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Filosofia Clássica - 3. Platão de Atenas

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PLATÃO DE ATENAS
REALE, G. – ANTISERI, D. História da Filosofia, vol. I, S. Paulo: Paulinas
1990. Por Felippo Santoro professor de História da Filosofia.
	A segunda navegação
	A tentativa dos filósofos naturalistas de explicar o universo por meio dos elementos da natureza chegou a êxitos contraditórios como o relativismo e o niilismo. A busca de uma explicação total por meio de um dos elementos da natureza ou de algo sensível levou o homem a um ponto sem saída. Sócrates abre o caminho de uma nova perspectiva por meio da busca da essência das coisas. Platão descobre claramente este outro caminho, o mundo supra-sensível, o mundo inteligível. A realidade não é feita apenas do sensível, de coisas sensíveis, mas ela é feita de algo invisível, que é ao mesmo tempo muito real e concreta. A segunda navegação consiste exatamente na tentativa de atravessar o oceano da vida, quer dizer de explicar o sentido do mundo não apenas por meio do sensível, mas por meio do supra-sensível, isto é, por meio do invisível, do mundo ideal. 
	A filosofia de Platão caracteriza-se pela descoberta do supra-sensível.
	O pensamento platônico é poliédrico e dinâmico. Distinguimos vários aspectos ou momentos, ou partes.
É o momento metafísico gnosiológico. Esse momento trata da doutrina das idéias e do problema do conhecimento do mundo supra-sensível;
É o momento religioso que representa o anseio para o divino e a doutrina platônica do Eros;
É o momento ético-político que representa mais a finalidade prática da sua filosofia;
O ponto de partida de Platão é que as causas físicas, sensíveis e materiais não são as verdadeiras causas e não conseguem explicar a realidade, as verdadeiras causas são de uma ordem diferente que é constituída pelo mundo supra-sensível e espiritual. Platão descobre assim a segunda navegação e o mundo das idéias.
As causas que tornam possível as coisas sensíveis são as idéias. As idéias platônicas permitem explicar de forma adequada o mundo físico e sensível. Para nós as idéias são simples pensamentos ou representações mentais. Para Platão, as idéias constituem o verdadeiro ser das coisas, as essências das coisas, aquilo ao qual o pensamento se refere, a idéia é a visão da essência das coisas.
Com a palavra idéia, Platão indica àquela realidade mais profunda que é contida dentro de cada coisa sensível.
A idéia não é um conceito lógico, mas a essência das coisas. A idéia é a raiz do ser das coisas. A palavra idéia contém em si a raiz do verbo “iden” que significa ver. A idéia é a visão da essência da coisa que está além dos aspectos materiais e sensíveis da própria coisa. A idéia é o essencial que está na coisa. A atividade inteligível do homem consiste na visão desta natureza mais profunda da realidade. O verdadeiro conhecimento é o conhecimento da idéia porque ela representa a essência da realidade, aquilo que torna possível àquela realidade. A idéia é algo “em si e por si”, quer dizer, é algo que não depende dos aspectos materiais e físicos, mas é absoluta, é algo indestrutível e espiritual. Ela é de natureza universal, por exemplo: o homem é a essência de todos os homens, isto é, o conjunto daquelas características fundamentais que constituem o ser humano. Esta essência é uma e indestrutível porque é comum a todos os homens.
Por isso, Platão afirma que além do mundo físico é necessário afirmar a existência de um mundo metafísico, além do mundo material é necessário afirmar a existência de um mundo ideal ou espiritual. Esse mundo ele chama de hiperurânio. O mundo que está além do céu. O mundo ideal.
Portanto, Platão afirma a existência de um outro mundo de ordem espiritual, no qual estão todas as idéias segundo aquilo que ele afirma no diálogo chamado Fedro.
O mundo ideal é constituído por uma multiplicidade de idéias que correspondem as várias coisas que existem na terra. A cada realidade física e sensível deste mundo corresponde uma idéia concreta e metafísica no hiperurânio, as coisas podem nascer, crescer e perecer enquanto que a idéia é absoluta, imutável e incorruptível. A idéia é em si e por si, quer dizer, não depende do sujeito que a conhece e não pode ser manipulada por ninguém. A idéia é a essência da coisa. Portanto não está sujeita a mudança e permanece incorruptível. O mundo das idéias é caracterizado por esta imutabilidade que depende do fato que a idéia é de ordem imaterial, espiritual. O que é imaterial é incorruptível. Em síntese, a idéia é absoluta, enquanto que as coisas são relativas. Assim Platão admite a existência de um mundo ideal e perfeito, além do mundo material, sensível, incorruptível. É importante notar que o mundo das idéias constitui a perfeição do mundo sensível.
