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PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO LUCRO PRESUMIDO LUCRO PRESUMIDO 2 LUCRO REAL X LUCRO PRESUMIDO • O planejamento tributário elementar consiste em anualmente a empresa fazer uma avaliação de qual a melhor forma de tributar seu resultado. • O contribuinte deve recolher o Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o lucro com bases no lucro real, presumido ou arbitrado. • O lucro real é o resultado contábil (receitas menos os custos e despesas), ajustado pelas adições e exclusões. Quando analisado somente o Imposto de Renda e a Contribuição Social sobre o lucro, na maioria dos casos é a melhor opção, porque a empresa somente paga os referidos tributos quando obtém lucro. • Conforme comentário no parágrafo anterior, o lucro real, na maioria das vezes, é a melhor opção, porque grande parte das empresas está deficitária, ou com a margem de lucro muito pequena. • Entretanto, com a instituição da não cumulatividade das contribuições para o PIS e COFINS, essas contribuições devem ser avaliadas em conjunto com relação aos tributos sobre o lucro. 3 Lucro presumido • O regime do lucro presumido é muito utilizado, por ser considerado mais simples e também por exigir menos documentação. Recebe o nome de presumido exatamente porque nesse regime o Imposto de Renda não é calculado sobre o lucro efetivo. Tanto o IRPJ como a CSLL são calculados sobre uma base presumida de lucro, a qual é um determinado percentual da receita bruta. O cálculo é feito em períodos trimestrais que se encerram em 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro. • O lucro presumido, em cada trimestre, corresponde ao resultado da aplicação dos percentuais fixados em lei de acordo com a atividade-fim da pessoa jurídica, sobre a receita bruta auferida no período, adicionado integralmente dos resultados das demais receitas, rendimentos e ganhos de capital, que corresponderá à base de cálculo do imposto do IRPJ e da CSLL. 4 • A regra geral do lucro presumido para o IRPJ vale para a venda de mercadorias e produtos, mas não para todos os setores. A revenda ao consumidor final de combustível derivado de petróleo, por exemplo, está sujeita a uma base menor: 1,6% da receita bruta. Em compensação, a regra geral da prestação de serviços prevê base de 32%. 5 • Para a CSLL a norma é mais simples. Primeiro calcula-se 12% sobre a receita bruta para comércio. A esse resultado são acrescidas outras receitas e os rendimentos de aplicações financeiras. É sobre essa base que a empresa aplicará e recolherá os 9% de alíquota da CSLL. • Calcular o IRPJ no regime do lucro presumido requer alguns conhecimentos. Na regra geral, a base para o cálculo do imposto é de 8% da receita bruta. Isso quer dizer que a empresa deve calcular 8% do faturamento. A esse valor são feitas adições e exclusões, conforme previsão legal. O resultado é o lucro presumido, sobre o qual será aplicado o IRPJ. O imposto tem 15% de alíquota básica e 10% de alíquota adicional. Somente sobre o valor acima de R$ 60.000,00, no trimestre, é pago o adicional de IR de 10%. 6 Data de apuração • Para efeito da incidência do imposto sobre a renda, o lucro das pessoas jurídicas deve ser apurado na data de encerramento do período de apuração, conforme a Lei n. 9.430, de 1996, arts. 1.o e 2.o. • O período de apuração encerra-se: • • nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro, no caso de apuração trimestral do Imposto de Renda; • • no dia 31 de dezembro de cada ano-calendário, no caso de apuração anual do Imposto de Renda; • • na data da extinção da pessoa jurídica, assim entendida a destinação total de seu acervo líquido; • • na data do evento, nos casos de incorporação, fusão ou cisão da pessoa jurídica. 7 Pessoas jurídicas autorizadas a optar • As pessoas jurídicas não obrigadas ao regime de tributação pelo lucro real, cuja receita total, no ano- calendário anterior, tenha sido igual ou inferior a R$ 78.000.000,00 ou a R$ 6.500.000,00, poderão optar pelo regime de tributação com base no lucro presumido, segundo a Lei n. 8.981/95, art. 44, Lei n. 9.065/95, art. 1.o, Lei n. 9.249/1995, art. 29 e Lei n. 9.718/1998, art. 13. 8 Vetadas Estão vetadas de optar pelo lucro presumido as pessoas jurídicas: • que tiveram receita bruta superior a R$ 78.000.000,00 no ano-calendário anterior; • que tiverem atividades de bancos comerciais, bancos de investimento, banco de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, entre outras do setor financeiro; • autorizadas pela legislação tributária, que queiram aproveitar benefícios fiscais relativos à isenção ou redução do IR; • tenham lucros, rendimentos ou ganhos de capital no exterior; • tenham suspendido ou reduzido o pagamento do imposto durante o ano-calendário, inclusive efetuado pagamentos por estimativa; • explorem atividade de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, administração de contas a pagar e a receber, entre outras. 9 VANTAGENS • As vantagens do lucro presumido é que esse regime é considerado mais simples e exige menos documentação que o regime do lucro real. Tende a ser mais vantajoso para empresas altamente lucrativas. As desvantagens do lucro presumido é que nem todas as empresas podem apurar o lucro por esse regime. Há limitação conforme o volume de faturamento e também de acordo com a atividade. Não é interessante para quem tem prejuízo. Como o IR é pago com base na receita bruta e não sobre o lucro efetivo, a empresa paga mais quando ocorrem prejuízos. 