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CLT COMENTADA Arts. 442 a 476 Getulio Zenit Alves

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CLT COMENTADA Arts. 442 a 476
Reforma Trabalhista Lei n. 13.467/2017
 
Getúlio Zenit Alves
Graduado em Direito e Ciências Sociais pela Universidade Paulista
Docente do Instituto Brasileiro de Capacitação e Gestão - IBCG
Docente da Escola Superior de Capacitação Profissional - ESCAPR
 
CLT COMENTADA Arts. 442 a 476
 
Reforma Trabalhista Lei n. 13.467/2017
 
 
 Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida, sejam quais forem os meios empregados, sem autorização por
escrito do autor. O infrator ficará sujeito, nos termos da Lei nº 6.895, de 17/12/80, com as alterações introduzidas pela
Lei nº 9.610, de 19/02/98, à penalidade prevista nos artigos 184 e 186 do Código Penal, a saber: reclusão de um a
quatro anos.
© Copyright by Ozéias de Jesus dos Santos
 
Ficha catalográfica
___________________________________
342.68
Campinas, 2018.
23cm.
1. CLT Comentada
Direito do Trabalho. I. Título.
___________________________________
 
Edição 2018
 
Principais obras:
 
Dicionário de Terminologia Jurídica - 1950 pgs. Ed. Vale do Mogi
Resenha Fiscal - 1368 pgs. Editora Vale do Mogi
Concurso de Cartório - 936 pgs. Editora Syslook
Adoção - 300 pgs. Editora Syslook
Manual do Advogado On Line - 1966 pgs - Ed. Tradebook
Office Jurídico - 1980 pgs. Editora Vale do Mogi
Prática Forense do Inquilinato e Condomínio - 1350 pgs - Editora Vale do Mogi
Prática Forense e Administrativa do Código de Defesa do Consumidor- 1810 pgs - Editora Vale
do Mogi
Vademecum Jurídico, Militar, Comercial, Acadêmico, Canônico, Ambiental e Funerário - 1300
pgs. Editora Vale do Mogi
Prática Forense do Direito das Sucessões - 1850 pg. - Editora Quorum
Divórcio Constitucional - 300 pgs. - Editora Syslook
Prática do Direito de Família e RCPN - 1300 pgs. - Editora Vale do Mogi
Petições Cíveis - 300 pgs. - Editora Vale do Mogi
Abalo de Crédito - 300 pgs. - Editora Vale do Mogi
Contratos - 1100 pgs. - Editora Vale do Mogi
Direito Registral e Notarial - 300 pgs. - Editora Vale do Mogi
Posse - 1300 pgs. - Editora Fapi
Dia-a-dia do Advogado - 1300 pgs. - Editora Fapi
Tributos, Contribuições e Taxas - 7.000 pgs. - Editora Syslook
Ações Possessórias - 300 pgs. - Editora Vale do Mogi
Prática de Registros Públicos - 1300 pgs. - Editora Fapi
Concurso para Juiz. 26 volumes. 5.600 pgs. Ed. Vale do Mogi.
CLT Comentada. 11 volumes. 7.500 pgs. Ed. Vale do Mogi
Alfarrábios
 
 
Al-Farabi foi um filósofo que viveu em Bagdad no Século IX.
De seu nome e fama resultou o antropônimo alfarrábio, cujo significado é “colecionador ou vendedor de
alfarrábios”.
Modernamente, alfarrábio significa escrito, livro ou livreiro.
A transmissão do conhecimento envolve uma complexa cadeia, onde temos os pensadores, que ousando
externar seus conhecimentos e experiências se tornam autores. Na sequência temos os investidores ou editores, os
quais, acreditando na empreitada, arriscam seu capital para que o que existia no mundo das ideias passe para o mundo
concreto, por meio do livro.
De forma simples, está no final desta cadeia o “Alfarrábio” ou distribuidor dos livros, que os fazem chegar ao
consumidor final, para lhes trazer alívio, conhecimento e principalmente oferecer oportunidade para novos e mais
aprimorados pensamentos, dos quais, se espera, que nasçam novos escritores e inúmeros livros.
Neste sentido, dentre os inúmeros distribuidores, aos quais muito deve o mundo jurídico, quero destacar os
modernos alfarrábios
 
Shintaro Mizuno, Satoru Mizuno, Yoshiro Mizuno, Katsuso Mizuno,
Juarez Cordeiro de Oliveira, João Roberto Parizatto
Alberto Messias de Lima, Cláudia Pereira Cristo, Kleber de Lima, Odamiron Mascarenhas, Emir da Silva,
Irene M. Reberte,
Edson Jordão, Vladimir Elias Santos, Katsuso Mizuno,
Mário Emílio Riquelme, Mário Roberto Russo,
Denis Heiffig, Roberto Serrano, Juliana Mizuno,
Gilberto Mizuno, Ramon Mizuno, e Roberto Manoel Santos.
 
A eles esta singela homenagem do autor.
Dedicatória
 
O labor de um glosador é algo de difícil comparação.
Lê, procura, compara, indaga, sonha, viaja, se empolga e ousa transferir sua intertextualização do mundo das
ideias para o mundo concreto.
Depois de muito tempo de labuta incompreendida, vez que seu trabalho é silencioso, sem destaque, quase
anônimo, em razão disso, aqueles que o cerca por não verem algo palpável, por vezes chegam a duvidar de que se trata
de alguém que trabalha. Pior, quando indagam: como o “livro” está indo? Se deparam com a honestidade do autor que
por relatar as imensas fases a serem superadas, descreem na tão almejada finalização.
Finalmente, depois de incontáveis, anos, meses e horas, o autor brada ao mundo que sua obra está terminada.
Começa nova e difícil jornada. Quem ousará aplicar seu capital na produção e edição de um livro?
Quando finalmente encontra o investidor, tem, que, por vezes, quase que reescrever seu livro para amoldá-lo ao
gosto do editor.
Daí até receber seus merecidos direitos autorais, vai mais umas três novelas.
Do início até o final, o autor teve que se manter como pode, vez que é apenas no final que ele tem a paga pela
sua ousadia de oferecer suas ideias ao mundo.
Durante este lapso temporal da criação até a edição, o escritor vive do incentivo dos familiares e amigos, do
sonho de com sua obra alcançar sucesso, da mesma forma que seus ídolos alcançaram.
Pelo incentivo e reconhecimento, esta obra é dedicada a meus amigos:
Dra. CaL Ana Paula Arruda
Dr. Armando Gasparetti Neto
Dra. CaL Fabiana Cristina Toledo Machado
CaL Isabel Cristina Melani
CL José Roberto Melani
Dr. Antonio Carlos Chiminazzo
Dr. Gustavo Garcia Francisco 
Dra. Denise Kussaba
A vocês o carinho deste autor.
Decálogo do Advogado
 
 
 
ESTUDA - O Direito se transforma constantemente. Se não segues seus passos, serás cada dia um pouco
menos advogado;
PENSA - O Direito se aprende estudando, mas se exerce pensando;
TRABALHA - A advocacia é uma área de fadiga posta a serviço da justiça;
LUTA - Teu dever é lutar pelo Direito. Mas no dia em que encontrares o Direito em conflito com a Justiça,
lute pela Justiça;
SÊ LEAL - Leal para com teu cliente, a quem não deves abandonar até que compreenda que é indigno de ti.
Leal com o adversário, ainda mesmo que ele seja desleal contigo. Leal para com o juiz, que ignora os fatos e deve
confiar no que tu dizes e que, quanto ao direito, vez por outra, deve confiar no que tu lhe invocas;
TOLERA - Tolera a verdade alheia na mesma medida em que seja tolerada a tua;
TEM PACIÊNCIA - O tempo se vinga das coisas que se fazem sem a sua colaboração;
TEM FÉ - Tem fé no direito, como o melhor instrumento para a convivência humana; na justiça, como
destino normal do direito; na paz, como substituto da justiça; e, sobretudo, tem fé na liberdade sem a qual não há
direito, nem justiça, nem paz;
ESQUECE - A advocacia é uma luta de paixões. Se, em cada batalha, fores enchendo a tua alma de rancor,
chegará um dia em que a vida será impossível para ti. Terminado o combate, esquece logo tua vitória, como tua derrota;
AMA TUA PROFISSÃO - Trata de considerar a advocacia de tal maneira, que no dia em que teu filho lhe
peça conselho sobre o seu destino, consideres uma honra para ti, propor-lhe que se torne ADVOGADO...
 
