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Sujeitos, Atos e Comunicacoes Processuais- DIREITO PROCESSUAL PENAL I

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PROCESSO PENAL I
PROFESSOR CHRISTIAN NEDEL
AULA 08 
I ) SUJEITOS PROCESSUAIS:
1) Conceito: são as pessoas que atuam no processo: juiz, partes, testemunhas, auxiliares da Justiça, entre outras. Têm previsão no artigo 251 e seguintes do CPP - Título VIII, Capítulos I a VI;
2) Classificação: A – sujeitos essenciais (ou principais): são os que constituem a relação jurídico-processual dentro do sistema acusatório (três funções distintas): 1. autor ou acusador (MP ou querelante – sujeitos ativos); 2. réu ou acusado (sujeito passivo); e 3. Estado-juiz; B – sujeitos acessórios (ou secundários ou colaterais ou sujeitos processuais em sentido impróprio): são os que atuam incidentalmente no processo: 1. assistente de acusação; 2. auxiliares da Justiça; 3. terceiros intervenientes; 4. fiador do réu etc;
3) Juiz: ARTS. 251 a 256, CPP
é o detentor do poder jurisdicional, a quem incumbe prover a regularidade do processo e manter a ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força pública - art. 251, CPP;
requisitos para a atividade jurisdicional: a) capacidade funcional ou investidura; b) capacidade processual; c) imparcialidade;
prerrogativas: a) vitaliciedade; b) inamovibilidade; c) irredutibilidade de subsídio. Tais garantias encontram-se insculpidas no art. 95, I, II e III da CF;
juiz natural (art. 5º, LIII, CF) tem duas finalidades: proibição do juízo de exceção (ex post facto – art. 5º, XXXVII, CF) + garantia do juiz competente;
impedimentos: motivos previstos em lei que retiram a imparcialidade objetiva do magistrado, não cabendo prova em sentido contrário; hipóteses: art. 252, CPP;
vedações: previstas no art. 95, § único, incisos I a V da CF de 1988;
suspeição: hipóteses: art. 254, CPP - retiram a imparcialidade subjetiva do Magistrado;
- detalhe: amizade entre juiz e advogado (não é parte) não gera suspeição; 
- suspeição artificiosa: gerar de propósito uma situação (ex. injuriar o juiz) para arguir a suspeição não é possível (art. 256, CPP);
4) Ministério Público: ARTS. 257 a 258, CPP
funções no processo criminal: promover a ação penal pública e fiscalizar a execução da lei (art. 257, CPP);
organização do MP: prevista no art. 128, CF: a) MP da União (MP Federal, MP do Trabalho, MP Militar, MP do DF e Territórios); b) MP dos Estados;
princípios: previstos no art. 127, § 1º, CF: a) unidade; b) indivisibilidade; c) independência funcional;
prerrogativas: previstas no art. 128, § 5º, CF: a) vitaliciedade; b) inamovibilidade; c) irredutibilidade de subsídio;
funções: art. 129, CF;
vedações: art. 128, § 5º, II, alíneas "a" a "f", CF;
na ação penal privada, funciona como “custos legis” (apenas opina);
pode impetrar HC em favor do réu ou mesmo opinar pela absolvição do réu (art. 385, CPP);
impedimento e suspeição: a exemplo dos juízes: art. 258, CPP;
há suspeição do promotor que atua na etapa investigatória? NÃO, pois trata-se de atividade inerente à sua função; Súm. 234, STJ;
LOMP: intimação pessoal com a entrega dos autos com vista;
investigação direta pelo MP? 
- PEC 37 rejeitada recentemente no Congresso Nacional; 
- não seria esta atividade exclusiva das polícias judiciárias (art. 144, CF)? 
