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Organização Espaco Mundial Geografia (1)

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GEOGRAFIA
ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO MUNDIAL:
MIGRAÇÃO E TRABALHO
Hélder Henrique Jacovetti Gasperoto
Marcelo Loureiro
 
 
SUMÁRIO 
UNIDADE 01 - CONTEXTO HISTÓRICO DAS TEORIAS MIGRATÓRIAS. ....................................................................... 1 
UNIDADE 02 - ENTENDENDO OS FENÔMENOS MIGRATÓRIOS. ................................................................................4 
UNIDADE 03 - PRINCIPAIS FLUXOS MIGRATÓRIOS NO BRASIL – I. ............................................................................ 8 
UNIDADE 04 - PRINCIPAIS FLUXOS MIGRATÓRIOS NO BRASIL – II. ......................................................................... 12 
UNIDADE 05 - GLOBALIZAÇÃO E A INTENSIFICAÇÃO NO PROCESSO MIGRATÓRIO – I. ................................ 16 
UNIDADE 06 - GLOBALIZAÇÃO E A INTENSIFICAÇÃO NO PROCESSO MIGRATÓRIO – II. .............................. 20 
UNIDADE 07 – MIGRAÇÕES INTERNACIONAIS. ............................................................................................................... 24 
UNIDADE 08 – A MIGRAÇÃO DE HAITIANOS PARA O BRASIL. .................................................................................. 29 
UNIDADE 09 - FORÇA DE TRABALHO E A GLOBALIZAÇÃO DO DESEMPREGO. ................................................. 33 
UNIDADE 10 – POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA E DIVISÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. .. 37 
UNIDADE 11 - MIGRAÇÃO DE REFUGIADOS: OS CASOS NO ORIENTE MÉDIO. ................................................... 41 
UNIDADE 12 – A QUESTÃO PALESTINO-ISRAELENSE DE 1947 ATÉ 2000. .............................................................. 45 
UNIDADE 13 - A QUESTÃO PALESTINO-ISRAELENSE DE 2000 ATÉ 2014. .............................................................. 49 
UNIDADE 14 – OS CONFLITOS NA SÍRIA. ........................................................................................................................... 53 
UNIDADE 15 – O LÍBANO. ......................................................................................................................................................... 58 
UNIDADE 16 - MIGRAÇÃO DE REFUGIADOS: OS CASOS NA ÁFRICA. ..................................................................... 62 
UNIDADE 17 – OS CONFLITOS NO CONTINENTE AFRICANO. ................................................................................... 66 
UNIDADE 18 – A PRIMAVERA ÁRABE – OS CASOS DO NORTE DA ÁFRICA. ......................................................... 70 
UNIDADE 19 – A PRIMAVERA ÁRABE – OS CASOS DO ORIENTE MÉDIO. .............................................................. 74 
UNIDADE 20 - DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS. .................................................................. 78 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 
 
UNIDADE 01 - CONTEXTO HISTÓRICO DAS TEORIAS MIGRATÓRIAS. 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Proporcionar uma introdução ao estudo do conceito de migração, 
relacionando-o com a organização do espaço terrestre ao longo do tempo. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
A palavra migração deriva do latim “migro”, que significa “ir de um lugar para 
outro”. Assim, denomina-se na Geografia que migração humana nada mais é do que o 
deslocamento de uma população de certa região para outra. 
O fenômeno da migração ocorre desde os tempos mais remotos da civilização, 
mais precisamente, desde a Idade Antiga, quando surgiram grupos de pessoas 
nômades, ou seja, que viajavam de um local a outro, sem se fixarem em determinado 
território. Tais grupos nômades percorriam o território em busca de boas condições de 
vida onde podiam plantar e colher para a própria subsistência e, mesmo encontrando 
tais condições, continuavam suas rotas pela superfície do território. 
Observa-se que é também a partir da Idade Antiga que ocorreram as grandes 
invasões, conquistas e êxodos dos grandes Impérios conhecidos pela humanidade, e foi 
dessa forma que as primeiras migrações aconteceram, ou seja, que fluxos de pessoas se 
movimentaram através dos territórios, sendo que, nesse caso, os motivos estavam 
vinculados à conquista do próprio território. 
Analisa-se que, a partir da Idade Média, fluxos de pessoas se movimentavam 
pelo continente europeu onde grupos cada vez maiores, ora buscavam melhores 
condições de vida em outras regiões, ora fugiam da Inquisição (proposta pela Igreja 
Católica) ou eram atingidos por doenças e pestes que assolavam os europeus. 
É na Idade Moderna que os grandes reinos se consolidam e, visando maiores 
poderes e riquezas, começam a conquistar outros territórios nunca antes conhecidos 
pela humanidade – inicia-se, aí, a globalização. 
2 
 
A América e a Oceania são descobertos por países europeus. Os grandes Reinos 
da Europa fundam colônias nos novos territórios conquistados. África e Ásia também 
foram, em grande parte, colonizadas. 
A partir desse momento, colônias de exploração bem como colônias de 
ocupação começam a receber grandes fluxos de pessoas oriundas das grandes 
metrópoles europeias. As colônias começam a se organizar diferentemente no espaço 
e, dessa forma, novos espaços e novas formas de interagir com esse espaço fazem com 
que ocorram fluxos de pessoas internamente nas colônias. Do mesmo modo, a partir 
do momento em que há a saída de pessoas da metrópole, esta modifica sua estrutura 
demográfica e dá origem a outras migrações internas. 
O fenômeno da colonização também repercutiu em outras regiões, visto que 
escravos eram remanejados de um continente a outro, migrando-os forçadamente. 
Tantos fluxos de pessoas deram origem à “mistura” de etnias de populações como 
exemplo o próprio Brasil. Essa mistura tem o nome de “miscigenação”. 
Os fluxos de pessoas interferem diretamente na organização do espaço, à 
medida que é o homem que interage com o meio ambiente, formando o espaço 
geográfico, porém, a perda ou ganho de grupos demográficos implicará num conjunto 
populacional diferenciado, com formas diferenciadas de interagir com o meio, 
produzindo e reproduzindo condições de manter esse sistema. As diferentes formas de 
organização do espaço acarretam uma transformação do território em sua prática 
cotidiana, bem como as diversas formas de vê-lo. 
 
Este movimento social vai interferir no tamanho e na estrutura das populações, 
tanto por sexo e idade quanto em relação à ocupação profissional, 
interferindo, inclusive, nas taxas de natalidade e mortalidade (GUERINO, 2010, 
p. 140). 
 
 Constata-se que sem o processo de migração o homem jamais teria conseguido 
atuar em todas as áreas do planeta e consequentemente não teria se distribuído da 
forma como foi feita a ocupação dos territórios desde os primórdios da humanidade. 
Portanto, o conceito migratório envolve não somente os aspectos de deslocamento 
entre locais, mas também as questões vinculadas à mobilidade e à circulação, as quais 
3 
 
representam ações sociais que possibilitaram com o passar do tempo não só 
transformações de sociedades, como também uma constante evolução nos parâmetros 
socioeconômicos. 
Os fluxos migratórios dão acessibilidade territorial ao homem e este se torna 
elemento fundamental nas interações do espaço geográfico de seu meio de origem e o 
será também dessa forma ao local de destino, ou seja, dois territórios possivelmente 
divergentes passam a obter diferentes interações de um mesmo homem e/ou grupo 
social. 
Observa-se que o estudo sistemático do conceito de migração é muito 
complexo, podendo envolver diversas áreas do conhecimento. Assim, afirma Jansen a 
respeito da ausência de uma “teoria geral da migração”: 
 
A migração é um problema demográfico: influencia a dimensão das 
populações na origem e no destino; é um problema econômico: muitasmudanças na população são devidas a desequilíbrios econômicos entre 
diferentes áreas; pode ser um problema político: tal é particularmente verdade 
nas migrações internacionais, onde restrições e condicionantes são aplicadas 
àqueles que pretendem atravessar uma fronteira política; envolve a psicologia 
social, no sentido em que o migrante está envolvido num processo de tomada 
de decisão antes da partida, e porque a sua personalidade pode desempenhar 
um papel importante no sucesso com que se integra na sociedade de 
acolhimento; e é também um problema sociológico, uma vez que a estrutura 
social e o sistema cultural, tanto dos lugares de origem como de destino, são 
afetados pela migração e, em contrapartida, afetam o migrante (JANSEN, 1969, 
p. 60). 
 
Analisa-se, portanto, a necessidade de se estudar a respeito da migração, 
levando em conta a sociedade como um todo e também a individualidade do migrante, 
visando ao equilíbrio socioespacial, econômico, político e cultural. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Espaço geográfico – espaço onde o homem interage com a natureza. 
Etnia: origem biológica/cultural de um povo. 
Êxodo – fuga, saída em grande quantidade. 
Miscigenação – mistura de várias etnias. 
Nômades – grupo de pessoas que não se fixam em determinado território, percorrendo 
vários locais em diferentes épocas do ano. 
4 
 
UNIDADE 02 - ENTENDENDO OS FENÔMENOS MIGRATÓRIOS. 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Aprofundar os estudos e conhecimentos sobre o assunto da migração e 
possibilitar maiores compreensões a respeito de questões dentro do tema focado. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 Ressalta-se, a priori, que todo fluxo migratório envolve um ponto de partida e 
um ponto de chegada pelos grupos migrantes. 
 Denomina-se o ponto de partida como “área de repulsão”, enquanto que 
o ponto de chegada é denominado “área de atração”. É importante dizer que a pessoa 
que sai do local é chamada de emigrante, e quando chega ao seu destino é 
denominada imigrante. 
 
