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A CONSTRUÇÂO DE UMA SOCIEDADE INCLUSIVA

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Daiane Nunes

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A CONSTRUÇÂO DE UMA SOCIEDADE INCLUSIVA 
 
A sociedade inclusiva – sociedade para TODOS-, vem sendo discutida 
há muitos anos. O conceito de sociedade para TODOS foi documentado 
internacionalmente pela primeira vez em 1990, na Resolução 45/91, assinada 
na Assembleia Geral da ONU. Esta resolução faz um apelo ao mundo, 
chamando a atenção aos grupos em vulnerabilidade incluindo nele as pessoas 
com qualquer tipo de deficiência. 
De acordo com o conceito de sociedade inclusiva, a busca pela 
equiparação de oportunidades entre pessoas com e sem deficiência passa pela 
ratificação das diferenças – de quaisquer diferenças. Validar as diferenças é o 
contrário de celebrar a presença do “diferente” e do “especial”. Por exemplo, 
uma professora quando diz ter apenas um aluno “diferente” ou “de inclusão” na 
turma, dá a entender que os demais são iguais. Isso não é verdade, pois os 
seres humanos são infinitamente distintos entre si. Frequentemente, este aluno 
“diferente” é o que tem deficiência intelectual. Ao tentar disfarçar a deficiência 
deste aluno, a professora perde a oportunidade de celebrar a diversidade da 
turma – e não apenas desse aluno como valor. 
A chamada escola inclusiva tem relação com ambientes que legitimam a 
diversidade humana, e não que apenas a toleram ou a respeitam. 
Uma sociedade inclusiva deve ser capaz de contemplar todas as 
condições humanas e encontrar meios para que cada indivíduo, do mais 
“privilegiado” ao mais “vulnerável”, por qualquer razão e ponto de vista, tenha o 
direito de contribuir com seu melhor talento para o bem comum. 
Para tanto precisamos entender os conceitos de integração e inclusão. 
No dicionário, os verbos incluir e integrar têm um significado muito parecido: 
ser inserido, incorporar-se ou fazer parte. Entretanto, quando representam 
movimentos internacionais, inclusão e integração são palavras que 
representam crenças totalmente distintas, embora encerrem a mesma ideia, ou 
seja, a inserção de pessoas com deficiência na sociedade. São inúmeros os 
mal-entendidos no uso dos dois termos. A maioria das pessoas usa inclusão, 
mas defende mesmo é o conceito de integração. 
 
Principais diferenças 
INCLUSÃO INTEGRAÇÃO 
Inserção total e incondicional (crianças 
com deficiência não precisam “se 
preparar” para ir à escola regular) 
Inserção parcial e condicional 
(crianças “se preparam” em escolas ou 
classes especiais para poderem 
frequentar escolas ou classes 
regulares) 
Exige rupturas nos sistemas Pede concessões aos sistemas 
Mudanças que beneficiam toda e 
qualquer pessoa (não se sabe quem 
“ganha” mais, TODAS ganham) 
Mudanças visando prioritariamente a 
pessoas com deficiência (consolida a 
ideia de que elas “ganham” mais) 
Exige transformações profundas Contenta-se com transformações 
superficiais 
Sociedade se adapta para atender às 
necessidades das pessoas com 
deficiência e, com isso, se torna mais 
atenta às necessidades de TODOS 
Pessoas com deficiência se adaptam 
às realidades dos modelos que já 
existem na sociedade, que faz apenas 
ajustes 
Defende o direito de TODAS as 
pessoas, com e sem deficiência 
Defende o direito de pessoas com 
deficiência 
Traz para dentro dos sistemas os 
grupos de “excluídos” e, 
paralelamente, transforma esses 
sistemas para que se tornem de 
qualidade para TODOS 
Insere nos sistemas os grupos de 
“excluídos que provarem estar aptos” 
(sob este aspecto, as cotas podem ser 
questionadas como promotoras da 
inclusão) 
O adjetivo “inclusivo” é usado quando 
se busca qualidade para TODAS as 
pessoas com e sem deficiência (escola 
inclusiva, trabalho inclusivo, lazer 
inclusivo etc.) 
O adjetivo “integrador” é usado quando 
se busca qualidade nas estruturas que 
atendem apenas às pessoas com 
deficiência consideradas aptas 
(escola integradora, empresa 
integradora) 
 
