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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Centro de Ciências da Matemática e Natureza Instituto de Química Queli Aparecida de Almeida Passos Tese de Doutorado Reações Orgânicas em Água: Adições de Michael e Formação de Pirróis Altamente Substituídos Orientador: Roberto de Barros Faria DQO – IQ/ UFRJ NOVEMBRO 2010 ii P285 Passos, Queli Aparecida de Almeida. Reações orgânicas em água: adições de Michael e formação de pirróis altamente substituídos / Queli Aparecida de Almeida Passos. Rio de Janeiro: UFRJ / IQ, 2010. 221 f. Tese (Doutorado em Química) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Química, Programa de Pós-Graduação em Química, Rio de Janeiro, 2010. Orientador: Roberto de Barros Faria. 1. Adição de Michael. 2. Pirróis. 3. Química verde. I. Faria, Roberto de Barros. (Orient.). II.Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto de Química. III. Título. CDD: 547 iii Esta tese foi realizada com auxílio do Conselho �acional de Pesquisa e desenvolvimento (C�Pq) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de �ível Superior (CAPES). iv Aos meus pais, João e Maria Clara, por sempre estarem tão presentes em minha vida, por me acolherem em todos os momentos, por celebrarem comigo minhas vitórias, por me ensinarem a caminhar e ser cada vez mais forte. v Oração a São Jorge “Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer mal. Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar. Jesus Cristo, me proteja e me defenda com o poder de sua santa e divina graça, Virgem de Nazaré, me cubra com o seu manto sagrado e divino, protegendo-me em todas as minhas dores e aflições, e Deus, com sua divina misericórdia e grande poder, seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meus inimigos. Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, e que debaixo das patas de seu fiel ginete meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós. Assim seja com o poder de Deus, de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo. São Jorge Rogai por Nós” vi Agradecimentos: Agradeço ao professor Roberto de Barros Faria pelo incentivo, confiança, profissionalismo e pela amizade, que muito acrescentou em minha formação acadêmica, dando-me inspiração para concluir este trabalho. Quando eu era apenas sua aluna de segundo período lembro-me já ter uma enorme admiração pelo seu trabalho e seu estilo de lecionar. Hoje é uma grande honra tê-lo como orientador da minha tese. Aos meus pais, pela dedicação em prol do meu conhecimento e crescimento. Por todos os conselhos, nem sempre ouvidos por mim, por todo o ensinamento de perseverança, batalha e acima de tudo caráter. Amo vocês! Ao meu marido Leonardo, que esteve comigo desde o terceiro período da graduação, ainda como meu namorado, me incentivando e sempre torcendo por minha felicidade. Sei que ele tem muito orgulho de ser meu marido e eu tenho um orgulho ainda maior de ser sua esposa. Amo você! As minhas queridas irmãs mais velhas, Ana Lúcia e Fátima, que sempre torceram muito por mim. As minhas lindas sobrinhas Letícia, Isabelle e Maria Eduarda que acham divertidíssimo ter uma tia “louca cientista” e que eu espero imensamente que me tenham como exemplo, principalmente nos estudos. Aos meus sogros Suely e Dario por sempre me incentivarem em minha carreira e por fazerem-me sentir como sua filha. Muito Obrigado! Aos meus lindos labradores Scooby e Gabi, que sempre me alegram em todos os momentos e sempre estão ao meu lado com seus sorrisos lindos!!! Aos irmãos que a vida me deixou escolher: Fernanda (Ferne), Gabriela (Péla), Renata (Reny), Thiago (Harry), Monique, Felipinho, Marcelo Augusto (Felipe), Guilherme Parreira e Julia. Sempre presentes em todos os momentos da minha vida. Amigos de verdade. Irmãos de coração. Para falar de cada um deles precisaria de um extenso livro. Muito obrigado por tudo que vocês me proporcionam em minha vida. Aos amigos importantes que fiz em minha trajetória pelo Instituto de Química: Bianca, Luana (Ox), Danielle (Dany), Renata, Carolina (Carol), Larissa, Felipe Fleming, Alex Prata, Suyane, Rodriguinho, Lívia, Maria Luíza, Hugo, Rosana, Allan, Vitor, Isis, vii Gullit, Jocasta, Dylla, Leonardo (Edward), Cristiane (Cris), Barbara, Anderson Canuto, Antônio (Capivara), Camila, Mariana, Júlio, Alexandre Gonzaga, Roberto e Soraia. Aos queridos amigos do laboratório de RMN da Fiocruz Charles, Jochen, Erika, Erikinha, Natalia, Rose, Marcela e Raquel. Obrigado por toda a diversão, amizade e companheirismo, principalmente nos momentos difíceis da minha tese. Aos amigos que fiz em meus locais de trabalho e que se tornaram especiais em minha vida: Roberto, Barbara, Monique, Alexandro, Vanessa, Anielle, André, Leandro, José Vitor, José Rodrigues, Bonan, Adriano, Maria de Fátima, Selma e Carol. Ao amigo Ricardo, por seus conselhos, por sua amizade, e, sobretudo por me fazer aprender a questionar mais a respeito da vida. À amiga Dalva, por todas as orações e por toda a força que me ajudaram muito em minha trajetória. Adoro Você! Aos amigos Silvana e Gilberto por toda a força para que tudo sempre corra bem e dê certo em meus caminhos. Aos meus amigos de infância Rafaela, Adriana, Alex, Elen, Erica, Alessandra, Rafael, Vitinho e Valdira. Apesar da distância, estamos sempre conectados por bons pensamentos e torcendo uns pelos outros. Aos meus alunos queridos, que passam por minha vida e sempre me ensinam muito. A todos os professores do Instituto de Química que contribuíram para a minha formação acadêmica, em especial, aos professores Warner Bruce Kover, Marcio Contrucci Ricardo Bicca, Joel Jones e Flavia Martins. Aos funcionários do Instituto de Química que são como velhos e conhecidos amigos e nos ajudam muito: Tia Sônia, Ari, Seu Luís e Marcelo (pós graduação). À banca examinadora, por aceitar o convite, por suas críticas e contribuições. E a Deus, o meu agradecimento mais importante e especial, por me guiar, por me dar forças, saúde e por ter me concedido a graça de chegar até aqui. “Entrega teu caminho ao Senhor, confia nele e tudo ele fará” (Salmo 37) viii RESUMO Neste trabalho desenvolveu-se uma rota verde para as adições de Michael e para a síntese de pirróis altamente substituídos em meio aquoso. As estratégias apresentadas trazem vantagens em termos de tempo, reprodutibilidade e rendimento. As adições de Michael de tiofenol a terpenos α,β-insaturados em meio aquosolevam a produtos em temperatura ambiente com alta estereoseletividade, com rendimentos que variam de 40 a 60%. A elucidação inequívoca da estereoquímica desses produtos por RMN também é apresentada. A síntese de pirróis altamente substituídos é feita em duas etapas. A primeira etapa é a dimerização de compostos 1,3-dicarbonilados com o uso de CAN/ultrassom produzindo derivados tetracarbonilados. Esses derivados então reagem com aminas sem a necessidade de catalisadores para obter pirróis via reação de Paal-Knorr. Todos os compostos foram caracterizados por espectroscopia no infravermelho, RMN e espectrometria de massas. Essas modificações representam um aperfeiçoamento em relação à metodologias clássicas e um progresso em relação à Química Verde. ix ABSTRACT In this work a green route for Michael addition and the synthesis of highly substituted pyrroles in aqueous media was developed. The strategies employed have advantages in respect of time, reprodutibility and yield. The Michael addition reactions of thiophenol to α,β-unsaturated terpenes in aqueous media show formation of products with high stereoselectivity at room temperature and yields in a range from 40 to 60%. An unambiguous elucidation of the stereochemistry of products by NMR is also presented. A two-step protocol for the synthesis of highly substituted pyrroles in aqueous media is also described. The first step is the dimerization of 1,3-dicarbonyl compounds by CAN/ultrasound to produce tetracarbonyl derivatives. These derivatives were then combined with amines without any catalysts to obtain pyrroles via a Paal-Knorr reaction. The compounds were analyzed by high-resolution gas chromatography (HRGC) and characterized by infrared and NMR spectroscopy and mass spectrometry. These modifications represent an improvement when compared with the classics synthesis methodologies and a progress toward the goal of Green Chemistry. x Abreviações e Siglas ACS: American Chemical Society (Sociedade Americana de Química) AMPA: ácido α-amino-3-hidroxi-5-metil-4-isoxazolpropionico APS: ácido poliestirenossulfônico CA�: nitrato cérico amoniacal CCF: Cromatografia em Camada Fina CGAR : Cromatografia Gasosa de Alta Resolução COSY: Correlation Spectroscopy ( Espectroscopia de Correlação) d: dupleto DBU: diazobenzilundeceno dd: duplo dupleto δ: deslocamento químico em partes por milhão DMSO: dimetilsulfóxido DMSO-d6: dimetilsulfóxido deuterado ee: excesso enantiomérico EPA: Environmental Protection Agency (Agência de