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Lesão de Tecidos Moles

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Lesão de Tecidos Moles 
 Lesão do Tecido Mole 
 
• Tecidos Moles 
 Incluem os vasos sanguíneos, vasos linfáticos, 
músculos, tecido gorduroso, aponeuroses, tendões, 
nervos e os tecidos sinoviais (revestimento das 
articulações) equivalendo a cerca de 50% do peso 
corporal de um adulto. 
 
• Reação à lesão do tecido mole 
 Inflamação ou resposta inflamatória 
 
 
 
• Conceito de Inflamação 
 
 É a reação local do organismo, no nível tecidual, a 
um fator irritante. 
 
 A inflamação é um processo realizado normalmente 
no organismo com a finalidade de defender e proteger-
se de certas situações de alerta através da agressão de 
microrganismos causadores de infecções como vírus, 
bactérias, parasitas, fungos, traumatismos, contato com 
radiações, frio, calor, irritações químicas, venenos e 
toxinas. 
 
 
 
• A Inflamação tem três objetivos: 
 
1. Defender o organismo contra substância estranha; 
 
2. Remover o tecido morto ou necrosado, de modo que 
a cicatrização possa acontecer; 
 
3. Promover a regeneração do tecido normal. 
 Os sinais cardinais de inflamação, como dor, 
edema, rubor, calor e perda da função, indicam que o 
processo inflamatório está ocorrendo. 
 
Reação a lesão 
 
1. A lesão vai acontecer danificando a estrutura 
 
2. Alterações estruturais: rompimento da membrana 
celular com extravasamento para o meio extracelular 
 
3. Alterações metabólicas: hipóxicas 
 
4. Ativação dos mediadores químicos: histamina e 
bradicinina têm a função de avisar o restante do 
corpo que as células foram danificadas 
 
5. Alterações hemodinâmicas: ocasionam a mobilização e o 
transporte de componentes de defesa do sangue para o local 
da lesão; 
 
6. Alterações de permeabilidade: histamina e bradicinina 
aumentam a permeabilidade de pequenos vasos sanguíneos. 
 
7. Migração de leucócitos: neutrófilos e macrófagos (defesa 
do organismo de micro-organismos ou substâncias 
estranhas) 
Neutrófilos: sete horas de vida; Macrófagos: meses de vida; 
 
8. Fagocitose: processo de digestão de detritos celulares. 
 
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• Estágios da Inflamação e Reparo 
 
a) Estágio Agudo (Inflamatório) 
 
Características 
- Nas primeiras 48h alterações vasculares. 
- Formação da coágulos. 
- Atividade fibroblástica: modula o metabolismo 
- Cicatrização 
- Estágio dura de 4 a 6 dias. 
 
 
 
Sinais clínicos 
- Edema 
- Rubor 
- Calor 
- Dor durante o movimento 
- Perda da função 
 
b) Estágio Subagudo (Reparo-Cicatrização) 
 
Características 
- Síntese e deposição de colágeno 
- Aumenta atividade fibroblástica 
- Fechamento da ferida no músculo e pele leva 5-8 dias 
 
 
 
- Fechamento da ferida em tendões e ligamentos leva 3-
5 semanas. 
 
Sinais clínicos 
- Inflamação diminui progressivamente. 
- Dor durante o movimento e encontra resistência do 
tecido no final da amplitude articular existente. 
 
c) Estágio Crônico (Maturação e Remodelamento) 
 
Características 
- Fibras de colágeno maturação 
- Fibras de colágeno mais espessas remodelamento 
. 
 
 
 
 
- A cicatriz se retrai 
- Essa fase leva 8-10 semanas. 
 
Sinais clínicos 
- Inflamação ausente 
- Na total da amplitude articular existente, não sente 
dor. 
- Diminuição da força muscular. 
- Diminuição da amplitude articular. 
- Alguma perda de função. 
 
 
d) Inflamação Crônica 
 
Características 
- Processo inflamatório perpetuado em baixos níveis de 
intensidade. 
- Colágeno imaturo. 
- Enfraquecimento do tecido. 
 
Sinais clínicos 
- Aumento na dor, edema 
- Sensação de rigidez após repouso 
- Perda de amplitude articular 24h após atividade. 
- Aumento progressivo da rigidez. 
 
