Prévia do material em texto
RESENHA Mentes Perigosas - O psicopata mora ao lado SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Mentes perigosas: O psicopata mora ao lado. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008. 218 p. Resenhado por Alexsandra Karolyne Cassemira da Silva FAR- Faculdade Almeida Rodrigues No livro Mentes Perigosas o Psicopata Mora ao Lado, é abordado o assunto que se manifesta no próprio título: a psicopatia, o psicopata e sua interação social com as demais pessoas. Logo de início a então psiquiatra e escritora Ana Beatriz Barbosa Silva, nos traz as principais características dos denominados psicopatas e os intitula de “predadores sociais” uma vez que apesarem de terem aparência humana, não possuem o tributo que porta a palavra “ser humano”. Toda essas características, denominações e comportamentos serão analisados ao longo de 13 capítulos. Tudo se inicia a partir da introdução, na qual a escritora, nos traz uma fabula do escorpião e do sapo, onde podemos absolver as primeiras características dos psicopatas: a frieza e crueldade por natureza, representada até então na história, pelo personagem do escorpião. Ela nos confidencia que sua principal inspiração para escrever tal livro, foi, os tempos conturbados que vivenciamos e sua melhor forma de nos introduzir ao tema, com outros olhos, foi relatando desse modo, a fábula. No primeiro capítulo, aborda – se a “razão e sensibilidade”. A autora nos relata sobre a “consciência”, o que é consciência, e a principal discrepância entre ser e estar consciente. Onde, com as palavras do seu professor Oslvado, também médico psiquiatra, ela descreve que “ESTAR consciente é fazer uso da razão ou da capacidade de raciocinar e de processar os fatos que vivenciamos” e que ser consciente é “à nossa maneira de existir no mundo”, em suma seria algo relacionado a emoção. Trata-se no capítulo seguinte, sobre “os psicopatas frios e sem consciência”, dando ênfase a essa característica: a falta de consciência, a partir de então é explanado todo (pelo menos a maioria) e qualquer mal, que esses indivíduos podem causar na vida de “pessoas de bem”. Portanto, em sequência, são apresentados exemplos reais, de como a vida de uma pessoa pode sofrer uma reviravolta (na maioria das vezes gerando grandes problemas) quando se entra em cenário um psicopata, em busca do papel principal, produzindo seu próprio espetáculo. A vítima, seus sentimentos e tudo o que o cerca sempre serão reduzidos a mero coadjuvantes, nesse teatro seduzente e fatal. No capítulo 3, intitulado “pessoas no mínimo suspeitas”, Ana Beatriz inicia, com pensamentos que nos instiga a investigar em nossa memória, alguns fatos e comportamentos, de pessoas conhecidas, que possam ser ligados a condutas psicopáticas. Logo, surge a questão, “como saber em quem confiar? ”, desse modo, a pergunta certa seria “em quem confiar”, algo de suma importância para todos nós, onde deveríamos seguir sérios critérios para evitarmos o caos em nossa vida, e, são esses critérios que a autora nos traz nesse capitulo, para não cairmos nesse mundo psicopático de esperteza. Ao chegarmos no quarto capitulo, obtivemos a parte 1 da visão detalhada da autora sobre os psicopatas, onde é realizado todo uma pesquisa abrangente sobre esses predadores. Desse modo, para dar mais convicção aos leitores a partir do que estava apresentando, Ana Beatriz nos trouxe estudos de outros psiquiatras renomados no exterior para sustentar sua teoria, com o propósito de “destacar as características referentes aos sentimentos e relacionamentos interpessoais”, o que não a ausenta de exemplificar mais casos, esclarecer a ausência de culpa e instruir sobre as mentiras trapaças e manipulação desses “seres humanos”. O foco do capitulo 5, onde a autora mesmo afirma, é “descrever os aspectos condizentes ao estilo de vida e o comportamento antissocial (transgressor) dessas criaturas”. É elucidado, durante todo o capitulo características/ composições das ações desses predadores sociais. Inicia –se no autocontrole deficiente, pois são extremamente reduzidos nesses” seres deficientes de almas”, logo são abordados temas como necessidade de excitação, falta de responsabilidade, problemas comportamentais precoces, chegando então no comportamento transgressor do adulto, onde os psicopatas adultos não só desrespeitam as normas gerais, mas como também as maneiras que as encaram como sendo obstáculos que devem ser superados para obterem suas pretensões. No final do capitulo, só a título de esclarecimento, a psiquiatra, deixa bem claro que nem todas as pessoas que levam uma vida transgressora da lei, são necessariamente psicopatas, pois apesarem de apresentar diversos fatores encontrados nestas criaturas, diferentemente eles são capazes de sentir algum tipo de sentimento e/ou emoção por alguém ou algo. “Os psicopatas no mundo profissional” é o tema esmiuçado no sexto capitulo, o seu ingresso nas organizações empresariais, são um grande problema para aqueles colegas de trabalho, ao qual o cargo, eles desejam possuir, são verdadeiros sangue sugas de informações e fraquezas, as quais podemos ter certeza que serão usadas ao seu favor. De fato, são motivos de dores de cabeça, se não obtivermos os mais minuciosos cuidados, seremos vítimas perfeitas para estas “cobras de terno”. Há então uma divisão de fases das ações desses seres, que vai do ingresso na empresa até sua ascensão, o primoroso “xeque mate” do jogador mais racional, frio e calculista do ambiente. O capitulo que podemos ter mais noção sobre como os psicopatas podem ser conhecidos próximos, é de fato no sétimo. Logo de início a autora nos traz uma nota de esclarecimentos onde ressalta que momento algum afirma, que os casos reais que serão apresentados a diante, são de pessoa realmente