 
 
Sumário
CLT COMENTADA Arts. 442 a 476
Reforma Trabalhista Lei n. 13.467/2017
Principais obras:
Alfarrábios
Dedicatória
Decálogo do Advogado
TÍTULO IV
DO CONTRATO INDIVIDUAL DO TRABALHO
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Trabalho Autônomo
Trabalhador autônomo e cláusula de exclusividade
Contrato de Trabalho Intermitente
Trabalho Intermitente e a Necessidade da Empresa
Benefícios trabalhistas no Trabalho Intermitente
Trabalho Intermitente e Contribuições à Previdência
Trabalho Intermitente e Férias
Contrato de Trabalho Intermitente
Forma de Convocação do Trabalhador Intermitente
Casos de Convocação do Trabalhador IntermitenteRecusa do Trabalhador Intermitente
Chamado do Trabalhador Intermitente por diferentes Contratantes
Atividades que se enquadram no trabalho intermitente
Trabalho Intermitente e Trabalho Constante Habitual
Na hipótese do trabalho ser constante e habitual, não pode ser enquadrado como intermitente.
Benefícios do Trabalhador intermitente
Diferença entre o trabalho intermitente, trabalho temporário e Terceirização
Não convocação do Trabalhador Intermitente
Multa por descumprimento do acordo
Período de Inatividade do Trabalhador Intermitente
Tempo de Inatividade do Trabalhador e Rescisão do Contrato
Direitos do Trabalhador intermitente na rescisão do contrato
Trabalhador Intermitente e saque do FGTS
Carência para o trabalhador demitido ser recontratado pela mesma empresa
Trabalho Intermitente ou sob Demanda
Salários Altos
Acordo Salarial
Período de Inatividade
Rescisão do Contrato Intermitente
Distrato dos Contratos Intermitentes
Verbas Rescisórias do Contrato Intermitente
Quarentena de Contratação
Recolhimento das Contribuições
Acordo Salarial
Salários Altos
Sucessão Empresarial
Subsistência dos Direitos Trabalhistas
Trabalho Intermitente
Rescisão de Contrato do Trabalho
Pedido de Demissão
Extinção do Contrato por Prazo Determinado
Aposentadoria
Contrato de Sub-empreitada
Padrão de Vestimenta
Rotina Trabalhista
Trabalho Temporário
Empresa de Trabalho Temporário
Empresa Tomadora de Serviço ou Cliente
Trabalhador Temporário
Funcionamento da Empresa - Registro no MTE
Modelo da Anotação na CTPS do Trabalhador
Proibições
Contrato de Prestação de Serviço Temporário
Prorrogação do Contrato
Direitos do Trabalhador Temporário
Direitos Trabalhistas
Direitos Previdenciários
Outros Direitos
Direitos Rescisórios
Rescisão antecipada por parte do empregado:
Contrato Escrito de Trabalho Temporário
Justa Causa no Trabalho Temporário
Justa Causa do Empregado
Justa Causa do Empregador
Local de Trabalho do Trabalhador Temporário - Consideração
Acidente do Trabalho
Folha de pagamento, contribuições previdenciárias e GFIP
GPS dos Trabalhadores Temporários
GPS dos Empregados Permanentes
Retenção de 11% sobre a Nota Fiscal da Prestação de Serviço do Trabalho Temporário
GFIP
Falência da Empresa de Trabalho Temporário
Registro de Empresa de Trabalhador Temporário
Rotina Trabalhista
Aposentadoria por Tempo de Serviço ou Idade
Aposentadoria por Tempo de Contribuição - Trabalhador(a) Avulso(a)
Aposentadoria por Tempo de Contribuição - Professor(a)
Informação complementar:
Direito adquirido
Aposentadoria por Tempo de Contribuição - Empregado(a) Doméstico(a)
Aposentadoria por Tempo de Contribuição - Contribuinte Individual/Facultativo
Exigências cumulativas para o recebimento deste tipo de benefício:
Aposentado que retorna à atividade
Benefícios assegurados ao aposentado que retorna à atividade
Rotina Trabalhista
Sucessão de Empregadores
Hipóteses de sucessão
Empregador - Empresa
Requisitos caracterizadores da sucessão
Responsabilidade da empresa sucessora
Alteração na documentação
Mudança de data base
FGTS - SEFIP
Terceirização
CAPÍTULO II
DA REMUNERAÇÃO
Salários e sua Composição
Verbas Remuneratórias
Direitos Negociáveis
Natureza Salarial do Prêmio e sua Integração
Pagamentos Legais
Auxílio Alimentação
Equivalência Salarial
Turnos ininterruptos de revezamento
Isonomia Salarial
Acúmulo de Funções e Caracterização
Jurisprudência
Identidade de Função e Valor
Equiparação Salarial em Cadeia
Diferenças salariais
Desconto nos Salários
Multa por atraso do Pagamento
Jurisprudência
Prestação do Salário em Espécie
Pagamento salarial em moeda estrangeira
Adicional de Transferência
Jurisprudência
Recibo de Pagamento de Salário
Jurisprudência
Pagamento do Salário em Dia e Local
Jurisprudência
Pagamento de Comissões e Percentagens
Reflexos da parcela denominada Guelta
Intervalo intrajornada. Supressão parcial
Jurisprudência
Pagamento da Verba Incontroversa
Responsabilidade Subsidiária
Rotina Trabalhista
Vale Transporte
Utilização do Vale Transporte
Benefícios do Vale Transporte
Servidores Públicos Estaduais e Municipais
Empregador – Desobrigação
Não Cobertura de Todo Trajeto
Fornecimento em Dinheiro – Vedação
Requisitos Para o Exercício do Direito de Receber
Falta Grave
Custeio do Vale Transporte
Proporcionalidade do Desconto
Faltas/Afastamentos – Devolução
Base de Cálculo Para o Desconto
Valor Inferior a 6%
Quantidade e Tipo de Vale-Transporte - Obrigação do Empregador
Comprovação da Compra
Natureza Salarial - Não Constituição
Empregado que Utiliza Veículo Próprio
Rotina Trabalhista
Salário-Família - Documentação que deve ser apresentada pelo Empregado
Declaração e termo de responsabilidade
Apresentação de comprovantes
Comunicação
Suspensão do Benefício
Guarda dos Documentos
CAPÍTULO III
DA ALTERAÇÃO
Alteração Contratual
Adicional de Transferência
Obrigatoriedade do Adicional
Transferência Provisória - Remoção
Despesas da Transferência
Rotina Trabalhista
Transferência do Local de Trabalho
Despesas de Transferência Com Mudança de Domicílio
Sem Mudança de Domicílio
Adicional de Transferência
Impossibilidade de Transferência – Líder Sindical
Transferência de Representante da CIPA
Transferência Para Empresa do Mesmo Grupo
Transferência Definitiva
Livro ou Ficha de Registro do Empregado
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados - CAGED
RAIS
FGTS
Prática
Adicional de Transferência
Adicional de Transferência e seus Reflexos
CAPÍTULO IV
DA SUSPENSÃO E DA INTERRUPÇÃO
Suspensão Disciplinar
Gravidade do Ato Faltoso
Rotina Trabalhista
Advertência e suspensão disciplinar
Advertência
Suspensão
Requisitos essenciais
Efeitos no contrato individual de trabalho
Férias
13º Salário
Recusa do empregado em receber a penalidade
Duração da suspensão
Modelo de carta de advertência
Carta de advertência
Modelo de suspensão disciplinar
Bibliografia
TÍTULO IV
DO CONTRATO INDIVIDUAL DO TRABALHO
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 442 - Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso,
correspondente à relação de emprego.
Parágrafo único - Qualquer que seja o ramo de atividade da sociedade
cooperativa, não existe vínculo empregatício entre ela e seus associados, nem
entre estes e os tomadores de serviços daquela. (Incluído pela Lei nº 8.949, de
9.12.1994)
Art. 442-A. Para fins de contratação, o empregador não exigirá do
candidato a emprego comprovação de experiência prévia por tempo superior
a 6 (seis) meses no mesmo tipo de atividade. (Incluído pela Lei nº 11.644, de
2008).
Art. 442-B. A contratação do autônomo, cumpridas por este todas as
formalidades legais, de forma contínua ou não, afasta a qualidade de
empregado prevista no Art. 3º desta Consolidação. (Redação dada pela
Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 1º É vedada a celebração de cláusula de exclusividade no contrato
previsto no caput. (Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 2º Não caracteriza a qualidade de empregado prevista no Art. 3º o fato
de o autônomo prestar serviços a apenas um tomador de serviços. (Incluído
pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 3º O autônomo poderá prestar serviços de qualquer natureza a outros
tomadores de serviços que exerçam ou não a mesma atividade econômica,
sob qualquer modalidade de contrato de trabalho, inclusive como autônomo. 
(Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 4º Fica garantida ao autônomo a possibilidade de recusa de realizar
atividade demandada pelo contratante, garantida a aplicação de cláusula de
penalidade prevista em contrato. (Incluído pela Medida Provisória nº 808,
de 2017)
§ 5º Motoristas, representantes comerciais, corretores de imóveis,
parceiros, e trabalhadores de outras categorias profissionais reguladas por
leis específicas relacionadas a atividades compatíveis com o contrato
autônomo, desde quecumpridos os requisitos do caput, não possuirão a
qualidade de empregado prevista o Art. 3º. (Incluído pela Medida
Provisória nº 808, de 2017)
§ 6º Presente a subordinação jurídica, será reconhecido o vínculo
empregatício. (Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 7º O disposto no caput se aplica ao autônomo, ainda que exerça
atividade relacionada ao negócio da empresa contratante. (Incluído pela
Medida Provisória nº 808, de 2017)
Art. 443. O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou
expressamente, verbalmente ou por escrito, por prazo determinado ou
indeterminado, ou para prestação de trabalho intermitente. (Redação dada
pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 1º - Considera-se como de prazo determinado o contrato de trabalho cuja
vigência dependa de termo prefixado ou da execução de serviços
especificados ou ainda da realização de certo acontecimento suscetível de
previsão aproximada. (Parágrafo único renumerado pelo Decreto-lei nº 229,
de 28.2.1967)
§ 2º - O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando:
(Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação
do prazo; (Incluída pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
b) de atividades empresariais de caráter transitório; (Incluída pelo Decreto-
lei nº 229, de 28.2.1967)
c) de contrato de experiência. (Incluída pelo Decreto-lei nº 229, de
28.2.1967)
§ 3º Considera-se como intermitente o contrato de trabalho no qual a
prestação de serviços, com subordinação, não é contínua, ocorrendo com
alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade,
determinados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de
atividade do empregado e do empregador, exceto para os aeronautas, regidos
por legislação própria. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
Art. 444 - As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre
estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às
disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam
aplicáveis e às decisões das autoridades competentes.
Parágrafo único. A livre estipulação a que se refere o caput deste artigo
aplica-se às hipóteses previstas no Art. 611-A desta Consolidação, com a
mesma eficácia legal e preponderância sobre os instrumentos coletivos, no
caso de empregado portador de diploma de nível superior e que perceba
salário mensal igual ou superior a duas vezes o limite máximo dos benefícios
do Regime Geral de Previdência Social. (Incluído pela Lei nº 13.467, de
2017)
Art. 445 - O contrato de trabalho por prazo determinado não poderá ser
estipulado por mais de 2 (dois) anos, observada a regra do Art. 451. (Redação
dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
Parágrafo único. O contrato de experiência não poderá exceder de 90
(noventa) dias. (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
Art. 446 - (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 447 - Na falta de acordo ou prova sobre condição essencial ao
contrato verbal, esta se presume existente, como se a tivessem estatuído os
interessados na conformidade dos preceitos jurídicos adequados à sua
legitimidade.
Art. 448 - A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa
não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados.
Art. 448-A. Caracterizada a sucessão empresarial ou de empregadores
prevista nos arts. 10 e 448 desta Consolidação, as obrigações trabalhistas,
inclusive as contraídas à época em que os empregados trabalhavam para a
empresa sucedida, são de responsabilidade do sucessor. (Incluído pela Lei nº
13.467, de 2017)
Parágrafo único. A empresa sucedida responderá solidariamente com a
sucessora quando ficar comprovada fraude na transferência. (Incluído pela
Lei nº 13.467, de 2017)
Art. 449 - Os direitos oriundos da existência do contrato de trabalho
subsistirão em caso de falência, concordata ou dissolução da empresa.
§ 1º - Na falência constituirão créditos privilegiados a totalidade dos
salários devidos ao empregado e a totalidade das indenizações a que tiver
