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Aula 11 - Tricomoniase e Giardiase enf

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FLAGELADOS DAS
VIAS DIGESTIVAS E
GENITURINÁRIAS
FLAGELADOS DAS VIAS
DIGESTIVAS E GENITURINÁRIAS
 Vias digestivas:
 Giardia lamblia (ID-duodeno)
 Enteromonas hominis, Chilomastix mesnili,
 Retortamonas intestinalis, Dientamoeba
fragilis e Pentatrichomonas hominis (IG)
 Trichomonas tenax (boca)
 Vias urinárias:
 Trichomonas vaginalis
TRICOMONÍASE
INTRODUÇÃO
Trichomonas vaginalis
Descrita pela primeira vez em 1836 por
Donné;
Doença sexualmente transmissível
Mulheres e homem
EPIDEMIOLOGIA
 DST mais prevalente no mundo;
 170 milhões de casos/ano – OMS, 1998;
 Mais comum em mulheres;
 Incide de preferência no grupo etário de 16 a 35 
anos;
 1/3 de todas as vaginites diagnosticadas;
 Cosmopolita;
 Prevalência alta nos grupos socioeconômicos 
baixos;
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EPIDEMIOLOGIA
 Não é resistente fora do trato genital, mas pode 
viver fora por algumas horas;
 A umidade é fator que contribui p/ sua 
sobrevivência fora do organismo;
 Cerca de 25 a 50% das mulheres são 
assintomáticas;
 Amplificação da transmissão do HIV.
CLASSIFICAÇÃO
 Reino: Protista
 Subreino: Protozoa
 Filo:Sarcomastigophora
 Subfilo: Mastigophora
 Classe; Zoomastigophorea
 Ordem: Trichomonadida
 Família: Trichomonadidae
 Gênero: Trichomonas
 Espécie: Trichomonas vaginalis.
TRICHOMONAS VAGINALIS
 É uma célula polimorfa;
 Possui quatro flagelos livres e desiguais em
tamanho, e uma membrana ondulante;
 Não possui a forma cística, apenas trofozoítica;
 Habita o trato geniturinário do homem e da
mulher, causando a infecção;
 Não sobrevive fora do sistema urogenital;
TRICHOMONAS VAGINALIS
Reprodução por divisão binária
longitudinal;
Não há formação de cistos;
É um organismo anaeróbio facultativo;
Utiliza glicose, frutose, maltose, glicogênio
e amido como fonte de energia;
CICLO BIOLÓGICO
TRANSMISSÃO
 Via Sexual
 No parto – 5% da mãe para a filha (Tricomoníase
Neonatal)
 Fômites – 80% da mãe para a filha ( roupa íntima
ou de cama, artigos de toalete e banho, etc.),
quando molhados ou incompletamente secos.
 Por ambientes contaminados como banheiros e
piscinas
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TRANSMISSÃO
 Evidências que suportam a afirmação de que o T.
vaginalis é transmitido sexualmente:
 Alta frequência de infecção na uretra de parceiros de
mulheres infectadas ( aqui, a cura é atingida quando
ambos aderem ao tratamento);
 Protozoário não sobrevive fora do corpo humano;
 Ocorre com mais frequência em mulheres que
procuram clinicas de DSTs e em prostitutas do que
em mulheres no período de pós menopausa e virgens;
 Transmissão não sexual é rara e pode ser aceita para
explicar tricomoníase em crianças, incluindo recém
nascidos.
FATORES QUE FAVORECEM O
DESENVOLVIMENTO DO PARASITA NA VAGINA
 Vagina normal – resistente às infecções, mas as
modificações do meio vaginal, favorecem as
infecções.
 Modificação da flora vaginal.
 Diminuição da acidez local.
 Diminuição do glicogênio, nas células epiteliais.
 Acentuada descamação epitelial
 Fatores hormonais ou processos inflamatórios ou
irritativos.
PATOGENIA
Em condições normais:
 Lactobacillus sp produzem:
 Ácido lático
 Ácidos orgânicos pH vaginal ácido
 Peróxido de hidrogênio
PATOGENIA
Flora patogênica:
 Induz resposta imune
presença de leucócitos
resposta inflamatória
SINAIS E SINTOMAS
 Em mulheres provoca vaginite caracterizada
por:
 Corrimento vaginal
amarelo-esverdeado
bolhoso
odor fétido
 com mais frequência no período pós menstrual
 Prurido ou irritação vulvovaginal
 pH alcalino
 Diminuição ou ausência de lactobacillus sp.