Proteção Ambiental Norte- Americana) FID: Flame Ionization Detector (Detector por Ionização de Chama) GCI: Green Chemistry Institute (Instituto de Química Verde) HMBC: Heteronuclear Multiple Bond Coherence (correlação heteronuclear multiplo- quântica) HSQC: Heteronuclear Single Quantum Coherence (correlação heteronuclear quântica) IUPAC: International Union for Pure and Applied Chemistry (União Internacional para a Química Pura e Aplicada) IV: Espectroscopia no Infravermelho J: constante de acoplamento m: multipleto MHz: megahertz MO: microondas MTBE: terc-butilmetileter xi m/z: razão massa/carga �OE: efeito nuclear Overhauser �-PMP: p-metoxifenil (grupo de proteção do grupo amina) PEG-200: Polietilenoglicol-200 ppm: deslocamento químico, δ, em partes por milhão q: quadrupleto Rf: razão de fracionamento RM� : ressonância magnética nuclear s: simpleto t: tripleto T.A.: temperatura ambiente TMS : tetrametilsilano TOCSY: Totally Correlated Spectroscopy (espectroscopia de correlação total) tR: tempo de retenção xii Sumário Abreviações e Siglas..............................................................................................................x Índice de Esquemas............................................................................................................xvi Índice de Tabelas.............................................................................................................xviii Índice de Figuras.................................................................................................................xx 1- Introdução...... ............................................................................................................... 1 1.1 - O uso da água em reações orgânicas..........................................................................3 1.2 – Reações tipo Diels-Alder ......................................................................................... 4 1.3 – Reação de Knovenagel ............................................................................................. 7 1.4 – Reação de Biginelli .................................................................................................. 9 1.5 – Reação de Manich .................................................................................................. 10 2 - Motivação... ............................................................................................................... 12 3- Objetivo.. .................................................................................................................... 13 4 – Reação de adição de Michael a compostos α,β-insaturados...........................................14 4.1 – Introdução.................................................................................................................... 14 4.2 – Objetivo........................................................................................................................16 4.3- Resultados e Discussões................................................................................................16 4.4- Caracterização dos produtos terpênicos.........................................................................18 4.4.1 – Caracterização do (2S,3R,5S)-5-isopropenil-2-metil-3-(fenilltio) ciclo hexanona (25)....................................................................................................................................19 4.4.2- Caracterização do (1R,2R,4S)-4-isopropenil-2-(feniltio) ciclo hexano carbaldeido (27)....................................................................................................................................21 4.5- Conclusão...................................................................................................................... 28 5 – Síntese de Pirróis altamente substituídos usando água como solvente...........................29 5.1 – Introdução....................................................................................................................29 5.1.1 – Síntese de Pirróis de Knorr.......................................................................................31 5.1.2 - Síntese de pirróis de Paal-Knorr................................................................................34 5.1.3 - Síntese de pirróis de Barton-Zard..............................................................................42 5.1.4 - Síntese de Pirróis de Hantzsch................................................................................. 44 5.2 – Objetivo....................................................................................................................... 49 xiii 5.3– Resultados e Discussão:................................................................................................49 5.4 - Esquema de Intermediários Mecanístico paraa formação de pirróis...........................54 5.5 - Caracterização dos compostos tetracarbonilados.........................................................58 5.5.1 - Caracterização do 3,4-diacetil-hexano-2,5-diona (60a).............................................58 5.5.2 - Caracterização do Dietil-2,3-diacetilsuccinato (60b)................................................64 5.5.3 - Caracterização do 1,1,2,2-tetracarboxilato–tetrametil etano (60c)............................66 5.6 - Caracterização dos pirróis altamente substituídos........................................................67 5.6.1 - Caracterização do 3,4-diacetil-2,5-dimetil-1-fenil-1H-pirrol (62a)...........................68 5.6.2- Caracterização do 3,4-diacetil-2,5-dimetil-1-(4-metil-fenil)-1H-pirrol (62b)........... . 71 5.6.3 – Caracterização do 3,4-diacetil-2,5-dimetil-1-(4-metoxi-fenil)-1H-pirrol (62c)........74 5.6.4-Caracterização do 1-benzil-3,4-diacetil-2,5-dimetil-1H-pirrol (62d)..........................77 5.6.5- Caracterização do 3,4-dicarboxilato de dietila-2,5-dimetil-1-fenil-1H-pirrol (62e)...80 5.6.6 - Caracterização do 3,4-dicarboxilato de dietil-2,5-dimetill-1-(4-metil-fenil)-1H-pirro (62f)...................................................................................................................................83 5.6.7 – Caracterização do 3,4-dicarboxilato de dietil 2,5-dimetil-1-(4-metoxi-fenil)-1H- pirrol (62g)........................................................................................................................86 5.6.8 – Caracterização do 3,4-dicarboxilato de dietil 2,5-dimetil-1-(4-cloro-fenil)-1H-pirrol (62h)..................................................................................................................................89 5.6.9 - Caracterização do 1-benzil-3,4-dicarboxilato de dietil 2,5-dimetil-1H-pirrol (62i)..92 5.7 – Conclusão.....................................................................................................................95 6 – Considerações Finais.......................................................................................................96 7 – Sessão Experimental.......................................................................................................97 8 – Referências Bibliográficas............................................................................................108 Anexos................................................................................................................................120 Espectro 1: Espectro de Massas do composto 60a..............................................................121 Espectro 2: Espectro de Infravermelho do composto 60a...................................................123 Espectro 3a: Espectro de RMN 1H do composto 60a em CDCl3........................................124 Espectro 3b: Espectro de RMN 1H do composto 60a em CDCl3 e D2O.............................125 Espectro 4a: Espectro de RMN 13C do composto 60a em CDCl3.......................................126 Espectro 4b: Espectro de RMN 13C do composto 60a em CDCl3 e D2O............................127 Espectro 5: Espectro de Massas do composto 60b..............................................................128 xiv Espectro 6: Espectro de Infravermelho do composto 60b..................................................130 Espectro 7: Espectro de RMN 1H do composto 60b...........................................................131 Espectro 8: Espectro de RMN 13C do composto 60b..........................................................132 Espectro 9: Espectro de Massas do composto 60c..............................................................133 Espectro 10: Espectro de Infravermelho do composto 60c.................................................135 Espectro 11: Espectro de RMN 1H do composto 60c.........................................................136 Espectro 12: Espectro de RMN 13C do composto 60c........................................................137 Espectro 13: Espectro de Massas do composto 62a............................................................138 