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PIB - Observações/Aula 1 - Macroeconomia/2019 Sendo o PIB uma medida de produto, não se pode chegar ao seu valor simplesmente somando todas as receitas registradas no país. Assim, todos os bens e serviços produzidos no ano devem apenas ser contados uma vez. Muitos bens passam por vários estágios de produção, antes de chegar às mãos do cliente final. Para se evitar a dupla contagem, é preciso que se retirem os bens que são usados em estágios intermediários da produção — bens intermediários — dos cálculos dos bens finais e serviços, que são aqueles comprados pelo usuário final, e não por quem vai revendê-los ou promover uma transformação produtiva neles. Um exemplo seria a produção do pão. Antes de o pão chegar às mãos do cliente final, ele passa por vários estágios intermediários do processo de produção: os agricultores produzem o trigo e o vendem ao moinho, que o utiliza na produção de farinha de trigo, que por sua vez é vendida à padaria. O padeiro produz o pão com a farinha e outros ingredientes para vendê-lo ao consumidor final. Se o PIB tivesse considerado os valores do trigo e farinha utilizados na fabricação do pão, os produtos intermediários estariam sendo contados mais de uma vez. Isto porque no valor da farinha de trigo vendida, o seu fabricante incluiu os gastos totais, dentre os quais a despesa com o trigo, além do seu lucro. Por sua vez, o padeiro considerou os gastos totais, dentre os quais a despesa com a farinha de trigo, além do seu lucro. Portanto, no valor do pão, já estão incluídos os valores do trigo e da farinha de trigo, que não precisam mais ser contabilizados. Somente o valor final do pão é incluído no PIB. É nesse sentido que se diz que os bens intermediários são excluídos do cálculo do PIB. Mas é bom que se diga que se parte da produção, como por exemplo, da farinha de trigo, for vendida ao consumidor final, seu valor será incluído no cálculo do PIB. Assim, o PIB só vai considerar os bens finais, isto é, os que irão para os consumidores finais. >>As transações financeiras e as transferências de renda não estão incluídas no PIB porque não envolvem produção. Por exemplo: compra e venda de ações, debêntures, títulos da dívida pública, pois consistem em transferências de renda entre particulares ou agentes públicos. >>Só a produção elaborada dentro do país é contada. Quando um estrangeiro ganha renda no Brasil, ela é contada no PIB brasileiro, mas não a renda recebida por brasileiros no exterior. >>Só os produtos produzidos no período corrente são contados. Produtos produzidos no passado não são contados. O PIB mede duas coisas ao mesmo tempo: a renda total de todas as pessoas da economia e a despesa total com os bens e serviços produzidos na economia. O PIB consegue medir tanto a renda total como a despesa total porque, na verdade, para a economia como em seu todo, a renda deve ser igual à despesa. >>Pela ótica da renda, o PIB pode ser calculado pela soma da remuneração dos fatores de produção utilizados na obtenção de todos os bens e serviços, durante o ano. A produção de bens e serviços tem custo porque os recursos devem ser alocados para a produção desses bens e serviços. Estes custos geram as rendas dos proprietários dos fatores de produção. Renda (Y) = componentes da renda (salários, renda de autônomos, juros, lucros e aluguéis) + impostos indiretos, depreciação e renda líquida enviada ao exterior. Como já vimos, o PIB mede a despesa total em bens e serviços em todos os mercados de uma economia. Se a despesa total aumenta de um ano para o outro, pelo menos uma das duas situações pode ter ocorrido: 1) A economia está produzindo uma quantidade maior de bens e serviços e/ou 2) Os bens e serviços estão sendo vendidos a preços mais elevados. Quando os economistas estudam mudanças ao longo do tempo, esses dois efeitos devem ser separados. Ou seja, eles desejam estabelecer uma medida da quantidade de bens e serviços produzidos na economia que não sejam afetados pelas variações nos preços desses bens e serviços. Para isso, os economistas usam uma medida chamada de PIB real, que responde à seguinte questão hipotética: Qual seria o valor dos bens e serviços produzidos este ano se os avaliássemos aos preços vigentes em algum outro ano específico? Avaliando a produção a preços fixos em níveis passados, por exemplo, o PIB real mostra como a produção geral de bens e serviços da economia muda com o passar do tempo. Vale ressaltar que o crescimento econômico corresponde ao aumento do PIB. Como o cálculo do PIB é realizado pela multiplicação do preço pela quantidade, seu crescimento pode se dar tanto pelo aumento dos preços como pelo aumento das quantidades. Como no PIB real o que interessa é verificar se houve aumento das quantidades produzidas, a solução é imaginar que não houve aumento dos preços, ou seja, a ocorrência de inflação, pois desta forma, se houver variação do PIB, o aumento decorre de variação nas quantidades. No caso do PIB nominal, usam-se os preços correntes (que vigoram em cada ano) para atribuir um valor à produção de bens e serviços. Cálculo