 
• Exemplos de Lesão do Tecido Mole 
 
1. Distensão: alongamento excessivo que compromete 
a unidade musculotendínea. 
 
2. Entorse: estiramento ou laceração de tecidos moles 
como cápsula, ligamento, tendão ou músculo. 
 
3. Luxação: deslocamento de uma parte, geralmente 
óssea dentro de uma articulação 
 
4. Subluxação: deslocamento parcial 
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5. Ruptura ou laceração entre músculo e tendão. 
 
6. Lesões tendíneas 
6.1 Tenosinovite: inflamação da bainha sinovial que 
cobre um tendão. 
 
6.2 Tendinite: inflamação de um tendão. 
 
6.3 Tenovaginite: inflamação com espessamento da 
bainha tendínea. 
 
6. 4 Tendinose: degeneração do tendão devido a 
microtraumas repetitivos 
 
 
7. Sinovite: inflamação da membrana sinovial. 
 
8. Hemartrose: sangramento dentro da articulação por trauma 
grave. 
 
9. Gânglio: balonamento da parede de uma cápsula articular ou 
baínha tendínea. 
 
10. Bursite: inflamação da bolsa. 
 
11. Contusão: golpe direto que resulta em ruptura capilar, 
sangramento, edema e resposta inflamatória. 
 
 
12. Síndromes por uso excessivo, distúrbios traumáticos 
cumulativos, distensões repetidas: sobrecarga submáxima 
repetida e/ou desgaste por fricção em músculo ou tendão 
resultando em inflamação e dor. 
 
 
 
• Condições Clínicas Resultantes de Trauma ou 
Patologia 
 
1. Disfunção: perda da função normal de um tecido ou 
região. 
 
2. Disfunção articular: perda mecânica da mobilidade 
intra-articular nas articulações sinovias. 
 
3. Contraturas: encurtamento ou retração da pele, 
fáscia, músculo ou cápsula articular que restringe a 
mobilidade ou flexibilidade normal dessa estrutura. 
 
 
4. Adesões: aderência anormal de fibras de colágeno 
nas estruturas. 
 
5. Reflexo de proteção muscular: contração prolongada 
do músculo em resposta a um estímulo doloroso. 
 
6. Espasmo muscular intrínseco: contração prolongada 
de um músculo em resposta a mudanças circulatórias e 
metabólicas locais que ocorrem quando um músculo 
está em estado de contração contínua. 
 
7. Fraqueza muscular: diminuição na força de contração 
do músculo. 
 
 
 
• Gravidade da Lesão Tissular 
 
Grau 1: dor leve na hora da lesão ou nas primeiras 24h. 
Ocorre: edema leve, hipersensibilidade local. 
 
Grau 2: dor moderada que exige interrupção da 
atividade. 
Ocorre: pode ocorrer aumento da mobilidade articular. 
 
Grau 3: ruptura com dor intensa. 
Ocorre: instabilidade articular. 
 
 
 
• Tecidos Especializados 
 
Ligamentos 
 São estruturas resistentes, 
pouco elásticas, formadas por 
tecidos conjuntivos fibrosos 
esbranquiçados (presença de 
colágeno), que possuem a 
função de unir dois ou mais 
ossos estabilizando e 
protegendo as articulações do 
corpo, de modo a evitar o 
deslocamento dos ossos 
agindo, assim, como 
amortecedores. 
 
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- A lesão de um ligamento, denominada como entorse 
ligamentar, pode comprometer a capacidade 
estabilizadora do ligamento e afetar sua capacidade de 
controlar os movimentos articulares 
 
- Os ligamentos sofrem alterações estruturais 
 
- As fases de cicatrização do ligamento são: 
1. Sangramento e inflamação; 
2. Proliferação do material que funcionará como ponte; 
3. Remodelagem da matriz. 
 
Obs: Lembrando que os ligamentos cruzados uma vez 
rompidos não cicatrizam (tem potencial pobre de 
cicatrização por inibir a síntese de colágeno) havendo a 
necessidade, na maioria dos casos, de reconstrução. 
 
Tendões 
 É uma estrutura fibrosa, formado por tecido 
conjuntivo que apresenta uma enorme resistência. 
 
 Sua principal função é conectar os músculos aos 
ossos,auxiliando no equilíbrio do corpo e no 
desenvolvimento dos movimentos, distribuindo as 
forças nos músculos. 
 
