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Unidade 1 - Parte 1 Uma visão geral da economia: importância na área de negócios Renata Ferreira Economia, é uma palavra que nos faz pensar em algumas imagens: Na pessoa “muquirana” (para alguns, mas para outros vista como segura) que economiza todo e qualquer centavo. ▪ Em conseguir comprar aquela roupa desejada na liquidação do shopping. ▪ Na gritaria dos operadores da bolsa de valores. ▪ Nas oscilações do mercado financeiro e no lucro das empresas. ▪ Em uma reunião de governantes internacionais. ▪ Nos programas dos governos. ▪ Nas notícias dos jornais que ninguém entende. Nossa, se formos colocar no papel todas as imagens que ligamos à economia, teríamos uma lista extensa. Sim, a lista é longa, pois a Economia está ligada a pra- ticamente tudo o que vivenciamos. É cada vez mais comum discutirmos sobre fatos econômicos, como: aumento de pre- ços, períodos de crise econômica, desemprego, diferenças salariais, balança comercial, oscilações na taxa de câmbio, crescimento de setores, taxa de juros, elevação de impostos e tarifas públicas, globalização, entre outros. Como a maioria das pessoas liga a Economia ao âmbito financeiro e a proble- mas sociais e de política econômica, à primeira vista estudar Economia tem baixa popularidade. Então, para que estudar Economia? Os autores Hall e Lieberman (2003) apontam alguns motivos interessantes: ▪ “Para compreender melhor o mundo”, já que a aplica- ção de ferramentas da economia pode ajudar a enten- der eventos globais e locais simples (como o trânsito da cidade, as oscilações nos preços dos produtos, por exemplo) ou complexos e duradouros (como as guerras entre nações e os ciclos econômicos). ▪ “Para adquirir autoconfiança”: as pessoas que jamais se interessaram por economia têm a impressão de que se trata de algo nebuloso, que ninguém entende e que nunca vão entender. Os economistas têm um voca- bulário complicado, o “economês”, que muitas vezes parece incompreensível, desestimulando as pessoas a gostarem do assunto. Depois de aprender um pouco sobre a economia, esse sentimento muda. Nesse con- texto, a seção de Economia dos jornais não parece mais escrita em uma linguagem “de outro planeta”, assim como o desespero de mudar de canal quando começa U m a vi sã o ge ra l d a ec on om ia : im po rt ân ci a na á re a de n eg óc io s 15 o telejornal diminui, pois agora as pessoas passam até a arriscar comentários sobre as notícias econômicas do dia. ▪ Para realizar mudanças sociais, atualmente as pes- soas despertaram interesses em “construir um mundo melhor” e, para tanto, a economia é indispensável, já que é preciso compreender as raízes dos problemas sociais (como fome, pobreza, doenças, violência, etc.) e ambientais (poluição, aquecimento global, falta de recursos naturais, entre outros) a fim de desenvolver esforços para resolvê-los. ▪ Mais um motivo para que você pense a respeito: para ajudar na preparação da sua carreira. Ao longo do nosso curso você verá que a Economia é uma ciência complexa, mas fascinante. Que seu foco não está nos problemas, mas na melhoria da qualidade de vida das pessoas. Entendendo esse foco, você verá que o estudo da Economia é interessante e até divertido. Duvida? Então acompanhe a nossa disciplina e verá. Em cada unidade venceremos um novo desafio que o enco- rajará a desenvolver o gosto por esta ciência. E se não chegar a tanto, você pelo menos entenderá porque é imprescindível aprender um pouco de economia nos dias atuais, indepen- dentemente da sua profissão, dos seus interesses pessoais e das suas preocupações. Vamos lá? 16 1.1 Conceito de Economia Em termos etimológicos a palavra Economia origina- -se do termo grego oikosnomos, sendo oikos = casa e nomos = norma, lei. Portanto, significa a arte de administrar o lar. Gradativamente, esse conceito foi sendo ampliado para a “arte de administrar a polis” (cidade-estado). A utilização do termo