direito. (Redação dada pela Lei nº 6.449, de 14.10.1977)
§ 2º - Havendo concordata na falência, será facultado aos contratantes
tornar sem efeito a rescisão do contrato de trabalho e consequente
indenização, desde que o empregador pague, no mínimo, a metade dos
salários que seriam devidos ao empregado durante o interregno.
Art. 450 - Ao empregado chamado a ocupar, em comissão, interinamente,
ou em substituição eventual ou temporária, cargo diverso do que exercer na
empresa, serão garantidas a contagem do tempo naquele serviço, bem como
volta ao cargo anterior.
Art. 451 - O contrato de trabalho por prazo determinado que, tácita ou
expressamente, for prorrogado mais de uma vez passará a vigorar sem
determinação de prazo. (Vide Lei nº 9.601, de 1998)
Art. 452 - Considera-se por prazo indeterminado todo contrato que
suceder, dentro de 6 (seis) meses, a outro contrato por prazo determinado,
salvo se a expiração deste dependeu da execução de serviços especializados
ou da realização de certos acontecimentos.
Art. 452-A. O contrato de trabalho intermitente será celebrado por escrito
e registrado na CTPS, ainda que previsto acordo coletivo de trabalho ou
convenção coletiva, e conterá: (Redação dada pela Medida Provisória nº 808,
de 2017)
I - identificação, assinatura e domicílio ou sede das partes; (Incluído pela
Medida Provisória nº 808, de 2017)
II - valor da hora ou do dia de trabalho, que não poderá ser inferior ao
valor horário ou diário do salário mínimo, assegurada a remuneração do
trabalho noturno superior à do diurno e observado o disposto no § 12; e 
(Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
III - o local e o prazo para o pagamento da remuneração. (Incluído pela
Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 1º O empregador convocará, por qualquer meio de comunicação eficaz,
para a prestação de serviços, informando qual será a jornada, com, pelo
menos, três dias corridos de antecedência. (Incluído pela Lei nº 13.467, de
2017)
§ 2º Recebida a convocação, o empregado terá o prazo de vinte e quatro
horas para responder ao chamado, presumida, no silêncio, a recusa. (Redação
dada pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 3º A recusa da oferta não descaracteriza a subordinação para fins do
contrato de trabalho intermitente. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 4º (Revogado Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 5º (Revogado Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 6º Na data acordada para o pagamento, observado o disposto no § 11, o
empregado receberá, de imediato, as seguintes parcelas: (Redação dada pela
Medida Provisória nº 808, de 2017)
I - remuneração; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
II - férias proporcionais com acréscimo de um terço; (Incluído pela Lei nº
13.467, de 2017)
III - décimo terceiro salário proporcional; (Incluído pela Lei nº 13.467, de
2017)
IV - repouso semanal remunerado; e (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
V - adicionais legais. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 7º O recibo de pagamento deverá conter a discriminação dos valores
pagos relativos a cada uma das parcelas referidas no § 6º deste artigo.
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 8º (Revogado Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 9º A cada doze meses, o empregado adquire direito a usufruir, nos doze
meses subsequentes, um mês de férias, período no qual não poderá ser
convocado para prestar serviços pelo mesmo empregador. (Incluído pela Lei
nº 13.467, de 2017)
§ 10. O empregado, mediante prévio acordo com o empregador, poderá
usufruir suas férias em até três períodos, nos termos dos § 1º e § 2º do Art.
134. (Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 11. Na hipótese de o período de convocação exceder um mês, o
pagamento das parcelas a que se referem o § 6º não poderá ser estipuladopor
período superior a um mês, contado a partir do primeiro dia do período de
prestação de serviço. (Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 12. O valor previsto no inciso II do caput não será inferior àquele devido
aos demais empregados do estabelecimento que exerçam a mesma função. 
(Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 13. Para os fins do disposto neste artigo, o auxílio-doença será devido ao
segurado da Previdência Social a partir da data do início da incapacidade,
vedada a aplicação do disposto § 3º do Art. 60 da Lei nº 8.213, de 1991. 
(Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 14. O salário maternidade será pago diretamente pela Previdência Social,
nos termos do disposto no § 3º do Art. 72 da Lei nº 8.213, de 1991. (Incluído
pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 15. Constatada a prestação dos serviços pelo empregado, estarão
satisfeitos os prazos previstos nos § 1º e § 2º. (Incluído pela Medida
Provisória nº 808, de 2017)
Art. 452-B. É facultado às partes convencionar por meio do contrato de
trabalho intermitente: (Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
I - locais de prestação de serviços; (Incluído pela Medida Provisória nº
808, de 2017)
II - turnos para os quais o empregado será convocado para prestar
serviços; (Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
III - formas e instrumentos de convocação e de resposta para a prestação
de serviços; (Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
IV - formato de reparação recíproca na hipótese de cancelamento de
serviços previamente agendados nos termos dos § 1º e § 2º do Art. 452-A. 
(Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
Art. 452-C. Para fins do disposto no § 3º do Art. 443, considera-se
período de inatividade o intervalo temporal distinto daquele para o qual o
empregado intermitente haja sido convocado e tenha prestado serviços nos
termos do § 1º do Art. 452-A. (Incluído pela Medida Provisória nº 808, de
2017)
§ 1º Durante o período de inatividade, o empregado poderá prestar
serviços de qualquer natureza a outros tomadores de serviço, que exerçam ou
não a mesma atividade econômica, utilizando contrato de trabalho
intermitente ou outra modalidade de contrato de trabalho. (Incluído pela
Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 2º No contrato de trabalho intermitente, o período de inatividade não será
considerado tempo à disposição do empregador e não será remunerado,
hipótese em que restará descaracterizado o contrato de trabalho intermitente
caso haja remuneração por tempo à disposição no período de inatividade. 
(Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
Art. 452-D. Decorrido o prazo de um ano sem qualquer convocação do
empregado pelo empregador, contado a partir da data da celebração do
contrato, da última convocação ou do último dia de prestação de serviços, o
que for mais recente, será considerado rescindido de pleno direito o contrato
de trabalho intermitente. (Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
Art. 452-E. Ressalvadas as hipóteses a que se referem os Art. 482 e Art.
483, na hipótese de extinção do contrato de trabalho intermitente serão
devidas as seguintes verbas rescisórias: (Incluído pela Medida Provisória nº
808, de 2017)
I - pela metade: (Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
a) o aviso prévio indenizado, calculado conforme o Art. 452-F; e (Incluído
pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
b) a indenização sobre o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
- FGTS, prevista no § 1º do Art. 18 da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990;
e (Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
II - na integralidade, as demais verbas trabalhistas. (Incluído pela Medida
Provisória nº 808, de 2017)
§ 1º A extinção de contrato de trabalho intermitente permite a
movimentação da conta vinculada do trabalhador no FGTS na forma do
inciso I-A do Art. 20 da Lei nº 8.036, de 1990, limitada a até oitenta por
cento do valor dos depósitos. (Incluído pela Medida Provisória nº 808, de
2017)
§ 2º A extinção do contrato de trabalho intermitente a que se refere este
artigo não autoriza o ingresso no Programa de Seguro-Desemprego. 
(Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
Art. 452-F. As verbas rescisórias e o aviso prévio serão calculados com
base na média dos valores recebidos pelo empregado no curso do contrato de
trabalho intermitente. (Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 1º No cálculo da média a que se refere o caput, serão considerados
apenas os meses durante os quais o empregado tenha recebido parcelas
remuneratórias no intervalo dos últimos doze meses ou o período de vigência
do contrato de trabalho intermitente, se este for inferior. (Incluído pela
Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 2º O aviso prévio será necessariamente indenizado, nos termos dos § 1º e
§ 2º do Art. 487. (Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
Art. 452-G. Até 31 de dezembro de 2020, o empregado registrado por
meio de contrato de trabalho por prazo indeterminado demitido não poderá
prestar serviços para o mesmo empregador por meio de contrato de trabalho
intermitente pelo prazo de dezoito meses, contado da data da demissão do
empregado. (Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
Art. 452-H. No contrato de trabalho intermitente, o empregador efetuará o
recolhimento das contribuições previdenciárias próprias e do empregado e o
depósito do FGTS com base nos valores pagos no período mensal e fornecerá
ao empregado comprovante do cumprimento dessas obrigações, observado o
disposto no Art. 911-A. (Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
 Art. 453 - No tempo de serviço do empregado, quando readmitido, serão
computados os períodos, ainda que não contínuos, em que tiver trabalhado
anteriormente na empresa, salvo se houver sido despedido por falta grave,
recebido indenização legal ou se aposentado espontaneamente. (Redação
dada pela Lei nº 6.204, de 29.4.1975)
§ 1º Vide ADIN 1770-4).
§ 2º O ato de concessão de benefício de aposentadoria a empregado que
não tiver completado 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, ou trinta,
se mulher, importa em extinção do vínculo empregatício, (Incluído pela Lei
nº 9.528, de 10.12.1997) (Vide ADIN 1721-3).
Art. 454 - Na vigência do contrato de trabalho, as invenções do
empregado, quando decorrentes de sua contribuição pessoal e da instalação
ou equipamento fornecidos pelo empregador, serão de propriedade comum,
em partes iguais, salvo se o contrato de trabalho tiver por objeto, implícita ou
explicitamente, pesquisa científica. (Vide Lei nº 9.279, de 14.5.1996)
Parágrafo único. Ao empregador caberá a exploração do invento, ficando
obrigado a promovê-la no prazo de um ano da data da concessão da patente,
sob pena de reverter em favor do empregado da plena propriedade desse
invento. (Vide Lei nº 9.279, de 14.5.1996)
Art. 455 - Nos contratos de subempreitada responderá o subempreiteiro
pelas obrigações derivadas do contrato de trabalho que celebrar, cabendo,
todavia, aos empregados, o direito de reclamação contra o empreiteiro
principal pelo inadimplemento daquelas obrigações por parte do primeiro.
Parágrafo único - Ao empreiteiro principal fica ressalvada, nos termos da
lei civil, ação regressiva contra o subempreiteiro e a retenção de importâncias
a este devidas, para a garantia das obrigações previstas neste artigo.
Art. 456. A prova do contrato individual do trabalho será feita pelas
anotações constantes da carteira profissional ou por instrumento escrito e
suprida por todos os meios permitidos em direito. (Vide Decreto-Lei nº 926,
de 1969)
Parágrafo único. A falta de prova ou inexistindo cláusula expressa e tal
respeito, entender-se-á que o empregado se obrigou a todo e qualquer serviço
compatível com a sua condição pessoal.
Art. 456-A. Cabe ao empregador definir o padrão de vestimentano meio
ambiente laboral, sendo lícita a inclusão no uniforme de logomarcas da
própria empresa ou de empresas parceiras e de outros itens de identificação
relacionados à atividade desempenhada. (Incluído pela Lei nº 13.467, de
2017)
Parágrafo único. A higienização do uniforme é de responsabilidade do
trabalhador, salvo nas hipóteses em que forem necessários procedimentos ou
produtos diferentes dos utilizados para a higienização das vestimentas de uso
comum. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
 