 
 
- Os tendões estão entre os 
problemas mais frequentes 
do aparelho locomotor. 
 
- A lesão das estruturas 
tendinosas pode restringir ou 
até mesmo impedir o 
movimento e a função 
normais, afastando as 
pessoas de suas atividades 
esportivas e da vida diária. 
 
 Músculo 
 
- É responsável por cerca de 40 a 45% do peso corporal 
de um indivíduo; 
 
- Podem ser: monoarticulares: de função tônica 
 bi ou poliarticulares: função dinâmica; 
 
- São composto por três tipos de fibras musculares: 
 Tipo I: contração lenta, resistente à fadiga; 
 Tipo IIA: contração rápida, resistente a fadiga; 
 Tipo IIB: contração rápida, fatigável; 
 Tipo IIC: encontrada na mandíbula. 
 
 
 
 
Classificação das lesões musculares 
 
- Quanto à gravidade: leve, moderada e grave 
 
- Quanto ao tempo de evolução da lesão: aguda e 
crônica 
 
- Quanto ao tipo de trauma: intrínseco (estiramento 
muscular) ou extrínseco (contusão) 
 
Entorse: 
 
 É a perda momentânea da congruência (coesão) 
articular, provocada por uma distensão excessiva das 
estruturas que estabilizam a articulação. 
 
- Causada por movimentos bruscos ou traumatismos 
que provocam um estiramento ou ruptura dos 
ligamentos da articulação. 
 
 O ligamento é uma faixa de tecido rígido, 
relativamente inelástico, que liga um osso a outro. 
 
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Função do ligamento 
 
- Proporcionar 
estabilidade a uma 
articulação 
 
- Controlar a posição de 
um osso em relação a 
outro durante o 
movimento articular 
normal 
 
- Fornecer informação 
proprioceptiva 
 
A gravidade do dano vai depender da energia aplicada na 
articulação. Além das lesões dos ligamentos e da cápsula 
articular, a entorse de tornozelo pode vir acompanhada de 
fratura dos maléolos da tíbia ou da fíbula. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Mecanismo da Lesão 
 
- A estabilidade lateral do 
tornozelo é dada pela contensão 
dos ligamentos talo-fibular 
anterior, posterior e talo-
calcâneo, associada ao terço 
distal da fíbula. 
 
- O mecanismo de lesão habitual 
é a inversão do pé com flexão 
plantar do tornozelo, numa 
intensidade além do normal, 
que acontece geralmente ao 
pisar em terreno irregular ou 
degrau. 
 
 
- Este movimento 
anômalo proporciona 
uma lesão que se inicia no 
ligamento talo-fibular 
anterior e pode progredir 
para uma lesão do 
ligamento calcâneo-
fibular, com o aumento 
da energia do trauma. 
 
- A lesão do ligamento 
talofibular posterior é 
rara, ocorrendo apenas na 
luxação do tornozelo 
 
 
• Classificação das Entorses 
 
Grau I: estiramento ou talvez ruptura das fibras 
ligamentares com pouca ou nenhuma instabilidade 
ligamentar 
 
Grau II: ruptura com separação das fibras ligamentares 
e instabilidade 
 
Grau III: ruptura completa dos ligamentos, com 
instabilidade articular 
 
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• Quadro Clínico 
 
- Dor 
 
- Edema localizado na face 
ântero-lateral do tornozelo 
 
 
- Equimose mais evidente após 
48 horas 
 
- Dificuldade para deambular. 
 
• Exames complementares? 
 
- A necessidade de exames baseia-se na suspeita de 
fraturas associadas. 
 
- Para evitar radiografias desnecessárias, foram criadas 
regras, solicita-se apenas quando houver dor em 
pontos ósseos ou na impossibilidade do apoio de 
marcha. 
 
- A ressonância magnética é indicada nos casos de 
persistência da dor após três meses da lesão inicial, 
com o objetivo de investigar lesões associadas. 
 
 
Tratamento da Entorse na Fase Aguda 
 
 O objetivo do tratamento da lesão ligamentar do 
tornozelo é o retorno às atividades diárias. 
 