10 Conceito de Receita Bruta A receita bruta sobre o qual se aplicam os percentuais de presunção compreende o produto da venda de bens (mercadorias ou produtos) nas operações por conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado auferido nas operações de conta alheia (por exemplo: comissões), observando-se que(Art 5º da IN SRF 93/97 e Art. 224 e 519 do RIR/99): 11 • a) não se incluem na receita bruta: • a.1) o IPI (se a empresa for contribuinte deste imposto) cobrado destacadamente do comprador, do qual o vendedor dos bens é mero depositário; • a.2) o ICMS por substituição tributária, cobrado pelo contribuinte substituto que figura como mero depositário do imposto cobrado antecipadamente; • a.3) as contribuições ao PIS/PASEP e COFINS cobradas, pelo contribuinte substituto que figura como mero depositário do imposto cobrado antecipadamente; • b) devem ser excluídos da receita bruta: • b.1) as vendas canceladas (devoluções); e • b.2) os descontos incondicionais concedidos (que consta da NF e não depende de evento futuro); 12 Percentuais de presunção da receita bruta • O percentual deve ser aplicado à receita bruta. Desse resultado, a empresa levanta a base de cálculo, que estará sujeita a adições e subtrações previstas em lei. Quem estiver no lucro presumido deve acrescentar à base de cálculo do IR, se for o caso, o ganho de capital na venda de bens do ativo permanente. • Definida a base, resta aplicar as alíquotas do imposto. Caso atue em diversos setores, a empresa deve adotar o percentual correspondente à receita apurada em cada atividade. • A Lei n. 9.249/1995 estabelece, em seu art. 15, os percentuais de presunção que serão aplicados sobre a receita bruta das empresas, de acordo com sua atividade. 13 Atividades Base (% da Receita Bruta) Venda de mercadorias e produtos 8 Revenda, para consumo,de combustível derivado de petróleo, álcool etílico carburante e gás natural 1,6 Prestação de serviços de transporte, exceto de carga 16 Prestação de serviços de transporte de cargas 8 Prestação de demais serviços, exceto hospitalares 32 Prestação de serviços em geral das pessoas jurídicas, com receita bruta anual de até R$ 120.000,00, exceto serviços hospitalares, de transportes e de profissões regulamentadas (art. 40 da Lei n. 9.250/95) * 16 Empresas que têm como atividade contratual a venda de imóveis 8 14 Percentual reduzido de apuração do lucro presumido • Regra prática para verificar quando pode reduzir o percentual de 32% para 16% • (quando não há um percentual específico) • 1ª Condição Não ser profissão regulamentada • 2ª Condição Ser exclusivamente prestação de serviços • 3ª Condição Receita Bruta até R$ 120.000,00 15 EXEMPLO • 2009 Receita Bruta – R$ Receita Acumulada Percentual • 1º Trimestre 90.000,00 90.000,00 16% • 2º Trimestre 110.000,00 200.000,00 32% 16 • No primeiro trimestre de 2009, a empresa utilizou o percentual de 16% sobre o valor da receita bruta acumulada de R$ 90.000,00 para determinar o valor do imposto. A partir do 2º trimestre de 2009, passou a utilizar o percentual de 32%, tendo em vista que o valor acumulado ultrapassou o limite de R$ 120.000,00. • Nesta hipótese a empresa deverá recolher a diferença de imposto utilizando o percentual de 16% sobre o valor da receita bruta do 1º trimestre de 2009. A diferença calculada na forma abaixo deverá ser recolhida até o último dia do mês de julho de 2009, sem qualquer acréscimo legal. 17 • Cálculo da Diferença de Imposto • 1º Trimestre Valores - R$ % Base de Cálculo do IR • Base de Cálculo 90.000,00 16 14.400,00 • Diferença de Imposto Devida: R$ 14.400,00 x 15% = R$ 2.160,00 18 Aspectos a considerar • O lucro presumido pode permitir planejamento fiscal, desde que se considerem suas limitações e restrições específicas, advindas da legislação. • Como o percentual de lucro é fixo, o planejamento deve levar em conta: 1. se o percentual de cada atividade pode ser reduzido, dentro da tabela, que vai de 1,6% a 32% de presunção de lucro; 2. se há como reduzir o adicional de 10% do IRPJ, para o lucro presumido trimestral acima de R$ 60.000, mediante desmembramento em nova empresa; 3. se os balanços/balancetes demonstram que essa sistemática é vantajosa ou não; 4. a adoção do regime de caixa, para fins de tributação; 5. a nova alíquota do PIS (1,65%) e da COFINS (7,6%), para os optantes pelo lucro real. 19 Prazo para pagamento • O Imposto de Renda devido, apurado trimestralmente, será pago em quota única, até o último dia útil do mês subsequente ao do encerramento do período de apuração. • À opção da pessoa jurídica, o imposto devido poderá ser pago em até três quotas mensais, iguais e sucessivas, vencíveis no último dia útil dos três meses subsequentes ao de encerramento do período de apuração a que corresponder. • Nenhuma quota poderá ter valor inferior a R$ 1.000,00 e o imposto de valor inferior a R$ 2.000,00 será pago em quota única. • As quotas do imposto serão acrescidas de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia — Selic, para títulos federais, acumulada mensalmente, a partir do primeiro dia do segundo mês subsequente ao do encerramento do período de apuração até o último dia do mês anterior ao do pagamento e de 1% no mês do pagamento. 