Buscar

Resumo Fundamentos das Ciências Sociais Aula 01 a 05

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

AULA 01
Os Conceitos Socioantropológicos de Indivíduo e Sociedade.
Introdução:
A sociedade faz o homem ou o homem faz a sociedade?
A resposta dessa questão, bastante complexa, só é possível por meio do debate que as Ciências Sociais, ao longo de trajetória, vêm realizando.
O primeiro passo para respondê-la é compreender os conceitos de indivíduo e sociedade na perspectiva das Ciências Sociais. É o que faremos a seguir.
O objeto das Ciências Sociais:
As Ciências Sociais fazem parte do grupo de saberes intitulado Ciências Humanas e apresentam métodos próprios de investigação dos fenômenos que analisam.
As três áreas que formam o conjunto de saberes das Ciências Sociais, são: sociológicas, antropológicas e políticas.
O objeto de estudo das Ciências Sociais é a sociedade em suas dimensões sociológicas, antropológicas e políticas.
Sociologia:
Estuda o homem e o universo sociocultural, analisando as inter-relações entre os diversos fenômenos sociais.
Neste campo de conhecimento, a vida social é analisada a partir de diferentes perspectivas teóricas, notadamente as que têm como base conceitual os estudos desenvolvidos por Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx.
A partir dessas matrizes teóricas, estudam-se os fatos sociais, as ações sociais, as classes sociais, as relações sociais, as relações de trabalho, as relações econômicas, as instituições religiosas, os movimentos sociais etc.
Antropologia:
Na Antropologia privilegiam-se os aspectos culturais do comportamento de grupos e comunidades. Questões cruciais para o entendimento da vida em grupo, como alteridade (diferença), diversidade cultural, etnocentrismo e relativismo cultural são tratadas por essa ciência, que em seus primórdios estudava povos e grupos geográfica e culturalmente distantes dos povos ocidentais. Ao longo de seu desenvolvimento, os antropólogos passaram a analisar grupos sociais relativamente próximos, buscando transformar o exótico, o distante, em familiar.
Em sua história, a Antropologia revelou estudos notáveis sobre sociedades indígenas e sociedades camponesas, também desenvolveu uma série de estudos sobre grupos sociais urbanos.
Ciência Política:
Esta área analisa as questões ligadas às instituições políticas. Conceitos de poder, autoridade e dominação são estudados por esta ciência. Analisam-se assim as diferenças entre povo, nação e governo, bem como o papel do Estado como instituição legitimamente reconhecida como a detentora do monopólio da dominação e do controle de determinado território.
Qual a importância do estudo socioantropológico na compreensão da realidade?
Ao contrário de outras ciências, as Ciências Sociais lidam não apenas com o que se chama de realidade, com fatos exteriores aos homens, mas igualmente com as interpretações que são feitas sobre a realidade.
Por estudar a ação dos homens em sociedade, de seus símbolos, sua linguagem, seus valores e cultura, das aspirações que os animam e das alterações que sofrem, as Ciências Sociais constituem ferramenta importante para o desenvolvimento da compreensão crítico-reflexiva da realidade.
Por essa razão, cada vez mais as Ciências Sociais são utilizadas em diversos campos da atividade humana. Campanhas publicitárias, campanhas eleitorais, elaboração de políticas públicas, até mesmo a programação de redes de rádio e televisão levam cada vez mais em conta resultados de investigações socioantropológicas, à medida que estas buscam entender as pessoas envolvidas em cada uma dessas atividades, suas crenças, valores e ideias.
Investigações socioantropológicas:
Com as mudanças cada vez mais rápidas e profundas dos padrões morais e culturais das sociedades contemporâneas, mais relevantes se tornam as análises que visam compreendê-las.
Deslocamentos de pessoas e grupos motivados pelo processo de globalização da economia, que intensificou os fluxos migratórios em todo o planeta, trocas culturais proporcionadas pelo estabelecimento de uma “sociedade em rede”, novos modelos de família e conjugalidade, novas configurações no campo religioso, entre outros, constituem temas de trabalhos de cientistas sociais contemporâneos.
Esses trabalhos são utilizados frequentemente como fonte de reflexão por governos, sociedade civil e indivíduos que buscam desenvolver sua capacidade de compreensão dos acontecimentos e planejamento de ações com vistas à atuação na vida social. 
Qual é o seu papel como indivíduo na sociedade?
A perspectiva socioantropológica aponta para uma relação dialógica entre indivíduo e sociedade. Não existem sociedades sem indivíduos e os indivíduos só se tornam verdadeiramente humanos por meio da socialização, processo pelo qual você se torna um membro ativo da sociedade em que nasceu, isto é, comporta-se de acordo com determinados atributos preconcebidos.
O indivíduo, assim, desempenha na realidade um papel duplo em relação à cultura. Segundo Ralph Linton (“O indivíduo, a cultura e a sociedade”), em circunstâncias normais, quanto mais perfeito seu condicionamento e consequente integração na estrutura social, tanto mais efetiva sua contribuição para o funcionamento uniforme do todo e mais segura sua recompensa.
Entretanto, as sociedades existem e funcionam num mundo em perpétua mudança. Como uma simples unidade no organismo social, o indivíduo perpetua o status quo (situação atual), mas também ajuda a transformá-lo quando há necessidade. Desde que nenhum ambiente se apresente completamente estacionário, nenhuma sociedade pode sobreviver sem o inventor ocasional e sem sua capacidade para encontrar soluções para novos problemas.
