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Aula 01 Direito Administrativo!

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Preparatório para o concurso do TCE/PA – Direito Administrativo! 
Aula 01 – Teoria Geral e Princípios da Administração Pública 
Prof. Fabiano Pereira 
 
 
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Olá! 
 
Fico muito feliz em saber que você deseja conhecer os “atalhos” para 
garantir uma excelente produtividade na prova de Direito Administrativo do 
concurso do Tribunal de Contas do Estado do Pará. Doravante, iremos 
estudar os principais tópicos da disciplina em conformidade com as questões 
elaboradas pelo CESPE, banca que será responsável pela elaboração das provas. 
Em relação ao nosso curso, tente alcançar o máximo de produtividade. Para 
isso, é necessário e imprescindível que você resolva todas as questões que forem 
apresentadas, bem como envie para o fórum todas as dúvidas que surgirem. 
Independentemente de sua experiência em concursos públicos (iniciante ou 
profissional), aproveite a oportunidade para esclarecer todos aqueles pontos que 
não foram bem assimilados durante a aula. 
No mais, lembre-se sempre de que o curso está sendo desenvolvido para 
atender às suas necessidades, portanto, as críticas e sugestões serão 
prontamente acatadas, caso sirvam para aumentar a produtividade das aulas que 
estão sendo ministradas. 
Caso você ainda tenha alguma dúvida sobre a organização ou 
funcionamento do curso, fique à vontade para esclarecê-las através do e-mail 
fabianopereira@pontodosconcursos.com.br. 
 
Até a próxima aula! 
 
Fabiano Pereira 
fabianopereira@pontodosconcursos.com.br 
 
 Ps.: também estou à sua disposição no FACEBOOK, é só clicar no 
link www.facebook.com.br/professorfabianopereira 
 
 
 
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1. Conceito de Direito Administrativo .............................................. 03 
 1.1. Critério legalista ou exegético ......................................... 03 
 1.2. Critério do Poder Executivo ............................................. 03 
 1.3. Critério do serviço público ............................................... 03 
1.4. Critério das relações jurídicas .......................................... 04 
1.5. Critério teleológico ou finalístico ..................................... 04 
 1.6. Critério negativista ou residual ....................................... 04 
 1.7. Critério da Administração Pública .................................... 04 
 
2. Função de governo e função administrativa ................................ 06 
 
3. Fontes do Direito Administrativo ................................................ 10 
 
4. Sistemas administrativos ........................................................... 13 
4.1. Sistema do contencioso administrativo ........................... 13 
4.2. Sistema de jurisdição única ............................................. 14 
 
5. Regime jurídico-administrativo ................................................... 16 
 
6. Resumo de Véspera de Prova – RVP ............................................ 19 
 
7. Princípios do Direito Administrativo ............................................ 21 
 
8. Questões comentadas .................................................................. 71 
 
9. Relação de questões com gabaritos ........................................... 73 
 
SUMÁRIO – Teoria Geral do Direito Administrativo 
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1. Conceito de Direito Administrativo 
 São vários os critérios utilizados pela doutrina para conceituar o Direito 
Administrativo, portanto, é necessário que você conheça as principais 
características de cada um deles para responder às questões de prova: 
 
 1.1. Critério legalista ou exegético 
 Por esse critério, o Direito Administrativo era compreendido como sinônimo 
de direito positivo, ou seja, um conjunto de leis administrativas que regulam 
a Administração Pública de um determinado Estado. 
 Foram várias as críticas apresentadas contra esse critério, pois limitava o 
Direito Administrativo a um conjunto de leis, desconsiderando os princípios, a 
doutrina e a jurisprudência, que também integram o campo de abrangência dessa 
importante disciplina. 
 
 1.2. Critério do Poder Executivo 
 Segundo o critério do Poder Executivo, o Direito Administrativo pode ser 
conceituado como o conjunto de princípios e regras que disciplina a 
organização e o funcionamento do Poder Executivo. 
Por razões óbvias, esse conceito não conseguiu se fixar, pois é 
incontroverso que os Poderes Legislativo e Judiciário também exercem funções 
administrativas regidas pelo Direito Administrativo. É o que ocorre, por 
exemplo, quando o Presidente de Tribunal de Justiça publica ato de remoção de 
magistrado para outra comarca. Nesse caso, o procedimento será regido pelo 
Direito Administrativo. 
 Ademais, é importante destacar que o Poder Executivo não se restringe ao 
exercício de atividades administrativas, também exercendo funções políticas 
ou de governo. 
 
 1.3. Critério do serviço público 
 Seguido por Duguit, Bonnard e Gastón Jèze, o critério do serviço público 
restringia o Direito Administrativo à organização e prestação de serviços 
públicos, não fazendo nenhuma distinção entre a atividade jurídica do Estado e 
o serviço público, que é atividade material. 
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Entretanto, é sabido que várias são as atividades finalísticas exercidas 
pela Administração Pública, a exemplo do fomento, polícia administrativa e 
intervenção administrativa, o que tornou esse critério insuficiente para a 
conceituação do Direito Administrativo. 
 
1.4. Critério das relações jurídicas 
Define o Direito Administrativo como um conjunto de normas responsáveis 
por regular as relações entre a Administração e os administrados. 
Apesar de ser defendido por Otto Mayer e Laferrière, trata-se de um critério 
muito restritivo e incompleto, pois outros ramos do Direito também regulam as 
relações entre os particulares e a Administração, a exemplo do Direito Tributário, 
Direito Constitucional, Direito Penal, dentre outros. 
 
 
(CESPE/Procurador – TC DF/2012) De acordo com o critério legalista, o direito 
administrativo compreende o conjunto de leis administrativas vigentes no país, ao 
passo que, consoante o critério das relações jurídicas, abrange o conjunto de 
normas jurídicas que regulam as relações entre a administração pública e os 
administrados. Essa última definição é criticada por boa parte dos doutrinadores, 
que, embora não a considerem errada, julgam-na insuficiente para especificar 
esse ramo do direito, visto que esse tipo de relação entre administração pública e 
particulares, também se faz presente em outros ramos. Assertiva considerada 
correta pela banca examinadora. 
 
1.5. Critério teleológico ou finalístico 
Esse critério apresenta o Direito Administrativo como o conjunto de 
princípios e regras que disciplina a atividade material do Estado (atividade 
administrativa) voltada para o cumprimento de seus fins coletivos. 
Em que pese ter sido defendido inclusive por Oswaldo Aranha Bandeira de 
Mello (com algumasressalvas), esse critério associou o Direito Administrativo aos 
fins do Estado, o que o tornou impróprio. 
 
 
1.6. Critério negativista ou residual 
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 Tem por objeto as atividades desenvolvidas pela Administração Pública 
para a consecução de seus fins estatais, excluindo-se as atividades legislativa 
e judiciária. Também é insuficiente este critério, pois restringe o Direito 
Administrativo à atividade a ser exercida. 
 
 1.7. Critério da Administração Pública 
 Pelo critério da Administração Pública, o Direito Administrativo pode ser 
definido como um conjunto de princípios e regras que regulam a 
Administração Pública. 
 No Brasil esse critério foi adotado por Hely Lopes Meirelles, que o utilizou 
na elaboração de seu conceito de Direito Administrativo, que estudaremos na 
sequência. 
 
Não é comum você encontrar em provas questões versando sobre os critérios 
utilizados para conceituar o Direito Administrativo. No mesmo sentido, também não 
são comuns questões abordando o conceito de Direito Administrativo formulado pelos 
principais doutrinadores. De qualquer forma, em respeito ao “princípio da precaução”, 
aconselho que você conheça os mais relevantes para fins de concursos públicos. 
 A professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro conceitua o Direito 
Administrativo como “o ramo do direito público que tem por objeto órgãos, 
agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração 
Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que se 
utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública”. 
Perceba que a professora Maria Sylvia Zanella di Pietro exclui do 
âmbito do Direito Administrativo a regência de atividades contenciosas 
da Administração Pública. Somente a atividade jurídica não contenciosa 
está inserida no seu conceito de Direito Administrativo. 
 
