Buscar

Fichamento ''A alternativa republicana e o fim da monarquia''

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

História Econômica, Social e Política do Brasil I
Curso: Ciências Sociais
Professor: Paulo Terra
Aluna: Dayanne Albuquerque
Texto:
A alternativa republicana e o fim da monarquia
Renato Lemos
		
“A república nunca foi, no Brasil, um projeto redutível ao interesse de alguma classe social específica. Seu advento, além disso, nada teve de inevitável. Fosse um pouco mais flexível o núcleo dirigente da monarquia, aceitando a alternativa federalista, e possivelmente a república não teria começado a se tornar uma realidade em 1889.” _Página 403
Por não haver, até então, uma classe operária, não era preocupante a forma política – seja a Monarquia ou o Republicanismo –, pelo contrário, agiu como elemento tranquilizador por parte dos campos políticos, dos interesses das classes dominantes pela ausência de disposição revolucionária ou mesmo reformista em relação à propriedade e da terra.
Nessa realidade, os temores classistas se davam a partir do da escravidão, aguçando-se a sensibilidade contrarrevolucionária. Expoente do antiescravismo reformista, Joaquim Nabuco “[...] angustiava a posição de último baluarte da escravidão ocupada pelo Brasil, que, ‘isolado do mundo civilizado, exceção única dos países cristãos (...) há de ser, sem remédio, arrastado para um abismo, s nada fizer se do tempo quiser esperar a solução’.” _Página 404
Defendia a ideia de que havia de se antecipar e prevenir por meio de reformas, aprender com os países colonialistas europeus que haviam abolido a escravidão em suas colônias e, junco com ela, o perigo eminente da revolução social nas áreas periféricas sob seu controle.
A alternativa republicana conectada ao processo de transformação estrutural da sociedade brasileira através do surgimento, implantação e consolidação nas décadas de 1850 a 1900, surge como uma perspectiva de longo prazo.
“Trata-se de um momento histórico marcado por acontecimentos econômicos, sociais, ideológicos e políticos que se associaram a mudanças nas bases da sociedade brasileira: extinção do tráfico internacional de escravos, Lei de Terras, intensas migrações internas, Guerra do Paraguai, movimento abolicionista, deslocamento do polo dinâmico de cafeicultura do Vale do Paraíba para o oeste paulista, imigração europeia, expansão do trabalho livre, renovação intelectual de vários setores sociais pela absorção de variantes do liberalismo e do cientificismo, conflitos entro o Estado, a Igreja Católica e os segmentos militares, abolição da escravidão, derrubada da monarquia e implantação da república, primeira crise de superprodução cafeeira, e estabilização da ordem republicana nos termos da ‘política dos governadores’.” _Página 405
Nesse período, agiu-se o que pode ser definido como o movimento de superação efetiva das estruturas coloniais.
“Observou-se no período, ainda, uma tendência para o progresso material, como o desenvolvimento de algumas formas modernas de acumulação de capital em setores como os de transporte e financeiro.” _Página 406
A extinção do tráfico nacional de escravos que era o maior negócio brasileiro na época, liberou capitais privados que eram equivalentes, em um ano, ao valor total de outras mercadorias, em 1850. No entanto, gerou certa insatisfação das classes dominantes da sociedade, que eram favoráveis à exploração de escravos, mostraram-se pouco receptíveis a inovações políticas, econômicas e administrativas, preferindo a manutenção de um Estado centralizado e escravista, em uma organização agroexportadora e latifundiária, claro, porque melhor os convinha.
“Embora a agricultura permanecesse como o principal polo de acumulação de capital, perdia, aos poucos, a condição de campo único e exclusivo de investimentos.” _Página 407
Com o amplo leque aberto de transformações internas à sociedade brasileira, surge o crescimento e a diversificação da presença do capital estrangeiro na economia nacional. A estrutura demográfica do Brasil também traduziu a tendência da economia, que cresceu consideravelmente.
“O surgimento de novas atividades econômicas e as mudanças sofridas pelas tradicionais afetavam a dinâmica da sociedade brasileira. À emergência de novos grupos correspondia uma diversificação dos interesses em jogo no cenário nacional. Os representantes do ainda embrionário setor industrial reivindicavam a proteção do governo.” _Página 408
“Por outro lado, os setores dominantes tradicionais também sofriam o impacto das transformações econômico-sociais. Decadentes e descapitalizados, em decorrência da baixa produtividade de suas lavouras, aferravam-se a métodos rotineiros de produção e ao trabalho escravo. [...] a situação variava entre as províncias, mas o quadro geral era determinado, com exceção do café, pela posição de inferioridade dos produtos regionais de exportação no instável mercado mundial.” _Página 408