Espectro 14:Espectro de Infravermelho do composto 62a..................................................140 Espectro 15: Espectro de RMN 1H do composto 62a.........................................................141 Espectro 16: Espectro de RMN 13C do composto 62a........................................................142 Espectro 17: Espectro de RMN 2D HSQC do composto 62a.............................................143 Espectro 18: Espectro de RMN 2D HMBC do composto 62a............................................145 Espectro 19: Espectro de Massas do composto 62b............................................................147 Espectro 20: Espectro de Infravermelho do composto 62b................................................149 Espectro 21: Espectro de RMN 1H do composto 62b.........................................................150 Espectro 22: Espectro de RMN 13C do composto 62b........................................................151 Espectro 23: Espectro de RMN 2D HSQC do composto 62b.............................................152 Espectro 24: Espectro de RMN 2D HMBC do composto 62b............................................154 Espectro 25: Espectro de Massas do composto 62c............................................................156 Espectro 26: Espectro de Infravermelho do composto 62c.................................................158 Espectro 27: Espectro de RMN 1H do composto 62c.........................................................159 Espectro 28: Espectro de RMN 13C do composto 62c........................................................160 Espectro 29: Espectro de RMN 2D HSQC do composto 62c.............................................161 Espectro 30: Espectro de RMN 2D HMBC do composto 62c............................................163 Espectro 31: Espectro de Massas do composto 62d............................................................165 Espectro 32: Espectro de Infravermelho do composto 62d................................................167 Espectro 33: Espectro de RMN 1H do composto 62d.........................................................168 Espectro 34: Espectro de RMN 13C do composto 62d........................................................169 Espectro 35: Espectro de RMN 2D HSQC do composto 62d............................................170 Espectro 36: Espectro de RMN 2D HMBC do composto 62d............................................172 xv Espectro 37: Espectro de Massas do composto 62e............................................................173 Espectro 38: Espectro de Infravermelho do composto 62e.................................................175 Espectro 39: Espectro de RMN 1H do composto 62e.........................................................176 Espectro 40: Espectro de RMN 13C do composto 62e........................................................177 Espectro 41: Espectro de RMN 2D HSQC do composto 62e.............................................178 Espectro 42: Espectro de RMN 2D HMBC do composto 62e............................................180 Espectro 43: Espectro de Massas do composto 62f............................................................182 Espectro 44: Espectro de Infravermelho do composto 62f.................................................184 Espectro 45: Espectro de RMN 1H do composto 62f.........................................................185 Espectro 46: Espectro de RMN 13C do composto 62f........................................................186 Espectro 47: Espectro de RMN 2D HSQC do composto 62f............................................187 Espectro48: Espectro de RMN 2D HMBC do composto 62f............................................190 Espectro 49: Espectro de Massas do composto 62g............................................................193 Espectro 50: Espectro de Infravermelho do composto 62g................................................195 Espectro 51: Espectro de RMN 1H do composto 62g.........................................................196 Espectro 52: Espectro de RMN 13C do composto 62g........................................................197 Espectro 53: Espectro de RMN 2D HSQC do composto 62g............................................198 Espectro 54: Espectro de RMN 2D HMBC do composto 62g............................................200 Espectro 55: Espectro de Massas do composto 62h............................................................203 Espectro 56: Espectro de Infravermelho do composto 62h................................................205 Espectro 57: Espectro de RMN 1H do composto 62h.........................................................206 Espectro 58: Espectro de RMN 13C do composto 62h........................................................207 Espectro 59: Espectro de RMN 2D HSQC do composto 62h............................................208 Espectro 60: Espectro de RMN 2D HMBC do composto 62h............................................210 Espectro 61: Espectro de Massas do composto 62i............................................................212 Espectro 62: Espectro de Infravermelho do composto 62i.................................................214 Espectro 63: Espectro de RMN 1H do composto 62i.........................................................215 Espectro 64: Espectro de RMN 13C do composto 62i........................................................216 Espectro 65: Espectro de RMN 2D HSQC do composto 62i............................................217 Espectro 66: Espectro de RMN 2D HMBC do composto 62i............................................219 xvi Índice de Esquemas Esquema 1: Comparação das velocidades de reação e orientação dos produtos para a reação Diels-Alder em diferentes solventes.......................................................................................5 Esquema 2: Exemplos de reação de Diels-Alder intramolecular em meio aquoso................6 Esquema 3: Seletividade da reação de Dials- Alder intramolecular com a reciclagem do catalisador...........................................................................................................................7 Esquema 4: Reação de Knoevenagel em meio aquoso...........................................................8 Esquema 5: Reação de Knoevenagel em meio aquoso na formação de moléculas bioativas..............................................................................................................................8 Esquema 6: Formação de dihidropirimidonas em meio aquoso pela reação de Biginelli.....10 Esquema 7: Reação de Mannich, em meio aquoso, com L-prolina como catalisador..........11 Esquema 8: Efeito do Ph na adição de Michael....................................................................15 Esquema 9: Exemplo da diastereosseletividade na adição de Michael em meio aquoso.....16 Esquema 10a: Reações de adição de Michael estereosseletivas do tiofenol com terpenos α,β-insaturados..................................................................................................................17 Esquema 10b: Estados de transição para o controle da estereoquímica da reação de Adição de Michael.............................................................................................................................17 Esquema 11: Primeira síntese para a formação de pirróis – Síntese de Knorr..................... 31 Esquema 12: Esquema mecanístico para a reação de Knorr................................................. 32 Esquema 13: Formação do intermediário para a síntese de meso β-porfirinas através da metodologia de Knorr.......................................................................................................33 Esquema 14: Formação de meso β-porfirinas através da condensação de MacDonald.......33 Esquema 15: Formação de ciano pirróis pentassubstituídos.................................................34 Esquema 16: Formação de pirróis via Paal-Knorr................................................................35 Esquema 17: Esquema mecanístico na formação de pirróis via Paal-Knorr........................35 Esquema 18: Uso de Nitrato de bismuto na formação de pirróis.........................................37 Esquema 19: Uso de triflatos na síntese de pirróis...............................................................38 Esquema 20: Metodologia de Pall-Knorr com uso de micro-ondas.....................................39 Esquema 21: Metodologia de Paal-Knorr com o uso de líquidos iônicos............................40 Esquema 22: Metodologia de Pall Knorr com o uso do utrassom........................................41 xvii Esquema 23: Formação de pirróis via Barton-Zard..............................................................42 Esquema 24: Esquema mecanístico para a síntese de Barton-Zard......................................42 Esquema 25: Derivados de pirróis dicarboxilatos pela metodologia de Barton-Zard...........43 Esquema 26: Síntese de 3,4-diaril pirróis pela metodologia de Barton-Zard.......................44 Esquema 27: Síntese de Pirrol de Hantzsch..........................................................................45 Esquema 28: Esquema mecanístico para a formação do pirrol via Hantzsch....................... 