Platão diz a Heráclito que no mundo físico tudo muda “panta rei”, ao passo que no mundo das idéias nada muda, tudo é eterno.
Separando as idéias, Platão introduz o mundo ideal, uma multiplicidade de idéias e uma hierarquia, quer dizer, uma ordem e uma dependência entre as várias. Existem três idéias gerais que se aplica a todas as coisas que existem e não a idéia do ser segundo as idéias do repouso. Terceira idéia do movimento, Platão porém afirma que existem uma idéia suprema que ocupa o vértice desta hierarquia é como ele afirma na obra chamada a República é a idéia do bem e o princípio supremo segundo o qual todas as coisas tem valor. O bem é o valor supremo do qual deriva todas as outras idéias a saber, o uno, a díade e o bem.
Díade:
Ser
Repouso
Movimento
O mundo sensível tem com o mundo ideal uma tríplice relação de imitação(mimeses). Segunda relação é a de participação, as coisas participam das idéias. No Platão mais adulto há uma terceira relação que é uma comunhão.
Diferenças entre os dois mundos:
A idéia é absoluta, tem características que não podem vir a faltar. As coisas são relativas podem se corromper.
A idéia é uma, as coisas são muitas.
A idéia é imutável, as coisas são mutáveis.
A idéia “é”, as coisas se tornam, vem a ser.
As coisas existem em força da idéia, por causa da idéia. As coisas são expressão da idéia. A idéia é a razão de ser das coisas.
O fundamento último das coisas é a idéia.
De onde deriva o mundo sensível?
Platão explica a gênese do mundo sensível por meio de um mito chamado o mito da “Chora”. Originalmente existiam as idéias e também a matéria originária que em grego se chama “Chora”. A um certo ponto entra em ação um demiurgo. Uma entidade intermediária entre as idéias e a matéria. O demiurgo é uma espécie de deus artífice que plasma as coisas tendo como modelo as idéias. O artífice, o demiurgo produz a realidade física olhando para o modelo eterno que é constituído pelas idéias. No diálogo Timeu, Platão descreve este mito da “Chora” e afirma que a finalidade última da produção do mundo é o bem. O demiurgo plasma o mundo pelo amor ao bem. As coisas derivam desta ação do demiurgo que tem como objeto a realização do bem. O mundo, portanto, é a obra da inteligência do demiurgo que produz no nível sensível uma cópia do modelo eterno constituído pelas idéias.
Para Platão, conhecer se identifica com a anamnese, isto é, com a recordação, com a lembrança, com a memória. A alma pode conhecer o mundo supra-sensível porque antes de encarnar-se num corpo o tinha contemplado. Nesta vida, por ocasião do encontro com as coisas, a alma lembra as essências eternas que tinham contemplado antes. A alma extrai de si mesma, quer dizer, lembra aquilo que já tinha visto, isto é, a primeira forma de explicar o conhecimento que se trata de uma explicação mítica ligada as doutrinas órfico-pitagóricas, segundo as quais a alma é imortal, preexiste ao corpo, se encarna num corpo por causa de uma culpa. A novidade deste argumento consiste porém no fato de que a influência órfico-pitagórica se junta com o elemento da maiêutica socrática porque, conforme afirmação, a alma está grávida da verdade. Em um segundo momento, sempre no diálogo Menon, Platão usa um argumento dialético, utilizando uma experiênciamaiêutica. Ele interroga um escravo ignorante em geometria e através de perguntas adequadas lhe permite que, ele mesmo, resolva o problema de geometria.
O escravo, ignorante de geometria, afirma Platão, encontra a solução dentro de si mesmo, na sua própria alma. A verdade, segundo Platão, já está na alma. O conhecimento consiste em extrair de si mesmo a verdade antes de contemplada. 
No Fédon, Platão aprofunda o argumento confirmando a anamnese por meio da reflexão sobre os conhecimentos matemáticos que o homem aprende não a partir da experiência sensível, mas pelo cálculo que ele se realiza no plano do mundo puramente inteligível, isto é, do mundo interior.