 
 
 A migração ocorre em grande escala em se tratando da busca por melhores 
condições de vida. 
 Milhares de pessoas saem de suas regiões nativas à procura de melhor 
qualidade de vida, conforto, emprego e bens. O maior fluxo migratório que existe nesse 
caso é dos países subdesenvolvidos em direção aos países desenvolvidos. Seus países 
de origem, muitas vezes carentes de infraestrutura e com problemas sociais graves, 
tornam-se uma área de repulsão, ou seja, são as características sociais, econômicas e 
políticas que irão possibilitar a uma região ou país se transformar numa área de 
emigração, portanto, de saída de pessoas. Por outro lado, países desenvolvidos, 
5 
 
industrializados, com boa qualidade de vida e com uma economia consolidada tornam-
se foco de atenção de futuros migrantes, os quais enxergam boas condições de 
melhorias e prosperidade financeira. Países e/ou regiões assim vistos se transformam 
em áreas de atração, ou seja, em territórios atrativos para muitas pessoas que desejam 
prosperar. Assim surge a imigração, entrada de pessoas em determinada região. 
 Entretanto, é preciso lembrar que muitas vezes o imigrante não é desejado para 
viver no território a que deseja migrar, porém trataremos desse assunto na unidade 
de Globalização e a Intensificação no Processo Migratório. 
 Outro exemplo é a migração de refugiados, os quais são obrigados a “fugir” das 
áreas onde vivem por conta de conflitos, guerras, instabilidade política e falta de 
recursos básicos para a sobrevivência. Nesse caso, a região conflituosa passa a ser uma 
área de repulsão, perdendo muitos habitantes; estes, fugindo dos conflitos, emigram 
para locais mais seguros, onde territórios que vivem em paz transformam-se em áreas 
de atração, somente pelo fator segurança. 
 Constata-se que, em todas as situações de migração, o ser humano retira-se de 
seu território de origem. Emigrando por vontade própria ou por condições adversas, de 
qualquer forma o migrante está saindo de seu “lugar”. Este conceito é muito debatido 
na Geografia e realça um importante foco de estudo ao espaço geográfico construído 
pelo homem. 
 Segundo a Nova Proposta Curricular do Estado de São Paulo: 
 
Para a geografia, o lugar traduz os espaços nos quais as pessoas constroem os 
seus laços afetivos e subjetivos, pois pertencer a um território e fazer parte de 
sua paisagem significa estabelecer laços de identidade com cada um deles. (in 
Proposta Curricular de São Paulo, 2009, p. 46). 
 
Observa-se, portanto, que o homem, além de interagir com a natureza e 
construir o espaço geográfico, ainda possui identidade e afetividade com seu lugar de 
origem, ou seja, o lugar onde o ser humano habita é por ele estimado, de forma que o 
homem constitui parte integrante do território, assim também o território é parte do 
homem. A Proposta Curricular continua: 
 
6 
 
É no lugar que cada pessoa busca suas referências pessoais e constrói o seu 
sistema de valores e são estes os valores que fundamentam a vida em 
sociedade, permitindo a cada indivíduo identificar-se como pertencente a um 
lugar e, a cada lugar, manifestar os elementos que lhe dão uma identidade 
única. (in Proposta Curricular de São Paulo, 2009, p. 46). 
 
 O lugar torna-se então muito importante ao indivíduo que, ao migrar à outra 
região, “abandona” suas antigas relações com o meio em que habitava. Dessa forma, 
pode-se afirmar que o indivíduo sente a ausência do território que deixou e, 
independentemente do que ocorrer, o homem vai criando seus laços afetivos com os 
lugares por onde passa. É claro que o lugar onde o indivíduo passa a maior parte de 
sua vida, as relações homem-meio são maiores por possuir a construção da identidade 
e da cidadania. Ana Fani afirma que: 
 
O lugar é a base da reprodução da vida e pode ser analisado pela tríade 
habitante-identidade-lugar. A cidade, por exemplo, produz-se e revela-se no 
plano da vida e do indivíduo. Este plano é aquele do local. As relações que os 
indivíduos mantêm com os espaços habitados se exprimem todos os dias nos 
modos de usos, nas condições mais banais, no secundário, no acidental. É o 
espaço passível a ser sentido, pensado, apropriado e vivido, através do corpo. 
(CARLOS: 1996, p. 19) 
 
 O conceito de lugar é cada vez mais evidente nos estudos geográficos, visto que 
ele serve de referência para explicar diversos fenômenos populacionais de larga ou 
pequena escala, com maiores ou menores amplitudes. O conceito explica ainda o 
motivo pelo qual populações podem reivindicar seu próprio território, ou ainda 
populações que vivem em locais inóspitos sem a intenção de emigrar. 
 Analisa-se que, muitas vezes, o migrante encontra várias dificuldades no local de 
destino, ele pode vir a sofrer preconceito e exclusão da sociedade, mas citam-se, 
principalmente, os problemas relacionados à adaptação. O novo habitante de um 
território terá de se adaptar a costumes diferentes, culinária, idioma, religião, enfim, 
podem-se encontrar raízes culturais totalmente divergentes de tudo o que o migrante 
já possa ter vivido e a inexperiência com o território faz com que a inadaptação ao 
lugar torne-se uma dificuldade grave. 
 
 
7 
 
 Observa-se, nesse sentido, a necessidade de estratégias em relação às políticas 
públicas, no que se refere às migrações, adaptação e auxílio ao migrante. Contudo, é 
importante também salientar a necessidade de atenuar as desigualdades sociais, bem 
como a descentralização do desenvolvimento econômico, pois somente dessa forma é 
que, ao invés de fluxos migratórios em busca de desenvolvimento em outros territórios, 
o indivíduo continuará habitando o seu lugar e interagindo de forma conjunta na 
sociedadeem que vive sobre o espaço, admitindo novos contornos ao espaço 
geográfico regional e à cultura local. 
 Verifica-se que um grande grupo de pessoas migra internamente dentro do país 
para outra região por fins climáticos, extrativistas agrícolas, dentre outros; esse fluxo 
migratório passa a habitar outra região, mas somente por um tempo determinado e, 
após isso, o fluxo migratório faz o inverso e retorna para o local de onde partiu. Esse 
fenômeno, o de migrações sazonais, é conhecido como “transumância”, o qual ocorreu 
e ainda ocorre no Brasil. 
 Citam-se também no sentido das migrações, aquelas pessoas cujos ofícios ficam 
longe de suas residências, o que os obriga a partirem para outras cidades a fim de 
cumprir suas funções de trabalho e retornar ao município onde residem ao fim do dia. 
Esse fenômeno é conhecido como “migração pendular”. É principalmente encontrado 
nas cidades periféricas em direção aos grandes centros urbanos. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Migrações internas – ocorrem dentro do território de um país. 
Migrações internacionais – ocorrem de um país/continente para outro. 
Xenofobia – sentimento de repulsa manifestado por uma população ou por indivíduos 
em relação a estrangeiros/imigrantes. 
 
 
 
 
8 
 
UNIDADE 03 - PRINCIPAIS FLUXOS MIGRATÓRIOS NO BRASIL – I. 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivo: Analisar as principais migrações ocorridas no Brasil, compreendendo seus 
motivos e complexidades. Observar as migrações internas do Brasil, focando nas 
consequências para o território brasileiro. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 Analisa-se que o Brasil recebeu desde os primórdios de sua colonização muitos 
imigrantes, os quais ajudaram na construção do espaço geográfico do país. Dessa 
forma, entende-se que o espaço geográfico brasileiro foi adquirindo contornos de 
vários povos que aqui se instalavam, formando uma pátria multiétnica e multicultural. 
Segundo Luiza Angélica Guerino, já em 1824, um grande número de alemães chegou 
ao Brasil recém-independente. Os alemães ocupavam principalmente a Região Sul do 
país onde fundaram cidades e fundiam sua cultura à cultura local, modificando o 
território em vastas áreas. 
 Vários europeus de outras regiões da Europa também emigraram para o Brasil, 
muitos deles refugiados pelos períodos de guerras mundiais e oferta de mão de obra 
assalariada na agricultura brasileira, visto que se desejava substituir a antiga mão de 
obra escrava trazida da África por uma assalariada. Destacam-se os italianos, 
portugueses, espanhóis, ucranianos, holandeses entre outros. 
 
Foi entre os anos de 1887 a 1914 que o Brasil recebeu o maior número 
de imigrantes europeus (cerca de 2.700.000), majoritariamente italianos, 
passando a ser chamado de período italiano. Durante esse período, a 
imigração recebeu grande apoio governamental. Isso ocorreu pela 
necessidade de se substituir a mão-de-obra escrava, nas lavouras de 
café, por trabalhadores minimamente especializados em novas técnicas 
agrícolas (GUERINO, 2010, p. 99). 
 
Observa-se, também, a entrada de japoneses no país entre 1920 e 1934, os quais 
se dedicaram à cultura de café, chá e algodão principalmente no Estado de São Paulo, 
Norte do Paraná e posteriormente até o Pará. 
9 
 
 
Kasato-Maru: primeiro navio a chegar ao Brasil trazendo imigrantes japoneses. 
Fonte: Google imagens – acesso em 20/07/2014. 
 A partir de 1934, o governo brasileiro inicia a restrição aos estrangeiros. 
 
A entrada de imigrantes no território nacional sofrerá as restrições necessárias 
à garantia da integração étnica e capacidade física e cívica do imigrante, não 
podendo, porém, a corrente imigratória de cada país exceder, anualmente, o 
limite de dois por cento sobre o número total dos respectivos nacionais fixados 
no Brasil durante os últimos cinquenta anos (Constituição da República dos 
Estados Unidos do Brasil – promulgada em 16 de Julho de 1934). 
 