45 Esquema 29: Formação de pirróis pentassubstituídos sem solvente.....................................46 Esquema 30: Formação de pirrol via metodologia verde......................................................47 Esquema 31: Síntese de Pirrol via metodologia verde..........................................................48 Esquema 32: Dimerização de compostos 1,3-dicarbonilados...............................................50 Esquema 33: Formação de pirróis pentassubstituídos em meio aquoso...............................52 Esquema 34: Formação de compostos tetracarbonilados.....................................................56 Esquema 35: Esquema de intermediários mecanístico para a formação de pirróis..............57 xviii Índice de Tabelas Tabela 1: Assinalamento dos espectros de 1H e 13C do (2S,3R,5S)-5-isopropenil-2-metil-3- feniltiociclo-hexanona.......................................................................................................19 Tabela 2: Atribuições de RMN 1H e 13C em CDCl3 e C6D6 para o (1R,2R,4S)-4-isopropenil- 2-feniltiociclo-hexanocarbaldeído.....................................................................................22 Tabela 3a: Resultados dos rendimentos cromatográficos obtidos com a variação de temperatura e tempo..........................................................................................................53 Tabela 3b: Resultados experimentais obtidos na formação de Pirrois..................................54 Tabela 4: Deslocamentos observados no espectro de 1H para o composto 60a....................59 Tabela 5: Deslocamentos observados no espectro de 13C para o composto 60a...................59 Tabela 6: Deslocamento químico dos hidrogênios do composto 60a em diferentes solventes...61 Tabela 7: Deslocamento químico dos carbonos do composto 60a em diferentes solventes.......62 Tabela 8: Deslocamentos observados no espectro de 1H para o composto 60b..................64 Tabela 9: Deslocamentos observados no espectro de 13C para o composto 60b...................65 Tabela 10: Deslocamentos observados no espectro de 1H para o composto 60c..................66 Tabela 11: Deslocamentos observados no espectro de 13C para o composto 60c.................67 Tabela 12: Deslocamentos observados no espectro de 1H para o composto 62a..................69 Tabela 13: Deslocamentos observados no espectro de 13C para o composto 62a.................69 Tabela 14: Acoplamentos entre hidrogênios e carbonos a partir do experimento HMBC...70 Tabela 15: Deslocamentos observados no espectro de 1H para o composto 62b..................72 Tabela 16: Deslocamentos observados no espectro de 13C para o composto 62b................72 Tabela 17: Acoplamentos entre hidrogênios e carbonos a partir do experimento HMBC...73 Tabela 18: Deslocamentos observados no espectro de 1H para o composto 62c..................75 Tabela 19: Deslocamentos observados no espectro de 13C para o composto 62c.................75 Tabela 20: Acoplamentos entre hidrogênios e carbonos a partir do experimento HMBC...76 Tabela 21: Deslocamentos observados no espectro de 1H para o composto 62d..................78 Tabela 22: Deslocamentos observados no espectro de 13C para o composto 62d................ 78 Tabela 23: Acoplamentos entre hidrogênios e carbonos a partir do experimento HMBC...79 Tabela 24: Deslocamentos observados no espectro de 1H para o composto 62e..................81 Tabela 25: Deslocamentos observados no espectro de 13C para o composto 62e.................81 xix Tabela 26: Acoplamentos entre hidrogênios e carbonos a partir do experimento HMBC...82 Tabela 27: Deslocamentos observados no espectro de 1H para o composto 62f..................84 Tabela 28: Deslocamentos observados no espectro de 13C para o composto 62f.................84 Tabela 29: Acoplamentos entre hidrogênios e carbonos a partir do experimento HMBC...85 Tabela 30: Deslocamentos observados no espectro de 1H para o composto 62g..................87 Tabela 31: Deslocamentos observados no espectro de 13C para o composto 62g.................87 Tabela 32: Acoplamentos entre hidrogênios e carbonos a partir do experimento HMBC...88 Tabela 33: Deslocamentos observados no espectro de 1H para o composto 62h..................90 Tabela 34: Deslocamentos observados no espectro de 13C para o composto 62h.................90 Tabela 35: Acoplamentos entre hidrogênios e carbonos a partir do experimento HMBC...91 Tabela 36: Deslocamentos observados no espectro de 1H para o composto 62i...................93 Tabela 37: Deslocamentos observados no espectro de 13C para o composto 62i.................93 Tabela 38: Acoplamentos entre hidrogênios e carbonos a partir do experimento HMBC...94 xx Índice de Figuras Figura 1: Espectro de COSY do composto 25......................................................................20 Figura 2: Configuração relativa dos hidrogênios do composto 25.......................................21 Figura 3: 3a - Experimento em CDCl3 do composto 27.......................................................24 3b - Experimento em C6D6 do composto 27..........................................................25 Figura 4: Espectro de COSY do composto 27......................................................................26 Figura 5: Excitação seletiva H-3 no experimento TOCSY do composto 27........................27 Figura 6: Configuração relativa dos hidrogênios do composto 27.......................................27 Figura 7: Estrutura do Pirrol.................................................................................................29 Figura 8: Algumas estruturas importantes contendo o núcleo pirrólico...............................30 Figura 9: Equilíbrio ceto-enólico dos derivados 2,4-pentanodiona......................................60 Figura 10: Equilíbrio ceto-enólico do composto 60a............................................................61 Figura 11: Efeitos estéricos na formação de fortes ligações de hidrogênio..........................63 Figura 12: Interações que provavelmente estabilizam a forma enólica................................63 1 1- Introdução: A Química Verde é o uso de técnicas e metodologias que reduzam o uso de reagentes, solventes e outras matérias primas, e que eliminem a geração de produtos ou subprodutos e resíduos prejudiciais à saúde humana ou ao meio ambiente. Essa preocupação tem sido vista como fundamental e de grande importância na prevenção da poluição. No mundo atual e globalizado, chefes de estado têm estabelecido metas para a redução de emissões de gases poluentes e para o controle da degradação de reservas ambientais mundiais visando um desenvolvimento sustentável importante para futuras gerações. (Redclift, M. R.; 1987; Warner, J. C.; Cannon, A. S.; Dye, K. M.; 2004; Anastas, P. T.; Williamson, T. C.; 1996). O último grande encontro sobre o tema foi em 2009, no Fórum Mundial Sobre o Clima, sediado em Kopenhagen, onde líderes mundiais discutiram a redução das emissões de gás carbônico nos países ricos, industrializados, e nos países em desenvolvimento (Guardian, 2009). Nos últimos anos, diversos pesquisadores vêm contribuindo significativamente na redução dos riscos associados à produção e utilização de produtos químicos através de rotas e processos de síntese inovadores que possuam claras vantagens sobre as metodologias tradicionais e que também sejam capazes de atingir os mesmos níveis de eficácia, gerando uma menor quantidade de resíduos químicos para posterior tratamento (Pal, S. K.; Bisoyi, H. K.; Kumar, S.; 2007; Wilson, M. A.; Filzen, G.; Welmaker, G. S.; 2009; Hutchings, G. J.; 2007; da Silva, F. M.; Lacerda, P. S. B.; Jones J. J.; 2005). Além disso, novas ferramentas de monitoramento e análise têm sido desenvolvidas para detectar 2 contaminações do ar, água e solos, aumentando o nível de exigência sobre os processos industriais e os resíduos gerados. A mudança do solvente vem sendo uma metodologia muito atrativa e inovadora dentro da filosofia da Química Verde. Atualmente, já existem diversos exemplos de utilização de solventes alternativos que possuem como característica chave serem menos agressivos ao meio ambiente. Esses solventes podem ser: aquosos, fluidos supercríticos e líquidos iônicos (Anastas, P. T.; 2002; Varma, R. S.; 1999; da Silva, F. M., Jones J. J.; 2001; Grieco, P.A.; 1998; Li, C.-H.; Chan, T.