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Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI – Medicina Unicamp Anatomia macroscópica e microscópica 1. ESTRUTURA GERAL Medula Espinal, do latim medulla (miolo) e spinalis (espinha), significa o miolo da coluna vertebral. Tem formato cilíndrico com a extremidade inferior mais afinalada, chamada CONE MEDULAR. Está localizada no Canal Vertebral (Forame Vertebral) e vai até ao nível das vértebras L1-L2, medindo ~45cm. Superiormente, a medula espinal se encontra com o Bulbo, através do Forame Magno. Inferiormente, o cone medular continua até o coccix como uma cauda equina e como filamento terminal. Possui INTUMESCÊNCIAS, ou seja, dilatações da espessura por ter os principais plexos nervosos saindo dali. A Intumescência Cervical origina o Plexo Braquial, enquanto a Intumescência Lombar origina o Plexo LomboSacral. 1.1. SULCOS E FUNÍCULOS A Medula possui sulcos longitudinais geralmente discretos: O Sulco Mediano posterior (SMP), a fissura mediana anterior (FMA), o sulco lateral anterior (SLA) e o sulco lateral posterior (SLP). Também há o sulco intermédio posterior (SIP), entre o sulco mediano e o lateral posterior, que emite um septo de mesmo nome para dentro da medula. A fissura é mais profunda e aberta que os sulcos, sendo muito visível. A SUBSTÂNCIA CINZENTA possui corpos celulares nervosos e fibras amielínicas, está no interior da medula e tem formato de H num corte transversal. Possui 3 colunas Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI – Medicina Unicamp (cornos), a lateral, anterior e posterior. A coluna lateral só pode ser vista na parte torácica. No centro está o canal central da medula, preenchido por líquor (LCR – Líquido Cefalorraquidiano). A SUBSTÂNCIA BRANCA está na cortical da medula e possui fibras nervosas mielínicas e é dividida em 3 funículos (cordões): - Funículo anterior – entre a FMA e o SLA; - Funículo lateral – entre SLA e SLP; - Funículo posterior – entre SLP e SMP. Apenas na parte cervical, o funículo posterior é subdivido em dois fascículos (feixes) sensoriais, o Fascículo Grácil e o Fascículo Cuneiforme. 1.2. NERVOS ESPINAIS E SEGMENTOS MEDULARES Os nervos espinais são todos MISTOS (sensitivo + motor) originados da fusão das raízes ventral e dorsal. Qualquer estímulo sensitivo no corpo é captado pelos axônios de neurônios sensitivos (fibras nervosas) de um determinado nervo espinal. Esse estímulo passa pelo corpo do neurônio pseudounipolar num GÂNGLIO PARAVERTEBRAL e segue pelo outro “axônio” até o sulco lateral posterior da medula. Esse caminho do gânglio até a entrada no SLP é chamado RAÍZ DORSAL (ou AFERENTE/ SENSITIVA). Anteriormente, o estímulo motor é emitido através de fibras eferentes que saem do SLA como RAÍZ VENTRAL (EFERENTE/ MOTORA) e se une à raíz dorsal, formando o respectivo nervo espinal. A raíz é uma parte inicial de fibras que saem da medula e que são PURAS, ou seja, ou só tem sensitivos ou só motores. Possuem um tecido conjuntivo recobrindo elas e parece que estão fundidas, mas só se fundem quando passam pelo forame intervertebral, formando os nervos. O nervo espinhal formado se subdivide em dois ramos: ramo dorsal (mais fino) e ramo ventral (espesso). O RAMO DORSAL inerva (sensitivo e motor sempre) toda a parte do dorso (costas) e nuca. O RAMO VENTRAL inerva os membros inferiores, superiores, pescoço e tronco. Esses ramos continuam mistos e dão origem aos plexos nervosos. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI – Medicina Unicamp Cada nervo e suas raízes corresponde a um SEGMENTO MEDULAR. Temos 31 pares de N. Espinhais, sendo: 8C; 12T; 5L; 5S e 1 COC. O primeiro par de nervos sai no forame intervertebral acima da C1. 1.3. TOPOGRAFIA VERTEBROMEDULAR A medula espinal é menor do que a coluna vertebral, acabando ao nível L2. Abaixo desse nível, encontra-se filamentos terminais ao redor do cone medular, formando a CAUDA EQUINA (parece rabo de cavalo). Essa cauda equina é formada por raízes nervosas soltas umas das outras + o Saco Dural. Como a medula é menor que a coluna, temos um crescimento diferenciado embriologicamente. Assim, num trauma vertebral, o segmento medular lesionado não será o mesmo daquela vertebra, mas outro mais adiante. Isso ocorre porque os nervos espinhais torácicos etc saem num ângulo agudo da medula. A topografia vertebromedular é importante para os casos de fraturas das vértebras e para punções do LCR, pois este último só deve ser feito num local sem perigo de lesionar a medula. No caso da punção, faz-se entre L4-L5. MACETE PARA FRATURAS VERTEBRAIS • Se a fratura ocorrer nas vértebras C2-T10, os nervos e raízes lesionados serão os C4-T12 ( soma +2). • Se ocorrer entre T11 e T12, serão lesionados algum dos 5 segmentos medulares lombares. • Se for fraturada a vértebra L1 pra baixo serão lesionados os 5 segmentos sacrais e o coccígeo. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI – Medicina Unicamp 1.4. MENINGES NA MEDULA ESPINAL A medula espinal é envolta pelas mesmas meninges que revestem o SNC, a duramáter, a aracnóide e a pia-máter. A DURAMÁTER (ou PAQUIMENINGE) é a mais externa e a mais rígida, por isso acredita-se que o termo latino dura-máter significa uma mãe (mater) muito forte e severa (dura), o que condiz com o papel de proteção dessa membrana espessa e resistente que envolve o sistema nervoso central. Ela envolve toda a Medula e na extremidade inferior se fecha como um saco, o SACO DURAL. Ela reveste os nervos espinhais para aproveitar e fechar o forame intervertebral, não deixando escapar líquor. Entre a duramáter e as vértebras existe um espaço ocupado por gordura e plexos venosos, chamado ESPAÇO EPIDURAL (Extradural). Esse espaço é visível na ressonância e tomografia. Entre a duramáter e a aracnóide existe outro espaço, o chamado ESPAÇO SUBDURAL. Esse espaço é virtual, contém apenas um pouco de líquido para impedir o colabamento das meninges. A ARACNÓIDE (“semelhante à teia de aranha”) é bem delicada e trabeculada. Está entre a duramáter e a pia-máter. A Aracnóide e a Pia-máter podem ser chamadas de LEPTOMENINGES (lepto: finas). O espaço abaixo da Aracnóide é o ESPAÇO SUBARACNÓIDEO e contém a maior parte do líquido cefalorraquidiano (LCR). É nesse espaço que se faz a punção (o líquor sai por diferença de pressão). O nome PIA-MÁTER vem do latim Pia, suave, fiel e Mater, mãe. A Pietas (piedade, caridade) era uma das virtudes capitais para os romanos e sua prática era de suma importância e uma das hipóteses para o termo alega que aos anatomistas antigos a meninge mais interna parecia como uma mãe afetuosa para o SN, envolvendo, protegendo-o e nutrindo-o. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI – Medicina Unicamp Assim, a Pia-máter é a mais delicada e interna das meninges. Fica colada à medula, quase inseparável, dá o aspecto brilhante à peça. Continua após o cone medular como FILAMENTO TERMINAL, perfura o fundo de saco da duramáter e vai até o hiato sacral e cóccix. Quando ela atravessa a duramáter, carrega fibras consigo e muda de nome: FILAMENTO DA DURAMÁTER ESPINHAL. Já quando chega ao cóccix, torna-se o ligamento coccígeo. Lateralmente à medula, a pia-máter forma projeções em direção à duramáter, chamadas LIGAMENTOS DENTICULADOS. Esses ligamentos servem para fixar lateralmente a medula espinal e evitar possíveis choques mecânicos – são pequenas pregas. Os ligg Denticulados agem conjuntamente com o Bulbo (fixação superior) e com o Lig Coccígeo (fixação inferior). 2. MICROESTRUTURA DA MEDULA A medula é formadapela substância branca e cinzenta, mas diferente do encéfalo, a substância branca é mais externa e a cinzenta é interna. Cada substância é subdividida de acordo com os tipos de fibras e as funções. Dependendo da altura do corte transversal da medula, vemos disposições diferentes de substância branca e cinzenta, sendo necessário diferenciá-las. Quanto mais próximo da extremidade superior da medula, maior a % de substância branca. Nível Cervical: Maior % de substância branca; Coluna Anterior dilatada (Intumescências); Sulco intermédio posterior. Nível Torácico: Sem grupamento lateral (ausência de intumescências); Coluna Lateral (só dá para discernir mesmo nas lâminas). É melhor ir por exclusão. Nível Lombar: Maior % de substância cinzenta; Coluna anterior mais dilatada que a cervical (perna>braço). Nível Sacral: Mais substância cinzenta do que branca (escassa); Pouca distinção entre coluna anterior e posterior. 2.1. SUBSTÂNCIA CINZENTA A substância cinzenta pode ser dividida em Coluna Anterior (CA), Coluna Posterior (CP) e Substância Cinzenta Intermédia (o traço horizontal do H). Esta última é subdividida em substância cinzenta intermédia central e lateral. Temos a coluna lateral como a substância cinzenta intermédia lateral, mas só aparece nos níveis torácicos (distinção mais fisiológica do que anatômica). As colunas possuem uma cabeça e uma base. A cabeça está em contato com a extremidade circular da medula, enquanto a base é a parte que faz contato com a substância intermédia. No caso das colunas posteriores, a cabeça tem uma composição distinta, recheada de substância gelatinosa. Branda Destacar Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI – Medicina Unicamp A subs. Cinzenta apresenta NÚCLEOS, ou seja, aglomerados longitudinais de corpos de neurônios em uma região. Na coluna anterior temos os GRUPAMENTOS LATERAIS e MEDIAIS. Os núcleos do grupamento medial estão em todos os níveis medulares, são compostos por neurônios motores que formam as raízes ventrais e, portanto, inervam o m. Esquelético axial. Os núcleos do grupamento lateral só estão na região das intumescências e, portanto, emitem fibras motoras que inervam os m esqueléticos apendiculares. A parte mais medial desse grupamento lateral inerva as porções mais proximais dos membros. Nas colunas posteriores da subst. Cinzenta, temos o NÚCLEO TORÁCICO (dorsal) na base e a substância gelatinosa no ápice. O núcleo torácico está nos segmentos medulares torácicos até L2 e é responsável pela propriocepção inconsciente. Ele possui neurônios cordonais que levam a informação até o cerebelo (autônomo). A SUBSTÂNCIA GELATINOSA possui fibras sensitivas da raíz dorsal, sendo conhecida como “portão da dor”, pois regula os impulsos de dor junto com o TE. • NEURÔNIOS DA SUBST. CINZENTA A subst. Cinzenta tem como constituinte principal os neurônios, que podem ter axônios longos ou curtos. Os neurônios de axônio longos podem ser subdivididos