 Dor durante relação sexual
 Disúria
 Poliúria
corrimento vaginal, fluido abundante,cor 
amarelo-esverdeado, bolhoso, odor 
fétido
TRICHOMONÍASE
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T. VAGINALIS SINAIS E SINTOMAS
Em homens geralmente é assintomática;
Porém, pode apresentar-se como uretrite
com fluxo leitoso ou purulento e leve
prurido na uretra;
Sintomatologia leve: escasso corrimento, 
disúria, prurido
Complicações (raras): epididimite, 
infertilidade e prostatite
SINAIS E SINTOMAS
A Tricomoníase tem sido associada à:
 Transmissão do HIV
 Doença inflamatória pélvica
 Câncer cervical
 Infertilidade (adesão e oclusão tubária)
 Parto prematuro
 Baixo peso de bebês nascidos de mães 
infectadas
DIAGNÓSTICO
Não pode ter como base somente
apresentação clínica, pois a infecção pode
ser confundida com outras DSTs;
 Investigação laboratorial é necessária e
essencial para...
...levar ao tratamento adequado 
...facilitar o controle da propagação da 
infecção
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Diagnóstico laboratorial (coleta das
amostras)
 Na mulher
 Não realizar higiene vaginal durante 18-24 horas que
antecedem a coleta.
 Não fazer uso de nenhum tricomonicida, tanto vaginal
quanto oral, há 15 dias.
 Coleta realizada com auxilio de swab de fundo de saco
vaginal (prepara-se lâmina para exame a fresco)
A vagina é o local mais facilmente infectado e os 
trichomonas são mais abundantes durante o período após a 
menstruação (aumento do pH)
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T. VAGINALIS DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
No homem
 Comparecer ao local da coleta pela manhã,
 Estar pelo menos há 2 horas sem urinar
 Não fazer uso de nenhum tricomonicida, há 15 dias,
 Materiais: secreção uretral, urina primeiro jato, 
esperma, secreção prostática e material subprepucial. 
Material colhido com alça de platina ou swab.
 Preferencialmente não estar em uso de medicação 
antiparasitária sistêmica ou tópica
T. VAGINALIS
Parece ser autolimitada em muitos homens
devido a uma ação tricomonicida de
secreções prostáticas ou à eliminação
mecânica dos protozoários que se localizam
na uretra, durante a micção.
Trichomonas é mais facilmente encontrado no 
sêmen do que na urina 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
 Preservação da amostra
 Temporária (Meios de transporte): Solução 
salina isotônica (0,15M) glicosada a 0,2%;
 Meios de Stuart e Amies
 Permanente: Fixador álcool polivinílico
(fixador APV)
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
 Diagnóstico parasitológico:
 Exame direto a fresco:
 Preparações não coradas (diluídas em solução salina) 
 microscopia de campo claro e/ou de campo escuro 
e/ou de contraste de fase. Visualização de parasitas 
vivos e em movimento
 Preparações fixadas e coradas: Gram, Giemsa, 
Leishman e HF.
 Cultura (“gold standard”): isolamento do T. 
vaginalis em meios seletivos (Kupferberg, Roiron
e/ou Diamond) - 3 a 7 dias. Sensibilidade: > 80%
O diagnóstico 
depende da 
observação 
microscópica do 
protozoário 
móvel
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Trofozóitos corados com GIEMSA
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
 Diagnóstico imunológico: ELISA e IF
 Diagnóstico por PCR: alta sensibilidade e 
especificidade
 Não são rotineiramente utilizados
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
 • Candidíase
 • Gonorréia
 • HPV
 • Gardnerella vaginalis
 • Uso de medicamentos
 • Roupas íntimas inadequadas
 • Produtos de higiene
DIAGNÓSTICO
 A incidência da infecção depende de vários 
fatores, entre eles:
 Idade
 Atividade sexual
 Número de parceiros sexuais
 Outras DSTs
 Fase do ciclo menstrual
 Condições socioeconômicas
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DIAGNÓSTICO
 O parasito, não tendo a forma cística, é suscetível
à dessecação e às altas temperaturas, mas pode
viver fora de seu hábitat por algumas horas sob
altas condições de umidade...