-H.; 1997). Existem doze tópicos que são levados em consideração quando se pretende utilizar a filosofia da química verde (Anastas, P. T.; Warner, J.; 2000). São eles: 1. Metodologias sintéticas que maximizem a incorporação dos reagentes ao produto final; 2. Redução da produção de substâncias que sejam tóxicas ao ambiente; 3. Planejamento dos produtos a serem obtidos de forma a ter maior eficiência e menor toxicidade; 4. Reduzir a formação de resíduos químicos é melhor do que tratá-los depois de formados; 5. Sempre que possível eliminar o uso de solventes e agentes de separação durante o processo ou, quando utilizados, que sejam inofensivos ao meio ambiente; 6. Sempre que possível, empregar métodos sintéticos conduzidos à temperatura e pressão ambiente, minimizando os impactos ambientais e econômicos; 7. Empregar matéria-prima proveniente de fontes renováveis; 8. Evitar metodologias que necessitem de derivatizações, como por exemplo, grupos de proteção; 9. Utilizar catalisadores, tão seletivos quanto possível72 (Dupont, J.; 2000); 3 10. Os produtos químicos descartados depois de terem sido usados,não devem persistir no meio ambiente e seus produtos de degradação devem ser inócuos; 11. Empregar métodos analíticos capazes de monitorar a formação de substâncias perigosas, durante os processos, em tempo real; 12. Empregar substâncias que minimizem o potencial de acidentes. A Química verde é um enorme desafio para aqueles que procuram aplicar os seus princípios, seja na indústria, educação ou pesquisa. Os desafios trazidos por essa prática criaram grandes oportunidades para a descoberta e aplicações de novas tecnologias químicas, para a melhora das condições ambientais do planeta e para retirar o estigma que a química possui de estar relacionada a processos poluentes. 1.1 – O uso da água em reações orgânicas: As propriedades físico-químicas da água tais como alta polaridade, formação de ligações hidrogênio, capacidade de solvatação de íons, líquido estruturado e seu efeito hidrofóbico (Lubineau, A.; Augé, J.; Queneau, Y.; 1994; Reichardt, C.; 1988) são bem conhecidos e justificam a sua denominação como solvente universal. Somados ao seu baixo custo, menor periculosidade operacional e a minimização do impacto ambiental que ocorre quando se substitui solventes orgânicos pela mesma, fazem com que a cada dia o uso de meios aquosos ou exclusivamente água como solvente desperte grande interesse industrial e motive muitos pesquisadores na busca de reações químicas que envolvam a sua utilização. Sabe-se que o efeito do solvente em uma reação química em relação à formação dos produtos e à sua velocidade, é muito importante. A mudança do solvente pode modificar a energia de ativação, pois altera a energia de solvatação dos reagentes e do estado de transição (Lubineau, A.; Augé, J.; Queneau, Y. 1994; Reichardt, C. 1988). A troca do 4 solvente também pode alterar a ordem de energia de diferentes estados de transição, levando a formação de outros produtos. A partir de 1980, Rideout e Breslow mostraram, em trabalhos pioneiros, as vantagens de reações orgânicas em meio aquoso (Rideout, D. C.; Brelow. R. 1980; Breslow, R. 1990). As propriedades da água levadas em consideração em relação à velocidade das reações de Diels Alder estudadas nesse trabalho se devem ao efeito hidrofóbico, que é a tendência de espécies apolares hidrofóbicas, se agregarem em água devido à alta energia de coesão desse solvente, levando a uma diminuição da superfície de contato entre moléculas hidrofóbicas e a água e, reduzindo a energia do sistema, a chamada interação hidrofóbica forçada (Lubineau, A.; Augé, J.; Queneau, Y. 1994). Atualmente, o uso da água como solvente em muitas reações orgânicas tem adquirido muita importância, em face do ponto de vista da química verde. (Grieco , P. A. 1998; Li, C. -J.; Chan, T. H. 1996; Tan, K.-T.; Chng, S.-S.; Cheng, H.-S.; Loh, T.-P. 2003; Tian, H.-Y.; Chen, Y.-J.; Wang, D.; Bu, Y.-P.; Li, C.-J. 2001; Morin Deveau, A.; MacDonald, T. L. 2004). Pode-se ainda observar na literatura um grande esforço no desenvolvimento de catalisadores eficientes e tolerantes ao meio aquoso. (Kobayashi, S. 2000; Kobayashi, S.; Iwamoto, S.; Nagayama, S. 1997; Munoz-Muniz, O.; Quintanar- Audelo, M.; Juaristi, E. 2003). Alguns exemplos da utilização da água como solvente em reações orgânicas são descritos a seguir. 1.2 – Reações do tipo Diels-Alder Esta foi uma das primeiras reações orgânicas na qual foi estudado o efeito da substituição do solvente orgânico por água. Os estudos cinéticos de Breslow (Brelow. R. 5 1980) da cicloadição de ciclopentadieno (1) com metilvinilcetona (2) monstraram uma velocidade 700 vezes maior em água do que em isooctano. A adição de sais como cloreto de lítio, que promovem “salting-out”, diminuindo a solubilidade das moléculas orgânicas em água, mostra o efeito hidrofóbico atuando nesta reação provocando um aumento da sua velocidade. Por outro lado, observou-se que a utilização de sais como o cloreto de guanidínio, que promovem “salting-in”, diminuem a velocidade da reação. (Rideout, D. C.; Brelow. R. 1980; Breslow, R. 1991). (Esquema 1) A maior seletividade para os produtos endo em meio aquoso, inclusive em suspensão (Breslow, R.; Maitra, U.; Rideout, D. 1983), se deve à interação hidrofóbica forçada, que possui como consequência a formação do produto principal que passe por um estado de transição mais compacto (Lubineau, A.; Augé, J.; Queneau, Y. 1994). Esquema 1: Comparação das velocidades de reação e orientação dos produtos para a reação de Diels-Alder entre o ciclopentadieno e a metilvinilcetona em diferentes solventes. 6 A reação intramolecular de Diels-Alder também pode ser favorecida em meio aquoso. Na literatura encontramos exemplos dessa reação levando a produtos em misturas diastereoisoméricas (Sternbach, D. D.; Rossana, D. 1982; Wang, W. B.; Roskamp, E. J. 1992; Keay, B. A. 1987) e ainda reações catalisadas por acidos de Lewis levando a uma alta endo seletividade. Como exemplo, temos a reação de derivados do 1,7,9-decatrienoato de metila (4a e 4b) na presença de In(OTf)3, como catalisador, usando uma mistura de água e 2-propanol (6:1). O catalisador é reciclado, sendo então uma rota inserida no contexto da química verde. (Yanai, H.; Saito, A.; Taguchi T. 2005) (Esquemas 2 e 3) O H H O R3 R5 R4 R1 R2 R3 R1 O OR5 R2 R4 In(OTf)3 20%mol H2O/ 2-PrOH (6:1) (4a) (5a) R1 R2 R3 R4 R5 Tempo (h) Rendimento (%) Me H H H H 8 76 H Me H Me H 14 71 H H H Me H 24 68 H H H n-Pr H 24 18 H H H H CO2H 24 78 Esquema 2: Exemplos de reações de Diels-Alder intramoleculares em meio aquoso. 7 O O In(OTf)3 20%mol H2O/ 2-PrOH (6:1) 70 °C, 12 h O H H O 83 - 79% (endo) (4b) (5b) Esquema 3: Seletividade da reação de Diels-Alder intramolecular, em meio aquoso. 1.3 – Reação de Knovenagel A condensação de Knoevenagel de aldeídos com metilenos ativos é amplamente empregada na formação de novas ligações carbono-carbono em síntese orgânica (Jones, G. 1967), aplicações em química fina (Freeman, F. Chem. Rev. 1981), reações hetero Diels- Alder (Tietze, L. F.; Saling, P. 1992;) e na formação de heterociclos com potencial atividade biológica (Tietze, L. F. 1996). Essa reação utiliza solventes e catalisadores, que geralmente são bases (Binev, I. G.; Binev, Y. G.; Stamboliyska, B. A.; Juchnovski, I. N. 1997), ácidos de Lewis (Prajapati, D.; Lekhok, K. C.; Sandhu, J. S.; Ghosh, A. C. 1996), zeólitas (Reddy, T. I.; Verma, R. S. 1997) e outros catalisadores heterogêneos (Kubota, Y.; Nishizaki, Y.; Ikeya, H.; Saeki, M.; Hida, T.; Kawazu, S.; Yoshida, M.; Fujii, H.; Sugi, Y. 2004). Na literatura é possível encontrar o uso da água como solvente em reações simples e eficientes sem uso de catalisadores e em temperatura ambiente para a formação de moléculas bioativas (10 e 12). (Deb, M. L.; Bhuyan, P. J. 2005) (Esquemas 4 e 5) 8 Esquema 4: Estudo da reação de Knoevenagel em meio aquoso. Esquema 5: Reação de Knoevenagel em meio aquoso para a formação de moléculas bioativas. 9 1.4 – Reação de Biginelli A metodologia clássica usada na reação multicomponente de Biginelli (Biginelli, P.; 1893) consiste em reagir um aldeído, um β-cetoéster e uréia gerando tetra-hidro- pirimidonas, que são compostos com alto potencial em aplicações farmacêuticas. (Armstrong, R. W.; Combs, A. P.; Tempest, P. A.; Brown, S. D.; Keating, T. A.; 1996). Existem diversos exemplos de aplicação da reação de Biginelli utilizando água comosolvente, sem catalisadores (Hassani, Z.; Islami, M. R.; Kalantari, M. 2006), e também com catalisador sem solvente orgânico (Schauble J. H., Trauffer E. A., Deshpande P. P., Evans R. D.; 2005) e ainda usando o ácido poliestirenossulfônico (APS) como catalisador de baixa toxicidade, em meio aquoso, com o uso de microondas (MO), levando à produtos (15) em ótimos rendimentos. (Polshettiwar, V.; Varma R. S. 2007) (Esquema 6) 10 OR1 O O H O R2 H2N NH2 X R1O N H NH X O R2 APS 80 °C, MO 20 min(13) (6) (14) (15) R1 R2 X Rendimento/% Et H O 89 Et 4-OCH3 O 88 Et 4-Cl O 91 Me 4-F O 89 Me 4-NO2 O 90 Et 4-OCH3 S 87 Et 4-Cl S 88 Esquema 6: Formação de di-hidropirimidonas em meio aquoso pela reação de Biginelli. 