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esau e jacó - resumo e análise da obra

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ESAÚ E JACÓ
Nome: Alexandra Kappke
 Porto Alegre, 23 de setembro de 2014.
A obra Esaú e Jacó de Machado de Assis, narra a história de Pedro e Paulo, dois irmãos gêmeos que apresentam perfis comportamentais completamente diferentes um do outro, e sua briga pelo amor da mesma mulher, Flora. Os irmãos encarnam a contradição, suas oposições, conflito amoroso e dúvida. 
Ambos são, porém, personagens que não foram tão aprofundados, tornando-se bastante planos e pouco desenvolvidos em comparação a outros personagens da história. Os irmãos acabaram marcados apenas por serem opostos em praticamente qualquer decisão, deixando seus individualismos ligados, o que um apoia, o outro não, como se houvesse uma regra na hora de escrever o enredo. Os irmãos acabam assim ligados: onde um é citado, o outro também é, seguido da oposição como verdade absoluta. Porém ambos mantém o mesmo amigo: o conselheiro Aires, que é conselheiro de império.
 	Eles também não possuem a construção misteriosa das mulheres Machadianas, nem mesmo têm uma complexidade psicológica como outros personagens marcantes de Machado como Bentinho ou Brás cubas, mesmo eles sendo teoricamente o centro do romance, dando origem ao seu titulo, não são bem trabalhados em suas características pessoais.
	“Paulo era mais agressivo, Pedro mais dissimulado, e, como ambos acabavam por comer a fruta das árvores, era um moleque que a ia buscar acima, fosse a cascudo de um ou com promessa de outro. A promessa não se cumpria nunca; o cascudo, por ser antecipado, cumpria-se sempre, e às vezes com repetição depois do serviço. Não digo com isto que um e outro dos gêmeos não soubessem agredir e dissimular; a diferença é que cada um sabia melhor o seu gosto, coisa tão óbvia que custa escrever.”
	As metáforas politicas presentes na história começam já centrada nos irmãos, sendo que Paulo é republicano e estuda Direito, e Pedro, que é monarquista, cursa Medicina, profissão respeitada na época monárquica. O que combina, já que Pedro é dissimulado e cauteloso, e Paulo, arrojado e impetuoso, como seus sistemas. Ainda há Flora, filha de um politico oportunista, o Batista, sem opinião formada, que troca de lado diversas vezes sendo influenciado pelos conservadores e também pelos liberais.
	O que acaba acontecendo com Flora no entanto é que diante da criação da republica, o novo emprego do pai e a indecisão entre Pedro e Paulo, a jovem caracteristicamente Machadiana: misteriosa, imprevisível, firme e ingênua ao mesmo tempo, acaba ficando mentalmente perturbada com a indecisão, enxergando os irmãos como um só e sofrendo quase alucinações, até que ao final, ela morre confusa com o amor e a politica. Pode ser entendida como uma metáfora para o Brasil, sem esperança entre os interesses políticos, já que a época da história e da publicação do livro envolve períodos complicados do fim da monarquia e começo da república.
	“Até aqui nada há que extraordinariamente distinga esta moça das outras, suas contemporâneas, desde que a modéstia vai com a graça, e em certa idade é tão natural o devaneio como a travessura. Flora, aos quinze anos, dava-lhe para se meter consigo. Aires, que a conheceu por esse tempo, em casa de Natividade, acreditava que a moça viria a ser uma inexplicável.”	
	Personagens como Flora e Natividade, a mãe dos gêmeos, acabam se mostrando muito mais do que os próprios gêmeos em si, são mulher próprias da escrita de Machado de Assis e apresentam no livro mais diálogos, além de características mais intensas e marcadas do que os irmãos. O papel de Natividade, por exemplo se torna importante porque é a partir de sua consulta à adivinha no começo do livro que a história se desenrola. A mulher pergunta se os gêmeos já haviam brigado no ventre da mãe, o que fica interpretável que tal fato resultaria numa vida inteira de rixas, prevendo porém que ambos também seriam “grandes homens” quando crescessem, o que consola e tranquiliza Natividade, que se concentra nessa ultima informação com felicidade. 