20 21 22 23 24 Escrituração • A pessoa jurídica que optar pela tributação com base no lucro presumido deverá manter: • escrituração contábil nos termos da legislação comercial ou livro-caixa, no qual deverá estar escriturada toda a movimentação financeira, inclusive bancária; • Livro Registro de Inventário no qual deverão constar registrados os estoques existentes no término do ano-calendário abrangido pelo regime de tributação simplificada; • em boa guarda e ordem, enquanto não decorrido o prazo decadencial e prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, todos os livros de escrituração obrigatórios determinados pela legislação fiscal específica, bem assim os documentos e demais papéis que servirem de base para escrituração comercial e fiscal (Decreto-lei n. 486, de 1969, art. 4.o). 25 FORMALIZAÇÃO DA OPÇÃO • A opção pela tributação com base no lucro presumido será manifestada com o pagamento da primeira ou única quota do imposto devido correspondente ao primeiro período de apuração de cada ano-calendário e será aplicada em relação a todo o período de atividade da empresa em cada ano-calendário (art. 26 da Lei nº 9.430/96). 26 Receitas e rendimentos não tributáveis • Consideram-se não tributáveis as receitas e rendimentos relacionados a seguir: • recuperações de créditos que não representem ingressos de novas receitas e cujas perdas não tenham sido deduzidas na apuração do lucro real em períodos anteriores; • a reversão de saldo de provisões anteriormente constituídas, desde que o valor provisionado não tenha sido deduzido na apuração do lucro real dos períodos anteriores, ou que se refiram ao período no qual a pessoa jurídica tenha se submetido ao regime de tributação com base no lucro presumido ou arbitrado (Lei n. 9.430, de 1996, art. 53); • os lucros e dividendos recebidos decorrentes de participações societárias, caso refiram-se a períodos em que sejam isentos de IRPJ. 27 DEMAIS RECEITAS E GANHOS DE CAPITAL E OUTROS ACRÉSCIMOS À BASE DE CÁLCULO • Deverá ser adicionado ao lucro presumido (Art.521 do RIR/99 e Art.36 da IN SRF nº 93/97): • a) os ganhos de capital auferidos na venda de ativos, que correspondem à diferença positiva verificada no trimestre entre o valor da alienação e o respectivo valor contábil do bem, corrigido monetariamente até 31.12.95, diminuído dos encargos de depreciação, amortização ou exclusão; • b) os rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa e os ganhos líquidos de aplicações financeiras de renda variável, quando do resgate, cessão ou alienação do título; (IN RFB n. 1.022/2010) 28 • c )demais receitas ou resultados, tais como: • c.1) variações monetárias ativas, descontos financeiros obtidos e juros ativos (não decorrentes de aplicações financeiras); • c.2) juros equivalentes à taxa SELIC relativos a tributos a recuperar; • c.3) os juros sobre o capital próprio que houverem sido pagos ou creditados por outra pessoa jurídica da qual a empresa seja sócia; • c.4) rendimentos auferidos nas operações de mútuo realizadas entre pessoas jurídicas controladas, controladoras, coligadas ou interligadas; • c.5) receita de locação de imóvel, quando não for este o objeto social da pessoa jurídica; • c.6) multa ou qualquer outra vantagem paga ou creditada por pessoa jurídica, ainda que a título de indenização, em virtude de rescisão de contrato; • c.7) valores recuperados correspondentes a custos e despesas, inclusive com perdas no recebimento de créditos (exceto se comprovar não os ter deduzido em período anterior); • c.8) ganhos auferidos em operações de cobertura (hedge) realizadas em bolsas de valores, de mercadorias e de futuros ou no mercado de balcão. 29 Receitas financeiras • Quando houverem receitas financeiras, ganhos de capital e demais receitas não operacionais, deve-se aplicar a alíquota de 15% para o cálculo do Imposto de Renda (IRPJ) ede 9% para a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) sobre o valor bruto destas receitas. Porem, caso a empresa venha a apurar ―lucro presumido‖, superior a R$ 60.000,00, no trimestre, deve ainda calcular o valor do Adicional de Imposto de Renda. Aplica-se então a alíquota de 10% sobre o excesso. • Nota: A Instrução Normativa nº 93, de 24 de dezembro de 1997, artigo 38, parágrafo 1º, dispõe sobre o adicional de 10% (dez por cento) sobre a parcela que exceder a R$ 20.000,00 (vinte mil reais). 30 Exemplos de cálculo do lucro • A expressão ―lucro presumido‖ representa uma modalidade de apuração de apenas dois tributos: Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), que são pagos trimestralmente. • As alíquotas dos tributos são aplicadas sobre um lucro que se presume, que constitui a base de cálculo do IRPJ e da CSLL. • Para as empresas de prestação de serviços, de modo geral, a base de cálculo do lucro presumido é de 32% das receitas (para atividades hospitalares, por exemplo, a base de cálculo corresponde a 8% das receitas). 31 • Essas alíquotas, aplicadas sobre a base de cálculo, são: • IRPJ: 15% sobre o lucro presumido total, mais; • IRPJ: 10% de adicional sobre o lucro presumido trimestral superior a R$ 60.000,00; • CSLL: 9% sobre o lucro presumido, sem limitação de valor. 