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Interesse Público e Social

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INTERESSE PÚBLICO E INTERESSE SOCIAL 
 
Maria Emília Naves Nunes 
Doutora em Direito Processual Civil 
Professora Adjunta da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais 
 
Jamais os moralistas conseguirão fazer 
compreender toda a influência que os 
sentimentos exercem sobre os interesses. Essa 
influência é tão poderosa como a dos interesses 
sobre os sentimentos. Todas as leis da natureza 
têm um duplo efeito, em sentido inverso um do 
outro. 
Honoré de Balzac, in 'Ilusões Perdidas’. 
SUMÁRIO - 1. Interesse - 2. Interesse e/ou Direito - 3. Interesse Público e Interesse 
Privado - 4. Interesse Público: administração do trabalho - 4. Interesse Público: 
administração do trabalho - 5. O Interesse Público e a Ética – 6. A Busca da 
Identificação do Interesse Público - 7. Interesse Público como oposto do Interesse 
Privado - 8. Interesse Público e Interesse Social - 9. Subjetivação do Interesse 
Social - 10. Interesse social, democracia e direitos fundamentais – Referências 
Bibliográficas. 
1 - Interesse 
Como todo trabalho científico precisa expor conceitos, 
urge, primeiro, que se demarque o sentido de interesse. Como afirma 
Agamben, [...] Na vida dos conceitos, há um momento em que eles perdem 
a sua inteligibilidade imediata e, como todo termo vazio, podem carregar-
se de sentidos contraditórios.[...]1. No seu significado semântico, interesse 
é o sentimento que nos leva a procurar aquilo que é necessário, agradável, 
aquilo que nos é útil, que nos importa. 
Carnelutti salienta que o conceito de interesse é 
fundamental tanto para o estudo do processo quanto para o do Direito2 . E 
tem razão, pois a força motriz do indivíduo e da sociedade é o interesse. 
Por ele, proclamam-se convicções e opiniões. Por ele, luta-se. Sua natureza, 
então, detona conseqüências sociais, expurga ou atrai malefícios. 
 
1AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua. Tradução de Henrique 
Burigo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002. p. 88. 
2
 CARNELUTTI, Francesco. Sistema de direito processual civil. Vol. I – traduzido por Hitomar 
Martins Oliveira – 1ªed. – São Paulo: Classic Book, 2000. 
Ihering nos traduz que o interesse é substantivado pela 
necessidade e utilidade de um determinado bem. Nosso interesse pode ser 
por um bem imóvel, móvel, ou espiritual, não corpóreo, como a vida, a 
liberdade, e a honra. Devidamente interessado por um bem, o indivíduo 
luta pelo direito a este, é este um dever consigo mesmo3. 
Quando se diz que uma coisa ou uma idéia é algo 
interessante, isto se traduz numa importância que atribuímos a esta. Assim, 
o interesse assoberbado em relação a algo pode se transformar em paixão, 
mas pode também denotar uma questão de sobrevivência. O alimento, por 
exemplo, é essencial para que não se deixe de ter vida. Independentemente 
de se viver em sociedade; tal necessidade se faz presente, o que nos leva a 
entender que o interesse vincula-se ao indivíduo. Por isso, Manoel Galdino 
diz que é Idéia alimentada na mente da pessoa que se interessa4 . 
Compartilhando bens com outros homens, os 
interesses de cada um dos indivíduos serão reavaliados, tomam outra 
dimensão. Desta forma, contextualizam-se o eu e os demais, fazendo surgir 
necessidades que serão presentes e mutáveis. A mutabilidade se exprime 
em razão da alteração da posição social do indivíduo e do caráter central da 
sociedade a que pertence, com os seus valores materiais e morais. O 
mesmo alimento pode ser disputado ou ter diferentes critérios de 
importância. Há aqueles que se contentam com o essencial e outros que 
transformam este essencial em iguarias diversas. Outra justificativa para a 
 
3
 Ihering em a “Luta pelo Direito”, no prefácio, salienta que a sua obra destina-se a criar uma 
disposição moral prática que conclama ou se torna uma força do Direito. Que não se espere 
por um efeito prático, lute-se por ele. Assim, a vida tem validade quando defendida. A paz é 
considerada o fim do Direito, mas o meio de conquistá-la é a luta. Para esta luta, como o 
Direito não é força bruta, a Justiça segura em uma das mãos a balança e na outra a espada. 
Portanto, a ordem jurídica deve conter instrumentos hábeis para atuarem a espada e a 
balança. IHERING, Rudolf Von. Luta pelo direito. 6ª edição. Rio de Janeiro: Editora Forense, 
1987. 
4
 PAIXÃO JÚNIOR, Manuel Galdino da. Teoria geral do processo. Belo Horizonte: Del Rey, 
2002, p. 153. 
mutabilidade advém da própria evolução do homem ou até de sua 
involução enquanto pessoa. 
Como característica individual, a necessidade 
confunde-se com o desejo, ou seja, tão forte pode ser um desejo que ele 
adquire grau de importância gerando necessidade que é o próprio interesse. 
Portanto, as necessidades e utilidades vinculam-se aos 
indivíduos e elas se fazem presentes em razão de um contexto, social ou 
pessoal. Como a sociedade é cada vez mais complexa, as necessidades 
crescem assustadoramente. 
Partindo deste raciocínio, a necessidade individual e a 
integração do ser social, entender-se-á, então, o conceito de Carnelutti 
sobre interesse: 
Interesse não significa um juízo, mas uma posição do homem, 
ou mais exatamente: a posição favorável à satisfação de uma 
necessidade. A posse do alimento ou do dinheiro é, antes de 
tudo, um interesse porque quem possui um ou outro está em 
condições de satisfazer a sua fome.”5. 
Sintetizando tais idéias, não há mesmo um juízo de 
valor no interesse. O liame abstrativo da necessidade foi valorado 
anteriormente e a importância de um bem, corpóreo ou não, foi o que se 
substantivou na necessidade e no interesse. Isto não significa dizer que não 
se possam colocar os interesses em ordem valorada. É essa ordem de 
valoração que levará o indivíduo a defender o interesse ou a deixá-lo no 
plano da mera expectativa. 
Manuel Galdino explica que, se um mesmo sentimento 
em relação a um bem em um só momento [...] estiver presente na 
imaginação de outra pessoa, potencialmente, surgirá um conflito. Portanto, 
pode haver interesses divergentes sobre um mesmo bem e isto não resultar 
em conflito6. 
 
5
 CARNELUTTI, op. cit.. p. 55. 
6
 PAIXÂO JÚNIOR, op. Cit.. 153-154 
 
2. Interesse e/ou Direito 
Chiovenda7 afirma que o interesse é um bem não 
garantido pela vontade concreta da lei e que deve ser lícito e o Direito é o 
que será apurado como vontade concreta da lei. 
Ao discorrer sobre o tema interesse, Maciel Júnior8 
lembra a lição de Ihering que define os direitos como interesses 
juridicamente protegidos e de que estes, vistos sob o prisma de 
concretização pela norma, se tornam garantias. Aliás, tanto Ihering quanto 
Josserand reconhecem que [,...] o princípio da finalidade é que rege toda a 
construção jurídica, tem caráter eminentemente funcional”9. 
Pode haver interesse considerável de um indivíduo a 
reclamar proteção e, no entanto, encontrar óbice em razão da proibição do 
ordenamento jurídico. Seria o caso, por exemplo, da concessão de um 
divórcio antes da existência da norma legal que permitisse esse novo estado 
civil. Ora, o indivíduo, conforme sua necessidade, irá buscar proteção 
jurídica para seu interesse e pode ser que este já tenha resguardo na ordem 
jurídica através da norma ou, se ainda não o tiver e não for contrário ao 
ordenamento, poderá obter a proteção do interesse por tutela jurisdicional. 
O significado do Direito tem uma conotação 
semântica e social maior do que o do interesse. A análise da existência do 
interesse percorre o campo da necessidade e da utilidade, enquanto o 
direito se insere em dado como [...] uma figura deôntica, que tem um 
sentido preciso somente na linguagem normativa10. 
 