O papel do indivíduo na sociedade:
Como nos ensina Albert Einstein (em seu artigo “Porquê o Socialismo?”), o homem é, simultaneamente, um ser solitário e um ser social:
O conceito abstrato de “sociedade” significa para o ser humano individual o conjunto das suas relações diretas e indiretas com os seus contemporâneos e com todas as pessoas de gerações anteriores.
O indivíduo é capaz de pensar, sentir, lutar e trabalhar sozinho, mas depende tanto da sociedade – na sua existência física, intelectual e emocional – que é impossível pensar nele, ou compreendê-lo, fora da estrutura da sociedade.
É a “sociedade” que lhe fornece comida, roupa, casa, instrumentos de trabalho, língua, formas de pensamento, e a maior parte do conteúdo do pensamento; a sua vida foi tornada possível através do trabalho e da concretização dos muitos milhões passados e presentes que estão todos escondidos atrás da pequena palavra “sociedade”.
Vídeo
AULA 02
Objeto e método das ciências sociais.
Introdução:
Em “Lição de Anatomia”, Rembrandt retrata uma aula na qual um cientista, junto ao corpo morto de um homem, ensina aos seus alunos a composição e a forma de um corpo humano. Tal atividade insere-se no campo do que se convencionou chamar de “ciências naturais”.
Entretanto, a observação do quadro pode ir além disso: visões e interpretações sobre o corpo humano e sobre a morte, o processo de transmissão de conhecimento, todos fazem parte de reflexões desenvolvidas pelas chamadas “ciências humanas e sociais”.
Nesta aula, iremos comparar os objetos e métodos desses dois campos de saberes, e demonstrar a abordagem específica das ciências sociais.
As Ciências Naturais estudam fatos simples, eventos que presumivelmente têm causas simples e são facilmente isoláveis, recorrentes e sincrônicos. Tais fatos podem ser vistos, isolados e reproduzidos dentro de condições de controle razoáveis, num laboratório. 
Assim, nas Ciências Naturais há uma distância irremediável entre o cientista e seu objeto de pesquisa, o que torna o método objetivo o mais apropriado para a investigação de fenômenos dessa ordem.
Por que você come um bolo?
No âmbito das Ciências Sociais torna-se difícil desenvolver uma teoria capaz de transmitir com PRECISÃO uma causa única ou motivação exclusiva. 
Ao contrário de outras ciências, as Ciências Sociais lidam não apenas com o que se chama de realidade, com fatos exteriores aos homens, mas igualmente com as interpretaçõesque são feitas sobre a realidade. As Ciências Sociais estudam fenômenos complexos. Seu objeto de investigação é o homem nas relações intersubjetivas, os fenômenos sociais, ou seja, eventos com determinações complicadas e que podem ocorrer em ambientes diferenciados, fazendo com que toda análise de fenômenos dessa natureza seja parcial, subjetiva.
Bem, podemos reunir os mesmos personagens, músicas, comidas, vestes, mobiliário, animais, assim como nas cenas do filme Danton. 
Mesmo com a ótima qualidade da produção do filme, não será possível reproduzir o clima daquele momento, a atmosfera da época. Estaremos criando outro significado.
Neste sentido:	
Atitudes semelhantes têm significados diferentes.
Cada cultura constrói seu significado social.
Os fatos estudados pelo cientista social podem ser pretéritos ou serem reproduzidos em situações muito distintas. Mas não podem ser reproduzidos em condições controladas.
Ciências naturais X ciências humanas e sociais:
A música "Comida", composta e interpretada pelos Titãs. Na letra da música fala de comida como uma forma de alimento, mas também de outro tipo de comida que sacia a "fome da alma".
A partir dessa visão podemos identificar algumas diferenças entre ciências sociais e ciências naturais:
Como estudar fenômenos sociais?
Ao observar os fenômenos sociais, somos levados a enfrentar nossa própria posição, nossos valores, nossa visão de mundo que interfere na nossa pesquisa. Nossa fala, nossos gestos, nossa modo de ser e de agir revelam o tipo de socialização que tivemos e influencia em nossa visão de mundo.
Dessa forma, trabalhamos com fenômenos que estão bem perto de nós, temos a interação complexa entre o investigador e o investigado, pois ambos compartilham de um mesmo universo de experiências humanas.
Podemos assimilar um costume diferente do nosso, ou até mesmo perceber o melhor de nossas tradições quando estamos em contato com outras culturas.
Neste âmbito, percebemos que podemos adotar costumes de outros povos, aprender seus credos, modificar nossas leis.
A charge, a seguir, apresenta, ironicamente, uma situação social comum nos centros urbanos. Analise-a de acordo com o método adequado à compreensão dos fenômenos sociais.
AULA 03
A Análise Antropológica da Cultura.
Introdução:
Fulano não tem cultura! Sicrano é muito culto! O governo não investe em cultura!
Acima temos exemplos da maneira que utilizamos a palavra cultura no nosso dia a dia, enquanto instrução, saber, estudo. Mas esta é apenas uma maneira de utilizar a palavra cultura.
Portanto, o objeto de investigação da Antropologia constitui-se nos "usos e abusos" do conceito de cultura e suas implicações na vida social. Compreender estes "usos e abusos" é o objetivo desta aula.
O conceito de cultura é uma preocupação intensa atualmente em diversas áreas do pensamento humano, no entanto, a Antropologia é a área por excelência de debate sobre esta questão.
O primeiro antropólogo a sistematizar o conceito de cultura foi Edward Tylor que, em Primitive Culture, formulou a seguinte definição: "Cultura é todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costume e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem na condição de membro da sociedade".
Uma definição mais contemporânea do termo cultura foi dada por Clifford Geertz em 1989 em "A Interpretação das Culturas". Segundo ele, cultura pode ser entendida como um sistema simbólico, ou seja, seria: "um conjunto de mecanismos de controle - planos, receitas, regras, instruções - para governar o comportamento.