1.5 – Reação de Mannich A reação de Mannich, ou α-amino alquilação de compostos carbonílicos, é uma das reações importantes para formação da ligação carbono-carbono em síntese orgânica. Os produtos, β-aminocetonas (bases de Mannich) e seus derivados, possuem uma variedade de aplicações interessantes, dentro as quais a preparação de alvos sintéticos (Juaristi, E.; 1997) e produtos naturais (Kleinmann, E. F.; Trost, B. M., Flemming, I., 1991). Entretanto, a reação convencional de Mannich possui condições drásticas de reação (alta temperatura, 11 longo tempo de reação) e conduz a produtos indesejáveis. (Wenzel, A. G.; Jacobsen, E. N.; 2002). Um exemplo importante da reação de Mannich em meio aquoso é a primeira síntese assimétrica direta utilizando L-prolina, conduzindo a aminoaldeídos (18) com excelente diastéreo e enantioseletividades. (Cordova, A. Barbas, C. F. 2003) (Esquema 7). Esta metodologia simples produz formas com alto excesso enantiomérico, usando N-PMP como grupo de proteção. O EtO N PMP H O H R O EtO NH R O H PMP (S) (S) (2eq.) L-prolina 10 %mol H2O/THF (1:9) T.A. Rendimento ( %) 84 (16) (17) (18) R Rendimento/% ee/% n-pentil 82 >99 n-hexil 84 95 n-butil 79 99 CH2=CHCH2 64 95 Esquema 7: Reação de Mannich, em meio aquoso, usando L-prolina como catalisador. 12 2 - Motivação: Os princípios da Química Verde podem parecer, em um primeiro momento, muito distantes da realidade. Porém, hoje, observa-se que há um grande esforço da parte de pesquisadores acadêmicos e industriais para uma mudança de comportamento. Para que os objetivos da Química Verde sejam atingidos bastam, além do conhecimento químico, recursos para as atividades de pesquisa científica e inovação tecnológica e incentivos governamentais para as empresas. Já existem na literatura muitos resultados para a otimização das condições reacionais em síntese orgânica, levando a processos menos agressivos ao meio ambiente. Dentre estas, o estudo de reações orgânicas em água é considerado uma importante estratégia para o desenvolvimento das metodologias “verdes” (da Silva, F.M.; Jones Jr, J.; 2001; Gonçalves, M.; Jones Jr, J.; da Silva, F.M.; Coelho, R.B.; Ferre, F.T.; Sena, J.D.; 2009; Almeida, Q.A.R.; da Silva, F.M.; Jones Jr, J.; de Carvalho E.M.; Coelho, R.B.; Kaiser, C.R; Pereira, M.L.O.; 2008). 13 3- Objetivo: O Trabalho desenvolvido é dividido em duas partes. Em ambos os casos, temos o desenvolvimento de novos protocolos experimentais, eliminando parcial ou totalmente o uso de solventes orgânicos. A primeira parte visa o estudo das reações de adições de Michael em meio aquoso, buscando atender aos princípios da Química Verde. Já na segunda parte, estuda-se a formação de heterocíclos do tipo pirrol altamente substituídos, sem a necessidade de solventes orgânicos e/ou catalisadores, aplicando os conceitos da Química Verde. Embora tenham-se produtos inéditos sendo obtidos, as reações aqui estudas são bem conhecidas. A caracterização detalhada dos produtos visou assegurar a inequívoca identificação dos mesmos. 14 4 – Reação de adição de Michael a compostos α,βα,βα,βα,β-insaturados 4.1 – Introdução: A reação de adição de Michael foi descoberta por Kommenos (Kommenos, T. 1883) e Claisen (Claisen, L. 1887), porém foi efetivamente desenvolvida por Michael, que a partir de 1887 a relatou em uma série de trabalhos. (Michael, A. 1887; Michael, A.; Schulthess, W. 1891; Michael, A. 1894; Michael, A. 1900). Esse tipo de reação é muito aplicada em síntese orgânica (Shimizu, S.; Shirakawa, S.; Suzuki, T.; Sasaki, Y. 2001), sendo importante na formação de novas ligações carbono-carbono e na obtenção de compostos polifuncionais. Convencionalmente, essa reação é caracterizada pela adição de nucleófilos (doadores de Michael) à olefinas ativadas (receptores de Michael) (House, H.O. 1972; Oare, D.A.; Heathcock, C.H. 1989). Na literatura podemos encontrar exemplos da reação de Michael, em meio aquoso, catalisadas por ácidos de Lewis tolerantes a água (Keller, E.; Feringa, B. L. 1996; Keller, E.; Feringa, B. L. 1997; Mori Y.; Kakumoto, K.; Manabe, K.; Kobayashi,S. 2000; Loh, T. - P.; Wei L. -L. 1998), por base, na presença ou não de reagentes de transferência de fase (Ding, R.; Katebzadeh, K.; Roman, L.; Bergquist, K.; Lindström, U. M. 2006; Chaudhuri, M. K; Hussain, S. 2007; Balline, R; Bosica, G. 1996), por catalisadores heterogêneos (Ballini, R.; Barboni, G.; Bosica, G.; Filippone, P.; Peretti, S. 2000) e ainda envolvendo o uso de organometálicos como nucleófilos (Lubineau, A.; Augé, J. 1992; Hajos, Z. G.; Parrish, D. R. 1974; Naidu, B. N.; Li, W.; Sorenson, M. E.; Connolly, T. P.; Wichtowski, J. A.; Zhang, Y.; Kim, O. K.; Matiskella, J. D.; Lam, K. S.; Bronson, J. J.; Ueda 2004). Segundo King e colaboradores (King, J. F.; Rathore, R.; Lam, J. Y. L.; Guo, Z. R.; Klassen, D. F. 1992), o controle do pH é essencial para a otimização das reações 15 nucleofílicas em meio aquoso, pois processos paralelos, como a hidrólise dos reagentes, podem competir com a reação desejada. É conhecido na literatura que a reação de Michael empregando 1-propanotiol ou tiofenol (19) e ciclo-hexenona (20), feita sob três condições diferentes de pH em meio aquoso, tem como melhor condição o pH 7,0, utilizando-se uma solução 1 M de NaHCO3. (Esquema 8) (da Silva, F. M., Jones J. J. 1999) R-SH O S R O Base H2O (19) (20) (21) R Base (pH) Tempo/h Rendimento/% n-Pr NaOH (pH 14) Na2CO3 (pH 10) NaHCO3 (pH 7) 2 30 50 70 C6H5 NaOH (pH 14) Na2CO3 (pH 10) NaHCO3 (pH 7) 0,75 30 55 95 Esquema 8: Efeito do pH na adição de Michael. Em outro trabalho dos mesmos autores, observa-se também a primeira reação de Michael em meio aquoso que leva a produtos (23) com alta diastereoseletividade. Esta reação se dá entre α,β-nitro olefinas (22) e o tiofenol (19) com o controle de pH mostrado no esquema anterior. (da Silva, F. M., Jones J. J. 2001) (Esquema 9) 16 NO2 PhSH, H2O NaHCO3, T.A. PhSH, CH3CN Et3N, T.A. 1) PhS-, THF 2) AcOH, -78 °C NO2 SPh NO2 SPh NO2 SPh 70% cis/trans = 100/0 88% cis/trans = 12/88 88% cis/trans = 100/0 (22) (23) Esquema 9: Exemplo de diastereosseletividade na adição de Michael, em meio aquoso. 4.2 – Objetivo: Nesta primeira parte do trabalho, foram estudadas as reações de Michael, usando tiofenol e terpenos α,β-insaturados, tendo a águacomo solvente, catalisada por base, sem a necessidade de agentes de transferência de fase, com o objetivo de estudar a enantiosseletividade dessas reações. 4.3- Resultados e Discussões: Foram feitas as reações com alguns substratos quirais terpênicos, com o objetivo de analisar a enatiosseletividade da reação em meio aquoso. Observou-se que o tiofenol (19) reage com a (R)-carvona (24) e com o (S)-perilaldeído (26) em pH 7,0 levando aos produtos (25 e 27) como mostrado no esquema 10. 17 Esquema 10a: Reações de adição de Michael estereosseletivas do tiofenol com terpenos α,β-insaturados. A estereoquímica dos produtos obtidos é controlada pela adição axial do tiofenol na primeira etapa da reação e pela protonação axial no próximo passo como mostrado nos estados de transição propostos a seguir: Esquema 10b: Estados de transição para o controle da estereoquímica da reação de adição de Michael. 18 O produto obtido na reação da (R)-carvona com o tiofenol, produto (25), é um intermediário na síntese estereoespecífica da (2R, 5R)-trans-diidrocarvona, descrita por Solladie e Hutt. (Solladie, G.; Hutt, J. 1986). Essas reações ainda são descritas na literatura empregando diclorometano ou hexano à 0 °C como solventes e trietilamina como catalisador. (Solladie, G.; Hutt, J. 1986; Smitt, O.; Hogberg, H-E. 2002). Na metodologia aqui desenvolvida temos a vantagem de substituir o solvente orgânico tóxico e/ou inflamável por água, a trietilamina por NaHCO3 e a eliminação da necessidade do controle de temperatura. Além desses fatores, em termos operacionais, a metodologia utilizada é muito eficiente, levando aos produtos em bom rendimento e fáceis de isolar, pois basta uma simples filtração, visto que são insolúveis em água, e para as suas purificações recristalizaram-se os mesmos em hexano. 