 A miscigenação brasileira, portanto, influenciou a construção do território do 
país, onde indivíduos com culturas diferentes interagiam de formas também 
diferenciadas com os espaços rural e urbano. 
10 
 
 Constatam-se, no 
Brasil, as migrações 
internas, as quais se 
revelam pertinentes nos 
estudos da organização do 
espaço nacional. 
No século XVII, 
iniciou-se a ocupação do 
Nordeste brasileiro pelos 
criadores de gado (GUERINO, 2010, p. 100); o fluxo era da Zona da Mata (litoral do 
Nordeste) em direção aos vales dos rios, como o São Francisco, além do ciclo da cana-
de-açúcar. A partir da descoberta de jazidas de ouro e outros minérios em Minas 
Gerais, grandes contingentes da população nordestina e paulista para a região mineira 
também migraram. 
O ciclo do café no Estado de São Paulo foi outro foco de fluxo migratório; por 
conta de essa cultura ser exportada e render lucros, a grande oferta de emprego nos 
cafezais atraiu mineiros, cariocas e nordestinos. 
O ciclo da borracha no Norte do país foi outra região que, por certo período, 
consagrou-se como área de atração de migrantes. 
 
No período compreendido entre 1890 e 1910, o ciclo da borracha na Amazônia 
foi o grande fator econômico que atraiu milhares de imigrantes. O ciclo da 
borracha possibilitou um dos maiores movimentos migratórios observados no 
país. Durante esse ciclo estima-se que 500 mil nordestinos tenham chegado à 
Amazônia para trabalhar nos seringais. (GUERINO, 2010, p. 101). 
 
A Amazônia abrigava uma quantidade enorme de seringueiras, árvores 
produtoras do látex, matéria-prima da borracha, exportada para a Europa e, por esse 
motivo, era uma atividade lucrativa para a época, o que, com certeza, ajudou no 
processo de construção do espaço geográfico na Amazônia, pois o território fora 
habitado por migrantes, que se tornaram habitantes definitivos do local. 
 
11 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Observa-se um fato importantíssimo a se comentar, que foram os incentivos do 
governo brasileiro quanto à ocupação da porção oeste do país durante a década de 
1940. Isso ocorreu porque o Brasil foi sendo ocupado do litoral para o interior e, dessa 
forma, enquanto as regiões litorâneas e seus arredores eram densamente povoados, o 
interior do país permanecia com áreas de vazios populacionais. Porém, com os 
incentivos do Estado Nacional em se habitar as regiões interiores do Brasil, um grande 
fluxo migratório começa a se materializar, principalmente para a Região Centro-Oeste. 
De acordo com dados do IBGE, Goiás chegou a receber 50 mil imigrantes por 
ano, oriundos principalmente de Minas Gerais e do Nordeste (GUERINO, 2010, p. 101). 
Com a construção de Brasília, os fluxos migratórios se intensificaram e a Região Centro-
Oeste passou a receber imigrantes de todas as regiões brasileiras. 
Segundo Luiza Angélica Guerino (2010, p. 101): o processo migratório para o 
Centro-Oeste foi tão significativo que, em 40 anos, a população passou de 1,2 milhão 
(1940) para 7,5 milhões de habitantes (1980). 
Todo esse sistema serviu para formar o espaço geográfico da Região Centro-
Oeste, visto que surgiram paulatinamente no território vários pontos fixos e os diversos 
fluxos, formando assim novas redes e interligando o interior oeste ao restante do país. 
Aumento na população, redes de transporte e comunicação, além de instalações de 
diversas empresas, indústrias e instituições em geral foram reestruturando a Região. Era 
um novo perfil populacional possibilitando novas interações ao ambiente e 
transformando o território. 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
UNIDADE 04 - PRINCIPAIS FLUXOS MIGRATÓRIOS NO BRASIL – II. 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivo: Analisar as principais migrações ocorridas no Brasil, compreendendoseus 
motivos e complexidades. Observar as migrações internas do Brasil, focando nas 
consequências para o território brasileiro. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Citando-se também um dos principais eixos de migração do país temos os fluxos 
demográficos em direção à Região Sudeste e principalmente para os estados de São 
Paulo e Rio de Janeiro e suas capitais. 
Tais cidades consagraram-se como foco de desenvolvimento e concentração 
industrial, admitindo intensa mão de obra. Foi com o vislumbre de inúmeras 
oportunidades que as duas capitais receberam números expressivos de migrantes 
vindos de várias regiões do país e também do exterior. As duas metrópoles obtiveram 
rápido crescimento populacional, tanto que foram as primeiras metrópoles a se formar 
no país já em meados do século XX. Diferentes grupos de pessoas formavam um 
território multicultural, isto é, várias territorialidades diferentes. Assim, as cidades 
passaram a ser reconhecidas como cosmopolitas e seus respectivos desenvolvimentos 
de produção e consumo são indiscutíveis para o crescimento do Brasil. 
Entretanto, assiste-se atualmente a uma migração de retorno, ou seja, o número 
de Nordestinos que volta à região de origem é maior que o número que migra ao 
sudeste. Após anos de fluxo em direção aos grandes centros urbanos, percebe-se que a 
falta de infraestrutura para atender a todos e dificuldades em moradia e transporte, 
além de outros problemas urbanos (denominados Macrocefalia), deixa de ser uma área 
de atração e passa a ser uma área de repulsão. As duas grandes metrópoles globais 
exercem influência mundial, porém as adversidades com poluição, favelização e pouca 
qualidade de vida fazem as pessoas repensarem ao migrar. 
 Analisa-se desde a década de 1960, com intensificação até 1980, um fenômeno 
conhecido por êxodo-rural, época em que a população brasileira passou a residir 
13 
 
predominantemente na zona urbana. Isso alterou não só o espaço urbano como 
também o rural e, além disso, as paisagens foram modificadas. As pessoas buscavam 
principalmente maiores confortos e mais qualidade de vida, além da aproximação dos 
comércios e serviços da cidade. De acordo com dados do IBGE, em 1940, a população 
urbana brasileira era de cerca de 30%, porém essa porcentagem em 1970 chegou a 
55,9% e em 2000 saltou para 81,2%. De acordo com o Censo Demográfico de 2010 já 
chegamos a uma taxa de urbanização de 85%. Cita-se que, na primeira metade da 
década de 1990, novas áreas de atração surgiram e os Estados do Tocantins, Goiás e 
Amapá receberam migrantes oriundos das Regiões Norte e Nordeste. 
Há, no entanto, um novo fato, uma nova região do Brasil que vem se destacando 
como área de atração para migrantes de várias regiões da Federação: 
 
A Região Centro-Oeste vem apresentando um grande desenvolvimento 
econômico. Por essa razão, constitui-se numa nova frente de expansão 
econômica, com destaque para os empreendimentos agropecuários. 
(GUERINO, 2010, p. 102) 
 
Devido às atividades da agricultura brasileira como a cana-de-açúcar, ocorre no 
território a migração designada transumância. Um grande fluxo de pessoas sai de 
distintas regiões e migram em épocas de safra na colheita da cana. Essa migração é 
sazonal, ou seja, ocorre semente por um tempo determinado. Com o fim da safra, os 
fluxos retornam aos seus locais de origem e o mesmo sistema se reproduz no próximo 
ano. Muitos trabalhadores aproveitam a oportunidade para trabalhar nas lavouras e 
acabam por alterar o perfil populacional nas diferentes épocas do ano. Da transumância 
podem ocorrer algumas migrações definitivas. 
 Observa-se, também, a migração pendular, que ocorre intensamente no Brasil 
quanto se analisa a hierarquia das cidades. A migração pendular acontece com fluxos 
das pequenas cidades para os grandes centros urbanos; tem lugar posteriormente ao 
refluxo, sendo que a duração dessa migração é diária, ou seja, as pessoas trabalham 
numa cidade diferente, passam o dia noutro município e retornam à própria cidade ao 
fim do dia. Dessa forma, grandes cidades podem conviver durante o dia com uma 
população maior do que o normal. 
14 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 Veja a tabela da ocupação do território brasileiro: 
Etapas Ocupação 
Pau Brasil Ocupação inicial, sem uma efetivação. 
Cana-de-açúcar Ocupação efetiva do litoral com formação de centros econômicos 
regionais. 
Gado e couro Do litoral nordestino para o interior, no vale do São Francisco. 
Mineração Ocupação do Centro sul; ocorre neste período uma mudança na 
estrutura econômica e social brasileira, pois com a mineração 
houve uma fixação em núcleos urbanos, com a formação de 
cidades. 
Borracha Mudança do eixo econômico, fundação de cidades no vale médio 
Amazonas e ocupação da Amazônia ocidental. 
Cafeicultura Profundas alterações na estrutura política, econômica e social. 
Ocupação efetiva do Sudeste e Sul. Fundação de cidades, 
ampliação do mercado consumidor, substituição da mão de obra 
escrava pela imigrante assalariada. 
Industrialização Definitiva ocupação do Sudeste, mudança na estrutura econômica 
e social brasileira; a partir daí a sociedade brasileira vai cada vez 
mais se urbanizando. 
Construção de 
Brasília 
Ocupação do Centro-Oeste, com numerosa mão de obra, 
principalmente nordestina (denominada candangos). 
Frentes pioneiras 
agrícolas 
Rápida ocupação e expansão para o Centro-Oeste e Amazônia 
ocidental, expansão da pecuária e principalmente da agricultura 
comercial. 
Novas áreas 
metropolitanas 
As novas metrópoles atraem cada vez mais novos setores e 
consequentemente a mão de obra, como, por exemplo, em 
Londrina, Joinvile e Campinas (hoje caracterizada como vale do 
15 
 
Silício do Brasil). 
 