Diversidade Cultural:
Primeiramente vamos relembrar o seu significado: desde sempre os homens se preocuparam em entender por que outros homens possuíam hábitos alimentares, formas de se vestir, de formarem famílias, de acessarem o sagrado de maneiras diferentes das suas. A essa multiplicidade de formas de vida dá-se o nome de "diversidade cultural".
Foi a partir da descoberta do “Novo Mundo”, nos séculos XV e XVI, que os europeus se depararam com modos de vida completamente distintos dos seus, e passaram a elaborar mais intensamente interpretações sobre esses povos e seus costumes.
É fundamental termos em mente que o impacto e a estranheza se deram dos dois lados. Os grupos não europeus também se espantavam com o ser diferente que chegava até eles desembarcando em suas praias e tomando posse de seu território. 
Infelizmente não temos muitos relatos dos povos não europeus para conhecermos a visão que eles tinham dos brancos. Existem relatos esparsos, como o de povos que, após a morte de um europeu em combate, colocavam seu corpo dentro de um rio e esperavam sua decomposição para ver se eram pessoas como eles.
O olhar eurocêntrico sobre a cultura:
De onde surge a preocupação com o tema da cultura?
Toda construção científica nasce na Europa. A reflexão teórico-científica sobre a humanidade se iniciou neste ambiente e nesta perspectiva. Logo, a noção de ser humano de referência para todas as Ciências Humanas e Sociais é a do homem europeu e da sociedade europeia. No entanto, a partir dos esforços de conquista de outros continentes, os europeus “encontraram-se” com “seres” diferentes o suficiente para causarem estranhamento, mas “parecidos” o suficiente para produzirem o seguinte incômodo: serão estes seres “humanos”?
A relação com agrupamentos humanos de localidades até então desconhecidas como as que hoje denominamos África, América, Austrália, fizeram com que os europeus se questionassem sobre as características peculiares ao humano e as razões de tanta diferença entre os componentes de uma mesma espécie.
O movimento pré-científico, que domina o campo da diversidade cultural até o século XVIII, é aquele que oscilava entre conceber o “diferente” ora como humano, ora como não humano, provido ou desprovido de alma, bom ou mau selvagem, etc. Na ótica dos europeus, estes “maus selvagens” eram vistos como perigosos, mais próximos aos animais, brutos, imbuídos de uma sexualidade descontrolada, primitivos, com uma inteligência restrita, iludidos pela magia, enfim, seres limitados que precisavam ser “civilizados” pela cultura europeia.
Veja, a seguir, o trailer do filme "Hans Staden", sobre um imigrante alemão que naufragou no litoral de Santa Catarina, sendo encontrado por índios Tupinambás, que o prendem com o intuito de matá-lo e devorá-lo. Ele então precisa arranjar meios para convencer os índios a não devorá-lo e permanecer vivo:
Alteridade:
Observe a charge. Em seguida responda: Você sabe o que significa o termo "alteridade"?
Alteridade é o resultado de um processo de diferenciação que acontece entre o "eu", interior e particular de cada um, e o "outro", diferente. Isto é, quando nos confrontamos com o estranho, o não familiar. 
Estranhar o "outro" é reconhecer em outro indivíduo, ou em um conjunto deles, as suas peculiaridades, diferenças e equivalências. Desta maneira o "outro" ou "outros" se tornam identificáveis, possibilitando consequentemente hierarquizar, separar, classificar, normalizar, dominá-los. Tal como na situação que vimos anteriormente, na qual pela perspectiva dos europeus ("eu"), os povos da África, das Américas e da Oceania (outros) eram vistos ora como: não humanos, providos ou desprovidos de alma. bom ou mau, selvagem, que precisavam ser "civilizados".
A alteridade não é possível sem o etnocentrismo...
O etnocentrismo é a condição natural da humanidade.
Porém, a alteridade é também a condição fundamental para compreender o "outro", os outros grupos e a si mesmo. Por isso, a antropologia configura-se como a ciência da alteridade, pois busca a compreensão do "outro" em seu contexto cultural, para então elaborar teorias que possam ser úteis na compreensão não apenas daquele contexto, mas também de outros contextos culturais, inclusive o do próprio pesquisador.
Antropologia de gabinete:
Entramos no século XIX. Os antropólogos estudam culturas "exóticas" buscando descrever seus hábitos, costumes e sua forma de ver o mundo (cosmovisão).No entanto, eles não iam ao campo; não eram os antropólogos que experimentavam diretamente o dia a dia dos grupos "selvagens".
Eram enviados viajantes, pessoas comuns que eram deslocadas para essas "tribos" e ali ficavam por um certo tempo, registrando tudo que viam e ouviam, a fim de entregar este material aos antropólogos que aí sim analisavam estes relatos, desenvolvendo suas teorias sobre as diferentes culturas. Esta é a denominada "antropologia de gabinete".
Etnocentrismo:
Segundo Everardo Rocha, em “O que é Etnocentrismo”, trata-se da “visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência. No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano afetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade, etc.”.
Podemos observar essa ideia nas ilustrações a seguir:
O autor nos alerta ainda para a questão do choque cultural. Como ele afirma, “de um lado conhecemos o "nosso" grupo, que come igual, veste igual, gosta de coisas parecidas, conhece problemas do mesmo tipo, acredita nos mesmos deuses, casa igual, mora no mesmo estilo, distribui o poder da mesma forma, empresta à vida significados em comum e procede, por muitas maneiras, semelhantemente. Aí, então, de repente, nos deparamos com um "outro", o grupo do "diferente" que, às vezes, nem sequer faz coisas como as nossas ou quando as faz é de forma tal que não reconhecemos como possíveis. E, mais grave ainda, este “outro" também sobrevive à sua maneira, gosta dela, também está no mundo e, ainda que diferente, também existe.”.
