Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
22/02/2015 1 FLAGELADOS DAS VIAS DIGESTIVAS E GENITURINÁRIAS FLAGELADOS DAS VIAS DIGESTIVAS E GENITURINÁRIAS Vias digestivas: Giardia lamblia (ID-duodeno) Enteromonas hominis, Chilomastix mesnili, Retortamonas intestinalis, Dientamoeba fragilis e Pentatrichomonas hominis (IG) Trichomonas tenax (boca) Vias urinárias: Trichomonas vaginalis TRICOMONÍASE INTRODUÇÃO Trichomonas vaginalis Descrita pela primeira vez em 1836 por Donné; Doença sexualmente transmissível Mulheres e homem EPIDEMIOLOGIA DST mais prevalente no mundo; 170 milhões de casos/ano – OMS, 1998; Mais comum em mulheres; Incide de preferência no grupo etário de 16 a 35 anos; 1/3 de todas as vaginites diagnosticadas; Cosmopolita; Prevalência alta nos grupos socioeconômicos baixos; 22/02/2015 2 EPIDEMIOLOGIA Não é resistente fora do trato genital, mas pode viver fora por algumas horas; A umidade é fator que contribui p/ sua sobrevivência fora do organismo; Cerca de 25 a 50% das mulheres são assintomáticas; Amplificação da transmissão do HIV. CLASSIFICAÇÃO Reino: Protista Subreino: Protozoa Filo:Sarcomastigophora Subfilo: Mastigophora Classe; Zoomastigophorea Ordem: Trichomonadida Família: Trichomonadidae Gênero: Trichomonas Espécie: Trichomonas vaginalis. TRICHOMONAS VAGINALIS É uma célula polimorfa; Possui quatro flagelos livres e desiguais em tamanho, e uma membrana ondulante; Não possui a forma cística, apenas trofozoítica; Habita o trato geniturinário do homem e da mulher, causando a infecção; Não sobrevive fora do sistema urogenital; TRICHOMONAS VAGINALIS Reprodução por divisão binária longitudinal; Não há formação de cistos; É um organismo anaeróbio facultativo; Utiliza glicose, frutose, maltose, glicogênio e amido como fonte de energia; CICLO BIOLÓGICO TRANSMISSÃO Via Sexual No parto – 5% da mãe para a filha (Tricomoníase Neonatal) Fômites – 80% da mãe para a filha ( roupa íntima ou de cama, artigos de toalete e banho, etc.), quando molhados ou incompletamente secos. Por ambientes contaminados como banheiros e piscinas 22/02/2015 3 TRANSMISSÃO Evidências que suportam a afirmação de que o T. vaginalis é transmitido sexualmente: Alta frequência de infecção na uretra de parceiros de mulheres infectadas ( aqui, a cura é atingida quando ambos aderem ao tratamento); Protozoário não sobrevive fora do corpo humano; Ocorre com mais frequência em mulheres que procuram clinicas de DSTs e em prostitutas do que em mulheres no período de pós menopausa e virgens; Transmissão não sexual é rara e pode ser aceita para explicar tricomoníase em crianças, incluindo recém nascidos. FATORES QUE FAVORECEM O DESENVOLVIMENTO DO PARASITA NA VAGINA Vagina normal – resistente às infecções, mas as modificações do meio vaginal, favorecem as infecções. Modificação da flora vaginal. Diminuição da acidez local. Diminuição do glicogênio, nas células epiteliais. Acentuada descamação epitelial Fatores hormonais ou processos inflamatórios ou irritativos. PATOGENIA Em condições normais: Lactobacillus sp produzem: Ácido lático Ácidos orgânicos pH vaginal ácido Peróxido de hidrogênio PATOGENIA Flora patogênica: Induz resposta imune presença de leucócitos resposta inflamatória SINAIS E SINTOMAS Em mulheres provoca vaginite caracterizada por: Corrimento vaginal amarelo-esverdeado bolhoso odor fétido com mais frequência no período pós menstrual Prurido ou irritação vulvovaginal pH alcalino Diminuição ou ausência de lactobacillus sp. Dor durante relação sexual Disúria Poliúria corrimento vaginal, fluido abundante,cor