do PIB nominal: 2008 >> R$ 10 por kg de frango x 100 kg frango + R$ 20 por kg carne x 80 kg de carne = R$ 2.600 2009 >> R$ 20 por kg de frango x 200 kg frango + R$ 30 por kg carne x 100 kg de carne = R$ 7.000 2010 >> R$ 30 por de kg frango x 300 kg frango + R$ 40 por kg carne x 200 kg de carne = R$ 17.000 Os dados do exemplo apresentado mostram que houve aumento contínuo do PIB real nos anos apresentados. O cálculo foi feito tomando-se o ano de 2008 como base e em todos os anos os cálculos foram feitos com preços constantes, com no ano base. Cálculo do PIB real (ano base 2008): 2008 >> R$ 10 por kg de frango x 100 kg de frango + R$ 20 por kg de carne x 80 kg de carne = R$ 2.600 2009 >> R$ 10 por kg de frango x 200 kg de frango + R$ 20 por kg de carne x 100 kg de carne = R$ 4.000 2010 >> R$ 10 por kg de frango x 300 kg de frangos + R$ 20 por kg de carne x 200 kg de carne = R$ 7.000 Deflator do PIB=_PIB nominal x 100 PIB real Cálculo do deflator do PIB Ano 2008 R$ 2.600/R$ 2.600 x 100 =100 2009 R$ 7.000/R$ 4.000 x 100 =175 2010 R$ 17.000/R$ 7.000 x 100 =243 Como o PIB nominal e o PIB real devem ser iguais no ano-base, o deflator do PIB para o ano-base é sempre igual a 100. O deflator do PIB é um número adimensional que mostra apenas o patamar em que se encontra a média dos preços dos produtos que foram considerados no cálculo do PIB nominal. O exemplo mostra os níveis de preços a partir do patamar de 100. A inflação se refere a uma situação em que o nível geral de preços da economia aumenta. A taxa de inflação é a mudança percentual do nível de preços de um período para o outro. Ao empregar o deflator, a taxa de inflação entre dois anos consecutivos é calculada da seguinte forma: Taxa de inflação do ano 2 = deflator do PIB no ano 2 - deflator do ano 1 x 100 deflator do PIB no ano 1 Usando o exemplo da tela anterior, considerado o deflator do PIB, aumentou em 2009 de 100 para 175, como é calculada a taxa de inflação? 100 x (175-100)/100 ou 75%. Em 2010, o deflator do PIB aumentou de 175 para 243, como é calculada taxa de inflação? 100 x (243-175)/171 ou 68%. O deflator do PIB é uma medida usada pelos economistas para monitorar o nível médio de preços na economia e, consequentemente, a taxa de inflação dos produtos que entraram no cálculo do PIB. O deflator do PIB tem esse nome porque pode ser empregado para obter a inflação do PIB nominal, ou seja, “deflacionar” o PIB nominal em virtude da elevação de preços. O PIB per capita, que é o PIB total dividido pelo número de habitantes, pode ser considerado uma medida natural do bem-estar econômico do indivíduo médio. Todavia, existem críticas quanto à validade do PIB per capita como medida perfeita do bem-estar, por não levar em consideraçãoaspectos qualitativos da educação, saúde, lazer, qualidade do meio ambiente e distribuição de renda. Em síntese, podemos afirmar que o PIB per capita é uma boa medida do bem-estar econômico para a maioria dos propósitos, mas não para todos os propósitos. Uma maneira de avaliar a utilidade do PIB como medida do bem-estar econômico é examinar dados internacionais do PIB. Países pobres e ricos têm níveis muito diferentes de PIB per capita. Se um PIB elevado se traduz em melhor padrão de vida, deve-se observar que o PIB está fortemente correlacionado com medidas de qualidade de vida. Nos países ricos, como os EUA, Japão, Canadá, Suécia, Noruega, Alemanha, Inglaterra, Suíça e França, as pessoas têm expectativa de vida de 80 anos, quase toda a população sabe ler, grande parte usa internet regularmente, a taxa de mortalidade infantil e desnutrição é baixa e há acesso à água tratada. Já em países pobres como o Haiti, Paquistão, Somália, Nigéria e Bangladesch, a expectativa de vida é de 60 anos, grande parte da população é analfabeta, o uso da internet é raro, as taxas de mortalidade infantil e desnutrição são altas e não há acesso à água tratada, dentre outros aspectos que denotam baixa qualidade de vida ou sua ausência. Um indicador utilizado para avaliar o bem-estar do ponto de vista social é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), divulgado periodicamente pelas Nações Unidas. Trata-se de um índice calculado a partir de uma média de indicadores sociais (taxa de alfabetização, nível de escolaridade e expectativa de vida) e econômicos (PIB real per capita). São considerados no cálculo do IDH os seguintes indicadores: >Índice de esperança de vida, esperança de vida ao nascer em anos; >Índice de educação; >Taxa de alfabetização de adultos (2/3 do índice); >Taxa de escolaridade bruta conjunta do 1º, 2º e 3º graus (1/3 do índice); >Índice do PIB: PIB real per capita, em dólares ajustados pelo poder de compra dos países. Para a maioria dos países, a classificação a partir do IDH apresenta alto grau de correlação com o PIB per capita. Os maiores contrastes são registrados nos países árabes produtores de petróleo, que apresentam IDH baixo e estão entre os países mais ricos do mundo. Já os países que integram a União Soviética apresentam IDH proporcionalmente mais elevado que o PIB per capita.
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