Na sua opinião, o etnocentrismo é positivo ou negativo? E que benefícios a Antropologia pode trazer para esta visão?
Roberto da Matta, no texto “Você tem cultura?” demonstra que “antes de cogitar se “aceitamos” ou não esta outra forma de ver o mundo, a Antropologia nos convida a compreendê-la, e verificar que ao seu jeito uma outra vida é vivida, segundo outros modelos de pensamento e de costumes. O fato de que o homem vê o mundo através de sua cultura tem como consequência a propensão em considerar o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural. O conceito de cultura, ou, a cultura como conceito, então, permite uma perspectiva mais consciente de nós mesmos. Precisamente diz que não há homens sem cultura e permite comparar culturas e configurações culturais como entidades iguais, deixando de estabelecer hierarquias em que inevitavelmente existiriam sociedades superiores e inferiores”.
Darcy Ribeiro (Montes Claros, 26 de outubro de 1922 — Brasília, 17 de fevereiro de 1997) foi um antropólogo, escritor e político brasileiro, conhecido por seu foco em relação aos índios e à educação no país.
Relativismo cultural:
É a postura, privilegiada pela Antropologia contemporânea, de buscar compreender a lógica da vida do outro. Parte do pressuposto de que cada cultura se expressa de forma diferente. Dessa forma, trata-se de pregar que a atividade humana individual deve ser interpretada em contexto, nos termos da cultura em que está inserida.
As palavras de uma das mais notáveis antropólogas conhecidas, a americana Margaret Mead, que no prefácio de Sexo e Temperamento afirmou: "toda diferença é preciosa e precisa ser tratada com muito carinho".
E como nos diz Roberto da Matta em seu artigo "Você tem cultura?“:
“O conceito de cultura permite uma perspectiva mais consciente de nós mesmos. Precisamente diz que não há homens sem cultura e permite comparar culturas e configurações culturais como entidades iguais, deixando de estabelecer hierarquias em que inevitavelmente existiriam sociedades superiores e inferiores".
Leia a tirinha abaixo:
De acordo com a história em quadrinhos protagonizada por Hagar e seu filho Hamlet, a postura de Hagar é uma postura etnocêntrica, pois o personagem classifica o mundo e as pessoas apenas a partir dos valores de seu grupo.
AULA 04
A formação do pensamento político moderno e as questões básicas da Ciência Política.
Introdução:
A Ciência Política é o estudo da política, ou seja, dos sistemas, das organizações e dos processos de governos, ou de qualquer sistema equivalente de organização humana que tente assegurar segurança, justiça e direitos civis. Nicolau Maquiavel (1469-1527) é reconhecido como precursor da Ciência Política moderna pelo fato de haver escrito sobre o Estado e as formas de manter o poder, separando os interesses estatais dos dogmas e interesses da Igreja.
A formação do pensamento político moderno: Estado de Natureza, Contrato Social e Estado Civil na filosofia de Hobbes, Locke e Rousseau:
Com a derrocada do Feudalismo e a ascensão da burguesia, na Europa, surgiu o Iluminismo: um movimento intelectual que rompeu definitivamente com qualquer herança medieval, buscando compreender a sociedade e suas relações como fenômenos sujeitos a leis naturais. Essa nova visão possibilitou a construção de modelos sociais, políticos e econômicos centrados na ideia do Estado como um "contrato social", que permitiria aos homens passar de um "estado de natureza" - em que predominava a barbárie - para um "estado civil" - em que predominam as leis.
O termo contratualismo indica uma classe abrangente de teorias que tentam explicar os caminhos que levam as sociedades a formarem Estados, com o objetivo de manter a ordem social. Essa noção de contrato indica que as pessoas abrem mão de certos direitos para um governo ou uma autoridade, a fim de obter as vantagens da paz social e da ordem. Na origem do processo de reflexão sobre o modelo de organização política que emerge do feudalismo para o capitalismo, ganham destaque quatro autores que estabeleceram as bases do contratualismo:
Os teóricos do contratualismo influenciaram as várias revoluções burguesas que transformaram o cenário político no final do século XVIII - como a Guerra de Independência dos Estados Unidos (1776) e a Revolução Francesa (1789). Esses eventos históricos criaram as bases das modernas repúblicas e do Estado de Direito, cujo documento que representa a ideia do contrato social é a Constituição.
O Iluminismo: a base filosófica da criação do Estado burguês:
Com o surgimento do Iluminismo, no século XVIII, a sociedade passou a ser cada vez mais abordada como uma problemática maior para os adeptos da “filosofia das luzes”. A partir desse momento, estabeleceu-se uma importante discussão sobre a compreensão da vida em sociedade: a passagem do “estado de natureza” para o “contrato social”. De acordo com Marilena Chauí, o conceito de estado de natureza tem a função de explicar a situação pré-social na qual os indivíduos existem isoladamente. 
Concepção dos autores sobre o Estado de Natureza:
Thomas Hobbes: (considerada uma das principais concepções)
Na concepção de Hobbes (século XVII), os indivíduos vivem isolados e em luta permanente, vigorando a guerra de todos contra todos – “o homem lobo do homem”. Nesse estado, reina o medo e, principalmente, o grande medo: o da morte violenta. Para se protegerem uns dos outros, os humanos inventaram as armas e cercaram as terras que ocupavam. Essas duas atitudes são inúteis, pois sempre haverá alguém mais forte que vencerá o mais fraco e ocupará as terras cercadas. A vida não tem garantias. A posse não tem reconhecimento e, portanto, não existe. A única lei é a força do mais forte, que pode tudo enquanto tiver força para conquistar e conservar.