em radiculares e cordonais. >> NEURÔNIOS RADICULARES Os neurônios radiculares tem o axônio formando as RAÍZES VENTRAIS que saem do SLA, ou seja, são neurônios motores. Os neurônios radiculares viscerais estão na coluna lateral enquanto os somáticos (m. Esquelético) estão na coluna anterior. >> NEURÔNIOS CORDONAIS São os neurônios que tem seus axônios formando os FUNÍCULOS (cordões) da medula branca. Geralmente cruzam de lado, ou seja, vão para o funículo do outro lado da medula. Podem formar as vias ascendentes da medula, ou seja, levam informação até áreas do SNC. 2.2. SUBSTÂNCIA BRANCA A substância branca é dividida em tratos e fascículos, por onde passam as fibras das vias ascendentes e descendentes. As vias descendentes se originam no córtex cerebral ou no TE e terminam em outros neurônios medulares, geralmente nos neurônios motores somáticos que inervam os músculos esqueléticos. Essas vias descendentes motoras são divididas em 2 sistemas: Sistema lateral e sistema medial (nome devido aos grupamentos laterais e mediais). As vias ascendentes estão resumidas depois. Branda Destacar Branda Destacar Branda Destacar Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI – Medicina Unicamp • VIAS DESCENDENTES – SISTEMA LATERAL >> As vias Descendentes são motoras. O Sistema lateral (grupamento lateral) contém 2 tratos: o TRATO CORTICOESPINHAL (córtex → coluna anterior da medula) e o TRATO RUBROESPINHAL (núcleo rubro do mesencéfalo → coluna anterior da medula). Os tratos corticoespinhais se cruzam no nível da decussação (cruzamento oblíquo) das pirâmides do bulbo, ou seja, a parte esquerda do corpo é comandada conscientemente pelo hemisfério cerebral direito e vice-versa. A maior parte dessas fibras descendentes do córtex (85%) cruzam nas Pirâmides e viram o Trato Corticoespinhal LATERAL, mas o resto não se cruza e vira o Trato Corticoespinhal ANTERIOR. Esse último vai apenas até os níveis cervical-torácicos. O nome lateral e anterior é por causa dos funículos. As fibras do Trato corticoespinal Lateral chegam na CA da medula, fazendo sinapse com os neurônios III do Grupamento Lateral e do núcleo torácico. O Trato corticoespinal Anterior passam pela Comissura Branca e emitem fibrinhas que fazem sinapse com outros neurônios do grupamento medial da CA. Essa última sinapse é responsável por levar o estímulo ao músculo para ocorrer a contração muscular. Assim, a lesão no trato corticoespinhal lateral acima da decussação paralisaria a metade oposta do corpo. Uma parte das fibras desse trato não se cruzam, continuando no funículo anterior da medula (Trato Corticoespinhal Anterior) e participando do sistema medial (grupamento medial). O Trato Rubroespinhal vai até os neurônios motores da coluna anterior da medula, controlando a parte distal dos membros. No humano esse trato é reduzido Branda Destacar Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI – Medicina Unicamp porque o Trato Corticoespinhal Lateral domina. • VIAS DESCENDENTES – SISTEMA MEDIAL O sistema medial (grupamento medial) contém 5 tratos: TRATO CORTICOESPINHAL ANTERIOR (córtex → funículo anterior da medula); TRATO TETOESPINHAL (colículo superior do teto mesencefálico → parte medial da coluna anterior); TRATO VESTIBULOESPINHAL (núcleos vestibulares do IV ventrículo → parte medial da coluna anterior); TRATO RETICULOESPINHAL PONTINO (formação reticular da ponte → parte medial da coluna anterior); TRATO RETICULOESPINHAL BULBAR (formação reticular do bulbo → parte medial da coluna anterior). Como todos terminam na parte medial da coluna anterior (GRUPAMENTO MEDIAL), controlam a musculatura axial e proximal dos membros. Os vestibuloespinhais e reticuloespinhais são importante para a manutenção da postura e do equilíbrio. O tetoespinhal responde a reflexos visuais. Já o trato corticoespinhal anterior cruza o lado e permite a mobilidade voluntária do esqueleto axial e da parte proximal dos membros, mas é menos importante. • VIAS ASCENDENTES As fibras das vias ascendentes estão relacionadas com as fibras da RAÍZ DORSAL e, portanto, levam sinais sensitivos para o SNC. Tudo começa com a raíz dorsal adentrando o SLP e se dividindo em duas fibras: fibras do grupo lateral e fibras do grupo medial. As do grupo lateral são finas e entram no ápice da coluna posterior, enquanto as do grupo medial são mais espessas e vão para a parte medial da coluna posterior. Não confundir “fibras do grupo medial/lateral” com “grupamento medial/lateral”. Essas fibras laterais e mediais sempre se bifurcame geram uma parte de fibras que levam informação para cima (SNC) e outra para o restante da medula abaixo (controle elétrico da medula). As fibras do grupo medial possuem ramos ascendentes longos que vão até o bulbo, são as chamadas fibras do FASCÍCULO GRÁCIL e CUNEIFORME. Essas fibras estão no funículo posterior da medula branca, sendo o fascículo grácil mais medial e o cuneiforme lateral. Essas fibras acompanham todo o trajeto da medula e terminam nos núcleos grácil e cuneiforme do bulbo. Assim, as fibras das vias ascendentes que entram pela raíz dorsal estão dispostas em fascículos dentro dos funículos posteriores, anteriores e laterais, tendo funções distintas. • VIAS ASCENDENTES DO FUNÍCULO POSTERIOR Existem 