7CHIOVENDA, Giuseppe. Instituições de direito processual civil. Vol. 1 – Campinas: 
Bookseller, 2000, p.28 -45 
8
 MACIEL, Vicente. Teoria geral do direito coletivo. Revista eletrônica da Faculdade Mineira de 
Direito – Pucminas www.pucminas.br - data de acesso: 06/02/2005 
9
 VILHENA, Paulo Ermírio Ribeiro. Direito público e direito privado – Belo Horizonte: Del Rey, 
2ª ed., 1996, p. 29. 
10
 BOBBIO, Norberto A era dos direitos ; tradução de Carlos Nelson Coutinho – Rio de Janeiro: 
Campus, 1992, p.8. 
Também não se pode pretender completa previsão 
legal, mas a existência de um sistema dedutivo, do contrário: 
Seria necessário: uma rigorosa axiomatização de todo o direito, 
unida a uma estrita proibição de interpretação dentro do 
sistema, o que se alcançaria de um modo mais completo 
mediante o cálculo; alguns preceitos de interpretação dos fatos 
orientados rigorosa e exclusivamente para o sistema jurídico(ou 
cálculo jurídico); não impedir a admissibilidade das decisões 
non liquet; conseguir uma ininterrupta intervenção do 
legislador que trabalhe com uma exatidão sistemática(ou 
calculadora) para tornar solúveis os novos casos que surgem 
como insolúveis, sem perturbar a perfeição lógica do 
sistema(ou cálculo)111213. 
Telles Júnior explica a diferença entre o interesse e o 
direito definindo que o interesse é o objeto do direito, ou seja, [....] aquilo 
que interessa – utilidades, vantagens, proveitos – não são direitos, mas 
 
11
 VIEHWEG, Theodor. Tópica e jurisprudência. Tradução de Tércio Sampaio – Brasília: Editora 
Universidade de Brasília, 1979, p. 84. 
12
 “Parece-nos que o pensamento ou estilo tópico “convive” com um sistema dedutivo, mas não 
ocupa o mesmo espaço; ou melhor dizendo, resolve problemas de diferente feição. Viehweg 
diz que a tópica no seu aspecto mais importante, constitui uma técnica de pensamento, 
orientada para o problema , ou seja, uma técnica de pensamento problemático. Esta técnica 
de pensamento difere do modo de pensar sistemático, em que o pensamento deriva do todo, 
admitida a validade das regras postas pelo sistema, sendo desnecessário cogitar da 
perquirição de um ponto de vista, o qual emerge sempre do sistema mesmo. Para a forma 
tópica de pensar há um catálogo de idéias a serem cogitadas, designadas por Viehweg de 
catálogo de topói. Ademais, consigne-se que o próprio Viehweg - o qual reviveu este modo 
de pensar -, que não é ele incompatível com o método sistemático, (a dogmática tradicional) 
na medida em que , a partir de um catálogo topói, se fique habilitado a deduzir. 
 Outro especialista, Michel Villey, observa que o método jurídico da controvérsia deve ser 
distinguido do da dialética, propriamente dita, representativa esta de um instrumento de 
busca da “verdade”; realiza-se a “verdadeira “ dialética, ao lado da consideração dos topói, 
pela colocação sucessiva de questões até encontrar uma solução que satisfaça à razão. 
 Na tópica, parte-se de um problema, e, a partir do problema posto, erigem-se as indagações, 
com vistas a resolvê-lo. Nesta linha de idéias, o raciocínio mais adequado à identificação das 
hipóteses que constituam questões constitucionais dotadas de repercussão geral, pelo 
menos antes da formação de um quadro ensejador de uma visão mais acabada, ou, se 
delinear esse quadro, a questão dele ainda não constar; será chamado de raciocínio “tópico” 
– pois a partir desse quadro, onde existam enunciados, identificadores dos casos já tidos 
como portadores de repercussão geral, nestas hipóteses, e, no que proporcionam elas, 
enquanto paradigmas, haver-se-á de operar mercê de dedução a partir desses enunciados, 
acolher recursos extraordinários que se contraponham a esses.” ALVIM, José Manoel Arruda. 
A EC n. 45 e o instituto da repercussão geral - in Reforma do judiciário: primeiras reflexões 
sobre a EC n. 45/2004 – São Paulo: Revistas dos Tribunais, p. 77. 
13
 WARAT, Luis Alberto.l O direito e sua linguagem. 2ªed. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris 
Editor, 1995, p. 97 – Na esfera da dogmática jurídica, os tópicos podem ser equiparados aos 
princípios gerais do direito, que funcionam com um valor de troca determinado pelo contexto 
de aplicação. O direito é, desta forma, um pensamento por princípios, em torno dos quais se 
ordena todo particularimso das regras e dos atos concretos. 
objetos de direito. São bens. São objetos ou bens de que se utilizam as 
pessoas que tiverem o direito de fazê-lo “ 14. 
Perceptível pelas diversas colocações que o interesse 
pode, em relação ao direito, ser considerado primário. Estaria o direito, 
desta forma, mais vinculado à aferição de validade do interesse e, às vezes, 
significando positivação. 
3. Interesse Público e Interesse Privado 
 
Devendo ser o interesse ponto primordial, de grande 
valia será a identificação de quando este é público ou privado, sendo certo 
que nem sempre tiveram uma mesma conceituação ao longo de nossa 
história. 
Segundo as proposições de Niemeyer15, em Platão e 
Aristóteles se percebe a distinção entre o interesse público e o interesse 
privado pela seguinte proposição: o interesse público estaria vinculado ao 
elemento racional da alma e na natureza divina que tem; quando há o 
interesse público estamos diante do logos (parte racional da alma) e que, 
através de participação, transcende e possibilita que os homens vivam 
juntos, em paz e na amizade. No entanto, quando os homens são guiados 
pela concupiscência e pela paixão, que é o elemento apetitivo da alma, 
ocorre a necessidade do homem na exclusividade que em nada contribui 
para a vida em comunidade, ainda que seja mister a sua existência para a 
auto-preservação. Neste diapasão, o interesse privado tem a tendência de 
desorientar e perverter a vida humana. Platão e Aristóteles também 
acrescentam que, por este apetite, os homens são incitados a produzirem os 
bens materiais, que estão em relação direta com a utilidade individual e não 
 
14
 TELLES JUNIOR, Godofredo. Iniciação na ciência do direito. São Paulo: Saraiva 2ed. , 2002, 
p. 264. 
15
 NIEMEYER, Gerhart.O interesse público e o interesse privado in O interesse público - 
Editado por Carl J. Friedrich - Tradução de Edílson Alkmin Cunha: Rio de Janeiro: Edições O 
Cruzeiro, 1967, p. 14 
com o bem comum. Este ciclo produtivo de riquezas materiais vai gerar 
uma interdependência econômica que gera a necessidade de ordem pública. 
O comércio, a vida econômica é uma atividade de energia apetitiva da alma 
e os bens são mantidos privatisticamente, propriedade privada. 
Portanto, na mantença da ordem pública, os Guardiões 
da República devem ter a posse dos bens comuns para se manter uma 
ordem filosófica de comunidade. Entre estes guardiões não é permitida a 
propriedade privada e, assim, podem se dedicar totalmente aos bens 
públicos. De tudo isso, poder-se-á concluir que, nesta perspectiva, o 
interesse público vincula-se à ordem racional da justiça (diké) e é guiado 
pela consciência racional (noesis), podendo ser denominado dikaio-noesis. 
O interesse privado é responsável pela atividade econômica em razão das 
forças apetitivas. 
A visão grega do destino do homem está ligada à 
estrutura política. Com o cristianismo, o eixo é modificado, passando o 
destino do homem a ser a salvação individual de sua alma, não podendo ser 
encontrado no político ou no público. Somente a Cidade de Deus é o 
supremo bem comum. Então, o governo dos homens é limitado pelo Poder 
Supremo, uma lei natural. O interesse individual é, então, consagrado como 
um fundamento de ordem e uma relação de cada um com Deus. Assim, as 
normas morais regulariam as atividades econômicas privadas e os 
governantes deveriam sempre demonstrar penitência pessoal. Nesta híbrida 
mistura, o interesseindividual pela salvação soma-se ao interesse da ordem 
pública. É nesta justificativa que a Inquisição se insere, sendo o seu 
objetivo a salvação da alma humana. Para São Tomás de Aquino e Santo 
Agostinho, o governo tem como dever buscar a paz, a defesa e, sobretudo, 
considerar como interesse público a salvação da alma. Para lograr 
resultados, o essencial é a conversão; o governo se compromete com a 
natureza transcendental do homem e suas leis são advindas de uma 
legitimação natural e divina. A participação não é do indivíduo no político, 
mas do governo como meio de induzir o indivíduo a caminhar para sua 
salvação. 
Em Locke16, retorna-se ao conceito de comunidade 
política posto por Platão e Aristóteles. A sociedade civil busca a utilidade 
privada e o que une os homens é a comunidade de bens. O consentimento 
comum inseriu o senso de justiça que será empregado na utilização dos 
bens por acordos públicos. A lei natural17 em Locke é a soma dos 
interesses privados. Assim, o cerne da questão pública está em se encontrar 
um acordo público que garanta as satisfações individuais. Não estamos 
mais na Justiça de Aristóteles, mas numa legalidade calculável, 
manobrável, ou regras do jogo18. 
Contribuindo com as idéias de Locke, Adam Smith19 
vai imputar ao governo a função auto-reguladora para harmonizar as 
atividades apetitivas do indivíduo, “Mão Invisível”, governo bom e 
economia suficiente. Não há participação do indivíduo, seus interesses 
individuais estarão limitados e regulados por esta “Mão invisível”. Stuart 
Mill20 afasta essa mão e coloca a liberdade como cerne; não há limitações, 
e sim, conveniências que devem ser observadas. O conceito de interesse 
 