(CESPE/Arquiteto – Câmara dos Deputados/2012) De acordo com o critério 
da administração pública, o direito administrativo é o ramo do direito público que 
regula a atividade jurídica contenciosa e não contenciosa do Estado, bem como a 
constituição de seus órgãos e meios de atuação. Assertiva considerada 
incorreta pela banca examinadora. 
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Por sua vez, José dos Santos Carvalho Filho afirma ser o Direito 
Administrativo “o conjunto de normas e princípios que, visando sempre ao 
interesse público, regem as relações jurídicas entre as pessoas e os órgãos do 
Estado e entre este e as coletividades a que devem servir”. 
 O professor Hely Lopes Meirelles formulou o conceito de Direito 
Administrativo mais explorado pelas bancas examinadoras, ao declarar que esse 
ramo do Direito Público caracteriza-se como o “conjunto harmônico de princípios 
jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a 
realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado”. 
 Sobre o conceito apresentado pelo saudoso professor, é necessário 
esclarecer que as expressões que grifei trazem algumas repercussões para efeitos 
de prova. 
 Primeiramente, é válido ressaltar que não está inserida no âmbito do Direito 
Administrativo a atividade legislativa do Estado, já que abstrata (tem por 
objetivo regular uma quantidade indeterminada de situações futuras que se 
enquadrem nos termos da lei). O Direito Administrativo restringe-se às atividades 
concretas (específicas), a exemplo da prestação de serviços públicos, a 
construção de escolas e hospitais, a nomeação de aprovados em concursos 
públicos, o exercício de polícia administrativa etc. 
 A atividade administrativa é também uma atividade direta, pois o Estado 
é “parte” nas relações jurídicas de direito material e não precisa ser provocado 
para agir (não precisa ser acionado por um particular para tapar um buraco na 
rua, por exemplo). A Administração pode tapar o buraco independentemente de 
solicitação do particular. Indireta é a atividade do Poder Judiciário, pois 
necessita de provocação para que seja aplicada a um caso em concreto (em 
regra, o Poder Judiciário somente atuará após a propositura de eventual ação 
judicial). 
 Por último, lembre-se de que a atividade administrativa é imediata e, 
portanto, de sua atuação fica afastada a atividade mediata do Estado, que é a 
denominada “ação social” (atividade de traçar as diretrizes sociais que devem 
ser seguidas pelo Estado), que incumbe ao Governo. 
 
2. Função de governo e função administrativa 
 
Será que existem diferenças entre as expressões “governar” e 
“administrar”? Podemos considerá-las expressões sinônimas? 
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Bem, eis uma dúvida que surge com muita frequência, mas que pode ser 
facilmente dirimida. 
Para responder às questões de prova, lembre-se sempre de que a função 
de governo (também denominada de “função política”) não se confunde com 
a função administrativa. 
A primeira é responsável pelo estabelecimento de metas, objetivos e 
diretrizes que devem orientar a atividade administrativa, sempre pautada no 
texto constitucional e caracterizando-se por ser uma atividade soberana (porque 
somente se subordina ao texto constitucional), de comando e direção. São 
aquelas que se relacionam com a superior gestão da vida política do Estado e que 
são essenciais à sua própria existência, a exemplo da decretação de intervenção 
federal, a celebração de tratados internacionais, a sanção ou veto a projeto de 
lei, entre outros. São atividades de comando, coordenação, direção e 
planejamento. 
 A segunda (função administrativa) é atividade subalterna (de execução), 
porque está inteiramente subordinada à lei e tem por objetivo simplesmente 
executar as políticas públicas que foram traçadas pela primeira (função de 
governo). 
O Governo é exercido pelos poderes Executivo e Legislativo, que, 
conjuntamente, são responsáveis por elaborar as políticas públicas e diretrizes 
que devem embasar a atuação da Administração Pública. O Poder Judiciário não 
exerce função de governo, apesar de possuir a prerrogativa de controlá-la, 
quando forem violados os limites constitucionais. 
Como o nosso objetivo é ser aprovado em um concurso público, 
preferencialmente aqueles que esbarram na remuneração de R$ 15.000,00 
(quinze mil reais), vamos começar a “inventar” exemplos para que você possa 
assimilar o conteúdo. Se você acertar a questão na prova lembrando-se do 
exemplo, já estou satisfeito! 
Exemplo: Analisemos a notícia abaixo, veiculada no site globo.com, em 
03/03/2009, de autoria dos jornalistas Soraya Aggege e Catarina Alencastro. 
“Desmatamento: Amazônia perdeu duas cidades do Rio em 6 meses 
O desmatamento na Amazônia Legal atingiu pelo menos 2.639 
quilômetros quadrados de agosto de 2008 a janeiro deste ano, o 
equivalente a uma área superior ao dobro da cidade do Rio de 
Janeiro. Os dados foram divulgados nesta terça pelo Instituto 
Nacional de Pesquisas Aeroespaciais (Inpe)”. 
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Ficou assustado com a notícia? O Presidente da República também. 
Sendo assim, no ano de 2009 eleconvocou uma reunião extraordinária com o 
Ministro do Meio Ambiente e com o Presidente do Congresso Nacional para 
discutir a elaboração de políticas públicas com o objetivo de reduzir o nível de 
desmatamento na Amazônia. 
Na reunião, ficou acertado que o Poder Executivo enviaria para o 
Congresso Nacional um projeto de lei criando regras mais restritivas ao 
desmatamento na Amazônia, bem como proposta de criação de mais 2.000 (dois 
mil) cargos públicos de fiscalização perante os órgãos e entidades que integram 
o Sistema Nacional do Meio Ambiente. Por outro lado, o Poder Legislativo 
assumiu o compromisso de aprovar o referido projeto. 
Pergunta: Na reunião acima, diante dos “acordos” e das decisões que 
foram tomadas, colocou-se em prática a função de governo ou a função 
administrativa? 
É lógico que a função de governo! Mas por quê? Porque foram apenas 
estabelecidas diretrizes e políticas públicas para reduzir o índice de 
desmatamento. Até agora, a conversa está só na vontade, na teoria. Ninguém 
ainda colocou em prática as novas propostas com o objetivo de realmente 
diminuir o índice de desmatamento. 
Pergunta: Quem vai para o interior da floresta fiscalizar se os madeireiros 
estão cortando árvores ilegalmente? O Presidente da República, o Ministro de 
Estado ou Presidente do Congresso Nacional? 
Nenhum deles! O Presidente da República e o Ministro do Meio Ambiente 
(Poder Executivo), juntamente com o Presidente do Congresso (Legislativo), são 
responsáveis apenas por elaborar e aprovar as políticas públicas de combate 
ao desmatamento, conforme lhes autoriza a Constituição Federal (função de 
governo). 
Por outro lado, quais serão os órgãos e entidades responsáveis por 
executar as políticas públicas que foram estabelecidas pelo Governo, 
fiscalizando o cumprimento da referida lei quando esta entrar em vigor e começar 
a produzir os seus efeitos? 
A Administração Pública, através da função administrativa, ou seja, 
de seus órgãos e entidades incumbidos de atividades de execução. No exemplo 
apresentado, ficará sob a responsabilidade do IBAMA, bem como dos demais 
órgãos e entidades de proteção e fiscalização do meio ambiente, a missão de 
“colocar a mão na massa” para “fazer valer” a lei que foi “pensada” e aprovada 
pelo governo. 
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Analisemos, agora, outra notícia postada em 06/06/2012 no mesmo site 
(G1.com.br), de autoria de Priscilla Mendes: 
Amazônia Legal tem menor índice de desmatamento dos últimos 23 
anos 
Entre agosto de 2010 e julho de 2011, floresta perdeu 6.418 km² 
de área. Dado consolidado do governo mostra alta de 180 km² no 
desmatamento. 
 
 Bem, fazendo-se uma análise conjunta das notícias postadas no site nos 
anos de 2009 e 2012, parece que a reunião realizada entre o Presidente da 
República, Ministro do Meio Ambiente e Presidente do Congresso Nacional 
começaram a produzir os seus efeitos. 
 As decisões políticas, tomadas no exercício da função de governo, 
conseguiram amenizar o índice de desmatamento na Amazônia. Entretanto, as 
decisões políticas somente produziram bons resultados porque foram 
implementadas eficientemente pelos órgãos de execução (a exemplo do 
IBAMA), no exercício da função administrativa. 
 
Para responder às questões de prova: lembre-se sempre de que o Governo 
exerce função política e a Administração Pública executa função 
administrativa. 
 
 
FUNÇÃO DE GOVERNO FUNÇÃO ADMINISTRATIVA 
É responsável pelo estabelecimento de metas, 
objetivos e diretrizes das políticas públicas. 
É responsável pela execução das políticas públicas 
definidas pelo Governo. 
É atividade soberana, de comando e gestão. É atividade subalterna, de execução. 
Encontra fundamento diretamente no texto 
constitucional. 
Encontra fundamento na lei. 
Em regra, é exercida pelo Poder Legislativo e 
Executivo. 
Em regra, é exercida pelos órgãos e entidades que 
integram a Administração Pública. 
 
