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1 NOTAS DE AULAS ELETRÔNICA DE POTÊNCIA UNIDADE I – GENERALIDADES SOBRE ELETRÔNICA DE POTÊNCIA Prof. Flávio Maurício de Souza Prof. Sady Antonio dos Santos Filho 2 1.1 – INTRODUÇÃO A Eletrônica de Potência (EP) é um dos ramos da Eletrônica que mais tem se desenvolvido nos últimos tempos. Com o crescente número e variedades de circuitos e equipamentos eletrônicos em diversas áreas de aplicação, este ramo de estudo torna-se importante haja vista ser o campo da engenharia responsável pela conversão da forma de energia elétrica disponível em uma outra adequada à carga ser alimentada. Ou seja, a EP é a responsável pelo sistema de alimentação desses equipamentos eletrônicos. Os tipos de conversão estudados nesta área são: CA para CC (fixa ou variável), CC para CA (com tensão e frequência variáveis), CC (fixa) para CC (variável) e CA (frequência fixa) para CA (frequência variável). Como exemplo, é a EP que trata da conversão de um sinal CA possuindo tensão e freqüência constantes que chega a uma indústria proveniente diretamente de uma subestação, em outro sinal CA variável em amplitude e freqüência, necessário para o controle da velocidade e do acionamento de motores de uma correia transportadora. Como pode ser notada neste exemplo, a EP é uma área multidisciplinar já que para realizar a operação citada deve-se ter conhecimento de máquinas (motor CA), controle e de eletrônica. Portanto, quando se fala em EP, fala-se necessariamente de: POTÊNCIA referindo-se a equipamentos para operação e distribuição de potência elétrica ELETRÔNICA referindo-se a dispositivos de estado sólido e circuitos para processamento de sinal para alcançar os objetivos de controle desejados CONTROLE referindo-se às características estáticas e dinâmicas de sistemas de malha fechada 3 1.2 – CARACTERIZAÇÃO DA ELETRÔNICA DE POTÊNCIA Desta explanação inicial, pode-se definir EP como as aplicações da eletrônica de estado sólido para controle e conversão de potência elétrica. A figura abaixo indica uma configuração em blocos de um sistema de eletrônica de potência. PROCESSADOR DE ENERGIA Conversor Estático de Potência – CEP. Faz a adaptação ou conversão entre a forma de energia elétrica disponível e a forma de energia elétrica requerida pela carga. CONTROLADOR Realiza as correções no processamento da energia em função dos valores pré-estabelecidos (set-point ou referência) e dos valores medidos pós-processamento. O campo de aplicação é muito vasto e refere-se principalmente ao domínio da indústria moderna abrangendo aplicações militares e residenciais. Pode-se listar algumas aplicações: Indústria: controle e acionamento de máquinas CA e CC; Controle de processos e automação de fábricas: Robôs, máquinas CNC, e soldagem; Transportes: Trens, metrôs e veículos elétricos; Residencial: Aquecimento, alarmes e controle de iluminação; Transmissão de energia: HVDC 4 Conservação e eficiência energética: Compensação de harmônicos, filtros ativos e correção de fator de potência. 1.3 – GENERALIDADES SOBRE O CONVERSOR ESTÁTICO DE POTÊNCIA - CEP A conversão de potência anteriormente era realizada por conversores eletromecânicos e essencialmente por máquinas girantes. Hoje, estas técnicas não são mais utilizadas já que com o surgimento dos conversores estáticos obtém-se uma performance mais adequada em todos os sentidos. Um circuito conversores estático de potência, CEP, é um circuito eletrônico constituído por um conjunto de elementos estáticos formando uma rede e constitui um órgão de ligação e transmissão entre um gerador e um receptor. Um CEP ideal permite a transferência de energia elétrica do gerador ao receptor com um rendimento unitário (sem perdas). Os elementos que constituem o CEP são, fundamentalmente de dois tipos: Interruptores estáticos: São elementos semicondutores de potência que atuam como chaves e são chamados de elementos não lineares Elementos reativos: São capacitores e indutores (e transformadores) responsáveis pelo armazenamento da energia e filtragem dos sinais de tensão e corrente. Também são os principais responsáveis pelo peso, volume e custo dos equipamentos. Quando em funcionamento, o CEP conecta, por intermédio dos seus interruptores, as malhas dos sistemas elétricos (gerador e receptor) permitindo um fluxo controlado de energia entre esses sistemas. Como pode ser notado os interruptores estáticos de potência são os principais componentes de um CEP. Eles são os responsáveis direto pela conversão. Através de um chaveamento adequado pode-se obter os vários tipos de conversão que foram citados anteriormente e que poderão ser melhor visualizados no quadro a seguir. 