- o Pleno do STF ainda não decidiu a matéria, mas já se manifestou por órgão fracionário no sentido de que pode (HC 85.419, de 11/2009); 
- doutrina dos poderes implícitos: se é o titular exclusivo da ação penal pública, pode também buscar dados de informação, subsídios probatórios, elementos de convicção;
5) Acusado: ARTS. 259 a 267, CPP
é a pessoa contra quem se propõe a ação penal, ou seja, o sujeito passivo da relação processual, contra quem se deduz a pretensão punitiva;
quem tem capacidade para estar em juízo? maiores de 18 anos e PJ. Não podem ser acusados os animais, as coisas e o mortos, nem os menores de 18 anos de idade (crianças e adolescentes infratores), nem as pessoas que gozam de imunidades políticas ou diplomáticas, nos termos do art. 1º, I, CPP; 
OBS. inimputáveis por doença mental, desenvolvimento mental incompleto ou retardado (art. 26, CP) têm capacidade processual (legitimação passiva no processo penal), pois recebem medida de segurança;
Relativamente às pessoas jurídicas, a Lei nº 9605/98, regulamentando a inovação trazida pelo art. 225, § 3º, da CF de 1988, instituiu a possibilidade de ser a pessoa jurídica considerada como sujeito ativo de crime, e, em consequência, parte acusada na relação processual penal, nas condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. A pessoa jurídica pode também eventualmente figurar como sujeito passivo (vítima) em crimes contra a honra (difamação e calúnia - honra objetiva);
não é essencial indicar o nome do acusado, bastando que se possa identificá-lo: art. 259, 1ª parte, e art. 41, CPP; 
condução coercitiva (art. 260, CPP): somente nos atos em que seja necessária a sua presença (ex. reconhecimento pessoal, interrogatório, reprodução simulada dos fatos – ou reconstituição dos fatos –, art. 7º, CPP); o defensor deve estar sempre presente;
interrogatório tem DUAS PARTES (art. 187, CPP): qualificação e vida pregressa (aqui pode ser conduzido coercitivamente – tem de responder corretamente, sob pena de desobediência e falsa identidade) e fatos – mérito (aqui não pode ser conduzido, pois pode silenciar);
principais direitos e garantias do acusado: encontram-se insculpidos no art. 5º, II, III, X, XI, XII, XXXIX, XLIX, LIII, LIV, LV, LVI, LVII, LVIII, LXI, LXIII, LXIV, LXV, LXVI, LXXIV, CF/88. O acusado tem o direito de não produzir prova contra si mesmo (nemo tenetur se detegere). Os direitos e garantias concedidas ao acusado não excluem outros decorrentes de legislação infraconstitucional ou de tratados e convenções que o Brasil tenha ratificado. Sempre que qualquer direito do acusado for cerceado ou violado, haverá a possibilidade de intentar ações autônomas de impugnação, como o habeas corpus, contra violência ou coação ilegal, e o mandado de segurança, quando direito líquido e certo for afrontado;
6) Defensor:
faz a defesa técnico-jurídica (obrigatória): art. 261, CPP;
a defesa divide-se em: a) defesa técnica (defensor constituído, defensor público, defensor dativo, réu habilitado); b) defesa pessoal ou autodefesa (positiva e negativa);
a autodefesa não é obrigatória (mera faculdade);
ausência de defesa x defesa deficiente. A defesa técnica irreal, falha, omissa, leniente, pode equivaler à ausência de defesa, sendo causa de nulidade do processo, conforme Súmula nº 523, do STF;
o acusado só pode dispensar defensor se ele próprio for advogado: art. 263, CPP;
a constituição de advogado no processo penal pode ser feita por procuração ou por indicação verbal quando da realização do interrogatório, dispensando-se, neste último caso, a juntada do instrumento procuratório. Ainda que tenha sido inicialmente nomeado um defensor dativo, pode o acusado a qualquer momento constituir um profissional de sua confiança: art. 263, caput, CPP;
não basta mera participação do advogado no processo, sendo essencial que atinja patamares mínimos de eficiência: art. 261, p. ú., CPP;
pode-se destituir o defensor que deixa o réu indefeso (defesa deficiente = “defesa virtual”): art. 497, V, CPP (aplicável a todos os procedimentos, e não só ao júri);
poderes especiais do defensor: 
- para aceitar o perdão do ofendido (arts. 55 e 59, CPP); 
- para arguir a suspeição do juiz (art. 98, CPP); 
- para arguir falsidade de documento (art. 146, CPP);
- para oferecer queixa-crime (art. 44, CPP);
7) Assistente de Acusação:
é a posição processual ocupada pelo ofendido ou seu representante legal, ou, na falta dele, pelo cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou irmão, com a finalidade de auxiliar o MP na acusação. Não postula como acusador principal, atuando secundariamente;
art. 269, CPP: o ofendido ou seu representante legal pode intervir em todos os termos do processo penal, até o trânsito em julgado da sentença;
hipóteses de admissibilidade:apenas nas ações penais públicas (condicionadas ou incondicionadas), pois nas ações privadas ele é o querelante;
sempre por intermédio de advogado;
função/finalidade/fundamento da atuação do assistente de acusação (POSIÇÕES): 
1ª) para parte da doutrina, o assistente atua apenas para satisfazer interesse reparatório (indenização/ressarcimento), ou seja, visa apenas à satisfação do direito à reparação do dano decorrente do crime;
2ª) para outro segmento doutrinário, o assistente atua para auxiliar o MP na busca da satisfação da pretensão punitiva – punir o autor do crime (efetivação do jus puniendi) e, secundariamente, para satisfazer interesse reparatório (indenização);
dois sujeitos réus no mesmo processo (ex. lesões recíprocas) não podem um ser assistente da acusação do outro: art. 270, CPP;
momento para admissão do assistente: a qualquer momento, após o recebimento da denúncia , enquanto não transitar em julgado a sentença condenatória. Receberá a causa no estado em que encontrar, nos termos do art. 269 do CPP;
outros assistentes de acusação (pessoas jurídicas de direito público):
órgãos federais, estaduais e municipais, em crimes de responsabilidade de prefeito (art. 2º, § 1º, Dec.-Lei 201/67);
OAB, em crimes em que advogado figure como acusado ou ofendido (art. 49, § único, EOAB - Lei Federal nº 8906/94);
CVM e BACEN, em alguns crimes contra o Sistema Financeiro Nacional (art. 26, p. ú., Lei 7.492/86);
U, E’s e M’s, além de outros órgãos, em crimes contra as relações de consumo (art. 80, CDC);
atribuições do assistente de acusação: hipóteses taxativas do art. 271, CPP:
- propor meios de prova;
- requerer perguntas às testemunhas; 
- aditar o libelo e os articulados;
- participar do debate oral;
- arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele próprio;
8) Auxiliares da Justiça:
há discussão doutrinária a respeito de serem, ou não, sujeitos processuais;
exemplos: escrivão, escrevente, distribuidor, oficial de justiça, contador, depositário público, perito, intérprete;
perito: é a pessoa encarregada pela autoridade, sob compromisso, de esclarecer, por meio de laudo, uma questão de fato que possa ser apreciada por seus conhecimentos técnicos especializados;
intérprete: é a pessoa que traduz para outrem (autoridade policial, juiz, partes) o conteúdo de um escrito redigido em língua estrangeira (tradutor), ou o pensamento de pessoa que não consegue se expressar, seja por ignorar o idioma, seja por deficiência orgânica;
suspeição: consoante comando constante no art. 274 do CPP, as regras sobre a suspeição dos juízes estendem-se aos serventuários e funcionários da justiça, no que lhes for aplicável;
9) Curador:
a) É a pessoa incumbida de suprir a falta de capacidade plena do réu ou acusado submetido a incidente de insanidade mental (art. 149, § 2º, CPP) ou que tenha sido reconhecido inimputável pelos peritos (art. 151, CPP);
b) atenção: os artigos 15, 262 e 564, III, "c", todos do Código de Processo Penal, acabaram perdendo a aplicabilidade, em razão do advento do Código Civil de 2012, que equiparou a maioridade civil à penal.
II) ATOS PROCESSUAIS:
1) Considerações gerais: Ao contrário do que ocorre no Código de Processo Civil (Lei nº 5869/73), que disciplina no seu Título V os Atos Processuais (Forma, Tempo, Lugar e Prazos – arts. 154 a 199), no Código de Processo Penal não temos um título ou capítulo próprio que tratem dos atos processuais. A Exposição de Motivos do Código de Processo Penal também silenciou a respeito. A Doutrina ensina que os atos processuais são os atos jurídicos praticados no processo pelos sujeitos da relação processual (juiz; acusador - Ministério Público/querelante; acusado/querelado; testemunhas; auxiliares da justiça; assistente da acusação etc.). Assim, temos os Atos das Partes; Atos dos Juízes; Atos dos Auxiliares da Justiça; e Atos de Terceiros. Podemos distinguir os atos processuais em simples e complexos. Os primeiros são aqueles que resultam da manifestação de vontade de uma só pessoa, de um só Órgão (monocrático ou colegiado). Os segundos ocorrem quando, no mesmo ato, observa-se uma multiciplicidade de atos, tal como ocorre na audiência (momento processual dentro do procedimento) e na sessão (reunião dos órgãos jurisdicionais colegiados). Em relação a seus limites, o ato processual pode ser considerado quanto à forma, quanto ao lugar e quanto ao tempo;