Jean-Jacques Rousseau: (considerada uma das principais concepções)
Já na concepção de Rousseau (século XVIII), os indivíduos vivem isolados pelas florestas, sobrevivendo com o que a natureza lhes dá, desconhecendo lutas e comunicando-se pelo gesto, pelo grito e pelo canto, numa língua generosa e benevolente. Esse estado de felicidade original, no qual os humanos existem sob a forma do bom selvagem inocente, termina quando alguém cerca um terreno e diz: “É meu”. A divisão entre o “meu” e o “teu”, isto é, a propriedade privada, dá origem ao estadode sociedade, que corresponde, agora, ao estado de natureza hobbesiano da guerra de todos contra todos.
O estado de natureza de Hobbes e o estado de sociedade de Rousseau evidenciam uma percepção do social como luta entre fracos e fortes, vigorando a lei da selva ou o poder da força.
Lei da Selva:
Para cessar esse estado de vida ameaçador e ameaçado, os humanos decidiram passar à sociedade civil, isto é, ao estado civil, criando o poder político e as leis. Essa passagem ocorreu por meio de um contrato social, pelo qual os indivíduos renunciaram à liberdade natural e à posse natural de bens, riquezas e armas, e concordaram em transferir a um terceiro – o soberano – o poder para criar e aplicar as leis, tornando-se autoridade política. O contrato social fundou, portanto, a soberania.
John Locke:
Outro autor importante para a formação da ideologia burguesa foi John Locke, pioneiro do pensamento político liberal. Para esse autor, o Estado existe a partir do contrato social e tem as funções que Hobbes lhe atribui, mas sua principal finalidade é garantir o direito natural da propriedade. Dessa forma, a burguesia se vê inteiramente legitimada perante a realeza e a nobreza e, mais do que isso, surge como superior a elas, uma vez que o burguês acredita que é proprietário graças a seu próprio trabalho, enquanto reis e nobres são parasitas da sociedade.
O problema, então, é garantir o direito à propriedade e impedir que algum tirano com poderes absolutos negue esse direito. A solução para esse problema seria apresentada por Charles-Louis de Secondat (Mais conhecido como Montesquieu, em O espírito das leis (1748), mostra, claramente, a imbricação de funções e a interdependência entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário).
Montesquieu:
A estabilidade do regime ideal implica que a correlação entre as forças reais da sociedade possa se expressar, também, nas instituições políticas. Em outras palavras, o funcionamento das instituições deveria permitir que o poder das forças sociais contrariasse e, portanto, moderasse o poder das demais. Entendida dessa forma, a teoria dos poderes de Montesquieu se torna vertiginosamente contemporânea. Ela se inscreve na linha direta das teorias democráticas – aquelas que apontam a necessidade de arranjos institucionais para impedir que alguma força política possa, a priori, prevalecer sobre as demais, reservando-se a capacidade de alterar as regras depois de completado o jogo político.
Nesse contexto, a Europa presenciou muitas e importantes mudanças no cenário político, econômico e social. Onde podemos citar as Revoluções Francesa e Industrial, que formaram a base do Estado moderno. Por isso, o que se chama, normalmente, de Revolução Burguesa é o processo pelo qual o sistema capitalista passou a dominar a vida humana, que se estendeu pelo mundo inteiro. Embora países como Holanda e Portugal tenham vivenciado o capitalismo mercantil antes, Inglaterra e, depois, França mergulharam nessa sucessão de transformações que marcaram a mudança radical da sociedade.
Formas de dominação legítima em Max Weber:
A dominação deve ser entendida, segundo Weber, como uma probabilidade de mando e de legitimidade deste. A crença é condição fundamental para que a relação entre aquele que manda (domina) e aquele que obedece (dominado) se realize. Portanto, não é toda e qualquer relação de poder que é legitimada, é preciso que aquele que obedece acredite voluntariamente naquele que tem poder de mando.
O poder é sempre uma probabilidade, pois depende de outro para ser exercido. Weber fornece o exemplo da relação de poder entre senhor e escravo que é carente de uma relação voluntária, não havendo, portanto, legitimidade e sim obrigação; a consequência é que na primeira oportunidade os indivíduos fogem desta relação, abandonam seus senhores.
ATENÇÃO:
Para Max Weber, a legitimidade é a crença social em determinado regime, que visa obter a obediência mais pela adesão do que pela coação, o que acontece sempre que os respectivos participantes representam o regime como válido. Nesse caso, a legitimidade se torna a fonte do respeito e da obediência consentida. Sua teoria trata dos tipos ideais de dominação legítimos.
Weber define os três tipos puros de dominação como:
RACIONAL-LEGAL OU BUROCRÁTICA
A dominação racional-legal é exercida dentro de um quadro administrativo composto de regras e leis escritas que devem ser seguidas por todos, não havendo privilégios pessoais. Ela é apoiada na crença de uma "legitimidade de ordens estatuídas e nos direitos de mando dos chamados a exercer autoridade legal". Esta é baseada em relações impessoais e os funcionários são incorporados ao quadro administrativo, através de um contrato, não por suas características pessoais, mas por sua competência técnica. Eles são livres, sendo que suas obrigações se limitam aos deveres e objetivos de seus cargos que estão dispostos dentro de uma hierarquia administrativa e suas competências são rigorosamente fixadas. Realizam seu trabalho e em troca recebem um salário fixo e regular que varia conforme a responsabilidade do cargo, que é exercido em forma exclusiva ou como principal ocupação. Há possibilidade de fazer carreira, podendo subir na hierarquia da profissão, através do tempo de serviço ou por competência, ou ambos. Importante ressaltar que os funcionários trabalham em seus cargos sem a apropriação dos mesmos. A dominação burocrática é puramente técnica, com o objetivo de atingir o mais alto grau de eficiência e nesse sentido é, formalmente, o mais racional conhecido meio de exercer a dominação sobre os seres humanos.