 
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3. Fontes do Direito Administrativo 
 
Segundo o dicionário Larousse da Língua Portuguesa, o vocábulo fonte 
significa ”lugar em que continuamente nasce água”; “princípio, origem, causa”. 
Nesse contexto, ao estudarmos as fontes do Direito Administrativo, iremos ao 
encontro dos instrumentos que respaldam, estruturam e originam esse célebre 
ramo do Direito Público. 
 
3.1. Leis 
 A lei é a mais importante fonte do Direito Administrativo brasileiro, sendo 
considerada uma fonte primária. Nesse caso, a expressão “lei” deve ser 
entendida em sentido amplo, abrangendo as normas constitucionais, os atos 
normativos primários previstos no artigo 59 da Constituição Federal (emendas 
constitucionais, leis complementares, leis ordinárias, medidas provisórias, leis 
delegadas, decretos e resoluções), os tratados e acordos internacionais, os 
estatutos e regimentos e, ainda, os denominados atos normativos 
secundários (os atos administrativos editados por agentes públicos, a exemplo 
dos decretos regulamentares, portarias, instruções normativas, entre outros). 
 A Administração Pública deve sempre observar os mandamentos previstos 
nesses instrumentos normativos para exercer a atividade administrativa. 
Qualquer conduta administrativa exercida sem amparo legal é, no mínimo, 
ilegítima, e, portanto, deverá ser anulada pela própria Administração ou pelo 
Poder Judiciário. 
 Existem autores que somente consideram como fontes do Direito 
Administrativo as normas constitucionais e os atos normativos primários, ou 
seja, aqueles que encontram amparo no texto constitucional, a exemplo das 
espécies legislativas previstas nos artigos 59 e 84, VI da CF/88. 
Entretanto, apesar de tal entendimento, as bancas examinadoras têm 
optado por considerar qualquer ato normativo, seja primário ou secundário, 
como fonte do Direito Administrativo. 
 É claro que existem matérias que devem ser disciplinadas exclusivamente 
por lei formal (aprovada pelo processo legislativo previsto na Constituição 
Federal), a exemplo do que ocorre quando a Administração visa interferir na 
esfera de atuação dos particulares ou, ainda, quando a Constituição Federal 
expressamente a requer. 
 Por outro lado, caso a Administração tenha por objetivo regular questões 
administrativas internas ou desenvolver atividades que não restrinjam 
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liberdades individuais, poderá se valer dos atos normativos secundários (atos 
administrativos). 
 
 3.1.1. Tratados e acordos internacionais 
 Não restam dúvidas de que os tratados e acordos internacionais, quando 
versarem sobre matérias afetas à Administração Pública, também serão fontes 
do Direito Administrativo. 
 A Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, por exemplo, 
impõe aos seus signatários (inclusive o Brasil) a obrigatoriedade de adoção de 
vários instrumentos de controle da Administração Pública, além da necessidade 
de criação de outras medidas que aumentem a transparência dos gastos públicos 
e atos praticados por servidores. 
A Convenção foi assinada em 9 de dezembro de 2003, na cidade de Mérida, 
no México, tendo sido posteriormente ratificada pelo Decreto Legislativo nº 348, 
de 18 de maio de 2005 , e promulgada pelo Decreto Presidencial nº 5.687, de 31 
dejaneiro de 2006. 
 
3.2. A jurisprudência 
 Podemos conceituar a jurisprudência com o conjunto reiterado de decisões 
dos Tribunais, acerca de um determinado assunto, no mesmo sentido. É válido 
esclarecer que várias decisões monocráticas (proferidas por juízes de primeira 
instância, por exemplo) sobre um mesmo assunto, proferidas no mesmo sentido, 
não constituem jurisprudência. Para que tenhamos a formação de jurisprudência, 
é necessário que as decisões tenham sido proferidas nos Tribunais. 
 No Direito brasileiro, a jurisprudência não possui efeito vinculante, ou 
seja, não obriga o órgão judiciário de instância inferior a decidir nos moldes do 
entendimento jurisprudencial do Tribunal. Mesmo existindo um conjunto de 
decisões proferidas anteriormente pelo Tribunal, em um mesmo sentido, o juiz 
de instância inferior pode decidir em sentido contrário, pois é livre para formar o 
seu convencimento. 
 É necessário que você tenha muita atenção para não confundir 
jurisprudência com súmula. A primeira, conforme afirmado anteriormente, 
trata-se de um conjunto de decisões, no mesmo sentido, sobre um mesmo 
assunto (exemplo: atualmente, existem várias decisões do Superior Tribunal 
de Justiça declarando que o candidato, desde que aprovado dentro do número 
de vagas disponibilizadas no edital, possui direito líquido e certo à nomeação, 
portanto, trata-se de jurisprudência), não possuindo caráter vinculante. 
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Já a segunda (súmula) é o enunciado que resume o entendimento de 
um Tribunal a respeito de matéria que ele já tenha discutido reiteradas vezes, 
não restando mais divergência a respeito. No caso dos candidatos aprovados 
dentro do número de vagas, já seria perfeitamente possível a edição de uma 
súmula pelo Superior Tribunal de Justiça, pois não existe mais discussão acerca 
da existência do referido direito. Entretanto, a referida súmula ainda não foi 
criada, restando apenas a jurisprudência para socorrer o candidato. 
 Atenção: Com a promulgação da EC 45/04, o Supremo Tribunal Federal 
passou a ter a prerrogativa de editar súmulas vinculantes, com respaldo no 
artigo 103-A da Constituição Federal de 1988. As súmulas vinculantes diferem 
das súmulas “simples”, pois as primeiras, que somente podem ser editadas pelo 
Supremo Tribunal Federal, devem ser obrigatoriamente obedecidas pelos 
juízes de instâncias inferiores, ao contrário das súmulas “simples”, que servem 
apenas de “orientação”, não possuindo cunho obrigatório. 
 
3.3. Os costumes 
 O costume pode ser entendido como um conjunto de regras informais, não 
escritas, praticado habitualmente no interior da Administração com a consciência 
de que é obrigatório. Os costumes são considerados fontes do Direito 
Administrativo porque, em vários momentos, suprem lacunas ou deficiências 
existentes em nossa legislação administrativa. 
Os costumes não podem ser admitidos se violadores da legislação vigente 
(contra legem). Sobre os costumes praeter legem (além da lei), ainda que 
admitidos em algumas situações especiais, não criam normas impostas 
obrigatoriamente aos agentes públicos. Pode ser que atualmente uma 
determinada atividade administrativa esteja sendo exercida com base em 
costume, o que não impõe a obrigatoriedade de sua manutenção para casos 
futuros, já que a lei pode substituí-lo a qualquer momento. 
 
(CESPE/Fiscal da Receita Estadual – SEFAZ AC/2009) Os costumes são 
fontes do direito administrativo, não importando se são contra legem, praeter 
legem ou secundum legem. Assertiva considerada incorreta pela banca 
examinadora. 
 
 3.4. Doutrina 
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 A doutrina representa a opinião dos juristas, cientistas e teóricos do Direito 
sobre a melhor interpretação ou possíveis interpretações das normas 
administrativas. Tem a função de esclarecer e explicar o correto conteúdo das 
leis, bem como influenciar a própria criação de novas leis. 
 Trata-se de fonte secundária do Direito Administrativo, sendo muito 
utilizada para suprir as omissões ou deficiências das leis, que, não raramente, 
apresentam um alto grau de complexidade, principalmente se analisadas pelo 
cidadão leigo. 
 
3.5. Princípios gerais do direito 
 Os princípios são postulados fundamentais universalmente reconhecidos no 
mundo jurídico, sejam eles expressos ou implícitos. Também são considerados 
fontes do Direito Administrativo, já que servem de fundamento e de base para a 
criação da própria legislação administrativa, conforme estudamos na sequência. 
 
4. Sistemas administrativos 
 Com o objetivo de fiscalizar e corrigir os atos ilegítimos ou ilegais 
praticados pela Administração Pública, foram desenvolvidos dois grandes 
sistemas de controle que podem ser adotados pelos Estados, em todos os níveis 
de governo (esfera federal, estadual, distrital e municipal): o do contencioso 
administrativo (também chamado de sistema francês) e o sistema judiciário 
ou de jurisdição única (também conhecido como sistema inglês). 
 