4.4- Caracterização dos produtos terpênicos: Os produtos obtidos (25 e 27) foram analisados por cromatografia gasosa de alta resolução e caracterizados por ressonância magnética nuclear. O espectro de hidrogênio (H1) foi totalmente assinalado pela combinação de experimentos de correlação heteronuclear HSQC e HMBC, e homonuclear COSY, TOCSY e NOE. 4.4.1 – Caracterização do (2S,3R,5S)-5-isopropenil-2-metil-3-feniltio ciclo-hexanona (25): Este produto foi obtido na forma de um sólido incolor em 60% de rendimento, o ponto de fusão foi de 63-65ºC e rotação específica [α]D24 = –91.0 (c 10, CH2Cl2). Todos 19 esses resultados, incluindo os resultados de RMN de 1H e 13C condizem com a estrutura proposta e com os dados descritos na literatura (Hogberg, H-E. 2002). Abaixo segue a tabela com os dados de RMN obtidos. (Tabela 1) SO 10 2 3 11 12 12 13 13 144 5 6 1 7 89 Tabela 1: Assinalamento dos espectros de 1H e 13C do (2S,3R,5S)-5-isopropenil-2- metil-3-feniltiociclo-hexanona. Posição RMN 1H RMN13C 1 -- 209,6 2 2,84 -2,92 (m, 1H) 48,2 3 3,9 (dd, J34 = 11,6 Hz, J34’ = J32 = 3,5Hz, 1H) 53,2 4’eq 2,06 (dddd, J4’4 = 13,9 Hz, J4’3 = 3,5 Hz, J4’5 = 3,8 Hz, J4’6’ = 2,0 Hz, 1H) 35,0 4 ax 1,9 (ddd, J44’ = 13,9 Hz, J43 = 11,6 Hz, J45 = 3,1 Hz, 1H) 5 3,03 (dd, J56 = J54 = 12,3 Hz, J56’ = J54’ = 3,8Hz, 1H), 40,1 6’ eq 2,54 (ddd, J6’6 = 13,6Hz, J6'5 = 4,3Hz, J6'4’ = 2,0Hz, 1H), 45,7 6 ax 2,29 (ddd, J66’ = 13,6Hz, J65 = 12,3Hz, J52 = 1,21Hz, 1H), 7 -- 146,7 8 4,77 (d, J8α-8β =0,6 Hz, H-8α) 4,71(d, J8β-8α =0,8 Hz, H-8β) 109,9 9 1,66 (d, J9,8 = 3,8 Hz, CH3) 20,6 10 1,22 (d, J10,2 = 6,7 Hz, CH3) 12,6 11 -- 134,3 12 7,38 -7,43 (m,2H) 132,3 13 7,21-7,33 (m,2H) 128,9 14 7,21-7,33 (m) 127,2 20 O espectro de COSY (Figura 1) para esse composto mostra que o hidrogênio, H-2, que está em um deslocamento δ de 2,84-2,92 (multipleto) possui um acoplamento com o grupo metila (H-10) com um deslocamento δ de 1,22 (dupleto). O hidrogênio H-3 (dd) em δ 3,9 ppm possui acoplamento com H-2 e H-4, enquanto que o hidrogênio H-5 em δ 3.03 (dd) acopla com os hidrogênios H-4 e H-6. A configuração relativa de H-5 foi feita através das constantes de acoplamento entre os hidrogênios axial- equatorial e os hidrogênios axial-axial como mostrados anteriormente na Tabela 1. Figura 1: Espectro de COSY do (2S,3R,5S)-5-isopropenil-2-metil-3-feniltio ciclo-hexanona. Com a ajuda de um experimento NOE foi possível estabelecer a configuração relativa dos hidrogênios H-2 e H-3. 21 A irradiação seletiva de H-2 produz efeito NOE em H-3 e H-10, e um ligeiro efeito nos hidrogênios axial H-6 e H-4. Já a irradiação de H-3 produz efeito NOE em H-2 e também em H-4 e H-10. O efeito NOE dos hidrogênios H-4 axial e equatorial é muito semelhante. É importante ressaltar que não se observou NOE entre os hidrogênios do anel aromático e os hidrogênios do anel da ciclo-hexanona. Estes NOE indicam que o hidrogênio H-2 ocupa a posição axial e o hidrogênio H-3 ocupa a posição equatorial, pois se H-3 ocupasse a posição axial essa diferença seria maior (Figura 2). Figura 2: Configuração relativa dos hidrogênios do anel ciclo-hexanona. 4.4.2- Caracterização do (1R,2R,4S)-4-isopropenil-2-feniltiociclo-hexanocarbaldeído (27) : Este produto foi um sólido incolor obtido em 40% de rendimento, o ponto de fusão foi de 75-76ºC e a rotação de polarização [α]D24 = –58.0 (c 10, CH2Cl2). Todos esses resultados, incluindo os resultados de RMN de 1H e 13C em CDCl3 condizem com a estrutura proposta e com os dados descritos na literatura (Hogberg, H-E. 2002). A determinação da estereoquímica total desse produto foi obtida através de experimentos de RMN, inclusive os experimentos de correlação, em dois solventes: CDCl3 e C6D6. (Tabela 2) 22 S2 3 11 12 1314 4 5 6 1 7 8 9 O H 9 10 10 Tabela 2: Atribuições de RM� 1H e 13C em CDCl3 e C6D6 para o (1R,2R,4S)-4- isopropenil-2-feniltiociclo-hexanocarbaldeído. Posição CDCl3 C6D6 1H 13C 1H 13C 1 9,70(s, 1H) 202,4 9,48 (s, 1H) 200,7 2 2,58-2,49 (m, 1H) 53,5 1,88-1,77 (m, 1H) 53,0 3 3,98 (d, J = 3,2Hz) 48,4 3,51 (t, J= 2,7 Hz, 1H) 48,2 4 ax. 1,63 (td, J = 3,4 e 12,1 Hz) 37,1 1,19 (td, J = 3,3 e 13,1 Hz, 1H) 36,8 4’ eq. 2,07 (qd, J = 5,1 e 12,1 Hz) 1,93 (qd, J= 5,1 e 13,1 Hz, 1H) 5 2,58-2,49 (m, 1H) 39,5 2,55 (tt, J = 3,3 e 12,1 Hz, 1H) 39,3 6 ax. 1,21 (qd, J = 3,7 e 12,3 Hz) 30,3 0,86 (qd, J = 3,6 e 12,2 Hz, 1H) 30,21 6’ eq. 1,97-1,91 (m, 1H) 1,72-1,63 (m, 1H) 7’ eq. 2,02-1,99 (m, 1H) 22,2 1,88-1,77 (m, 1H) 22,1 7 ax. 1,72-1,63 (m, 1H) 8 -- 135,0 -- 135,9 9 7,34-7,19(m, 1H) 129,4 7,01-6,91 (m, 1H) 127,5 10 7,43 (dd, J = 1,35 e 8,2 132,7 7,3 (dd, J = 1,37 e 8,0 132,6 23 Hz) Hz, 1H) 11 7,34-7,19 (m, 1H) 127,7 6,89-6,81 (m, 1H) 129,2 12 -- 149,1 -- 149,3 13 4,72 (d, J = 9,8Hz) 109,5 4,75 (d, J = 18,7 Hz, 2H) 109,3 14 1,72 (s, 3H) 21,8 1,56 (s, 3H) 21,1 Quando o experimento é feito em CDCl3, observam-se os hidrogênios H-2 e H-5 sobrepostos como um multipleto em δ 2,49-2,58 ppm (Figura 3a). No intuito de promover a mudança no deslocamento químico e esclarecer a sobreposição que ocorre nesse multipleto, o produto 27 foi também analisado em C6D6 (Figura 3b). Com esse solvente H-5 aparece como um tripleto de tripleto em 2,50 ppm (J5-4eq ≈ J5-6eq 3,10Hz, J5-4ax ≈ J5-6ax 12,00 Hz), mas o sinal de H-2 fica sobreposto com H-7eq em 1,77-1,88 ppm. 24 Figura 3a – Experimento em CDCl3 para o (1R,2R,4S)-4-isopropenil-2-feniltiociclo-hexano carbaldeído. 25 Figura 3b – Experimento em C6D6 para o (1R,2R,4S)-4-isopropenil-2-feniltiociclo-hexano carbaldeído. O espectro de HSQC em CDCl3 mostra um multipleto em δ 2,49-2,58 contendo dois hidrogênios diferentes, um do C-2 em 53,5 ppm e outro do C-5 em 39,5 ppm. Nos experimentos de COSY e HMBC também em CDCl3 temos a atribuição de H-3 como um dupleto em δ 3,98 (J = 3,1 Hz) e o acoplamento deste com H-2 (m, δ 2,49-2,58) e H-4 (δ 2,07 e 1,63). Além disso, o espectro de COSY mostra o acoplamento entre os hidrogênios H-3, H-4, H-6, H-7 (Figura 4). 26 Figura 4: Espectro de COSY do (1R,2R,4S)-4-isopropenil-2-feniltiociclo-hexano carbaldeído em CDCl3. No experimento TOCSY 1D, o hidrogênio H-3 (d, 3,98) foi seletivamente saturado em CDCl3 e o espectro foi obtido com um tempo de mistura de 25 ms a 20 ºC. Determinou- se a multiplicidade do hidrogênio H-2, o multipleto foi modificado para um duplo tripleto com J2-7ax 12,37 Hz e J2-7eq ≈ J2-3 3,10 Hz (Figura 5). Esses acoplamentos são consistentes com H-2 na posição axial. 27 Figura 5: Excitação seletiva H-3 no experimento TOCSY do (1R,2R,4S)-4-isopropenil-2- feniltiociclo-hexanocarbaldeído. Por fim, as configurações relativas de H-3 e H-5 foram examinadas por espectroscopia NOE. Em CDCl3 observa-se efeito NOE de H-3 com H-2 e H-4 axial, enquanto que em C6D6 temos o efeito NOE entre H-5 e H-4 equatorial. Com esses resultados é possível sugerir que a H-3 e H-2 estão em posição sinclinal. (Figura 6) Figura 6: Configuração relativa dos hidrogênios no anel do ciclo-hexano carbaldeído. 28 4.5- Conclusão: A reação de adição de Michael de tiofenol a terpenos α,β-insaturados em meio aquoso, leva a produtos em bons rendimentos e alta estereosseletividade. Os dados experimentais obtidos como ponto de fusão e rotação específica, [α], são condizentes com os dados existentes na literatura. Os experimentos de RMN permitiram a elucidação total da estereoquímica dos produtos obtidos e a metodologia de síntese desenvolvida representa um progresso em relação às outras descritas na literatura em face da troca da base trietilamina por NaHCO3, dispensando o uso de baixas temperaturas, o isolamento dos produtos feito por uma simples filtração seguida de uma purificação dos mesmos por recristalização com hexano e por fim a reação é feita com o uso de um solvente não agressivo, a água. Todas essas vantagens estão de acordo com as práticas da Química Verde. 29 5 – Síntese de Pirróis altamente substituídos usando água como solvente 5.1 – Introdução: Heterocíclos contendo o elemento nitrogênio fazem parte de um grande número de compostos biologicamente ativos (Lash, T.D.; Marron, T.G.; Bastian, J.A.; 2007; Agarwal, N.; Ravikanth, M.; 2004; Brower, J.O.; Lightner, D.A.; McDonagh, A.F.; 2001; Lehuédé, J.; et al.; 1999; Chaviara, A. Th.; et al.; 2005; Malinka, W.; Redzicka, A.; Lozach, O.; 2004). O pirrol é um desses heterocíclos, sendo um composto aromático muito importante na área da química (Eicher, T; Hauptmann; S.; 2003). Ele é plano e tem um sistema aromático de 6 elétrons π (pi). (Figura 7). Figura 7: Estrutura do Pirrol com distância de ligação em picomêtros. Na natureza podemos encontrar o núcleo pirrólico em moléculas complexas como a bilirrubina, que foi isolada por Staedeler em 1864 (Eicher, T; Hauptmann; S.; 2003), nas porfirinas, hemoglobina, clorofila, vitamina B12, nicotina e nos alcalóides. Estudos recentes mostram núcleos pirrólicos em compostos naturais marinhos, que apresentam considerável citoxicidade (Tao, H.; Hwang, I.; Boger, D. L.; 2004), além de encontrarmos esse núcleo também em produtos sintéticos com importantes efeitos farmacológicos tais como: anticancerígenos, antibióticos, antiinflamatórios, antivirais, entre outros (Burli, R. W.; et al. 2004a; Burli, R. W.; et al. 2004b). Abaixo seguem algumas estruturas contendo o núcleo pirrólico (Figura 8). 30 Cl NO2 N H Cl N H O N H O OH N H O OH N H O Bilirrubina Pirrolnitrina (Antibiótico) Cl O N O OH Zomepirac (Antinflamatório) MeO O OMeO NH N O O N HN O OH Vertiporfina (Tratamento do câncer de pele) N N N O O N O O Fe+3 Grupo Heme que ocorre na Hemoglobina N N N O OC20H39 N Mg O COOCH3 Clorofila Figura 8: Algumas estruturas importantes contendo o núcleo pirrólico As atividades biológicas ligadas aos pirróis e principalmente aos seus derivados fazem com que esse grupo seja alvo de muitos estudos em síntese orgânica e na química medicinal. (Arrowsmith, J. et al.; 2002; Wang, S. et al.; 2004; Liu, F. et al.; 2006) Na literatura, encontram-se diversos procedimentos para a síntese de pirróis e seus derivados. Seguem abaixo os métodos clássicos para a formação desses compostos. 