Economia provém de Aristóteles, que lançou as bases da ciência e quem primeiro formulou os problemas econômicos que interessariam aos pensadores posteriores. Apenas na Idade Moderna é que a Economia tor- nou-se uma ciência, a partir da obra de François Quesnay, Tableau Économique (O Quadro Econômico), de 1758, na qual o autor apresenta de forma simplificada a interdependência das atividades econômicas, usando terminologias da Biologia (já que além de filósofo e economista, o autor era médico) e de Adam Smith, economista escocês, cuja obra intitulada A Riqueza das Nações, de 1776, investiga a causa e a natureza da riqueza das nações, analisando a Inglaterra no auge da Revolução Industrial. Com isso, apresentamos abaixo um conceito atual: Economia é a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem (escolhem) empregar recursos produti- vos escassos na produção de bens e ser- viços, de modo a distribui-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades huma- nas. (VASCONCELLOS e GARCIA, 2004, p. 2). U m a vi sã o ge ra l d a ec on om ia : im po rt ân ci a na á re a de n eg óc io s 17 Vamos decifrar esse conceito. A economia é uma ciência social porque estuda a orga- nização e o funcionamento da sociedade e, também, o relacio- namento entre as pessoas (que no caso da economia enfoca como os indivíduos se empenham na produção, distribuição e consumo dos bens e serviços). Em decorrência do fato de que os recursos produti- vos são escassos, a sociedade se depara com a necessidade de fazer escolhas. A escassez é o problema fundamental da Economia, pois como não é possível produzir tudo o que se deseja, na quantidade e na forma que se deseja, é preciso criar mecanismos para analisar as melhores condições e situações de modo que se atendam às necessidades humanas. Este é o foco da Economia: estudar as melhores formas de resolver os problemas para que se utilizem os recursos de forma eficiente a fim de satisfazer as necessidades de um maior número de pessoas, buscando o bem-estar. 1.2 Divisões da Economia A Teoria econômica se divide em duas grandes áreas: Microeconomia e Macroeconomia. Microeconomia Vem da palavra grega mikos, que significa pequeno. Dedica-se ao estudo em close, ou seja, como se a economia esti- vesse sendo analisada por um microscópio. Estuda o comporta- mento individual dos agentes econômicos (famílias, empresas e governo). Estuda a formação dos preços nos diversos merca- dos a partir da ação conjunta da demanda e da oferta. 18 Macroeconomia Vem da palavra grega makros, que significa grande. Dedica-se a uma visão geral da economia, ou seja, estuda o resultado global do comportamento dos agentes a partir da análise de indicadores (inflação, desemprego, produção total, consumo, volume total de poupanças, etc.). Estuda as condições de equilíbrio estável entre a renda e o dispêndio nacional. As políticas econômicas de intervenção procuram sempre estabelecer tal equilíbrio. 1.3 O Problema da Escassez Vimos que o principal problema econômico é a escas- sez. Na realidade, a escassez significa que a sociedade tem menos a oferecer do que aquilo que os indivíduos desejam e necessitam. Ou seja, a escassez surge porque as necessidades humanas são ilimitadas e os recursos necessários para satis- fazer tais necessidades são limitados. Por isso, a Economia é conhecida como a “ciência da escolha”, já que é preciso esco- lher quais recursos serão utilizados, em que quantidade e quais necessidades serão atendidas. Fazemos escolhas constantemente: desde a roupa quecolocaremos para sair, o que comeremos no café da manhã, a quantidade de dinheiro que destinaremos para as férias, qual será o passeio do final de semana, até questões mais impor- tantes como a profissão que escolhemos, a universidade que frequentamos, a aquisição de uma moradia, entre outras. Enquanto isso, as empresas fazem escolhas sobre fornecedo- res, materiais, recursos humanos, projetos, entre outras. Os