam de portar seus instrumentos utilizados para enfrentar o sistema de Segurança
Pública e causar guerra entre as favelas do Rio de Janeiro, por exemplo?
estabelecendo relação de causalidade entre a desordem e a criminalidade. Segundos tais autores, se
apenas uma janela de um prédio fosse quebrada, e não fosse imediatamente consertada, as pessoas que
passassem no local e vissem que a janela não havia sido consertada concluiriam que ninguém se
importava com isso, e em curto espaço de tempo todas as demais janelas também estariam quebradas.
Uma janela quebrada, mas que não é consertada, é sinal de que ninguém cuida e, portanto, não custa
quebrar mais janela.
8 HABIB, Gabriel. Leis Penais Especiais. 10ª. Edição. Revista atualizada e ampliada. Salvador: Editora
JusPodivm,2018. Pg. 470.
9 HABIB, Gabriel. Leis Penais Especiais. 10ª. Edição. Revista atualizada e ampliada. Salvador: Editora
JusPodivm, 2018. Pg. 470.
10 Art. 16 do R-105 ± define as armas de uso restrito.
Aula 01
Deixariam também utilizar esse tipo de armamento para assegurar que a lei não seja cumprida e que
a Polícia à“ĞƐƚŽƵƌĞà? ĐĂƚŝǀĞŝƌŽƐ ŝŶƚĞƌƌŽŵƉĂ Ž ƚƌĄĨŝĐŽ ĚĞ ĚƌŽŐĂƐ ŶĂƐ ĨĂǀĞůĂƐ �ƌĂƐŝů Ă ĨŽƌĂà?
Aliás, qual a relevância ou impacto da 8.072, para a decisão do assassino que matou integrantes dos
órgãos de segurança11 pública, em razão da função exercida, ou seus familiares? Acaso ele deixou
de cometer o assassinato porque lei previu punição que sua progressão de regime será de 2/5 e não
de 1/6?
Entendemos que não. Para nós, os efeitos e reflexos legislativos nesses casos, são muito mais no
sentido de satisfazer um clamor público que pede por uma solução, - o que, na maioria das vezes,
se traduz no encarceramento do indivíduo delinquente como a mais eficaz solução para a violência
ou crimes que acometem a sociedade, à?do que, de fato, atingir o cerne do problema com soluções
reais.
Como defendido por Ney Moura Teles12:
Querer combater a criminalidade com o Direito Penal é querer eliminar a ŝŶĨĞĐĕĆŽ ĐŽŵ ĂŶĂůŐĠƐŝĐŽà?
É que o crime só pode ser combatido por instrumentos que possibilitam a apuração da visão crítica
e científica dos que se propõe a analisar o problema da delinquência, Guerreiros.
E é por isso que o estudo da criminologia é tão importante, além de necessário.
Nos posicionamos com a melhor doutrina, no sentido de que o desenvolvimento desses fenômenos
criminais, como ampliação dos crimes de colarinhos brancos, a violência urbana, crescimento da
população carcerária, caos nos estabelecimentos penais, aumento nos índices de prisões de
mulheres, crimes de cunho sexuais, grande incidência de crimes contra saúde pública entre outros,
são motivos que justificam o destaque da criminologia, como ciência que pode dar respostas
detalhadas a esses problemas, é ela que analisa os fatores que justificam o cenário atual.
No entanto, não se pode confundir, já que a linha é tênue.
A criminologia não se propõe a punir o transgressor, isso cumpre ao Direito Penal. Tampouco se
destina a definir os procedimentos acertados de persecução penal durante fases, seja de
investigação, seja na ação processual, para isso, temos o Processo Penal. À criminologia deixamos a
o diagnóstico de entender o contexto da prática delituosa, analisando o contexto social de justiça
criminal, a pessoa do delinquente, a vítima, o controle social e até mesmo o reflexo da lei penal na
sociedade.
Bem, como perceberam, a matéria é extremamente relevante. E é
com subsídio nestas razões que a matéria tem sido tão cobrada em
concursos públicos. Extrair a visão crítico-jurídica dos candidatos,
a partir de noções gerais da disciplina, de suas potencialidades e
ferramentas conceituais, exigindo deles a diferenciação entre
11 13.142/2015 alterou o Código Penal e a Lei de Crimes Hediondos: O homicídio cometido contra
integrantes dos órgãos de segurança pública, ou contra seus familiares, passa a ser considerado como
homicídio qualificado, se o delito tiver relação com a função exercida.
12 TELES, Ney Moura. Direito Penal ± parte geral. São Paulo: Atlas, 2004. V. 1, p.46.
Aula 01
conhecimento técnico e científico, é, sem dúvida, muito inteligente e estratégico. Nesse caso,
integra o pódio aqueles que estão minimamente preparados.
É por essas razões que desenvolvemos este CURSO DE CRIMINOLOGIA. Um curso teórico com
esquemas, doutrinas, jurisprudências e destaques para polêmicas ações judiciais que envolvem
temas relevantes e que, atualmente, tramitam no Supremo Tribunal Federal, e que, nos últimos
anos, têm sido cobradas como jurisprudência na maioria das provas.
Além disso, atenção especial será destinada às tendências das bancas, aos assuntos mais cobrados
e mais CAUSAM CONFUSÕES quando o assunto é EVOLUÇÃO DAS IDEIAS CRIMINOLÓGICAS,
ESCOLAS PENAIS, dentre outros. Por essa razão, também destacaremos os posicionamentos
doutrinários divergentes, bem como as teorias e sucessivas revogações e alterações legislativas
que, certamente, serão cobradas em provas futuras.
Dentro dessa proposta metodológica, também observaremos, de forma concomitante, conceitos
indispensáveis fornecidos por outros ramos do direito, a exemplo, pelo Direito Constitucional,
Direito Processual, Direito Penal, Legislação Especial, enfim, utilizaremos todas as legislações
pertinentes e disponíveis à nós.
Por fim, é importante destacar que, todos os assuntos aqui abordados, serão tratados para atender
tanto àquele que estáiniciando os estudos como àquele que está estudando há mais tempo.
Sendo assim, apresentamos a você os aspectos gerais da matéria e os impactos em provas de
concursos.
METODOLOGIA DE CURSO
O que nossas aulas abordarão?
Doutores (as),
Nossas aulas foram elaboradas com informações que entendemos ser a mais apropriada para a
preparação de concursos públicos. Nesse contexto, nossas aulas levarão em consideração as
ƐĞŐƵŝŶƚĞƐ à“ĨŽŶƚĞƐà?à? ŽƵ ƐĞũĂà? ƐƵďƐşĚŝŽƐ Ă ƉĂƌƚŝƌ ĚŽƐ ƋƵĂŝƐo nosso curso será estruturado, a partir do
seguinte alvo sinóptico da aprovação:
Alvo Sinóptico da Aprovação
Aula 01
Resumos
Ao final de cada aula também disponibilizamos um resumo dos principais aspectos estudados ao
longo da aula. Nossa sugestão é que esse resumo seja estudado sempre previamente ao início da
ĂƵůĂ ƐĞŐƵŝŶƚĞà? ĐŽŵŽ ĨŽƌŵĂ ĚĞ à“ƌĞĨƌĞƐĐĂƌà? Ă ŵĞŵſƌŝĂà?
Além disso, é fundamental, a cada ciclo de estudos retomar esses resumos. Caso encontrem
dificuldade em compreender alguma informação, não deixem de retornar à aula.
Quais serão os formatos utilizados?