2) Atos processuais quanto à forma: A forma é a exteriorização do ato. Exige certas condições específicas: 1) Idioma – vernáculo (língua portuguesa); 2) Escrito (RG). Em algumas situações, podem ser realizados oralmente, porém reduzidos a escrito; 3) Publicidade: art. 792, CPP. Publicidade especial ou restrita – art. 792, § 1º, CPP (escândalo, inconveniente grave ou perigo de perturbação da ordem). No que concerne à publicidade especial ou restrita, importante, outrossim, a regra insculpida nos arts. 5º, LX (defesa da intimidade ou interesse social), e 93, IX (preservação do direito à intimidade), ambos da CF, bem como a disposição constante no artigo 234-B do Código Penal, com a nova redação trazida por meio da Lei Federal 12015, de 07 de agosto de 2009 (processo de crimes sexuais em segredo de justiça); 4) Assinatura;
3) Atos processuais quanto ao lugar: Os atos processuais, as audiências e sessões devem ser realizados em lugar estabelecido como adequado e próprio para tal fim, que é o edifício onde o órgão jurisdicional tenha sua sede, o Fórum ou Palácio da Justiça (“sedes dos juízos e tribunais” – art. 792 do CPP). Exceções: carta precatória; carta rogatória; art. 792, § 2º, CPP; pessoas enfermas e idosas (art. 220, CPP); Presidente da República e demais Autoridades elencadas no art. 221, CPP; Membros do MP (art. 40, I, Lei 8625/93) etc;
4) Atos processuais quanto ao tempo: O tempo é o momento em que o ato deve ser efetuado, compreendendo-se bem sua importância, pois sem ele imperaria a desordem e o caos no processo. A regra é que os atos processuais sejam realizados em dias úteis. Porém, consoante exceção prevista no art. 797, CPP, nada impede que determinados atos processuais sejam realizados em período de férias, aos finais de semana ou em feriados. Há certos limites de tempo para a realização dos atos processuais, que são os prazos. Na sistemática do Código de Processo Penal, os prazos são contínuos (não deverão ser interrompidos na sua duração) e peremptórios (improrrogáveis), consoante redação trazida pelo art. 798, CPP. Além dos princípios da peremptoriedade (improrrogabilidade) e da continuidade, que não são absolutos, tendo em vista o que dispõem os §s 3º e 4º do art. 798 do CPP, os prazos são regidos pelos princípios da igualdade de tratamento (isonomia), da brevidade, da utilidade (prazo maior ou menor, conforme a relevância do ato), da irredutibilidade e, por derradeiro, da preclusão, que é a perda, extinção ou consumação de uma faculdade, pelo seu não-exercício no tempo legalmente estabelecido (preclusão temporal). A Doutrina costuma dividir os prazos em: comuns, particulares, próprios, impróprios, legais e judiciais;
III) COMUNICAÇÕES PROCESSUAIS:
1) Considerações gerais: São três as formas de comunicação processual: 1) Citação: é o ato processual por meio do qual se chama o réu a juízo, dando-lhe ciência do ajuizamento da ação, imputando-lhe a prática de uma infração penal, bem como oferecendo-lhe a oportunidade de se defender pessoalmente e por meio de defesa técnica. É garantia individual, atendendo aos princípios constitucionais do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa (art. 5°, LIV e LV, CF). Conforme previsto no art. 396, CPP, nos procedimentos ordinário e sumário, a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, será realizada no prazo de dez (10) dias – prazo de natureza processual; 2) Intimação: é a ciência dada à parte, no processo, da prática de um ato, despacho ou sentença já processados e formalizados; 3) Notificação: é a convocação para o comparecimentode determinada pessoa, para ser ouvida, ou a prática de ato futuro. Em suma, exemplificando, cita-se o acusado para se ver processar; notificam-se as partes do dia em que serão ouvidas as testemunhas; intimam-se os litigantes da sentença proferida. O Código de Processo Penal tratou das “Citações e Intimações” no seu Título X (arts. 351 a 372). Atentar para as relativamente recentes modificações introduzidas pela Lei Federal nº 11719/08, que alterou os arts. 362, 363 e 366, todos do CPP. Tecnicamente, o Código de Processo Penal não diferencia intimação e notificação, referindo-se a uma quando deveria aludir à outra.