U m a vi sã o ge ra l d a ec on om ia : im po rt ân ci a na á re a de n eg óc io s 19 governos, por sua vez, decidem empregar os recursos do orça- mento nas áreas, como: educação, saúde, infraestrutura, etc. As escolhas ponderam as necessidades e os desejos com duas limitações essenciais: a escassez de tempo e de poder aquisitivo. Os consumidores, as empresas e os gover- nos analisam as alternativas possíveis e decidem qual é a mais conveniente. Ao fazerem isso, estão atuando no âmbito da Economia. Você vê como a Economia está presente em tudo? Resumindo: NECESSIDADES HUMANAS ILIMITADAS RECURSOS PRODUTIVOS LIMITADOS ESCASSEZ As necessidades humanas Segundo Passos e Nogami (2003) “as necessidades humanas representam a sensação de carência de algo unida ao desejo de satisfazê-la”. As pessoas têm diversos tipos de necessidades: ar, água, alimentos, vestuário, moradia, lazer, sabedoria, paz, amor, etc. Essas necessidades são sempre renovadas (desejamos novas coisas e cada vez mais) e, por isso, diz-se que as neces- sidades humanas são ilimitadas. Por serem ilimitaddas, nem todas as necessidades podem ser satisfeitas. O ditado “quanto mais se tem mais se quer” parece refletir fielmente a atitude dos indivíduos em relação às necessidades. Assim, a Economia se preocupa com o atendimento das necessidades humanas que podem ser satisfeitas por bens produzidos pelo homem (e têm um preço), denomina- das de necessidades econômicas. Essas necessidades econô- micas, por sua vez, são satisfeitas por bens econômicos. 20 Os Bens BEM é tudo aquilo capaz de satisfazer uma necessidade humana (RIZZIERI, 2005, p. 10). Existem vários critérios de classificação dos bens: ▪ livres: são abundantes na natureza, podem ser obtidos com pouco ou nenhum esforço humano e, por isso, não possuem preço (ex.: ar, luz do sol, mar, etc.) ▪ econômicos: são relativamente escassos, demandam trabalho humano na sua obtenção e possuem preço. É o objeto de estudo da Economia. Podem ser divididos em: ▪ imateriais ou serviços: mesmo sem criar objetos materiais, destinam-se à satisfação das necessida- des; são intangíveis e, por não poderem ser toca- dos, não podem ser estocados (ex.: serviços médicos, serviços advocatícios, consultoria empresarial, aula ministrada, etc.) ▪ materiais: permitem a atribuição de características físicas de peso, forma, dimensão, sendo portanto tangíveis e, por isso, podem ser estocados (ex.: rou- pas, alimentos, veículos, relógios, canetas, etc.). São divididos em: ▪ bens de consumo: diretamente utilizado para satisfazer as necessidades. Bens de consumo duráveis Bens de consumo não durá- veis (ou perecíveis) Quando podem ser utiliza- dos por um longo período de tempo (ex.: roupas, eletrodomésticos). Quando são usados uma única vez, ou poucas vezes (ex.: alimentos, combustí- vel). U m a vi sã o ge ra l d a ec on om ia : im po rt ân ci a na á re a de n eg óc io s 21 ▪ bens de capital: servem para a produção de outros bens (máquinas, instalações, etc.) e, por isso, aten- dem indiretamente à satisfação de necessidades. Recursos Produtivos Para satisfazer as infinitas necessidades econômicas, precisamos produzir os bens, que, por sua vez, dependem da utilização de recursos produtivos (ou fatores de produção). Qualquer bem que se produza na economia resulta da combi- nação desses recursos. Os economistas classificam os recur- sos produtivos em: ▪ Terra (ou recursos naturais): Na economia o termo terra é usado no sentido amplo indicando os elemen- tos da natureza que podem ser utilizados na ativi- dade produtiva (solo para agricultura e construções prediais, recursos hídricos, recursos minerais, etc.). O preço pago pela utilização do recurso “terra” é deno- minado aluguel. ▪ Trabalho: Representa o esforço humano, físico ou inte- lectual, despendido na produção de bens e de serviços. A qualidade e o tamanho da força de trabalho também são limitadas. A remuneração dos proprietários do recurso “trabalho” é denominada salário. ▪ Capital: Conjunto de bens duradouros, fabricados pelo homem, utilizados no processo de produção de outros bens (ex.: edifícios, máquinas, equipamentos, maté- rias-primas, etc.). Ao contrário do recurso “terra”, que a natureza nos dá, o recurso capital é produzido em algum período passado. Desse modo, em economia o termo capital significa capital físico (ou capital real), o 22 que é diferente de capital financeiro (dinheiro, ações, títulos, etc.). Uma carteira de ações, por exemplo, não é capital no sentido econômico porque não constitui um recurso produtor de bens e serviços. Não haverá aumento de riqueza na sociedade se o capital financeiro aumentar sem que ocorra aumento no capital real. Esse recurso também inclui o capital humano, ou seja, as habilidades e os conhecimentos adquiridos pelos indi- víduos por meio da educação e da experiência. Em geral, nas economias capitalistas, esses recursos são de propriedade privada, constituem capital próprio e seus pro- prietários têm direito a receber os lucros produzidos por aque- le capital. Se forem tomados de empréstimo, então constituem capital de terceiros, os quais recebem juros como remuneração. 1.4 Questões Centrais da Economia Da escassez dos recursos ou fatores de produção as- sociada às necessidades ilimitadas do homem, originam-se as questões centrais da economia (ou problemas econômicos fundamentais): ▪ O que e quanto produzir? Dada a escassez de recursos, a sociedade terá que es- colher, dentro das possibilidades de produção, quais bens e serviços serão produzidos e suas respectivas quantidades. ▪ Como produzir? (tecnologia) A sociedade terá que escolher ainda de que maneira U m a vi sã o ge ra l d a ec on om ia : im po rt ân ci a na á re a de n eg óc io s 23 será feita a produção, de acordo com os diferentes tipos de técnicas existentes. Os produtores escolherão, dentre os méto- dos mais eficientes, aquele que tiver o menor custo, além de escolher a energia que será empregada, os insumos utiliza- dos, a quantidade de trabalho humano na produção e suas características. ▪ Para quem produzir? (distribuição) A sociedade terá que decidir também quem irá receber esses bens e serviços. Em outras palavras, como os indivídu- os desfrutarão do total da produção nacional. 1.5 O Problema da Escassez: A Curva de Possibilidade de Produção O problema da escassez - e a necessidade de fazer escolhas - pode ser explicada pela Curva de Possibilidade de Produção (CPP) ou Fronteira de Possibilidade de Produção. A escassez de recursos faz com que a capacidade produtiva de uma economia tenha limites e, por isso, é necessário tomar a decisão (escolha), de quais bens serão produzidos e suas quantidades. Ou seja, em algumas situações será necessário produzir mais de um bem A e menos de um bem B. Para simplificar, consideremos o seguinte exemplo: uma empresa do segmento têxtil que produza pijamas e camisolas. O dono dessa empresa solicitou um levantamento das máximas combinações da produção de pijamas e camiso- las utilizando a totalidade da capacidadeprodutiva. O resul- tado apresentado foi o seguinte: 24 Alternativa Pijamas (unidades) Camisolas (unidades) A 0 10.000 B 6.000 8.000 C 10.000 6.000 D 13.000 4.000 E 15.000 2.000 F 16.000 0 Possibilidade de Produção - Empresa X Se utilizar toda a capacidade para produzir pijamas, não terá como produzir camisolas (alternativa F). Por outro lado, se sua dedicação for somente para a produção de cami- solas, não produzirá pijamas (alternativa A). Essas são duas posições extremas, mas existem, entre elas, inúmeras solu- ções alternativas que combinam as duas produções (repre- sentadas no exemplo pelas alternativas B, C, D e E). Se traçarmos o gráfico com essas alternativas de pro- dução, temos o seguinte resultado: 0 6000 10.000 13.000 16.000 Pijamas Camisolas 10.000 8.000 6.000 4.000 2.000 Combinação Impossível Subutilização A B H G C D E F U m a vi sã o ge ra l