Trabalho Autônomo
O autônomo, com pessoalidade na prestação do serviço não poderia atuar
como na legislação anterior, em razão de geração de vínculo empregatício,
mas agora, pode ser contratado.
A consolidação das Leis do Trabalho, com as alterações da Lei nº 13.467,
de 13 de julho de 2017 e da Medida Provisória 808, de 2017, estabelece que:
“Art. 442-B. A contratação do autônomo, cumpridas por este todas as
formalidades legais, com ou sem exclusividade, de forma contínua ou não,
afasta a qualidade de empregado prevista no art. 3o desta Consolidação. (Lei
13.467, de 13.07.2017)”
“Art. 442-B. A contratação do autônomo, cumpridas por este todas as
formalidades legais, de forma contínua ou não, afasta a qualidade de
empregado prevista no art. 3º desta Consolidação. (Redação dada pela
Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 1º É vedada a celebração de cláusula de exclusividade no contrato
previsto no caput. (Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 2º Não caracteriza a qualidade de empregado prevista no art. 3º o fato
de o autônomo prestar serviços a apenas um tomador de serviços. (Incluído
pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 3º O autônomo poderá prestar serviços de qualquer natureza a outros
tomadores de serviços que exerçam ou não a mesma atividade econômica,
sob qualquer modalidade de contrato de trabalho, inclusive como autônomo. 
(Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 4º Fica garantida ao autônomo a possibilidade de recusa de realizar
atividade demandada pelo contratante, garantida a aplicação de cláusula de
penalidade prevista em contrato. (Incluído pela Medida Provisória nº 808,
de 2017)
§ 5º Motoristas, representantes comerciais, corretores de imóveis,
parceiros, e trabalhadores de outras categorias profissionais reguladas por
leis específicas relacionadas a atividades compatíveis com o contrato
autônomo, desde que cumpridos os requisitos do caput, não possuirão a
qualidade de empregado prevista o art. 3º. (Incluído pela Medida Provisória
nº 808, de 2017)
§ 6º Presente a subordinação jurídica, será reconhecido o vínculo
empregatício. (Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 7º O disposto no caput se aplica ao autônomo, ainda que exerça
atividade relacionada ao negócio da empresa contratante. (Incluído pela
Medida Provisória nº 808, de 2017)”
Para isso, exige-se contrato descrevendo toda a atividade a ser realizada.
Esta modalidade de serviço não gera vínculo empregatício. Trata-se de
contratação por tempo determinado, para a atividade que necessitar.
O novo art. 442-B da CLT prevê que “a contratação do autônomo,
cumpridas por este todas as formalidades legais, com ou sem exclusividade,
de forma contínua ou não, afasta a qualidade de empregado prevista no art. 3º
desta Consolidação”.
O objetivo final da norma é precarizar a relação de trabalho e
institucionalizar a fraude, obrigando o trabalhador a se inscrever como
“autônomo” na Previdência Social e, assim, elidir os direitos que a relação de
emprego lhe assegura.
Trata-se de prática que, pelo simples artifício da constituição de uma
condição de “autônomo”, ainda que presentes a subordinação e a regularidade
do exercício da atividade e com exclusividade a um contratante, tem o
propósito de afastar a relação de emprego e, com isso, os encargos
trabalhistas. A simples contratação do “autônomo”, na forma do dispositivo,
já seria suficiente para afastar a qualificação como empregado.
O que caracteriza a relação de emprego são a subordinação e a prestação
contínua do trabalho, na forma do art. 3º da CLT, que assim estipula:
“Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços
de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante
salário.”
Trata-se de permissivo legal que torna nula a integralidade do art. 7º da
Constituição, caracterizando fraude à Constituição.
Qualquer outra “interpretação” é burla à Constituição, que em seu art. 7º
assegura o rol dos direitos dos empregados.
Dessa forma, não é válida a proposição, que nesse dispositivo mais uma
vez revela o seu caráter perverso e excludente.
 
Trabalhador autônomo e cláusula de exclusividade
O legislador incluiu os §§ 1º ao 6º ao art. 442-B do Decreto-Lei nº 5.452,
de 1943, buscando conferir maior clareza à contratação do trabalhador
autônomo, inclusive para aquelas atividades e profissões reguladas por leis
específicas, vedando cláusula de exclusividade em contratos dessa natureza,
sob pena de reconhecimento de vínculo empregatício, caso cumpridos os
requisitos previstos no art. 3º da CLT.
Em relação ao Autônomo, o legislador trouxe proibição da cláusula de
exclusividade no contrato de prestação de serviços do autônomo, mas não
condena a prestação de serviços a apenas um tomador de serviços. Poderá o
autônomo poderá prestar serviços para diversos contratantes e poderá recusar
a realização de atividades demandadas pelo contratante.
Vejamos o teor do artigo 442-B:
“Art. 442-B. A contratação do autônomo, cumpridas por este todas as
formalidades legais, com ou sem exclusividade, de forma contínua ou não,
afasta a qualidade de empregado prevista no art. 3o desta Consolidação.
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
Art. 442-B. A contratação do autônomo, cumpridas por este todas as
formalidades legais, de forma contínua ou não, afasta a qualidade de
empregado prevista no art. 3º desta Consolidação. (Redação dada pela
Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 1º É vedada a celebração de cláusula de exclusividade no contrato
previsto no caput. (Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 2º Não caracteriza a qualidade de empregado prevista no art. 3º o fato
de o autônomo prestar serviços a apenas um tomador de serviços. (Incluído
pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 3º O autônomo poderá prestar serviços de qualquer natureza a outros
tomadores de serviços que exerçam ou não a mesma atividade econômica,
sob qualquer modalidade de contrato de trabalho, inclusive como autônomo.
(Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 4º Fica garantida ao autônomo a possibilidade de recusa de realizar
atividade demandada pelo contratante, garantida a aplicação de cláusula de
penalidade prevista em contrato. (Incluído pela Medida Provisória nº 808, de
2017)
§ 5º Motoristas, representantes comerciais, corretores de imóveis,
parceiros, e trabalhadores de outras categorias profissionais reguladas por
leis específicas relacionadas a atividades compatíveis com o contrato
autônomo, desde que cumpridos os requisitos do caput, não possuirão a
qualidade de empregado prevista o art. 3º. (Incluído pela Medida Provisória
nº 808, de 2017)
§ 6º Presente a subordinação jurídica, será reconhecido o vínculo
empregatício. (Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 7º O disposto no caput se aplica ao autônomo, ainda que exerça
atividade relacionada ao negócio da empresa contratante. (Incluído pela
Medida Provisória nº 808, de 2017)”
Referidas modificações visam salvaguardar a atividade dos autônomos,
especialmente aqueles que, por uma questão prática, prestam serviços a
apenas um tomador. Caso permaneçam a descoberto, atividades como a de
venda direta de produtos serão postas em risco, haja vista a insegurança
jurídica promovida por diferentes decisões judiciais de reconhecimento de
vínculo empregatício. Ao mesmo tempo,assevera que, preenchidos os
requisitos previstos no art. 3º da CLT, notadamente a subordinação jurídica,
será reconhecido o vínculo empregatício.
Verifica-se com a nova redação, que o autônomo exclusivo não pode
ocorrer, eis que o legislador propõe nova regra para o trabalho autônomo,
vedando cláusula de exclusividade, para não configurar vínculo empregatício.
“Não caracteriza a qualidade de empregado prevista no art. 3º o fato de o
autônomo prestar serviços a apenas um tomador de serviços”.
O legislador veda a celebração de cláusula de exclusividade e permite o
vínculo de emprego reconhecido, se presentes os elementos do art. 3º da
CLT (Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de
natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante
salário).
A norma prevê que não caracteriza a qualidade de empregado prevista no
art. 3º o fato de o autônomo prestar serviços a apenas um tomador de
serviços, sendo que prevê que o autônomo poderá prestar serviços de
qualquer natureza a outros tomadores de serviços que exerçam ou não a
mesma atividade econômica, sob qualquer modalidade de contrato de
trabalho, inclusive como autônomo.
A lei prevê que os motoristas, representantes comerciais, corretores de
imóveis, parceiros, e trabalhadores de outras categorias profissionais
reguladas por leis específicas relacionadas a atividades compatíveis com o
contrato autônomo, desde que cumpridos os requisitos do caput, não
possuirão a qualidade de empregado prevista o art. 3º.
 
