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personalidade (1)

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Introdução 
 
No Brasil, somente em fins do século XX se pôde construir a dogmática dos direitos da 
personalidade, estabelecendo a noção de respeito à dignidade da pessoa humana, consagrada 
no art. 1°, III, da CF/88. Essa inserção dos direitos da personalidade na Carta Constitucional 
de 1988 consagrou também a evolução pela qual passava tal instituto jurídico. A nossa atual 
Constituição Federal os reconheceu de forma expressa, principalmente em seu artigo 5° inciso 
X, que diz: "São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;". 
A partir daí, temos o Código Civil de 2002 que, seguindo uma tendência de repersonalização, 
dedica também um capítulo, em sua parte geral, à tutela dos direitos da personalidade. 
 
DIREITO DA PERSONALIDADE 
 
“direitos considerados essenciais à pessoa humana, que a doutrina moderna preconiza e 
disciplina, a fim de resguardar a sua dignidade” (Orlando Gomes). 
Os direitos da personalidade encontram-se no Código Civil no art. 11. Com exceção dos casos 
previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não 
podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. 
A personalidade não é um direito, de modo que seria errôneo afirmar que o ser humano tem 
direito à personalidade. A personalidade é que apoia os direitos e deveres que dela irradiam, é 
o primeiro bem da pessoa, que lhe pertence como primeira utilidade, para que ela possa ser o 
que é, para sobreviver e se adaptar às condições do ambiente em que se encontra, servindo-lhe 
de critério para aferir, adquirir e ordenar outros bens. 
Os direitos da personalidade são dotados de características especiais: 
1) Intransmissibilidade: não podem ser transferidos a alguma outra pessoa. 
2) Irrenunciabilidade: não podem ser renunciados, ou seja, ninguém pode dizer que não quer 
mais fazer uso dos seus direitos. 
3) Indisponibilidade: ninguém pode usá-los como bem entender. 
Há também outras características propostas pelos doutrinadores como Venosa (2005) e 
Gonçalves (2007). 
1) Originalidade: são inatos ao ser humano e assegurados desde a formação do nascituro. 
2) Extrapatrimonialidade: não podem ser mensurados, atribuídos valores para o comércio 
jurídico, mas há a autorização de uso de determinados direitos personalíssimos para que o seu 
titular possa obter algum proveito econômico. 
3) Vitalícios: são direitos que permanecem até a morte, há também os que ultrapassam a 
existência física da pessoa, o post mortem, o direito ao cadáver e as suas partes separadas e o 
ad eternum , direito moral do autor, direito à imagem, direito à honra. 
4) Opinibilidade: são absolutos e devem ser defendidos contra qualquer pessoa devendo ser 
respeitados pela coletividade e assegurados pelo Estado. 
5) Impenhorabilidade: são direitos que não podem ser utilizados para o pagamento de 
obrigações. 
6) Imprescritibilidade: ou seja, não tem “prazo de validade”. Podem e devem ser defendidos 
em juízo ou fora dele a qualquer tempo. 
7) Absolutismo: o caráter absoluto dos direitos da personalidade é consequência de sua 
Opinibilidade erga omnes. São tão relevantes e necessários que impõem a todos um dever de 
abstenção, de respeito. Sob outro ângulo, têm caráter geral. 
8) Não limitação: é ilimitado o número de direitos da personalidade, malgrado o Código Civil, 
artigos 11 ao 21, se referindo expressamente apenas a alguns. Reputa-se tal rol meramente 
exemplificativo, pois não esgota o seu elenco, visto ser impossível imaginar-se um numerus 
clausus nesse campo. 
9) Não sujeição a desapropriação: os direitos de personalidade não são suscetíveis de 
desapropriação, por serem inatos a se ligarem a pessoa humana indestacável. 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE 
 