 4.1. Sistema do contencioso administrativo ou sistema francês: 
como o próprio nome declara, esse sistema nasceu na França, em 1790. Nos 
países que adotam esse sistema (o que não acontece no Brasil), existe uma 
dualidade de jurisdições. De um lado encontra-se a jurisdição administrativa, 
encarregada de resolver os conflitos e demandas de interesse da Administração; 
de outro, o Poder Judiciário, encarregado de solucionar os demais litígios 
surgidos no seio da sociedade e que não representem interesse direto da 
Administração. 
No sistema do contencioso administrativo, os atos praticados pela 
Administração Pública sujeitam-se, exclusivamente, à jurisdição especial 
administrativa que, na França, possui como órgão supremo o Conselho de Estado. 
Nesse caso, as demandas de interesse da Administração são resolvidas 
internamente, dentro da própria Administração. São raras as situações nas 
quais as demandas de interesse da Administração poderão ser analisadas pelo 
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Pode Judiciário, sendo possível citar: a) demandas provenientes de atividades 
públicas de caráter privado; b) demandas que se refiram à propriedade privada; 
c) conflitos que envolvam questões de estado e capacidade das pessoas e de 
repressão penal. 
As decisões proferidas no contencioso administrativo, a exemplo do que 
ocorre no Poder Judiciário, também fazem coisa julgada material, tornando-se 
insuscetíveis de recursos. 
 
 
É muito comum você encontrar em provas questões referindo-se ao “Conselho de Estado 
Francês”, principalmente no tópico sobre “sistemas administrativos”. 
Mas o que é esse Conselho? 
O Conselho de Estado Francês é órgão encarregado de decidir, em última instância, as 
matérias administrativas que envolvem a Administração Pública francesa. Apesar de não 
integrar a estrutura do Poder Judiciário, este não poderá rever as decisões proferidas 
pelo Conselho, cujas decisões também são consideradas definitivas. 
 
No Brasil, não existem órgãos administrativos dotados de competências 
semelhantes às do Conselho de Estado Francês, já que as decisões 
administrativas podem ser revistas pelo Poder Judiciário. Assim, deve ficar 
bem claro que o sistema do contencioso administrativo não é adotado no âmbitoda Administração Pública brasileira. 
 
4.2. Sistema de jurisdição única ou sistema inglês: Também 
conhecido como sistema judicial, caracteriza-se pelo fato de que todos os litígios 
surgidos no âmbito social, sejam de interesse da Administração ou 
exclusivamente de particulares, podem ser solucionados pela justiça comum 
(Poder Judiciário). É o sistema adotado no Brasil. 
 A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, XXXV, declara 
expressamente que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou 
ameaça a direito”. 
 Sendo assim, mesmo que a Administração já tenha proferido decisão sobre 
uma determinada matéria (aplicação de uma penalidade a servidor público, 
imposição de multa a particular, revisão de processo administrativo etc.), é 
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assegurado àquele que se sentir prejudicado recorrer ao Poder Judiciário para 
discutir novamente a questão. 
 Exemplo: Imagine que um particular tenha sido multado pela suposta 
prática de infração de trânsito. Nesse caso, se o particular não concordar com a 
multa aplicada, poderá escolher entre recorrer administrativamente ou, então, 
ingressar com uma ação judicial diretamente no Poder Judiciário, sem sequer ter 
passado antes pela esfera administrativa. 
 No Brasil, apenas o Poder Judiciário possui a prerrogativa de proferir 
decisões irrecorríveis, com força de coisa julgada material. Nenhuma decisão 
proferida pela Administração possui caráter definitivo em relação aos 
particulares, que podem ainda provocar o judiciário com o objetivo de alterar a 
decisão administrativa que não lhes tenha sido favorável. 
 O mesmo não ocorre com a Administração Pública. Quando esta confere na 
esfera administrativa um direito ao administrado, não pode, posteriormente, 
pelo mesmo ou outro órgão, recorrer ao Poder Judiciário com o objetivo de ter a 
sua própria decisão anulada, operando-se, assim, o que a doutrina denomina 
“coisa julgada administrativa”. 
Sendo assim, se um direito é legitimamente concedido ao particular, após 
devido processo administrativo, não poderá a Administração acionar 
posteriormente o Judiciário com o objetivo de ter a sua decisão modificada. Isso 
seria um grande contra-senso, um absurdo e geraria uma inaceitável insegurança 
jurídica para o particular que, mesmo após ter conseguido decisão favorável da 
Administração em processo administrativo, ainda correria o risco de ter aquela 
decisão revista a pedido da própria Administração, contudo agora no Poder 
Judiciário. 
 
 Como não poderia ser diferente, o CESPE também já abordou o tema 
em suas provas diversas vezes, a exemplo do que ocorreu no concurso 
para o cargo de Analista Judiciário do Tribunal Regional Eleitoral da 
Bahia, realizado em 2010, oportunidade na qual considerou incorreta a 
seguinte assertiva: “Como exemplo da incidência do princípio da 
inafastabilidade do controle jurisdicional relativos aos atos administrativos no 
ordenamento jurídico brasileiro, é correto citar a vigência, entre nós, do sistema 
do contencioso administrativo ou sistema francês”. 
 
 
 
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5. REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO 
 
 Na execução de suas atividades administrativas, a Administração Pública 
pode submeter-se a dois grandes regimes jurídicos: de Direito Público ou de 
Direito Privado. 
 Nos termos do artigo 173 da Constituição Federal de 1988, quando o 
Estado estiver explorando diretamente atividade econômica (que somente será 
permitido quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a 
relevante interesse coletivo), submeter-se-á ao regime próprio das empresas 
privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis comerciais, trabalhistas 
e tributários. 
 Nesse caso, ao relacionar-se juridicamente com os particulares, a 
Administração não gozará das prerrogativas (também denominadas de 
“privilégios) que são concedidas às entidades que são regidas pelo Direito Público. 
Será estabelecida, assim, uma relação horizontal entre a Administração e os 
particulares, que serão nivelados com os mesmos direitos e obrigações. 
 Assim, é possível concluir que as empresas públicas (Caixa Econômica 
Federal, por exemplo) e as sociedades de economia mista (Banco do Brasil, 
Banco do Nordeste, Petrobrás etc.) exploradoras de atividades econômicas, 
serão regidas pelas mesmas regras de seus concorrentes no mercado, ou seja, 
as regras de Direito Privado. 
 A Administração Pública não possui a faculdade de optar pelo regime 
jurídico que melhor atenda às suas necessidades. Caso esteja atuando na 
exploração de atividade econômica, submeter-se-á obrigatoriamente às regras 
de Direito Privado. 
 Entretanto, é válido esclarecer que mesmo quando explorando atividades 
econômicas, não será total a sua submissão às regras de Direito Privado, pois, 
ainda assim, tais entidades terão que se curvar aos princípios da legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, além de outros inerentes 
ao Direito Público. Ademais, algumas “vantagens” também podem ser 
asseguradas a essas entidades, como acontece no caso da prerrogativa de foro 
perante a justiça federal das empresas públicas federais. 
A Administração Pública também pode ter as suas atividades regidas pelas 
regras de Direito Público, situação na qual se apresentará em situação de 
superioridade em relação aos particulares. Nesse caso, será estabelecida uma 
relação vertical entre a Administração e os administrados, consequência do 
denominado regime jurídico-administrativo. 
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Para responder às questões de prova: As relações entre entidades públicas 
estatais (União, Estados, Municípios e Distrito Federal), ainda que de mesmo 
nível hierárquico, vinculam-se ao regime jurídico-administrativo, a despeito de 
se encontrarem niveladas (nesse caso, teremos uma relação jurídica horizontal). 
 