 
 
Contrato de Trabalho Intermitente
Buscando melhor definir os elementos que caracterizam o regime de
contratação de trabalho intermitente, alterou-se o art. 452-A e incluir os arts.
452-B a 452-H ao Decreto-Lei nº 5.452, de 1943, para não restar dúvida
quanto às diferenças desta forma de contração das demais já previstas na
legislação, como o contrato por prazo indeterminado, o contrato com jornada
parcial e o contrato temporário.
Vejamos o teor dos referidos artigos:
“Art. 452-A. O contrato de trabalho intermitente será celebrado por
escrito e registrado na CTPS, ainda que previsto acordo coletivo de trabalho
ou convenção coletiva, e conterá: (Redação dada pela Medida Provisória nº
808, de 2017)
I - identificação, assinatura e domicílio ou sede das partes; (Incluído pela
Medida Provisória nº 808, de 2017)
II - valor da hora ou do dia de trabalho, que não poderá ser inferior ao
valor horário ou diário do salário mínimo, assegurada a remuneração do
trabalho noturno superior à do diurno e observado o disposto no § 12; e
(Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
III - o local e o prazo para o pagamento da remuneração. (Incluído pela
Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 1o O empregador convocará, por qualquer meio de comunicação eficaz,
para a prestação de serviços, informando qual será a jornada, com, pelo
menos, três dias corridos de antecedência. (Incluído pela Lei nº 13.467, de
2017)
§ 2o Recebida a convocação, o empregado terá o prazo de um dia útil
para responder ao chamado, presumindo-se, no silêncio, a recusa. (Incluído
pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 2º Recebida a convocação, o empregado terá o prazo de vinte e quatro
horas para responder ao chamado, presumida, no silêncio, a recusa.
(Redação dada pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 3o A recusa da oferta não descaracteriza a subordinação para fins do
contrato de trabalho intermitente. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 4o Aceita a oferta para o comparecimento ao trabalho, a parte que
descumprir, sem justo motivo, pagará à outra parte, no prazo de trinta dias,
multa de 50% (cinquenta por cento) da remuneração que seria devida,
permitida a compensação em igual prazo. (Incluído pela Lei nº 13.467, de
2017) (Revogado Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 5o O período de inatividade não será considerado tempo à disposição do
empregador, podendo o trabalhador prestar serviços a outros
contratantes. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Revogado Medida
Provisória nº 808, de 2017)
§ 6o Ao final de cada período de prestação de serviço, o empregado
receberá o pagamento imediato das seguintes parcelas: (Incluído pela Lei nº
13.467, de 2017)
§ 6º Na data acordada para o pagamento, observado o disposto no § 11, o
empregado receberá, de imediato, as seguintes parcelas: (Redação dada pela
Medida Provisória nº 808, de 2017)
I - remuneração; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
II - férias proporcionais com acréscimo de um terço; (Incluído pela Lei nº
13.467, de 2017)
III - décimo terceiro salário proporcional; (Incluído pela Lei nº 13.467, de
2017)
IV - repouso semanal remunerado; e (Incluído pela Lei nº 13.467, de
2017)
V - adicionais legais. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 7o O recibo de pagamento deverá conter a discriminação dos valores
pagos relativos a cada uma das parcelas referidas no § 6o deste artigo.
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 8o O empregador efetuará o recolhimento da contribuição
previdenciária e o depósito do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, na
forma da lei, com base nos valores pagos no período mensal e fornecerá ao
empregado comprovante do cumprimento dessas obrigações. (Incluído pela
Lei nº 13.467, de 2017) (Revogado Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 9o A cada doze meses, o empregado adquire direito a usufruir, nos doze
meses subsequentes, um mês de férias, período no qual não poderá ser
convocado para prestar serviços pelo mesmo empregador. (Incluído pela Lei
nº 13.467, de 2017)
§ 10. O empregado, mediante prévio acordo com o empregador, poderá
usufruir suas férias em até três períodos, nos termos dos § 1º e § 2º do art.
134. (Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 11. Na hipótese de o período de convocação exceder um mês, o
pagamento das parcelas a que se referem o § 6º não poderá ser estipulado
por período superior a um mês, contado a partir do primeiro dia do período
de prestação de serviço. (Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 12. O valor previsto no inciso II do caput não será inferior àquele
devido aos demais empregados do estabelecimento que exerçam a mesma
função. (Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 13. Para os fins do disposto neste artigo, o auxílio-doença será devido
ao segurado da Previdência Social a partir da data do início da
incapacidade, vedada a aplicação do disposto § 3º do art. 60 da Lei nº 8.213,
de 1991. (Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 14. O salário maternidade será pago diretamente pela Previdência
Social, nos termos do disposto no § 3º do art. 72 da Lei nº 8.213, de 1991.
(Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 15. Constatada a prestação dos serviços pelo empregado, estarão
satisfeitos os prazos previstos nos § 1º e § 2º. (Incluído pela Medida
Provisória nº 808, de 2017)
Art. 452-B. É facultado às partes convencionar por meio do contrato de
trabalho intermitente: (Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
I - locais de prestação de serviços; (Incluído pela Medida Provisória nº
808, de 2017)
II - turnos para os quais o empregado será convocado para prestar
serviços; (Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
III - formas e instrumentos de convocação e de resposta para a prestação
de serviços; (Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
IV - formato de reparação recíproca na hipótese de cancelamento de
serviços previamente agendados nos termos dos § 1º e § 2º do art. 452-A.
(Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
...
Art. 452-H. No contrato de trabalho intermitente, o empregador efetuará o
recolhimento das contribuições previdenciárias próprias e do empregado e o
depósito do FGTS com base nos valores pagos no período mensal e
fornecerá ao empregado comprovante do cumprimento dessas obrigações,
observado o disposto no art. 911-A. (Incluído pelaMedida Provisória nº 808,
de 2017)”
Da exegese do artigo 452-A constata-se o estabelecimento de que o
contrato de trabalho intermitente deverá ser celebrado por escrito e registrado
em carteira de trabalho, ainda que previsto em acordo ou convenção coletiva,
e estabelece também integrantes básicos deste contrato de trabalho, como
identificação, valor da hora ou do dia de trabalho, que não poderá ser inferior
ao valor horário ou diário do salário mínimo, as parcelas integrantes do
pagamento imediato (remuneração, férias proporcionais com acréscimo de
um terço, décimo terceiro salário proporcional, repouso semanal remunerado
e adicionais legais), dentre outros dispositivos.
Os direitos do trabalhador em contrato intermitente, estão dispostos no §
13, estabelecendo que o auxílio-doença será devido ao segurado da
Previdência Social, empregado com contrato de trabalho intermitente, a partir
da data do início da incapacidade, não se aplicando o disposto no § 3º do art.
60 da Lei nº 8.213, de 24 de Julho de 1991. Já o §14 estabelece que o salário
maternidade da contratada para prestação de trabalho intermitente será pago
diretamente pela Previdência Social, aplicando-se o disposto no §3º do art. 72
da Lei nº 8.213, de 24 de Julho de 1991. Trata-se de provisões indispensáveis
para a correta estipulação dos direitos do trabalhador intermitente, que não
estiveram disciplinados na Lei nº 13.467, de 2017.
O legislador no artigo 452-B convenciona que é facultado às partes
convencionar no instrumento contratual os locais de prestação de serviços, os
turnos para os quais o empregado será convocado para prestar serviços, as
formas e instrumentos de convocação e de resposta para a prestação de
serviços e o formato de reparação recíproca em caso de cancelamento de
serviços previamente agendados.
Ao alterar texto original da Lei nº 13.467, de 2017, o novo texto propõe-se
também a eliminar a multa de 50% (cinquenta por cento),prevista para os
casos de descumprimento contratual.
Assim, no tocante ao trabalho intermitente, o legislador realizou diversos
ajustes nas regras deste regime, incluindo cálculos rescisórios, prazo para
pagamento da remuneração, aviso prévio, férias, licença-maternidade etc.
Dessume-se que quanto ao trabalho intermitente o legislador restou
regulamentando esta espécie de contrato de trabalho, de forma que agora há
uma carência para que se possa contratar trabalhador demitido, que antes
tinha contrato por tempo indeterminado. “Até 31 de dezembro de 2020, o
empregado registrado por meio de contrato de trabalho por prazo
indeterminado demitido não poderá prestar serviços para o mesmo
empregador por meio de contrato de trabalho intermitente pelo prazo de 18
meses, contado da data da demissão do empregado”;
Impende salientar que o artigo 452-H estabelece que “No contrato de
trabalho intermitente, o empregador efetuará o recolhimento das
contribuições previdenciárias próprias e do empregado e o depósito do FGTS
com base nos valores pagos no período mensal e fornecerá ao empregado
comprovante do cumprimento dessas obrigações, observado o disposto no art.
911-A”.
Ocorre que a inconstitucionalidade da matéria do referido artigo restaram
discutidas conforme teses aprovadas na II JORNADA realizada pela
ANAMATRA:
“É inconstitucional o regime de trabalho intermitente previsto no art. 443,
§ 3º, e art. 452-A da CLT, por violação do art. 7º, I e VII da constituição da
república e por afrontar o direito fundamental do trabalhador aos limites de
duração do trabalho, ao décimo terceiro salário e às férias remuneradas”.
“A proteção jurídica do salário mínimo, consagrada no art. 7º, VII, da
Constituição da República, alcança os trabalhadores em regime de trabalho
intermitente, previsto nos arts. 443, § 3º, e 452-A da CLT, aos quais é