Integridade física: direito à vida e direito sobre o próprio corpo. 
o art. 13 do CC, em momento algum veda que se possa realizar cirurgias estéticas ou até 
mesmo cirurgias de mudança de sexo, o que se veda é a comercialização de órgãos. 
O direito à integridade física diz respeito à proteção jurídica do corpo humano, isto é, sua 
incolumidade corporal, incluída a tutela do corpo vivo e do corpo morto, além dos tecidos, 
órgãos e partes suscetíveis de separação e individuação. 
Em relação ao corpo morto, o CC, em seu art. 14 diz que “É válida, com objetivo científico, 
ou altruístico, a disposição gratuita de seu próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da 
morte”. 
Ou seja, trata-se de um ato necessariamente gratuito e revogável a qualquer tempo. 
Ressaltamos aqui, que a vontade do doador prevalece sobre a dos familiares. 
A doação de órgãos duplos ou regeneráveis pode ocorrer ainda em vida. 
Integridade moral: direito à honra, à imagem e ao nome; direito ao recato (intimidade) e à 
liberdade; direito moral do autor. Direitos morais: contido na CRFB/88, no artigo 5º, também 
denominado direito à reputação, o direito moral tutela o respeito, a consideração, a boa fama e 
a estima que a pessoa desfruta nas relações sociais. Ex: Honra, educação, emprego, 
habilitação, produções intelectuais. 
A honra é um dos mais significativos direitos da personalidade. Acompanha o indivíduo 
desde o seu nascimento, até depois de sua morte, afinal, a ofensa a honra dos mortos pode 
atingir seus familiares. 
A lei penal comina sanção a quem violar a honra, sendo que a legislação civil prevê 
genericamente a possibilidade de sanção em caso dessa mesma violação. Na prática, a 
reparação dos danos sofridos com violação a honra é, na maioria das vezes, feita através de 
ação indenizatória, cujo determinado valor em espécie tenta compensar ou minimizar os 
efeitos da ofensa. 
o direito ao nome é uma espécie dos direitos da personalidade, pertencente ao gênero do 
direito à integridade moral, pois todo indivíduo tem o direito à identidade pessoal, de ser 
reconhecido em sociedade por denominação própria. Não se nega, porém, que persiste como 
regra geral a possibilidade de correção de pronome por evidente erro gráfico, embora 
derrogado o dispositivo expresso que mencionava essa faculdade. 
integridade psíquica: CC/02, artigo 21, separa o desenvolvimento moral de suas faculdades 
mentais condenando-se tortura mental, lavagem cerebral e técnicas de indução ao 
comportamento. Ex: Privacidade (intimidade), liberdade, sigilo, sociabilidade, entre outros. 
Integridade é a qualidade de íntegro. A palavra íntegra pode significar: inteiro, completo; 
perfeito, exato; reto, imparcial, inatacável; brioso, pundonoroso. Por direito a integridade 
psíquica deve se entender por conjunto de direitos da personalidade voltados à tutela higidez 
(estado de saúde físico ou mental) e do equilíbrio psicológico do ser humano, analisando a 
pessoa como um ser psíquico que se interage socialmente. A integridade psíquica, portanto, 
permite ao indivíduo exercer sua liberdade de pensamento com consciência e vontade, de 
maneira completa, perfeita. Sua natureza é incorpórea, impondo a todos os particulares e ao 
Estado o dever de não-interferência na integridade psicológica de quem quer que seja. 
A proteção dos direitos da personalidade pode ser feita em várias áreas do ordenamento 
jurídico. A proteção dos direitos da personalidade é, basicamente, o dever de reparar o dano 
moral causado ou a ofensa ao direito da personalidade. 
o pedido de reparação de todos os danos causados pela ofensa ao direito da personalidade 
torna-se necessário, e essa reparação é amparada pela proteção dos direitos personalísticos. 
A proteção dos direitos da personalidade poderá ser de duas formas: 
Preventiva: 
É aquela feita por meio de ajuizamento de ação cautelar,ou ordinária com multa cominatória, 
com a finalidade de evitar a concretização da ameaça de lesão ao direito da personalidade; 
Repressiva: 
através da imposição de sanção civil (pagamento de indenização) ou sanção penal 
(perseguição penal) em caso de a lesão já haver ocorrido. 
O artigo 52 do CC/02 dispõe de modo expresso que se aplicam a todos aqueles dotados de 
personalidade, a proteção aos seus direitos da personalidade. E o artigo 12 do mesmo código 
trata do princípio da prevenção e da reparação nos casos de lesão aos direitos da 
personalidade. Dentre outros artigos com disposições sobre o assunto. 
Essa proteção estende-se a toda pessoa dotada de personalidade, até mesmo na Internet. 
Dessa forma percebe-se que o Ordenamento Jurídico Brasileiro protege, expressamente, os 
direitos da personalidade. Seja por meio de ação preventiva ou como repressão pelo ato já 
efetivado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONCLUSÃO 
Dessa forma, percebe-se a importância dos Direitos da Personalidade nas prerrogativas 
individuais inerentes à pessoa humana, quanto ao nome, à identidade, à honra, à moral, à 
integridade física e psíquica, na proteção da intimidade e da disposição do próprio corpo. 
Assim é de fundamental importância resguardar tais direitos, uma vez que protegem os 
indivíduos mesmo após a sua morte. Tais direitos também se encontram no art. 5°da 
CRFB/88, no que se diz respeito à igualdade. “Todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
GONÇALVES, Carlos Roberto, Direito civil brasileiro. Parte Geral, 5 ed. São Paulo (SP): 
Saraiva: 2007, v. 1. 
BITTAR, Carlos Alberto. Os Direitos da Personalidade. 2.a ed. Rio de Janeiro (RJ): Forense 
Universitária, 1995. 
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