Os graus do conhecimento:
	Sensível 		Doxa(opinião)
CONHECIMENTO
	Supra-sensível	Episteme(ciência verdadeira)
	A doxa se divide em duas partes Eikassia e Pistis
	
	Imaginação crença
A episteme se divide também em duas outras partes Diánoia e Nóesis
Diánoia: conhecimento intermediário ou matemático-geométrico;
Nóesis: intelecção das idéias e captação da idéia suprema que é a do bem.
A dialética platônica consiste na intuição intelectual na qual o homem passa de idéia em idéia até chegar a idéia suprema do bem.
Em Platão, a dialética é de tipo positivo porque comporta uma progressiva ascensão dos níveis mais baixos que são constituídos pelo mundo material e sensível aos níveis mais altos que são constituídos pelo mundo das idéias, da idéia do bem.
Para Platão, a arte é imitação do mundo sensível, do mundo material, mas a arte é imitação da idéia. Então, a arte é a sombra das sombras. A idéia das idéias.
O COMPONENTE RELIGIOSO DO PENSAMENTO PLATÔNICO: A DOUTRINA DO EROS.
No diálogo Górgias, Platão desenvolve a componente religiosa, quando afirma por boca de um personagem, evidentemente de um sofista que a verdade está sempre do lado mais forte e que a vida do homem virtuoso é sem sentido. Já o poeta Eurípedes dizia quem pode saber se o viver não é morrer e se o morrer não é viver? Nós somos mortos e o corpo significa para nós como um túmulo. Platão retoma de qualquer forma esta afirmação que inverte o sentido comum dado a vida, a morte. A vida verdadeira é aquela vivida não na dimensão do corpo, mas sim, da alma. Viver para o corpo significa viver para aquilo que é destinado a morrer. Viver para a alma significa viver para aquilo que é destinado a existir sempre. Platão fornece também as provas da imortalidade da alma, sobretudo no diálogo Fédon. Ele afirma que a alma humana é capaz de conhecer coisas imutáveis e eternas, quer dizer, as idéias. Ora, para poder conhecer tais coisas ela deve possuir como condição indispensável, uma natureza dotada de afinidades com essas coisas imateriais e eternas, caso contrário, elas não poderiam ser minimamente entendidas. 
Conseqüentemente, como essas coisas que a alma conhece são imutáveis e eternas, a alma também deve ser eterna e imutável. A alma é feita da mesma substância da qual são feitas as idéias. A alma é uma realidade que tem afinidade com as idéias, e portanto, pertencem ao mesmo gênero dos entes mais visíveis e não perceptíveis por meio dos sentidos. A alma é de natureza espiritual e racional. Ela é inteligente e imortal. A imortalidade é uma conseqüência da espiritualidade da alma. Se ela é de natureza espiritual significa que é diferente da matéria. A matéria é corruptível. A alma sendo espiritual é incorruptível. Portanto, a alma permanece sempre. A alma não é sujeita a corrupção, ela é imortal. Assim, Platão afirma que no homem existe o corpo que é destinado à morte e a alma que é destinada à vida, a alma é imortal. Afirmada a existência de algo incorruptível e eterno que existe na vida do próprio homem.
A vida do homem nesta dimensão terrena é uma passagem e é uma prova. Os homens são chamados a viver segundo a alma. Se eles vivem ligados ao corpo, as paixões não conseguem, após a morte, separar-se do elemento corpóreo e portanto estas almas se ligam novamente a outros corpos, não apenas de homens, mas também de animais. As almas que tiverem vivido segundo a alma, elas se reencarnam, mas em formas superiores, sempre mais purificadas da matéria. Estamos assim diante da doutrina da reencarnação ou setempsicose que fala de um ciclo de reencarnações para o homem chegar a uma purificação completa da alma.
Com esta doutrina da imortalidade da alma da qual a reencarnação é o aspecto norteador, Platão revoluciona os valores clássicos do mundo grego que eram em ordem, a saúde física, a beleza do corpo, as riquezas honestas, a juventude de vida com os amigos. Platão planta uma na ordem baseada na descoberta do mundo supra-sensível. Os valores ligados ao mundo corpóreo passam e são efêmeros. Os valores verdadeiros são aqueles ligados ao conhecimento da verdade eterna do mundo das idéias. Portanto, o primado é dado à verdade, à justiça e à fortaleza de ânimos.
O verdadeiro eu é o supra-sensível. Portanto, na vida do homem o aspecto mais importante é, como já dizia Sócrates, o cuidado com a alma, através de um processo pelo qual o homem se purifica, chegando sempre mais ao conhecimento do mundo supra-sensível.