Destacamos que ao criar nossa proposta metodológica, não nos preocupamos apenas em
estabelecer a metodologia que entendemos a mais apropriada para a sua preparação, mas foi
importante também definir o formato de disponibilização mais adequado para o nosso curso.
Nesse contexto, destacamos que nossos cursos possuem formato: PDF além das Videoaulas.
.PDF
Nossas aulas em .pdf têm por característica essencial a didática. Ao contrário do que encontraremos
na Lei Seca ou nos manuais doutrinários. Por esta razão, nosso curso todo se desenvolverá com uma
leitura de fácil compreensão e assimilação.
Atenção, isso não significa que o módulo será abordado com superficialidade. Ao contrário,
desenvolveremos mapas mentais, macetes, esquemas, gráficos, resumo, questões e tudo que for
necessário para dar destaque à Lei Seca e a Doutrina de forma otimizada, evidenciando sempre,
diferenças tênues entre conceitos que podem gerar confusão entre os candidatos e que são,
exaustivamente, cobrados em provas de concursos públicos.
Logo, repetimos: os assuntos serão aprofundados!
EŽƐƐĂ ƉƌĞƚĞŶƐĆŽ Ġ à“ĐŚĂŵĂƌ Ă ĂƚĞŶĕĆŽà? ƉĂƌĂ ĂƐ ŝŶĨŽƌŵĂĕƁĞƐ ƋƵĞ ƌĞĂůŵĞŶƚĞ ŝŵƉŽƌƚĂŵà? �Žŵ ĞƐƐĂ
estrutura e proposta, pretendemos conferir segurança e tranquilidade para uma preparação
completa, SEM NECESSIDADE DE RECURSO A OUTROS MATERIAIS DIDÁTICOS.
Finalmente, vale dizer que um dos instrumentos mais relevantes para o estudo em .pdf é o contato
direto e pessoal com o Professor. Por isso, além do nosso
fórum de dúvidas, estamos disponíveis por e-mail e,
eventualmente, pelo Instagram e Facebook.
Não é demais repetir que nossas redes sociais já foram
disponibilizadas nas primeiras páginas deste material.
Aula 01
Aluno nosso não vai para a prova com dúvida!
É importante compreender que, por vezes, ao ler o material surgem incompreensões, dúvidas,
curiosidade, nesses casos basta nos escrever. Assim que possível, responderemos a todas as dúvidas.
É notável a evolução dos alunos que levam a sério nossa metodologia.
VIDEOAULAS
Merecem menção nossas videoaulas!
Essas aulas destinam-se a complementar a preparação quando estiver cansado do estudo ativo
(leitura e resolução de questões) ou até mesmo para fazer a revisão. Por isso, você disporá de um
conjunto de vídeos para assistir como quiser, podendo assistir on-line ou baixar os arquivos.
Com outra didática, você disporá de um conteúdo complementar para a sua preparação. Ao
contrário do PDF, evidentemente, AS VIDEOAULAS NÃO ATENDEM A TODOS OS PONTOS QUE
VAMOS ANALISAR NOS PDFS, NOSSOS MANUAIS ELETRÔNICOS.
Por vezes, haverá aulas com vários vídeos; outras que terão videoaulas apenas em parte do
conteúdo; e outras, ainda, que não conterão vídeos. Nosso foco é, sempre, o estudo ativo! Não
obstante, será o material mais completo em PDF e vídeo do mercado.
Ainda no que se refere aos vídeos, serão disponibilizados os QRCODE. Ao longo da aula você
encontrará alguns códigos para acessar pequenos vídeos exclusivos que versam de alguns pontos da
matéria. Vamos tratar de pontos difíceis, complexos, que geram dúvidas ao longo do estudo teórico
da disciplina. Com isso, você terá à disposição mais um instrumento para que a sua preparação seja
a mais completa! Acredito que você irá gostar! Vamos fazer um teste?!
De forma resumida, significa dizer que nosso módulo será estruturado da seguinte forma:
Aula 01
1 ?CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Guerreiros,
Vocês já sabem, mas não custa lembrar que nossas aulas são completamente concentradas em seu
edital.
Por esta razão, ao longo desta aula utilizaremos inúmeras citações de doutrinadores consagrados.
Dentre eles, destacamos em especial as bibliografias do Mestre e Prof. Eduardo Viana e também do
Mestre José Cesar Naves de Lima Júnior. Nos apoiaremos também em doutrinas mais resumidas
como a dos Professores Eduardo Fontes, Henrique Hoffmann, Natacha Alves de Oliveira, além da
clássica e moderna doutrina escrita por Christiano Gonzaga, entre outros doutrinadores.
Isso é feito com proposito único: trazer a vocês as diversas correntes existentes além dos
posicionamentos adotados pelas Bancas Examinadoras (que podem ser divergentes). O estudo
dessa parte é totalmente teórico e conceitual, afinal, são diversas as correntes de pensamentos que,
ao longo da História, moldaram a criminologia e o próprio direito.
Portanto, aproveite o curso e atente-se aos destaques.
2 ? INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS
Guerreiros (as),
Para facilitar o estudo sobre as Escolas Criminológicas, é importante ter em mente algumas facetas
a fim de facilitar a compreensão, entender de uma vez por todas o assunto e fixar o conteúdo.
A primeira faceta é que escolas em geral à?quaisquer delas -à? ƚĞŵ ĐŽŵŽ ĨƵŶĕĆŽ à“ĞŶƐŝŶĂƌà? ůĞǀĂƌ
conŚĞĐŝŵĞŶƚŽ ĂĐĞƌĐĂ ĚĞ ƚĞŽƌŝĂƐ Ğ ĐŽŶĐĞŝƚŽƐ ĂĚŽƚĂĚŽƐ ŶŽ ŵƵŶĚŽ Ă ĨŽƌĂà?à? EŽ ĚŝĐŝŽŶĄƌŝŽ13 aparece
ĐŽŵŽ à“�ŽŶũƵŶƚŽ ĨŽƌŵĂĚŽ ƉĞůŽ ƉƌŽĨĞƐƐŽƌ Ğ ƉĞůŽƐ ĚŝƐĐşƉƵůŽƐà? ŽƵ �ƐƚĂďĞůĞĐŝŵĞŶƚŽ ĚĞ ĞŶƐŝŶŽ Ğ ĂƚĠ
mesmo Processos seguidos pelos grandes mestres.
E aqui na criminologia não é diferente. Assim como na atualidade inúmeras escolas são criadas a
fim de atender a demandas propostas na criminologia ocorre o mesmo. São várias escolas, sendo
que a finalidade de cada uma é, sem dúvidas, intuitiva.
É que, se estamos diante de uma disciplina que estuda de forma ampla os aspectos do crime, por
óbvio as escolas trazidas pela matéria, chamadas de Escolas Criminológicas, reunirão os
posicionamentos influentes e dotados de relevância para atualidade, acerca da criminalidade.
Assim, significa dizer que elas resumem as correntes de pensamentos que envolvem os fenômenos
do crime.
13 "escola", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013,
https://dicionario.priberam.org/escola [consultado em 17-12-2018].
Aula 01
As Escolas Criminológicas (ou Escolas Penais), resumem as correntes de pensamento
acerca dos problemas que envolvem o fenômeno da criminalidade14.
A segunda faceta é que, consequentemente, cada escola vai estar ligada à realidade cultural da
época sobre os aspectos criminológicos. Noutras palavras, as Escolas Criminológicas sempre estão
vinculadas à evolução da criminologia enquanto ciência.
Cada Escola Criminológica corresponde à evolução da criminologia enquanto ciência, de
sua época.