16
 AZAMBUJA, op. Cit.. P. 60 - Sobre Locke: Preconiza a democracia como a melhor forma de 
governo e só admite a monarquia desde que o rei não tenha faculdade de fazer as leis, que 
devem ser elaboradas pelos representantes eleitos do povo. O Poder Legislativo é órgão 
supremo do estado, mas tem poderes limitados pelos direitos naturais dos cidadãos, que 
podem dissolver o Parlamento e devem resistir às autoridades tirânicas. A base do governo, 
diz Locke, é o consentimento dos cidadãos. 
17
 NIEMEYER, Gerhart, op. cit.. p. 18. 
18
 NIEMEYER, Gerhart, op. cit.. p. 18. 
19
 Adam Smith nasceu em 1723, era escocês e filho de uma família de classe alta.Segundo 
este autor, o valor de um bem é medido pela quantidade de trabalho e daí desenvolve a sua 
teoria econômica nas trocas e na produção. O Estado neste modelo deveria intervir para 
construir uma racionalidade econômica, identificando os interesses individuais e destes 
entendendo os sociais.SMITH, Adam - A Riqueza das Nações: investigação sobre a natureza 
e suas causas – introdução de Edwin Cannan; apresentação de Winston Fritsh, tradução de 
Luiz João Baraúna – São Paulo: Nova Cultural, 1985. 
20
 Suart Mill era inglês e dedicou-se às idéias empíricas -. Conhecido por defender o 
utilitarismo, que significa que nossas ações devem ter por fim último a felicidade de um 
número maior de pessoas. MILL, Stuart. Sobre a liberdade. Petrópolis. Vozes. 1991. 
público vincula-se em obter condições de bem estar, ou hedononomia 
(hedoné – prazer e nomos – regra, governo) como dito por Niemeyer21. Há 
nesta visão um socialismo impregnado da concepção de utilidade privada 
e da satisfação do consumidor. 
Já no Estado Moderno, em razão da universalização 
do sufrágio, que garantiu a inserção das mais variadas classes sociais no 
panorama político, o interesse público vai seguir a classe dominante que 
lograr êxito nas eleições, ter-se-á uma “fragmentação de interesses”, como 
informa Marçal Justen22. 
4. Interesse público: administração do trabalho 
Anteriormente se afirmou que o interesse público teria 
diferentes conotações na história. Muito vinculada à questão da 
acumulação de bens, a teoria de Marx se dirige à origem desta para colher o 
interesse público e, assim: 
O proletariado se valerá do poder político para ir despojando 
gradualmente a burguesia de todo o capital, de todos os instrumentos 
de produção, centralizando-os em mãos do estado, isto é, do 
proletariado organizado como classe dominante e procurando 
aumentar por todos os meios e com maior rapidez as forças 
produtivas. 
A violência é parteira de toda sociedade que traz em suas entranhas 
outra nova23. 
Diversa é a contribuição posta por Marx24, para quem 
a produção privada não pode ser entendida como um assunto privado. Ao 
 
21
 NIEMEYER, Gerhart, op. cit.. p. 21. 
22
 JUSTEN FILHO, Marçal. Conceito de interesse público e personalização do direito 
administrativo. Disponível em: wwww.justenfilho.com.br. data de acesso: 08/07/2006. 
23
 MARX , Kal. - O capital p. 791 
24
 LOWY, Michael. Método dialético e teoria política. Tradução de Reginaldo Di Piero – 2º ed – 
Rio de Janeiro: Paz e Terra ,1978, p . 69 - O autor faz a seguinte leitura da obra de Marx: O 
capitalismo produz não somente a miséria física do proletariado mas também a sua 
escravidão, sua ignorância, seu embrutecimento e sua degradação moral. Ele lhe rouba o 
tempo necessário à educação, ao desenvolvimento intelectual, às relações sociais. Pela 
divisão manufatureira do trabalho ele divide o homem, estropia o trabalhador sacrificando 
suas capacidades múltiplas, mutila-o a ponto de reduzi-lo a uma parcela de si mesmo;”dividir 
um homem, é executá-lo, se ele mereceu uma sentença de morte: é assassiná-lo, se ele não 
a mereceu. A divisão do trabalho é o assassinato de um povo. O capital provoca a 
degradação das relações familiares transformando os pais em mercadores de seus próprios 
filhos. Enfim, ele transforma o operário em engrenagem da máquina e em escravo 
assalariado, submetido ao despotismo mesquinho dos proprietários. 
invés de a razão ser o homem, como posto por Aristóteles, o trabalho é que 
é o homem e é através deste que ele realiza seus objetivos de vida e suas 
relações com a natureza imanente. Por conseguinte, se o trabalho for 
enfeixado na propriedade privada, esta forma privatística termina por 
separar o homem do homem. O ponto nodal é a transcendência da 
propriedade privada, voltando o homem ao seu modo social de existência. 
A ordem, portanto, será baseada na ordem do trabalho coletivo e de suas 
ocorrências. Para Marx, o interesse público é notadamente que as 
condições de trabalho estejam socializadas, sendo, então, a sua matiz a 
administração do trabalho. Sua visão de socialismo está vinculada ao 
trabalho público. Não é a satisfação da necessidade individual a finalidade 
da atividade pública, mas de alguma forma deve estar prevista no processo. 
Lenin25 traz para as idéias do marxismo a necessidade 
da luta. O interesse público deve estar voltado para a mutação do falso para 
um mundo real futuro. Tal luta deve ser conjunta e assumida pelo governo 
de forma partidária; seria a polemonomia(polemos – luta / nomos – norma 
–governo). 
A existência do acesso aos meios de produção deve 
ser vista como interesse público, garantindo que o homem, através do 
trabalho, possa acumular, para si e não para outrem, os bens materiais. A 
 
25
 LOWY, op. Cit.. P. 139 – Lenin, liberto do limite imposto pelo esquema pré-dialético – a 
passagem para o socialismo é objetivamente irrealizável – se ocupa agora das condições 
político-sociais reais para assegurar “passos para o socialismo”. Assim, no seu discurso no 
VII Congresso do Partido Bolchevique(24-29 de abril), ele coloca o problema de uma forma 
realista e concreta: “é necessário falar de atos e de medidas práticas... não podemos ser 
partidários de introduzir o socialismo. A maioria da população na Rússia é formada por 
camponeses, de pequenos proprietáriosque não podem de nenhuma maneira desejar o 
socialismo. Mas que poderiam contrapor à criação em cada cidade, de um banco que lhes 
permitiria melhorar a sua exploração? Eles nada podem dizer contra. Devemos preconizar 
essas medidas práticas entre os países e fortalecer neles a consciência dessa necessidade”. 
Introduzir o socialismo significa, neste contexto, a imposição imediata da socialização total, 
por cima, contra a vontade da maioria da população. Lênin, em compensação, se propõe a 
obter o apoio das massas camponesas para algumas medidas concretas, de caráter 
objetivamente socialista, tomadas pelo poder soviético(com hegemonia proletária). Com 
algumas nuances, essa concepção defendida desde 1905 por Trotsky: “ a ditadura do 
proletariado apoiada pelo campesinato” que efetua a passagem ininterrupta da revolução 
democrática à revolução socialista. 
privatização dos meios de produção é contrária ao interesse público. É 
dever do Estado, em nome do interesse público, buscar a publicização dos 
meios de produção e daí haverá uma sociedade de iguais, sem disparidades 
no acúmulo de bens. 
5. O Interesse Público e a Ética 
Na abstração do que seria o interesse público, os 
dirigentes, ou qualquer daqueles que tenha poder de decisão, concretizarão 
por suas ações o que será entendido por interesse público, já que no 
desempenho de suas atribuições estarão agindo como o Estado. Não se 
pode olvidar, neste exercício do abstrato para o concreto, a valia da éticaem 
que se pautaram as diretivas.26 
Griffith27 explica que, na visão de Bentley, o interesse 
público é algo que não existe. As decisões são sempre proferidas para 
atender a grupos sociais e são, de qualquer forma, impingidas. 
Griffith28 considera que são tão amplas as 
possibilidades de se conceituar o interesse público, que ele pode ser tido 
como sinônimo de bem-estar-geral. O que, em verdade, representa uma 
categoria mais ampla, no qual o interesse público estaria incluído nas 
sociedades pluralistas, nas ações ou atividades governamentais. 
 