O esquema abaixo resume o processo de urbanização do Brasil, mostrando as 
principais causas e suas consequências: 
 
 URBANIZAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cidade cosmopolita – possui habitantes de várias regiões e/ou países, além de sofrer 
influência dos mesmos em sua própria cultura. 
Êxodo rural – migração que ocorre do campo para a cidade. 
Paisagem – de acordo com a proposta curricular do Estado de São Paulo (2009, p. 45), 
a paisagem geográfica é a unidade visível do real e que incorpora todos os fatores 
resultantes da construção natural e social. A paisagem acumula tempos e deve ser 
considerada como tudo aquilo que nós vemos, o que nossa visão alcança. 
Territorialidades – facilmente encontradas nas grandes cidades, são grupos de pessoas 
que expressam certa homogeneidade na forma de pensar ou estilo de agir, esses 
grupos compartilham da mesma cultura e posição ideológica. Exemplos: punks, hippies, 
góticos, emos etc. 
URBANO RURAL 
INDUSTRIALIZAÇÃO (após 1930). 
Êxodo Rural 
Péssimas condições de vida no campo; Mecanização do campo. 
– Crescimento populacional no campo; Concentração fundiária. 
 
Consequências. 
– Macrocefalismo. 
– Favelas x Condomínios fechados. 
– Terceirização; Desemprego; Violência. 
 
16 
 
UNIDADE 05 - GLOBALIZAÇÃO E A INTENSIFICAÇÃO NO PROCESSO 
MIGRATÓRIO – I. 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivo: investigar os aspectos econômicos, políticos e sociais através do fenômeno da 
globalização e suas consequentes influências para os fluxos migratórios. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 Analisa-se a priori que, desde o período pós-Segunda Guerra, o mundo adquiriu 
novos contornos políticos, sociais e econômicos, intensificando-se o sistema capitalista 
de consumo e produção nos mais diversos países. 
 Essa intensificação do capitalismo necessitava cada vez mais de mercados 
consumidores que fossem diversificadose densos. Além disso, a necessidade de 
descentralizar a produção de várias mercadorias era outro ponto importante a se 
observar numa época em que novas estratégias eram repensadas e a organização do 
espaço se alterava. 
 Diante desse contexto, analisa-se então o surgimento do fenômeno 
chamado “globalização”, o qual se intensificou gradativamente até atingir atualmente 
um patamar jamais imaginável, principalmente após a Guerra Fria. 
 Observa-se que, para a globalização, o “encurtamento de distâncias” é algo 
pertinente, pois a acessibilidade aos mais diversos lugares é um dos principais objetivos. 
 A era global foi permitindo, com o tempo, a possibilidade da troca rápida de 
informações e, consequentemente, de culturas diferentes; além disso, os fluxos de 
mercadorias cada vez mais crescentes transmitiam diferentes produtos para diferentes 
povos. 
 Verifica-se, dessa forma, que com a crescente troca de mercadorias houve uma 
“fusão” de produtos e consequentemente de culturas e costumes (lê-se massificação de 
cultura) e isso fez com que as pessoas eliminassem as fronteiras e se sentissem cada 
vez mais presentes em todas as partes do mundo, daí o “encurtamento de distâncias”. 
 
17 
 
 O avanço tecnológico foi também aliado ao processo de globalização e, assim, 
novas técnicas de comunicação e meios de transporte eficientes surgiram, a fim de 
possibilitar intensas relações entre os países. 
Proporcionalmente, enquanto o fenômeno da globalização permite a densidade 
de trocas materiais, financeiras, informacional e pessoal, também se elevam e se 
intensificam os fluxos migratórios. 
 
A globalização tem facilitado as migrações, tanto pela redução do custo dos 
transportes (sobretudo o aéreo) quanto pela expansão do uso da internet e 
das telecomunicações, as quais possibilitam intercâmbios culturais e contatos 
com realidades distantes. Em 2006, segundo a ONU, o contingente de 
migrações internacionais (pessoas que vivem fora do país de origem) era de 
3% da população mundial, ou cerca de 195 milhões de pessoas. (TERRA, 2010, 
p. 183) 
 
Os deslocamentos ocorrem no mundo todo. As pessoas saem de seus 
respectivos lugares devido a causas diversas como perseguições religiosa e política, 
problemas de ordem físico natural, ideológica e de guerras/conflitos. 
Na era global, a grande parte dos fluxos migratórios internacionais busca 
melhores condições de vida, melhores oportunidades de emprego e renda; com isso, os 
principais focos de atração são os países desenvolvidos e fortemente industrializados. 
A possibilidade de viver com qualidade e com mais conforto podendo obter 
bens de consumo é o que atrai os migrantes, oriundos de países subdesenvolvidos e 
pouco industrializados. 
Analisa-se, portanto, que a globalização trouxe fluxos migratórios que vão dos 
países pobres em direção aos países ricos. Assim, as principais áreas de repulsão são o 
Sul e Sudeste Asiático, África e América Latina, e áreas de atração: América Anglo-
Saxônica, Europa, Japão e Austrália. 
Ocorre, então, uma taxa de emigração alta dos países subdesenvolvidos e 
elevadas taxas de imigração nos países desenvolvidos. 
 
 
 
18 
 
As pessoas mudam dos lugares mais pobres para os mais prósperos na 
expectativa de melhorar sua condição de vida. Por isso, as duas maiores zonas 
de atração de fluxos migratórios do mundo são os Estados Unidos, em 
primeiro lugar, e a União Europeia, em segundo. (TERRA, 2010, p. 183) 
 
Observa-se também, em se tratando das migrações internacionais, a relação 
causa e consequência dos fatores que corroboram para a emigração, ou seja, saída de 
pessoas de um país. O predomínio da emigração é verificado nas nações 
subdesenvolvidas e emergentes. 
 
As condições econômicas que propiciam as migrações podem ter como causa 
fatores estruturais – relacionados à situação econômica do país de origem da 
população migrante, como estagnação ou baixo crescimento econômico – ou 
resultarem de fatores conjunturais, decorrentes de crises políticas e 
econômicas mais amplas. (TERRA, 2010, p. 184) 
 
Analisa-se que, com a forte imigração, os países desenvolvidos aumentaram 
consideravelmente sua população e em algumas regiões é impossível pensar a 
organização do espaço sem a presença dos imigrantes e suas interações com o meio. O 
número de imigrantes na população é tão alto que em alguns países eles somam 10% 
do total demográfico. Com isso, é importante que se analise a organização espacial e 
social dotada de dinamismo, transformações, fluidez e complexidades. Assim, verificam-
se as elevadas remessas financeiras enviadas às regiões subdesenvolvidas pelos 
emigrados. 
 
Em 2008, essas remessas chegavam a quase 300 bilhões de dólares. Em muitos 
países esse valor ultrapassa o da ajuda externa oficial e proporciona uma das 
maiores fontes de rendimentos. Na México, por exemplo, o recebimento 
desses valores constitui a segunda fonte de divisas do país, depois do petróleo. 
(TERRA, 2010, p. 185) 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Observa-se então que, ao mesmo tempo em que fluxos demográficos vão em 
direção aos países desenvolvidos, fluxos financeiros se dirigem às áreas 
subdesenvolvidas do planeta, ou seja, de alguma forma são casos de emigrantes que 
estão indiretamente ligados à construção do espaço geográfico, visto que, para alguns 
19 
 
territórios, tais fluxos financeiros são pertinentes para a construção e organização do 
espaço. 
Nota-se que, com a maciça entrada de imigrantes em seu território, os países 
desenvolvidos iniciam uma série de restrições à migração estrangeira e, com ideais 
protecionistas, “fecham suas fronteiras”. Porém, a ânsia por oportunidades de melhorias 
é tão forte que não é baixo o número de pessoas que tentam migrar ilegalmente aos 
países desenvolvidos. 
Atualmente, grupos de pessoas se arriscam em perigos insalubres tentando 
atravessar fronteiras, tanto que a imigração ilegal tornou-se algo lucrativo para pessoas 
que cometem o crime de prestar auxílio a imigrantes ilegais. São as 
denominadas “máfias globalizadas”, assim chamadas pelo fato de demonstrarem redes 
de auxílio à imigração ilegal de forma organizada e dotada de conhecimentos 
estrangeiros e estratégicos. As máfias globalizadas não se preocupam com o migrante, 
cuja consequência será a deportação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Filmes: 
“Olhos Azuis” – mostra as tentativas de entrada de imigrantes nos Estados Unidos, inclusive de um 
brasileiro, que é a personagem principal do filme. 
“Sob La Misma Luna” – imigrante ilegal do México tentando sobreviver nos Estados Unidos. 
20 
 
UNIDADE 06 - GLOBALIZAÇÃO E A INTENSIFICAÇÃO NO PROCESSO 
MIGRATÓRIO – II. 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivo: Investigar os aspectos econômicos, políticos e sociais através do fenômeno da 
globalização e suas consequentes influências para os fluxos migratórios. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Na unidade anterior vimos que a migração estrangeira globalizada pode tornar-
se um círculo vicioso (negativo), em que os países desenvolvidos absorvem os 
profissionais especializados, condicionando a situação da falta de infraestrutura e 
crescimento dos subdesenvolvidos. 
 