A terceira faceta é que se é correta a firmação de que as Escolas Criminológicas resumem
pensamentos, também é intuitivo que pensamentos quase nunca são idênticos. É o que chamamos
de divergências ideológicas. É exatamente nesse ponto que começam a surgir as teorias (pois
representam ideias, pensamentos.). Por esta razão, é muito importante destacar que a divergência
mais importante está concentrada entre as Escolas: CLÁSSICAS e POSITIVA. E o a polêmica ficou
conhecida como LUTA DE ESCOLAS.
Não significa dizer que não há outras divergências, masque as principais ou mais cobradas em provas
estão concentradas entre a discussão dessas duas escolas. O tema é tão relevante que a divergência
de pensamentos
As divergências mais importantes estão concentradas entre as Escolas: CLÁSSICAS e
POSITIVA. A divergência concentrava-se em torno dos métodos adotados para estudar o
fenômeno da criminologia e ficou conhecida como LUTA DAS ESCOLAS.
De forma resumida, pois veremos isso no tópico específico de cada escola, a discussão foi polarizada
porque, enquanto a escola CLÁSSICA utilizava para compreender os fenômenos criminais o MÉTODO
DEDUTIVO, formal e abstrato, a ESCOLA POSITIVA se valia do método empírico e indutivo.
Assim:
14 FONTES, Eduardo & HOFFAMANN Henrique. Criminologia. 1ª. Edição. 2ª. tir.:ago/2018. Salvador:
Editora JusPodivm, 2018. p. 79.
Aula 01
de ciências normativas minoritárias, como Ética e Direito, frise-se, sem qualquer definição de ciência
autônomo.
Fechado o parêntese, vale esclarecer os impactos realizados por essa escola no âmbito da
criminologia.
3.1 ?SURGIMENTO DA ESCOLA CLÁSSICA OU CLÁSSICA CRIMINOLOGIA
� �ƐĐŽůĂ à“�ůĄƐƐŝĐĂà? ĨŽŝ ĚĞƐĞŶǀŽůǀŝĚĂ ƉĞũŽƌĂƚŝǀĂŵĞŶƚĞ ƉĞůŽƐ ƉŽƐŝƚŝǀŝƐƚĂƐ Ğŵ ƌĂnjĆŽ ĚĂ ĚŝǀĞƌŐġŶĐŝĂ ĚĞ
pensamentos sobre os conceitos estruturais do Direito Penal16.
Portanto, a Escola Clássica nasce entre o final do Século XVIII e a metade do Sec. XIX, como reação
ao totalitarismo do estado Absolutista, filiando-se ao movimento revolucionário e libertário do
absolutismo. Viva-se o Século das Luzes17.
Durante o Iluminismo, momento histórico em que imperavam a razão, a liberdade e o humanismo,
foi responsável por sistematizar a problemática do CRIME e, para isso, a criminologia clássica o
escolhe como seu objeto de estudo. Consequentemente, permitiu por isso e a partir disso, que a
criminologia fosse então chamada de ciência autônoma.
Note que a Escola surge sob influência de um movimento cultural, logo, não seria precipitado afirmar
que os estúdios daquela época imprimiam uma linha mais proporcional e humanística àqueles que
cometessem crime. Assim, naquela época em que predominada o período inquisitivo as teorias que
possibilitavam o afastamento de desgosto para um criminoso, ganhava muito espaço. A ideia era
que não era ideal impor ao criminoso um sofrimento desproporcional, mas devia-se buscar uma
pena como forma de exemplo para evitar que outros delinquissem.
O discurso não nos parece estranho, ũĄ ƋƵĞ Ğŵ ƌĞĨĞƌġŶĐŝĂ ĂŽ ŝůƵŵŝŶŝƐŵŽà? Ž ĐŽŶŚĞĐŝĚŽ à“Século das
Luzesà?à?ƚŝŶŚĂ ĐŽŵŽ ůĞŵĂ Ž tratamento mais humano ao homem que vive em sociedade, já que
este, cede parcela de sua liberdade para viver em sociedade, J. J. Rousseau (1712-1778), em sua
obra O Contrato Social. Noutras palavras significa que o homem precisava ser tratado como pessoa,
não coisa, sob pena de coisificação do homem.
A partir dessa realidade, inúmeros pensadores adeptos à essa ideia humanística vão surgindo, se
destacando e contribuindo, consequentemente para a formação da Escola Clássica, a título de
exemplo, podemos citar: Beccaria (1794), Fransceso Carrara (1859), Carmignani(1847), Rossi(1859),
outros famosos que também compuseram os ideais da Escola Clássica foram: Mittermaier e
Birkmeyer, Ortolan, Tissot, F. Pacheco e J. Montes.
16 MASSON, Cleber. Direito Penal - parte geral. 11ª. Edição. Revista atualizada e ampliada. Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017. Pg. 90.
17 MASSON, Cleber. Direito Penal - parte geral. 11ª. Edição. Revista atualizada e ampliada. Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017. Pg. 90.
Aula 01
3.2 ESCOLA CLÁSSICA E O PRINCÍPIO DA LEGALIDADE (RESERVA LEGAL OU ESTRITA
LEGALIDADE)
O Princípio da Legalidade (Hoje adotado no art. 5º XXXIX, da nossa CR/88 e art. 1º do Código Penal),
foi observado pela Escola Clássica.
Daí, vale lembrar que o princípio preceitua basicamente, a exclusividade da lei, para a criação de
delitos. Isso significa que não há crime sei lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal, ou ainda:
NULLUM CRIMEN NULLA POENA SINE LEGE
Porquanto se imprimiu de forma sistematizada, exatamente essa ideia de nullum crimen, nulla
poena sine praevia lege (nulo o crime e nula a pena sem lei anterior).
Tendo em vista o período anterior de trevas por que passou a humanidade (Inquisição), quando
vigoravam leis incertas e vagas, com especial destaque para a crítica feita por Franz Kafka (1883-
1924), no livro O processo, para os processos incertos, inquisitórios e baseado em leis imprecisas,
era necessário que houvesse uma guinada para o pensamento humanista e com exigência de leis
claras para a punição de alguém. (Pablos de Molina, Criminologia, p. 102)
Nota-se então que a chamada Criminologia Clássica passa a fazer devoção ao princípio da
Legalidade, o que, de acordo com a doutrina, pode ser considerada a Grande Contribuição para os
estudos criminológicos.
Contudo, não é demais ressaltar que, tendo em vista essa devoção pela lei, a Criminologia Clássica
não se preocupava em estudar os fatores que criam o crime e o criminoso, mas apenas estudava o
crime enquanto ente definido abstratamente pela lei penal. Noutras palavras, a sua preocupação
era com o chamado método lógico-abstrato ou dedutivo, sendo despiciendo o estudo das causas
da criminalidade. (Pablos de Molina, Criminologia, p. 102)
3.3 ?PRINCIPAIS REFERÊNCIAS DA ESCOLA CLÁSSICA
Destacaram-se como principais referências da Escola Clássica dois grandes nomes, quais sejam:
1. Cesare Beccaria/Bonesana / Marquês de Beccaria
2. Francesco Carrara
Não é demais lembrar que estes são os principais nomes da Escola Clássica. Como dissemos outra,
surgem inúmeros pensadores adeptos à ideia humanística, como: Carmignani(1847), Rossi(1859),
Aula 01
outros famosos que também compuseram os ideais da Escola Clássica foram: Mittermaier e
Birkmeyer, Ortolan, Tissot, F. Pacheco e J. Montes.
Passaremos agora à análise dos principais nomes.