31 5.1.1 – Síntese de Pirróis de Knorr: A síntese de Knorr (Knorr, L.; 1884; Kleinspehn, G.G.; 1955; Fabiano, E.; Golding, B.T. J.; 1991; Alberola, A. et al.;1999) é uma das primeiras sínteses para a formação de pirróis (30). A reação se dá pela ciclocondensação entre α-aminocetonas (28) e β- cetoésteres ou β-dicetonas (29). A reação requer zinco e ácido acético como catalisadores (Esquema 11). Para que as α-aminocetonas não se auto-condensem, estas devem ser preparadas “in situ”, por redução de oximas com o auxílio de zinco. R2 O R1 NH2 O R4O R3 N H R2 R3 O R4R1 Zn AcOH (28) (29) (30) Esquema 11: Primeira síntese para a formação de pirróis – Síntese de Knorr O esquema mecanístico para a reação de Knorr segue abaixo. Vários estudos demonstram que existem outras rotas mecanísticas (Li, J. J.; 2004; Kleinspehn, G. G. J.; 1955; Harbuck, J. W.; Rapoport, H. J.; 1971; Paine, J. B. et al.; 1987) e outros pirróis sendo formados dependendo dos substratos utilizados (Esquema 12). 32 O O - H2O N H O O OEt N H O HO N H O EtO2C - H2O (30) O NH2 OEt (28) (29) Esquema 12: Esquema mecanístico para a reação de Knorr Na literatura encontramos diversas modificações para a síntese de Knorr. A maioria dessas modificações é na formação de porfirinas, (Fujii, H.; Yoshimura, T. Kamada, H.; 1997; Lash, T. D. et al.; 1992; Jiao, W.; Lash, T. D. 2002) como por exemplo a síntese de β-mesoporfirinas (31) utilizando a metodologia de Knorr e a condensação de MacDonald “2+2” (Lash, T. D.; 1998; Arsenault, G. P.; Bullock, E.; MacDonald, S. F.; 1960) (Esquemas 13 e 14) . 33 OO R H2N CO2Et CO2Et AcOH N H R CO2Et Pb(OAc)4 AcOH N H R CO2Et AcO HCl / MeOH HN R CO2Et NH R EtO2C NaOH HO OHHN R H NH R H PhCOCl DMF HN R CHO NH R OHC R = Et - 85% , Bu - 83% Esquema 13: Formação do intermediário para a síntese de β- mesoporfirinas através da metodologia de Knorr. HN R CHO NH R OHC HN R' CO2H NH HO2C 1) p- TSA 2) Zn(OAc)2 O2 N R' NH HN R N R R = R' = Et - 20% R=Bu; R'= Et - 21% R=Et, R'=Me - 22%(31) Esquema 14:Formação de β-mesoporfirinas através da condensação de MacDonald Um outro exemplo que podemos citar é uma modificação muito interessante na síntese de Knorr, onde se tem a formação de derivados do 4-cianopirrol pentassubstituido (34), uma molécula precursora importante na preparação de potencializadores de AMPA, 34 que são uma subclasse de receptores ionotrópicos do sistema nervoso central. (Albaugh, P. A. et al., 2005; Magnus, N. A. et al., 2006). A formação desse importante pirrol se dá entre um β-cetoéster α-isonitroso (32) (Eid, C. N.; Konopelski, J. P.; 1991) e uma β-cetonitrila (33) na presença de zinco e etanol, produzindo o pirrol (34) em alta pureza química. (Esquema 15) Br O NOH EtO O Br O EtO O NH2 OAc KO R CN Br N H CN REtO O Br N H CN EtEtO O CN Br N R EtO O Me MeI / K2CO3 1)Zn/EtOH 2)AcOH/H2O THF / DMSO acetona / H2O 98% - Precursor AMPA (32) (33) (34) R Rendimento % Me 79 i-Pr 37 Et 84 Esquema 15: Formação de ciano pirróis pentassubstituídos 5.1.2 - Síntese de pirróis de Paal-Knorr: Paal e Knorr em estudos separados descobriram, há mais de cem anos, a síntese de pirróis (37) conhecida como Paal-Knorr (Paal, C.; 1885; Knorr, L.; 1885; Li, J.J. 2005; Chiu, P.K.; Lui, K-H.; Maini, P.N.; Sammes, M.P.; 1987) . Essa reação é uma condensação 35 intramolecular simples e similar à síntese de Knorr, onde compostos 1,4-dicarbonilados (36) reagem com aminas primárias (35) em condições levemente ácidas. (Esquema 16) R1NH2 R2 O R3 O NR2 R3 R1 H+ (35) (36) (37) Esquema 16: Formação de pirróis via Paal-Knorr Apesar de aparentemente simples, o mecanismo para essa reação foi muito discutido (Katritzky, A. R.; Yousaf, T. I.; Chen, B. C.; 1986; Katritzky, A. R.; Ostercamp, D. L.; Yousaf, T. I.; 1987; Chiu, P. K.; Sammes, M. P.; 1988). Algumas evidências tais como: isolamento do intermediário, efeitos isotópicos e estudo da cinética dessa reação, sugerem um esquema mecanístico de intermediários como segue abaixo (Amarnath,V. et al., 1991). Vale ressaltar que muitas vezes esse mecanismo é dependente do pH, solvente utilizado e estrutura do composto 1,4-dicarbonilado que influencia principalmente na etapa do fechamento do anel de pirrol. (Esquema 17) MeNH2 O O N O OHMeHN HO OH N -H2O OH N -H2O (35) (36) (37) Esquema 17: Esquema mecanístico na formação de pirróis via Paal-Knorr 36 Na literatura encontramos vários exemplos de síntese de pirróis que utilizam a metodologia de Paal-Knorr empregando diferentes condições experimentais. (Bellina, F.; Rossi, R.; 2006). Alguns exemplos usam catalisadores, como nitrato de bismuto (Banik, B. et al., 2005) e triflatos de metais de transição (Chen, J. et al., 2006), com a necessidade ou não do uso de solventes (Esquemas 18 e 19). Essas metodologias permitem a obtenção de pirróis trissubstituídos (38) que podem ser novos agentes anti-câncer, em face das atividades biológicas observadas para pirróis semelhantes (Malinka, W.; Redzicka, A.; Lozach, O.; 2004). 37 O O CH2Cl2 N R Bi(NO3)3 . 5H2O RNH2 + (38) Amina Tempo/h Rendimento/% PhNH2 10 96 NH2MeO 15 81 NH2 11 83 NH2 19 98 NH2 18 94 NH2 20 88 NH2 22 85 NH2(CH2)2NH2 10 85 PhCH2NH2 10 95 N NH2 25 70 Esquema 18: Síntese de pirróis via Paal-Knorr, empregando nitrato de bismuto. 38 O O NH2 N Catalisador Solvente (38) Solvente Catalisador (5%mol) Rendimento/% sem solvente Sc(OTf)3 96 sem solvente CuCl2 34 sem solvente Y(OTf)3 89 sem solvente La(OTf)3 89 H2O Sc(OTf)3 64 CH2Cl2 Sc(OTf)3 77 O O H2NR N R 1 mol % Sc(OTf)3 (38) Amina Tempo/min Rendimento/% C6H5NH2 25 93 p-(CH3)C6H4NH2 30 92 p-(Cl)C6H4NH2 30 91 o-(OH)C6H4NH2 30 91 p-(NO2)C6H4NH2 30 90 C6H5CH2NH2 30 94 Esquema 19: Síntese de pirróis trissubstituídos via Paal-Knorr, usando diferentes catalisadores. 39 O uso do micro-ondas, líquidos iônicos e ultrassom na síntese de pirróis via Paal Knorr também é relatado na literatura. Um exemplo do uso do micro-ondas que utiliza essa metodologia encontra-se no Esquema 20, onde se observa a formação de arilpirróis (40) em uma metodologia “one-pot”(Esquema 20) (Rao, H. S. P.; Jothilingama; S.; Scheeren, H. W. 2004). Ar Ar O O Pd/C (10%), PEG-200 N ArAr R MO, 200 W (40) RNH3HCOO (39) Aromático R Tempo/min Rendimento/% C6H5 H CH2C6H5 C6H5 n-C4H9 0.5 2.0 2.0 2.0 92 63 60 56 4-ClC6H4 H 1.0 80 4-BrC6H4 H 1.0 85 4-CH3C6H4 H 1.5 85 4-OCH3C6H4 H 2.0 89 4-Cl-3-CH3C6H3 H 2.0 84 Esquema 20: Uso de micro-ondas na metodologia de Pall-Knorr. A síntese de Paal-Knorr empregando líquidos iônicos se dá pela reação da 2,5- hexanodiona (36) e aminas primárias (35). O emprego de líquidos iônicos como solvente torna esta metodologia muito simples em termos dos procedimentos experimentais e isolamento dos pirróis trissubstituídos obtidos (38), sendo também uma metodologia limpa, onde os líquidos iônicos são recuperados e reutilizados. Ela permite a substituição de 40 alguns catalisadores tóxicos anteriormente utilizados por outros menos agressivos ao meio ambiente. (Esquema 21) (Wang B.; Yanlong G.; Cheng L.; Yang T.; Yang L.; Suo J.; 2004) O O RNH2 líquido iônico N R (36) (35) (38) R Tempo/min Rendimento/% n-propil 30 96 n-heptil 30 95 iso-propil 30 96 t-butil 60 97 benzil 30 99 fenil 180 96 4-nitrofenil 180 93 Esquema 21: Resultado do uso da metodologia de Paal-Knorr empregando líquidos iônicos. O uso do ultrassom em reações químicas é uma técnica promissora, tendo vantagens em termos de rendimento, tempo de reação e condições reacionais. O ultrassom gera uma energia promovendo ondas de compressão e expansão formando microbolhas com alta temperatura e pressão. Essas microbolhas implodem criando um ambiente incomum, podendo ser uma alternativa para muitas reações químicas. (Martines, M. A. U.; Davolos, M. R. e Jafelicci, M. J.; 2000; Cella, R.; Stefani, H. A.; 2009). Na literatura temos uma aplicação da metodologia de Paal-Knorr que faz uso do ultrassom e do ácido de Lewis cloreto de zircônio como catalisador, sem a necessidade do 41 uso de solventes, gerando pirróis trissubstituídos (38). (Esquema 22) (Zhang, Z. H.; Li, J. J.; Li, T. S.; 2008) O O RNH2 ZrCl4 ultrassom N R (36) (35) (38) R Tempo/min Rendimento/% CH2=CHCH2 60 80 C6H5CH2 50 85 C6H5CH(CH3) 45 90 Ph 7 98 2-MeC6H4 40 85 3-MeC6H4 40 88 4-MeC6H4 40 90 2,3-Me2C6H3 50 95 2,4-Me2C6H3 10 95 4-ClC6H4 30 90 Esquema 22: Resultado do uso da metodologia de Pall Knorr empregando utrassom. 42 5.1.3 - Síntese de pirróis de Barton-Zard: Em 1985, Barton e Zard desenvolveram uma reação entre nitroalquenos α,β- insaturados (41) e α-isocianoacetoacetatos (42) catalisada por base, levando a pirróis (43) com padrão de substituição ideal para a síntese de porfirinas e de pigmentos biliares. (Barton, D. H. R.; Zard, S.Z.; 1985; Barton, D. H. R.; Kervagoret, J.; Zard, S.Z.; 1990). (Esquema 23) NO2 R2 R3 CN O O R1 Base N H R2 R3 O O R1 (42) (41)
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