amarelo-esverdeado, bolhoso, odor fétido TRICHOMONÍASE 22/02/2015 4 T. VAGINALIS SINAIS E SINTOMAS Em homens geralmente é assintomática; Porém, pode apresentar-se como uretrite com fluxo leitoso ou purulento e leve prurido na uretra; Sintomatologia leve: escasso corrimento, disúria, prurido Complicações (raras): epididimite, infertilidade e prostatite SINAIS E SINTOMAS A Tricomoníase tem sido associada à: Transmissão do HIV Doença inflamatória pélvica Câncer cervical Infertilidade (adesão e oclusão tubária) Parto prematuro Baixo peso de bebês nascidos de mães infectadas DIAGNÓSTICO Não pode ter como base somente apresentação clínica, pois a infecção pode ser confundida com outras DSTs; Investigação laboratorial é necessária e essencial para... ...levar ao tratamento adequado ...facilitar o controle da propagação da infecção DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Diagnóstico laboratorial (coleta das amostras) Na mulher Não realizar higiene vaginal durante 18-24 horas que antecedem a coleta. Não fazer uso de nenhum tricomonicida, tanto vaginal quanto oral, há 15 dias. Coleta realizada com auxilio de swab de fundo de saco vaginal (prepara-se lâmina para exame a fresco) A vagina é o local mais facilmente infectado e os trichomonas são mais abundantes durante o período após a menstruação (aumento do pH) 22/02/2015 5 T. VAGINALIS DIAGNÓSTICO LABORATORIAL No homem Comparecer ao local da coleta pela manhã, Estar pelo menos há 2 horas sem urinar Não fazer uso de nenhum tricomonicida, há 15 dias, Materiais: secreção uretral, urina primeiro jato, esperma, secreção prostática e material subprepucial. Material colhido com alça de platina ou swab. Preferencialmente não estar em uso de medicação antiparasitária sistêmica ou tópica T. VAGINALIS Parece ser autolimitada em muitos homens devido a uma ação tricomonicida de secreções prostáticas ou à eliminação mecânica dos protozoários que se localizam na uretra, durante a micção. Trichomonas é mais facilmente encontrado no sêmen do que na urina DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Preservação da amostra Temporária (Meios de transporte): Solução salina isotônica (0,15M) glicosada a 0,2%; Meios de Stuart e Amies Permanente: Fixador álcool polivinílico (fixador APV) DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Diagnóstico parasitológico: Exame direto a fresco: Preparações não coradas (diluídas em solução salina) microscopia de campo claro e/ou de campo escuro e/ou de contraste de fase. Visualização de parasitas vivos e em movimento Preparações fixadas e coradas: Gram, Giemsa, Leishman e HF. Cultura (“gold standard”): isolamento do T. vaginalis em meios seletivos (Kupferberg, Roiron e/ou Diamond) - 3 a 7 dias. Sensibilidade: > 80% O diagnóstico depende da observação microscópica do protozoário móvel 22/02/2015 6 Trofozóitos corados com GIEMSA DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Diagnóstico imunológico: ELISA e IF Diagnóstico por PCR: alta sensibilidade e especificidade Não são rotineiramente utilizados DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Candidíase • Gonorréia • HPV • Gardnerella vaginalis • Uso de medicamentos • Roupas íntimas inadequadas • Produtos de higiene DIAGNÓSTICO A incidência da infecção depende de vários fatores, entre eles: Idade Atividade sexual Número de parceiros sexuais Outras DSTs Fase do ciclo menstrual Condições socioeconômicas 22/02/2015 7 DIAGNÓSTICO O parasito, não tendo a forma cística, é suscetível à dessecação e às altas temperaturas, mas pode viver fora de seu hábitat por algumas horas sob altas condições de umidade... 