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AD1 C.BRASILEIRA - TGT

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AVALIAÇÃO A DISTÂNCIA-AD1
Período 2018\2
Disciplina: Cultura Brasileira
Coordenador: Maria Amália
Aluno: Luis Fillipe Gomes Pinto de Sousa Matrícula: 18117130041 Polo: Duque de Caxias
Curso: Tecnologia em Gestão de Turismo
NOGUEIRA, O. Preconceito racial de marca e preconceito racial de origem – sugestão de um quadro de referência para a interpretação do material sobre relações raciais no Brasil. In Tempo Social, revista de sociologia da USP, v.19.n.1.2006.
O texto apresenta algumas situações onde se percebe claramente pontos de distinção entre os conceitos de preconceito racial de marca e preconceito racial de origem. Como exemplo, Oracy Nogueira expõe diferentes aspectos de como ocorre preconceito racial aqui no Brasil e nos Estados Unidos.
De acordo com Oracy Nogueira, quando acontece um evento discriminatório por motivo racial, este ocorre por duas formas que se distinguem quanto à natureza. Para Oracy, o preconceito que prevalece no Brasil é aquele baseado no preconceito de cor, termo que se apresenta difuso na literatura relativa ao tema, porém o autor prefere nomeá-lo de preconceito de marca. Em contrapartida, nos Estados Unidos, o preconceito racial que prevalece é aquele baseado na origem. Em outras palavras, quando o preconceito se exerce em relação à aparência física dos individuas descriminados, diz se que é preconceito racial de marca e quando o preconceito acontece por dedução de que o discriminado tem uma ascendência de certo grupo étnico, diz que o preconceito é de origem. São dois tipos ideais desenvolvidos por Oracy para apontar a existência do preconceito racial presente tanto aqui no Brasil, quanto nos Estados Unidos.
Para Oracy, um dos pontos em que se pode julgar a diferença do preconceito de marca do preconceito de origem é pelo modo de atuação do individuo. Segundo Oracy, onde o preconceito é de marca, como no Brasil, dependendo do modo de atuação do individuo, ou seja, se ele apresenta habilidades específicas, ou se este indivíduo mostra-se inteligente, ou mesmo perseverante, ele pode ter o tratamento discriminatório abrandado por essas particularidades por ele apresentadas. Fato que não tem possibilidade de acontecer nos Estados Unidos. Quando o preconceito racial é de origem como lá, a discriminação se mantém, independente da condição pessoal, ou da qualificação educacional do indivíduo.
Outra diferença explicitada por Oracy faz referência a questão afetiva. No Brasil, segundo Oracy, onde o preconceito é de marca, há uma tendência, desde cedo, no espírito de uma criança branca que os traços negróides “enfeiam” o seu portador. Outro fato percebido é o de tratar as crianças negras com apelidos que retratam uma inferioridade por parte destas. Em ambas as situações, o que importa é uma sensação de superioridade dos traços brancos e uma depreciação dos traços negros, mesmo que de forma branda, ou hilária. Já nos Estados Unidos, o preconceito tende a ser mais emocional, assumindo até um caráter de ódio intergrupal. As manifestações preconceituosas tendem a segregar, intencionalmente, a população negra.
Outro ponto importante destacado por Oracy Nogueira é referente às relações interpessoais. Nos casos de preconceito racial de marca, como no Brasil, é possível que uma pessoa preconceituosa mantenha laços de amizade com uma pessoa negra sem que isso mude sua concepção preconceituosa. Já nos casos onde o preconceito é de origem, como nos Estados Unidos, uma pessoa branca que mantenha laços com uma pessoa negra, a pessoa branca estará sujeito a sansões que podem até chegar ao ponto do indivíduo ser tratado de forma discriminatória como se fosse realmente um negro.
Para Oracy Nogueira, quando o preconceito é de marca, a probabilidade de ascensão social é inversamente proporcional à intensidade das características físicas do indivíduo negro o que disfarça o preconceito de raça pelo preconceito de classe social. Fato que nos casos de preconceito racial de origem se expressa por uma cisão total entre os grupos discriminados e discriminador, de forma que parecem até duas sociedades diferentes, sem a possibilidade de uma comparação.
Enfim, nos casos de preconceito racial de marca, a ideologia é de miscigenação. Nesse tipo de preconceito há uma expectativa de que os outros tipos raciais desapareçam na medida em que haja um cruzamento desses tipos com os indivíduos brancos. Além disso, espera-se também que o embranquecimento provocado por esse cruzamento promova um abandono cultural por parte do não brancos, passando o individuo a praticar hábitos culturais como língua, religião e costumes do povo branco. Já nos casos onde o preconceito é de origem, a ideologia é segregacionista. Espera-se que as minorias se mantenham isoladas, que promovam casamentos apenas dentro do seu clã, mantendo uma separação nítida entre as formas sociais.
O ponto central do texto de Oracy Nogueira é que independentemente da forma ou da natureza do preconceito racial, ele está presente tanto aqui no Brasil como nos Estados Unidos. E em qualquer uma das modalidades, de marca ou de origem, está intimamente ligado ao modo de ser, culturalmente condicionado, que se manifesta nas relações interindividuais. Ele deixa claro a forma velada de preconceito racial existente aqui no Brasil, envolvendo muitas etapas até se chegar ao rompimento formal das relações interpessoais, enquanto que nos Estados Unidos, a situação representa um estado quase permanente de conflito interracial.

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