Esta é a verdadeira conversão, conhecendo o mundo verdadeiro, a alma cuida de si mesma e realiza a própria purificação. Converte-se e eleva-se. Nisso consiste a virtude. Para Platão, o filósofo é aquele que deseja o mundo eterno e supra-sensível. Portanto, a filosofia é, ao mesmo tempo, desejo da morte, mas enquanto desejo da verdadeira vida. A filosofia é o exercício de vida verdadeira.
O EROS E SUA DINÂMICA
Tratado no Banquete descreve-se como sendo o mito do nascimento de Eros. Quem fala sobre o nascimento de Eros não é diretamente Sócrates, mas ele recebeu a narração do nascimento de uma mulher, chamada Diótina. Esta mulher é uma invenção platônica. 
Por ocasião da festa de Afrodites(deusa do amor) e para os festejos, os deuses fazem uma grande festa e a esta convidam deuses e semi-deuses. A esta festa é convidado POROS(riqueza, recurso) pai de Eros. Aparece a mulher que tem duas características:
Peneia(pobreza) é feia. Entra para mendigar as migalhas da festa. Da união dos dois(POROS E PENEIA) nasce EROS.
Platão diz: “Eros tem as características do pai e da mãe. Ele não é belo e não é feio, porém é desejo de beleza, desejo de verdade”. O homem é Eros.
No início, Platão tinha colocado uma pergunta: “o amor é belo, bruto ou feio?” Não é nem belo, nem feio e nem bruto, mas é algo intermediário(uma realidade intermediária).
O homem é sobretudo desejo da beleza, é desejo da verdade, é desejo de uma beleza completa; exatamente porque não a possui.
O amor é desejo do bem e da felicidade em forma completa; é o desejo de procriação do belo.
O homem tem desejo de criar algo que dure, não apenas uma beleza que passa, mas que permanece.
A procriação nos corpos(sexo) é a necessidade de algo que não passe.
O desejo de procriar nos corpos é o nível mais baixo. Existe o nível profundo, aqueles que desejam procriar no espírito(na alma).
Que tem a capacidade de procriar verdadeiramente é a alma, porque por meio da alma se chega a perceber a realidade do mundo verdadeiro. Nesse sentido o desejo do bem e do belo é inseparável do desejo da imortalidade. Para chegar à beleza eterna existem vários graus no caminho do Eros.
O homem chega à beleza eterna começando com o amor aos corpos belos;
O amor às almas belas;
O amor aos costumes belos e às leis morais;
O amor aos conhecimentos científicos e idéias;
O amor à ciência das ciências(que é contemplação da verdade e da beleza do mundo ideal-divino) que é conhecimento da beleza em si.
O Eros: desejo de eterna beleza representa o dinamismo do homem que não fica satisfeito até quando não alcança a eterna beleza; aquela que não nasce nem morre; mas que simplesmente é.
A PSICOLOGIA PLATÔNICA
Já falamos da espiritualidade e da imortalidade da alma, a visão platônica do homem, e portanto, da sua antropologia é de tipodualista no sentido de que afirma o homem como um ser composto de alma e de corpo(Fédon). A alma representa a parte mais nobre, o verdadeiro bem do homem. O corpo é algo que impede o homem de alcançar a perfeição do mundo ideal. Para Platão, a alma não é uma, mas no homem existem três almas; a racional ou intelectiva que é aquela que contempla a verdade e o mundo das idéias, esta alma é espiritual e portanto imortal; a irascível que representa a determinação a realizar uma tarefa(determinação e decisão a realizar uma tarefa); e a concupiscível que significa o apego as coisas materiais e as coisas transitórias e passageiras.
No mito do carro alado estas três almas são representadas respectivamente: a alma racional pelo cocheiro(auriga); a alma irascível pelo cavalo bom; a alma concupiscível pelo cavalo mau(desobediente).