3 horas na urina 6 horasno sêmen ejaculado TRATAMENTO Derivados Nitroimidazólicos: Metronidazol Não é indicado para o tratamento de mulheres que estejam no primeiro trimestre de gravidez Já foram descritas linhagens de parasitas resistentes na Europa Tinidazol Ornidazol Nimorazol PROFILAXIA Medidas preventivas de outras DSTs que incluem: Prática do sexo seguro, Uso de preservativos, Abstinência de contato sexual com pessoas infectadas GIARDÍASE INTRODUÇÃO Giardia lamblia (G. intestinalis, Lamblia intestinalis) Possivelmente foi o primeiro protozoário intestinal humano a ser conhecido Conhecida como diarréia dos viajantes. Além do homem, parasita animais domésticos (cães e gatos) e diversos animais silvestres, aves e répteis ( reservatórios) Geralmente infecta criança de faixa etária menor que 10 anos. 22/02/2015 8 INTRODUÇÃO Países em desenvolvimento: Giardíase é uma das causas mais comuns de diarréia entre crianças, podendo causar Má nutrição Retardo no desenvolvimento EPIDEMIOLOGIA Cosmopolita - + de 1 milhão casos/ano Afeta principalmente crianças de 8 meses aos 12 anos com predomínio na faixa etária de 6 anos Prevalece com taxas de até 30% nas regiões do Brasil com baixas condições sócio-econômicas Pode ocorrer em surtos epidêmicos em ambientes fechados (creches e abrigos) O cisto resiste até 2 meses em boas condições de umidade. EPIDEMIOLOGIA Portadores assintomáticos (manipuladores de alimentos) Cistos são disseminados por ventos (poeira) e por moscas (podem veicular cistos a longas distâncias – mais de 5 km) EPIDEMIOLOGIA CLASSIFICAÇÃO Reino: Protista Subreino: Protozoa Filo:Sarcomastigophora Subfilo: Mastigophora Classe: Zoomastigophora Ordem: Diplomonadida Sub-ordem: Diplomonadina Família: Hexomitidae Gênero: Giardia Espécie: Giardia lamblia MORFOLOGIA Apresenta duas formas evolutivas Trofozoíto Formato de pêra Face dorsal lisa e convexa Face ventral achatada, chamada de disco ventral No interior da parte frontal são encontrados dois núcleos 22/02/2015 9 MORFOLOGIA Possui quatro pares de flagelos que se originam de corpos basais situados nos pólos anteriores dos dois núcleos Um par de flagelos anteriores Um par de flagelos ventrais Um par de flagelos posteriores Um par de flagelos caudais Fica livre na luz intestinal ou se fixa na parede duodenal MORFOLOGIA MORFOLOGIA Cisto Forma Infectante Oval ou elipsóide Dois (novos) ou quatro (velhos) núcleos Resistente até 2 meses no meio exterior (T°/ U) 1- axóstio 2- núcleo 3- parede do cisto 4- corpos medianos GIARDIA LAMBLIA Parasito monoxênico Via normal de infecção é ingestão de cistos 10-100 cistos é o suficiente para causar infecção Habita o intestino delgado O disco adesivo adere o parasito às células do epitélio intestinal Parasito móvel graças aos flagelos Fezes desidratadas: trofozoíto torna-se cisto GIARDIA LAMBLIA Trofozoíto se multiplica por divisão binária Primeiro os núcleos, seguido pelo aparelho locomotor, disco adesivo e citoplasma CICLO BIOLÓGICO Os cistos (formas infectantes) são ingeridos, ↓ chegam ao duodeno, perdem a parede cística e se transformam em trofozoítos ↓ reproduzem-se assexuadamente por divisão binária, no intestino humano ↓ em condições desfavoráveis o trofozoíto retorna à forma cística, secretando a membrana que forma a parede do cisto. 