Valoriza a individualidade das pessoas 
com deficiência (pessoas com 
deficiência podem ou não ser bons 
funcionários; podem ou não ser 
carinhosos etc.) 
Como reflexo de um pensamento 
integrador citar a tendência a tratar 
pessoas com deficiência como um 
bloco homogêneo (ex: surdos se 
concentram melhor; cegos são bons 
massagistas) 
Não quer disfarçar as limitações, 
porque elas são reais 
Tende a disfarçar as limitações para 
aumentar as chances de inserção 
Não se caracteriza apenas pela 
presença de pessoas com e sem 
deficiência em um mesmo ambiente 
A simples presença física de pessoas 
com e sem deficiência em um mesmo 
ambiente tende a ser o suficiente para 
o uso do adjetivo “integrador” 
 
A partir da certeza de que TODOS 
somos diferentes não existem “os 
especiais”, “os normais”, “os 
excepcionais”, o que existe são 
pessoas com deficiência 
Incentiva pessoas com deficiência a 
seguir modelos, não valorizando, por 
exemplo, outras formas de 
comunicação como a Libras. Seríamos 
um bloco majoritário e homogêneo de 
pessoas sem deficiência rodeadas 
pelas que apresentam diferenças 
 
 Outros conceitos também devem ser entendidos. Há duas formas 
distintas de se pensar a deficiência: uma, mais antiga, é baseada no modelo 
médico (formas de definir e classificar as deficiências); a outra, que representa 
a tendência atual, no modelo social. 
 O modelo médico ganhou notoriedade na década de 60. Sua principal 
característica é a descontextualização da deficiência, enfocando-a como um 
incidente isolado e sem qualquer relação com reflexões e decisões de 
interesse público e relevância econômica, política ou social. Segundo este 
modelo, a única origem da exclusão enfrentada por pessoas com deficiência 
são suas próprias sequelas e limitações físicas, intelectuais, sensoriais e 
múltiplas. No enfoque do modelo médico, o “problema” reside na pessoa, 
trazendo consequências apenas para ela e sua família. Assim, a sociedade 
está isenta de responsabilidade e compromisso para desconstruir processos de 
discriminação contra pessoas com deficiência. 
 No modelo médico quanto mais perto de um bom funcionamento 
estiverem a audição, a visão, o intelecto e o sistema motor de uma pessoa, 
mais direitos e cidadania ela vai adquirindo. Como consequência, a cura ou a 
“quase cura” das limitações e lesões se torna um pressuposto para que 
pessoas com deficiência tenham acesso a alguns direitos. Na lógica do modelo 
médico, uma criança com grave comprometimento intelectual, causado por 
uma síndrome genética (e, portanto, sem cura) não tem direito à educação de 
qualidade. Deve, no máximo, “estar” em uma sala ou escola especial, afastada 
do convívio com outros meninos e meninas da sua geração. O modelo medico 
transcendeu as fronteiras da saúde e dominou as áreas da educação, do 
emprego e do serviço social, entre outras. Por influência deste enfoque, foram 
criadas políticas voltadas para uma assistência paliativa, segregada e 
protegida, já que, sob essa ótica, só mesmo a cura da deficiência pode trazer 
dignidade e felicidade. Este modelo tem predominado nos programas de 
desenvolvimento e cooperação internacional, muitas vezes em função da 
urgência na obtenção de visibilidade e de resultados quantitativos, como a 
construção de um prédio para adultos com deficiência intelectual trabalharem 
juntos ou um espaço de lazer especifico para adolescentes com deficiência 
motora. 
 O modelo social da deficiência foi criado nos anos 60 e vem sendo 
aprimorado desde então. Surgiu no Reino Unido por iniciativa de pessoas com 
deficiências reunidas no Social Disability Movement. O Social Disability 
Movement provou que as dificuldades, ou a maior parte das dificuldades,enfrentadas por pessoas com deficiência são resultados da forma pela qual a 
sociedade lida com as limitações e as sequelas físicas, intelectuais, sensoriais 
e múltiplas de cada indivíduo. 
 De acordo com o modelo social, a deficiência é a soma de duas 
condições inseparáveis: as sequelas existentes no corpo e as barreiras físicas, 
econômicas, e sociais impostas pelo ambiente ao indivíduo que tem essas 
sequelas. Sob esta ótica, é possível entender a deficiência como uma 
construção coletiva entre indivíduos (com e sem deficiência) e a sociedade. Ao 
mesmo tempo em que as limitações de uma pessoa são uma realidade 
concreta, já há um entendimento claro de que a deficiência é apenas uma das 
características daquele indivíduo, uma parte, que não deve refletir o seu todo. 
Para o modelo social, o acesso à saúde é um direito a ser garantido entre 
tantos outros, igualmente prioritários e simultâneos como a educação, 
emprego, cultura, vida independente, lazer e desenvolvimento socioeconômico. 
Juntos, esses direitos contribuem para garantir a equiparação de oportunidades 
às pessoas com deficiências. 