O regime jurídico-administrativo foi construído tendo como base dois 
grandes princípios jurídicos: a supremacia do interesse público sobre os 
interesses privados e a indisponibilidade dos interesses públicos. Esses dois 
princípios conferem ao citado regime o caráter de Direito Público e suas 
especificidades, bem como sua natureza jurídica. 
O primeiro assegura à Administração Pública uma série de prerrogativas, 
que podem ser entendidas como “vantagens” ou “privilégios” necessários para 
se atingir o interesse da coletividade. Como exemplos dessas prerrogativas, 
podemos citar a existência das denominadas cláusulas exorbitantes nos contratos 
administrativos, possibilitando à Administração, por exemplo, modificar ou 
rescindir unilateralmente um contrato administrativo; a concessão de prazos 
diferenciados quando estiver litigando perante o judiciário (prazo em quádruplo 
para contestar e em dobro para recorrer – artigo 188 do Código de Processo 
Civil); imunidade tributária recíproca; a presunção de legitimidade e veracidade 
dos atos administrativos, entre outras. 
O regime jurídico-administrativo deve pautar a elaboração de atos 
normativos administrativos, a execução de atos administrativos e, ainda, a sua 
respectiva interpretação. 
Já o segundo (indisponibilidade do interesse público) impõe para a 
Administração Pública uma série de limitações ou restriçõesdenominadas 
“sujeições”, que têm o objetivo de resguardar o interesse público. Como 
exemplos dessas sujeições impostas à Administração e a seus agentes públicos 
podemos citar a obrigatoriedade de realização de licitação para a contratação 
de serviços, bens ou obras; a realização de concursos públicos para a seleção 
de pessoal; a obrigatoriedade de dar publicidade aos atos administrativos; a 
imposição de condicionamentos ao exercício do poder discricionário da 
Administração, etc. 
Maria Sylvia Zanella Di Pietro ainda inclui como princípio fundamental do 
regime jurídico-administrativo o princípio da legalidade. Afirma a professora 
que o Direito Administrativo nasceu e desenvolveu-se baseado em duas idéias 
opostas: de um lado, a proteção aos direitos individuais frente ao Estado, 
que serve de fundamento ao princípio da legalidade, um dos esteios do Estado 
de Direito; de outro lado, a de necessidade de satisfação dos interesses 
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coletivos, que conduz à outorga de prerrogativas e privilégios para a 
Administração Pública, quer para limitar o exercício dos direitos individuais em 
benefício do bem-estar coletivo (poder de polícia), quer para a prestação de 
serviços públicos. 
Sendo assim, ao deparar-se em prova com alguma questão lhe 
perguntando quais são os princípios básicos que estruturam o denominado 
regime jurídico-administrativo, você já sabe a resposta: princípio da supremacia 
do interesse público sobre o interesse privado (prerrogativas), indisponibilidade 
do interesse público (sujeições) e, segundo a professora Di Pietro, princípio 
da Legalidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. Pelo critério da Administração Pública, o Direito Administrativo pode ser 
definido como um conjunto de princípios e regras que regulam a 
Administração Pública. 
2. A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro exclui do âmbito do Direito 
Administrativo a regência de atividades contenciosas da Administração 
Pública. Somente a atividade jurídica não contenciosa está inserida no seu 
conceito de Direito Administrativo. 
3. A função de governo é exercida pelos poderes Executivo e Legislativo, 
que, conjuntamente, são responsáveis por elaborar as políticas públicas e 
diretrizes que devem embasar a atuação da Administração Pública. De outro lado, 
a função administrativa é exercida pelos órgãos de execução da Administração 
Pública, que colocam em prática as decisões de Governo. 
4. A lei é a mais importante fonte do Direito Administrativo brasileiro, sendo 
considerada uma fonte primária. Nesse caso, a expressão “lei” deve ser 
entendida em sentido amplo, abrangendo as normas constitucionais, os atos 
normativos primários previstos no artigo 59 da Constituição Federal (emendas 
constitucionais, leis complementares, leis ordinárias, medidas provisórias, leis 
delegadas, decretos e resoluções), os tratados e acordos internacionais, os 
estatutos e regimentos e, ainda, os denominados atos normativos 
secundários (os atos administrativos editados por agentes públicos, a exemplo 
dos decretos regulamentares, portarias, instruções normativas, entre outros). 
5. O costume pode ser entendido como um conjunto de regras informais, não 
escritas, praticado habitualmente no interior da Administração com a consciência 
de que é obrigatório. Os costumes são considerados fontes do Direito 
Administrativo porque, em vários momentos, suprem lacunas ou deficiências 
existentes em nossa legislação administrativa. 
6. Com o objetivo de fiscalizar e corrigir os atos ilegítimos ou ilegais 
praticados pela Administração Pública, foram desenvolvidos dois grandes 
sistemas de controle que podem ser adotados pelos Estados, em todos os níveis 
de governo (esfera federal, estadual, distrital e municipal): o do contencioso 
administrativo (também chamado de sistema francês) e o sistema judiciário 
ou de jurisdição única (também conhecido como sistema inglês). No Brasil, 
adota-se o sistema de jurisdição única. 
RESUMO DE VÉSPERA DE PROVA - RVP 
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7. O regime jurídico-administrativo foi construído tendo como base dois grandes 
princípios jurídicos: a supremacia do interesse público sobre os interesses 
privados e a indisponibilidade dos interesses públicos. Esses dois princípios 
conferem ao citado regime o caráter de Direito Público e suas especificidades, 
bem como sua natureza jurídica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. Considerações iniciais .................................................................. 22 
1.1. Princípios expressos e implícitos ...................................... 23 
1.2. Colisão entre princípios .................................................... 26 
1.3. Princípios Básicos ............................................................. 27 
 
2. Princípios constitucionais expressos 
2.1. Princípio da legalidade ...................................................... 28 
2.2. Princípio da impessoalidade .............................................. 33 
2.3. Princípio da moralidade ..................................................... 37 
2.4. Princípio da publicidade ................................................... 44 
2.5. Princípio da eficiência ....................................................... 49 
 
3. Princípios implícitos 
3.1. Princípio da supremacia do interesse público sobre o 
privado............................................................................................. 52 
3.2. Princípio da indisponibilidade do interesse público .......... 54 
3.3. Princípio da razoabilidade e da proporcionalidade ............ 56 
3.4. Princípio da autotutela ..................................................... 59 
3.5. Princípio da tutela ............................................................ 62 
3.6. Princípio da segurança jurídica ......................................... 63 
3.7. Princípio da continuidade dos serviços públicos ................ 65 
3.8. Princípio da motivação ...................................................... 67 
3.9. Princípio da especialidade ................................................. 70 
 
4. Super R.V.P ............................................................................. 71 
 
5. Questões comentadas .............................................................. 73 
 
 
SUMÁRIO – Princípios da Administração Pública 
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1. Considerações iniciais 
 Os princípios administrativos estruturam, orientam e direcionam a 
edição de leis administrativas e a atuação da Administração Pública, pois não 
existe um sistema jurídico formadoexclusivamente de leis. 
Os princípios contêm mandamentos com um maior grau de abstração, já 
que não especificam ou detalham as condutas que devem ser seguidas pelos 
agentes públicos, pois isso fica sob a responsabilidade da lei. Entretanto, no 
momento de criação da lei, o legislador deverá observar as diretrizes traçadas 
nos princípios, sob pena de sua invalidação. 
 Como bem afirma o professor Celso Antônio Bandeira de Mello, “[...] violar 
um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer. A 
desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento 
obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave forma de 
ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, 
porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores 
fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e corrosão de sua 
estrutura mestra. Isso porque, por ofendê-lo, abatem-se as vigas que o sustêm 
e alui-se toda a estrutura nelas esforçada”1. 
 Para que fique nítida a importância dos princípios, basta analisar o conteúdo 
do inciso III, artigo 1º, da Constituição Federal de 1988, que prevê a dignidade 
da pessoa humana como um fundamento da República Federativa do Brasil. 
 Mas o que significa isso? Significa que todas as leis criadas em nosso país, 
assim como todos os atos e condutas praticados pela Administração Pública e 
pelos particulares, devem orientar-se pelo respeito à dignidade da pessoa 
humana. 
 O princípio da dignidade da pessoa humana assegura que o ser humano 
tem direito a um “mínimo existencial”, ou seja, o direito a condições mínimas de 
existência para que possa sobreviver dignamente. Inseridos nesse “mínimo 
existencial” estariam, por exemplo, o direito à alimentação, a uma renda mínima, 
à saúde básica, ao acesso à justiça, entre outros. 
 Para se garantir o efetivo cumprimento dos direitos relativos ao “mínimo 
existencial”, não é necessário aguardar a criação de uma ou várias leis. A simples 
existência do princípio no texto constitucional, por si só, é capaz de assegurar a 
necessidade de seu cumprimento. 
 