Na globalização, como sabemos, valoriza-se o trabalho especializado. Os 
países concorrem, formando trabalhadores especializados e atraindo pessoas 
qualificadas. Geralmente os trabalhadores de topo (especialistas em diversas 
áreas, pesquisadores, peritos em informática e comércio, executivos, 
administradores etc.) saem dos países periféricos e se dirigem aos países 
centrais, num movimento migratório conhecido como fuga de cérebros. 
(TERRA, 2010, p. 187) 
 
Os trabalhadores especializados movem-se em massaaos países desenvolvidos, 
restando aos subdesenvolvidos uma quantidade expressiva de mão de obra não 
qualificada e carência em mão de obra especializada. 
Tal carência cria e recria condições de impossibilidade de desenvolvimento e 
assim a grande parte da mão de obra permanece não qualificada e excedente, o que 
resulta em desemprego, subemprego, pobreza e problemas sociais. 
Essas são condições que irão novamente favorecer áreas de atração e desejo de 
saída em áreas de repulsão, formando-se dessa forma, o referido círculo vicioso em 
que, desta vez, serão os trabalhadores não especializados que desejarão melhorar as 
condições de vida, migrando para os países desenvolvidos, nem que seja para servirem 
de mão de obra barata. Mas é esse imigrante pouco preparado para o mercado de 
trabalho que não é bem recebido pelos países de destino. 
21 
 
Analisa-se que as condições dos imigrantes são por muitas vezes incertas e 
dotadas de preconceitos e discriminações. 
 
Como não têm plena cidadania, não gozam de direitos civis, como serviço de 
saúde e de educação, e acabam por integrar marginalmente a força de 
trabalho. Em geral, seu trabalho é explorado, transformando-se, em alguns 
casos, em escravidão. (TERRA, 2010, p. 190) 
 
O imigrante sofre com o fenômeno conhecido como xenofobia, ou seja, aversão 
ao imigrante, ao estrangeiro. Vários grupos de pessoas nos países desenvolvidos 
compartilham a ideia de que fluxos migratórios oriundos de países pobres colocam a 
política, a sociedade e a economia em ameaça. A xenofobia está intimamente ligada à 
violência e ao racismo. 
Na “nova Alemanha”, em 1994, havia um cartaz com os dizeres: "Seu Cristo é 
Judeu. Seu carro é japonês. Sua pizza é italiana. Sua democracia, grega. Seu café, 
brasileiro. Seu feriado, turco. Seus números, árabes. Suas letras, latinas. Só o seu vizinho 
é estrangeiro". Isso retrata o sentimento de repúdio aos imigrantes, até mesmo da 
própria Europa (vindos do Leste) e a atuação de grupos Neonazistas acabam gerando 
conflitos e violência contra os mesmos. 
 
 
 
 
22 
 
As situações de moradia dos imigrantes também é algo a se considerar, visto 
que, na maioria das vezes, são segregados da sociedade em que vivem, fragmentando 
o território. Surgem, então, os guetos nas periferias das grandes cidades. Assim Lygia 
Terra discorre a respeito dos guetos: 
 
Bairros diferenciados etnicamente, onde vive uma população que não 
consegue se integrar no restante da sociedade e que busca reforçar sua 
identidade por meio de práticas religiosas, vestuário e outros aspectos da vida 
cotidiana. (TERRA, 2010, p. 191) 
 
Essa fragmentação no território da cidade irá originar diferentes sociedades com 
diferentes impactos com o meio. Logo percebem-se dois espaços geográficos 
construídos com maior e menor intensidade de interações, mas que não se podem 
estudar isoladamente por pertencerem a uma mesma área. Analisa-se 
consequentemente a diferenciação de paisagens urbanas dentro de uma mesma 
cidade. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
A grande virada do século XXI 
Após o fim da Guerra Fria (dezembro de 1991) ocorre uma virada no mundo. A 
principal causa foi o avanço da democracia no mundo, que trouxe benefícios como a 
liberdade e o respeito pelos direitos humanos. 
Os países com democracia estável tendem a se envolver menos em guerras e 
guerrilhas, pois resolvem seus problemas com o direito do sufrágio universal, isto é, o 
voto democrático. 
O início do século XXI foi marcado por uma intensa onda de queda de ditadores, 
principalmente no norte da África e Oriente Médio, esse fato ficou conhecido como a 
Revolução de Jasmim (Revolução na Tunísia de 2010-2011), ou “Primavera Árabe”, que 
veremos em outra unidade. 
Após a Tunísia, a derrubada de ditadores na região se intensificou afetando 
diversos países. 
 
23 
 
Deportação: é quando o imigrante ilegal é preso e obrigado a retornar ao país de 
origem. 
Globalização: termo cunhado pelos norte-americanos significa, ao pé da letra, 
internacionalização das relações econômicas, sociais e políticas. A visão dos estudiosos 
sobre o conceito é polêmica. Alguns o entendem como um processo de adequação das 
dinâmicas nacionais a uma dinâmica preponderante no âmbito internacional, sem 
traumas. Outros acreditam que a globalização é a sofisticação máxima do sistema 
capitalista, portanto, violenta e traumática, gerando desemprego, interferindo nas 
culturas nacionais e abalando a soberania das nações. 
Nacionalismo: valorização do Estado como nação soberana. Com a globalização, o 
Estado perde sua legitimidade e vigor porque suas instituições básicas – soberania, 
estado social e defesa nacional – perdem poder. A ideia de pátria, assim, se dilui. Isso 
aparece claramente no comportamento de um alto executivo de corporação 
internacional, que se sente desobrigado de ser leal à pátria em benefício da empresa 
onde trabalha. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
UNIDADE 07 – MIGRAÇÕES INTERNACIONAIS. 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Entender as questões que movem essas levas de migrantes e as principais 
áreas de repulsa e atração. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 Migrar corresponde à mobilidade espacial da população, ou seja, é o ato de 
trocar de país, estado, região, ou até mesmo de domicílio. 
 A migração internacional consiste na mudança de moradia com destino a outro 
país/continente. Tal ocorrência vem sendo promovida ao longo de muitos anos, a 
exemplo disso cita-se a migração forçada de africanos para serem escravizados em 
outros continentes. A partir daí, esses fluxos migratórios internacionais têm se 
intensificado cada vez mais nas últimas décadas. 
 O processo de migração internacional pode ser desencadeado por diversos 
fatores: em consequência de desastres ambientais, guerras, perseguições políticas, 
étnicas ou culturais, causas relacionadas a estudos em busca de trabalho e melhores 
condições de vida, entre outros. O principal motivo para esses fluxos migratórios 
internacionais é o econômico, no qual as pessoas deixam seu país de origem visando à 
obtenção de emprego e melhores perspectivas de vida em outras nações. 
 O mundo tem hoje 232 milhões de migrantes internacionais (3,2% da 
população) e 59% deles vivem em regiões desenvolvidas, diz a ONU. Nunca tantas 
pessoas moraram fora de seus países e a Ásia lidera o crescimento de migrantes 
internacionais. Foram 20 milhões entre 2000 e 2013, o que indica que o continente deve 
ultrapassar a Europa neste quesito num futuro próximo. De acordo com o documento 
elaborado pelo Departamento da ONU de Assuntos Econômicos e Sociais (DESA), mais 
de dois terços do crescimento de migrantes no continente ocorreu na Ásia Ocidental, 
passando de 19 para mais de 33 milhões, por causa da demanda por trabalhadores 
contratados nos países produtores de petróleo. O Sudeste asiático, que inclui 
25 
 
economias em rápido crescimento como Cingapura, Malásia e Tailândia, também 
testemunhou um aumento acentuado no número de migrantes entre 2000 e 2013. 
 De 2000 a 2009, o número de migrantes globais passou a ser de mais de 4,6 
milhões por ano, mais que o dobro da década 1990 a 1999 (2 milhões). Durante a 
primeira década do século XXI, a Ásia registrou o maior aumento (1,7 milhão por ano), 
seguido pela Europa (1,3 milhão por ano) e América do Norte (1,1 milhão por ano). A 
Ásia também experimentou o maior aumento como região de origem (de repulsa): o 
número mundial de migrantes provenientes desse continente aumentou em 2,4 
milhões por ano, seguido por América Latina e Caribe (1 milhão), África (0,6 milhão) e 
Europa (0,5 milhão) – verifica-seque as áreas mais pobres são as que mais “fornecem” 
migrantes. 
 De 2010 a 2013, o aumento no número de migrantes internacionais desacelerou 
para cerca de 3,6 milhões por ano. Durante esse período, a Europa ganhou o maior 
número (1,1 milhão por ano), seguido pela Ásia (1 milhão) e América do Norte (0,6 
milhão). Na África, o número de migrantes registrou um acréscimo anual de 0,5 milhão 
apesar de uma queda acentuada no número de refugiados. 
 Os Estados Unidos possuem o maior número de imigrantes internacionais – dos 
195 milhões de habitantes, 39 milhões residem naquele país. 
 A migração internacional promove uma série de problemas socioeconômicos. 
Em face das medidas tomadas pela maioria dos países desenvolvidos no intento de 
restringir a entrada de imigrantes, o tráfico destes tem se intensificado bastante. No 
entanto, esses mesmos países adotam ações seletivas, permitindo a entrada de 
profissionais qualificados e provocando a “fuga de cérebros” dos países em 
desenvolvimento, ou seja, pessoas com aptidões técnicas e dotadas de conhecimentos 
são bem-vindas. 
 Outra consequência é o fortalecimento da discriminação atribuída aos imigrantes 
internacionais, processo denominado “xenofobia”. 
 O relatório também aborda os impactos dos migrantes nos países de destino e 
origem. Nos primeiros, o estudo afirma que os migrantes não provocam muitos 
26 
 
impactos nos salários e empregos da população local. No entanto, podem reduzir os 
salários e oportunidades de emprego para trabalhadores locais pouco qualificados ou 
imigrantes que chegaram antes, também com menos qualificação. O relatório observa a 
maior vinda de migrantes altamente qualificados, como professores, estudantes 
universitários, doutores e empresários. Este aumento tem consequências negativas para 
os países de origem, afetando a prestação de serviços básicos e recursos fiscais, além 
de reduzir o crescimento econômico em alguns contextos. Pequenos países em 
desenvolvimento, com um número relativamente pequeno de profissionais, são 
particularmente afetados pela emigração de trabalhadores. 
 O mapa a seguir corrobora com a informação de que as áreas mais pobres são 
as que mais emigram pessoas e as mais ricas para onde elas imigram. Também vemos 
que os Estados Unidos da América é o país que mais recebeu/recebe imigrantes no 
mundo. 
 