3 horas na urina 6 horasno sêmen ejaculado
TRATAMENTO
 Derivados Nitroimidazólicos:
 Metronidazol
 Não é indicado para o tratamento de mulheres que 
estejam no primeiro trimestre de gravidez
 Já foram descritas linhagens de parasitas resistentes 
na Europa
 Tinidazol
 Ornidazol
 Nimorazol
PROFILAXIA
Medidas preventivas de outras DSTs que
incluem:
 Prática do sexo seguro,
 Uso de preservativos,
 Abstinência de contato sexual com pessoas infectadas
GIARDÍASE
INTRODUÇÃO
Giardia lamblia (G. intestinalis, Lamblia
intestinalis)
 Possivelmente foi o primeiro protozoário
intestinal humano a ser conhecido
 Conhecida como diarréia dos viajantes.
 Além do homem, parasita animais domésticos
(cães e gatos) e diversos animais silvestres, aves
e répteis ( reservatórios)
 Geralmente infecta criança de faixa etária menor
que 10 anos.
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INTRODUÇÃO
Países em desenvolvimento:
 Giardíase é uma das causas mais comuns de
diarréia entre crianças, podendo causar
 Má nutrição
 Retardo no desenvolvimento
EPIDEMIOLOGIA
 Cosmopolita - + de 1 milhão casos/ano
 Afeta principalmente crianças de 8 meses aos 12 
anos com predomínio na faixa etária de 6 anos 
 Prevalece com taxas de até 30% nas regiões do 
Brasil com baixas condições sócio-econômicas
 Pode ocorrer em surtos epidêmicos em ambientes 
fechados (creches e abrigos)
 O cisto resiste até 2 meses em boas condições de 
umidade.
EPIDEMIOLOGIA
 Portadores assintomáticos 
(manipuladores de 
alimentos)
 Cistos são disseminados 
por ventos (poeira) e por 
moscas (podem veicular 
cistos a longas distâncias –
mais de 5 km)
EPIDEMIOLOGIA
CLASSIFICAÇÃO
 Reino: Protista
 Subreino: Protozoa
 Filo:Sarcomastigophora
 Subfilo: Mastigophora
 Classe: Zoomastigophora
 Ordem: Diplomonadida
 Sub-ordem: Diplomonadina
 Família: Hexomitidae
 Gênero: Giardia
 Espécie: Giardia lamblia
MORFOLOGIA
 Apresenta duas formas evolutivas
 Trofozoíto
 Formato de pêra
 Face dorsal lisa e convexa
 Face ventral achatada, chamada de disco ventral
 No interior da parte frontal são encontrados dois
núcleos
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MORFOLOGIA
 Possui quatro pares de flagelos que se
originam de corpos basais situados nos pólos
anteriores dos dois núcleos
 Um par de flagelos anteriores
 Um par de flagelos ventrais
 Um par de flagelos posteriores
 Um par de flagelos caudais
Fica livre na luz intestinal ou se fixa na parede
duodenal
MORFOLOGIA
MORFOLOGIA
 Cisto
 Forma Infectante
 Oval ou elipsóide 
 Dois (novos) ou quatro (velhos) núcleos
 Resistente até 2 meses no meio exterior (T°/ U)
1- axóstio 
2- núcleo 
3- parede do cisto 
4- corpos medianos 
GIARDIA LAMBLIA
 Parasito monoxênico
 Via normal de infecção é ingestão de cistos
 10-100 cistos é o suficiente para causar infecção
 Habita o intestino delgado
 O disco adesivo adere o parasito às células do 
epitélio intestinal
 Parasito móvel graças aos flagelos
 Fezes desidratadas: trofozoíto torna-se cisto
GIARDIA LAMBLIA
 Trofozoíto se multiplica por divisão binária
 Primeiro os núcleos, seguido pelo aparelho
locomotor, disco adesivo e citoplasma
CICLO BIOLÓGICO
 Os cistos (formas infectantes) são ingeridos,
↓
 chegam ao duodeno, perdem a parede cística e se 
transformam em trofozoítos
↓
 reproduzem-se assexuadamente por divisão 
binária, no intestino humano
↓
 em condições desfavoráveis o trofozoíto retorna à 
forma cística, secretando a membrana que forma 
a parede do cisto.
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GIARDIA SP.
CICLO BIOLÓGICO TRANSMISSÃO
 Ingestão de cistos maduros
 Água sem tratamento
TRANSMISSÃO
 Alimentos contaminados
 Moscas, formigas, baratas contaminando outros 
alimentos
 Hábitos de higiene precários
 Mãos contaminadas
 Creches (muitas crianças)
 Contatos homossexuais (transmissão fecal-oral)
SINAIS E SINTOMAS
 PI – 1 a 3 semanas, mas pode prolongar-se até 
seis semanas
 Varia de indivíduos assintomáticos até 
sintomáticos podendo apresentar:
 Diarréia aguda
 Diarréia persistente
 Má absorção
 Perda de peso
Sintomas dependem da virulência da cepa, número de 
cistos ingeridos, resposta imune do hospedeiro, 
estado nutricional, pH do suco gástrico...