1 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 
2008. 
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Assim, sempre que um indivíduo sentir-se violado em sua dignidade 
humana em virtude de uma ação ou omissão do Estado, poderá recorrer ao 
Judiciário para exigir as providências cabíveis. 
O Superior Tribunal de Justiça, por exemplo, no julgamento do Recurso 
Especial 950.725/RS2, garantiu a um paciente portador de grave doença 
muscular o recebimento gratuito de medicamento, mesmo não integrante da 
listagem do SUS. 
Ao determinar que a Administração fornecesse o medicamento ao paciente, 
o STJ fundamentou a sua decisão no princípio da dignidade humana, já que 
não existia nenhuma regra expressa (lei) que garantisse a gratuidade do 
medicamento ou a sua inclusão na lista geral do SUS. 
 
1.1. Princípios expressos e implícitos 
A responder às questões de prova, lembre-se sempre de que os princípios 
administrativos se dividem em expressos e implícitos. 
Princípios expressos são aqueles taxativamente previstos em uma 
norma jurídica de caráter geral, obrigatória para todas as entidades políticas 
(União, Estados, Municípios, Distrito Federal e seus respectivos órgãos públicos), 
bem como para as entidades administrativas (autarquias, fundações públicas, 
empresas públicas e sociedades de economia mista). 
Não interessa se a norma jurídica de caráter geral possui status 
constitucional ou infraconstitucional, mas sim se é de cunho obrigatório para 
toda a Administração Pública, em todos os níveis. 
É possível encontrarmos princípios expressos previstos em nível 
constitucional, como constatamos no caput do artigo 37 da Constituição 
Federal. Esse dispositivo estabelece a obrigatoriedade de a Administração 
respeitar os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, 
publicidade e eficiência. 
Da mesma forma, existem princípios que estão expressos somente na 
legislação infraconstitucional. É o que se constata na leitura do artigo 3º da 
Lei de licitações, que determina a obrigatoriedade de respeito aos princípios da 
legalidade, moralidade, publicidade, vinculação ao instrumento convocatório, 
julgamento objetivo, dentre outros. 
 
 
2 Recurso Especial nº. 950.725/RS, rel. Ministro Luiz Fux. Superior Tribunal de Justiça. Julgado 
em 06.05.2008 e publicado no DJU em 18.06.2008. 
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Esses princípios são considerados expressos porque é possível identificar, 
claramente, o “nome” de cada um deles no texto legal ou constitucional. É o que 
acontece, por exemplo, com o princípio da moralidade. O nome desse princípio 
não é “princípio do respeito à ética e à moral”, mas sim MORALIDADE, com todas 
as letras! 
Em alguns casos, os princípios estarão expressos em leis que não são de 
observância obrigatória para toda a Administração Pública brasileira, mas 
somente para determinado ente político. Podemos citar como exemplo a Lei 
9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito federal. 
Em seu artigo 2º, a lei 9.784/99 declara que a Administração Pública 
obedecerá, entre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, 
razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, segurança jurídica, 
eficiência, do interesse público e do contraditório. 
Tais princípios são considerados expressos somente para a 
Administração Pública Federal (União, seus respectivos órgãos e entidades da 
administração indireta), pois estão previstos em uma norma jurídica que é de 
observância obrigatória apenas para a Administração Pública Federal. 
Os princípios previstos no artigo 2º da Lei 9.784/99 não podem ser 
considerados expressos para o Distrito Federal ou para o meu maravilhoso 
município de Montes Claros – MG (terra do “terremoto”), pois a referida lei é 
federal. 
O Estado de Minas Gerais, por exemplo, possui uma lei própria regulando 
os processos administrativos que tramitam no âmbito estadual (lei 14.184/02). 
Assim, os princípios previstos no artigo 2º da Lei 9.784/99 não serão expressos 
em relação ao Estado de Minas Gerais, pois não têm caráter obrigatório em 
relação a este. 
Da mesma forma, no artigo 2º da lei estadual mineira está previsto que a 
Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade, finalidade, motivação, razoabilidade, 
eficiência, ampla defesa, do contraditório e da transparência. 
Observe que na lei federal não consta a obrigatoriedade de respeito ao 
princípio da transparência, que somente será expresso em relação ao Estado de 
Minas Gerais. 
Por outro lado, princípios implícitos são aqueles que não estão previstos 
expressamente em uma norma jurídica de caráter geral, pois são consequência 
dos estudos doutrinários e jurisprudenciais. 
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São princípios cujos nomes não irão constar claramente no texto 
constitucional ou legal, mas que, de qualquer forma, vinculam as condutas e atos 
praticados pela AdministraçãoPública. 
Um bom exemplo para facilitar o entendimento é o princípio da eficiência. 
Esse princípio somente foi introduzido no caput, do artigo 37, da Constituição 
Federal de 1988, a partir de 04 de junho de 1998, com a promulgação da Emenda 
Constitucional 19. Apenas a partir dessa data é que esse princípio passou a ser 
expresso. 
Apesar disso, antes mesmo de ter sido incluído expressamente no caput 
do artigo 37 da Constituição Federal, tal princípio já era considerado 
implicitamente obrigatório para toda a Administração Pública brasileira pelos 
Tribunais do Poder Judiciário. 
O Ministro Luiz Vicente Cernichiaro, do Superior Tribunal de Justiça, em 
1996, ao julgar o Recurso em Mandado de Segurança – RMS 5.590-6/DF3, 
declarou que a “Administração Pública é regida por vários princípios. Além dos 
arrolados no art. 37, da Constituição da República: legalidade, impessoalidade, 
moralidade e publicidade, outros se evidenciam na mesma Carta Política. Sem 
dúvida, não se contesta, urge levar em conta ainda o princípio da eficiência, 
ou seja, a atividade administrativa deve voltar-se para alcançar resultado e 
interesse público”. 
Assim, constata-se que mesmo antes de ser incluído no texto constitucional 
(em 04 de junho de 1998), o princípio da eficiência tinha caráter obrigatório 
para toda a Administração Pública brasileira, mas era considerado implícito, 
porque ainda não estava “escrito” no caput, do artigo 37, da CF/1988. 
 
 
(CESPE/Analista Judiciário - TRT 15ª Região 2009) O art. 37 da Constituição 
Federal não é taxativo, pois, outros princípios existem, previstos em leis esparsas, 
ou, mesmo, não expressamente contemplados no direito objetivo, aos quais se 
sujeita a Administração Pública. Assertiva considerada correta pela banca 
examinadora. 
 
 
 
3 Recurso em Mandado de Segurança 5.590/95 DF, rel. Ministro Luiz Vicente Cernicciaro. Superior 
Tribunal de Justiça. Diário da Justiça, Seção I, p. 20.395. 
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1.2. Colisão entre princípios 
Não há hierarquia entre os princípios administrativos, apesar de vários 
autores afirmarem que o princípio da supremacia do interesse público sobre 
o interesse privado é o princípio fundamental do Direito Administrativo. 
Isso não significa que o princípio da supremacia do interesse público 
sobre o interesse privado se sobreponha aos demais princípios, mas apenas 
que irá amparar e fundamentar o exercício das atividades finalísticas da 
Administração Pública. 
Diante de uma aparente colisão entre princípios, o intérprete 
(administrador ou o juiz) deverá considerar o peso relativo de cada um deles e 
verificar, no caso concreto em análise, qual deverá prevalecer. A solução da 
colisão dar-se-á através da ponderação entre os diversos valores jurídicos 
envolvidos, pois os princípios possuem um alcance (peso) diferente em cada caso 
concreto e aquele que possuir maior abrangência deverá prevalecer. 
Não é correto afirmar que o princípio “x” sempre deverá prevalecer em 
face do princípio “y”, ou vice-versa. Somente ao analisar o caso em concreto é 
que o intérprete terá condições de afirmar qual princípio deve prevalecer. Para a 
ponderação de princípios, o intérprete poderá valer-se de outros princípios, 
principalmente o da proporcionalidade. 
No caso em concreto, o juiz irá analisar se a aplicação de ambos os 
princípios é adequada e necessária e, se realmente for, não irá excluir totalmente 
a incidência de um em detrimento do outro. Deverá, sim, reduzir o alcance de 
um princípio ou, em alguns casos, de ambos, a fim de se chegar a uma decisão 
que atenda às expectativas de ambas as partes e mantenha os efeitos jurídicos 
de ambos. 
 
 
(Agente Técnico Legislativo ALSP/2010) Os princípios da Administração 
Pública se aplicam, em igual medida e de acordo com as ponderações 
determinadas pela situação concreta, a todas as entidades integrantes da 
Administração direta e indireta. Assertiva considerada correta pela banca 
examinadora. 
 