O carro consegue seguir o cortejo dos deuses e dos homens como se afirma no Fedro para subir até o ápice do céu e poder contemplar aquilo que está além do céu, o hiperurânio ou a planície da verdade. Se a alma racional consegue controlar e dominar o cavalo mau, a alma chega mais perto do mundo verdadeiro e, aproximando-se da beleza eterna, nascem nela umas asas que se tornam sempre maiores quanto mais elas se aproximam da planície da verdade. O desejo fica maior pela vontade do encontro com a beleza absoluta. As asas representam o crescimento deste desejo de eterno ou eternidade. Se pelo contrário, a alma racional não consegue controlar o cavalo doido que puxa para baixo, o carro se choca com outros carros, as almas se atropelam e precipitam na terra e evidentemente as asas desaparecem, o momento no qual mais crescem as asas é chamada divina mania que consiste no desejo e na tensão rumo ao divino para que possa ser, quanto antes, alcançada. A divina mania é o vértice do Eros platônico. Para Platão, o sentido da vida consiste na busca e no desejo sempre mais intenso da verdade, da beleza, da imortalidade e da divindade. Isso justifica a vida, o homem corre porém o risco de perder o objeto verdadeiro do seu desejo e assim as asas se tornam pequenas. Em cada beleza o homem procura a beleza. Em cada verdade o homem procura a verdade que não nasce e não morre, mas simplesmente é.
A visão das três almas do homem permite a Platão de superar o intelectualismo ético porque ele afirma que para ser virtuoso não basta conhecer o bem, mas é necessário dar passos para alcançá-la. A alma racional é boa, é virtuosa quando sabe controlar e dominar a parte concupiscível do homem, quer dizer, o apego às coisas do mundo sensível. Além da inteligência do bem é necessária a vontade, isto é, a adesão ao bem conhecido. A virtude do homem consiste na busca da verdade e da justiça e da beleza eterna. Isso comporta, além do conhecimento, a decisão da vontade.
A POLÍTICA PLATÔNICA E O ESTADO IDEAL
A idéia fundamental da política platônica é que o homem é sobretudo a sua alma e que o estado deve realizar o bem da alma. A verdadeira arte política é a cura da alma. Por isso o estado deve reproduzir a estrutura da própria alma. A cada parte da alma corresponde uma classe social e uma virtude particular. A síntese destas virtudes e portanto a suprema virtude política é a justiça.
RACIONAL: a alma racional intelectiva corresponde a dos governantes. A virtude dos governantes corresponde à sabedoria.
IRASCÍVEL: a parte irascível corresponde aos guardas. A virtude dos guardas corresponde a Fortaleza.
CONCUPISCÍVEL: a parte concupiscível corresponde aos artesãos e lavradores. A virtude dos artesãos e camponeses corresponde a temperança.
O Estado ideal é a síntese, a harmonização das classes é a própria justiça. É aquela na qual as três classes se harmonizam. A perfeição do homem e a perfeição do Estado.
O ideal platônico descende da harmonia da alma.
A Platão foi pedido se este estado ideal assim harmônico existisse em algum lugar? E ele respondeu: Que mesmo existindo completamente assim na realidade, este estado é ideal e no qual a cidade deve tender para a justiça e para a verdade.
A IMORTALIDADE DA ALMA
A alma já existia no mundo das idéias. A alma conhece as essências imateriais, sendo a alma imaterial. Ela é incorruptível.
A alma conhece o essencial, e essas essências são imateriais. A alma tem uma afinidade com as idéias, logo é espiritual.
No primeiro passo, a alma é capaz de conhecer as coisas imateriais, logo ela, tem que ser imaterial, espiritual, eterna. É imortal porque é imaterial. A imortalidade é uma conseqüência da espiritualidade.
A alma na hora da morte está mais próxima da contemplação eterna.
Ela fala do mito do cisne que é consagrado ao deus Apolo. Ele canta o seu mais belo canto quando se aproxima da morte que vai ao encontro do divino. Em companhia dos deuses(Após isso fazer uma comparação de Platão com outros filósofos), KALOS O KIHOUNÓS, “Arriscar é belo”. A aventura do mundo insensível, supra-sensível.
O MITO DA CAVERNA
Encontra-se no sétimo livro do diálogo “A República”.
Este mito ajuda a entender não apenas a política platônica, mas toda a sua visão de mundo(p.1). Ele simboliza a metafísica, a gnosiologia, a dialética, a ética e a mística platônica. Portanto, é o mito sintético da filosofia platônica.
Terceira navegação: a intuição que o próprio Deus venha de encontro ao homem. Intuição da revelação divina.
	SUPRA-SENSÍVEL	DOUTRINA
 	INFINITO
SENSÍVEL IDÉIA-EROS	REVELADA
	Platão usa o mito órfico da imortalidade da alma, porém o mundo das idéias é de ordem racional. Ele desenvolve o tipo filosófico do mundo das idéias.
	A problemática platônica está no fato de como enfrentar a existência, a vida. E esta problemática só se resolve com o encontro do divino, da revelação divina.
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