também assegurado o direito à retribuição mínima mensal,
independentemente da quantidade de dias em que for convocado para
trabalhar, respeitado o salário mínimo profissional, o salário normativo, o
salário convencional ou o piso regional”.
Ainda do escólio dos eminentes juristas Jorge Luiz Souto Maior e Valdete
Souto Severo, extraímos as seguintes passagens:
“e) Art. 442-B
De plano, há de se destacar que causa espécie uma legislação trabalhista
se preocupar em regular o trabalho autônomo, pois o que o Direito do
Trabalho normatiza é o outro lado dessa moeda, qual seja, o trabalho
subordinado.
A intenção é clara: abrir supostos espaços legais para que um trabalho
subordinado seja compreendido como autônomo e, consequentemente, não
tenha a incidência dos direitos trabalhistas. Trata-se, pois, de um movimento
autofágico de uma lei trabalhista que está preocupada com a sua própria
negação.
Tarefa ingrata, no entanto, vez que os artigos 2º e 3º da CLT continuam
vigentes e definem, de maneira há muito integrada à doutrina trabalhista, as
figuras do empregador e do empregado, respectivamente. E o artigo 9º da
CLT, ademais, deixa claro que “serão nulos de pleno direito os atos
praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos
preceitos contidos na presente Consolidação.”
O art. 442-B tem seu caput alterado para supressão da expressão "com ou
sem exclusividade”. Novamente trata-se de resposta às críticas formuladas à
possibilidade de contratação de autônomo exclusivo. De novo, nada além do
reconhecimento das incoerências da lei e, portanto, de veracidade das
críticas a ela formuladas por juízes e advogados.
Esse dispositivo ganha o § 1º, estabelecendo que “É vedada a celebração
de cláusula de exclusividade no contrato previsto no caput”, ou seja, o exato
contrário do que havia disposto a lei cuja vigência não tinha sequer uma
semana!
É certo que não apenas a exclusividade determina a caracterização da
relação de emprego e que essa redação não afastará, como aliás pontua
Ferraço em seu relatório, quando afirma, em relação à “reforma”, que:
“nenhum destes dispositivos afasta a competência da Justiça de Trabalho de
reconhecer a relação de emprego quando presentes os seus requisitos,
previstos nos arts. 2o e 3o da CLT: trabalho prestado por pessoa física,
pessoalidade, onerosidade, não-eventualidade e subordinação”.
O § 2º incluído nesse dispositivo estabelece que “não caracteriza a
qualidade de empregado prevista no art. 3º o fato de o autônomo prestar
serviços a apenas um tomador de serviços”.
É certo o fracasso de regras que pretendam dizer o que não é determinada
relação social, assim como é certa a importância que a primazia da
realidade tem na análise jurídica dessas relações.
O texto normativo está gastando palavras inutilmente, pois é como se
dissesse: empregado é empregado; autônomo é autônomo!
O § 3º dispõe que “O autônomo poderá prestar serviços de qualquer
natureza a outros tomadores de serviços que exerçam ou não a mesma
atividade econômica, sob qualquer modalidade de contrato de trabalho,
inclusive como autônomo”.
Mais uma tremenda bobagem. Dispor, em lei, que o trabalhador pode ter
mais de um vínculo de trabalho, seja ele autônomo ou subordinado, é nada
dizer. É exatamente o mesmo que ocorre em relação à disposição de que:
“Fica garantida ao autônomo a possibilidade de recusa de realizar atividade
demandada pelo contratante, garantida a aplicação de cláusula de
penalidade prevista em contrato” (§ 4º).
O § 5º, cuja redação é “Motoristas, representantes comerciais, corretores
de imóveis, parceiros, e trabalhadores de outras categorias profissionais
reguladas por leis específicas relacionadas a atividades compatíveis com o
contrato autônomo, desde que cumpridos os requisitos do caput, não
possuirão a qualidade de empregado prevista o art. 3º”.
Chuva no molhado, que, de todo modo, revela a tentativa desesperadora
de conseguir que a lei “golpista” permita que se cometam fraudes contra a
ordem jurídica.
Incide no mesmo equívoco e com um agravamento: segue não havendo
disposiçãoexpressa acerca de quais seriam esses “requisitos legais” a
serem observados. Resta, novamente, a proposição: autônomo é autônomo,
empregado é empregado!
O § 6º dispõe que “presente a subordinação jurídica, será reconhecido o
vínculo empregatício”. Ainda bem que a MP 808 disse isso, pois, do
contrário, nenhum profissional da área jurídica trabalhista saberia!
Fica, no entanto, a dúvida: seria soberba ou ignorância daqueles que
elaboraram a MP? Da análise do conjunto da “reforma” pende-se mais para
a soberba, pois em algumas passagens da Lei nº 13.467/17 chega-se a dizer
que a Constituição deve ser respeitada, como se o respeito a Constituição
dependesse dessa “autorização”.
Ao menos se tem aqui, nesse dispositivo da MP, a confissão de que a
regulação não passou de uma tentativa de fraudar a lei por meio da lei,
afastando a configuração da relação de emprego onde efetiva relação de
emprego existe.
O § 7º fixa que "o disposto no caput se aplica ao autônomo, ainda que
exerça atividade relacionada ao negócio da empresa contratante." A nossa
criatividade para dizer a mesma coisa de maneiras diferentes não é tão
grande quanto a dos autores da MP, então não temos mais nada a dizer a
respeito, ficando, assim, sem comentário o § 7º.
f) Art. 452-A
O Art. 452-A foi alterado em seu caput, para substituir a expressão “deve
ser celebrado” por “será celebrado” e para acrescentar
(desnecessariamente, haja vista o art. 29 da CLT) a expressão “registrado
na CTPS”. Acrescenta, ainda, o aposto “ainda que previsto acordo coletivo
de trabalho ou convenção coletiva”, também irrelevante no contexto da
“reforma”, porque não estabelece a necessidade de previsão em norma
coletiva, apenas a faculdade.
A expressão "deve conter especificamente o valor da hora de trabalho,
que não pode ser inferior ao valor horário do salário mínimo ou àquele
devido aos demais empregados do estabelecimento que exerçam a mesma
função em contrato intermitente ou não”, que continha o caput desse
dispositivo passa a constar nos incisos a ele acrescidos.
O inciso I determina que conste do contrato “identificação, assinatura e
domicílio ou sede das partes”, o II “valor da hora ou do dia de trabalho, que
não poderá ser inferior ao valor horário ou diário do salário mínimo,
assegurada a remuneração do trabalho noturno superior à do diurno e
observado o disposto no § 12”. A exigência de observância do valor devido
aos demais empregados passa a constar no § 12: “O valor previsto no inciso
II do caput não será inferior àquele devido aos demais empregados do
estabelecimento que exerçam a mesma função”.
Mantém-se, no entanto, como letra morta, o disposto na Constituição,
inciso VII, art. 7º, a “garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os
que percebem remuneração variável”, sob o falso argumento de que o
recebimento do salário mínimo é apenas devido a quem cumpre jornada
integral de oito horas, o que se trata de uma interpretação totalmente
indevida da Constituição, que em nenhum momento diz isso. Pela
obrigatoriedade da literalidade, salário mínimo é o mínimo e ponto!
Incluiu-se, ainda, no art. 452-A, o inciso III, determinando que conste “o
local e o prazo para o pagamento da remuneração”, novamente uma
resposta às críticas formuladas pela doutrina trabalhista.
O § 2º piora a condição anterior, fixada pela Lei nº 13.467/17, pois em
lugar de um dia útil, o empregado passa a ter “o prazo de vinte e quatro
horas para responder ao chamado”. De novo, a alteração responde à crítica
acerca da dificuldade, inclusive, de cômputo desse prazo, dependendo do
horário em que a comunicação tiver sido feita ao empregado.
A multa, absolutamente inconstitucional, não é alterada.
O § 6º, que dispunha pagamento ao final de cada período de prestação de
serviço e que foi amplamente criticado pela dificuldade que geraria inclusive
para a contabilidade e organização do empregador, foi alterado para dispor:
“Na data acordada para o pagamento, observado o disposto no § 11, o
empregado receberá, de imediato, as seguintes parcelas.”
Se a situação já era ruim para o trabalhador agora ficou pior, pois a tal
“data acordada”, ainda mais em se tratando de um trabalhador intermitente,
sempre será a mais distante possível do trabalho realizado.
O referido § 11, acrescentado pela MP, dispõe que “Na hipótese de o
período de convocação exceder um mês, o pagamento das parcelas a que se
referem o § 6º não poderá ser estipulado por período superior a um mês,
contado a partir do primeiro dia do período de prestação de serviço”.
De novo, não se trata de honrar o ajuste feito com o Parlamento, já que a
única crítica tecida por Ferraço foi no sentido da não limitação das
categorias para as quais tal contrato seria aplicável. A alteração é - outra
vez - resposta às críticas formuladas pela doutrina trabalhista, evidenciando
a má técnica legislativa.
O pior é que segue admitindo que haja convocação excedendo o período
de um mês e não foi incluída cláusula que garanta valor mensal mínimo de
remuneração. Segue, portanto, havendo ofensa direta à Constituição, que diz
que o salário mínimo é direito fundamental dos trabalhadores.
A MP ainda acrescenta a esse dispositivo o § 10 dispondo que “O
empregado, mediante prévio acordo com o empregador, poderá usufruir suas
férias em até três períodos, nos termos dos § 1º e § 2º do art. 134”.
Ao estabelecer a possibilidade de fracionamento corrobora a tese de que
tal período deva ser remunerado, como aliás determina a Constituição,
ratificando a crítica já feita no decorrer deste estudo.
O § 13, também acrescentado, estabelece que “Para os fins do disposto
neste artigo, o auxílio-doença será devido ao segurado da Previdência Social
a partir da data do início da incapacidade, vedada a aplicação do disposto §
3º do art. 60 da Lei nº 8.213, de 1991; o § 14: “O salário maternidade será
pago diretamente pela Previdência Social, nos termos do disposto no § 3º do
art. 72 da Lei nº 8.213, de 1991” e o § 15: “Constatada a prestação dos
serviços pelo empregado, estarão satisfeitos os prazos previstos nos § 1º e §
2º." Ora, o § 13 pretende retirar do trabalhador o direito à remuneração em
relação aos primeiros quinze dias consecutivos ao do afastamento da