	“- Serão grandes, oh! Grandes! Deus há de dar-lhes muitos benefícios. Eles hão de subir, subir, subir... Brigaram no ventre de sua mãe, que tem? Cá fora tambpem se briga. Seus filhos serão gloriosos. É só oque lhe digo. Quanto à qualidade da glória, coisas futuras!”
Natividade é forte e condescendente, mas parece se assustar diretamente com a possibilidade de os filhos acabaram passando a vida brigando, mesmo assim, viveu para Pedro e Paulo, também para a família e os seus próximos. O que e visto quando ela pede ajuda à Aires.
“Sabe que os meus dois gêmeos não combinam em nada, ou só em pouco, por mais esforços que eu tenha feito para os trazer a certa harmonia. Agostinho não me ajuda; tem outros cuidados. Eu mesma já não me sinto com forças, e então pensei que um amigo, um homem moderado, um homem de sociedade, hábil, fino, cauteloso, inteligente, instruído...”
“Pode corrigi-los por boas maneiras, fazê-los unidos, ainda quando discordem, e que discordem pouco ou nada. Não imagina; parece até propósito. Não discordam da cor da lua, por exemplo, mas aos onze anos Pedro descobriu que as sombras da Lua eram nuvens, e Paulo que eram falhas da nossa vista, e atracaram-se; eu é que os separei. Imagine em política...”
“Pode corrigi-los por boas maneiras, fazê-los unidos, ainda quando discordem, e que discordem pouco ou nada. Não imagina; parece até propósito. Não discordam da cor da lua, por exemplo, mas aos onze anos Pedro descobriu que as sombras da Lua eram nuvens, e Paulo que eram falhas da nossa vista, e atracaram-se; eu é que os separei. Imagine em política...”
É no final porém, que seu papel no conflito entre os filhos se torna ainda mais importante já que afinal ela tenta em vão, no seu leito de morte, estabelecer a paz entre os gêmeos. Sonhando com a “grandiosidade” prevista pela vidente no primeiro capitulo, ela pede aos irmãos para cessarem as brigas, o que os dois fazem por um curto período de tempo, mesmo estando em partidos opostos da nova republica, porém, a paz de Pedro e Paulo não dura muito apesar da perda recente da mãe e de Flora, e em pouco tempo, os irmãos recomeçam os desentendimentos e acabam separados para sempre, definitivamente.
“Nada era novidade para o conselheiro, que assistira à ligação e desligação dos dois gêmeos. Enquanto o outro falava, ele ia remontando os tempos e a vida deles, recompondo as lutas, os contrastes, a aversão recíproca, apenas disfarçada, apenas interrompida por algum motivo mais forte, mas persistente no sangue, como necessidade virtual. Não lhe esqueceram os pedidos da mãe, nem a ambição desta em os ver grandes homens. (...)Aires sabia que não era a herança, mas não quis repetir que eles eram os mesmos, desde o útero. Preferiu aceitar a hipótese, para evitar debate, e saiu apalpando a botoeira, onde viçava a mesma flor eterna.”
As previsões da vidente podem ser interpretadas como uma critica do autor, uma vez que os irmãos se tornaram grandes no sentido de terem profissões respeitadas em seus campos políticos e esperadas pela sociedade, um medico e outro advogado, contudo, nenhum deles revela-se um ícone no seu trabalho. 
Os irmãos são simbologias para a disputa que houve no período em que se passa a história, metáfora para os rivais políticos da época, onde os partidos brasileiros eram ou a favor da monarquia ou liberais que lutavam ou pela independência de partes do Brasil ou pela formação de uma republica, e são também uma comparação à Esaú e Jacó da bíblia, irmãos que passaram a vida brigando. Vale lembrar ainda que os irmãos são da alta burguesia. 
	Não há uma resposta correta para “com quem Flora deveria ficar” por que pelo livro não é possível julgar as características individuais dos irmãos claramente, eles parecem por fim ser um só, mesmo monarquista e republicano, as vezes não é tão diferente assim. Sua oposição extrema um do outro não os permite conhece-los por si só, estão ligados pelo Aires, pela mãe e por Flora. O autor acaba escrevendo a morte de Flora, para não escolher entre a disputa dos irmãose da politica.

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