 
 
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PIT STOP 
HIERARQUIA ENTRE PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS 
Não há hierarquia entre os princípios administrativos. O princípio da legalidade ou qualquer 
outro previsto no art. 37, caput, da CF∕1988, não se sobrepõe aos demais. 
Os princípios expressos estão escritos em normas de observância obrigatória para toda a 
Administração Pública, a exemplo da CF∕1988. Os princípios implícitos não constam grafados 
com todas as letras, mas ainda sim devem ser observados, pois derivam do entendimento 
doutrinário ou jurisprudencial. 
Diante de uma aparente colisão entre princípios, o intérprete (administrador ou o juiz) deverá 
considerar o peso relativo de cada um deles e verificar, no caso concreto em análise, qual 
deverá prevalecer. A solução da colisão dar-se-á através da ponderação entre os diversos 
valores jurídicos envolvidos, pois os princípios possuem um alcance (peso) diferente em cada 
caso concreto e aquele que possuir maior abrangência deverá prevalecer. 
 
1.3. Princípios básicos 
Segundo a doutrina majoritária, PRINCÍPIOS BÁSICOS da Administração 
Pública são aqueles previstos expressamente no art. 37 da Constituição Federal, 
a saber: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência (o 
famoso L.I.M.P.E.). Nesse sentido, os demais princípios poderiam ser 
classificados como GERAIS, pois estão previstos em leis esparsas ou são fruto 
do entendimento doutrinário e jurisprudencial. 
Analisando-se os últimos editais publicados pelo CESPE, constata-se que a 
bancas tem o hábito de incluir no programa de Direito Administrativo o seguinte 
tópico: “Princípios da Administração Pública”. 
Nesse caso, é importante destacar que as questões elaboradas não se 
restringem aos princípios da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade 
e Eficiência. As questões também abrangem os demais princípios implícitos 
impostos à Administração Pública, a exemplo do Princípio da Segurança Jurídica, 
Princípio da Razoabilidade, Princípio da Proporcionalidade, entre outros. 
 
 
 
 
 
 
 
No julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 
1.694, de relatoria do Ministro Néri da Silveira, o Supremo 
Tribunal Federal decidiu que “Os princípios gerais regentes 
da administração pública, previstos no art. 37, caput, da 
Constituição, são invocáveis de referência à 
administração de pessoal militar federal ou estadual, 
salvo no que tenha explícita disciplina em atenção às 
peculiaridades do serviço militar." 
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2. Princípios constitucionais expressos 
 
2.1. Princípio da legalidade 
 Historicamente, a origem do princípio da legalidade baseia-se na Magna 
“Charta Libertatum”, imposta pelos barões ingleses ao rei João Sem–Terra, no 
ano de 1215, caracterizando-se como o primeiro esforço inglês de tentar 
restringir o poder absolutista do rei. 
No referido documento estava expresso que "nenhum homem livre será 
detido ou sujeito à prisão, ou privado de seus bens, ou colocado fora da lei, ou 
exilado, ou de qualquer modo molestado, e nós não procederemos nem 
mandaremos proceder contra ele senão mediante um julgamento regular pelos 
seus pares ou de harmoniacom a lei do país". 
 Atualmente, o princípio da legalidade pode ser estudado sob dois enfoques 
distintos: em relação aos particulares e em relação à Administração Pública. 
 Em relação aos particulares, o princípio da legalidade está consagrado 
no inciso II, artigo 5º, da Constituição Federal de 1988, segundo o qual 
"ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude 
da lei". 
Isso significa que, em regra, somente uma lei (ato emanado do Poder 
Legislativo) pode impor obrigações aos particulares. 
 Segundo o saudoso professor Hely Lopes Meirelles, “enquanto os 
indivíduos, no campo privado, podem fazer tudo o que a lei não veda, o 
administrador público só pode atuar onde a lei autoriza”. 
 Para ficar mais fácil o entendimento do princípio da legalidade em 
relação aos particulares, imaginemos o seguinte: Após ter sido aprovado 
no concurso para o cargo de Auditor de Controle Externo, você decidiu 
comemorar a sua vitória em uma churrascaria. Depois de muitos “refrigerantes” 
bebidos e muita carne consumida, foi solicitado ao garçom o valor da conta, que 
a apresentou no montante de R$ 330,00 (trezentos e trinta reais), sendo R$ 
300,00 (trezentos reais) de consumo e mais R$ 30,00 (trinta reais) relativos ao 
famoso “10%”. 
 Como não tivemos o atendimento merecido (faltou agilidade e, 
principalmente, qualidade no serviço), imediatamente você decidiu informar que 
não pagaria o valor de R$ 30,00 (trinta reais) constante na nota, pois aquela 
cobrança não seria justa. 
 
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Com o objetivo de exigir o pagamento, o gerente da churrascaria 
compareceu à mesa e afirmou que a referida cobrança estava informada, com 
letras garrafais, no cardápio. Além disso, alegou também que tal cobrança estava 
amparada em Convenção Coletiva firmada entre o Sindicato dos restaurantes, 
churrascarias, bares, meios de hospedagem e similares e o Sindicato dos 
Garçons. 
 Pergunta: Nesse caso, você poderá ou não ser obrigado a pagar o valor 
de R$ 30,00 (10%) calculado sobre o montante do consumo? (Antes de responder 
à pergunta, é necessário que você saiba que Convenção Coletiva não é lei, pois 
não foi votada no Poder Legislativo). 
 Muito simples. Você não é obrigado a pagar o valor de R$ 30,00 porque 
essa exigência não foi estabelecida através de lei. E, conforme previsto no inciso 
II, artigo 5º, da CF/1988, para obrigar alguém a fazer alguma coisa é 
imprescindível o respaldo legal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O princípio da legalidade, em relação aos particulares, também 
é conhecido como princípio da autonomia da vontade, pois é assegurada a 
liberdade para os indivíduos agirem da maneira que entenderem mais 
conveniente, salvo na existência de proibição legal. 
 Em relação à Administração, o princípio da legalidade assume um 
enfoque diferente. Nesse caso, está previsto expressamente no caput, do artigo 
37, da Constituição Federal de 1988, significando que a Administração Pública 
somente pode agir se existir uma norma legal autorizando. 
 
No julgamento do recurso de apelação nº 2001.01.00.037891-8/DF, de relatoria do 
Desembargador Souza Prudente, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região considerou 
ilegítima a cobrança obrigatória de gorjeta sem amparo legal, ao decidir que “O pagamento 
de acréscimo pecuniário (gorjeta), em virtude da prestação de serviço, possui natureza 
facultativa, a caracterizar a ilegitimidade de sua imposição, por mero ato normativo 
(Portaria nº. 4/94, editada pela extinta SUNAB), e decorrente de convenção coletiva do 
trabalho, cuja eficácia abrange, tão-somente, as partes convenientes, não alcançando a 
terceiros, como no caso, em que se pretende transferir ao consumidor, compulsoriamente, 
a sua cobrança, em manifesta violação ao princípio da legalidade, insculpido em nossa 
Carta Magna (CF, art. 5º, II) e ao Código de Defesa do Consumidor (Lei nº. 8.078/90, 
arts. 6º, IV, e 37, § 1º), por veicular informação incorreta, no sentido de que a referida 
cobrança estaria legalmente respaldada”. 
 
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Segundo o professor Celso Antônio Bandeira de Mello, o princípio da 
legalidade “implica subordinação completa do administrador à lei. Todos os 
agentes públicos, desde o que ocupe a cúspide até o mais modesto deles, devem 
ser instrumentos de fiel e dócil realização das finalidades normativas”. 
 Num primeiro momento, pode até parecer que a necessidade de 
autorização legal para que a administração possa agir estaria “engessando” a 
atividade administrativa, além de incentivar o ócio. Entretanto, não é esse o 
objetivo do referido princípio. 
Na verdade, o princípio da legalidade é uma exigência que decorre do 
próprio Estado de Direito, que impõe a necessidade de submissão ao império da 
lei. A Administração Pública somente poderá atuar quando autorizada ou 
permitida por lei. A vontade da Administração é a que decorre da lei e, portanto, 
os agentes públicos somente poderão fazer o que a lei permitir ou 
autorizar. 
 O professor Celso Antônio Bandeira de Mello afirma que o princípio da 
legalidade pode sofrer constrições (restrições) em função de circunstâncias 
excepcionais, mencionadas expressamente no texto constitucional, como no caso 
da edição de medidas provisórias, decretação de estado de defesa e, 
ainda, a decretação de estado de sítio pelo Presidente da República. 
 Assim, é correto concluir que, em situações excepcionais, os particulares 
podem ser obrigados a fazer ou deixar de fazer alguma coisa também em virtude 
de medida provisória ou decretos que instituem estado de defesa ou estado 
de sítio. Porém, tal obrigação somente ocorre em caráter excepcional e em 
virtude de tais instrumentos possuírem força de lei, apesar de não se 
caracterizaram como lei em sentido formal. 
 