atividade por motivo de doença, promovendo um retorno à lógica do Século
XVIII.
Também, neste ponto, é evidente a tentativa de ajustar equívocos
insuperáveis da “reforma”, ao propor modalidade de trabalho
completamente precária e infensa à proteção constitucionalmente
assegurada.
O remendo, pior do que o soneto, apenas sublinha a percepção de que
essa modalidade de contratação também está destinada ao fracasso.
Acrescentou-se, ainda, um Art. 452-B, para estabelecer que “É facultado
às partes convencionar por meio do contrato de trabalho intermitente: I -
locais de prestação de serviços; II - turnos para os quais o empregado será
convocado para prestar serviços; III - formas e instrumentos de convocação
e de resposta para a prestação de serviços; IV - formato de reparação
recíproca na hipótese de cancelamento de serviços previamente agendados
nos termos dos § 1º e § 2º do art. 452-A.” como se houvesse na realidade
brasileira, em que existem milhões de desempregados, alguma possibilidade
de “ajuste” entre as partes para a fixação das condições de trabalho.
O Art. 452-C, também acrescentado pela MP, dispõe que: “Para fins do
disposto no § 3º do art. 443, considera-se período de inatividade o intervalo
temporal distinto daquele para o qual o empregado intermitente haja sido
convocado e tenha prestado serviços nos termos do § 1º do art. 452- A”.
O § 1º refere que “Durante o período de inatividade, o empregado poderá
prestar serviços de qualquer natureza a outros tomadores de serviço, que
exerçam ou não a mesma atividade econômica, utilizando contrato de
trabalho intermitente ou outra modalidade de contrato de trabalho”, o que
alémde ser completamente inútil, pois como já afirmamos nada impede o
trabalhador de manter mais de um vínculo de emprego, logo essa
“faculdade” não precisa ter previsão legal, apenas chancela a supressão do
direito constitucional às férias, pois de nada adianta um empregador
reconhecer o direito ao descanso, mas a atividade laboral seguir sendo
prestada para os demais.
A MP reforça, assim, a perversão do sentido de liberdade, dando a
entender que o trabalhador é livre quando presta serviços a muitos
empregadores ao mesmo tempo, esquecendo-se de que esse dado apenas
reforça a sua submissão e dependência.
Esse dispositivo ganha, ainda, um § 2º, que estabelece: “No contrato de
trabalho intermitente, o período de inatividade não será considerado tempo à
disposição do empregador e não será remunerado, hipótese em que restará
descaracterizado o contrato de trabalho intermitente caso haja remuneração
por tempo à disposição no período de inatividade”.
Além da péssima redação, esse confuso dispositivo apenas está buscando
repetir o que a definição de trabalho intermitente já contempla, trazendo,
ainda, um recado, numa clara tentativa de desestímulo à remuneração do
período à disposição, em expressa contrariedade à norma do caput do art. 4º
da CLT.
Ainda assim, o que efetivamente faz é ratificar a necessidade de
descaracterização dessa modalidade absurda de contrato, sempre que
evidenciada a fraude.
A vontade de precarizar é de tal modo intensa, que a fúria legislativa
segue, criando um art. 452-D que diz: “Decorrido o prazo de um ano sem
qualquer convocação do empregado pelo empregador, contado a partir da
data da celebração do contrato, da última convocação ou do último dia de
prestação de serviços, o que for mais recente, será considerado rescindido de
pleno direito o contrato de trabalho intermitente”.
Novamente é preciso pontuar que essa alteração, longe de significar
resultado do pacto formulado entre Parlamento e governo, constitui uma
resposta (perversa) às críticas formuladas quanto à possibilidade de o
empregado permanecer eternamente vinculado ao contrato, sem qualquer
chamado, perdendo, portanto, inclusive o direito à rescisão.
Entretanto, a forma de solucionar o problema é ilegal, pois admite o
reconhecimento da rescisão após um ano de “inatividade”, desrespeitando,
portanto, o caráter sinalagmático que deve informar a relação de trabalho e
rompendo com a regra de contraprestação mensal dos deveres principais
dessa relação jurídica, mesmo sem a prestação de serviços.
Ora, se não houver convocação por mais de um mês, já há razão
suficiente para a rescisão do vínculo, mediante aplicação analógica do que
dispõe o art. 474 da CLT (A suspensão do empregado por mais de 30 (trinta)
dias consecutivos importa na rescisão injusta do contrato de trabalho).
Incluiu-se, ainda, um art. 452-E: “Ressalvadas as hipóteses a que se
referem os art. 482 e art. 483, na hipótese de extinção do contrato de
trabalho intermitente serão devidas as seguintes verbas rescisórias: I - pela
metade: a) o aviso prévio indenizado, calculado conforme o art. 452- F; e b)
a indenização sobre o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço -
FGTS, prevista no § 1º do art. 18 da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990; e II
- na integralidade, as demais verbas trabalhistas”.
E § 1º: “A extinção de contrato de trabalho intermitente permite a
movimentação da conta vinculada do trabalhador no FGTS na forma do
inciso I-A do art. 20 da Lei nº 8.036, de 1990, limitada a até oitenta por
cento do valor dos depósitos”.
Nada alterado, portanto, senão a forma de redação dessas regras.
O § 2º desse dispositivo introduz mais uma perda de direito, como se tudo
que já se produzira pela Lei nº 13.467/17 não fosse já suficiente: “A extinção
do contrato de trabalho intermitente a que se refere este artigo não autoriza
o ingresso no Programa de Seguro-Desemprego”.
Interessante que a MP não tem exposição de motivos, mas ainda que
tivesse, nada justificaria que o trabalhador intermitente, já precarizado em
seus direitos mais elementares, perdesse acesso ao seguro-desemprego,
quando da perda involuntária do trabalho. Trata-se de regra, uma vez mais,
flagrantemente inconstitucional.
De todo modo, serve para demonstrar que mesmo o “regulador” não
considera que o trabalho intermitente seja emprego, embora seja claro que
para efeitos estatísticos, com o fim de tentar justificar o “sucesso” da
“reforma” na criação de empregos vai integrar os trabalhados intermitentes
ao rol dos empregos criados.
Mas se é assim a modalidade criada, em sua totalidade, não passa pelo
crivo da constitucionalidade, eis que aos trabalhadores a Constituição
garante, no inciso I, do art. 7º, o direito à relação de emprego e, no inciso,
II, o recebimento do seguro-desemprego, no caso de desemprego
involuntário.
Se o trabalho intermitente é emprego, os trabalhadores intermitentes terão
direito ao seguro-desemprego, tantas quantas forem as suas relações. Se a
modalidade não é inconstitucional, na íntegra, pois o avesso da relação de
emprego é o trabalho subordinado e não pode haver, assim, relação de
trabalho que não é, ao mesmo tempo, relação de emprego e trabalho
autônomo.
Aliás, reforça a crença do “regulado” de que não está cuidando de um
emprego, a regra que estabelece, sem critério algum, o pagamento pela
metade de algumas verbas rescisórias (452-F, I – acima), o que não encontra
qualquer suporte constitucional.
O Art. 452-F refere que “As verbas rescisórias e o aviso prévio serão
calculados com base na média dos valores recebidos pelo empregado no
curso do contrato de trabalho intermitente. § 1º No cálculo da média a que
se refere o caput, serão considerados apenas os meses durante os quais o
empregado tenha recebido parcelas remuneratórias no intervalo dos últimos
doze meses ou o período de vigência do contrato de trabalho intermitente, se
este for inferior”.
O § 2º desse dispositivo menciona que: “O aviso prévio será
necessariamente indenizado, nos termos dos § 1º e § 2º do art. 487”.
Neste ponto o elaborador da MP 808 revela sua incapacidade de
compreensão da legislação trabalhista. Aviso prévio é tempo. Não é rubrica.
É tempo para organização do trabalhador, ou da empresa, para encarar o
término do contrato. Não há, portanto, como aplicar uma regra que nega o
próprio instituto que busca regular.
Concretamente, todo esse emaranhado de normas regulando o trabalho
intermitente é apenas um disfarce, para parecer que se estão garantindo
direitos nesse tipo de trabalho, que, de fato, é um estágio muito próximo da
própria supressão da condição humana do trabalhador, pois, no fundo, tudo
não passará de um cálculo meramente matemático em que o empregador
oferecerá um valor X para o trabalho e dentro desse valor fará uma
distinção de parcelas, como se estivesse respeitando direitos, mas que,
efetivamente, direitos não são.
Falando da realidade, não existissem todos esses dispositivos, que, como
se vê, não nada asseguram ao trabalhador, e só houvesse a possibilidade de
se contratar trabalhadores pela regra da intermitência, sem direito algum, os
valores desembolsados pelas empresas seriam exatamente os mesmos.
Essa lógica matemática inquestionável é o suficiente para negar validade
a esse tipo de contratação que, praticamente, generalizada, destrói toda a
base do Estado Social brasileiro, conduzindo-nos, todos, trabalhadores
intermitentes ou não, à barbárie.
E não cola o argumento de que é melhor para os desempregados essa
precariedade do que nada, porque todo o aparato constitucional dos direitos
sociais se consagrou exatamente para romper essa lógica econômica que já
foi experimentada e conduziu a humanidade a duas guerras mundiais.
O “regulador” autoritário bem sabe disso, pois tenta evitar que se
proceda a troca do empregado efetivo, com plenos direitos, pelo intermitente
(art. 452-G), mas não consegue,e não quer, na verdade, impedir que os
novos postos de trabalho sejam preenchidos por essa via precária, o que,
inclusive, deixa o efetivo em situação de extrema fragilidade perante o
empregador.
Diz o art. 452-G: “Até 31 de dezembro de 2020, o empregado registrado
por meio de contrato de trabalho por prazo indeterminado demitido não
poderá prestar serviços para o mesmo empregador por meio de contrato de
trabalho intermitente pelo prazo de dezoito meses, contado da data da
demissão do empregado”. (MAIOR, Jorge Luiz Souto e SEVERO, Valdete
Souto. A “reforma” já era – Parte V: MP 808, a balbúrdia total! Disponível
em Fonte: http://esquerdadiario.com.br/A-reforma-ja-era-Parte-V-MP-808-a-
balburdia-total. Acesso em 16.11.2017).
 