2) Espécies de citação: A citação pode ser real, ficta ou com hora certa. a) citação real (pessoal); b) citação ficta (por edital – arts. 363, § 1º, e 366, CPP); c) citação com hora certa (art. 362, CPP, com a nova redação trazida por meio da Lei 11719/08 – segue o rito dos arts. 227 a 229, CPC). A regra é a citação real ou pessoal, que pode ser concretizada por meio de mandado (arts. 351, 352 e 357, CPP, cumprido por Oficial de Justiça), por carta precatória (art. 353, CPP), por carta rogatória (arts. 368 e 369, CPP), mediante requisição, ou por carta de ordem. A citação, via de regra, é determinada pelo juiz e cumprida pelo Oficial de Justiça. Normalmente, a falta de citação no processo penal é causa de nulidade absoluta (art. 564, III, alínea “e”, e IV, CPP);
3) Quem pode ser citado: somente o sujeito passivo da pretensão punitiva (acusado ou réu). A citação deve ser pessoal. Exceções: citação de incapazes (havendo instauração de incidente de insanidade mental, a citação é feita na pessoa do curador do acusado); pessoa jurídica (deverá ser citada na pessoa de seu representante legal); 
4) Consequências do não-atendimento à citação: O réu regularmente citado, pessoalmente, por edital, ou com hora certa, que não comparece, permanecendo inerte ao chamado, mesmo tendo defensor constituído, pratica a “contumácia”, ausência injustificada. O efeito da contumácia é a revelia. O processo prosseguirá sem a presença do acusado que, citado ou intimado, deixou de comparecer, ou, no caso de mudança de endereço, não comunicou o novo endereço ao juízo (art. 367 do CPP). Em virtude do princípio da verdade real, sobre ele não recairá a presunção de veracidade quanto aos fatos que lhe forem imputados. O réu poderá retornar ao processo a qualquer momento, independentemente da fase em que esteja. Porém, uma vez decretada a revelia, não será o acusado notificado ou intimado para qualquer ato do processo, salvo se houver condenação (art. 392, IV, V e VI, do CPP);
5) Efeitos da citação válida: No processo penal, o único efeito da citação válida é o de completar a relação jurídica processual. Com ela se instaura o processo e passam a vigorar todos os direitos, deveres, princípios e ônus processuais. A este respeito, dispõe o art. 363, caput, CPP, com a nova redação introduzida por meio da Lei 11719/08;
6) Citação Real ou Pessoal: 1) Citação por Mandado (arts. 351, 352 e 357, CPP); 2) Citação por Carta Precatória (arts. 353 a 356, CPP. Urgência: precatória por telegrama ou telefone); 3) Citação por Requisição (Militar – art. 358, CPP. Ver também art. 221, § 2º, CPP; Preso – art. 360, CPP; STF, 351); 4) Citação por Carta Rogatória (arts. 368 e 369, CPP); 5) Citação do Funcionário Público (art. 359, CPP – por mandado ou precatória. Necessária a expedição de ofício ao chefe da repartição. Ver também art. 221, § 3º, CPP); 6) Citação por Carta de Ordem (juízos superiores – art. 9°, § 1º, Lei 8038/90);
7) Citação Ficta, Presumida ou por Edital: 1) réu não for encontrado (arts. 361, CPP); 2) havendo impossibilidade de o réu ser encontrado (epidemia, guerra ou outro motivo de força maior – embora a revogação do antigo art. 363, CPP, reformulado por meio da Lei 11719/08, as hipóteses elencadas no então inciso I ainda continuam em vigor. Atentar para a nova redação do art. 363, § 1º, CPP); 3) quando incerta a pessoa que tiver de ser citada (hipótese ainda em vigor, contemplada no antigo inciso II do art. 363, CPP, revogado por meio da Lei 11719/08; 4) se o citando encontrar-se no estrangeiro, em lugar não-sabido (inteligência do art. 368, CPP); 5) Requisitos: art. 365, CPP; STF, 366; 6) Consequência do não-atendimento: revelia. Atentar para a revogação dos parágrafos do art. 366, CPP, com a nova redação trazida pela Lei 11719/08. Tendo em vista que a nova redação do caput do art. 366 foi vetada, permanece a redação anterior, a qual trata da suspensão do processo e do curso do prazo prescricional na citação por edital, podendo o juiz antecipar provas consideradas urgentes e relevantes e, se for o caso, decretar a prisão preventiva do acusado. Comparecendo o acusado citado por edital, consoante regra trazida pelo novo art. 363, § 4°, CPP, e reproduzida no anterior art. 366, § 2º, CPP, estará suspensa a revelia e o processo voltará a tramitar normalmente;
8) Citação com Hora Certa: quando o réu se oculta para não ser citado (art. 362, CPP). Deve obedecer à forma estabelecida nos arts. 227 a 229 do CPC. Completada a citação com hora certa, se o acusado não comparecer, ser-lhe-á nomeado defensor dativo (art. 362, § único, CPP);
9) Intimação: arts. 370 a 372, CPP. Embora o CPP só tenha feito referência à intimação, a diferença existente entre a intimação e a notificação é mínima e revela-se de pouco interesse prático.
 
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