3.4 ?CESARE BECCARIA /BONESANA / MARQUÊS DE BECCARIA
Importante pensador que contribuiu para que os fundamentos da Escola Clássica fossem erguidos
foi Cesare Beccaria também conhecido como o Marquês de Beccaria (1738-1794). Foi sobre seus
estudos que a Escola Clássica fora formatada.
Beccaria nasceu em 1934, na Itália e tinha formação na área de economia. É classificado pela
doutrina brasileira18 ĐŽŵŽ à“ŝŵƉŽƌƚĂŶƚĞ ŚƵŵĂŶŝƐƚĂ ƉƌĞŽĐƵƉĂĚŽ ĐŽŵ ƉƌŽďůĞŵĂƐ ƌĞůĂĐŝŽŶĂĚŽƐ ĂŽƐ
ĐƌŝŵĞƐ Ğ ƐƵĂ ŝŶĐŝĚġŶĐŝĂà?à?
O Marquês pertenceu ao círculo de amizade do aristocrata milanês Pietro Verri. Verri, percorreu
toda a Europa e, por essa razão, teve papel decisivo na difusão de pensamentos iluministas
ventiladas por Monstesquieu, Hobbes, Diderot, Helvétius, dentro outros, exercendo,
consequentemente, grande influência sobre Beccaria.
Em 1764, publicou a obra - ƋƵĞ Ž ĨĂƌŝĂ ĐŽŶƐĂŐƌĂĚŽ Ğ ƌĞŶŽŵĂĚŽàP à“Dos delitos e dĂƐ�ƉĞŶĂƐ ?.
a. A Obra: DOS DELITOS E DAS PENAS
Em 1764, publicou a obra - ƋƵĞ Ž ĨĂƌŝĂ ĐŽŶƐĂŐƌĂĚŽ Ğ ƌĞŶŽŵĂĚŽàP à“�ŽƐ�ĚĞůŝƚŽƐ�Ğ�ĚĂƐ�ƉĞŶĂƐ ?.
A obra foi tão impactante que permanece no rol de Leituras obrigatórias até os dias atuais. Beccaria
posicionava-se contra os abusos praticados a título de sanção penal, provocando, portanto, uma
nova reflexão sobre o jus puniendi. Veja o trecho pertinente de sua obra:
Não houve um que se erguesse, senão fracamente, contra a barbárie das penas que estão em uso em nossos tribunais. Não
houve quem se ocupasse em reformar a irregularidade dos processos criminais, essa parte da legislação tão importante
quão pouco cuidada em toda a Europa. Pouquíssimas vezes procurou o desarraigar, em seus fundamentos, as series de erro
acumulados há muitos séculos; e raras pessoas procuram reprimir, pela força da verdade estáveis, os abusos de um poder
limitado, e extirpar os exemplos bem comuns dessa fria atrocidade que os homens poderosos julgam um de seus direitos19.
Foi exatamente esse discurso com posicionamentos contra injustiça e contraexageros penais
revelados através desse livro, que fez de Beccaria um dos primeiros pensadores a demonstrar
preocupação com a aplicação efetiva dos direitos humanos.
Noutras palavras, o pensador defendia que que o CRIME devia ser COMBATIDO com uma PENA
PROPORCIONAL ao mal causado pelo criminoso, sem visar APENAS o seu sofrimento. As penas não
18 FONTES, Eduardo & HOFFAMANN Henrique. Criminologia. 1ª. Edição. 2ª. tir.:ago/2018. Salvador:
Editora JusPodivm, 2018. p. 86.
19 BECCARIA, Cesare. Dos delitos e das penas. Curitiba> Ed. Humus, 2000. p. 12.
Aula 01
deviam ser excessivamente elevadas nem extremamente brandas, mas o que deve existir é a certeza
da punição.
BECCARIA: crime -> Combatido -> Pena proporcional ao mal causado pelo criminoso.
Mas não é só isso. Em sua obra, Cesare Bonesana também defendeu com veemência ideias sobre a
própria origem do direito de punir: a liberdade. Daí porque, seu livro se tornou o convite à uma
nova forma de pensar.
Nesse sentido, destacamos 03 (três) relevantes pontos abordados em sua obra:
Î Princípio da Legalidade ou estrita legalidade na cominação das penas e vedação da
livre interpretação judicial da lei;
ÎDifusão das leis e amplo acesso ao seu conhecimento;
ÎProporcionalidade das penas;
ÎPublicidade do processo e o valor das provas;
Sobre o tema, tecemos as seguintes notas:
Princípio da Legalidade ou estrita legalidade na cominação das penas e vedação da livre
interpretação judicial da lei: defende a tipificação da conduta criminosa afirmando que
tanto as condutas como as penas a elas aplicáveis devem ser definidas segunda um
critério. Nesse caso, deve-se tipificar a conduta e não a intenção da conduta (criando
espaço para tese do Direito Penal do fato).
Note que a tese defendida por ele, é objeto de adoção hoje na nossa legislação. Significa que
adotamos o posicionamento principiológico no qual somente a lei pode fixar penas ao réu, e a
competência para cria-las cabe unicamente ao representante legitimo do povo, unido por um
pacto social, o legislador. Noutras palavras, significa dizer que não cabe, por exemplo, ao juiz impor
uma pena (Beccaria fala em castigo), diverso daquele previsto em lei sob pena de, de acordo com o
Marquês, incorrer em violação à manifestação do conjunto de vontades da sociedade
consubstanciando no texto legal.
Proporcionalidade das penas: a crueldade excessiva, de uma pena incerta e eventual não
tem condão de ser eficaz, ao contrário daquele castigo menos intenso e mais eficaz. Esse
sim, tem condão de afastar o indivíduo de seu intento criminoso.
Aula 01
Nesse sentido, a ideia é a de que uma pena que vem a ser aplicada intempestivamente não consolida
o espírito popular a associação entre crime e castigo, necessária para a dissuasão dos que se inclinam
à prática delituosa20.
Publicidade do processo e o valor das provas: nesse ponto, Beccaria defende que o
processo e as provas devem ser abertos ao escrutínio popular, como forma de reconhecer
que a opinião pública é importante instrumento de controle social.
Neste caso, o reflexo é que a adoção desse tipo de publicidade gera no povo a percepção de que o
aparato legal, por intermédio do processo legal são as garantias que se contrapõem aos excessos do
Estado.
Guerreiros, notem que a ausência de um tratamento isonômico e humano ao delinquente, provocou
a partir do Marquês a reforma de um sistema penal, incluindo um direito penal, procedimentos e
a justiça criminal21.
De forma resumida, podemos afirmar que são algumas de suas ideias transmitidas a partir de seu
livro:
20 FONTES, Eduardo & HOFFAMANN Henrique. Criminologia. 1ª. Edição. 2ª. tir.:ago/2018. Salvador:
Editora JusPodivm, 2018. p. 85.
21 FONTES, Eduardo & HOFFAMANN Henrique. Criminologia. 1ª. Edição. 2ª. tir.:ago/2018. Salvador:
Editora JusPodivm, 2018. p. 86.