Trabalho Intermitente e a Necessidade da Empresa
Tal modalidade de trabalho não era prevista em lei e passou a existir com a
reforma trabalhista. Pode a empresa pode convocar o trabalhador somente quando
houver necessidade, de maneira que mesmo com registro de emprego, o salário é
pago de forma proporcional, apenas por hora trabalhada, e o profissional contratado
fica livre para formar vínculos com outras empresas.
Na realidade, busca-se beneficiar os trabalhadores informais, aqueles que
deveriam ser registrados como empregados e receber os benefícios trabalhistas
previstos na lei.
Quanto à remuneração do trabalho intermitente, o legislador estabelece que o
trabalhador receberá o chamado salário-hora, que não poderá ser inferior ao salário
mínimo ou ao dos profissionais que exerçam a mesma função na empresa,
assegurado o pagamento do trabalho noturno superior à do diurno. Esse pagamento
será proporcional às horas trabalhadas. Se em um determinado mês ele não for
convocado, não receberá salário nesse período.
 
Benefícios trabalhistas no Trabalho Intermitente
O empregado terá direitos previstos como férias proporcionais ao tempo
trabalhado mais o pagamento de 1/3, depósito de Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço (FGTS), descanso semanal remunerado e 13º salário, proporcionais ao
período trabalhado.
 
Trabalho Intermitente e Contribuições à Previdência
Tratando-se de trabalho intermitente, cumpre ao empregador fazer o
recolhimento das contribuições previdenciárias próprias e do empregado e o
depósito do FGTS com base nos valores pagos no período mensal e fornecerá ao
empregado um comprovante de que cumpriu essas obrigações.
O legislador estabeleceu que é necessário do trabalhador de fazer uma
contribuição adicional ao INSS em caso de receber menos de um salário mínimo
para ter os benefícios da Previdência e a proibição de receber seguro-desemprego.
No que se refere ao auxílio-doença, o legislador estabeleceu que ele será pago ao
segurado da Previdência Social a partir da data do início da incapacidade, mesmo
que seja no primeiro dia de trabalho.
Quanto ao salário-maternidade, este será pago diretamente pela Previdência
Social.
 
Trabalho Intermitente e Férias
O trabalhador intermitente poderá parcelar as férias em três períodos.
Antes, se previa que o trabalhador intermitente teria direito a um mês de férias a
cada 12 meses, agora, o legislador passou a autorizar o parcelamento das férias em
até três períodos.
 
Contrato de Trabalho Intermitente
Deverá haver no contrato de trabalho intermitente, especificação quanto ao
período de trabalho que será executado, por número de horas, por dias ou por
meses.
Referido contrato deve ser feito por escrito e conter especificamente o valor da
hora de trabalho. A MP prevê que as partes devem definir os seguintes pontos no
contrato de trabalho intermitente:
- Locais de prestação de serviços;
- Turnos para os quais o empregado será convocado para prestar serviços;
- Formas e instrumentos de convocação e de resposta para a prestação de
serviços;
- Formato de reparação recíproca na hipótese de cancelamento de serviços
previamente agendados.
 
Forma de Convocação do Trabalhador Intermitente
Cumpre ao empregador informar ao profissional contratado sobre a jornada a ser
cumprida, com pelo menos três dias corridos de antecedência.
O legislador altera o prazo para o empregado responder a um chamado de
trabalho intermitente após o recebimento da convocação, sendo que antes, o prazo
era de um dia útil, agora, o prazo passa para 24 horas em qualquer dia.
 
Casos de Convocação do Trabalhador Intermitente
Os casos em que a empresa pode convocar o trabalho intermitente somente
deve ser acionada em casos excepcionais, quando houver um fluxo maior de
trabalho na empresa e o empregador precisar de mais mão de obra.
 
Recusa do Trabalhador Intermitente
O trabalhador com vínculo pode se recusar a trabalhar quando for
convocado.
Em caso de silêncio do convocado nesse prazo será presumida a recusa, com
direito do trabalhador a prestar seus serviços para outra empresa.
 
Chamado do Trabalhador Intermitente por diferentes Contratantes
Na hipótese do trabalhador ter cinco contratantes diferentes, ele terá direito
a esses benefícios com todos eles, sendo que todos esses vínculos deverão
estar na carteira de trabalho e em contrato.
Nada obsta que o trabalhador possa ter chamados de diversos empregadores,
caso em que atuará para um no momento de inatividade de outro.
Cada contrato garantirá todos os direitos, pois regulamentará as condições de
trabalho e todos os vínculos devem estar também na carteira de trabalho.
Cada contrato é celebrado de forma independente, exceto se a prestação de
serviços se der entre diversas empresas de um mesmo grupo econômico.
 
Atividades que se enquadram no trabalho intermitente
No caso de atividades realizadas em apenas algumas horas e dias da semana,
como em festas e bufês, são as que mais representam o conceito de trabalho
intermitente, daí a necessidade da sua regulamentação.
É o caso de garçons, músicos, produtores e promotores de eventos, os quais,
costumam ter ocupações informais que geralmente recebem por dia trabalhado e
que agora podem ser registradas.
Da mesma forma, a lei atinge também pedreiros, marceneiros, azulejistas,
copeiras, motoristas, seguranças, cozinheiros, em especial dos setores de
entretenimento, turismo, construção civil e serviços.
No caso de trabalhadores domésticos, como cuidadores de idosos, babás e
piscineiros, que fazem trabalhos eventuais e são contratados por dias específicos,
sendo pagos por hora, estes também podem se enquadrar na modalidade.
Da mesma forma, as diaristas que não trabalham mais de dois dias por semana
na mesma casa também poderão ser contratadas dentro da modalidade.
 
Trabalho Intermitente e Trabalho Constante Habitual
Na hipótese do trabalho ser constante e habitual, não pode ser enquadrado como
intermitente.
No caso de haver uma regularidade do trabalho, não pode ser considerado
trabalho intermitente.
Se trabalhar nos mesmos dias da semana configura trabalho normal e não
intermitente.
Na hipótese do trabalhador ser chamado para trabalhar de sexta a domingo
configura trabalho contínuo, como é o caso de muitos garçons que trabalham com
todos os requisitos de relação de emprego, como habitualidade, salário e
subordinação e, portanto, têm direito ao recebimento de todos os direitos
trabalhistas de forma integral.
 
Benefícios do Trabalhador intermitente
O legislador assegura os benefícios se o trabalhador prestar o serviço
somente uma vez para o contratante, mesmo que por apenas um dia.
Desta forma, todos os direitos e benefícios serão pagos proporcionalmente ao
período trabalhado.
No caso do trabalhador ser registrado, com contrato assinado, poderá procurar
seus direitos na Justiça do Trabalho em caso de irregularidades por parte do
empregador.
No caso do direito não ser respeitado ou se não for anotado em contrato
específico, será aplicada então a regra geral prevista na CLT, de maneira que o
contrato intermitente é exceção.

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