2 fascículos no funículo posterior: FASCÍCULO GRÁCIL (medianos) e FASCÍCULO CUNEIFORME (laterais). Eles são separados pelo septo intermédio posterior e são formados pelos ramos ascendentes das fibras do grupo medial da raíz Branda Destacar Branda Destacar Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI – Medicina Unicamp dorsal que tem destino no bulbo. Essas fibras são axônios dos neurônios sensitivos dos gânglios espinhais. >> FASCÍCULO GRÁCIL O fascículo grácil está presente em toda a extensão da medula, pois começa desde a cauda equina e vai até o núcleo grácil do bulbo. Conduz informação sensível acerca dos membros inferiores e da metade inferior do tronco. Se for lesado, perdemos a sensibilidade apenas abaixo da cintura. >> FASCÍCULO CUNEIFORME Está presente desde a medula torácica até o núcleo cuneiforme do bulbo. Conduz informação sensível dos membros superiores e da metade superior do tronco. Se for lesado, perdemos sensibilidade apenas acima da cintura. Ambos fascículos levam informações acerca da propriocepção consciente (cinestesia), Tato epicrítico, sensibilidade vibratória e estereognosia. A Propriocepção Consciente (CINESTESIA) é a capacidade de distinguirmos a distancia entre um membro e o tronco e sua localização sem auxílio da visão. O Tato Epicrítico (ou discriminativo) é a capacidade de distinguirmos mais ou menos a distância entre dois tatos ao mesmo tempo (usa-se um compasso). A Sensibilidade Vibratória é a capacidade de sentirmos um estímulo tátil repetitivo, vibrando. Já a Estereognosia é a capacidade de perceber a forma e tamanho de um objeto com os olhos fechados. LESÃO DO FUNÍCULO POSTERIOR Lesiona ambos os fascículos, grácil e cuneiforme. → O indivíduo é incapaz de perceber se o médico flexionou apenas o dedão do pé ou o pé inteiro, por exemplo (s/ propriocepção). → O indivíduo não consegue distinguir a distância entre dois pontos tocados ao mesmo tempo, pensa que é apenas um tato (sem tato epicrítico). → O indivíduo não é capaz de sentir vibrações, estímulos repetitivos. Pensa que é apenas um toque (sem sensibilidade vibratória, sinal precoce). Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI – Medicina Unicamp • VIAS ASCENDENTES DO FUNÍCULO ANTERIOR No funículo anterior existe apenas o TRATO ESPINOTALÂMICO ANTERIOR, formado por fibras de neurônios cordonais da coluna posterior que cruzaram de lado e se tornaram ascendentes até o tálamo. Quando passa pelo Bulbo, se junta com o Lemnisco Medial. Conduz informação acerca da Pressão e Tato Protopático (tato leve – nos dá a informação da região). Como as vias de sensibilidade são divididas entre os funículo anterior, posterior e laterais, apenas se houver uma lesão completa da medula perderemos TODA a sensibilidade. • VIAS ASCENDENTES DO FUNÍCULO LATERAL No funículo lateral está o TRATO ESPINOTALÂMICO LATERAL, formado por neurônios cordonais da coluna posterior e que cruzam o plano mediano na comissura branca, chegando ao funículo lateral. De lá, vão até o tálamo, aumentando cada vez mais a espessura por adição de novas fibras. Ele é o principal condutor de impulsos de temperatura e dor. Esse trato pode ser seccionado em pacientes terminais que sofrem muito com a dor, como em pacientes com câncer (cordotomia). Esse trato recebe contribuição das fibras espinorreticulares que vão até a formação reticular* do TE e juntos se chamam via espino-retículo- talâmica. Essa via leva impulsos de dor crônica e difusa (queimação, se espalha), enquanto a espinotalâmica sozinha leva dores agudas e localizadas. *Formação Reticular é o agregado de neurônios à parte, não são nem da subst. Branca nem da cinzenta, e estão na parte central do TE. O funículo lateral também possui outros dois tratos: TRATO ESPINOCEREBELAR POSTERIOR e ANTERIOR. O trato espinocerebelar posterior possui neurônios cordonais do núcleo torácico da coluna posterior que vão para o funículo lateral do mesmo lado (não cruzam) e sobem até o cerebelo pelo pedúnculo cerebelar inferior. Conduz estímulos de Propriocepção Inconsciente. Já o trato espinocerebelar anterior também possui neurônios cordonais mas da coluna anterior e da subst. Cinzenta intermédia. Essas fibras vão para o funículo lateral do mesmo lado ou do outro lado (podem se cruzar). Ascendem até o cerebelo pelo pedúnculo cerebelar superior, se cruzando novamente. Esse trato conduz informação somática da Propriocepção Insconsciente e da atividade elétrica da própria medula. Branda Destacar Branda Riscar Branda Destacar Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI – Medicina Unicamp Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI – Medicina Unicamp 3. GRANDES VIAS AFERENTES - DETALHADAS As grandes vias aferentes levam informações periféricas até áreas do encéfalo. As vias possuem constituintes básicos, como o receptor, o trajeto periférico e central, e a área de projeção cortical. O processamento de informações é hierárquico, sendo primeiro analisado as informações subcorticais e depois corticais. Cada área do córtex é responsável pela sensibilidade de uma parte do corpo. O Receptor é a terminação nervosa responsável pela captação da sensibilidade na periferia. O Trajeto Periférico é um nervo (craniano ou espinhal), seus gânglios