Buscar

Resumo - O Caso dos Exploradores de Cavernas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

O Caso dos Exploradores de Cavernas
Direito Natural x Direito Positivo
O direito natural é a ideia abstrata do Direito; o ordenamento ideal, correspondente a uma justiça superior e anterior – trata-se de um sistema de normas que independe do direito positivo, ou seja, independe das variações do ordenamento da vida social que se originam no Estado. O direito natural deriva da natureza de algo, de sua essência. Sua fonte pode ser a natureza, a vontade de Deus ou a racionalidade dos seres humanos.
O direito natural é o pressuposto do que é correto, do que é justo, e parte do princípio de que existe um direito comum a todos os homens e que o mesmo é universal. Suas principais características, além da universalidade, são imutabilidade e o seu conhecimento através da própria razão do homem.
Anteriormente, o direito natural tinha o papel de regular o convívio social dos homens, que não necessitavam de leis escritas. Era uma visão objetiva. Com o surgimento do direito positivo, através do Estado, sua função passa a ser uma espécie de contrapeso às atividades legitiferante do Estado, fornecendo subsídios para a reivindicação de direitos pelos cidadãos, passando a ter um caráter subjetivo.
O direito positivo pode ser definido como o conjunto de normas jurídicas escritas e não escritas, vigentes em um determinado território e, também internacionalmente, na relação entre os Estados. Embora apareça nos primórdios da civilização ocidental, o direito positivo se consolida como esquema de segurança jurídica a partir do século XIX.
O direito positivo é o conjunto de normas que apresentam formulação, estrutura e natureza culturalmente construídas. É a instituição de um sistema de regras e princípios que ordenam o mundo jurídico.
O caso:
“No início do mês de maio de 4299, cinco membros da Associação de Espeluncologia acessaram o interior de uma caverna de rochedo calcário da espécie encontrada no planalto central desta região do território nacional. Quando já se posicionavam bem distantes da entrada da caverna, verificou-se a ocorrência de um deslizamento. Os pedregulhos pesados acabaram por bloquear por completo a única entrada conhecida da caverna. Ao perceberem a difícil situação em que se encontravam, mantiveram todos os homens perto da entrada obstruída para esperar até que um agrupamento de salvamento removesse os detritos que os impediam de deixar a prisão subterrânea.
	Por não terem voltado membros, a secretária da associação foi notificada por suas famílias. Parece que os exploradores deixaram indicações na matriz da sociedade a respeito da posição da caverna que s e propuseram visitar. Um agrupamento de salvamento foi prontamente enviado ao local.
	A tarefa de resgate revelou-se extremamente difícil. Foi necessário ampliar as forças de resgate originais mediante repetidos acréscimos de homens e máquinas, trabalho de desobstrução foi muitas vezes frustrado por contínuos deslizamentos de terra. Em um destes, dez trabalhadores contratados morreram enquanto tentavam desimpedir a entrada da caverna. 
A tesouraria da Associação de Espeluncologia exauriu rapidamente seus fundos, com dinheiro considerável obtido, em parte, com a venda do montante de oitocentos mil títulos associativos com subscrição popular, e noutro extremo, com a subvenção gerada de verbas públicas. Isso tudo foi gasto antes mesmo de os homens serem libertados, objetivo atingido somente no trigésimo segundo dia após acessarem o interior da caverna.
	Desde que se soube que os exploradores tinham carregado com eles apenas escassas provisões e se ficou também sabendo que não havia alimentação gerada por animais ou vegetais na caverna, para possibilitar a subsistência deles, temeu-se que morressem por carência alimentar antes de acessar o ponto em que se encontravam. No vigésimo dia do aprisionamento, soube-se que os exploradores tinham levado consigo para a caverna um rádio transmissor portátil capaz de receber e enviar mensagens. Instalou-se imediatamente um aparelho similar na base de resgate, estabelecendo-se deste modo a comunicação com os desafortunados homens no interior da montanha. Pediram para ser informados acerca do tempo demandado para os liberarem.
Os engenheiros encarregados pela operação de salvamento responderam que precisavam de pelo menos dez dias, isso desde que não ocorresse novo deslizamento. Os exploradores perguntaram então se havia algum médico no acampamento, tendo sido postos em comunicação com a equipe médica, à qual descreveram sua condição e a alimentação disponível e logo solicitaram a opinião médica acerca da probabilidade de sobreviverem sem alimentos por mais dez dias. O chefe da equipe médica respondeu-lhes que havia possibilidade mínima de sobrevivência por tal período.
O rádio transmissor dentro da caverna manteve-se silencioso pelo período de oito horas. Quando a comunicação foi restabelecida, os homens pediram para falar novamente com os médicos, intento atingido. Roger Whetmore, falando em seu próprio nome e em representação dos demais exploradores, indagou se eles seriam capazes de sobreviver por mais dez dias se se alimentassem da carne humana de um deles. Relutantemente, o chefe da equipe médica respondeu em sentido afirmativo. Whetmore inquiriu se seria aconselhável que tirassem a sorte para determinar qual dentre eles deveria ser sacrificado. Nenhum dos médicos presentes se dispôs a responder à pergunta.
Whetmore quis saber então se havia um juiz ou outra autoridade governamental que se dispusesse a responder ao questionamento. Nenhuma das pessoas integrantes da missão de salvamento se apresentou com disposição para assumir o papel de conselheiro neste tema. Ele perguntou então se algum pastor ou padre poderia responder àquela indagação, mas não se encontrou guia espiritual algum que quisesse fazê-lo. Depois desse ocorrido, não se receberam mais mensagens dos exploradores de caverna e, erroneamente como depois se evidenciou, levantaram a suposição de que as pilhas do rádio dos exploradores tivessem descarregado. Quando os homens aprisionados foram finalmente libertados, soube-se que, no vigésimo terceiro dia após sua entrada na caverna, Whetmore tinha sido assassinado e servido de alimento para seus companheiros. 
