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CONCEITOS HUMANIZADORES APLICADOS AO PROJETO DE ARQUITETURA A maioria das escolas de educação infantil não apresenta espaços de qualidade para a educação das crianças, que permitam que aconteçam atividades lúdicas que são essenciais no desenvolvimento e aprendizagem infantil pois estimulam nas crianças o pensamento, a linguagem, a socialização, a exploração, invenção, motricidade, fantasia, etc.. Um espaço escolar complexo e adequado é um agente facilitador desse processo. Para facilitar uma interação positiva entre o usuário e o espaço deve-se estimular os sistemas receptores da visão, audição, olfato e tato. Para Piaget, a pessoa aprende consigo mesma e vai construindo seu conhecimento a partir das interações com o ambiente. Por isso á importância dada aos lugares que recebem as crianças deve ser maior, pois eles podem afetar sua inteligência através da interação delas com o ambiente. O brincar e o espaço são fundamentais na formação das crianças. O espaço é o que propicia a oportunidade de brincar livremente, facilitando a criança o desenvolvimento do movimento, da inteligência e das relações sociais e afetivas, e permitindo o reconhecimento e a conquista do espaço. Em Uberlândia por exemplo, foi verificado que a maioria das escolas infantis, não apresentam um espaço de qualidade para as crianças. Nessas visitas foi verificado que as potencialidades dos espaços não foram exploradas, e que a arquitetura era monótona e desinteressante, fria e padronizada, tanto na forma quanto organização, oferecendo poucas oportunidades para uma educação interativa e de qualidade, adequada a educação infantil. ACOLHIMENTO É necessário um período para que as crianças se adaptem ao ambiente escolar. E é responsabilidade da instituição facilitar esse processo, acolhendo e cuidando para que elas tenham o conforto físico e emocional de que precisam. No projeto de uma escola, o acolhimento deverá ser verificado desde a implantação do edifício no terreno, no modo pelo qual as formas, materiais, cores e texturas são combinados, a fim de se obter um espaço agradável e favorável a aprendizagem. COMPLEXIDADE O espaço lida com quatro domínios da experiência humana: - ESPACIAL (íntimo, aberto, iluminado,...); - PSICOLÓGICO (calmante, seguro, alegre, estimulante, criativo,...); - FISIOLÓGICO (quente, frio, aconchegante, ventilado,...); - COMPORTAMENTAL (trabalho independente, trabalho coletivo, atividade fitness, pesquisa, escrita, comungando com a natureza, projetando, ensinando, ...). Para o edifício escolar é preciso compreender além do ponto de vista funcional/dimensional; perceber como os usuários sentem e vivenciam o espaço para propor ambientes estimulantes e adequados a diferentes tipos de aprendizagem. Na relação homemambiente nota-se que a percepção é fundamental, pois qualquer ambiente só pode ser experimentado plenamente se forem envolvidos todos os sentidos. Para Rapoport, o processo de construção do meio percebido passa pelas fases da percepção, referente aos sentidos; e da cognição, envolvendo experiência, conhecimento e memória. Unindo a experiência perceptual e indo além do conhecimento cognitivo, chega-se a complexidade, que não apenas relaciona cognição e percepção, mas se apresenta como um nível ideal entre caos e monotonia. Para evitar a monotonia, Rapoport sugere que os espaços propiciem mistura de usos, estabeleçam relações entre várias áreas, e ofereçam opções de desenho aberto e com influência do meio natural. Lynch considera que a percepção através dos sentidos e outros indicadores sensoriais (sensações visuais de cor, forma, movimento, luz) ajudam na estruturação e identificação dos ambientes. Já Mazzilli destaca que há elementos que vão além da consciência: contraste entre elementos (fundo), novidade, mistério, simbolismo, variações no tempo, etc. A quantidade e o caráter desses elementos e a forma como se relacionam podem produzir interpretações distintas, intensificando os sentidos. Na arquitetura, a complexidade pode ser refletida na riqueza de ambientes com texturas e cores variadas, com seus mistérios e surpresas. Essas características podem ser consideradas aspectos lúdicos, que enriquecem a percepção espacial e a aprendizagem. Assim, as escolas devem criar um desenho aberto com possibilidade de fluxos, respeitar a topografia, possibilitar a manipulação do espaço com diferentes