paravertebrais e a raíz. O Trajeto Central é a organização das fibras em feixes, tratos, fascículos, lemniscos e as estruturas do SNC que elas passam. Por fim, a Área de Projeção Cortical é a área final das vias aferentes, é onde elas chegam. Se a área cortical for o CÓRTEX CEREBRAL, a via é de SENSIBILIDADE, é CONSCIENTE e é formada por 3 NEURÔNIOS; Caso seja o CÓRTEX CEREBELAR, a via não é sensorial (função do cerebelo), é INCONSCIENTE e é formada por 2 NEURÔNIOS. Os neurônios que levam a informação periférica para as áreas do SNC ficam enfileirados, sendo de 3 tipos: neurônio I, neurônio II e neurônio III. O NEURÔNIO I é o neurônio sensitivo que está no gânglio sensitivo (Raíz dorsal). É pseudounipolar, sendo que uma parte do axônio vai para cima, rumo ao SNC, e outra vai pelo nervo até a periferia, se ligando ao receptor. O NEURÔNIO II está na coluna posterior (substância cinzenta) da medula ou nos núcleos de N. Cranianos do TE. Os axônios geralmente cruzam o plano mediano e vão para a substância branca formar lemniscos ou tratos. O NEURÔNIO III está no Tálamo e seu axônio faz conexão com o córtex cerebral por meio de uma radiação talâmica. 3.1 VIAS AFERENTES DOS NERVOS ESPINHAIS São as vias que levam informações da periferia (membros e tronco) para o SNC por meio nos nervos espinhais. Essas vias são as vias de dor, temperatura, pressão, tato protopático, propriocepção consciente, propriocepção insconciente, tato epicrítico, sensibilidade vibratória e de sensibilidade visceral. Já dei uma introdução anteriormente mas agora é detalhado. Branda de Oliveira deLima, Turma LVI – Medicina Unicamp 3.1.1. VIAS DE DOR E TEMPERATURA Os estímulos de dor chegam ao SNC por 2 vias: via neoespinotalâmica (trato espinotalâmico lateral); e via paleoespinotalâmica (trato espino-retículo-talâmica). • VIA NEOESPINOTALÂMICA (via clássica) É constituída por 3 neurônios alinhados no Trato Espinotalâmico Lateral. O neurônio I adentra a medula com o estímulo de dor por meio das raízes dorsais e vai para a coluna posterior (portão da dor), fazendo sinapse com os neurônios II. As fibras do neurônio II cruzam o plano pela comissura branca e chegam ao funículo lateral oposto. Fletem para cima para formar o trato espinotalâmico lateral. Na ponte, esse trato se une com o espinotalâmico anterior e formam o LEMNISCO ESPINHAL (*Lemnisco: fitas sensitivas que vão até o Tálamo). Esse lemnisco espinhal termina no tálamo, fazendo sinapse com os neurônios III. Os neurônios III estão no Núcleo Ventral Posterolateral do Tálamo e as suas fibras chegam até a área somestésica do cortex cerebral no GIRO PÓS-CENTRAL. Essa via leva até o córtex cerebral estímulos de dor e temperatura do tronco e dos membros opostos. Reconhece apenas dor aguda e bem localizada (DOR EM PONTADA). Raíz dorsal CP (subst. gelatinosa) Comissura branca Funículo Lateral Trato Espinotalâmico Lateral Lemnisco espinhal Núcleo Ventral Posterolateral do Tálamo Córtex Cerebral (giro pós- central) Branda Destacar Branda Destacar Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI – Medicina Unicamp • VIA PALEOESPINOTALÂMICA Os neurônios I possuem o mesmo trajeto, chegando até a coluna posterior (portão da dor) para fazer sinapse com os neurônios II. Estes tem seus axônios indo para o funículo lateral do lado oposto e do mesmo lado (maioria), pois há uma divisão entre as fibras. Fletem para cima e formam o Trato Espino-Reticular. Sobe a medula junto com o trato espinotalâmico lateral e fazem sinapse com os neurônios III nas formações reticulares. Os neurônios III originam as fibras retículotalâmicas que terminam nos núcleos do grupo medial do tálamo (núcleos intralaminares – neurônio IV). Esses núcleos se conectam com o córtex cerebral (ativação cortical). No momento que o estímulo chega ao Tálamo sentimos a dor, enquanto na via neoespinotalâmica isso ocorre quando chega ao córtex. Essa via leva dores mais difusas, que se espalham, profundas e de caráter crônico (DOR EM QUEIMAÇÃO). *A parte anterior do giro do cíngulo e da ínsula (córtex cerebral) também respondem à dor (sistema límbico). 3.1.2. VIAS DE PRESSÃO E TATO PROTOPÁTICO Os neurônios I fazem o mesmo caminho pelas raízes dorsais e terminam em sinapse com os neurônios II na coluna posterior. Os axônios dos neurônios II cruzam o plano na comissura branca e vão para o funículo anterior oposto, fletindo para cima e formando o Trato Espinotalâmico Anterior. No nível da ponte, o trato espinotalâmico anterior se une ao lateral e formam o LEMNISCO ESPINHAL. Ambos terminam fazendo sinapse com os III no Tálamo. Os neurônios III estão no núcleo ventral posterolateral do tálamo (conscientes) e seus axônios atingem a área somestésica do córtex cerebral. Essa via leva impulsos táteis e de pressão do tronco e membros. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI – Medicina Unicamp 3.1.3. VIAS DE PROPRIOCEPÇÃO CONSCIENTE, TATO EPICRÍTICO E SENSIBILIDADE VIBRATÓRIA Os neurônios I penetram na medula pelas raízes dorsais e formam os fascículos Grácil e Cuneiforme. Essas fibras ascendem e terminam no bulbo, em sinapse com os neurônios II. Estes neurônios II estão nos núcleos grácil e cuneiforme do bulbo e emitem fibras que curvam ventralmente, formando as FIBRAS ARQUEADAS INTERNAS. Essas fibras cruzam o plano mediano e sobem mais, passando pela Ponte e pelo Mesencéfalo e formando o LEMNISCO MEDIAL. O lemnisco medial termina no tálamo, em sinapse com os neurônios III. Os neurônios III estão no Núcleo Ventral Posterolateral do Tálamo, onde emitem axônios para a área somestésica cortical, o Giro Pós- central do Telencéfalo. As informações do Fascículo Grácil chegam até a porção medial desse giro, enquanto as do Fascículo Cuneiforme, à porção mais superior. Apenas quando o impulso chega ao córtex cerebral que se torna consciente. Raíz dorsal Fasc. Grácil e Cuneiforme Núcleo grácil/cuneiforme (Bulbo) Fibras Arqueadas Internas Lemnisco Medial Núcleo ventral posterolateral do Tálamo Córtex Cerebral Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI – Medicina Unicamp 3.1.4. VIA DE PROPRIOCEPÇÃO INCONSCIENTE Os neurônios I fazem o mesmo caminho até a CP. Os neurônios II variam a posição, podendo estar no núcleo torácico (CP), caso 1, ou na base da CP e na substância cinzenta intermédia, caso 2. Dependendo do local do neurônio II, teremos duas vias distintas até o cerebelo. Caso 1: Os neurônios II emitem axônios que vão para o funículo lateral do mesmo lado (não cruzam), fletem para cima e formam o Trato Espinocerebelar Posterior. Adentra no carebelo pelo pedúnculo cerebelar inferior. Caso 2: Os neurônios II emitem axônios que vão para o funículo lateral oposto (cruzam o plano), fletem e formam o Trato Espinocerebelar Anterior. Adentra o cerebelo pelo pedúnculo cerebelar superior, cruzando novamente o plano mediano. Como cruzam duas vezes, no final se cancela, sendo homolateral (um hemisfério do cerebelo controla o respectivo hemisfério corporal). Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI – Medicina Unicamp 3.1.5. VIAS DE SENSIBILIDADE VISCERAL A maioria da sensibilidade visceral é inconsciente (regulação reflexa cerebral), mas há alguns que conseguem ficar conscientes, causando a dor visceral. Os impulsos dolorosos seguem pelos nervos simpáticos até a raíz dorsal (neurônios I). A maioria das fibras da sensibilidade visceral abdominal/pélvica fazem sinapse com os neurônios II da subst. cinzenta Intermédia medial e seguem pelo Funículo Posterior, num fascículo medial ao fascículo grácil. As fibras de sensibilidade visceral torácica sobem até o bulbo pelo Septo Intermédio Posterior. Ambas as fibras terminam no núcleo grácil do bulbo, em sinapse com o neurônio III. Os axônios dos neurônios III cruzam o lado como LEMNISCO MEDIAL e terminam no núcleo ventral posterolateral do tálamo. 4. LESÕES DAS VIAS SENSITIVAS - AFERENTES Pode ocorrer por lesão nas raízes dorsais da medula espinal, perdendo toda a sensibilidade da área associada a essa raíz, ou na CP da medula. Ex.: TABES DORSALIS (Neurosífilis). Ocorre lesão nas raízes dorsais da medula espinal, comprometendo as fibras dos fascículos grácil e cuneiforme (entram por ela). Perde-se a propriocepção consciente, o tato epicrítico, a sensibilidade vibratória e a estereognosia. Coluna Posterior 1. Núcleo Torácico Funículo Lateral Trato Espinocerebelar Posterior Pedúnculo Cerebelar Inf. 2. Subst. Cinzenta Intermédia Funículo Lateral (cruza) Trato Espinocerebelar Anterior Pedúnculo Cerebelar Sup. (cruza) Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI – Medicina Unicamp Ex2.: SIRINGOMIELIA. É o acúmulo de líquor no canal central da medula, geralmente nos segmentos cervicais e torácicos. Há lesão da substância cinzenta intermédia e da comissura branca, comprometendo o trato espinotalâmico lateral (cruzam). Há perda da sensibilidade térmica e de dor dos dois lados do corpo, por que lesiona otrato bem quando estão cruzando. Não ocorre deficiência tátil e de propriocepção porque não lesiona o funículo posterior. Ex3.: COMPRESSÃO POR TUMORES. Pode comprimir o Trato espinotalâmico lateral e perder sensibilidade térmica e dolorosa. Se for lesado de dentro para fora (canal central para a subst. Branca) a região sacral é mantida, se for lesado de fora para dentro (tumor externo à medula), a região sacral é a primeira a apresentar sintomas. 5. GRANDES VIAS EFERENTES As vias eferentes (motoras) podem ser divididas em Vias Eferentes Viscerais (do Sistema Autônomo) e Vias Somáticas. As vias viscerais inervam o músculo liso, cardíaco e glândulas, regulando vísceras e vasos. As vias somáticas são mais importante para a BS e regula os músculos esqueléticos, movimentos voluntários e postura. 5.1. VIAS EFERENTES VISCERAIS É formada pelo mesmo conjunto de neurônios pela raíz ventral até as vísceras. As áreas do SNC que controlam isso estão no hipotálamo e no sistema límbico. Essas áreas se ligam formando os tratos reticuloespinhais. 5.2. VIAS EFERENTES SOMÁTICAS Várias vias motoras (eferentes) saem dos centros motores superiores e passam pelo tronco encefálico e pela medula espinal. O sistema nervoso é tão maravilhoso que prevê os movimentos de acordo com as experiências passadas, ao subir uma escada por exemplo (calcula a distância entre cada degrau), para que a postura se adeque e a força de contração seja adequada. As vias eferentes somáticas são muito importantes e possui os Tratos Corticoespinhais e Corticonuclear (Rubroespinhal, Tetoespinhal, Vesticuloespinhais, Reticuloespinhais). 