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Faculdade d e Filosofia e Ciências Humanas / UFMG
Departamento de Filosofia
Introdução à Pesquisa em Filosofia 
Prof.a.: Miriam Campolina Diniz Peixoto
Aluna: Camilla de Carvalho Felicori – 2002025759
05/10/04
Comentário dos capítulos 1 e 2 de Metafísica, Livro A de Aristóteles
	
Os capítulos 1 e 2 da Metafísica de Aristóteles tratam do problema do conhecimento. A partir de noções importantes, como ciência, arte e experiência, Aristóteles explica como se dá, ao seu ver, o processo cognitivo e qual a sua natureza. 
Aristóteles inicia o capítulo primeiro do livro A da Metafísica ressaltando o amor humano ao conhecimento, a tendência ao saber visto o amor pelas sensações, notadamente a visão pois, de todas, ela possibilita maior diferenciação entre as coisas e, portanto, maior conhecimento. De fato, a vida de Aristóteles nos ajuda a compreender tal consideração, afinal, ele viveu em busca do conhecimento, não apenas filosófico como também de outras áreas, desde Ciências Naturais – com contribuições importantes para a época, principalmente nas áreas de Zoologia e Biologia – até em áreas como artes, política e inúmeras outras. Segundo Jonathan Barnes, Aristóteles escreveu cerca de 150 livros que nos chamam a atenção não apenas pela quantidade, como também pela variedade de assuntos tratados. 
	É natural este conhecimento de Ciências Naturais aparecer na obra de Aristóteles. No primeiro capítulo tratado vemos a presença dessa ciência na segunda asserção importante, que caracteriza animais (como aqueles dotados de sensação, podendo chegar a apresentar memória e até capacidade de aprender por possuir o sentido da audição) diferenciando-os dos homens. A diferença encontra-se no processo cognitivo, sendo o humano mais complexo, indo além da memória, derivando desta a experiência – como conhecimento de fatos particulares – e desta a ciência e a arte, a partir de “muitas observações da experiência” (981a5) chegando-se a um conhecimento universal que abrange causas e princípios primeiros. 
Essa definição do processo cognitivo humano é importante para a compreensão da obra e pensamento aristotélico; para ele o conhecimento inicia-se pela sensação – instrumento de conhecimento de fatos particulares. Ao explicar o processo cognitivo a partir da sensação, sem desconsiderar o intelecto como parte desse processo, há uma crítica a Platão e sua teoria das idéias segundo a qual um homem particular participa da idéia do Homem, universal. Nesse caso platônico, o processo cognitivo ocorre na esfera racional, sendo a sensação ilusória, insuficiente para proporcionar conhecimento. 
Apesar dessa diferença significativa entre os pensamentos platônico e aristotélico, Aristóteles, herdou, como discípulo de Platão, a definição de conhecimento científico como busca de causas e explicações das coisas. Ambos buscaram causas, mas as respostas encontradas confrontam-se. O conhecimento de causas na explicação epistemológica aristotélica ocorre apenas na arte e na ciência e os diferencia da experiência. Ainda que os empíricos tenham mais sucesso com a experiência, sendo conhecimento dos particulares melhor para a ação, visto ser esta sobre assuntos particulares, o conhecimento conceitual da ciência e da arte é de maior saber pois o conhecimento de causas possibilita seu ensino. Não é gratuita essa diferenciação pois, para Aristóteles, conhecimento e ensino são inseparáveis; o ensino é manifestação do conhecimento. Portanto, seguindo essa lógica, não haveria maneira melhor de definir o sábio do que como aquele conhecedor todas as coisas possíveis através da ciência universal (mais difícil do que conhecimentos apreendidos sensivelmente) que possilita seu ensino – pelo conhecimento de causas. 
	Mesmo que arte e ciência sejam conhecimentos universais, e haja neles sapiência, há diferenciação entre eles. O conhecimento da arte é voltado a algo externo a si próprio, como a cura, no caso dos médicos, ou a beleza, no caso da arte. São conhecimentos voltados ao útil, a algo necessário ao homem. Apenas a ciência é um conhecimento voltado para o saber pelo saber e, por isso, é um conhecimento livre. A Filosofia é a única digna deste título e, no estudo do saber pelo saber, buca os primeiros princípios e causas, para, a partir deles, conhecer outras coisas. A obra Metafísica – que, por sinal, não fora produzida por Aristóteles para apresentar-se como tal, mas sim, tratados reunidos por um editor, posterior à morte de Aristóteles – estuda justamente esses primeiros princípios. O próprio título ressalta isso; para autores como Jonathan Barnes, a tradução do título Metafísica é incorreta; o certo seria traduzir como aquilo que vem depois da Física ou Ciência Natural. Aristóteles não utiliza o termo metafísica, mas Filosofia Primeira, estudo do ser enquanto ser na busca dessa causas e princípios. 
	Podemos perceber a importância destes capítulos para a obra Metafísica de Aristóteles pois eles introduzem noções importantes para a compreensão da obra. É como se estes capítulos fossem o chão para os pensamentos dessa obra. Sem o chão não haveria como colocar nada por cima; não há como compreender a Filosofia Primeira de Aristóteles sem o conhecimento de como ocorre, para ele, o processo epistemológico. 
Referências Bibliográficas
ARISTÓTELES. Metafísica, Livro A. IN: ______. Metafísica. Ensaio introdutório, texto em grego com tradução e comentário de Giovanni Reale. Tradução: Marcelo Perine. São Paulo: Edições Loyola, 2002. (Vol. II).
BARNES, Jonathan. Aristóteles. Tradução Adail Ubirajara Sobral, Maria Stela Gonçalves. São Paulo: Edições Loyola, 2001. 
FOLSCHEID, Dominique; WUNEMBURGER, Jean-Jacques. Metodologia Filosófica. Tradução: Paulo Neves. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

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