d a ec on om ia : im po rt ân ci a na á re a de n eg óc io s 25 A linha resultante da união dos pontos que compõem as alternativas de produção é a Curva de Possibilidade de Produção (CPP). Assim, a CPP mostra todas as combinações possí- veis de dois bens que podem ser produzidos dentro de uma limitada quantidade ou qualidade de recursos (BOYES e MELVIN, 2006, p. 25). Através desse conceito, vale ressaltar que os pressupostos do modelo são: ▪ Os recursos são fixos (número de máquinas e trabalha- dores é fixo); ▪ O conhecimento tecnológico é constante (no curto prazo não há nenhuma inovação tecnológica); ▪ Somente dois produtos são passíveis de fabricação. Algumas constatações merecem destaque: a. Eficiência produtiva: Tem-se eficiência produtiva em qualquer ponto sobre a fronteira (ao longo da linha AF), na qual ao aumentarmos a produção de pija- mas temos que reduzir a produção de camisolas e vice-versa. b. Um ponto dentro da curva (Ponto H): Representa uma produção possível de ser atingida, embora implique em ociosidade na utilização dos fatores de produção. (Situação de desemprego - terras inati- vas, trabalhadores desocupados, máquinas paradas ou qualquer outro tipo de utilização ineficiente dos recursos disponíveis). c. Um ponto fora da curva (Ponto G): Representa uma produção impossível de ser alcançada com a utiliza- ção dos fatores de produção disponíveis. A produ- ção em um ponto fora da curva exigiria a utilização de mais recursos ou um avanço tecnológico (que 26 permitiria um aumento na qualidade dos recursos utilizados), essas situações provocariam o desloca- mento da CPP para fora até alcançar o ponto G. Custo de Oportunidade A Curva de Possibilidade de Produção permite identi- ficar o conceito econômico de Custo de Oportunidade, o qual representa aquilo que se deve renunciar para se obter algo, mas, concretamente, representa as quantidades de um bem que se deve abrir mão para aumentar a produção do outro bem (MOCHÒN, 2006, p. 5). A economia nos ensina que não existe “nada grátis”, para conseguirmos algo, temos que renunciar a outras coisas e esse é o princípio do custo de oportunidade. No nosso exemplo: suponha que a empresa esteja pro- duzindo no Ponto A e decida produzir a alternativa B: (aumen- tar a produção de pijamas). O custo de oportunidade seria: Ponto A => Ponto B 0 pijamas => 3.000 pijamas 10.000 camisolas => 8.000 camisolas O custo de oportunidade de se aumentar a produção de pijamas para 3.000 unidades são as 2.000 camisolas sacrificadas. Agora suponha que a empresa esteja operando no ponto B e decida aumentar a produção de camisolas, pas- sando a produzir no ponto A. Ponto B => Ponto A 8.000 camisolas => 10.000 camisolas 3.000 pijamas => 0 pijamas U m a vi sã o ge ra l d a ec on om ia : im po rt ân ci a na á re a de n eg óc io s 27 O custo de oportunidade de se aumentar a produção de camisolas para 10.000 unidades são as 3.000 unidades de pijamas sacrificadas. 1.6 Funcionamento Simplificado da Economia: Fluxo Circular Com os conceitos que aprendemos até agora, já é possí- vel entender de modo simplificado como a economia funcio- na. Em uma economia, são utilizadas várias combinações dos recursos produtivos “terra”, “capital” e “trabalho”, resultando na produção dos bens e serviços existentes. RECURSOS (terra, capital e trabalho) RESULTADO: Produtos e Serviços Dessa relação surge nosso primeiro fluxo: o fluxo real da economia. Por Fluxo Real entendemos o movimento dos re- cursos produtivos e bens e serviços entre os diversos agentes econômicos. Como estamos tratando de uma simplificação, va- mos considerar apenas dois grandes agentes: as famílias - pro- prietárias dos recursos de produção - e as empresas - produto- ras dos bens e serviços disponíveis. As firmas contratam mão de obra, compram matérias-primas e bens de investimento (ou seja, adquirem os recursos produtivos) e produzem bens. Esses são posteriormente vendidos a outras firmas, as quais transformam ainda mais o produto até chegarem ao produto final, o qual é vendido ao consumidor/famílias. 