26
 “A definição do interesse público, portanto, implica uma decisão estatal envolvendo um certo 
grau de discricionariedade, com a escolha de um entre vários interesses concorrentes. Essa 
tarefa, em muitas ocasiões, é realizada pelo Judiciário, como ocorre na adjudicação de 
interesses difusos e coletivos. O problema, no entanto, reside exatamente nos limites da 
discricionariedade dessa decisão, sob pena de, sem um núcleo mínimo de significado, o 
interesse público ter como único critério a competência da autoridade que a proferiu. Sob 
uma perspectiva exclusivamente processual, o interesse público não se diferencia do ato da 
autoridade competente, sem qualquer importância para qual seja seu conteúdo.”SUNDFELD, 
Carlos Ari. Direito processual público: a fazenda pública em juízo. São Paulo: Malheiros, 
2000, p. 52. 
27
 GRIFFITH, Ernest S. Os fundamentos éticos do interesse público. in Interesse Público – 
Editado por Carl J. Friedrich - Tradução de Edílson Alkmin Cunha: Rio de Janeiro: Edições O 
Cruzeiro, 1967, p. 25. 
28
 GRIFFITH, op. cit.. p.26 
Nestes termos, para Griffith29 é necessário que se 
verifique se estas ações se pautam pela ética ou não. Na opinião do autor, o 
positivismo jurídico inseriu-se na ciência social e concretizou a idéia de 
que este interesse público está no caráter processual legítimo, e se escudam 
nisto os juristas e políticos para afirmarem como atributo dos atos 
governamentais a constitucionalidade. De outro lado, segundo Griffith, os 
economistas deram o caráter de livre escolha ao interesse público e as 
ações governamentais devem ser pautadas nestas escolhas. Enquanto 
interesses e enquanto públicos, a concepção dos economistas se aproxima 
mais do conteúdo funcional do que seria público e do que seria interesse. 
Prossegue Griffith30 em sua análise e diz que a 
sociologia vai diagnosticar o interesse público nos costumes sociais que 
estejam em vigor, havendo uma relativização ética. Não há como 
padronizar este interesse público. Também ele não pode ser padronizado 
dentro de uma mesma sociedade, já que ela é constituída de vários grupos 
nos quais os costumes são diferentes. O tempo e a evolução social darão 
aos costumes mutabilidade, o que significa mais um complicador para a 
definição do interesse público. Contudo, a identificação deste valor – o 
costume – já é de grande valia, ainda que ele seja relativo e não absoluto. 
Portanto, na conclusão de Griffith, os juristas 
apresentam um aspecto meramente positivista e formalista; os economistas, 
a visão atomista de preferências pessoais; e, por fim, os sociólogos trazem 
as questões relativistas e efêmeras. 
Após estas preliminares, cabe a verificação da ética 
neste interesse público e de qual ética se fala. No jusnaturalismo31, a ética 
do interesse público residirá na existência da natureza biológica, 
 
29
 GRIFFITH, op. cit.. p.26 
30
 GRIFFITH, op. cit.. p.29 
 
31
 GRIFFITH, Ernest S. op. cit.. 28 e 29.. 
 
psicológica e social do homem, inserida como fim da norma e não como 
meio. Para os comunistas partidários, a ética é dogmática e não discutida, o 
maior objetivo é o que deve ser alcançado: o triunfo do proletariado. 
No cristianismo32, a ética se vê pautada pela 
submissão da hierarquia das demais normas ao amor ao próximo, bem 
absoluto. E como valores subsidiários que objetivam o bem-estar-geral: o 
respeito pela personalidade, os objetivos humanos do poder, a integridade 
na discussão, o ponto de vista funcional da atividade, o comportamento 
responsável e a obrigação de servir. Por este viés, a ética cristã será medida 
pela intenção e isto depaupera as considerações das conseqüências dos atos. 
Pela visão apresentada por Griffith, já que os 
economistas consideram o interesse público como a busca de melhores 
resultados por uma opção entre escolhas, eles imprimem na ética a resposta 
finalística, de resultados, considerando este mais importante que os 
motivos. O melhor resultado, quando obtido, será, portanto, a ética, pois a 
conseqüência natural é o bem-geral. 
Na mesma linha de raciocínio finalista está a 
conceituação de interesse público dada por Jeremias Bentham33 na 
formulação da doutrina política utilitarista34, concebida sob o argumento de 
que a escolha da maioria é, conseqüentemente ou correspondentemente, 
ligada ao bem geral, ao interesse público. 
Na teoria marxista, em conjugação com Lênin, a ética 
vai ser gerada dentro da hierarquia partidária, seguir-se-á uma linha do 
partido e, neste sentido, dogmática, como já afirmado. 
 Para se obter ou atingir o interesse público sob a 
ótica da ética cristã, é necessário que se desenvolva uma sociedade em que 
 
32
 GRIFFITH, Ernest S. op. cit. 29. 
33
 GRIFFITH, Ernest S. op. cit.. 29. 
34
 O interesse da comunidade é idêntico ao valor encontrado na soma dos interesses de todos 
os membros da sociedade. 
os valores doutrinários possam realmente existir, sendo que a moralidade 
não pode ser imposta, já que é uma postura. Para tanto, desde a infância, o 
indivíduo estaria inserido em uma sociedade de ambiente sadio, no qual 
estejam garantidas: a alimentação, a educação, a possibilidade de 
desenvolvimento das aptidões artísticas e intelectuais, a proteção, a saúde. 
Crescendo o indivíduo em um ambiente assim, pode-se perquirir a 
responsabilidade dele para com a justiça social. 
Numa sociedade de valores éticos35, a liberdade é a 
pedra fundamental e os indivíduos serão motivados à busca do interesse 
público, não como intenção, mas como conseqüência. O discernimento 
para encontrar o interesse público gera a ação efetiva em busca da 
implementaçãode uma sociedade que se dirige ao bem geral. Será 
fundamental para o sucesso desta sociedade que[...] o público seja imbuído 
de interesse público36. 
6. A Busca da Identificação do Interesse Público 
Ao distinguir o interesse público do privado, Minor37 
se apóia no critério da conseqüência do comportamento dos representantes 
do povo. Os interesses objetivam, num primeiro momento, atingir 
conseqüências diretas que são a existência de ações de políticas públicas. 
Mas quando estas conseqüências não podem ser controladas e verificadas 
diretamente, elas se transformam, então, em conseqüências indiretas que 
 
35
 Para se conceituar os valores éticos de uma sociedade, entendo estes como uma virtude 
cívica, busca-se o apoio de Catherine Audard que sintetiza as quatro condições para 
existência de virtudes cívicas descritas por Rawls :” 1) possuir uma “sensibilidade” moral e 
desejar cooperar com os outros, se as bases desta cooperação forem eqüitativas; 2) aceitar 
as obrigações e as compulsões acarretadas por esta cooperação; 3)reconhecer a 
necessidade da liberdade de pensamento e de consciência, em virtude das dificuldades da 
razão(burdens of reason); 4)reconhecer que um outro indivíduo, ainda que defenda opinião 
diferente, em conformidade com o fato do pluralismo, sua posição é igualmente 
razoável.AUDARD, Catherine. Ética pública, moral privada e cidadania. In MERLE, Jean-
Cristophe; MOREIRA, Luiz. (Org.) Direito e legitimidade. São Paulo: Landy, 2003.p. 261. 
36
 GRIFFITH, Ernest S. op. cit.. 31 
37
 MINOR, Willian S. O interesse e o supremo compromisso . in O interesse público – Editado 
por Carl J. Friedrich - Tradução de Edílson Alkmin Cunha: Rio de Janeiro: Edições O 
Cruzeiro, 1967, p. 38. 
terão somente aspecto político, no qual há vários grupos e multiplicidades 
de interesses atendidos e que ocuparão o espaço que medeia o povo e o 
governo, [....] as máquinas políticas urbanas, as sociedades econômicas, os 
conluios comerciais e militares e outros grupos especiais . Para Minor38, é 
necessário encontrar o senso comum através da previsão das 
conseqüências, responsabilidade que caberá tanto ao povo, quanto aos seus 
representantes. 
Minor 39aponta que as sociedades constituídas não 
conseguem fazer prevalecer o interesse público e, que a maioria dos 
doutrinadores das ciências sociais, justificam que os grandes responsáveis 
pela não adoção de um público são a diversidade de grupos e a economia. 
Neste sentido, Minor40 apresenta cinco erros na tarefa do homem de 
encontrar o interesse público. 
O primeiro erro, na visão de Minor41, que pode ser 
constatado é a incapacidade de compreensão da formação de políticas 
públicas e de leis inteligentes. Ocorre que, no início, os representantes do 
povo tratam as suposições como arbitrárias e se esquecem da validação 
destas enquanto hipóteses que necessitam da confirmação por instrumentos 
de pesquisa e que transcorrem de forma sempre corretiva através desta 
análise. 
A distinção ente as hipóteses descritivas e as 
normativas seria o segundo erro apresentado por Minor42. São inúmeros os 
meios da pesquisa científica que poderiam contribuir para a descrição do 
que é público. Percebe-se que pouco se tem preocupado em descrevê-lo, 
em entender a natureza do público, limitando-se a sociedade a normalizá-
 