22/02/2015 10 GIARDIA SP. CICLO BIOLÓGICO TRANSMISSÃO Ingestão de cistos maduros Água sem tratamento TRANSMISSÃO Alimentos contaminados Moscas, formigas, baratas contaminando outros alimentos Hábitos de higiene precários Mãos contaminadas Creches (muitas crianças) Contatos homossexuais (transmissão fecal-oral) SINAIS E SINTOMAS PI – 1 a 3 semanas, mas pode prolongar-se até seis semanas Varia de indivíduos assintomáticos até sintomáticos podendo apresentar: Diarréia aguda Diarréia persistente Má absorção Perda de peso Sintomas dependem da virulência da cepa, número de cistos ingeridos, resposta imune do hospedeiro, estado nutricional, pH do suco gástrico... SINAIS E SINTOMAS Na primoinfecção (indivíduos não-imunes), a ingestão de cistos pode provocar Diarréia aquosa, Explosiva, Odor fétido, Gases, Dores abdominais SINAIS E SINTOMAS – FORMA AGUDA EM CRIANÇAS: Diarréia aquosa com esteatorréia, irritabilidade, insônia, náuseas e vômitos, perda de apetite e dor abdominal. EM ADULTOS: Diarréia, cólicas intestinais, constipação, anorexia, náuseas e vômitos, meteorismo, dor epigástrica sugerindo úlcera duodenal, azia, sensação de plenitude gástrica (indigestão) 22/02/2015 11 SINAIS E SINTOMAS – FORMA CRÔNICA Quadros crônicos estão associados a desnutrição e vice-versa – má absorção de gorduras e vitaminas lipossolúveis (A,D,E,K), vitamina B12, ferro, xilose, lactose. PATOGENIA ativa Macrófago (monócito) linfócito T ativaativa linfócito B IgA IgELiga-semastócitohistamina Libera Edema local aumento da motilidade intestinal renovação dos enterócitos (cél. imaturas) Má absorção Diarréia DIAGNÓSTICO Clínico Crianças até 12 anos: Diarréia com esteatorréia, Irritabilidade, Insônia Náuseas e vômitos Perda de apetite Dor abdominal DIAGNÓSTICO Laboratorial Parasitológico Identificação de cistos ou trofozoítos nas fezes Cisto: assintomático Trofozoíto: sintomático Consistência das fezes fornece informações sobre a forma evolutiva a ser pesquisada Cisto: fezes formadas Trofozoíto: fezes diarréicas DIAGNÓSTICO Fezes diarréicas: Colher o material no laboratório e seguir imediatamente para análise Trofozoíto sobrevive durante pouco tempo no meio externo 22/02/2015 12 DIAGNÓSTICO Indivíduos parasitados não eliminam cistos diariamente “período negativo” podendo levar a resultados falso-negativos, principalmente quando apenas uma amostra é coletada, então: Exame de três amostras fecais com intervalos de 7 dias, aumenta a possibilidade de positividade da pesquisa DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Diagnóstico Imunológico: Detecção de antígenos (testes disponíveis comercialmente): ELISA, Imunofluorescência e Imunocromatográficos (testes rápidos) Alta sensibilidade e especificidade Detecção de anticorpos: Imunofluorescência indireta, ELISA e western blot Baixa sensibilidade Diagnóstico por PCR Aspirado duodenal (intestino delgado) trofozoítas TRATAMENTO Metronidazol (Flagyl) 15 a 20 mg/kg; 5-7d Tinidazol (Fasygin) 50mg/kg (mx:2g), dose única Furazolidona (Giarlan) 5 a10mg/kg; 7d Secnidazol (Secnidal) 30mg/kg, dose única Albendazol (Zolben) ↑2 anos; 400mg/dia; 5d Nitazoxanime (Annita) ↑1ano; 7,5mg/kg/; 3d TRATAMENTO Se apresentar resistência terapêutica, parar o tratamento por 5-10 dias e após, completar a terapêutica com outro princípio ativo. Medicamentos não são bem aceitos pelas crianças devido ao gosto desagradável, podendo apresentarem sintomas gastrintestinais. PROFILAXIA Medidas de higiene pessoal 22/02/2015 13 PROFILAXIA Destino correto das fezes Limpeza dos alimentos PROFILAXIA Tratamento da água Cistos são destruídos em água fervida PROFILAXIA A vacina contra a Giardia lamblia para uso em humanos está em fase de pesquisa. A vacinacontra a giardíase canina foi lançada recentemente em (2002) → Giardia Vax, segura e eficaz
Compartilhar