A DOMINAÇÃO TRADICIONAL:
A dominação tradicional repousa na crença das tradições, costumes que existem desde outros tempos. É a legitimidade na crença dos indivíduos nas ordens e poderes senhorias tradicionais. A autoridade é exercida e legitimada pela tradição e por normas escritas. O quadro administrativo, neste caso, pode ser recrutado não pela competência técnica, mas por vínculos pessoais e laços de fidelidade. As tarefas não estão claramente definidas, como na dominação racional, e os privilégios e deveres encontram-se sujeitos a modificações de acordo com a vontade de governante. 
Outros tipos de dominação tradicional que são: 
O patriarcalismo: 
O poder é exercido segundo regras fixas de sucessão; 
O patrimonialismo ou gerontocracia: 
É a autoridade exercida pelos mais velhos, em idade, sendo os melhores conhecedores da tradição sagrada. Em um corpo administrativo encontramos o patrimonialismo quando os funcionários ligam-se ao chefe por laços de fidelidade pessoais.
CARISMÁTICA:
Pode ser caracterizada pelo seu caráter de tipo extraordinário e irracional. Weber define carisma como uma qualidade pessoal considerada extraordinária atribuída a um indivíduo que possui poderes ou qualidades sobrenaturais. Esses indivíduos são enviados por Deus para o cumprimento de uma "missão". Portanto, este indivíduo é reconhecido como um líder por seus seguidores e, assim, a autoridade carismática é legitimada. Os carismáticos, geralmente, são profetas religiosos, políticos, demagogos, e apresentam, na maioria das vezes, provas de seu poder, fazendo milagres ou revelações divinas. Entretanto, Weber aponta para possibilidade de uma existência permanente de um líder carismático. Tal fenômeno foi chamado de rotinização do carisma. Para que isso ocorra são necessárias mudanças profundas, pois implicam a transformação da autoridade carismática em tradicional ou legal. Sendo assim, as atividades do corpo administrativo passam a ser exercidas de forma regular, seja através da constituição de normas tradicionais, seja por promulgação de regras legais. Haverá um problema a ser resolvido, que é o da sucessão daquele que não será eleito, geralmente o líder carismático escolhe entre aqueles de sua confiança ou então por hereditariedade.
A construção dos tipos ideais de autoridade é primordial para a compreensão do desenvolvimento das instituições, nas quais a burocracia é a mais importante, por sera mais característica da sociedade moderna ocidental que tem em sua essência o pensamento racional.
Esses três tipos de dominação não são encontrados isoladamente, na realidade, eles coexistem. A sociedade brasileira é um bom exemplo dessa coexistência, pois as relações de trabalho nas organizações (lugar, em princípio, exemplar da relação impessoal) são, ao contrário, pessoais e permeadas de privilégios. A seleção nem sempre atende aos critérios meritocráticos, competência comprovada para o cargo. Em muitos casos as relações pessoais valem muito mais do que um diploma.
A relação Estado-sociedade na concepção marxista:
Segundo Marx e Engels, em A ideologia Alemã - Feuerbach (São Paulo: Hucitec, 1987), o Estado é a forma na qual os indivíduos de uma classe dominante fazem valer seus interesses comuns e na qual se resume toda a sociedade civil de uma época.
Segue-se que todas as instituições comuns são mediadas pelo Estado e adquirem através dele uma forma política. Daí a ilusão de que a lei se baseia na vontade e, mais ainda, na vontade destacada de sua base real - na vontade livre da mesma forma, o direito é reduzido novamente à lei.
Fruto de décadas de colaboração entre Karl Marx e Friedrich Engels, o marxismo é o conjunto de ideias filosóficas, econômicas, políticas e sociais baseadas na concepção materialista e dialética da História. O marxismo interpreta a vida social conforme a dinâmica da base produtiva das sociedades e das lutas de classes daí consequentes.
O marxismo compreende o homem como um ser social histórico e que possui a capacidade de trabalhar e desenvolver a produtividade do trabalho. Esse fato diferencia os homens dos outros animais e possibilita o progresso de sua emancipação da escassez da natureza, o que proporciona o desenvolvimento das potencialidades humanas.
Críticos do liberalismo, Marx e Engels distinguem os conceitos de:
A emancipação social ocorreria mediante a revolução comandada pelo proletariado.
Marx e Engels não eram favoráveis à revolução exclusivamente por razões "altruístas", a lógica da Revolução estaria embutida na própria lógica das contradições do sistema capitalista.
Tais contradições engendrariam a crise que culminaria na revolução:
"A revolução, portanto, vai além das manifestações de vontade dos revolucionários. Ela está inscrita na própria história real, e por isso, está também na lógica (dialética) que a desvenda".
E isso se deve ao fato de que a ascensão burguesa acaba por produzir seus próprios "coveiros" – o proletariado – segundo as palavras de Marx e Engels no Manifesto Comunista. 