Aula 01
Ainda nesse campo na racionalidade, Carrara retirava-se de forma gradativa da mera legalidade,
ponto central da análise de Beccaria (Na Escola Positivista, perceberá o estudioso da Criminologia
que se aproveitará o pensamento mais investigativo de ente criminoso enquanto violação jurídica e
será feita uma extensão de suas ideias, mas no campo pragmático e do paradigma etiológico.23
Nesse sentido, afirmava-se ainda que o ser humano era detentor do chamado livre-arbítrio,
escolhendo praticar o crime com base na liberdade que possui sendo a pena a imposição legal de
algo àquele que desobedeceu ao positivado na lei penal. Mera retribuição exemplar para quem
delinquiu. Noutras palavras, significa dizer que Carrara não concebia a pena como uma retribuição
pelo mal pratica, mas sim como o instrumento necessário para eliminação de uma ameaça social.24
Por tal razão, os porquês do cometimento de um crime por alguém eram irrelevantes para análise,
quando comparadas com a atribuição principal da sanção que é eliminar uma ameaça, restando para
outras áreas de conhecimento (Psicologia, Sociologia e Filosofia) tal perquirição.
Foi nesse contexto que surgiram as teorias da pena
estudadas em Direito Penal. Frise-se que são de
cunho absolutista.
Foi sob a influência dos pensamentos de Kant e Hegel que a concepção retribucionista do Direito
Penal se desenvolveu. O Professor Christiano Gonzaga em seu manual de Criminologia25 vai nos dizer
ƋƵĞ à“WĂƌĂ ŽƐ ĐůĄƐƐŝĐŽƐà? Ă ƉĞŶĂ Ġ ƵŵĂ ƌĞƚƌŝďƵŝĕĆŽ ũƵƌşĚŝĐĂ ƋƵĞ ƚĞŵ ĐŽŵŽ ŽďũĞƚŝǀŽ Ž ƌĞƐƚĂďĞůĞĐŝŵĞŶƚŽ
ĚĂ ŽƌĚĞŵ ĞdžƚĞƌŶĂ ǀŝŽůĂĚĂà? à?
Ö É a pena como negação da negação do direito (segundo Hegel) ou;
Ö A pena como justiçamento do último assassino que se encontrasse na prisão, caso a
sociedade fosse acabar naquele momento (segundo Kant).
São exemplos da intenção de reestabelecer uma ordem jurídica violada. Significa que a sanção penal
era, na verdade, um castigo necessário para SE REESTABELECER o Direito e a Justiça. Cléber
Masson26 cita como referência cobre o tema um trecho de Moniz Sodré, relacionado ao condenado
à pena o qual reproduzimos:
Não lhe é imposta somente como um meio eficaz de defesa social, senão também, e muito principalmente, como um castigo
devido a todo culpado; não é considerada um remédio contra o crime, mas uma punição merecida, em vista do mal que
voluntariamente fez. Ela é aplicada, não em nome da conservação da sociedade, mas para a satisfação da justiça.
23 Christiano Gonzaga. Manual de Criminologia (Locais do Kindle 2960-2962). Editora Saraiva. Edição do
Kindle.
24 FONTES, Eduardo & HOFFAMANN Henrique. Criminologia. 1ª. Edição. 2ª. tir.:ago/2018. Salvador:
Editora JusPodivm, 2018. p. 87.
25 Christiano Gonzaga. Manual de Criminologia (Locais do Kindle 2960-2962). Editora Saraiva. Edição do
Kindle.
26 MASSON, Cleber. Direito Penal - parte geral. 11ª. Edição. Revista atualizada e ampliada. Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017. Pg. 90.
Aula 01
Por certo que um método tão racional não poderia ser experimental, mas impõe-se uma método
lógico-abstrato ou dedutivo, característico da ciência penal.
Logo, pode-se concluir que estão intimamente relacionadas as ideias
9 da Escola Clássica com as teorias absolutas da pena
Pois ambas estão desprovidas de qualquer análise mais aprofundada do fenômeno da criminalidade.
Daí a crítica que surge à Escola Clássica é exatamente no sentido de entender que as causas da
criminalidade não são interessantes, mas tão somente o estudo da lei e seus corolários jurídicos,
relegando a segundo plano o estudo do homem delinquente e dos motivos pelos quais ele resolveu
enveredar-se para a delinquência.
A partir dessa brecha surge uma nova escola chamada Escola Positiva de cunho totalmente
investigativo e empírico. É o que estudaremos na sequência.
4 ?ESCOLA POSITIVA (POSITIVISTA, CRIMINOLOGIA POSITIVA OU
POSITIVISMO CRIMINOLÓGICO)
4.1 ?SURGIMENTO DA ESCOLA POSITIVA
Baseada nas ideias científicas dos Séculos XIX e XX, surgiu como resposta às limitações da Escola
Clássica27.
É que, conformenos explica Masson28, a Escola Clássica havia conseguido enfrentar com êxito as
barbáries do Absolutismo e o respeito do indivíduo como ser humano já despontava nos países
civilizados Entretanto, os ambientes políticos e filosófico, em meados do século XIX, revelam grande
preocupação com a luta eficiente contra a crescente criminalidade. Manifestavam-se a necessidade
de defesa da sociedade e os estudos biológicos e sociológicos assumiam relevante importância,
principalmente com as doutrinas evolucionarias de Darwin e Lamarck e sociológicas de Comte e
Spencer.
Nasce a partir disso, a Escola Positiva também é denominada Criminologia Positiva ou Escola
Positivista ou simplesmente Positivismo Criminológico.
É ela que passa a pesquisar as causas da criminalidade.
27 FONTES, Eduardo & HOFFAMANN Henrique. Criminologia. 1ª. Edição. 2ª. tir.:ago/2018. Salvador:
Editora JusPodivm, 2018. p. 94.
28 MASSON, Cleber. Direito Penal - parte geral. 11ª. Edição. Revista atualizada e ampliada. Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017. Pg. 90.
Aula 01
ƒ Criminoso Nato
Em breve síntese, para a teoria criminoso nato, o delinquente é predeterminado a
praticar infrações penais por características antropológicas nele presentes de modo
atávico.
Perceba que a tese evidencia que algumas pessoas são simplesmente destinadas a praticar crimes
em razão de fatores biológicos, o que poderia ser evitado, de acordo com os defensores da tese,
com a busca e retirada de indivíduos com essas características inserido na sociedade.
Importante destacar que, além desse estudo investigativo das causas
da criminalidade, a importante contribuição de Lombroso foi
inaugurar o método indutivo ou empírico de investigação do
fenômeno crime.
Portanto, chamamos atenção para tal afirmação, considerando que ela é muito explorada em
provas. Sugerimos a memorização:
IMPORTANTE!!!
LOMBROSO
9 Desenvolveu importante estudo INVESTIGATIVO sobre as causas da
criminalidade;
9 Inaugurou o método indutivo ou empírico de investigação do fenômeno crime.
Podemos concluir que como demonstrado, o positivismo lombrosiano é marcadamente de um
determinismo biológico, em que a liberdade humana (livre-arbítrio) é uma mera ficção. O homem
não é livre de sua carga genética e não consegue evitar e lutar contra a sua natureza criminógena e
ƉƌĞĚŝƐƉŽƐƚĂ ƉĂƌĂ Ž ĐƌŝŵĞà? �ƐƐĂ ĐŽŶĐĞƉĕĆŽ ĚĞ à“ĐƌŝŵŝŶŽƐŽ ŶĂƚŽà? ƉŽĚĞ ƐĞƌ ǀŝƐƚĂ ĐŽŵŽ ƵŵĂ ƐĞŵĞŶƚĞ
para os estudos do chamado Direito Penal de Autor.
Aula 01
ƒ Direito Penal de Autor
Expressão valorizada na primeira metade do século XX, por meio da Escola Neokantista de Mezger,
que leva em consideração certas características pessoais para eleger alguém como criminoso, como
é o caso de analisar-se a cor da pessoa37.