27 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 Entre as décadas de 1980 e 1990, milhões de brasileiros deixaram o Brasil, 
promovidos por sucessivas crises econômicas que assombrava todos os habitantes e 
posteriormente pelo crescente número de desemprego causado pelo processo de 
globalização e de novas tecnologias que tiraram muitos postos de trabalho. Então 
foram em busca de novas oportunidades e melhores condições de vida, direcionados a 
diversos países espalhados pelo mundo. 
 Os países que atraem os brasileiros são muitos, no entanto, os países 
desenvolvidos quase sempre são os principais destinos, porém basicamente três países 
absorvem aproximadamente 80% de todos emigrantes brasileiros no mundo. Desse 
modo destacam-se respectivamente: Estados Unidos com aproximadamente 800.000 
mil brasileiros, Paraguai com cerca de 455.000 mil e Japão com 254.000. 
 Os Estados Unidos, principalmente nos anos 90, recebeu uma infinidade de 
brasileiros, esses desenvolvem atividades que requer pouca qualificação e que os 
próprios americanos se negam a executar, tarefas como: lavar pratos, limpezas de 
residências, construção de casas entre muitas outras, nesse caso são tarefas realizadas 
por brasileiros e imigrantes de outras origens. 
 O sonho americano continua, pois o fluxo migratório para esse país é 
extremamente intenso. As pessoas que decidem viver nos Estados Unidos antes 
precisam chegar ao país, o que não é fácil, uma vez que os vistos são bastante restritos, 
devido a isso muitos brasileiros pagam elevados valores em dólares para atravessar a 
fronteira entre o México e o país em questão, a travessia é clandestina, por isso oferece 
muitos riscos, como ser pego pelo serviço de migração norte-americana, ser preso e 
depois deportado, além de sofrer nas mãos de “coyotes” (pessoas que facilitam a 
entrada de imigrantes) e enfrentar os perigos do deserto. Nessa tentativa, muitos 
brasileiros contraem dívidas no Brasil, vendem suas casas, acreditando que ao começar 
a trabalhar poderão saná-las, embora nem sempre seja isso o que acontece, pois 
quando são pegos pelo serviço de imigração são deportados, desse modo ficam 
impossibilitados de pagar tais dívidas. 
28 
 
 Em território Norte-Americano as cidades que mais atraem os brasileiros são 
Nova York, Boston e Miami. Antes desse fluxo de brasileiros para os Estados Unidos, o 
lugar que mais recebia pessoas vindas do Brasil era o Japão, principalmente nos anos 
1980, o fato ocorreu a partir do momento que o Governo Japonês liberou a entrada de 
descendentes diretos no país, no entanto, não se tratou de uma atitude despretensiosa, 
pois na verdade o que realmente o governo pretendia era adquirir mão de obra com 
baixa qualificação e automaticamente com baixo custo, para desenvolver atividades na 
indústria, em sua maioria. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sobre a migração para os Estados Unidos sugerimos os filmes: 
- Olhos Azuis 
- Sob La Misma Luna. 
29 
 
UNIDADE 08 – A MIGRAÇÃO DE HAITIANOS PARA O BRASIL. 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivo: conhecer o processo de emigração do Haiti para o Brasil e os futuros 
prejuízos ao nosso país. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 Antes da instabilidade 
política que afetou o país em 
2004, a presença de haitianos 
no Brasil era inexpressiva. Com a 
chegada e permanência das 
forças de paz da ONU, em sua 
maioria do exército brasileiro, os 
haitianos passaram a ver o Brasil 
como uma válvula de escape. 
 Após o terremoto que 
abalou o país insular da América 
Central em janeiro de 2010, que 
provocou a morte de mais de 
350 mil pessoas e deixou mais 
de 300 mil desabrigados, 
segundo a ONU, a emigração 
haitiana se torna um intenso fenômeno, sendo o Brasil um dos principais países de 
destino. 
 A cidade de Brasileia, no Acre, fronteira com o Peru, é a porta de entrada deles 
aqui no Brasil. Segundo o governo do Acre, desde dezembro de 2010, cerca de 130 mil 
haitianos entraram pela fronteira com o Peru. 
 Os haitianos chegam de ônibus e são orientados a procurar a delegacia da 
Polícia Federal solicitando refúgio, preenchendo um questionário no próprio idioma e 
30 
 
sendo entrevistados por policiais. A PF expede um protocolo preliminar que os torna 
"solicitantes de refúgio", obtendo os mesmos direitos que cidadãos brasileiros, como 
saúde e ensino. Eles também podem tirar carteira de trabalho, passaporte e CPF, sendo 
registrados oficialmente no país. Após o registro na PF, a documentação segue para o 
Comitê Nacional de Refugiados (Conare) e para o Conselho Nacional de Imigração 
(Cnig), que abrem um processo para avaliar a concessão de residência permanente em 
caráter humanitário, com validade de até 5 anos. 
 Apesar de o documento da PF constar “solicitante de refúgio”, os haitianos não 
são assim considerados, pois segundo nossas leis, o refúgio só pode ser concedido a 
quem provar estar sofrendo perseguição em seu país, por motivos étnicos, religiosos ou 
políticas. Porém, em razão da crise humanitária provocada pela catástrofe de 2010, o 
governo brasileiro abriu uma exceção, concedendo-lhes um visto diferenciado. 
 A situação mais crítica ocorreu em abril de 2013, quando houve uma chegada 
descontrolada de imigrantes advindos do Haiti e até de países africanos,como Senegal, 
Nigéria e Gana. O governo municipal de Brasileia decretou situação de emergência 
social naquele momento. A saída? Despachar para a capital, Rio Branco e de lá para 
outros estados. A cidade de São Paulo começou a receber milhares desses imigrantes, 
que chegavam em ônibus fretados pelo governo do Acre, sem nenhum aviso prévio. 
 Os haitianos deixam seu país e suas famílias principalmente em busca de 
trabalho. "Não acreditamos que haja oportunidades na ilha. No Brasil, tudo é mais fácil 
e é o único local que está recebendo os haitianos com humanidade. Em outros países, é 
um inferno. Se um haitiano disser que não trabalha por aqui é porque ele não quer", 
assegura Kenny Michaud, que está há cinco meses em São Paulo. Em geral, eles 
trabalham para se manter e também precisam enviar dinheiro para suas famílias, no 
Haiti. Em 2012, os haitianos emigrados enviaram para seus parentes o correspondente a 
22% do Produto Interno Bruto (PIB) do Haiti, segundo dados da CIA. Antes do 
terremoto de 2010, que destruiu a infraestrutura do país e provocou a onda de 
emigração, o impacto das remessas no PIB não chegava a 16%. De acordo com o Banco 
Mundial, o valor das remessas internacionais para o Haiti alcançou US$ 1,82 bilhões, em 
31 
 
2012 (antes do tremor, era inferior a US$ 1,3 bilhão). O Banco Central do Brasil diz não 
ter informação sobre o valor remetido por pessoas físicas ou jurídicas para lá desde 
2010, mas os haitianos que trabalham no Brasil afirmam que mandam, em média, R$ 
500 por mês para os familiares. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Brasil terá 50 mil imigrantes haitianos até o fim do ano de 2014. 
 A seguir está uma pesquisa realizada pela PUC de Minas Gerais sobre a entrada 
desses imigrantes no nosso país. 
Pesquisa da PUC Minas revela que 40% dos haitianos no Brasil têm curso médio e 30% 
trabalham na construção civil. 
Bertha Maakaroun, Leonardo Augusto 
Publicação: 17/05/2014 06:00 Atualização: 17/05/2014 07:16 
 Pesquisa inédita com a combinação de métodos quantitativo e qualitativo, 
realizada entre julho e novembro de 2013, que traça o perfil da imigração haitiana ao 
Brasil, divulgada ontem pelos professores da PUC Minas Duval Fernandes e Maria da 
Consolação Gomes de Castro e pelo representante da Organização Internacional para 
as Migrações (OIM) indica que 30% dos imigrantes haitianos, no Brasil, são absorvidos 
pela construção civil. 
 Cerca de 70% dos haitianos que vivem no Brasil estão em idade ativa, entre 18 e 
50 anos, são homens, dividem a moradia com outros imigrantes e decidiram migrar por 
causa do caos e da falta de perspectiva profissional no país caribenho, devastado por 
um terremoto, de 7 graus na escala Richter, em janeiro de 2010. Pouco mais de 40% 
dos imigrantes haitianos têm escolaridade de nível médio completo ou incompleto. “A 
ideia de que a maioria deles seja analfabeta não é verdadeira, sendo muito pequeno o 
número dos que não têm nenhuma instrução”. 
 Há, no Brasil, cerca de 34 mil haitianos, segundo estimativa Duval Fernandes, que 
calcula 50 mil até o fim deste ano. No conjunto do fluxo migratório que chega ao país, 
eles representam 10% do contingente – há quatro anos eles não passavam de duas 
centenas, mas, no fim de 2011, somavam 4 mil. As estatísticas fazem do Brasil o maior 
ponto do tráfico de imigrantes haitianos da América do Sul: 75% passampelo Equador, 
seguem para o Peru e ingressam no Brasil por Tabatinga e Brasileia, fazendo, na 
fronteira, o pedido de refúgio. Apenas 5% deles tomam rotas distintas com passagem 
pela Argentina, Bolívia ou Chile antes de imigrar para o Brasil. Cerca de 20% saem do 
Haiti com vistos obtidos nos consulados e fazem escala no Panamá, antes de 
desembarcar nos aeroportos de Belo Horizonte, Brasília ou São Paulo. 
 “Eles demoram em média 15 dias para chegar ao Brasil e gastam no trajeto cerca 
de US$ 2,9 mil”, explica o professor Fernandes, considerando ainda que as despesas 
podem ser mais altas e chegar a mais de US$ 5 mil. “Muitos são coptados por um 
32 
 