32 • Tais alíquotas são aplicáveis sobre a base de cálculo presumida de 32%, que é aplicável para a maioria das empresas de serviços. • A opção pelo lucro presumido é vantajosa para as empresas cujo lucro (receitas (-) despesas) é igual ou superior a 32%. • Quando a margem de lucro é inferior a 32%, é mais vantajoso optar pelo pagamento dos tributos citados com base no lucro real. • Após a criação do regime não cumulativo para cálculo das contribuições para o PIS e a COFINS para a maioria das receitas das empresas de prestação de serviços que optarem por tributação com base no lucro real, essa análise simplista foi prejudicada pela elevação das alíquotas desses dois tributos, que passaram de 0,65% e 3% para 1,65% e 7,6% sobre as receitas, respectivamente, permitidas algumas deduções para apuração da base de cálculo desses tributos. 33 Exemplos Receita trimestral: R$ 150.000,00 (100%) Lucro presumido = R$ 150.000,00 × 32% = R$ 48.000,00 Tributo Valor % S/ Fat COFINS = R$ 150.000,00 × 3% PIS = R$ 150.000,00 × 0,65% IRPJ = R$ 48.000,00 × 15% CSLL = R$ 48.000,00 × 9% Total 34 Tributo Valor % S/ Fat COFINS = R$ 150.000,00 × 3% 4.500,00 3% PIS = R$ 150.000,00 × 0,65% 975,00 0,65% IRPJ = R$ 48.000,00 × 15% 7.200,00 4,8% CSLL = R$ 48.000,00 × 9% 4.320,00 2,88% Total 16.995,00 11,33% 35 Receita trimestral: R$ 200.000,00 (100%) Lucro presumido = R$ 200.000,00 × 32% = R$ 64.000,00 Tributo Valor % S/ Fat COFINS = R$ 200.000,00 × 3% PIS = R$ 200.000,00 × 0,65% IRPJ = R$ 64.000,00 × 15% IRPJ = R$ 4.000,00 × 10% CSLL = R$ 64.000,00 × 9% Total 36 Tributo Valor % S/ Fat COFINS = R$ 200.000,00 × 3% 6.000,00 3% PIS = R$ 200.000,00 × 0,65% 1.300,00 0,65% IRPJ = R$ 64.000,00 × 15% 9.600,00 4,8% IRPJ = R$ 4.000,00 × 10% 400,00 0,20% CSLL = R$ 64.000,00 × 9% 5.760,00 2,88% Total 23.060,00 11,53 37 Receita trimestral: R$ 300.000,00 (100%) Lucro presumido = R$ 300.000,00 × 32% = R$ 96.000,00 Tributo Valor % S/ Fat COFINS = R$ 300.000,00 × 3% PIS = R$ 300.000,00 × 0,65% IRPJ = R$ 96.000,00 × 15% IRPJ = R$ 36.000,00 × 10% CSLL = R$ 96.000,00 × 9% Total 38 Tributo Valor % S/ Fat COFINS = R$ 300.000,00 × 3% 9.000,00 3% PIS = R$ 300.000,00 × 0,65% 1.950,00 0,65% IRPJ = R$ 96.000,00 × 15% 14.400,00 4,8% IRPJ = R$ 36.000,00 × 10% 3.600,00 1,20% CSLL = R$ 96.000,00 × 9% 8.640,00 2,88% Total 37.950,00 12,53 39 Exemplo de planejamento no lucro presumido • Para os casos de empresas que possuem mais de uma linha de produção ou reúnem várias atividades diferentes, quadro muito comum nas empresas familiares, existe a possibilidade do desmembramento da empresa em duas ou mais pessoas jurídicas distintas. Isso será interessante caso haja uma atividade altamente lucrativa ao lado de outra que, por um motivo qualquer, apresente altos níveis de prejuízos. • Nesse caso, a primeira daria origem a uma empresa que pagaria IRPJ pelo regime do lucro presumido e a segunda poderia fazer os recolhimentos pelo lucro real. Assim, a primeira poderia pagar IR e CSLL sobre uma margem menor de ganhos e a segunda deixaria de ser tributada, já que apresenta perdas fiscais. 40 • Claro que nesse caso é necessário que haja uma reestruturação da companhia, que se dividirá em duas ou mais. Antes de qualquer coisa, devem ser feitos cálculos cuidadosos para saber se haverá mesmo vantagem tributária. As operações precisam ter fundamentação econômica e devem seguir o que se chama de princípio da razoabilidade. Isso quer dizer que sempre será difícil sustentar a existência de duas empresas distintas se na vida prática as duas têm a mesma atividade, utilizam um mesmo espaço físico, as mesmas máquinas e os mesmos funcionários. Nesse caso, estaria muito claro que se trata de uma empresa só, e não de duas. • Se a empresa tiver duas ou mais atividades, e uma delas for enquadrável no Simples Nacional, poder-se-á transferi-la para uma nova empresa com a participação societária exclusiva das pessoas físicas. É preciso levar em conta, nesse planejamento, a limitação relativa à receita bruta anual, conjunta para as duas empresas, de R$ 4.800.000/ano. 41 • A vedação quanto à participação do sócio pessoa física em outras empresas está relacionada na Lei Complementar 123/2006, artigo 3º, § 4º, abaixo transcrito, a saber: • Lei Complementar 123/2006 • Artigo 3º.... • § 4º Não poderá se beneficiar do tratamento jurídico diferenciado previsto nesta Lei Complementar, incluído o regime de que trata o art. 12 desta Lei Complementar, para nenhum efeito legal, a pessoa jurídica: • ... • III - de cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como empresário ou seja sócia de outra empresa que receba tratamento jurídico diferenciado nos termos desta Lei Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo; • IV - cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por cento) do capital de outra empresa não beneficiada por esta Lei Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo; • V - cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins lucrativos, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo; • .... • 42 • Se um sócio de uma empresa optante pelo Simples Nacional, participar como sócio em outra empresa, também optante, a soma dos faturamentos das empresas não poderá ultrapassar a R$ 4.800.000,00. • Se um sócio de uma empresa optante pelo Simples Nacional, participar com mais de 10% como sócio em outra empresa, tributada pelo Lucro Real ou Presumido, a soma dos faturamentos das empresas não poderá ultrapassar a R$ 4.800.000,00. • Se um sócio de uma empresa optante pelo Simples Nacional, participar apenas como administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins lucrativos, a soma dos faturamentos das empresasnão poderá ultrapassar a R$ 4.800.000,00. 