28 Sabemos que toda vez que um bem é transferido de um agente para outro, são efetuados pagamentos em troca deles. Surge, então, mais um fluxo: o monetário. As empresas, ao adquirem os recursos produtivos das famílias, pagam por eles; os donos das terras recebem aluguel por suas proprie- dades; os trabalhadores recebem os salários e os detentores do capital ganham os juros ou o lucro. As famílias, por sua vez, utilizam seus recursos monetários para comprar os bens e serviços oferecidos pelas empresas. O dinheiro recebido com a venda das mercadorias e dos serviços retorna para as empresas, que podem adquirir mais recursos de produção, tornando o fluxo circular. Assim, o fluxo monetário gira, con- sequentemente, em direção contrária ao fluxo real. Recursos Remuneração Terra Capital Trabalho Aluguel Juros - Lucro Salário Ao juntarmos os dois fluxos, temos o “Fluxo Circular da Renda”, o qual representa um modelo econômico elemen- tar que demonstra, de forma simplificada e gráfica, a organi- zação econômica. Esse fluxo está exemplificado a seguir: Famílias EMPRESAS Mercado dos fatores de Produção Mercado de Bens e Serviços Fornecimento dos recursos de produção Fornecimento de bens e serviços Pagamento pelos fatores de produção Pagamento pela compra dos bens e serviços U m a vi sã o ge ra l d a ec on om ia : im po rt ân ci a na á re a de n eg óc io s 29 No diagrama acima, o fluxo monetário está representa- do pelas setas azuis e o fluxo real pelas setas vermelhas. Esse diagrama também permite responder a três questões centrais da economia: a. O que e quanto produzir? As necessidades e desejos dos consumidores (famílias) determinarão quais bens e serviços serão produzidos e em que quantidade, surgindo, assim, o mercado de bens e serviços. b. Como produzir? É determinado pela concorrência entre produtores. Cada produtor procurará minimizar seus custos e buscará métodos e recursos mais eficientes para maximizar seus re- sultados e sobreviver à concorrência. Cria-se um mercado de fatores de produção, no qual as empresas buscam os melho- res recursos para sua produção. c. Para quem? Será determinado pela oferta e demanda no mercado de fatores de produção, já que a remuneração desses recursos (aluguéis, lucro, juros e salários) determina a renda disponí- vel de cada agente. Isso permite a aquisição de certos bens e serviços, fazendo com que o preço se torne um instrumento de exclusão,visto que alguns indivíduos não terão renda dis- ponível para o consumo de alguns bens. Podemos usar esse fluxo para analisar vários mercados e situações. E, se quisermos um fluxo mais complexo e rea- lístico, basta incluirmos o governo, o mercado financeiro e, ainda, o comércio internacional. 30 REfERêNCIA BOYES, W.; MELVIN, M. Introdução à Economia. São Paulo: Ática, 2006. HALL, R. E.; LIEBERMAN, M. Microeconomia: princípios e aplicações. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. MANKIW, G. N. Introdução à Economia: princípios de mi- cro e macroeconomia. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2001. MOCHÓN, F. Economia: teoria e política. 5. ed. São Paulo: Mc Graw Hill, 2006. PASSOS, C. R. M.; NOGAMI, O. Princípios de Economia. 4. ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. RIZZIERI, J. A. B. Introdução à Economia. In: PINHO, D. B.s; VASCONCELLOS, M. A. S. (org.) Manual de Economia. Equipe de Professores da USP. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 3-24. VASCONCELLOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. Fundamentos de Economia. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. A análise desse diagrama nos aponta novas termino- logias, como mercados, oferta, demanda, preços, etc. Mas a discussão sobre esses conceitos é assunto da nossa próxima unidade. Nos encontramos lá!
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