poderoso esquema, que se vale de coiotes haitianos, que acenam com promessas de 
altos salários. As casas são hipotecadas em troca de empréstimos em espécie e do 
serviço burocrático da viagem”, afirma o pesquisador. “É grande a vulnerabilidade 
desses 80% de imigrantes que entram no país dessa forma, sobretudo pelo Peru”, 
acrescenta, lembrando que, após o trajeto até a fronteira brasileira, é longo o processo 
para a regularização da situação migratória: depois de solicitar o refúgio, a abertura do 
processo leva à emissão de um protocolo que permite ao imigrante a obtenção de 
carteira de trabalho e CPF provisórios. 
 Embora estejam em 286 cidades brasileiras, 75% dos haitianos estão 
concentrados em São Paulo, em torno de 10% em Manaus e 7% – cerca de 3 mil – em 
Minas Gerais, sobretudo em Belo Horizonte e Esmeraldas e Contagem, ambas na 
Grande BH. “O Brasil não é mais o país de imigração do início do século nem o país da 
emigração dos anos 1980. Somos hoje um país de imigração, emigração e trânsito, 
além dos brasileiros que retornam depois de viver muitos anos no exterior. A questão 
migratória é atualmente muito maior do que foi no passado”, considera Duval 
Fernandes. Segundo ele, considerando a redução da taxa de natalidade no país, em 
2030, a população brasileira começará a encolher, e mais da metade das 
aposentadorias serão bancadas pela contribuição dos imigrantes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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UNIDADE 09 - FORÇA DE TRABALHO E A GLOBALIZAÇÃO DO 
DESEMPREGO. 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Observar as relações de trabalho e desemprego, assim como as influências 
pelo fenômeno da globalização. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Analisa-se, a priori, que o fenômeno da globalização trouxe influências para os 
modos de se consumir e produzir mercadorias e bens de consumo e, partindo desse 
princípio, faz-se necessário constatar que, com o advento do mundo globalizado, as 
mais diversas regiões do planeta adquiriram novas técnicas, novos sistemas e novos 
contornos econômicos. 
Como a globalização integra os países numa única rede, observa-se que várias 
nações participam do mercado global e assim a concorrência aumenta de forma 
drástica. A competição é cada vez maior e mais intensa. 
Além da alta competitividade, a globalização transformou os modos de 
produção e a questão do desemprego passou a ser um assunto em destaque. Pode-se 
falar, inclusive, numa expressão denominada “globalização do desemprego”, em que o 
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número de desempregados é expressivo e ocorre de forma generalizada por todos os 
países, não é um problema isolado de “alguns privilegiados”. 
Existem vários tipos de desemprego e o mais conhecido, por consequência da 
globalização, é o desemprego estrutural, pois, com o avanço da tecnologia, muda-se a 
estrutura da produção, substituindo homens por máquinas. 
Podemos citar, também, o desemprego conjuntural, o qual acompanha os ciclos 
de evolução e/ou retração da economia. Nesse caso, é o desenvolvimento econômico 
que predispõe o aumento de desempregados num efeito generalizado que acomete 
todos os continentes. Existe também o desemprego friccional, o qual ocorre quando as 
pessoas saem do emprego em que estão e demoram a conseguir outro, então há uma 
“fricção”, uma dificuldade em remanejar os que estão trocando de emprego. 
 Quando o trabalhador não possui o mínimo de qualificação, especialização ou 
escolaridade recai-se sobre o desemprego funcional. Para sair dessa escassez de mão 
de obra os governos federal e estadual estão imbuídos em ofertar cursos 
profissionalizantes e de complementação educacional, como os de Ensino de Jovens e 
Adultos – EJA. Mesmo assim a dificuldade dese encontrar mão de obra é clara e abre 
oportunidades para a entrada de imigrantes no país, mas fortalece, também, o 
agravamento de questões socioeconômicas. 
Analisa-se que, no processo de globalização, é cada vez mais frequente o 
número de pessoas que mudam de emprego e a permanência no mesmo é cada vez 
menor. 
Com o aumento do número de desempregados a busca pela sobrevivência se 
dá de forma “indireta”, ou seja, pessoas que sobrevivem com pequenos biscates como 
ambulantes, vendedores de porta em porta, chapeiros, enfim, pessoas que não tem 
carteira de trabalho assinada e que não recolhem impostos e não têm as garantias 
trabalhistas resguardadas. 
 Dessa forma, eles estão no setor informal da economia, que na maioria das 
vezes se refere ao setor terciário (comércio e serviços), provocando um inchaço nesse 
setor (hipertrofia do terciário). 
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BUSCANDO CONHECIMENTO 
A Nova (des)Ordem Mundial. 
O espaço hoje passa por transformações, esse grande “desarranjo” do espaço se 
refere a expansão das redes no espaço mundial formando um espaço altamente 
complexo em relação a essa expansão e outro espaço que na consegue acompanhar 
essa estrutura, isso forma espaços hegemônicos e não hegemônicos, havendo uma 
nova forma de produzir o espaço, uma nova regionalização do espaço mundial. 
 (Des)ordem internacional e (dês)ordem mundial – forma de organização do 
espaço mundial em função de relações de poder (político e econ6omica) específicas, 
respectiva de um determinado período na estruturação do capitalismo e da geopolítica 
mundial. 
 Trata-se sempre de uma combinação entre ordem e desordem, dialeticamente 
articuladas. Enquanto a chamada des-ordem internacional tem no Estado–nação o seu 
principal elemento articulador, na des-ordem mundial predominam relações de caráter 
global, com várias outras entidades, como as ONGs. 
 Redes – espaço organizado a partir de relações sociais que priorizam a 
mobilidade e a fluidez, através de linhas ou dutos e polos ou nós (conexões), 
necessários à dinâmica dos fluídos (materiais ou imateriais) que o fundamenta. 
 
 
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 PEA - População Economicamente Ativa. Refere-se à parte da população que 
trabalha formalmente. 
 PEI - População Economicamente Inativa. Refere-se à parcela da população que 
não trabalha ou que não consegue emprego. 
 Trabalho informal - Ofício sem vínculos ou benefícios oferecidos por empresa e 
carteira assinada. 
 
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UNIDADE 10 – POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA E DIVISÃO 
INTERNACIONAL DO TRABALHO. 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Relacionar os conceitos de PEA (População Economicamente Ativa) e DIT 
(Divisão Internacional do Trabalho) às questões espaciais e territoriais. Analisar as 
relações de trabalho e suas consequências para o âmbito social. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Constata-se que os dados da PEA são importantes para a análise do perfil 
socioeconômico de um país. PEA significa População Economicamente Ativa. 
A PEA é a parcela da população disponível para o trabalho remunerado, que 
está exercendo efetivamente uma atividade (chamada PEA ocupada) ou está em busca 
de emprego (PEA desocupada). Compreende o contingente de mão de obra potencial 
com o que o setor produtivo pode contar (GUERINO, 2010, p. 109). 
Excluem-se dos dados da PEA pessoas que exercem atividades domésticas ou 
não remuneradas, estudantes, desempregados, aposentados, pensionistas, deficientes 
físicos e/ou mentais graves, detentos e pessoas que vivem exclusivamente de rendas. 
Esses vão formar a PEA – População Economicamente Inativa. 
 Os números referentes à PEA são importantes para a análise do crescimento e 
desenvolvimento de um país, na medida em que é assim possível observar as questões 
de emprego e desemprego, assim como subemprego, informalidade e pirataria. 
Observa-se que as forças de trabalho e vínculos empregatícios são fatores que 
influenciam a estrutura da sociedade, pois são indicadores que corroboram para a 
renda per capita, o nível de distribuição de renda, nível de ocupação e grau de 
informalidade. 
 De acordo com o nível de renda é possível prever algumas formas de 
organização da sociedade e consequentemente do espaço. Não só a oferta de 
emprego é que irá influenciar no desenvolvimento da população, como também o tipo 
de mão de obra que o mercado deseja absorver, ou seja, a dinâmica da sociedade será 
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diferente dependendo da necessidade de mão de obra desqualificada e/ou 
especializada. 
 A PEA divide-se por três setores da economia: 
• A agricultura é considerada o setor primário (matéria-prima), 
• A indústria refere-se ao setor secundário (transformação) e 
• Por fim o setor terciário abrange comércio e serviços. 
A população economicamente ativa traduz muito a respeito do perfil da 
população de cada país e, para a produção de mercadorias e trabalho em âmbito 
global, existe um indicador chamado DIT, ou seja, Divisão Internacional do Trabalho. 
Constata-se que, a partir do final do século XV e início do século XVI, a 
circulação mundial de pessoas e mercadorias era quase que exclusivamente restrita às 
relações comerciais da metrópole e da colônia. Numa situação preestabelecida 
de pacto colonial, as colônias forneciam às metrópoles produtos agrícolas, matérias-
primas e metais preciosos, enquanto que as metrópoles se especializavam na produção 
de manufaturados. Muitas vezes, as matérias-primas eram levadas da colônia para a 
metrópole (onde eram feitas manufaturas) e revendidas aos próprios colonos. Esse 
fenômeno ficou conhecido como DIT (Divisão Internacional do trabalho), em que a 
produção e trocas comerciais são classificadas de acordo com o cenário econômico e 
político. 
 Pode-se afirmar que a divisão internacional do trabalho é dividida em três 
períodos, os quais acompanharam a estrutura econômica. 
• Na primeira divisão internacional do trabalho nota-se que, com a Revolução 
Industrial, surge um novo modelo de produção, em que as fábricas substituíram a 
produção artesanal por mercadorias industrializadas e manufaturadas. Nessa fase, 
países fornecedores de matérias-primas e produtos de menor valor agregado 
condicionavam-se ao subdesenvolvimento, enquanto que os países especializados 
na produção de produtos industrializados se desenvolveram e foram conquistando 
espaço no cenário mundial. Esse período denomina-se colonialismo e o capitalismo 
estava em sua fase comercial. 
39 
 