5.2.1 TRATOS CORTICOESPINHAIS Os Tratos Corticoespinhais unem o córtex cerebral aos neurônios motores da CA da Medula. As fibras desse trato se dividem igualmente em 3 regiões do córtex: área motora primária, área pré-motora e córtex somatossensorial (área somestésica). Esse último regula as informações sensoriais para a CP da medula e, por isso, nem todas as fibras dos tratos corticoespinhais são motoras. Essa parte sensorial termina na coluna posterior da medula e controlam os impulsos sensitivos. As fibras saem de uma dessas áreas, por exemplo a área motora primária, passa pela coroa radiada, pela base do Pedúnculo Cerebral (Mesencéfalo), se dirige para a base da Ponte (porção ventral) e vai para as Pirâmides Bulbares (ventrais). Na decussação das pirâmides do Bulbo, uma parte das fibras continuam anteriormente (Trato corticoespinhal anterior) enquanto outras cruzam o plano e continuam lateral (Trato corticoespinhal lateral). Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI – Medicina Unicamp As fibras do Trato corticoespinhal anterior passam pelo funículo anterior da medula, cruzam na comissura branca e terminam em sinapse com os neurônios motores contralaterais (da CA oposta). Essa via é responsável pela musculatura axial e pertence ao Sistema Anteromedial da Medula Espinal. O trato corticoespinhal anterior só vai até os níveis torácicos. As fibras do Trato Corticoespinhal lateral são mais importantes fisiologicamente, ocupando o funículo lateral da medula e fazendo sinapse com os neurônios motores da CA do mesmo lado (não cruza na comissura branca), ao longo de toda a medula. Essa via é responsável pelo controle dos músculos esqueléticos distais dos membros (apendicular). É a principal via motora* e pertence ao Sistema Lateral da medula espinal. *As outras vias que auxiliam mas não são tão importantes quanto, são os tratos rubroespinhal (musculatura distal dos membros) e reticuloespinhais (musculatura proximal dos membros e axial). Como esses tratos se auxiliam mutuamente, lesões no trato corticoespinhal lateral não causa hemiplegia, apenas fraqueza muscular, dificuldade de contrair os músculos (contrai mais devagar) e de contrair apenas alguns músculos (perda de fracionamento, vou contrair apenas o dedo indicador e contraio todos, perda dos movimentos delicados da mão). Há perda do reflexo plantar também, evidenciado pelo Sinal de Babinski, que é a flexão dorsal dos dedos do pé quando estimula a pele da planta do pé. 5.2.2 TRATOS CORTICONUCLEAR O trato corticonuclear parece com o corticoespinhal, mas ao invés de levar informações para a medula, leva para os núcleos motores dos nervos cranianos, no TE. As fibras do trato Corticonuclear saem principalmente da área motora primária, passam pela cápsula interna e descem para o TE junto com as fibras corticoespinhais. Quando chega ao TE emite fibras que terminam em sinapse com os neurônios motores dos núcleos da coluna motora somática (núcleos de Oculomotor, Troclear, Abducente e Hipoglosso) e dos núcleos da coluna motora visceral (núcleo ambíguo, do Glossofaríngeo e Vago). Também emite fibras para o núcleo motor do Trigêmio e do Facial. Essas fibras do trato corticonuclear fazem sinapse primeiro com os interneurônios da formação reticular do TE e depois esses fazem sinapse com os neurônios motores dos núcleos apresentados. Algumas fibras do corticonuclear também são sensoriais, terminando nos núcleos sensitivos do TE (núcleo do grácil e do cuneiforme, núcleos sensitivos do Trigêmio e núcleo do Trato Solitário). Essa parte sensorial é importante para o controle dos impulsos sensoriais. A principal diferença entre os tratos corticoespinhal e corticonuclear é que o corticonuclear tem a grande maioria das fibras homolaterais, ou seja, NÃO SE CRUZAM totalmente, tipo as fibras do lado esquerdo não vão para o direito e controlam todos os músculos do lado direito. A divisão aqui é mais complexa: alguns feixes continuam ipsilaterais e outros se conectam os núcleos do lado oposto (contralateral), fazendo com que um núcleo direito controle os músculos da face esquerda e direita Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI – Medicina Unicamp (essa divisão acontece com os músculos que não podemos contrair de um lado só, como os da laringe, os que fecham a mandíbula e os motores dos olhos). Assim, esses músculos que possuem feixes dos dois hemisférios não são paralisados quando lesamos o trato corticonuclear de um só lado, como ocorre nos AVC’s. Só são paralisados a metade afetada da língua (hipoglosso) e de alguns músculos da face (facial), deixando caídos, pois nesses músculos as fibras do corticonuclear cruzam totalmente, são controlados pelos núcleos situados no lado oposto (totalmente contralaterais, como do corticoespinhal). 