38
 MINOR, , Willian S . op. cit.. 39. 
39
 MINOR, , Willian S . op. cit.. 39. 
40
 MINOR, Willian S. – op. cit. p.41 a 53. 
41
 MINOR, Willian S. – op. cit. p.41 a 53. 
42
 MINOR, Willian S. – op. cit. p..41 a 53. 
 
lo; outrossim despreocupam-se com as conseqüências de suas 
implementações, ou seja, as ações ficam no plano abstrato e não irão prever 
os efeitos. 
O terceiro erro, como diz Minor43, situa-se na não 
existência de correlação das hipóteses descritivas e as normativas. Ocorre 
uma bifurcação entre as Ciências e a Filosofia. E somente uma filosofia, 
em todas as formações, poderia apontar para um caminho com maior 
propabilidade de sucesso na empreitada, incluindo-se o estudo da 
matemática, da lógica etc. Evitar-se-ia a busca de um fim transcendental 
desvinculada de seu contexto concreto. 
O apego aos princípios em sua conceituação 
propagada, o conceito que não mais se discute nem se investiga, que não se 
interpreta, é considerado como um quarto erro. Assim, se esquecida a sua 
interpretação enquanto instrumento, o interesse público se transforma em 
norma de valor concreto e não de valor abstrato, como deveria ser. Torna-
se dogma e desconsidera-se o processo histórico. O ordenamento jurídico 
pode, assim, se transformar em uma espécie de misticismo irracional, 
inviabilizando a crítica. É preciso que haja a interpretação do interesse 
público através dos princípios, e se estes forem [...] aceitos e usados como 
instrumentos aptos para orientar os indivíduos e as instituições, são 
chamados de políticas. A aceitação ulterior pelo costume, pela tradição e 
pelo processo legal transforma a política em leis.44 
O quinto e último erro, colocado por Minor45, está 
ligado à qualidade moral que está na intenção da lei. Não basta que a lei 
seja posta, mas é essencial a credibilidade do homem nela, o que se dá pelo 
senso emotivo do senso comum, significando que o comportamento 
humano é mais emotivo do que cognitivo. Desta forma, se a lei não 
 
43
 MINOR, Willian S. – op. cit. p.41 a 53. 
44
 MINOR, Willian S. – op. cit. p. 43. 
45
 MINOR, Willian S. – op. cit. p.45. 
contiver a informação moral, não será capaz de conduzir emocionalmente 
ao senso comum. 
Diante da tumultuada consideração do interesse 
público e da imperatividade de resguardá-lo, Minor explica que as 
sociedades fixam cinco recursos para tal finalidade. A punição é o 
primeiro deles, gastando os poderes públicos seus esforços para uma 
fiscalização voraz e autoritária. O segundo guia-se pela ilusão, 
apresentando ao povo um determinado interesse como público, pela 
transformação dele em objeto de propaganda. O engano não pode 
prevalecer por muito tempo, e, fatalmente, sem a devida comunicação de 
interesses, a falência do público é inevitável. A concessão, como terceiro 
recurso, traduz-se em verdadeiro perigo, mas diante do aumento da tensão, 
ela oferece uma saída. Aliada, ou como similar instrumento, está o quarto 
recurso, a barganha, válida só quando ocorrer igualdade entre as partes. Na 
expectativa de controlar o conflito de interesses, encontra-se a persuasão 
pessoal realizada por pessoas individuais, tornando-as ilegítimas para o 
papel de representantes do povo. Retóricos políticos. Também a persuasão 
social é utilizada na medida em que os canais que possibilitam a interação 
democrática refazem ou não escutam devidamente aquilo que se pode 
auferir da sociedade. E, por fim, tenta se instaurar um processo de 
neutralização, que não deixa emergir os conflitos existentes na sociedade. 
Portanto, considerando os erros e os recursos 
descritos, é possível concluir que há dificuldade na tarefa de identificar o 
interesse público, pois ele estará envolto em validades, das opções 
legislativas e de políticas públicas, e pressupostos que nem sempre serão 
reais. 
7. Interesse Público como oposto do Interesse Privado 
A teoria utilitarista de Jeremias Bentham, citada por 
Griffith, afirma que o resultado da soma dos interesses privados é o 
interesse público. No entanto, sob tal perspectiva, Pennock46 convida para 
uma reflexão sobre a inviabilidade desta consideração. 
Primeiramente, Pennock47 afirma que nem sempre está 
o interesse público confinado nos interesses daqueles a quem se dirigem, 
até mesmo por não terem uma consciência dele, ou seja, não haverá 
interesseonde existir alguém que não saiba da sua existência, que não sinta 
a necessidade. 
Quando se fala em interesse público, para Pennock48, 
tem-se em vista mais do atingir e beneficiar aqueles que hoje convivem na 
sociedade, pois objetiva-se alcançar também os que ainda nem nasceram, 
uma relação com a posteridade, com o futuro. 
E, também, considerá-lo como a somatória dos 
individuais, segundo Pennock, é esquecer que o gozo49 do interesse público 
não é restrito, enquanto os interesses privados podem sê-lo e só deixarão de 
sê-lo quando este mesmo gozo só for possível socialmente. Assim, deve ser 
o interesse público considerado como um estímulo para a consciência e a 
deliberação, o que afasta a mera percepção de somatória de interesses 
privados. 
Se este interesse público não pode, portanto, ser a 
somatória de todos os interesses privados. deve ser considerado como um 
receptáculo de padrões, ao qual se chega pela ponderação dos valores e 
das reivindicações dos interesses privados. Assim, há relação entre o 
interesse privado e o interesse público, sendo o primeiro subsídio e um dos 
fatores para se diagnosticar o segundo. 
 
46
 PENNOCK, J. Roland. A unidade e a multiplicidade: uma observação sobre o conceito – in 
Interesse público – Editado por Carl J. Friedrich - Tradução de Edílson Alkmin Cunha: Rio 
de Janeiro: Edições O Cruzeiro, 1967, p. 182 e 183. 
47
 PENNOCK, J. Roland. op. Cit.. p. 183 
48
 PENNOCK, J. Roland. op. Cit.. p. 183 
49
 A colocação de gozo pelo autor refere-se à satisfação da necessidade. Desta forma, o 
apetite por se ter bens, como colocado por Niemeyer na distinção de Platão e a satisfação da 
necessidade descrita por Iheringe por Carnelutti como uma força motriz, também ensejam 
essa mesma idéia deste gozar, de satisfazer-se. 
Mazzilli50 salienta que a clássica dicotomia, nos países 
de tradição romana, entre o interesse público e o interesse privado passa 
por sérias críticas. A primeira delas é no sentido de identificar o interesse 
público como possível de abarcar os interesses sociais; e, a segunda, pela 
classificação nova de uma categoria intermediária que os interesses não são 
propriamente estatais e nem meramente individuais. 
8. Interesse Público e Interesse Social 
Estado51 e Interesse são conceitos que tiveram, ao 
longo da história, uma relação muito próxima. Foi através da apropriação 
do conceito de interesse que o Estado construiu o seu sentido, ou seja, 
associou a sua existência à segurança de bem-estar de todos, do interesse 
geral. Tal raciocínio pode ser extraído do contrato social de Rousseau52 
quando afirma que [...] Enquanto vários homens reunidos se consideram 
com um só corpo, eles têm uma só vontade, que se refere à conservação 
comum e ao bem-estar geral. A crítica a esta teoria contratualista, sob a 
ótica marxista, reside na deterioração da sociedade por conflitos de 
interesses, devendo o Estado ser um garantidor do interesse colocado como 
o bem comum, essencialmente relacionado à produção de bens e, 
conseqüentemente, ao meio que é o trabalho. 
Após a Revolução Francesa, o conceito de interesse 
público abarcou a subjetivação ao Poder Estatal. Ocorre a separação da 
sociedade civil e do Estado, transformando-se os anseios sociais em uma 
 