SINAIS E SINTOMAS
 Na primoinfecção (indivíduos não-imunes), a
ingestão de cistos pode provocar
 Diarréia aquosa,
 Explosiva,
 Odor fétido,
 Gases,
 Dores abdominais
SINAIS E SINTOMAS – FORMA AGUDA
 EM CRIANÇAS:
 Diarréia aquosa com esteatorréia, irritabilidade,
insônia, náuseas e vômitos, perda de apetite e
dor abdominal.
 EM ADULTOS:
 Diarréia, cólicas intestinais, constipação,
anorexia, náuseas e vômitos, meteorismo, dor
epigástrica sugerindo úlcera duodenal, azia,
sensação de plenitude gástrica (indigestão)
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SINAIS E SINTOMAS – FORMA CRÔNICA
 Quadros crônicos estão associados a desnutrição e 
vice-versa – má absorção de gorduras e vitaminas 
lipossolúveis (A,D,E,K), vitamina B12, ferro, 
xilose, lactose.
PATOGENIA
ativa
Macrófago
(monócito)
linfócito 
T ativaativa
linfócito 
B
IgA
IgELiga-semastócitohistamina Libera
Edema 
local
aumento da 
motilidade 
intestinal renovação dos 
enterócitos 
(cél. imaturas)
Má absorção
Diarréia
DIAGNÓSTICO
Clínico
 Crianças até 12 anos: 
 Diarréia com esteatorréia, 
 Irritabilidade,
 Insônia
 Náuseas e vômitos
 Perda de apetite
 Dor abdominal
DIAGNÓSTICO
Laboratorial
 Parasitológico
 Identificação de cistos ou trofozoítos nas fezes
 Cisto: assintomático
 Trofozoíto: sintomático
 Consistência das fezes fornece informações sobre a
forma evolutiva a ser pesquisada
 Cisto: fezes formadas
 Trofozoíto: fezes diarréicas
DIAGNÓSTICO
Fezes diarréicas:
Colher o material no laboratório e seguir 
imediatamente para análise 
Trofozoíto sobrevive durante pouco tempo no 
meio externo
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DIAGNÓSTICO
Indivíduos parasitados não eliminam cistos 
diariamente
“período negativo” 
podendo levar a resultados falso-negativos,
principalmente quando apenas uma amostra é
coletada, então:
Exame de três amostras fecais com intervalos de 7 dias, 
aumenta a possibilidade de positividade da pesquisa
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
 Diagnóstico Imunológico:
 Detecção de antígenos (testes disponíveis 
comercialmente):
 ELISA, Imunofluorescência e Imunocromatográficos
(testes rápidos) Alta sensibilidade e especificidade
 Detecção de anticorpos: Imunofluorescência indireta, 
ELISA e western blot Baixa sensibilidade
 Diagnóstico por PCR
 Aspirado duodenal (intestino delgado) 
trofozoítas
TRATAMENTO
 Metronidazol (Flagyl) 15 a 20 mg/kg; 5-7d
 Tinidazol (Fasygin)  50mg/kg (mx:2g), dose
única
 Furazolidona (Giarlan)  5 a10mg/kg; 7d
 Secnidazol (Secnidal) 30mg/kg, dose única
 Albendazol (Zolben) ↑2 anos; 400mg/dia; 5d
 Nitazoxanime (Annita)  ↑1ano; 7,5mg/kg/; 3d
TRATAMENTO
 Se apresentar resistência terapêutica, parar o
tratamento por 5-10 dias e após, completar a
terapêutica com outro princípio ativo.
 Medicamentos não são bem aceitos pelas crianças
devido ao gosto desagradável, podendo
apresentarem sintomas gastrintestinais.
PROFILAXIA
 Medidas de higiene pessoal
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PROFILAXIA
 Destino correto das fezes
 Limpeza dos alimentos
PROFILAXIA
 Tratamento da água
 Cistos são destruídos em água fervida
PROFILAXIA
A vacina contra a Giardia lamblia para
uso em humanos está em fase de pesquisa.
A vacinacontra a giardíase canina foi
lançada recentemente em (2002) →
Giardia Vax, segura e eficaz

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