O marxismo influenciou os mais diversos setores da atividade humana ao longo do século XX, desde a política e a prática sindical até a análise e interpretação de fatos sociais, morais, artísticos, históricos e econômicos. Ultrapassou as ideias dos seus precursores, tornando-se uma corrente político-teórica que abrange uma ampla gama de pensadores e militantes, nem sempre coincidentes, e assumindo posições teóricas e políticas por vezes antagônicas.
O direito privado desenvolve-se simultaneamente com a propriedade privada, a partir da desintegração da comunidade natural (...).
“Quando, mais tarde, a burguesia adquiriu poder suficiente para que os príncipes protegessem seus interesses com o fim de derrubar a nobreza feudal por meio da burguesia, o desenvolvimento propriamente dito do direito começou em todos os países - na França, no século XVI - e, em todos eles, à exceção da Inglaterra, tiveram que ser introduzidos princípios do direito romano para o posterior desenvolvimento do direito privado (em particular, no caso da propriedade mobiliária)”.
Karl Marx – A Ideologia Alemã
Marx afirma que o aparelho jurídico do Estado, nesse tipo de sociedade, tem como objetivos:
Organizar e justificar a dominação da burguesia sobre o proletariado;
Favorecer os negócios da classe dominante.
Dessa forma, para Marx, não existe Estado representativo do conjunto da sociedade. Seu papel é o representante dos interesses da burguesia.
EXEMPLO:
Martin Luther King trata-se da dominação carismática, baseada nas qualidades extraordinárias de um indivíduo legitimadas pelo grupo social que reconhece essa dominação.
AULA 05
Contexto histórico da formação da sociologia e da antropologia.
Revolução Industrial e neocolonialismo:
O Iluminismo foi um movimento intelectual que surgiu durante o século XVII na Europa, e pregava maior liberdade econômica e política. Foi apoiado pela burguesia, pois os pensadores e os burgueses tinham interesses comuns. Consistia em críticas ao Antigo Regime:
“Defendia a liberdade econômica, ou seja, a economia sem a intervenção do Estado; o avanço da ciência e da razão e o predomínio da burguesia e seus ideias”. No século XVIII, esta nova corrente de pensamento começou a tomar conta da Europa, defendendo novas formas de conceber o mundo, a sociedade e as instituições.
“Tratou de aspectos filosóficos, políticos, sociais, econômicos e culturais. Este defendia o uso da razão como o melhor caminho para alcançar a liberdade, a autonomia e a emancipação."
Vários aspectos do Iluminismo preparam o surgimento das Ciências Sociais no século XIX. Este foi o fundamento filosófico da criação do Estado burguês, tal como foi promovido pela Revolução Francesa e pela Revolução Industrial. Essas revoluções formaram a base do Estado moderno. O desenvolvimento do pensamento científico propiciou a Revolução Industrial. Esta foi a transição para novos processos de manufaturas no final do século XVIII, primeiramente na Inglaterra.
No século XIX, a indústria cresceu e o capital financeiro se fortaleceu. O que desencadeou crises de superprodução, pois a produção não era acompanhada pelo consumo. A solução seria crescer para fora do continente europeu, o que foi denominado neocolonialismo ou imperialismo do século XIX.
Veremos a seguir como neocolonialismo se expandiu pelo mundo.
O Cientificismo:
Darwinismo Social:
Se o pensamento racional e científico parecia válido para explicar a natureza, intervir sobre ela e transformá-la, este poderia explicar também a sociedade vista como um elemento da natureza. O Darwinismo Social explica a sociedade como se ela fosse um objeto de estudo da natureza. O determinismo biológico e o determinismo geográfico foram explicações comumente utilizadas sobre a capacidade de cada individuo e cada sociedade.
Segundo o Darwinismo Social, as sociedades se modificam e se desenvolvem como os seres vivos. As transformações nas sociedades representam a passagem de um estágio inferior para outro superior, onde o organismo social se mostra mais evoluído, adaptado e complexo. Se na natureza a competição gera a sobrevivência do mais forte, também na sociedade favorece a sobrevivência de sociedade e indivíduos mais fortes e evoluídos.
As expressões: "luta pela existência" e "sobrevivência do mais apto", tomadas de Darwin, apoiaram o individualismo liberal e justificaram o lugar ocupado pelos bem-sucedidos nos negócios. Por outro lado, as sociedades foram divididas em raças superiores e inferiores, cabendo aos mais fortes dominar os mais fracos e, consequentemente, aos mais desenvolvidos levar o desenvolvimento aos não desenvolvidos. A civilização deveria ser levada a todos os homens.
Determinismo Biológico:
São as teorias que atribuem capacidades específicas inatas a "raças" ou a outros grupos humanos. Contudo, os antropólogos hoje em dia estão totalmente convencidos de que as diferenças genéticas não são determinantes das diferenças culturais.
Determinismo Geográfico:
É a teoria que considera que as diferenças do ambiente físico como o clima, a altitude, a umidade do ar, entre outras variáveis do meio ambiente condicionam a cultura local e as diferenças culturais.
Darwinismo Social no Brasil:
Conde de Gobineau:
O conde de Gobineau tornou-se embaixador da França no Brasil entre 1869 e 1870. Para ele, a mestiçagem criava um povo degenerado, porque não conservaria, nas suas veias, o mesmo sangue original. E as sucessivasmisturas teriam enfraquecido o seu valor. A apreciação das qualidades físicas ou morais dos brasileiros, para Gobineau, não poupava observações pejorativas. "A miscigenação havia resultado no Brasil em compleições raquíticas, que se nem sempre repugnantes, são sempre desagradáveis aos olhos".