50
 MAZZILLI, Hugo Nigro - A defesa dos interesses difusos em juízo - São Paulo: Saraiva 18 
ed., 2005. p. 46. 
51
 “A palavra Estado vem do latim status, que significa estar firme, em situação de permanente 
convivência. Aparece pela primeira vez em 1513, na obra O príncipe, de Maquiavel, usada na 
Itália sempre como referência a cidades independentes, como, por exemplo, Firenze, estando 
vinculada à idéia de política. 
Autores franceses, ingleses e alemães acabaram usando a palavra até para se referir a 
propriedades rurais, mas só no século XVI, quando passou a indicar sociedade política, é que 
começou a ser utilizada mais intensamente, adquirindo sentido próximo do atual. BRUNO, 
Reinaldo Moreira. Direito Administrativo. Belo Horizonte: Del Rey, 2005, p.3 
52
 ROUSSEAU, Jean Jacques. Do contrato social: princípios de direito político. Trad. J. Cretella 
Jr. Ages Cretella – São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, p. 31. 
questão política. Em período anterior, o interesse público era o próprio 
interesse do rei, justificado pelas monarquias absolutistas que concebiam a 
legitimação por desígnios de Deus. E, no Direito Romano, ser cidadão era 
uma glória, um atributo que não permitia a distinção entre o público e o 
privado. O interesse de Roma era o próprio interesse de seus cidadãos, o 
interesse da Justiça. 
É mister que se esclareça a conceituação de interesse 
público e a de interesse social, que não comportam, em sua gênese, a 
confusão com a própria personificação do Estado. A doutrina não aborda 
de forma exaustiva a questão. Porém, é certo que o interesse geral é o mais 
importante. Por vezes ele é tratado como social, em outras, como público. 
Mazzilli53 explica com propriedade que [...] hoje a expressão interesse 
púbico tornou-se equívoca, quando passou a ser utilizada para alcançar 
também os chamados interesses sociais, os interesses indisponíveis do 
indivíduo e da coletividade, e até os interesses coletivos, os interesses 
difusos etc. 
Então, diante desta falta de delimitação ou 
impossibilidade de realizar a distinção do interesse público estatal e o 
social, alguns autores, como Renato Alessi54, Carlos Alberto de Sales55, 
propõem a divisão do interesse público em primário e secundário. O 
interesse público primário engloba o bem geral. O interesse público 
secundário encarna o modus operandi que os órgãos da Administração 
imprimem na execução do interesse público. 
 
53
 MAZZILLI, Hugo Nigro.A defesa dos interesses difusos em juízo: meio ambiente, 
consumidor, patrimônio cultural, patrimônio público e outros interesses – São Paulo: Saraiva, 
2005, p. 46. 
54
 ALESSI, Renato. Sistema instituzionale Del diritto amministrativo italiano. 1960, p. 197-8. 
interesse público compreende o interesse público primário e o secundário: não há confundir o 
interesse do bem geral (interesse público primário) com o interesse da administração (interesse 
público secundário), pois este último é apenas o modo como os órgãos governamentais vêem 
o interesse público. 
55SALES, Carlos Alberto de. Legitimidade para Agir: Desenho processual da atuação do 
ministério público, in Ministério Público, Instituição e processo.Coordenador Antonio Augusto 
Mello de Camargo Ferraz, 2ª ed., Editora Atlas, p. 245. 
Na atualidade, o Estado também se sujeita à ordem 
jurídica e, sendo ente de personalidade jurídica, também tem necessidades. 
Eduardo Garcia de Enteria56 define bem o Estado nas democracias 
modernas, dizendo que ele não é mais o absolutista nem o meramente 
liberal, é o Estado de Direito, que se sujeita à lei e ao direito. Assim, o 
mesmo Estado que intervém é também o que se autolimita, ligando o seu 
poder a uma técnica de legalização. Ao pretender satisfazer as suas 
necessidades, esta pessoa jurídica de direito público pode encontrar óbice 
frente aos demais ou a um outro ente, quer de personalidade jurídica ou 
física. 
Alguns simplificam a questão na afirmativa de que o 
interesse do Estado é sempre o interesse público. Contudo, tal raciocínio 
desconsidera que a pessoa jurídica ganha vida pelas ações daqueles que a 
dirigem. Neste sentido, leciona Edgar Bodenheimer: 
É igualmente inadmissível igualar o bem comum ao interesse 
de um místico organismo coletivo, personalizado numa 
entidade independente. Uma vez que essa entidade só pode agir 
através de seres humanos, essa concepção de interesse público 
encontra as mesmas objeções quedevem ser reduzidas à 
condição discutida no parágrafo anterior. A grande maioria de 
indivíduos pensantes rejeitará indubitavelmente o ponto de 
vista segundo o qual o comando das autoridades dirigentes 
deva ser considerado como um reflexo automático do bem 
público 57. 
Slaibi Filho é mais contundente contextualizando a 
questão ao afirmar que [...] a congruência entre o interesse estatal foi 
corolário necessário no Estado Liberal de democracia representativa ou 
 
56
 ENTERIA, Eduardo Garcia de.Democracia, jueces y control de la administracion. 2ªed. 
Madrid: Civitas, 1996, p. 34-40. 
57
 BODENHEIMER, Edgar. Prolegômenos de uma teoria do interesse público. in Interesse 
público. Editado por Carl J. Friedrich - Tradução de Edílson Alkmin Cunha: Rio de Janeiro: 
Edições O Cruzeiro, 1967, p. 211. 
 
indireta[...].58 Na opinião do autor, o interesse público é o que é defendido 
pelo Estado e não o pertencente ao Estado. 
Considerando o texto legal, a dita sociedade brasileira, 
personificada juridicamente através da REPÚBLICA FEDERATIVA DO 
BRASIL, tem os objetivos elencados a cumprir e pelos quais existe. 
Enquanto esta existir, diferentes necessidades podem surgir para que se 
cumpra e satisfaça os objetivos a que se propôs. A importância das 
necessidades se afere pelo grau de comprometimento que elas enraízam na 
consecução dos objetivos, relevando-se ou não em importância. O resultado 
deste processo de aferição é o que se pode conceituar de interesse social. E 
como afirma John Rawls59 [....] o Estado deve ser entendido como a 
associação constituída por cidadãos iguais.[...]. Portanto, o interesse social 
não é o de uma classe, mas o que se dirige aos cidadãos igualitariamente 
considerados. 
Poder-se-ia dizer que toda pessoa jurídica, de direito 
público ou privado, é uma ficção legal60. Carneluttti adverte que nem seria 
ficção e, sim, uma organização formada pelo Direito e [...] não se deve 
confundir realidade com simplicidade: as coisas compostas são tão reais 
quanto as coisas simples, posto que real não é cada uma das partes e sim 
também a combinação de cada uma das partes no todo.[...]”61. No mesmo 
caminho, aponta Planiol62 “[...] a idéia de personalidade fictícia é 
concepção simples, mas superficial que oculta a persistência até o presente, 
da propriedade coletiva, ao lado da propriedade individual.” 
 
58SLAIBI FILHO, Nagib. O interesse como fundamento do direito. livro de Estudos Jurídicos/ 
coordenadores: James Tubenchlak e Ricardo Silva Bustamante, Rio de Janeiro: Instituto de 
Estudos jurídicos, 1991, p. 9. 
59
 RAWLS, John. Uma teoria da justiça. tradução de Almiro Piseta, Lenita M. R. Esteves- São 
Paulo: Martins Fontes, 2000, p. 230. 
60
 O Professor Edgar de Godoi da Mata Machado, em seu livro Elementos da Teoria Geral do 
Direito, aponta como seguidores de uma teoria da ficção Savigny, Ihering,Windscheid, entre 
outros.A teoria da realidade tem expoentes como Clóvis Bevilaqua, Schwarz - p 310-311. 
61
 CARNELUTTI , op. cit.. p.83 
62
 PLANIOL, Marcel Fernand .Tratado practico de derecho civil francês. Le mist – p. 58. 
Por arremate à questão, registre-se a lição do mestre 
CARNELUTTI63: 
Se houvesse unicamente necessidades que pudessem ser 
satisfeitas por meio de interesses individuais, cada homem 
poderia viver isolado dos demais. Mas a experiência mostra 
que não acontece assim, sobretudo se se considera a trama dos 
interesses imediatos com os mediatos, que permite apreciar 
imediatamente quão é limitada à série dos interesses 
estritamente individuais em comparação com as de 
necessidades fundamentais do homem, e quão limitada seria a 
satisfação das necessidades do homem se vivesse sozinho. A 
este propósito, as aventuras de Robinson Crusoé podem ser de 
útil lembrança. 
Exatamente, a existência de interesses coletivos explica a 
formação dos grupos sociais. Os indivíduos se agrupam, porque 
a satisfação de suas necessidades não pode ser obtida 
isoladamente com respeito a cada um. A determinação dos 
interesses coletivos é, portanto, função dos grupos sociais, que 
se constituem sem outro objeto que o desenvolver esses 
interesses. 
O interesse, portanto, pode ser coletivo, só a 
necessidade é individual. É a busca das necessidades que gera o interesse. 
A solução do conflito entre a prevalência do interesse 
público ou do interesse social, dentro de um Estado Democrático de 
Direito, se dará pela primazia do interesse social. Já não se vive na polis, 
não há súdito nem sonhador de uma revolução. Há cidadão e este quer o 
respeito à Constituição e aos DIREITOS FUNDAMENTAIS nela 
inseridos, os quais deverão sempre limitar o Estado. Têm sentido as 
palavras de Touraine quando diz que A democracia não reduz o ser 
humano a ser apenas um cidadão; reconhece-o como indivíduo livre que 
também faz parte de coletividades econômicas e culturais64. 
Importa é que se perquira se as intenções daqueles que 
são agentes do Estado, ao praticarem suas ações, tiveram por objeto as 
necessidades e utilidades advindas de uma função a que se propõe ou se 
foram embasadas em face de um atributo pessoal de seu(s) representante(s). 
Com uma análise da vinculação necessária entre os objetivos de um Estado 
 