 Com o enfoque do modelo social, a sociedade começa a absorver mais 
naturalmente conceitos como equiparação de oportunidades e inclusão. Estes 
conceitos, embora associados à deficiência, podem e vem sendo aplicados 
para dar mais qualidade e dignidade à vida de qualquer cidadão. De acordo 
com o modelo social, ser uma pessoa com deficiência é uma condição flexível, 
não necessariamente permanente. Quando todas as barreiras de acesso foram 
removidas, a relação de desvantagem passará a ser parcial ou completamente 
anulada. O assunto deficiência não interessa apenas ao indivíduo que tem uma 
limitação permanente; é de interesse público. O modelo social, valoriza as 
diferenças individuais e traz o assunto para o contexto de diversidade, direitos 
humanos e sustentabilidade do sistema. 
 A Convenção sobre os Direitos da Pessoas com Deficiência aprovada 
em 2006 na ONU, e que o Brasil é signatário, apresenta o conceito social de 
deficiência que atribui à sociedade e ao meio ambiente a presença da 
deficiência na pessoa. A pessoa terá tanta ou mais deficiência na medida em 
que o ambiente não favoreça sua participação com condições que lhe permita 
participar em grau de igualdade com as demais pessoas, independentemente 
das limitações físicas, intelectuais, auditivas ou visuais. 
Essas oportunidades estão diretamente relacionadas ao ambiente que 
nos cerca, incluindo a acessibilidade arquitetônica, atitudinal, comunicacional 
etc. Quando falamos de ambiente, referimo-nos também a pessoas que nos 
rodeiam (ou nos rodearam) e a decisões tomadas por essas pessoas, no 
passado ou no presente. 
Um jovem cadeirante, por exemplo, se tornará mais deficiente se, perto 
dele, a seu dispor, não existir um banheiro que possa usar sozinho em função 
de sua necessidade. Esse mesmo jovem será menos deficiente se estiver em 
um local com banheiros seguros e adaptados para lhe dar autonomia e 
independência. Assim, a qualidade de vida das pessoas com deficiência está 
diretamente ligada à inclusividade dos ambientes familiar, social ou 
profissional. 
Assim, cada ser humano é um conjunto de talentos e de limitações que 
se manifestam, mais ou menos intensamente - ou até não se manifestam - em 
função das oportunidades que temos desde a vida intra-uterina. 
O conceito de sociedade inclusiva nos garante que TODA pessoa tenha 
o direito de contribuir com seus talentos para o bem comum. Cabe a todos nós, 
incluindo as próprias pessoas com deficiência, enxergar esses talentos. 
Graças a um projeto que surgiu da pressão popular, pessoas com TEA têm os 
mesmos direitos de pessoas com deficiência, para todos os efeitos legais. A 
LEI Nº 12.764, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2012, institui a Política Nacional de 
Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. Diversos 
direitos importantes estão garantidos a partir desta legislação como: o 
diagnóstico precoce, mesmo que não seja definitivo, bem como o atendimento 
multiprofissional. Este direito é de extrema importância pois hoje em dia, 
pesquisas têm nos mostrado que quanto mais cedo as intervenções 
terapêuticas começarem melhor o prognostico das pessoas com TEA, 
garantindo um melhor desenvolvimento. 
A legislação também articula ações de órgãos e serviços nas três esferas de 
governo, federal, estadual e municipal, na saúde, educação, assistência social, 
transporte e habitação. A educação em escolas regulares está garantida desde 
a educação infantil até o ensino superior, incluindo também o ensino 
profissionalizante. Nos casos de comprovada necessidade de um auxiliar nos 
mais diversos níveis de educação este profissional também está garantido na 
legislação, e vale ressaltar que as famílias não devem arcar com o custo deste 
profissional, mesmo se a pessoa com EA estiver na rede privada de ensino. 
Para atitudes discriminatórias o texto prevê punições, como para o gestor 
escolar que recusar a matricula de um aluno com TEA, podendo ser aplicada 
uma multa de 3 a 20 salários mínimos além de sanções administrativas. Caso 
haja a reincidência está prevista até a perda do cargo por meio de processo 
administrativo. 
Por fim, é importante ressaltar que esta lei é de extrema importância, entretanto 
todos os direitos já estavam garantidos em diversas legislações como a 
Constituição Federal de 1988 e a Convenção sobre os Direitos das Pessoas 
com Deficiência da ONU, que o Brasil ratificou em agosto de 2008, entre 
outras. 
 Muito recentemente, mais precisamente em 03 de janeiro de 2016 
entrou em vigência a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência. É 
um projeto muito antigo que foi trabalhado desde 2003 por vários 
parlamentares e grupos da sociedade civil que garante o exercício pleno e 
equitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as 
pessoas com deficiência ( Silva, 2016). 
O PAPEL DA FAMÍLIA, EDUCAÇÃO E SAÚDE 
 