O poder político das classes dominantes, durante o império tinha como base interna a grande propriedade rural e a força de trabalho escrava que dispunham. Elas se constituíam como um grupo político conservador, formado principalmente de proprietários de terras, burocratas e comerciantes que se organizavam em dois partidos, revezando-se no governo do país, sob a arbitrariedade do imperador, no exercício do Poder Moderador, em Conservador e Liberal.
Para isso, mantiveram um Estado centralizado política e administrativamente, monopolizando os elementos centrais do sistema político.
“A organização imperial dificultava o atendimento das demandas políticas e econômicas apresentadas pelos grupos emergentes na sociedade. Também os grupos tradicionais nem sempre sintonizavam com o método e a orientação com que o governo equacionava as questões de seu interesse. Protecionismo alfandegário, polícia imigratória, abolicionismo, alargamento da representação, separação entre a Igreja Católica e o Estado, administração dos interesses nacionais diante do capital estrangeiro, melhoria das condições de vida nas grandes cidades etc., eram temas que a monarquia tinha dificuldades de enfrentar e de responder, e maneira adequada, à preservação de suas bases sociais e políticas.” _Página 409
A organização imperial dificultava o atendimento das demandas políticas e econômicas apresentadas pelos grupos emergentes na sociedade, promovendo certo desencontro entre os interesses do poder econômico e político.
Existia uma desigualdade de perspectivas entre as áreas econômicas provinciais. Partia do oeste paulista pressões para o estímulo à migração e à construção de ferrovias regionais, no plano da política econômica. Os fazendeiros das áreas tradicionais, especialmente os cafeicultores fluminenses, permaneciam escravistas e defendiam a criação de núcleos coloniais como opção à atração de imigrantes, cujo valor não podiam bancar.
“Enquanto o centro de gravidade econômico e social se desloca para o Sul, a base política do governo se desloca para o Norte.” _Página 410
“A província de São Paulo constituía a face mais evidente de assimetria entro o poder econômico e a representação política. [...] Também no Conselho de Estado e nos ministérios eram clara minoria os representantes do oeste paulista. Nessa região reuniam-se, portanto, condições bastante favoráveis ao desenvolvimento de um projeto de autonomia na forma federalista, item constante do programa do Partido Liberal, no entanto, era cada vez mais identificada, pelos setores sub-representados, com a centralização político-administrativa.” _Página 411
Usualmente na historiografia apontar a Guerra do Paraguai como o marco inicial da crise da monarquia. É consensual a ideia de que ele funcionou como fator de potencialização de contradições do sistema político brasileiro, às quais acrescentou novos elementos.
A guerra foi entendida por Silva Jardim como elemento decisivo na crise do “constitucionalismo” imperial. Enquanto o visconde de Ouro Preto, presidente do último Conselho de Ministros do Império, entendeu a guerra como um dos sinais da crise militar da qual a república teria sidoo resultado. Para Raimundo Teixeira Mendes, tudo se explicaria pela mudança de posição das Forças Armadas nacionais na sociedade durante a Guerra do Paraguai, após a qual suas reinvindicações teriam ganho peso junto ao governo , refletindo-se nos orçamentos e n valorização das funções militares. Oliveira Lima apontou a Guerra do Paraguai como o último grande “serviço” prestado ao império pelo Exército brasileiro, que abafara diversas revoltas nas províncias.
Na década de 1950, Raimundo Magalhães Júnior destacou a estratégica conexão existente entre a importância desfrutada pelo Exército pós o conflito e o incremento da campanha contra a escravidão, que atacava o principal pilar das classes sociais dominantes do império. Durante quase todo esse tempo o grupo dirigente brasileiro esteve, no conjunto, comprometido com a escravidão.
“A exploração dessa forma arcaica de trabalho num período de grande expansão do capitalismo internacional constituiu aparente paradoxo essencial no universo material e ideológico de amplos setores da sociedade.” _Página 412
“O peso da visão de mundo e dos interesses materiais articulados em torno do sistema escravista impôs-se à elaboração de projetos modernizadores durante a conjuntura, permeando-os e estabelecendo os seus horizontes. A dimensão política dessa combinação impregnou também o republicanismo brasileiro.” _Página 413