(Procurador/PGDF 2007) Em face da sistemática constitucional do Estado 
brasileiro, regido que é pelo fundamento do Estado Democrático de Direito, a 
plenitude da vigência do princípio da legalidade (art. 37, caput, da CF) pode sofrer 
constrição provisória e excepcional. Assertiva considerada correta pela banca 
examinadora. 
 
 Pergunta: Mas o que é lei em sentido formal? 
 
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 É aquela que, em regra, origina-se no Poder Legislativo, com a participação 
do Poder Executivo e em conformidade com o processo legislativo previsto 
no texto constitucional. Para que seja caracterizada como formal é irrelevante 
o conteúdo da lei, sendo suficiente que tenha respeitado o processo legislativo 
previsto na Constituição Federal. Nesse caso, poderá inovar no ordenamento 
jurídico, criando obrigações e deveres aos administrados. 
Pergunta: Aproveitando a oportunidade, o que seria, então, a lei em 
sentido material? 
Lei em sentido material é aquela cujo conteúdo possui caráter genérico 
(aplicável a um número indefinido e indeterminável de pessoas) e abstrato 
(aplicável a um número indefinido e indeterminável de situações futuras), 
independentemente do órgão ou entidade que a tenha criado. Nesse caso, não 
interessa o processo ou o órgão de criação, mas o seu conteúdo, que deve ser 
normativo. É o caso, por exemplo, de um decreto regulamentar editado pelo 
Presidente da República, que,por ser ato administrativo secundário, não pode 
criar direitos e obrigações, mas apenas explicar o texto legal para permitir a sua 
fiel execução. 
Em sentido material, podemos incluir tanto as leis em sentido formal 
(aquelas que foram criadas através do processo legislativo constitucional, a 
exemplo das leis ordinárias) como qualquer ato normativo com caráter geral e 
abstrato (a exemplo dos decretos regulamentares), independente de sua 
origem. 
 
 
Como o CESPE gosta muito de novidade jurisprudencial, aconselho que você 
fique atento ao teor da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal no 
julgamento do Recurso Extraordinário nº 646.491, cuja decisão foi publicada 
no DJE de 23 de novembro de 2011. 
Na oportunidade, a Ministra Carmem Lúcia, relatora do processo, afirmou que 
"Em face do princípio da legalidade, pode a administração pública, enquanto 
não concluído e homologado o concurso público, alterar as condições do 
certame constantes do respectivo edital, para adaptá-las à nova legislação 
aplicável à espécie, visto que, antes do provimento do cargo, o candidato tem 
mera expectativa de direito à nomeação ou, se for o caso, à participação na 
segunda etapa do processo seletivo." 
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É necessário ficar atento também aos comentários dos professores Marcelo 
Alexandrino e Vicente Paulo, que afirmam que a atividade administrativa não 
pode ser contra legem (contra a lei) nem praeter legem (além da lei), mas 
apenas secundum legem (segundo a lei). Nesses termos, os atos 
eventualmente praticados em desobediência a tais parâmetros são atos inválidos 
e, portanto, podem ter sua invalidade decretada pela própria Administração que 
o haja editado ou pelo Poder Judiciário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Analista Judiciário – TRT 22ª Região/2010) Em decorrência do princípio da 
legalidade, a Administração Pública não pode, por simples ato administrativo, 
conceder direitos de qualquer espécie, criar obrigações ou impor vedações aos 
administrados; para tanto, ela depende de lei. Assertiva considerada correta 
pela banca examinadora. 
 
 
 
 
No julgamento do Mandado de Segurança nº 30.177/DF, de 
relatoria do Ministro Marco Aurélio de Mello, cuja decisão foi 
publicada em 24/04/2012 (o que a transforma em forte 
candidata para a elaboração de uma questão nos próximos 
concursos), o Supremo Tribunal Federal decidiu que “As 
etapas do concurso prescindem de disposição expressa em 
lei no sentido formal e material, sendo suficientes a previsão 
no edital e o nexo de causalidade consideradas as atribuições 
do cargo”. 
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PIT STOP 
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 
Está previsto expressamente no art. 37, caput, da CF∕1988. 
Segundo Hely Lopes Meirelles, “enquanto os indivíduos, no campo privado, podem fazer tudo 
o que a lei não veda, o administrador público só pode atuar onde a lei autoriza”. 
A vontade da Administração é a que decorre da lei e, portanto, os agentes públicos somente 
poderão fazer o que a lei permitir ou autorizar. 
O princípio da legalidade pode sofrer constrições (exceções) em função de circunstâncias 
excepcionais, mencionadas expressamente no texto constitucional, como no caso da edição 
de medidas provisórias, decretação de estado de defesa e, ainda, a decretação de 
estado de sítio pelo Presidente da República. 
Atos administrativos (também chamados de atos normativos secundários) não podem criar 
direitos ou impor obrigações aos administrados. 
 
2.2. Princípio da impessoalidade 
 O princípio da impessoalidade pode ser analisado sob vários aspectos 
distintos, a saber: 
1º) dever de tratamento isonômico a todos os administrados; 
2º) imputação dos atos praticados pelos agentes públicos diretamente às pessoas 
jurídicas em que atuam; 
3º) dever de sempre agir com o intuito de satisfazer o interesse público. 
 
Sob o primeiro aspecto, o princípio da impessoalidade impõe à 
Administração Pública a obrigação de conceder tratamento isonômico a todos 
os administrados que se encontrarem em idêntica situação jurídica. Assim, fica 
vedado o tratamento privilegiado a um ou alguns indivíduos em função de 
amizade, parentesco ou troca de favores. Da mesma forma, o princípio também 
veda aos administradores que pratiquem atos prejudiciais ao particular em 
razão de inimizade ou perseguição política, por exemplo. 
Nesse caso, tem-se o princípio da impessoalidade como uma faceta do 
princípio da isonomia, e a obrigatoriedade de realização de concurso público 
para ingresso em cargo ou emprego público (artigo 37, II), bem como a 
obrigatoriedade de realização de licitação pela Administração (artigo 37, XXI), 
são exemplos clássicos de tal princípio, já que proporcionam igualdade de 
condições para todos os interessados. 
 
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Em suma, o princípio da impessoalidade impõe que as condutas praticadas 
por agentes públicos tenham o objetivo precípuo de satisfazer o interesse público, 
sem favorecer ou prejudicar determinados grupos ou categorias em razão de 
condições pessoais. 
 Em relação ao segundo aspecto, o princípio da impessoalidade afirma que 
os atos praticados pela Administração Pública não podem ser utilizados para a 
promoção pessoal de agente público, mandamento expresso na segunda parte, 
do § 1º, artigo 37, da Constituição Federal de 1988: 
§ 1º. A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos 
órgãos públicos deverão ter caráter educativo, informativo ou de orientação 
social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que 
caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.
 
 
 Os atos praticados pelos agentes púbicos devem ser imputados à 
entidade política (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) ou 
administrativa (autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista, 
fundações públicas e consórcios públicos de direito público) às quais se 
encontram vinculados, portanto, não poderão ser utilizados para a promoção 
pessoal de quem quer que seja. 
 
De acordo com a Constituição da República, os atos dos agentes públicos geram 
responsabilidade objetiva para o Estado e não para a pessoa deles próprios, a não 
ser na hipótese de o poder público comprovar a ocorrência de dolo ou culpa, em 
ação regressiva. Essa imputação dos atos do agente público ao Estado representa 
a concretização do princípio da impessoalidade, consoante uma de suas 
concepções teóricas (Juiz Substituto/TJBA 2005/CESPE). Assertiva correta. 
 
 Pergunta: O prefeito da minha cidade, cujo apelido é Tamanduá, pode 
eleger como símbolo da administração municipal um tamanduá (animal), com 
uma enxada nas costas, e colocar um adesivo em cada veículo do município? 
Penso que não! Nesse caso, qualquer administrado que olhar para o adesivo 
em um veículo público estará vendo a “imagem” do prefeito, que tem como 
apelido o mesmo nome do animal que foi “escolhido” como símbolo da 
administração municipal. 
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