 Estima-se que os custos humanos, sociais e financeiros decorrentes dos TEA 
sejam bastante elevados (Ganz, 2006). Estudos reforçam a hipótese de que exista 
uma sobrecarga emocional, física e financeira no cuidado com o portador de 
necessidades especiais, principalmente para as mães dessas crianças (Fávero & 
Santos, 2005). Apesar de ser difícil avaliar custos humanos e sociais para a criança 
com TEA e para seus familiares, estudos realizados em países desenvolvidos 
apontam números impressionantes em termos de custos financeiros relacionados a 
este transtorno, que podem atingir bilhões de dólares se considerada toda a sua 
vida. 
 
 Estão incluídos custos com tratamento de saúde, relacionados à perda de 
produtividade pessoal e de membros da família, além de custos não relacionados 
diretamente com os tratamentos, como por exemplo, transporte frequente aos 
serviços de saúde, custos com programas educativos personalizados, supervisão do 
indivíduo em casa, entre outros (Ganz, 2006). 
 As famílias geralmente não estão preparadas para lidar com a situação quando 
recebem o diagnóstico de que um membro tem TEA. Além de que as próprias 
características do TEA nas crianças, jovens e adultos parecem ter grande impacto 
no sistema familiar. Os comprometimentos dessas crianças acabam afetando a 
reciprocidade na relação com os demais e a capacidade de comunicação, o que 
pode gerar uma frustação nos pais. Além disso, a presença de interesses e 
atividades restritas, estereotipadas e repetitivas também tende a ser relatada pelos 
pais como um fator muito estressor (Semensato e Bosa, 2013). 
 O que ocorre muito com os pais é uma confusão, mistério e necessidadede 
busca e significado para o que está acontecendo principalmente no momento do 
diagnóstico, muito por conta do TEA ter uma etiologia pouco definida. Por conta do 
diagnóstico ser uma dificuldade também gera uma tendência dos pais se culparem, 
ou terem distorções dos acontecimentos e de outras informações prestadas e 
recebidas sobre o filho, configurando-se como um fator de risco para essas famílias. 
 Pesquisas têm demonstrado a existência de estresse parental principalmente 
nas mães muito por conta das dificuldades inerentes aos cuidados continuados as 
pessoas com TEA (Lee, 2009). Nos relatos familiares o que mais aparece é a 
sobrecarga de tarefas como cuidados com as crianças, responsabilidades com 
consultas e com a casa, a demora na lista de espera para atendimentos, despesa 
com diversos profissionais, pouco espaço para cuidados pessoais e das suas outras 
relações e o excesso de responsabilidades concentrados nas mães (Schmidt, 
2004). Os trabalhos reforçam a importância do acompanhamento e da orientação 
dos familiares, visando auxiliar na redução direta do estresse familiar. Assim sendo, 
as intervenções devem levar em consideração a unidade familiar e não só a pessoa 
com TEA (Semensato e Bosa, 2013). 
 Se por um lado existem fatores estressores que sobrecarregam a família 
existem os fatores protetivos como o quanto os pais se sentem capazes de 
aprender pelas experiências com o filho e desenvolver um senso de autoeficácia. 
Quando acionados de modo adequado às necessidades específicas de um grupo 
familiar, esses fatores podem auxiliar na superação da crise e fortalecer estratégias 
e mudanças estruturais da família (Carter e McGoldrick, 2001). 
 O papel dos profissionais de saúde e da educação é importante desde os 
primeiros momentos no processo de diagnóstico. A clareza e a empatia dos 
profissionais podem ser um facilitador em todo o processo e durante o ciclo vital 
familiar. O acolhimento das famílias como microssistema, de cada membro 
individual e do casal, são de extrema importância, sem julgamento e sempre com o 
intuito e objetivo de mostrar as potencialidades da pessoa com TEA. Quando a 
família começa a enxergar que há uma luz no fim do túnel, que seu filho consegue 
fazer coisas e que a melhora acontece, mesmo que no tempo um pouco mais lento 
do que esperado, eles começam a olhar para a pessoa com TEA acreditando e com 
certeza mudando todo o ambiente familiar, bem como o próprio estresse da pessoa 
com TEA. 
Em relação à educação, é possível afirmar que a educação na rede regular, 
levando em conta as potencialidades e as dificuldades de cada indivíduo promove 
às crianças e jovens com TEA oportunidades de convivência com pares com 
desenvolvimento típico, constituindo-se num espaço de aprendizagem e 
desenvolvimento social, além de possibilitar o estímulo de suas capacidades 
interativas, tão relevantes para estes indivíduos. 
Sabendo que as pessoas com TEA apresentam dificuldades no que se refere 
à flexibilidade e que esta é uma função essencial para se adaptar em situações do 
dia a dia, sua exposição a ambientes estimulantes favorece essa função (RIVIERE 
& VALDEZ, 2001). 
Não podemos deixar de ressaltar que o professor pode, ao conhecer 
desenvolvimento infantil, ser um agente de extrema importância na identificação de 
sinais de risco do TEA para crianças pequenas. E na educação fundamental 
perceber sinais que possam estar comprometendo o desenvolvimento de crianças e 
jovens não só no aprendizado, mas também nas relações sociais. Em todos os 
casos deve-se fazer o encaminhamento à saúde para que as devidas providências 
em relação ao diagnóstico e intervenções possam ser realizadas. 
Para finalizar, gostaríamos de lembrar que pesquisas científicas são 
promissoras ao indicar que a identificação precoce, seguida de uma assistência de 
qualidade, costuma levar a um melhor prognóstico de crianças com TEA (Werner, 
Dawson, Munson, & Osterling, 2005) e, consequentemente, à redução dos custos 
financeiros e sociais para as famílias e para os sistemas públicos de educação e 
saúde. Neste sentido, os profissionais que atuam em Unidades Básicas de Saúde 
(ou Estratégia de Saúde da Família) são profissionais-chave na identificação de 
casos por trabalharem no local de maior acesso às famílias. Para tanto, a 
capacitação profissional é o passo mais importante. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA 
 