- Repouso por três dias 
- Crioterapia 
- Elevação do membro afetado 
- Proteção articular com imobilizador ou tala gessada. 
- Uso de anti-inflamatórios 
 
- Nas lesões leves, o tratamento é sintomático, com 
manutenção da imobilização até a melhora dos sintomas, 
que dura ½ semanas. 
 
- Nas lesões completas, a proteção articular com 
imobilizadores semi-rígidos possibilitou retorno mais 
rápido às atividades físicas e laborativas quando 
comparada à imobilização gessada. 
 
- A ocorrência de edema, dor e instabilidade em longo 
prazo foi semelhante tanto nos imobilizadores semi-
rígidos como na imobilização gessada 
 
- Enfaixamento e imobilizadores elásticos, tiveram 
resultados inferiores aos imobilizadores rígidos e semi-
rígidos. 
 
• Possíveis Complicações das Entorses 
 
- Alguns pacientes permanecem com dor ou 
instabilidade após seis meses do tratamento da lesão 
ligamentar aguda. 
 
- Instabilidade crônica 
 
- Lesão osteocondral : lesão da cartilagem + lesão óssea 
 
- Impacto com processo inflamatório tíbio-fibular distal 
 
- Fator que piora o prognóstico é a associação de varo 
no retropé, determinante na evolução para artrose 
 
• Conduta Adotada nas Instabilidades Crônicas 
 
- 20% das entorses de tornozelo podem evoluir com 
instabilidade após seis meses da lesão inicial, 
acompanhada ou não de frouxidão ligamentar. 
 
- Pacientes com boa contensão mecânica - chamada 
instabilidade funcional - têm falha na propriocepção, e 
são tratados com fisioterapia 
 
- Pacientes com frouxidão ligamentar possuem algum 
déficit de propriocepção, portanto também devem 
inicialmente ser submetidos à reabilitação. 
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- Pacientes com instabilidade sintomática persistente é 
indicado à correção cirúrgica. 
 
 
 
 
 
 
• Luxação: 
 É a perda total do contato entre os ossos de uma 
articulação, causada pelo deslocamento de um dos 
ossos, podendo provocar graves lesões nos ligamentos. 
 
- Os ossos ficam mal posicionados, causando 
deformidade articular, dificuldade ou impossibilidade 
de realizar movimentos. 
 
- A luxação pode ser total: completa 
 parcial ou incompleta 
 
 
 
 
- Luxação Completa: aquela em que os ossos que 
constituem uma articulação se desunem por completo. 
 
- Luxação Incompleta: também chamada de sub-
luxação o deslocamento de ossos que ocorre de forma 
reduzida, não se separam completamente. 
 
- As luxações nunca devem ser imediatamente 
reduzidas, independentemente de onde ocorreram. 
Deve-se radiografar e excluir possíveis fraturas 
associadas. 
 
• Recorrência: 
 
- Ombro 
 
- Quadril 
 
- Joelho 
 
- Fêmur 
 
- Cotovelo 
 
- Tornozelo 
 
- Dedos 
 
• Causas 
 
- Traumatismo direto ou 
indireto 
 
- Quedas 
 
- Fratura 
 
- Lesão congênita 
 
- Frouxidão ligamentar, 
capsular ou muscular 
gerada por doenças 
crônicas. 
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• Sintomas 
 
- Dor 
 
- Perda de movimento 
 
- Dormência ao redor da 
área traumatizada 
 
- Sensação de 
formigamento. 
 
• Complicações da Luxação 
 
- Pode está associada a uma fratura 
 
- Lesão de nervos 
 
- Complicações vasculares 
 
- Rigidez 
 
- Osteoporose, caso a luxação danifique superfícies articulares 
 
- Danos em órgãos internos e partes moles, por conta do 
deslocamento de um osso 
 
- Reaparecimento de luxações, caso a primeira não receba o 
tratamento adequado 
 
• Exame Complementar 
 Raio-x para ter precisão do local lesionado e 
identificar se houve ou não uma fratura no momento 
em que o trauma ocorreu. 
 
•Tratamento para a Luxação 
 
- Baseia-se em recolocar o osso no local de origem. Na 
maioria das vezes, o paciente está sob efeito de 
analgésicos ou anestesia local durante o procedimento. 
 
- Pode demandar intervenção cirúrgica. 
 
- Analgésicos ou anti-inflamatórios 
 
- Imobilização 
 
- Fisioterapia

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