43 Exemplo Empresa com atividades de mecânica de carros (serviços). A receita da atividade mecânica de carros é de R$ 480.000,00/ano. 44 Cálculos Presumido Simples Receita bruta anual 480.000,00 480.000,00 Simples Nacional — alíquota média SIMBÓLICA de 8,7% INSS 28,8% (valor folha/ano = R$ 120.000,00) PIS (0,65%) e COFINS (3%) IRPJ (base presumida 32%) - R$ 153.600,00 × 15% CSLL (base presumida 32%) - R$ 153.600,00 × 9% Total tributação Diferença/ano até R$ 45 Cálculos Presumido Simples Receita bruta anual 480.000,00 480.000,00 Simples Nacional — alíquota média SIMBÓLICA de 8,7% 41.760,00 INSS 28,8% (valor folha/ano = R$ 120.000,00) 34.560,00 PIS (0,65%) e COFINS (3%) 17.520,00 IRPJ (base presumida 32%) - R$ 153.600,00 × 15% 23.040,00 CSLL (base presumida 32%) - R$ 153.600,00 × 9% 13.824,00 Total tributação 88.944,00 41.760,00 Diferença/ano até R$ 47.184,00 46 ADICIONAL DE IMPOSTO DE RENDA • Na forma do art. 228, 542 e 543 do Regulamento de Imposto de Renda, a parcela do lucro presumido ou real que exceder o valor da multiplicação de vinte mil reais pelo número de meses do respectivo período de apuração, ficará sujeita à incidência do adicional do imposto à alíquota de 10% . • O adicional, sem nenhuma dedução, será pago juntamente com o imposto devido, nos mesmos prazos e código. • Esse adicional aplica-se, inclusive, nos casos de incorporação, fusão, cisão e de extinção da pessoa jurídica pelo encerramento da liquidação. • A alíquota do adicional é única para todas as pessoas jurídicas, inclusive instituições financeiras, sociedades seguradoras e assemelhadas. • O adicional incide, inclusive, sobre os resultados tributáveis de pessoa jurídica que explore atividade rural (Lei nº 9.249, de 1995, art. 3º, § 3º). No caso de atividades mistas, a base de cálculo do adicional será a soma do lucro presumido apurado nas atividades em geral com o lucro presumido apurado na atividade rural. • Referente a Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido – CSLL, não há a incidência do adicional de imposto que trata os arts. 228, 242 e 243 do Regulamento do Imposto de Renda. 47 Calcule do adicional de imposto de renda, para uma empresa com atividade de comércio de mercadorias, faturamento de R$ 4.500.000,00, com a base presumida de 8% sobre a Receita Bruta da atividade da empresa no trimestre. Neste mesmo trimestre a empresa obteve um ganho liquido na alienação de um bem do Ativo Imobilizado no valor de R$ 100.000,00, cálculo 48 49 RECOLHIMENTO DO ADICIONAL • O recolhimento do imposto adicional deverá ser feito juntamente com o imposto normal devido no período, com mesmo vencimento e período de apuração. 50 Calcule o valor a pagar de IRPJ 51 52 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL – LUCRO PRESUMIDO • As pessoas jurídicas submetidas à tributação do IRPJ com base no lucro presumido ou arbitrado e as demais entidades dispensadas de escrituração contábil (exceto empresas optantes pelo simples) ficam sujeitas à apuração trimestral da Contribuição Social Sobre o Lucro. • A base de cálculo da CSLL devida por essas pessoas jurídicas corresponderá ao resultado presumido apurados em cada trimestre. 53 BASE DE CÁLCULO • A base de cálculo da CSLL, devida mensalmente por estimativa corresponderá ao somatório dos seguintes valores, apurados em cada mês (art. 88 e 89 da IN SRF nº. 390 de 2004): • I – 12% da receita bruta da venda de mercadorias; • II – 32% prestação de serviços; • III – ganho de capital, (lucros) obtidos na alienação de bens de ativo permanente e de aplicação em ouro não caracterizado como ativo financeiro; • IV – rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa e ganhos líquidos de operações financeiras de renda variável; • V – demais receitas do capital próprio, pagos ou creditados por sociedade da qual a empresa seja sócia ou acionista. 54 Alíquota • a) Pessoa Jurídica em Geral • 9% • b) Instituições Financeiras • 15% 55 Calcule a CSLL: Admitindo que uma empresa optante pela tributação com base no lucro presumido apresente os seguintes dados no 1º trimestre de 2009: 56 Calcule o valor da CSLL 57 58 O que analisar antes de optar? • Uma das primeiras providências que devem ser tomadas na hora de optar por uma das formas de recolhimento do IRPJ é verificar o nível de lucratividade em relação à receita bruta. Essa conta pode ser o primeiro passo para se decidir entre o lucro presumido e o lucro real. • A questão é simples: no presumido, indústria e comércio pagam, na regra geral, um IR de 25% sobre 8% da receita bruta. Isso, considerando a alíquota básica mais a adicional. Ou seja, presume-se que o lucro da empresa tenha sido de 8% da receita — um percentual considerado atualmente, pelo mercado, uma relação lucro/receita invejável. • Portanto, se a empresa for muito lucrativa, com ganhos efetivos acima de 8% da receita, há uma boa possibilidade de que o lucro presumido seja a melhor escolha. 