Neste trecho, de acordo com as considerações do Professor Gonzaga, reproduzimos o trecho do seu
Manual, em que tece considerações acerca dos casos de aplicação do Direito Penal de Autor no
Brasil, sic:
Casos de aplicação do Direito Penal de Autor no Brasil é muito comum, infelizmente, a começar pela população carcerária
composta em sua maioria de pessoas de cor negra, ocorrendo de o próprio sistema penal ser estigmatizante e
discriminatório. Como o objeto de estudo deste livro não tem por espeque adentrar nas mais variadas Escolas do Direito
Penal (Causalista, Neokantista, Finalista e Funcionalista), apenas deve ser ressaltado que o Direito Penal de Autor é algo
que foi iniciado nos estudos dos neokantistas, mas que até hoje perdura na persecução penal, embora não tenha sido
adotada tal escola no Direito Penal brasileiro. Só observar que os controles sociais formais (Polícia, Ministério Público e
Poder Judiciário) atuam com muito mais severidade quando o criminoso é proveniente dos mais baixos estratos sociais,
muito por motivo de sua origem, cor, condição econômica e outras variantes pessoais e biológicas. Em tempo, cumpre
ressaltar que essa preleção de criminalizar certas pessoas por cor ou outra característica pessoal já está sendo superada,
devendo ser valorizadas e enaltecidas as pessoas da raça negra, que atualmente ocupam importantes cargos de poder no
Estado e fora dele, como o ex-Presidente dos Estados Unidos da América Barack Obama; o ex-Presidente do Supremo
Tribunal Federal do Brasil Ministro Joaquim Barbosa; e inúmeros esportistas de elite no cenário mundial, como Michael
Jordan e Tiger Woods, este inclusive em esporte dominado por pessoas de cor branca, para citar alguns apenas.
O crime não pode ter cor, devendo ser levado em consideração o chamado Direito Penal de Ato, ou seja, punir-se a pessoa,
seja branca, seja negra, pelo ato praticado, desconsiderando-se qualquer característica pessoal para fins de eleger-se o
criminoso. É a aplicação precisa da imagem da Justiça com uma venda nos olhos, espada na mão e a balança na outra,
devendo ela ser imparcial (não importa ver quem está sendo julgado), pesar os interesses em litígio e enfiar a espada
naquele que desobedeceu à lei.
Falaremos mais sobre o direito penal do autor durante nossas aulas, por ora, sobre o tema, é
basicamente isso o indispensável.
Agora cumpre-nos destacar outro grande defensor da Escola Positivista, Enrico Ferri. É sobre ele que
estudaremos nas próximas linhas.
4.2.2 ?Enrico Ferri
Se Lombroso outrora representava a fase antropológica, Enrico Ferri, por seu turno, empunhava a
bandeira da fase sociológica no Positivismo Criminológico (1856-1929).
Ferri também era italiano, foi político escritor e criminólogo. Destacou elementos sociais no estudo
do criminoso. Enquanto Lombroso deu ênfase ao aspecto antropológico, Ferri assinala uma visão
sociológica do criminoso, não atribuindo, de forma exclusiva, ao fator biológico o surgimento dos
criminosos, mas sim à contribuição conjunta dos fatores individuais, físicos e sociais.
É que na visão do italiano, o crime é, principalmente, um fenômeno social, sendo submetido ao
dinamismo que rege as relações entre as pessoas.
37 Op. cit., p. 31.
Aula 01
Significa dizer que, na sua ótica, a criminalidade não decorria apenas de fatores físicos, mas também
de determinações antropológicas e sociais. Ou seja, o homem não age como pensa, mas como
sente. Consequentemente o criminoso não é moralmente responsável pela sua conduta, negando
o livre arbítrio. Assim, a responsabilidade moral deveria ser substituída pela social.
Outro destaque é que:
Ferri atribuía à Sociologia Criminal a solução de todos os males causados pelo crime,
dando-se destaque à prevenção do delito por meio de uma ação científica dos poderes
públicos, que deve estudar e analisar a melhor forma de neutralizar o crime, devendo,
inclusive, antecipar-se à sua ocorrência.38.
Noutras palavras, significa dizer que Ferri, atribuía à Sociologia Criminal a solução dos problemas
criminais, deixando de lado a atuação do Direito Penal por considera-lo ultrapassado e limitado
para os temas em voga. Noutro giro, propunha que as soluções desses males criminais podiam ser
solucionadas com participação do estado.
Essa participação, sugerida por Enrico, poderia ser possível através de estudos das causas do delito,
como forma de, acertadamente, inserir a ação pública na origem do problema. Como exemplo,
temos:
9 Um estudo prévio das esferas econômica; política, legislativa, religiosa etc.;
ƒ Um diagnóstico social mais preciso acerca dos fatores que
poderiam permitir o crime, evitando assim seu surgimento.
Destacamos duas obras de Enrico &Ğƌƌŝà? ƋƵĂŝƐ ƐĞũĂŵ à“^ŽĐŝŽůŽŐŝĂ �ƌŝŵŝŶĂů à?à?à?à?à?à?à? Ğ à“WƌŝŶĐşƉŝŽƐ ĚŽ
�ŝƌĞŝƚŽ WĞŶĂů à?à?à?à?à?à?à?
a. Obra: SOCIOLOGIA CRIMINAL
Enquanto empunhava a bandeira da fase sociologia, Ferri se destacou em sua obra Sociologia
Criminal de 1982.
Classificou os criminosos em: natos, loucos, habituais, de ocasião e por paixão39 e o determinismo
ao crime deveria se chamar periculosidade, exigindo sua neutralização pelo poder punitivo.
38 Op.cit., p. 33.
39 PENTEADO FILHO, Nestor Sampaio. Manual esquemático de Criminologia. São Paulo: Saraiva.
2012. p.35.
Aula 01
A sociedade, para se proteger da criminalidade, deveria agir preventivamente em vez de agir tardia e violentamente.40
Nas palavras do Professor, Gonzaga41, tais criminosos deveriam ser tratados enquanto tais; e tudo
deveria ser feito para evitar o surgimento do crime, utilizando-se até mesmo a pena de morte, caso
as demais medidas preventivas fossem ineficazes.
Tipologia acerca dos delinquentes por Enrico Ferri42
Î Nato: era o criminoso conforme a classificação original de Lombroso.
Caracterizava-se por impulsividade ínsita que fazia com que o agente cometesse
o crime por motivos absolutamente desproporcionais à gravidade do delito. Eram
precoces e incorrigíveis, com grande tendência à reincidência.
Î Louco: é levado ao crime não somente pela enfermidade mental, mas também
pela atrofia do senso moral, que é sempre a condição decisiva na gênese da
delinquência.
Î Habitual: preenche um perfil urbano. É a descrição daquele que nascido e
crescido num ambiente de miséria moral e material começa, desde novo, com
leves faltas (pichações, furtos pequenos e crimes de dano) até uma escalada
obstinada no crime, culminando com graves violações aos bens jurídicos, como
homicídios e roubos com arma de fogo. Pessoa de grave periculosidade e fraca
readaptabilidade, preenche um perfil que se amolda, em grande parte, ao perfil
dos criminosos mais perigosos.
Î Ocasional: está condicionado por uma forte influência de circunstâncias
ambientais: injusta provocação, necessidades familiares ou pessoais, facilidade
de execução e comoção pública; não havendo sem tais circunstâncias atividade
delituosa que impelisse o agente ao crime. No delinquente ocasional é menor a
periculosidade e maior a readaptabilidade social, porque ele pratica o crime com
base em fatores externos que não são comuns no cotidiano das pessoas.