• A segunda divisão internacional do trabalho tem como fonte o imperialismo. O 
sistema socioeconômico configura-se com o capitalismo financeiro. Observa-se 
que é nesse período que países subdesenvolvidos iniciam seu processo de 
industrialização e passam a produzir várias mercadorias que antes eram importadas 
e consequentemente exportavam alguns produtos industrializados. Analisa-se 
então que dessa forma as relações comerciais, bem como produção e consumo, 
foram alteradas mudando as estruturas produtivas. 
• Após a Segunda Guerra Mundial, tem início a terceira divisão internacional do 
trabalho, onde o mundo passa a ter uma forte influência do fenômeno da 
globalização. Os países subdesenvolvidos permanecem exportando produtos 
agrícolas, primários e industrializados, intensificando o processo de industrialização 
nacional, além de fornecer mão de obra barata. Já os países desenvolvidos 
exportam não só bens de consumo, como também capitais, investimentos 
financeiros e tecnologia. 
Ao analisar essas três divisões internacionais do trabalho, constata-se que os 
processos de produção são realizados em cadeia e que produção e consumo são dois 
fatores que estão adjuntos à construção e reprodução do espaço geográfico.Observa-se também que, como consequência da globalização, emergiram 
empresas multinacionais e transnacionais, cujas matrizes permaneciam em seus países 
de origem, porém instalando filiais de produção em diversos países do mundo. Assim, 
um bem de consumo pode possuir a complexidade de necessitar de uma grande 
cadeia produtiva envolvendo vários países e regiões do planeta. 
A atual configuração do espaço geográfico mundial acompanha a globalização, 
pois ao mesmo tempo em que a produção das mercadorias depende das redes de 
produção intercontinentais, assim também acontece com as relações de consumo, ou 
seja, a oferta e procura ocorre também em escala global. Desse modo, redes de 
produção e consumo não se restringem a âmbito nacional, a cadeia produtiva é, 
atualmente, internacional e as forças de trabalho são envolvidas. 
 
40 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 Imperialismo: Período de expansão econômica dos países capitalistas; expansão 
europeia após 1870. 
 Multinacionais: São empresas que mantêm filiais em vários países do mundo, 
comandadas a partir de uma sede situada no país de origem. 
 Neoliberalismo: Doutrina que ganhou espaço com o fim do bloco socialista. Tem 
como objetivo a manutenção do livre jogo das forças econômicas e a iniciativa dos 
indivíduos. Prega a privatização e a menor intervenção possível do Estado como gestor 
da economia. 
 Regionalização: Agrupamento de nações em blocos econômicos, numa tentativa 
de impedir que a globalização dissolva as instituições nacionais. Os Estados-Nações 
procuram arregimentar certo poder para negociações com outros poderes no plano 
internacional. Exemplo de regionalização é o MERCOSUL, que tenta um acordo com a 
União Europeia, para fazer frente ao Pan-americanismo dos Estados Unidos. 
 Transnacionais: São empresas cujas filiais não seguem as diretrizes da matriz, 
pois possuem interesses próprios e às vezes conflitantes com os do país do qual se 
originaram. Ou, ainda, são aquelas empresas que procuram se adaptar às 
singularidades e à cultura local do país em que se encontram isoladas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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UNIDADE 11 - MIGRAÇÃO DE REFUGIADOS: OS CASOS NO ORIENTE 
MÉDIO. 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivo: Observar os casos de migração de refugiados dentro da região do Oriente 
Médio e suas consequências para a sociedade e ao território. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Verifica-se que a região denominada Oriente Médio (que se localiza no Ocidente 
da Ásia, e que recebe esse nome devido à sua localização em relação à Europa) possui 
vários conflitos territoriais. 
Notícias a respeito de tais conflitos são divulgadas em todo o mundo e sabe-se 
que essas situações influenciam diretamente a sociedade, de tal forma que se pode 
afirmar que os conflitos fazem parte da construção do espaço geográfico do Oriente 
Médio. 
Nessa ótica, analisa-se a importância em se verificar questões territoriais e sociais 
presentes na região. 
Constata-se que o Oriente Médio possui a maior reserva de petróleo mundial 
(1/3 de todas as reservas), o que torna a região alvo de disputas... 
 
Nessa área, principalmente próximo ao Golfo Pérsico, concentram-se cerca de 
60% das reservas de petróleo do mundo, o que explica sua importância 
econômica e estratégica. 
A economia da região, baseada na exploração e comercialização do petróleo, 
causa grandes desigualdades sociais: de um lado, os enriquecidos pelos 
petrodólares; de outro, uma sociedade organizada em uniões tribais, que 
praticam uma economia de subsistência e apresentam altas taxas de pobreza, 
analfabetismo, mortalidade, etc. Além da abundância de petróleo, a região 
convive com escassez de água, motivo pelo qual a luta pelo controle das 
nascentes e poços também representa um fator gerador de conflitos e de 
guerras. (GUERINO, 2010, p. 196) 
 
Outro ponto é a questão da escassez de água, problema que afeta boa parte da 
região. Portanto, tanto a riqueza de recursos naturais quanto a escassez de recursos 
pode tornar-se um motivo de disputas pelo território. 
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 Analisa-se, também, que a soberania do Estado acaba prejudicada pelo fato de 
que várias lideranças políticas governam sob um regime autoritário e ditatorial e, além 
disso, existe uma forte tendência em se aliar o fundamentalismo religioso à política 
desses países, o que colabora para a dificuldade em se impor uma soberania estatal. 
 
Após a segunda guerra mundial, os países da região tentaram fazer com que a 
religião permanecesse na esfera familiar. Contudo, os fundamentalistas 
islâmicos reagiram violentamente, principalmente na Arábia Saudita e Líbia. 
(GUERINO, 2010, p. 196) 
 
O fundamentalismo religioso é outra fonte de discórdia no Oriente Médio, visto 
que a região possui uma diversidade religiosa muito grande e que muitas vezes há 
intolerância entre os credos agravando a rivalidade entre os povos. 
O desejo expansionista é outro ponto de conflitos, pois as ideias imperialistas em 
dominar e anexar outros territórios em busca de conquistas e maiores poderes faz com 
que os países entrem em desacordo visando a seus próprios interesses (isso recebe o 
nome de Geopolítica). 
É claro que todo território somente estabelece integração e construção do 
espaço geográfico quando é ocupado e administrado por um Estado Soberano, 
independente, porém sabe-se que, pela ocupação que se efetivar em determinado 
território, assim consequentemente se revelarão as interações sociais com o ambiente, 
e também seus costumes, a política e a economia. Assim o Oriente Médio foi 
construindo seu espaço geográfico e moldando seu território com participação ativa de 
conflitos, revoltas e disputas entre povos e pensamentos heterogêneos. 
Diante desse contexto, é notável presumir que haja refugiados. Ansiosos por paz 
e tranquilidade, é obvio que grupos de pessoas fujam de locais onde as disputas sejam 
incessantes e que seja insuportável viver sob uma “ilha de pólvora”. 
Em meio a conflitos, centenas de pessoas deixam suas cidades, migrando para 
locais longe dos combates, esses migrantes são designados “refugiados”. 
Os refugiados, antes de migrar de seu local de origem, muitas vezes já perderam 
membros da família, o que é um drama, porém drama maior ainda é não poderem 
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enterrar seu ente e, além disso, fugirem às pressas, deixando para trás boa parte de 
seus bens. 
Vários refugiados perdem absolutamente tudo o que deixaram, pois as cidades 
bombardeadas às vezes ficam completamente destruídas. Esse fato agrava os 
problemas sociais, colocando boa parte da população na pobreza e na miséria. 
Porém os refugiados vivem drama maior ainda quando, ao chegarem ao campo 
de refugiados (locais receptores desses sobreviventes), deparam-se com condições 
hostis e precárias. As situações de vida em tais campos são sub-humanas, casas 
improvisadas, escassez de recursos, água e alimentos; falta de higiene, isolamento... A 
precariedade nesses locais coloca os refugiados em situações de risco e contato com 
diversas doenças. 
Como antes foi dito, os laços afetivos com o local onde se está vivendo é algo 
importante aos seres humanos, haja vista o conceito de “lugar” na Geografia. Vale 
lembrar que os refugiados não somente migram de uma cidade, mas sim de um local 
em que estão embutidas, de modo subjetivo, várias de suas experiências e antigas 
interações com o meio, o que gera certo desconforto social em cada elemento visto em 
sua individualidade. 
 Apesar de todas essas situações sociais desagradáveis sobre um território 
instável, analisa-se que o número de refugiados no Oriente Médio é espantoso. 
 
No primeiro censo de 1950 os refugiados “oficiais” eram pouco menos de 915 
mil, atualmente

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