59 • Se os lucros forem menores que 8% da receita, o lucro real deverá ser estudado com cuidado. • Ao fazer o cálculo, a empresa deve levar também em consideração a cobrança da CSLL. No presumido, ela é calculada em 9% sobre 12% da receita bruta. Ou seja, o presumido considera, no caso da CSLL, um lucro equivalente a 12% da receita. Aqui também cabe fazer a comparação. Se o lucro efetivo for maior que esse percentual, o lucro presumido terá grandes chances de ser a melhor forma de pagar os tributos sobre ganhos. Caso contrário, estude a possibilidade de adotar o lucro real. 60 • Importante lembrar, para quem está pensando seriamente em optar pelo lucro presumido: considere as adições e exclusões que a base de cálculo pode sofrer. Depois que a empresa calcula os 8% da receita sobre os quais pagará o IRPJ no regime do presumido, terá de incluir nessa base alguns valores, como o ganho de capital na venda de bens do ativo permanente, por exemplo. Portanto, todos os resultados adicionados depois no lucro presumido deverão ser levados em consideração, antes que se opte pela forma de pagamento. • Se a empresa tiver um lucro efetivo maior que 8%, mas apresentar um grande volume de ganho de capital a ser adicionado à base, o valor sobre o qual será aplicada a alíquota de 25% poderá tornar-se tão alto que não compensará adotar o presumido. 61 • Também não se deve esquecer que, conforme a atividade, as alíquotas para o cálculo do IR devido no lucro presumido são diferentes. • Uma variável igualmente importante está no estoque de prejuízos fiscais que a empresa tem. • Se esse estoque for muito grande, talvez valha a pena optar pelo lucro real, que possibilita a compensação de prejuízos fiscais acumulados em anos anteriores. A legislação impõe um limite de 30% do lucro nessa compensação. No entanto, mesmo com essa restrição, o estoque de perdas passadas pode fazer uma boa diferença nas contas. 62 Avaliação de opção tributária quando houver atividades distintas • As empresas que têm diversas atividades precisam estar atentas à possibilidade de economia tributária, • Uma das circunstâncias que pode ocorrer é que os resultados, sendo tributados pelo lucro presumido, estejam onerando os custos de IRPJ e CSLL sob esse regime. 63 • Suponha uma empresa com duas atividades: serviços advocatícios(lucrativa) e serviços de cobrança (pequeno lucro, mas faturamento alto). • Admitindo-se que a atividade de serviços advocatícios gere 35% de lucro sobre as receitas, • e que as receitas de cobrança gerem um lucro de apenas 5%, se a atividade de cobrança fatura R$ 480.000,00, • o desdobramento da atividade em duas empresas, uma tributada pelo lucro presumido (serviços advocatícios) e outra tributada pelo lucro real (cobrança), poderá representar até R$ _________/ano de economia fiscal. Exemplo: calcule 64 • Cálculos: 1. Custo do IRPJ e da CSLL das receitas de cobrança pela modalidade do lucro presumido: • R$ 480.000 × 32% (base lucro presumido para cálculo IRPJ) = R$ 153.600,00 • R$ 153.600,00 × até 25% IRPJ (15% IRPJ + 10% adicional) = R$ 23.040,00 + 9.360,00 = 32.400,00 de IRPJ • R$ 480.000 × 32% = R$ 153.600,00 • R$ 153.600,00 × 9% alíquota CSLL = R$ 13.824,00 de CSLL • Total = 46.224,00 65 Custo do IRPJ e da CSLL pela modalidade do lucro real: • R$ 480.000,00 × 5% (média de lucro) = R$ 24.000,00 • R$ 24.000,00 × 24% (15% IRPJ + 9% CSLL) = R$ 5.760,00 de IRPJ + CSLL Diferença 46.224,00 – 5.760,00 = 40.464,00 66 Lucros distribuídos • Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, não estão sujeitos à incidência do Imposto de Renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do Imposto de Renda do beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliado no país ou no exterior. 67 No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido ou arbitrado, poderá ser distribuído, a título de lucros, sem incidência de imposto: • o valor da base de cálculo do imposto, diminuída de todos os impostos e contribuições a que estiver sujeita a pessoa jurídica; • a parcela dos lucros ou dividendos excedentes ao valor determinado no item I, desde que a empresa demonstre, por meio de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pela qual houver optado, ou seja, o lucro presumido ou arbitrado. 68 Exemplo: • Valor da base de cálculo do Imposto de Renda: R$ 50.000,00. • Caso a empresa, tributada pelo lucro presumido, não tenha escrituração contábil, poderá distribuir o seguinte valor (os valores dos tributos são meramente exemplificativos, cabendo ao contribuinte, em caso real, verificar os valores exatos da escrituração — inciso I do § 2.o, art. 48 da IN SRF 93/97): 69 Descrição Valor R$ Valor da base de cálculo do IRPJ 50.000,00 (-) IRPJ devido no trimestre - 15% 7.500,00 (-) Contribuição social sobre o lucro devida no trimestre - 9% 4.500,00 (-) PIS devido no trimestre - 0,65% 325,00 (-) COFINS devida no trimestre - 3,0% 1.500,00 (=) valor que pode ser distribuído sem tributação de imposto de renda.” 36.175,00 70 Planejamento tributário • Pelo exemplo anteriormente exposto, observa-se que, para fins de planejamento tributário, é interessante manter a escrituração completa, até para fins de avaliação dos resultados e acompanhamento da vantagem de se optar pelo lucro presumido. • Se, por exemplo, o lucro apurado contabilmente, no trimestre, fosse de R$ 60.000,00, então, além dos R$ 36.175,00 citados no exemplo, poderia ser distribuído, sem Imposto de Renda na Fonte, o valor que excedesse (R$ 60.000,00 - R$ 36.175,00) = R$ 23.825,00. 71 Distribuição dos lucros • De acordo com a IN 93/97, art. 48, §§ 7.o e 8.o, o lucro presumido menos impostos e contribuições pode ser distribuído após o encerramento do trimestre correspondente. 