Dos interrogatórios dos acusados, que foi aceito pelo tribunal do júri, evidencia-se que Whetmore propôs primeiramente que buscassem nutrimento na carne de um deles, sem o que a sobrevivência seria impossível e todos morreriam. Foi também Whetmore quem propôs primeiramente o uso de algum método de moldar o sorteio, chamando a atenção dos acusados para um par de dados que casualmente trazia consigo. Os acusados inicialmente relutaram em adotar um procedimento tão desesperador, mas, tendo em conta tudo que já tinham conversado, eles concordaram com o plano proposto por Whetmore. Após muita discussão de questões matemáticas suscitados pela complexidade do caso, o acordo foi alcançado finalmente sobre o método a ser empregado para a solução do problema: a utilização dos dados.
Entretanto, antes que estes fossem lançados, Whetmore declarou que desistia do acordo, pois havia refletido e decidido esperar outra semana antes de adotar um expediente tão horrendo e odioso. Os outros o acusaram de violação do acordo e procederam ao lançamento dos dados. Quando chegou a vez de Whetmore um dos acusados atirou-os em seu lugar, ao mesmo tempo em que se lhe pediu para levantar quaisquer objeções quanto à correção do lanço. Ele declarou que não tinha objeções a fazer. Tendo-lhe sido adversa a sorte, foi então morto e serviu de alimento para os demais.
Após o resgate dos acusados e, depois de terem permanecido internados algum tempo em um hospital onde foram submetidos a um tratamento para desnutrição e choque emocional, foram denunciados pelo homicídio de Roger Whetmore. Na fase de julgamento, depois de ter sido concluída a fase de produção de provas, um dos jurados com a função de porta-voz deles (de profissão advogado) perguntou ao juiz se eles, os jurados, poderiam emitir uma decisãoespecial, deixando ao juiz togado o julgamento se, em conformidade com os fatos provados, havia autoria delitual ou não dos acusados. Depois de alguma discussão, tanto o representante do Ministério Público quanto o advogado de defesa, manifestaram o consentimento para a adoção de tal procedimento, o qual foi homologado pelo juiz. ’’
	A única exceção existente competia ao Chefe do Poder Executivo, fundamentando-se ao princípio da clemência que consistia na comutação da pena (substituir por uma menor), após a dissolução do Tribunal do Júri, seus integrantes e juiz de primeira instância pediram-lhe que a pena fosse comutada em seis meses de prisão.
- Voto do Juiz Truepenny 
Concorda com a decisão judicial na qual os sobreviventes são culpados do assassinato de Roger Whetmore, logo, sentenciados à forca, prezando o Direito Positivo. Com a justificativa de “era não somente correta e sábia, mas a única via que lhes restava aberta em face do texto legal”, segundo a legislação vigente “quem quer que prive intencionalmente a outrem da vida será punido com a morte”. Entretanto, neste caso específico, ele apoia a petição para comutação da pena porque assim a justiça será realizada sem macular o texto ou o espírito de nossa legislação e sem oferecer incentivo algum à sua transgressão.
- Voto do Juiz Foster
	Discorda da decisão judicial acreditando que os acusados não poderiam ser condenados, porque as leis são para a sociedade e como os quatros réus não estavam numa sociedade, o Direito Positivo perde o valor cedendo espaço para as leis naturais. Os acusados só cometeram homicídio, num acordo entre todos que estavam presos na caverna incluindo o assassinato, para garantir a sobrevivência.
- Voto do Juiz Tatting
	Combate fortemente o argumento de Foster, pois não se tem conhecimento das “leis naturais”, e quando é que estas leis começaram, antes ou depois de matarem Whetmore. Após uma reflexão, ele se encontra numa controvérsia emocional, por um lado ele os acusa pelo homicídio e por outro tem simpatia por eles. Concretiza o confronto entre Direito Natural e Direito Positivo, apesar de ser favorável a condenação.
No fim, ele se recusa a julgar o processo.
- Voto do Juiz Keen
	Apesar de reconhecer que os acusados já teriam sofrido demais e quer libertá-los, Keen se orienta com a legalidade do Direito Positivo na qual é o seu trabalho, não a e é favorável a condenação.
- Voto do Juiz Handy
	Primeiramente ele levanta as valides do acordo feito na caverna entre aqueles que estavam presos, incluindo Roger Whetmore, no qual todos aceitaram, então levanta a opinião pública. Handy mostra uma pesquisa feita com a população onde 90% das pessoas acreditam que os réus devem ser absolvidos, ficando ao lado da opinião pública, contra a condenação.
- Art. 24 Estado de necessidade, Código Penal Brasileiro
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
 § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços.
- Princípio da razoabilidade
O princípio da razoabilidade é uma diretriz de senso comum, ou mais exatamente, de bom-senso, aplicada ao Direito. Esse bom-senso jurídico se faz necessário à medida que as exigências formais que decorrem do princípio da legalidade tendem a reforçar mais o texto das normas, a palavra da lei, que o seu espírito. Enuncia-se com este princípio que a Administração, ao atuar no exercício de discrição, terá de obedecer a critérios aceitáveis do ponto de vista racional, em sintonia com o senso normal de pessoas equilibradas e respeitosas das finalidades que presidiram a outorga da competência exercida.
Questões:
- Qual a posição do Ministro Tatting? Apresentar os argumentos que sustentam essa posição.
- Qual a opinião do grupo em relação à posição defendida pelo Ministro? Apresentar argumentos que sustentem a posição do grupo.

Outros materiais