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remedios constitucionais parte I

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Direito Constitucional | Material Complementar 
Professor Cristiano Lopes 
Remédios Constitucionais – Parte I 
Antes de iniciarmos nosso estudo, é preciso diferenciar garantias fundamenatis e remédios constitucionais. 
As garantias são disposições assecuratórias, tais como o princípio do acesso ao judiciário e o princípio da reserva 
legal. Os remédios são espécies de garantias. 
Os remédios constitucionais são garantias instrumentais destinadas à proteção dos direitos fundamentais 
previstos na Constituição Federal. Servem como instrumentos à disposição das pessoas para reclamarem, em juízo, 
uma proteção a seus direitos, motivo pelo qual são também conhecidos como ações constitucionais. 
Habeas Corpus 
Segundo a Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, LXVIII, “conceder-se-á habeas corpus sempre que 
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por 
ilegalidade ou abuso de poder”. É o remédio utilizado para garantir direito de ir, vir ou permanecer (ficar) do 
indivíduo, ou seja, o direito de locomoção. 
São partes no Habeas Corpus, o impetrante, o paciente, e o impetrado. O impetrante é aquele que postula 
em juízo. O paciente é a pessoa beneficiada pelo habeas corpus (pode ser o impetrante ou não). E, por fim, o 
impetrado é a autoridade coatora, ou seja, aquele responsável pela restrição ao direito de locomoção devido a 
ilegalidade ou abuso de poder. 
Com relação à legitimidade ativa para impetração do Habeas Corpus, O sentido do termo “alguém” refere-
se tão somente à pessoa física e, assim, pode ser impetrado por qualquer pessoa (até mesmo as analfabetas, 
estrangeiras ou incapazes) em proveito próprio ou de terceiros. Não sendo cabível à pessoa jurídica nem ao 
Ministério Público figurarem como pacientes, mas podem ser impetrantes em favor de pessoa física, podendo, 
ainda, o paciente ser tanto uma pessoa maior ou menor de idade, visto que os menores podem ser ilegalmente 
apreendidos. Quanto à legitimidade passiva, o Habeas Corpus deverá ser impetrado contra ato do coator, que 
poderá ser tanto autoridade pública, como ente particular. No primeiro caso, nas hipóteses de ilegalidade ou abuso 
de poder, enquanto no segundo caso, somente nas situações de ilegalidade. 
O Habeas Corpus é ação constitucional de natureza penal. Trata-se de ação gratuita, como previsto no art. 
5º, LXXVII, de CRFB/88. 
O Habeas Corpus pode assumir duas formas: liberatório (repressivo) ou preventivo: o Habeas Corpus é 
liberatório ou repressivo quando alguém já estiver sofrendo violência ou coação ilegal por parte do coator, de 
maneira que só restará, então, impetrar-se a ordem do juiz para que fique restabelecida a liberdade de locomoção 
do coagido. O Habeas Corpus é preventivo se a violência ou coação ilegal ainda não ocorreu, mas tudo indica que 
iria consumar-se, configurando, portanto, quando existe a ameaça de violência ou coação à liberdade de locomoção 
de alguém. 
Em relação ao prazo para a impetração do Habeas Corpus, nunca haverá decadência para o ajuizamento 
deste remédio constitucional, posto que não existe um prazo determinado na legislação pátria 
De acordo com o art. 650, §2º, do Código de Processo Penal, “não cabe o habeas corpus contra a prisão 
administrativa, atual ou iminente, dos responsáveis por dinheiro ou valor pertencente à Fazenda Pública, 
alcançados ou omissos em fazer o seu recolhimento nos prazos legais, salvo se o pedido for acompanhado de 
prova de quitação ou de depósito do alcance verificado, ou se a prisão exceder o prazo legal”. 
Este dispositivo legal trata da prisão administrativa daquele que é responsável por valores ou dinheiro 
pertencente à Fazenda Pública, salvo se o pedido se fizer acompanhar de prova de quitação ou de depósito do 
alcance verificado, se a prisão exceder o prazo legal. 
Com relação as hipóteses de não cabimento do Habeas Corpus, tem-se que a súmula 695 do Supremo 
Tribunal Federal dita que “não cabe Habeas Corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade”. E a súmula 
692 do Supremo Tribunal Federal diz que “não se conhece de habeas corpus contra omissão de relator de 
extradição, se fundado em fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava dos autos, nem foi ele provocado a 
respeito”. 
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Por oportuno, ainda, saliente-se que o Habeas Corpus deverá ser impetrado por escrito e em língua 
portuguesa, bem como a prova deverá ser pré-constituída, haja vista que não comporta dilação probatória, devido 
ao seu rito sumário. 
Conforme o art. 660, §4º, do Código de Processo Penal, se a ordem de habeas corpus for concedida para 
evitar ameaça de violência ou coação ilegal, dar-se-á ao paciente salvo-conduto assinado pelo juiz. Por outro lado, 
nos termos do art. 660, §6º, do Código de Processo Penal, quando o paciente estiver preso concedida a ordem de 
Habeas Corpus, será expedido o alvará de soltura. 
 
 
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