72 Renda relativa à locação Se os sócios possuírem muitas propriedades e receitas representativas com aluguéis de imóveis, pode haver uma solução para reduzir a carga tributária sobre os aluguéis cobrados pelos sócios. Nesse caso, a solução é fazer a transferência da propriedade explorada pelo sócio. Assim, o imóvel pode ser passado para a pessoa jurídica por integralização de capital. 73 • A vantagem tributária é a seguinte: se o imóvel continuar sendo da pessoa física, o valor declarado como receita de aluguel fica sujeito à tributação de até 27,5% na declaração de IRPF. • Se o imóvel for transferido para a empresa via integralização de capital, a carga tributária sobre o aluguel será reduzida para 12,73%, incluindo PIS, COFINS, IR e CSLL. A conta considera a maior base de cálculo de IRPJ no lucro presumido: a de 32%. • É importante destacar que essa forma de cálculo só vale para empresas que tenham a exploração de imóveis no seu objeto social. Caso contrário, o IRPJ e a CSLL serão cobrados de outra forma. Se sua empresa tem exploração de imóveis como um objeto social, a tributação fica assim: 74 Tributação Alíquota Efetiva sobre a Receita de Aluguel 25% de IRPJ sobre 32% da receita bruta 8% CSLL de 9% sobre 12% da receita bruta 1,08% 3% de COFINS 3% 0,65% de PIS 0,65% Total de carga tributária 12,73% 75 Precauções: operação pode ficar sujeita ao ITBI • É bom lembrar que se a empresa for de algum setor em que a renda relativa à receita com imóveis é muito representativa — uma grande imobiliária, por exemplo —, a operação de transferência do bem do sócio para a pessoa jurídica deverá pagar o Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis — ITBI. • Se esse for o caso, calcule esse custo adicional. Segundo a Constituição Federal, o ITBI não é devido na integralização de capital ou na cisão, fusão ou incorporação de empresas. A exceção fica para as empresas que possuem receita preponderante com imóveis. Geralmente considera-se como preponderante a receita superior a 50% do total. • Caso as receitas com imóveis não sejam preponderantes em comparação com outros recebimentos da empresa, o aumento de capital fica livre de ITBI. 76 IMPEDIMENTO PARA DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS/ DIVIDENDOS • Conforme dispõe o Decreto-lei nº. 368, de 19 de dezembro de 1.968, no art. 1º inciso II, a sociedade tiver débito salarial, não poderá distribuir lucros, bonificações, dividendos ou interesses a seus sócios titulares, acionistas ou membros de órgãos fiscais ou consultivos. • O art. 889 do RIR/99 preceitua que as pessoas jurídicas, enquanto estiverem em débito, não garantido, por falta de recolhimento de imposto no prazo legal, não poderão: • I - distribuir quaisquer bonificações a seus acionistas; • II - dar ou atribuir participação de lucros a seus sócios ou quotistas, bem como a seus diretores e demais membros de órgãos dirigentes, fiscais ou consultivos. 77 Atividade: • A empresa Almirante Ltda. obteve, no primeiro trimestre de 2010, as seguintes receitas: • venda de produtos de fabricação própria: R$ 3.000.000,00; • serviços de assistência técnica: R$ 500.000,00; • aluguel de um galpão: R$ 60.000,00; • receita financeira: R$ 40.000,00; • Imposto de Renda retido na fonte sobre aplicações financeiras, no valor de R$ 4.000,00. • Calcular o IRPJ e a CSLL da empresa Almirante Ltda. 78 Resolução: 79 Casos práticos de tributação pelo regime do lucro real × lucro presumido 80 • Primeiro caso • Empresa: Modelo 1 Ltda. • CNPJ: 11.111.111/0001-11 • Endereço: Avenida Miguel Rosa, n.o 1001, Bairro Piçarra, Teresina-PI• Atividade principal: comércio a varejo de pneumáticos e câmaras de ar • Modalidade de tributação/2005: lucro real com balancete de suspensão ou redução 81 Demonstração do Cálculo Lucro Real Balancete Suspensão ou Redução em 31/12/2005 (+) Receitas líquidas 34.347.246,95 (-) Custos das mercadorias vendidas 24.802.475,82 (-) Despesas 7.304.466,52 (=) Lucro contábil 2.240.304,61 82 Lucro antes da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido 2.240.304,61 (+) Adições 10.026,15 (-) Exclusões 1.381.092,49 (=) Base de cálculo 869.238,27 Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - 9% Imposto de Renda Pessoa Jurídica - 15% Adicional Imposto de Renda - 10% Cálculo do Lucro Real anual 83 Lucro antes da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido 2.240.304,61 (+) Adições 10.026,15 (-) Exclusões 1.381.092,49 (=) Base de cálculo 869.238,27 Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - 9% 78.231,44 Imposto de Renda Pessoa Jurídica - 15% 130.385,74 Adicional Imposto de Renda - 10% (869.238,27 – 240.000) 62.923,83 Cálculo do Lucro Real anual 84 Demonstração do Cálculo Lucro Presumido em 31/12/2005 Cálculo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica Vendas de mercadorias 16.910.548,89 × 8% Vendas de combustíveis 12.193.782,52 × 1,6% Vendas de mão de obra 3.373.655,81 × 32% Serviços de transportes 14.045,11 × 16% Base de cálculo Adicional Imposto de Renda Base de cálculo Imposto de Renda Pessoa Jurídica - 15% Adicional de Imposto de Renda - 10% Total de Imposto de Renda Pessoa Jurídica 85 Demonstração do Cálculo Lucro Presumido em 31/12/2005 Cálculo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica Vendas de mercadorias 16.910.548,89 × 8% 1.352.843,91 Vendas de combustíveis 12.193.782,52 × 1,6% 195.100,52 Vendas de mão de obra 3.373.655,81 × 32% 1.079.569,86 Serviços de transportes 14.045,11 × 16% 2.247,22 