5 Assim, pode-se concluir que para o bom entendimento do funcionamento dos conversores estáticos torna-se então necessário inicialmente, o conhecimento tanto das características dos interruptores, bem como dos fenômenos de comutação entre eles. Os tipos de dispositivos semicondutores de potência usados como interruptores estáticos são: Diodos: Retificadores de potência Tiristores: SCR, MCT,TRIAC e DIAC Transistores: Bipolares de potência, Mosfet de potência e IGBT Atualmente, com o crescente desenvolvimento da tecnologia de fabricação de semicondutores, consegue-se atingir altos índices de capacidade de operação em alta potência (acima de 5MW) e velocidade de chaveamento (frequência acima de 100 KHz) o que traz como conseqüência a redução do tamanho físico dos elementos reativos reduzindo assim o peso, o volume e também o custo do equipamento. Além também da criação de novos componentes (IGBT por exemplo) e da evolução em termos de circuitos integrados dedicados a realizar o chaveamento desses interruptores (LM3524, CA3059, TCA785, etc) como também a utilização crescente de microcontroladores (PIC, por exemplo). Estes fatos são conseqüência da crescente demanda dos conversores estáticos no mercado, exigindo, cada vez mais pesquisas e assim uma evolução no campo da eletrônica de potência. O quadro a seguir também fornece uma classificação dos conversores estáticos de potência: 6 TIPOS CONVERSOR CA/CC – RETIFICADOR Durante os semiciclos positivos a chave é fechada e durante os negativos, é aberta Forma de onda de tensão na carga VOMED = Componente contínua Retificador não controlado Controlando o fechamento da chave no semiciclo positivo, isto é, escolher em que instante de tempo durante o semiciclo positivo a chave deve ser fechada retificador controlado. VOMED = f (d, VMAX) Não Controlado DIODO Controlado TIRISTOR (SCR) VOMED = VMAX/ 7 CONVERSOR CC/CA – INVERSOR O sinal CA de saída pode ter: A amplitude e frequência variáveis – VVVF Aplicações: acionamento e controle de velocidade de motores de indução A amplitude e frequência fixas – CVCF Aplicação: No-break, UPS T1 fechamento simultaneo de S1 e S4 T2 fechamento simultaneo de S2 e S3 T período de chaveamento Observações: Para variar a frequência do sinal de saída basta variar o período de chaveamento Para variar a amplitude pode-se utilizar algumas técnicas como: geração e variação do tempo morto (intervalo onde todas as chaves estão abertas) PWM inversores em série com saídas defasadas 8 CONVERSOR CC/CC - CHOPPER O sinal CC de saída pode ser variável: Se a saída for menor do que a entrada chopperabaixador Se a saída for maior do que a entrada chopper elevador Mas a potência de entrada sempre será igual a de saída (CEP ideal) Observações: T1 chave fechada e T2 chave aberta A carga perceberá o valor médio da tensão de saída caso a frequência de chaveamento seja elevada. Aplicações: Acionamento e controle de velocidade de motores CC e reguladores em fontes chaveadas Vomed = E [T1/T] (componente contínua) onde T1/T = D ciclo de trabalho Para variar Vomed variar D PWM: variação de D através da variação de T1 mantendo T constante FM: variação de D através da variação de T mantendo T1 constante 9 CONVERSOR CA/CA - CICLOCONVERSOR Se ocorrer a variação somente da amplitude (valor eficaz) do sinal CA de saída GRADADOR Se ocorrer a variação somente da frequência (sempre menor que a de entrada) do sinal CA de saída CICLOCONVERSOR propriamente dito GRADADOR T1 S1 e S2 ABERTAS T3 S1 E S2 ABERTAS T2 S1 FECHADA T4 S2 FECHADA Variação do valor eficaz pela variação de T2 e T4 (ou T1 e T3) CICLOCONVERSOR 10 Exemplo: fo=1/5 fi 11 EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO 1º EXERCÍCIO A resistência do circuito abaixo é a resistência de aquecimento de um forno resistivo. A relação empírica abaixo indica a dependência da temperatura do forno com a tensão contínua aplicada sobre a resistência. Baseando-se nesta relação, pede-se: a) Determine a faixa de variação do ângulo de disparo do SCR para que a temperatura do forno varie entre 200oC e 500oC. b) Desenhe a forma de onda de tensão nos terminais da resistência e também nos terminais do SCR, no mesmo referencial de tempo, (dois períodos ou ciclos de funcionamento) para a temperatura de 500oC. T= K E 2 + 20 o C T é a temperatura do forno K é uma constante do forno que vale 3, o C/V 2 E é a tensão contínua aplicada a resistência de aquecimento 12 2º EXERCÍCIO Determine a faixa de variação da rotação do motor abaixo que está sendo acionado através de um chopper abaixador (operando em regime de condução contínuo de corrente na carga) cujo circuito de comando do transistor (MOSFET) está também indicado abaixo. DADOS DO MOTOR Ka IaRaVa N N = rotação em RPM onde Va = tensão contínua de armadura Ia = corrente de armadura Ra = Resistência ôhmica do circuito de armadura dados: Ra = 0,25 Ohms Ia = 20 A; Ka = 0, 2 V/RPM
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