A única relação que ele estabeleceu no Brasil foi com o D. Pedro II. A visão pessimista de Gobineau, em relação ao país, partia do pressuposto da inviabilidade de uma nação composta por raças mistas. As nações miscigenadas como o Brasil seriam instáveis, desequilibradas e decaídas. A degeneração, segundo ele, era inevitável e conduziria ao fim da existência do Brasil.
Nina Rodrigues:
No final do século XIX, muitos intelectuais e pensadores, tais como Nina Rodrigues e Sílvio Romero, acabaram por adotar a tese da existência de uma raça superior. Defendiam o branqueamento da população como uma forma de superar a mistura de "cores" que caracteriza o povo brasileiro. A aplicação prática dessa concepção traduziu-se no incentivo à imigração maciça de trabalhadores europeus: italianos, alemães, espanhóis, poloneses, ucranianos, que, ao longo do tempo, branqueariam a sociedade do país.
O evolucionismo social:
Os evolucionistas formaram a primeira escola antropológica, tendo como paradigma principal a sistematização do conhecimento acumulado sobre os "povos primitivos" e o predomínio do trabalho de gabinete.
A análise desses antropólogos era feita a partir dos relatos de viajantes e colonizadores que lhes chegavam às mãos.
Defendiam a ideia de que a história da Humanidade se dava através de um processo evolutivo que ia da selvageria à civilização, passando pela barbárie. Utilizavam o chamado método comparativo, em que tomavam como parâmetro a sociedade europeia do século XIX para descrever e classificar formas culturais de outros povos, em uma postura que, como vimos na aula 3, se mostrava extremamente etnocêntrica, tratando os povos não europeus como primitivos, exóticos e incivilizados.
O positivismo:
Augusto Comte
O positivismo foi uma diretriz filosófica criada por Augusto Comte na segunda metade do século XIX. O tema central de sua obra é a Lei dos Três Estados, em que ele divide a evolução histórica e cultural da humanidade em três fases, de acordo com seu desenvolvimento; a classificação e a hierarquização das ciências, da mais simples até a mais complexa, que pra ele a ordem é necessária ao progresso; e a reforma da sociedade, com mudanças intelectuais, morais e políticas destinadas, principalmente, a restabelecer a ordem na sociedade capitalista industrial.
A hostilidade dirigida ao pensamento tradicional foi especialmente forte em Comte, que negava a possibilidade do conhecimento metafísico, que ele considerava ser estagnante e uma forma de pesquisa desnecessária. Ele exigia uma "sociocracia" dirigida por cientistas para a unificação, conformidade e progresso de toda a humanidade. Logo, o positivismo redefiniu o propósito da filosofia, limitando-a à análise e definição da linguagem científica.
Comte devotou-se à sociologia, uma palavra que ele elaborou para descrever a ciência da sociedade. Ele acreditava que sua principal contribuição era a teoria de que a humanidade passou por três estágios de desenvolvimento intelectual:
Na sua classificação das ciências os critérios eram a generalidade de cada ciência e a crescente complexidade das mesmas. A origem da menos complexa a mais complexa estabelecida pelo autor foi: Matemática, Astronomia, Física, Química, Biologia. Ao criar a Sociologia, Comte criava a ciência mais Positiva.
Os traços mais marcantes do positivismo são, certamente, a excessiva valorização das ciências e dos métodos científicos, a exaltação do homem e suas capacidades e o otimismo em relação ao desenvolvimento e progresso da humanidade. 
Para reformar a sociedade, Comte propôs:
ATENÇÃO:
Esta corrente filosófica foi muito influente no pensamento brasileiro. O movimento republicano, o lema da bandeira brasileira "ordem e progresso", a primeira constituição republicana de 1891, as leis trabalhistas, o governo militar e o ensino brasileiro.
Leia a citação a seguir: 
Causar incômodos é intrínseco à verdade (O Globo, 2/5/2008).
O coordenador do curso de medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA) atribuiu aos alunos a responsabilidade pela nota baixa que o curso atingiu no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) de 2007. O curso integra a lista de 17 instituições do país que serão supervisionadas pelo Ministério da Educação (MEC).
Na opinião do coordenador, o professor Antonio Natalino Manta Dantas, o resultado ruim é por causa do “baixo QI [coeficiente de inteligência] dos alunos”.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo desta quarta-feira (30), Dantas, que é baiano, disse também que: 
“O baiano toca berimbau porque só tem uma corda. Se tivesse mais [cordas], não conseguiria”.
Procurado pelo G1, o coordenador reafirmou as declarações sobre o desempenho dos estudantes.
“O QI dos alunos de medicina é baixo sim. Como vou dizer que eles têm QI alto se eles foram mal em uma prova que o resto do Brasil foi bem? Que eu saiba, não houve boicote à prova do Enade. Então eles [os alunos] mesmos se submeteram à vergonha nacional”, diz o professor Dantas.
Questionado sobre quais medidas pretende tomar a partir de agora, o coordenador do curso foi enfático:
“O que a gente pode fazer para melhorar a capacidade cognitiva das pessoas? Não tenho como mudar a genética. A prova do Enade não foi ruim. Ruins são os nossos alunos”, diz o coordenador, que acrescenta que os estudantes do curso de direito da UFBA tiraram nota 5 (nota máxima) no Enade de 2006. “Realmente eu não entendo por que os alunos de medicina não conseguem esse desempenho”, diz.
Agora, responda: O coordenador do curso de medicina da UFBA estaria se inspirando nas concepções do Darwinismo social para explicar as diferenças cognitivas entre os estudantes? Justifique.
Sim, porque trabalha com a ideia de superioridade intelectual baseada em critérios biológicos, atribuindo à composição genética dos baianos uma suposta inferioridade intelectual.

Continue navegando