Embora defendida há muito tempo, a alternativa republicana só se formou política viável a partir de 1870, com todos os acontecimentos emergentes.
“[...] os republicanos criticaram, entre outros aspectos da vida do país, o regime de corrupção e privilégios; as prerrogativas do trono; o centralismo da administração; a ausência das liberdades econômicas, de consciência de imprensa, de ensino; o sistema representativo limitado etc. Como alternativa, propunham a reforma da sociedade por meios pacíficos, através da implantação de uma república federativa e democrática, baseada na soberania do povo e administrada por um governo representativo e responsável.” _Página 413
A divulgação do Manifesto Republicano estimulou o surgimento de clubes e jornais em várias regiões. Foi o início de uma onda de adesões em vários municípios paulistas. A vaga, contudo, não se espalharia na mesma velocidade pelo resto do país. As adesões ao republicanismo começaram a acontecer logo, mas sem se traduzir necessariamente em organização partidária.
“Os jornais cumpriam função estratégica, tanto em termos de aglutinação quanto de ação propagandística, mas, na maioria das províncias, o movimento republicano se encontrava em precárias condições organizacionais quando da queda da monarquia. Por meio de intensa propaganda, conseguiu ampliar a receptividade ao republicanismo, mas não logrou êxito na tentativa de multiplicar sua influência político-eleitoral, que acabou, na prática, restringindo-se às províncias de São Paulo e Rio Grande do Sul e, secundariamente, Rio de Janeiro e Minas Gerais.” _Página 414
Apenas s republicanos de São Paulo conseguiram constituir um partido de fato. O projeto republicano federalista oferecia aos agricultores efetiva via de acesso ao poder político, uma vez que o poder econômico eles já encarnavam.
“O surgimento do Partido Republicano em 1870 coincidiu com o incremento do movimento abolicionista. A medida que se radicalizava a campanha antiescravista, aguçavam-se as ambiguidades do republicanismo em face da escravidão. Combatida por grande parte da população urbana, por setores do Exército, da Igreja católica e do próprio grupo politicamente dirigente, o imperador incluído, a escravidão constituía a questão estratégica do momento histórico. Do ponto de vista estritamente econômico, a substituição do sistema escravista ternara-se uma prioridade nacional. A cafeicultura em expansão, eixo da produção de riqueza material do país, ampliava a demanda de mão de obra. A utilização de escravos era cada vez mais problemática. Preços ascendentes, alta mortalidade e baixa taxa de crescimento demográfico eram fatores responsáveis pela progressiva diminuição da presença de escravos na população das províncias cafeicultora.” _Página 415
Para os republicanos, a escravidão era um problema de oportunidade política, antes de tudo. Os partidos republicanos assumiam sempre posição oportunista em face da escravidão porque os fazendeiros se aproximavam da corrente republicana através do federalismo.
“O oportunismo do Partido Republicano em face da escravidão tinha, portanto, conteúdo que transcendia os limites do momento político. Trata-se do problema representado pelo lugar ocupado pela escravidão como elemento constitutivo da formação social brasileira. Equacioná-lo e resolvê-lo significava definir novas bases sociais, novas elações que envolveriam o conjunto da economia e da sociedade nacional.” _Página 416
Os republicanos preocupavam-se, portanto, com a ordem. Defendiam uma indenização para os ex senhores de escravos para que não fosse gerada uma possível guerra civil.
“A relação dos republicanos com a questão abolicionista era congruente com o modelo de república que esboçavam. As correntes majoritárias dentro do partido convergiam para uma posição inspirada na experiência norte-americana, com ênfase na organização do poder. Dessa maneira, descartava-se a vertente francesa do republicanismo, que privilegiava a participação popular na direção política.” _Página 418
As divergências entre os republicanos geraram duas vertente de pensamentos, duas correntes principais, que eram os evolucionistas, entendiam que a república seria alcançada por meio de um longo processo de educação de amplos setores da sociedade, que acabariam por legitimá-la como forma superior de organização política, e os revolucionários, que apostavam na necessidade de recorrer a todos os métodos para derrubar a monarquia, incluindo o uso da violência em resposta à ação violenta do Estado, enfatizando a importância de uma ampla participação popular na luta pela república.

Outros materiais