usos, interagir com o meio natural e com a comunidade e obter uma qualidade espacial na própria arquitetura, se tornando um elemento significativo local. POLIVALÊNCIA Quando as crianças dominam o espaço, conhecendo e visualizando a área destinada a elas, sua experiência espacial fica mais rica. Também é necessário oferecer às crianças espaços que tenham capacidade de provocar reações específicas. Os espaços não devem ser neutros, mas devem conter uma variedade de proposições e estímulos que sejam capazes de despertar associações, tendo assim, maior eficácia. Isso é descrito por Hertzberg como Polivalência: os espaços tem suas possibilidades de uso expandidas, um potencial maior de acomodação, podendo assim se tornar mais receptivos a diferentes situações, tendo mais a oferecer. Os espaços devem ser perceptíveis e articulados para criarem lugares cujas dimensões possam acomodar os tipos de atividades propostas pelos usuários. Hertzberg associa a qualidade de lugar à capacidade variável de um espaço de ser convidativo para distintos grupos. Essa qualidade está relacionada com o equilíbrio entre abertura e fechamento, intimidade e exterioridade, que assegura polos de encontro onde as pessoas se relacionam e compreendem que estão juntas ocupando um todo espacial. Assim, a polivalência deve ser verificada dentro da escola na articulação de formas (salas de atividades, facilitando a estruturação dos ambientes em áreas para outros fins); flexibilidade (transformação do espaço de acordo com a necessidade/variedade de modalidades de aprendizagem) e variedade de elementos articuladores (palcos, tanques de areia, painéis de exposição, espelhos d’agua, ...). LUDICIDADE A atividade lúdica é um fator importantíssimo para o desenvolvimento das crianças, pois a mesma é ferramenta valiosa no aprendizado. Segundo Brougere (1998) o lúdico pressupõe uma aprendizagem social, que resulta da interação entre as pessoas. O jogo é lugar de inovação e exploração. Piaget (1972): quando as crianças brincam estão socializando e desenvolvendo suas percepções, inteligências e tendências a experimentação; Lima (1995): considera o espaço fundamental pois é nele que e através dele que é possível realizar as atividades lúdicas; É importante que a ludicidade seja desenvolvida em todos os espaços da escola, não só nos externos, mas também no aprendizado integrado com as outras disciplinas, mas para isso é necessário que haja uma relação positiva entre a ludicidade a qualidade espacial e o desenvolvimento intelectual. Howard gardners (2009): diz que todos os seres humanos tem 8 inteligências: linguística, logico-matemática, musical, cinestesico-corporal, espacial, naturalista, interpessoal e intrapessoal. Para se criar ambientes de aprendizagem interessantes e interativos é necessário que acomodem o máximo possível dessas inteligências. Cada ambiente pode interferir nos comportamentos físicos e sócias das crianças, por exemplo, tetos altos como os de um ginásio encorajam o comportamento ativo, tetos baixos, comportamento quieto.A ludicidade juntamente com a qualidade de espaço pode estimular a inteligência. No projeto da escola proposto, os espaços internos e externos devem interagir para promover a socialização das crianças e o surgimentode situações e atividades lúdicas. Mais especificamente: • Configuração ampla e pés direitos altos; • Terraços externos integrados as salas; • Favorecendo a autonomia e segurança, garantindo ausência de riscos; • Diversidade e complexidade das áreas externas; • Uso de texturas e cores variadas e materiais perceptíveis; DIRETRIZES PROJETUAIS Diretrizes que definiram a essência do projeto arquitetônico da escola proposta: integração com a comunidade; desenho aberto/ integração com o meio natural; escola como uma pequena comunidade de aprendizagem; iluminação e ventilação natural;; ambientes acolhedores; circulação como um passeio de aprendizagem; adaptatibilidade/ flexibilidade/ variedade; transparência com supervisão passiva; arquitetura ensina a sustentabilidade; ambientes lúdicos; materiais, texturas e cores como elementos de identidade. Importantes itens de projeto: valorização da esquina, estabelecendo um diálogo do edifício com o entorno; configuração de uma praça para encontros e convivências; caráter lúdico dos espaços; preservação das características existentes e das árvores naturais.
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