63
 CARNELUTTI, Francesco op. cit.. P; 57 e 58 
64
 TOURAINE, Alan Alain.O que é democracia. Petrópolis: Vozes, 1996, p. 38. 
Democrático de Direito e verificação da atuação de seus órgãos, pode-se ter 
por conclusão um interesse social. Existindo somente uma necessidade 
privatística do órgão, sem um conteúdo social, haverá somente o interesse 
de um ente. Desvirtuando a atuação deste ente para atender ao interesse de 
seu representante, tem-se um interesse ilegítimo, ilegal, não resguardado, 
portanto, pela ordem jurídica. Tal interesse ilegítimo foi lastreado em um 
poder ilegítimo. Neste tema, Duguit leciona que: 
O Estado não é pessoa coletiva soberana, mas, muito 
simplesmente, uma sociedade na qual um dos vários indivíduos 
chamados governantes possui o poder político, isto é, um poder 
de coerção irresistível; o exercício deste poder é legítimo, se 
tende a realizar os deveres que se impõem aos governantes65. 
Os direitos do povo ou do corpo político não podem ser 
transferidos ou entregues ao Estado. De outra parte, enquanto o 
Estado representa o corpo político (nas relações exteriores 
destes com os outros corpos políticos) o Estado é uma entidade 
puramente abstrata que não é nem uma pessoa, nem um sujeito 
de direitos. Os direitos que lhe são atribuídos não são direitos 
que ele possua como próprios; são direitos do corpo político, ao 
qual se substitui idealmente esta entidade abstrata, e que é 
realmente representado pelos homens aos quais confiou o 
encargo dos negócios públicos e que são investidos de poderes 
específicos66. 
 
Na modernidade política, deseja-se um 
comprometimento social com a democracia, que, segundo Touraine, não se 
estabelece somente com a limitação a um poder estatal arbitrário e que não 
possui como gênese este Estado: 
Na modernidade política, devemos distinguir dois aspectos. Por 
um lado, o Estado de direito que limita o poder arbitrário do 
Estado, mas sobretudo ajuda-o a se constituir e enquadrar a 
vida social pela proclamação da unidade e coerência do sistema 
jurídico; esse Estado de direito não está necessariamente 
associado à democracia; pode combatê-la, tanto quanto 
favorecê-la. [....] A democracia não surge do Estado de direito, 
 
65
 Duguit. Lençons du droit public général, p. 140 et seq. Foi no seu velho L’Ètat, lê droit objectif 
et la loi positive, e na primeira página do livro que Duguit afirmou: “Queremos fazer, antesde 
tudo, obra negativa, mostrar que o Estado não é esta pessoa coletiva investida de um poder 
soberano, imaginado pelo espírito inventivo dos publicistas...”. Voltou incessantemente ao 
tema, em todas as suas obras posteriores (ef. Traité de droit constitucionnel, p. 345 et seg. t. 
1). 
66
 MACHADO, Edgar de Godoi Mata. Elementos da teoria geral do direito – Belo Horizonte: 
Editora UFMG. 4ª edição. p. 336. 
mas de apelo a princípios éticos- liberdade e justiça – em nome 
da maioria sem poder e contra os interesses dominantes 67. 
Leonel68, ao descrever o processo coletivo, estabelece 
a distinção entre interesse público e interesse social. Quando há interesse 
público primário, há interesse geral, social, de todos os membros da 
coletividade. O interesse público primário é, portanto, metaindividual. Na 
presença de interesse público secundário, encontraremos aquele que é 
inerente à Administração Pública, ao Estado, de sua titularidade, enquanto 
pessoa jurídica de direito público. 
Mancuso entende que, num sentido amplo, o interesse 
social é: 
[...] o que consulta à maioria da sociedade civil: o interesse que 
reflete o que esta sociedade entende por “bem comum”; o 
anseio de proteção à res publica; a tutela daqueles valores e 
bens mais elevados, os quais essa sociedade espontaneamente 
escolheu como sendo mais relevantes. Tomando-se o adjetivo 
“coletivo” num sentido amplo, poder-se-ia dizer que o interesse 
social equivale ao exercício coletivo dos interesses coletivos. 69 
Poder-se-ia dizer que o interesse público, em sua fiel 
acepção jurídica, seria composto pelos individuais indisponíveis e os gerais 
ou sociais. Contudo, eles se referem estritamente à sociedade e com isto, 
melhor técnica se afere do Constituinte por considerar o interesse social, 
atribuindo a sua guarda à Instituição do Ministério Público, termo que diz 
mais do que interesse público e é menos comprometido com os eventuais 
conteúdos semânticos de determinados momentos políticos, sociais e 
históricos. Este interesse social carrega o caráter de indisponibilidade e é 
indissociável do processo democrático, já que o seu objetivo é o bem 
comum. Além disto, os direitos fundamentais, que têm como espectro o 
indivíduo, não deixam de contextualizá-lo na sociedade. 
 
67
 TOURAINE, op. cit.. p. 36-37. 
68
 LEONEL, Ricardo de Barros. Manual do processo coletivo. São Paulo: Editora Revista dos 
Tribunais,2002, p. 90. 
69
 MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Interesses difusos – conceito e legitimação para agir. 5ª 
edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000, p. 27. 
Nítido está que a função ministerial não comporta a 
defesa do Estado enquanto pessoa jurídica de direito público, sendo que, 
até frente a este, deve opor-se para defender os interesses sociais, a ordem 
jurídica e o regime democrático. Além do que, lhe é vedado a consultoria 
jurídica e a representação de entidades públicas. 
Como bem coloca Marcio Túlio Viana, mesmo as 
piores ditaduras possuem constituições em que são inseridos os “mais belos 
princípios”, o que, no entanto, não elimina o risco de a legislação ordinária 
ou os órgãos administrativos se encarregarem de inviabilizá-los. Tomando 
por base a assertiva, concebe-se que a luta pela efetivação de tais princípios 
é a verdadeira defesa do interesse social. E conclama: 
É chegada a hora, portanto, de regrar a própria regra: o deve 
ser, que ela é, deve ser mais do que tem sido, baixando ao 
mundo dos desabrigados, dos despossuídos e dos envenenados 
de toda ordem: pelo ar e pelas águas, pelos barulhos e pelas 
comidas, pelas tristezas e pelas misérias.[...]70. 
Ninguém poderá se esquivar do compromisso com a 
cidadania. Esse compromisso toma agora a feição de responsabilidade com 
a própria sobrevivência e pela paz. Para cumpri-lo, é essencial que se 
façam críticas e constantemente se procure o sentido do interesse público 
adotado. 
Nesta sociedade, moderna ou pós-moderna, o Direito é 
o instrumento da luta e da conquista. Para J. Elias Dubard de Moura 
Rocha, poderá haver uma ineficiência da tutela jurisdicional dos interesses 
coletivos nos nossos tribunais: 
Se a iuris dictio brasileira negar-se a assumir a sua vocação 
conciliatória que a faz de “uma zona de mediação tensionada, 
não por exortação do devenir, mas sim, pela vocação que lhe é 
conferida pelo próprio sistema normativo da iusfundamentação 
– tão caros aos que fazem dos fóruns seu cotidiano de vida -, 
perderá, a iuris dictio, como vem perdendo, sua utilidade como 
zona de tensão mediada e, quando a justiça burocratizada perde 
 
70
 VIANA, Marcio Túlio. Para tornar efetivo o direito ambiental. artigo publicado na Revista do 
Ministério Público do Trabalho 3ª Região, vol, 3, 1999- Belo Horizonte: Procuradoria , p. 125 
e 126. 
a utilidade, a ordem é substituída pela anomia, e a barbárie 
sobrepõ-se à civilização. 
 