5.2.3. OUTROS TRATOS MENOS IMPORTANTES • TRATO RUBROESPINHAL Auxilia o trato corticoespinhal lateral, controlando os músculos distais dos membros e da mão. Origina-se no Núcleo Rubro do Mesencéfalo, decussa e se une ao trato corticoespinhal no funículo lateral da medula. As informações aferentes que chegam ao núcleo rubro também vem da área motora primária (via cortico- rubroespinhal). Não é muito importante para nós mas caso o corticoespinhal lateral seja lesionado, o rubroespinhal pode cobrir algumas funções da mão. • TRATO TETOESPINHAL Recebe fibras da retina e do córtex visual e emerge do Colículo Superior (teto do mesencéfalo). Passa pelo TE e fica no funículo anterior dos segmentos mais altos da medula cervical (sistemas responsáveis pelo movimento da cabeça). Participa dos reflexo visuomotores, ou seja, motricidade da cabeça de acordo com o estímulo visual. • TRATOS VESTIBULOESPINHAIS Originam-se nos núcleos vestibulares do Bulbo e levam informação sobre equilíbrio para os neurônios motores. É importante para o equilíbrio da cabeça e dos olhos quando nos movimentamos e da nossa postura. • TRATOS RETICULOESPINHAIS Branda de Oliveira de Lima,Turma LVI – Medicina Unicamp Coordenam a ligação da formação reticular com os núcleos motores da medula. As informações do cerebelo e córtex pré-motor chegam à formação reticular da Ponte e do Bulbo e são levados aos neurônios motores medulares para a manutenção da postura (equilíbrio). Os tratos reticuloespinhais determinam o grau de contração para os músculos axiais e proximais dos membros, oferecendo suporte básico para o Trato Corticoespinhal Lateral atuar. 6. LESÕES DAS VIAS MOTORAS – EFERENTES Há duas síndromes decorrentes de lesões nas vias motoras: Síndrome do neurônio motor superior e Síndrome do Neurônio motor inferior. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI – Medicina Unicamp • SÍNDROME DO NEURÔNIO MOTOR SUPERIOR Nessa síndrome ocorre destruição/lesão dos neurônios motores situados acima do TE, nas áreas motoras do córtex cerebral ou nas vias descendentes para o TE. Ocorre paralisia da metade oposta do corpo (Hemiplegia). Inicialmente há paralisia flácida mas depois fica espástica (aumento do tônus muscular e dos reflexos - espasticidade) e com sinais de Babinski. Não há atrofia muscular porque os neurônios inferiores estão intactos. Também pode ser chamada de Síndrome Piramidal, por estar associada à lesão do trato Corticoespinhal que passa pelas pirâmides bulbares. Contudo, essa síndrome também envolve lesão nos tratos reticuloespinhal e rubroespinhal. Ex.: Acidente Vascular Cerebral (AVC). • SÍNDROME DO NEURÔNIO MOTOR INFERIOR Nessa síndrome ocorre destruição/lesão do neurônio motor inferor que está na CA da medula espinal ou nos núcleos motores dos nervos cranianos no TE. Ocorre paralisia com perda dos reflexos e tônus muscular (paralisia flácida) e, depois de um tempo, ocorre atrofia desses músculos. Ex.: POLIOMIELITE (Paralisia Infantil). Na poliomielite o vírus destrói os neurônios motores da CA da medula. Caso essa destruição ocorra nos neurônios motores respiratório, haverá insuficiência respiratória e até morte. Ex2.: ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA (ELA - Esclerose significa endurecimento e cicatrização; Lateral refere-se ao endurecimento da porção lateral da medula espinhal; Amiotrófica é a fraqueza que resulta na atrofia do músculo). Perde-se a motricidade voluntária de todo o corpo mas a sensibilidade é mantida. Ex3.: COMPRESSÃO POR TUMORES. Pode comprimir o Trato corticoespinhal lateral, causando perturbações motoras. Se for lesado de dentro para fora (canal central para a subst. Branca) a região sacral é mantida, se for lesado de fora para dentro (tumor externo à medula), a região sacral é a primeira a apresentar sintomas. 7. SECÇÕES NA MEDULA ESPINAL • HEMISSECÇÃO DA MEDULA (METADE) É a lesão de metade da medula espinal, atingindo os principais tratos e vias ascendentes/descendentes. A lesão dos tratos que não se cruzam na comissura branca origina sintomas no mesmo lado da lesão, enquanto os que se cruzam causam sintomas no lado oposto do corpo. Todos os sintomas aparecem na parte do corpo ABAIXO do nível da lesão. Numa hemissecção que pegue apenas os tratos que não se cruzam, pode ocorrer perda da sensibilidade (atingir fascículos grácil e cuneiforme) e paralisia espástica (síndrome do neurônio motor superior) do mesmo lado da lesão. Numa hemissecção que pegue os tratos que cruzam o plano mediano, pode ocorrer perda da sensibilidade térmica e de dor (Trato espinotalâmico lateral) e uma diminuição do tato protopático e da pressão (Trato espinotalâmico anterior). Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI – Medicina Unicamp • TRANSECÇÃO DA MEDULA (TOTAL) Na secção completa da medula espinal o paciente entra em choque espinal. Dependendo do NÍVEL DA LESÃO, Há absoluta perda da sensibilidade abaixo da lesão, dos movimentos e do tônus muscular. Também há perda da função erétil, retenção de urina e de fezes. Depois de um tempo, o sinal de Babinski surge e as fezes/urina são eliminadas inconscientemente, por ação reflexa. Caso essa secção seja feita nos níveis mais craniais dos segmentos cervicais da medula, o indivíduo pode ter insuficiência respiratória por acometer o N. Frênico (C2- C4). A morte por parada respiratória só vai ocorrer se a lesão for Bulbar (TE), pois ali que estão os centros respiratórios. ➢ Segmentos medulares torácicos e lombares: Paraplegia ➢ Segmentos medulares cervicais: Tetraplegia (ou Quadriplegia) Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI – Medicina Unicamp
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