Base de cálculo 2.629.761,51 Adicional Imposto de Renda (240.000,00) Base de cálculo 2.389.761,51 Imposto de Renda Pessoa Jurídica - 15% 394.464,23 Adicional de Imposto de Renda - 10% 238.976,15 Total de Imposto de Renda Pessoa Jurídica 633.440,38 86 Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido Vendas de mercadorias 16.910.548,89 × 12% Vendas de combustíveis 12.193.782,52 × 12% Vendas de mão de obra 3.373.655,81 × 32% Serviços de transportes 14.045,11 × 16% Base de cálculo Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - 9% 87 Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido Vendas de mercadorias 16.910.548,89 × 12% 2.029.265,87 Vendas de combustíveis 12.193.782,52 × 12% 1.463.253,90 Vendas de mão de obra 3.373.655,81 × 32% 1.079.569,86 Serviços de transportes 14.045,11 × 16% 2.247,22 Base de cálculo 4.574.336,85 Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - 9% 411.690,32 88 Demonstrativo de Economia Tributária 89 Análise • Nesta situação tributária, de acordo com a atividade desenvolvida, é mais vantajoso a empresa Modelo 1 Ltda. permanecer no regime de tributação do lucro real (balancete de suspensão ou redução), pois, ao optar pelo regime de tributação do lucro presumido, sua carga tributária eleva-se em 284,89%. Prevalece, então, a eficácia do planejamento tributário, pois com isso a empresa passou a ter economia tributária no seu atual regime de tributação. 90 • Segundo caso • Empresa: Modelo 2 Ltda. • CNPJ: 22.222.222/0001-22 • Endereço: Rua Prudente de Morais, n.o 1002, Bairro Angelim, Teresina-PI • Atividade principal: comércio atacadista de combustíveis realizado por transportador retalhista (TRR) • Modalidade de tributação/2005: lucro presumido • Demonstração do Cálculo Lucro Presumido em 31/12/2005 91 Calculo do IRPJ LUCRO PRESUMIDO Vendas de combustíveis 36.402.844,35 × 1,6% Adicional Imposto de Renda Pessoa Jurídica Base de cálculo Imposto de Renda Pessoa Jurídica ........................ × 15 % Adicional Imposto de Renda Pessoa Jurídica ..........................× 10% Total do Imposto de Renda Pessoa Jurídica 92 Calculo do IRPJ Vendas de combustíveis 36.402.844,35 × 1,6% 582.445,51 Adicional Imposto de Renda Pessoa Jurídica (240.000,00) Base de cálculo 342.445,51 Imposto de Renda Pessoa Jurídica 582.445,51 × 15 % 87.366,83 Adicional Imposto de Renda Pessoa Jurídica 342.445,51 × 10% 34.244,55 Total do Imposto de Renda Pessoa Jurídica 121.611,38 93 Cálculo da Contribuição Social LUCRO PRESUMIDO Vendas de combustíveis Contribuição Social sobre o Lucro Líquido Total Contribuição Social sobre o Lucro Líquido 94 Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido Vendas de combustíveis 36.402.844,35 × 12% 4.368.341,32 Contribuição Social sobre o Lucro Líquido 4.368.341,32 × 9% 393.150,72 Total Contribuição Social sobre o Lucro Líquido 393.150,72 95 Demonstração do Cálculo LUCRO REAL (+) Receitas líquidas 36.444.416,67 (-) Custos das mercadorias vendidas líquidos 32.295.130,19 (-) Despesas 2.180.803,18 (=) Lucro contábil 1.968.483,30 96 Cálculo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica – LUCRO REAL Imposto de Renda Pessoa Jurídica Adicional do Imposto de Renda Total do Imposto de Renda Pessoa Jurídica 97 Cálculo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica Imposto de Renda Pessoa Jurídica 1.968.483,30 × 15% 295.272,50 Adicional do Imposto de Renda 172.848,33 Total do Imposto de Renda Pessoa Jurídica 468.120,83 98 Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido Contribuição Social sobre o Lucro Líquido Total Contribuição Social sobre o Lucro Líquido 99 Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido Contribuição Social sobre o Lucro Líquido 1.968.483,30 × 9% 177.163,50 Total Contribuição Social sobre o Lucro Líquido 177.163,50 100 Demonstrativo da análise de economia tributária TRIBUTOS PRESUMIDO REAL ECONOMIA 101 Considerações finais • No cálculo do Imposto de Renda, o lucro considerado pelo Fisco será de 32% da receita bruta para o setor de serviços e de 8% para a indústria e quase todos os estabelecimentos comerciais. Já para a apuração da CSLL, o percentual sobe para 12% na indústria e no comércio — nos serviços, continuam valendo os 32% do Imposto de Renda. • De modo geral, o lucro presumido costuma ser a melhor opção para quando o lucro for igual ou superior aos percentuais preestabelecidos pela Receita Federal do Brasil (RFB) (os 8%, 12% ou 32% citados). Caso a margem seja menor, ponto para o lucro real. Assim, evita-se o pagamento de impostos sobre um lucro que não existiu efetivamente. 102 • Para se beneficiar com a adoção desse sistema, é preciso ter despesas comprovadas com documentos como notas fiscais e contratos. Na escolha é importante também considerar que apenas o lucro real dá direito ao crédito do PIS e da COFINS embutidos no preço de matérias-primas e alguns outros insumos, como energia e aluguel pago a pessoas jurídicas. • O lucro real exige mais rigidez no controle das contas da empresa e, consequentemente, maiores despesas com a contabilidade. Isso tudo faz com que o regime seja poucoadotado entre os pequenos empreendedores. Não que a opção pelo regime do lucro presumido seja sempre um bom negócio — acaba-se pagando mais impostos só porque o sistema é mais cômodo que o lucro real. • Deve-se conversar com o contador e fazer contas antes de optar pela forma de tributação. 103