psicopatas, entretanto suas características são de tal semelhança que merecem um espaço a ser estudado na obra. São casos conhecidos e falado há muito na mídia, como por exemplo o assassinato de Daniella Perez, que obteve grande repercussão nacional e também internacional, onde é estudado o comportamento do principal acusado de sua morte, Guilherme de Pádua Thomaz juntamente com sua atual esposa na época. É dedicado aos “psicopatas perigosos demais”, o oitavo capitulo. São os psicopatas que chegaram a proporção de matarem, uma vez que, apesar de serem perigosos, nem todos eles chegam a causar atos delituosos, entretanto, no capitulo é estudado os casos aos quais houve a transgressão desses indivíduos e as vezes consumação de assassinatos. Outro fator importante, e pouco sabido, é a relação da psicopatia com violência doméstica onde resultados que essa mistura pode causar na sociedade são certamente perturbadoras. Chegamos ao 9º capitulo, onde é articulado sobre “menores perigosos demais”, uma vez que são analisados as crianças e adolescentes psicopatas, algo que particularmente é de difícil compreensão, visto que sempre as associamos com a pureza e inocência. Como a psiquiatra mesmo afirma, logo de início “sempre que nos deparamos com crimes bárbaros cometidos por crianças somos tomados por um sentimento de grande perplexidade” e de fato, ficamos perplexos, já que são os últimos indivíduos que esperamos condutas cruéis. A idade penal, ainda nesse capitulo, é assunto de discussão, onde são apresentadas as idades mínimas para a responsabilidade criminal em diferentes países e as compara com a idade implantada em nosso país. As declarações da ONU também ganha espaço nesse capítulo da obra, servindo como base para a tese apresentada pela escritora. “De onde vem isso tudo? ”, certamente, de onde vem a capacidade humana de distinguir o certo do errado, e outras tantas outras qualidades do ser humano? Foi o que se tratou o capitulo 10, tendo início no senso moral que temos, e surgindo indagações como, de onde ele advém entre outras questões. O “saber e o “ser”, a “razão” e a “emoção” são assuntos amplos e complexos que também surgiram durante esse décimo capitulo, tendo seu término com uma frase clara, concisa e impactante: ”É mais sensato falarmos emajuda e tratamento para as vítimas dos psicopatas do que para eles mesmos”. Algo que a Dr. Ana Beatriz deixa bem claro em sua obra. Dando continuidade aos questionamentos do capítulo anterior, eis que surge o décimo primeiro capitulo, com mais uma reflexão “o que podemos fazer” sendo a reposta bem explicita, as psicoterapias são ineficazes para a psicopatia, porem, para ajudar, principalmente os pais nessa situação, pra lá de delicada, a escritora descreve posturas aos quais a família devem adotar, para que o problema de seu ente não se agrave, implicando na manifestação de condutas “predatórias”, se tornando um risco a família e as esferas sociais como um todo. No penúltimo capitulo, é denominado “Manual de Sobrevivência” nos dá dicas para que não sejamos mais uma presa fácil nas mãos dos psicopatas, onde a melhor estratégia por ela exposta é “não se envolver com nenhum deles em qualquer campo de sua vida”, ao discutirmos isto ao longo do livro, estávamos mais do que preparados para essa estratégia. Tais dicas são dividas para nossa melhor compreensão, tendo-se início em saber com quem estamos lindando, o que sinceramente é algo muito obvio ao qual não damos a devida atenção, e, em seguida, dando continuidade aos tópicos, a escritora afirma que as aparências enganam, e de fato, foi o que mais pudemos notar durante toda a leitura foi como os psicopatas podem ser seduzentes quando conveniente. Logo após é analisado como deveríamos dar devidamente voz a intuição e como isso é visto na própria ciência, e assim é dado sequência aos outros tópicos: “abra os olhos com pessoas maravilhosas ou excessivamente bajuladoras”, dar atenção redobradas em certas situações, o fundamental autoconhecimento, a tentativa de mudar o que é imudável entre outros temas abordados, para que possamos ser sobreviventes nessa batalha travada com esses predadores sociais nessa selva de pedra. E finalizando no 13° capitulo, aborda-se como essa ética – moral individualista que estamos vivenciando é muito propensa para o desenvolvimento da manifestação psicopática, ainda, como essa conduta do “si próprio” tem afetado e ajudado nesse problema. Onde as pessoas usam umas as outras como instrumento para alcançar seu objetivo e pretensões particulares. A ficção a muito vem abrindo espaço para esses personagens psicopáticos, e o que de certo modo, mais nos assusta é fato de como eles tem se tornado nossos “favoritos”, abrindo mão dos mocinhos, os taxando de chatos, moralista, para acatarmos como exemplos os vilões espertos e excessivamente racionais. Portanto, para dar encerramento a Dra. Ana Beatriz nos faz reavaliarmos nossas condutas, principalmente diante de nossa atual sociedade individualista, nossas tolerâncias em relação as pequenas transgressões do dia- a- dia, e outros reflexos que de certa forma, realmente deveríamos parar um pouco do nosso precioso tempo e refletir, uma vez que podemos ser os propulsores dos nossos próprios predadores Apreciação e considerações finais: A obra da então psiquiatra e escritora Ana Beatriz Barbosa Silva, além de relevância aos temas abordados, fascinará o leitor pelo os ricos fatos técnico científicos relatados. Enfatizará, também, o título que por si só é autoexplicativo e convidativo, fazendo do livro uma obra autossuficiente e completa. A obra, ora resenhada, é indicada especialmente a graduandos e pós-graduandos de Psicologia, Direito e Medicina bem como todas as pessoas em geral que convivem em sociedade e pesquisadores das concernentes áreas.