O cidadão brasileiro tem pressa. Pressa na satisfação de 
necessidades adjudicadas por declarações solenes de direitos. 
Até onde se aguardará não se sabe. O que se sabe, ou até onde 
se pode saber, é que a luta pelo reconhecimento deu lugar à 
“Era dos Direitos”, mas também à “Era dos Extremos” que 
irrompeu numa violência sem precedentes, não somente pelas 
crenças ideológicas e a tecnologia bélica, mas sobretudo, pela 
necessidade de se pretender conter o incontível processo 
dialético das liberações humanas.71 
 
Portanto, a atenção aos interesses sociais e a devida 
realização destes tornam-se emergentes e urgentes. É imperativo que as 
tensões provenientes de grupos, seus conflitos de interesses, sejam tratadas 
e devidamente consideradas. Ou então, como coloca Raffaele De Giorgi: É 
provável que, neste final de século, as idéias terminem tão cansadas 
quanto os homens que as viveram.72 
9. Subjetivação do interesse social 
A subjetivação do interesse social decorre da 
investigação de sua real sintonia com a sociedade. Por vezes, o sujeito do 
direito não é o evidenciado, torna-se mascarado e com isso perde a feição. 
No entanto, sempre que houver um interesse haverá um sujeito. 
Para Carnelutti73, o interesse, como já afirmado, não 
tem um significado valorado de alguma coisa; ele retrata uma posição, uma 
condição ideal de satisfação de uma necessidade. A titularidade do 
interesse fica clara, sua subjetividade. E [...] não há interesse sem 
interessado [...]74. 
Atribuindo um liame psicológico entre o sujeito e um 
determinado objeto ou bem, Leonel explica que existe esta valoração já que 
 
71
 ROCHA, J. Elias Dubard de. Interesses coletivos: ineficiência de sua tutela judicial. Curitiba: 
Juruá, 2003, p. 185-186. 
72
 DE GIORGI, Raffaele. Direito, democracia e risco: vínculos com o futuro. Porto Alegre: Fabris 
Editor, 1998, p. 35. 
73
 CARNELUTTI, op. cit.. p. 55. 
74
 CARNELUTTI, op cit.. p. 81. 
[...] o interesse liga a pessoa a determinado bem da vida, tendo em vista o 
valor a ele atribuído pelo sujeito, em decorrência de utilidade 
representada pelo referido objeto75. 
Leonel prossegue fazendo a distinção entre o interesse 
simples e o interesse legítimo. Para o autor, quando a relevância do bem 
não ultrapassa o limite psicológico, não tendo relevância social, haverá 
simples interesse. Encontrando respaldo social para este interesse, o 
ordenamento resguardará a sua proteção e será um interesse legítimo. 
 Das afirmações surge uma dúvida: seria então o 
interesse social metaindividual, público ou privado? A resposta é 
considerá-lo como de conotação pública ou social e não de ligação direta 
com um só sujeito que pudesse estabelecer um detentor desse interesse e 
daí, então, classificá-lo como público ou privado.Porém, o interesse não é 
um direito e dele se distingue. A subjetividade do interesse nem sempre é 
individual. É bem explicada por Carnelutti a questão quando afirma que o 
interesse é primeiro uma necessidade e, assim: 
Todas as necessidades são individuais. A necessidade é uma 
atitude do homem, no singular; não existe necessidade da 
coletividade como tal. Quando se fala de necessidades 
coletivas, emprega-se uma expressão translatícia, para 
significar necessidades que não são sentidas por todos os 
indivíduos pertencentes a um determinado grupo”76. 
O mestre ainda traz mais lume à questão quando 
esclarece a importância dos interesses coletivos, pois, se todas as 
necessidades pudessem ser satisfeitas por meros interesses individuais, não 
seria necessário que o homem vivesse em sociedade. É a composição das 
necessidades fundamentais que limita as necessidades individuais. Os 
interesses individuais são vistos por sua modalidade, vinculada ao objeto 
mediato; e os interesses coletivos serão classificados sempre por sua 
finalidade (da família, da sociedade do sindicato, do município, do Estado). 
 
75
 LEONEL, Ricardo de Barros. Manual do processo coletivo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 
2002, p.90. 
76
 CARNELUTTI , op. cit.. p. 56. 
Mauro de Almeida Noleto, em seu livro 
“Subjetividade Jurídica”, faz uma importante reflexão sobre o 
desenvolvimento da cultura jurídica moderna: 
 [...]teve como implicação o abandono do sujeito, enquanto 
referencial ontológico e cognitivo, e, com ele a capacidade de 
se pensar a atividade criadora de novos direitos que se 
constroem nas lutas pela ampliação dos espaços de cidadania, 
convertendo-se o afazer jurídico em idolatria da heteronomia e 
do mito da neutralidade77. 
Sob o prisma do sujeito social, é preciso entender que 
a regra pela regra e o homem sem o social fazem com que desapareça o 
espaço da cidadania. Porém, entendendo o sujeito e respeitando-o, a técnica 
se alia à política. O bem-estar geral é a meta de uma sociedade 
democrática e, nesta, devem ser resguardados todos os interesses, quer 
públicos quer privados, desde que a aferição entre o sacrifício entre um e 
outro seja aferido pela preponderância dos Direitos Fundamentais. Com 
propriedade, José Antônio Pimenta Bueno afirma que: 
Estes dois direitos ou interesses, estas duas sociedades política 
e civil, são ambos filhos da razão esclarecida e complexa 
natureza social, ambos têm igual e mesmo fim, a felicidade de 
todos e de cada um. A diferença está somente em proceder-se, 
segundo refletida natureza de cada um deles, do todo para os 
indivíduos ou dos indivíduos para o todo. É, certamente, 
necessário não só que a comunidade, mas também que cada 
indivíduo seja feliz; é o bem-ser destes que compõem o bem-
estar geral. (grifo) 
Se se fosse sacrificar os interesses individuais ao só bem-estar 
geral, findar-se-ia pelo sacrifício de grande ou de maior parte 
da sociedade, e desse mesmo pretendido bem-ser geral 78. 
Deixando de conceituar como sendo interesse social, e 
sim, como necessidade, Moura Rocha79 reflete que, em verdade, existem 
 
77NOLETO, Mauro Almeida. Subjetividade jurídica - A titularidade de direitos em perspectiva 
emancipatória . Porto Alegre: Fabris Editor, 1998, p. 35. 
78
 BUENO, José Antônio Pimenta. op. cit.. p.6-7. 
79
 ROCHA, J. Elias Dubard Moura.Interesses coletivos - ineficiência de sua tutela judicial. 
Curitiba: Juruá, 2003. p. 98 – Por um lado,a adjudicação de necessidades à sociedade em 
geral ou a um grupo especificamente refere-se a uma abstração pelo fato de que [...] se 
refierem a ciertos tipos o conjuntos de necesidades. Uno pone necesidades parecidas em u 
mismo grupo y crea una identidad libre de diferencias.”, contudo, o sujeito contextualizado e 
concreto é em si mesmo diferenciado em sua identidade pessoal, como também , na sua 
própria contextualização, e qualquer tentativa de um modelo normativo, seja universal, seja 
em uma categoria ou classe de indivíduos, será sempre irreal e, até mesmo, em alguns 
casos arbitrária. 
carências pressupostas, como o alimento, a saúde, a educação, o lazer etc, 
que justificariam a adjudicação80 de necessidades a um grupo determinado 
ou não. Adverte também que não seria possível ao ordenamento jurídico 
imaginar todas estas necessidades, já que elas também emergem de uma 
contextualização social, política e histórica. 
10. Interesse social, democracia e direitos fundamentais 
É compromisso de uma sociedade democrática a 
promoção de todos os meios e garantias para a correta ilação da expressão 
cidadania. E, também, essencial é a distinção do que importa como 
interesse social, quer na existência dos conflitos entre grupos ou na 
representatividade coletiva. 
Neste sentido e para melhor denotar a importância do 
interesse social, poder-se-ia imaginar a hipótese de uma implantação de um 
conjunto habitacional para famílias de baixa renda em determinada área de 
preservação. A prevalência de um interesse social pelo outro poderá ser 
aferida pela supremacia da dignidade humana enquanto valor a ser 
perquirido. Assim, o núcleo da organização constitucional que é o ser 
humano estará atendido. Neste viés, Marçal Justen diz que: 
[...] nem sequer há um modo prático de descobrir o interesse 
da “maioria” do povo. É que não existem maiorias 
permanentes, que tenham interesses comuns. Não existe um 
conjunto homogêneo de interesses privados ao qual se possa 
atribuir a condição de interesse da maioria. Na sociedade 
moderna, há uma pluralidade de sujeitos, com interesses 
contrapostos e distintos. 
Isto conduziu à consagração de um entendimento traduzido nas 
palavras de Cassese, no sentido de “não existe o interesse 
público, mas os interesses públicos, no plural’.81 
 
 
 Trata-se, portanto, de necessidades como carências pressupostas desde uma delimitação 
de categorias ou classe de indivíduos mais ou menos extensas as quais, a despeito de suas 
diferenças concretas, identificam-se pelo simples fato de pertencerem a tal ou qual categoria 
ou classe, e se adjudicam carências que levam à concretude das necessidades. 
80
 As ações governamentais que têm por base a garantia da habitação, da educação, a fixação 
de um valor de salário mínimo etc são exemplos destas adjudicações. 
81
 JUSTEN FILHO, Marçal, op. cit., p. 43. 
Arremata o autor que, para a aferição do interesse, não 
se trata de um exercício de técnica, mas de um exercício de ética, pelo qual 
se verifica a natureza dos valores e das necessidades envolvidas. 
 
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