Î Passional: inclui os criminosos que praticam crimes impelidos por paixões
pessoais, bem como políticas e sociais.
Nas palavras de Ferri43:
à?K ĐƌŝŵŝŶŽƐŽ ŶĂƚŽ ƉŽĚĞ ƐĞƌ Ƶŵ ĂƐƐĂƐƐŝŶŽ ƚƌĂŶƋƵŝůĂŵĞŶƚĞ ƐĞůǀĂŐĞŵà? Ƶŵ ĚĞƉƌĂǀĂĚŽ ǀŝŽůĞŶƚĂŵĞŶƚĞ ďƌƵƚĂůà? Ƶŵ ƌĞĨŝŶĂĚŽ
obsceno por conta de uma perversão sexual proveniente de uma defeituosa organização física. Ele pode também ser um
40 FONTES, Eduardo & HOFFAMANN Henrique. Criminologia. 1ª. Edição. 2ª. tir.:ago/2018. Salvador:
Editora JusPodivm, 2018. p. 97.
41 Op. cit., p. 33.
42 Op. cit., p. 33.
43 FERRI, Enrico. Os criminosos na Arte e na Literatura. Porto Alegre: Lenz, 2001. p. 32-35.
Aula 01
ladrão ou um falsário. A repugnância em apropriar-se do bem alheio, esse instinto lentamente desenvolvido pela vida social
na coletividade, falta-lhe em absoluto (...). Tive ocasião de demonstrar, no estudo psicológico de um homicida nato, que a
aparente regularidade de sua inteligência e de seus sentimentos pode encobrir tão completamente sua profunda
ŝŶƐĞŶƐŝďŝůŝĚĂĚĞ ŵŽƌĂůà? ƋƵĞ ƐĞƵ ǀĞƌĚĂĚĞŝƌŽ ĐĂƌĄƚĞƌ ĞƐĐĂƉĂ ăƋƵĞůĞƐ ƋƵĞ ŝŐŶŽƌĂŵ Ă ƉƐŝĐŽůŽŐŝĂ ĞdžƉĞƌŝŵĞŶƚĂůà?à?
Medidas de Segurança Apresentadas Por Enrico Ferri
Não se pode esquecer que as medidas de segurança foram uma forma apresentada por Enrico. [E
que a aplicação delas, em tese, é mais fácil e mais apta de controles considerados formais. Ao
contrário do que ocorre com a aplicação das penas privativas de liberdade.
É que, como sabemos, elas exigem todo um formalismo jurídico, tendo em vista a restrição da
liberdade e os direitos e as garantias individuais.
Aqui vale o parêntese44.
Ressalte-se que as medidas de segurança no Código Penal brasileiro (arts. 96 a 99)
seguem a sistemática proposta por Ferri, uma vez que não possuem, ao menos
legalmente (claro que a jurisprudência já vem entendendo que elas não podem ser
perpétuas, na esteira da Súmula 527 do Superior Tribunal de Justiça), prazo
determinado, o que denota o seu caráter extremamente desumano. Todavia, ao menos
a sociedade estará resguardada desses criminosos por um bom tempo, sendo esse o fator
importante para Ferri.
Nesse sentido:
TÍTULO VI
DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA
Espécies de medidas de segurança
Art. 96. As medidas de segurança são:
I - Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro
estabelecimento adequado;
44 Christiano Gonzaga. Manual de Criminologia. São Paulo:Editora Saraiva. 2018.p. 34.
Aula 01
II - sujeição a tratamento ambulatorial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem subsiste a que
tenha sido imposta.
Imposição da medida de segurança para inimputável
Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato
previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial.
Prazo
§ 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado, perdurando
enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. O prazo
mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos.
Perícia médica
§ 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado e deverá ser repetida de ano
em ano, ou a qualquer tempo, se o determinar o juiz da execução.
Desinternação ou liberação condicional
§ 3º - A desinternação, ou a liberação, será sempre condicional devendo ser restabelecida a situação
anterior se o agente, antes do decurso de 1 (um) ano, pratica fato indicativo de persistência de sua
periculosidade.
§ 4º - Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá o juiz determinar a internação do
agente, se essa providência for necessária para fins curativos.
Substituição da pena por medida de segurança para o semi-imputável
Art. 98 - Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e necessitando o condenado de
especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser substituída pela internação, ou
tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos, nos termos do artigo anterior
e respectivos §§ 1º a 4º
Direitos do internado
Art. 99 - O internado será recolhido a estabelecimento dotado de características hospitalares e será
submetido a tratamento.
E ainda:
Súmula 527 ?STJ: O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite
máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado.
Aula 01
Fechado o parêntese.
Passaremos agora às noções e importâncias apresentadas por Raffaele Garofalo, mas antes, vejam
como Ferri foi explorado em provas.
(Delegado de Polícia/SP-2013)
� ĐŽŶƐŝĚĞƌĂĚŽ ĐƌŝĂĚŽƌ ĚĂ à“^ŽĐŝŽůŽŐŝĂ �ƌŝŵŝŶĂůà? Ğ Ž ŵĂŝŽƌ ŶŽŵĞĚĂ �ƐĐŽůĂ WŽƐŝƚŝǀĂà? �ƐƚĂŵŽƐ
falando de:
a. Ferri
b. Beccaria
c. Carrara
d. Lombroso
Gabarito: a
4.2.3 ?Raffaele Garofalo
Finalmente, cumpre nos apresentar o baluarte da fase Jurídica Positiva, Raffaele Garofalo (1852-
1934), a quem se atribui o positivismo moderado.
Ao contrário do que se estudou em Lombroso e Ferri, nos matizes antropológicos e sociológicos,
respectivamente, Garófalo distanciou-se do pensamento de definir o criminoso, e concentrou-se
na possibilidade encontrar a própria ideia de crime.
Mas não significa que ele abandonou o viés positivista de
estudo, isto é, o método empírico (até porque, essa é a
característica da escola positiva).
Ao contrário, Raffaele foi influenciado pela teoria da
seleção natural e, consequentemente, sustentava que os criminosos não assimiláveis deveriam ser
eliminados por deportação ou morte45. Significa dizer que Garofalo buscava compreender o crime
como algo natural, ou seja, possuidor de certas características nocivas que fazem com que surja o
fenômeno criminoso.
45 MASSON, Cleber. Direito Penal - parte geral. 11ª. Edição. Revista atualizada e ampliada. Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017. Pg. 91.
Aula 01
a. Obra:CRIMINOLOGIA
Raffaele Garofalo, empregou e imortalizou46 Ă ĞdžƉƌĞƐƐĆŽ à“Criminologiaà? ƚşƚƵůŽ ĚĞ ƐƵĂ ƉƌŝŶĐŝƉĂů ŽďƌĂ
de 1985, conferindo aspectos completamente jurídicos ao movimento.
Em que pese o termo criminologia ter sido usado pela primeira
vez por Paul Topinard, esse termo ganha notoriedade com
Garofalo, que por isso é considerado por muitos o criador de fato
da expressão, compreendendo-a, como a ciência da
criminalidade, do delito e da pena47.
ƒ O tema em provas
(VUNESP / Polícia Civil SP ?2014) A Escola Criminológica que surgiu no Sec. XIX, tendo
entre seus principais autores, Rafaelle Garofalo, e que pode ser dividida em 03 (três)
fases, a seber: aantropologica, sociológica e jurídica é:
a. Escola positiva
b. Terza Scuela
c. Escola de Polícia Criminal ou Moderna Alemã
d. Escola Clássica
e. Escola de Lyon
Gabarito: a
5 - TERZA SCUOLA OU TERCEIRA ESCOLA
Guerreiros,
Passada a fase e o sucesso das ideias positivistas, surgiu uma Escola que harmonizou um pouco dos
ideais da Escola Clássica e da Escola Positivista. Essa Escola ficou conhecida como Terza Scuola ou,
na tradução, Terceira Escola.