METTS, R. (2004). Discapacidad y desarollo – Documento de Antecedentes 
preparado para la Reunion de la Agenda de Investigacion sobre Discapacidad y 
Desarrollo. Washington, EUA. 
 
WERNECK, C. (1997). Ninguém mais vai ser bonzinho na sociedade 
inclusiva. Rio de Janeiro: WVA Editora. 
 
WERNECK, C. (2004). Quem pertence a tu todos? Rio de Janeiro: WVA 
Editora 
 
 
 
 
SILVA, M.I. (2016). LBI na prática: a Lei Brasileira de Inclusão na vida 
cotidiana das pessoas com deficiência. São Paulo:SEDPcD. 
 
 
Ganz, M. (2006). The Costs of Autism. In: S. Moldin, & J. Rubenstein, Understanding 
Autism: from basic to treatment (pp. 476-502). Flórida, Estados Unidos: RCR Press. 
Fávero, M. Â., & Santos, M. A. (2005). Autismo infantil e estresse familiar: uma 
revisão sistemática da literatura. Psicologia: Reflexão e Crítica, 18, pp. 358-369. 
Semensato, M. R & Bosa, C.A. (2013). A família das crianças com 
autismo:contribuições empíricas e clinicas. In: Schmidt C. Autismo,educação e 
transdisciplinaridade. Campinas:Papirus. pp.81-103. 
Lee, G. (2009). Parents of children with high functioning autismo: How well do they 
cope and adjust? Jounal of developmental and psysical disabilities, 21(2),pp.93-114. 
Schmidt,C. (2004). Estresse, auto-eficacia e o contexto de adaptação familiar de 
mães de portadores de Transtorno Global do Desenvolvimento. Dissertação de 
mestrado em Psicologia. Porto Alegre: Instituto de psicologia/Universidade Federal 
do Rio Grande do Sul. 
Carter, B e McGoldrick, M. (2001). As mudanças no ciclo de vida familiar: Uma 
estutura para a terapia familiar. Porto Alegre: Artmed.

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