46 Op. cit., p. 91.
47 FONTES, Eduardo & HOFFAMANN Henrique. Criminologia. 1ª. Edição. 2ª. tir.:ago/2018. Salvador:
Editora JusPodivm, 2018. p. 98.
Aula 01
Conforme nos explica Christiano Gonzaga48, a Terza Scuola desenvolveu alguns postulados já
aflorados por pensadores anteriores, como se fosse um misto de ideias, daí também ela ser chamada
de Escola Eclética ou Intermediária. É muito comum no Direito Penal a existência sempre de três
teorias, sendo a última chamada: de mista, intermediária ou eclética, como no caso do art. 6º, CP,
por exemplo:
Lugar do crime
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem
como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
Daí vale lembrar que existem as teorias:
Î Da atividade;
Î Do resultado e,
Î A mista ou da ubiquidade, sendo esta a adotada para efeitos de conceituar o lugar
do crime em situações que envolvam dois países.
Foi a partir desse modelo de pensamento que surge a terceira escola, comportando como grandes
influentes penalistas da época que, inclusive, introduziram também os postulados de Direito Penal,
o que faz com que suas ideias não sejam predominante de Criminologia, são eles: Manuel Carnevale,
Bernardino Alimena e João Impallomeni.
5.1 ?PRINCIPAIS REFERÊNCIAS DA TERZA SCUELA: CARNEVALE, ALIMENA E IMPALLOMENI
Como fora dito, Manuel Carnevale, Bernardino Alimena e João Impallomeni, foram os grandes
penalistas que representaram à Terza Scuela.
Os fundamentos fixados por eles foram:
Î Distinção entre imputáveis e inimputáveis; responsabilidade moral baseada no
determinismo (quem não tiver a capacidade de se levar pelos motivos deverá
receber uma medida de segurança);
48 Christiano Gonzaga. Manual de Criminologia. São Paulo:Editora Saraiva. 2018.p. 36.
Aula 01
Î Crime como fenômeno social e individual; pena com caráter aflitivo, cuja
finalidade é a defesa social.
Note que há uma mistura de elementos de investigação dos pensamentos anteriores49 e confere um
ar dogmático do Direito Penal para eles, muito em razão de seus expoentes serem penalistas.
No tocante à diferente entre imputáveis e inimputáveis, esta escola confere uma distinção clara de
que a pena criminal deve ser destinada para os imputáveis.
No que se refere a responsabilidade moral, esse pensamento também adveio de Garófalo quando
tratou o criminoso como um elemento que possui um déficit moral, gerando uma dificuldade em ter
comportamentos probos e consonantes com os demais postulados sociais50.
Noutro giro, as medidas de segurança devem destinar-se aos inimputáveis, não sendo possível
aplicar-se as duas espécies de sanções para um determinado grupo de pessoas, como no caso aos
inimputáveis, numa aplicação do chamado sistema duplo binário.
Daí o que se pode concluir, a partir da análise desses elementos é que o Direito Penal está sendo
utilizado para implementar investigações criminológicas, não sendo uma escola puramente de
Criminologia. Resta claro que os dogmas penais são utilizados pelos seus pensadores, o que retira
em muito o caráter empírico e amplo dos estudos criminológicos. Nas palavras de Christiano
Gonzaga51:
Quando se usa postulado de Direito Penal, as amarras dogmáticas são maiores e os conceitos são taxativos e fechados,
impedindo maiores digressões mentais e reflexivas, caindo por terra a necessidade de estudo aprofundado e amparado por
outras áreas do saber para a descoberta e o combate da criminalidade. Mais à frente serão tratados o grande problema do
narcisismo do Direito Penal e os obstáculos para se chegar a um pensamento mais oxigenado e eficaz pelas ciências
criminais. Ainda no estudo dos pontos criados e sopesados por essa escola de pensamento, tem-se a constatação de que o
crime é um fenômeno social e individual.
Ainda no estudo dos pontos criados e sopesados por essa escola de pensamento, tem-se a
constatação de que o crime é um fenômeno social e individual.
Seja como for, a dúvida que permanece é como poderia a Terza
Scuela trazer no mesmo compartimento teórico o método lógico-
abstrato ou dedutivo do Direito Penal com o método empírico ou
indutivo da Criminologia? São temas incompossíveis e de difícil
convivência dentro do mesmo modo de pensar, pois, ao mesmo tempo que se quer investigar
amplamente o fenômeno do crime, encontram-se conceitos fechados de Direito Penal que impedem
o seu correto desenvolvimento52.
49 Op. cit., p. 36.
50 Op. cit., p. 37.
51 Op. cit., p. 36.
52 Op. cit., p. 37.
Aula 01
Daí a crítica da doutrina53 em relação a escola que erra por tentar conciliar o inconciliável,
misturando-se conceitos complexos com o fito de tentar ser completa, saindo o tiro pela culatra e
tornando-se uma escola incompleta e cheia de retalhos.
6 ?CRIMINOLOGIA INTERACIONISTA: LABELLING APPROACH
A Criminologia Interacionista, foi considerada a escola criminológica mais rica em teorias.
A Criminologia Interacionista estudava o aspecto social do criminoso e do delinquente. Sua tese,
incluía a responsabilidade da sociedade na contribuição da formatação do criminoso, não sendo o
livre-ĂƌďşƚƌŝŽ ƐŽnjŝŶŚŽà? ƵŵĂ ǀĞƌƚĞŶƚĞ ĐĂƉĂnj ĚĞ ĐĂƵƐĂƌ Ž à“ƐƵƌŐŝŵĞŶƚŽà? ĚŽ ĐƌŝŵĞ Ğ ĚŽ ĐƌŝŵŝŶŽƐŽà?
A teoria do labelling approach - interacionismo simbólico, etiquetamento, rotulação ou reação
social- surgia nos anos 1960, nos Estados Unidos, suas principais referências foram:
9 Erving Goffman e;
9 Howard Becker.
Para essa corrente, a criminalidade não é uma qualidade da conduta humana, mas a consequência
de um processo de estigmatização. Logo, o criminoso só é diferente do homem comum por razões
do rótulo que recebe e do estigma que sofre. Noutras palavras, significa que, nesse modo de pensar
o tema central é o processo de interação em que o indivíduo é chamado de criminoso.
Nesse sentido, Christiano Gonzaga, in verbis:
A sociedade define, por meio dos controles sociais informais, o que se entende por comportamento desviado, isto é, todo
comportamento considerado perigoso, constrangedor, impondo sanções àqueles que se comportarem dessa forma.
Condutas desviantes são aquelas que as pessoas de uma sociedade rotulam às outras que as praticam. A teoria da rotulação
de criminosos cria um processo de estigmatização para os condenados, funcionando a pena como algo que acentua as
desigualdades. Nessa interação estigmatizante, o sujeito acaba sofrendo reação da família, de amigos, conhecidos e
colegas, acarretando a marginalização nos diferentes meios sociais. De forma a ilustrar o pensamento desse importante
marco teórico da Criminologia, pode ser apontado o determinismo como um fenômeno social que cria o criminoso tendo
em vista o local em que ele vive e relaciona-se com outras pessoas. Veja-se o exemplo de um menino que

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