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Mestrado Profissional em Finanças e Economia (MPFE) Disciplina: Macroeconomia Professor: Clemens Nunes (clemens.nunes@fgv.br). 3ª. Lista de Exercícios Escolha 4 questões nesta lista para serem entregues Parte I Modelo IS-PC-MR 1. Seja o modelo IS-PC-MR, onde: �� = ���� + �( � − �) Curva de Phillips com inércia � − � = − (�� − ��) IS � − � = −�(�� − ��) MR a) Qual o significado econômico de b? Desenhe as curvas de indiferença para um Banco Central bastante avesso à inflação (“cold turkey”) e um banco central menos avesso à inflação que opta por uma estratégia gradualista. O termo “b” mede a aversão do Banco Central a desvios da inflação da meta estabelecida. Quanto maior “b”, maior a aversão. Em um diagrama com inflação no eixo vertical e produto no eixo horizontal, um Banco Central bastante avesso à inflação teria curvas de indiferença pouco inclinadas, enquanto as de um Banco Central mais gradualista seriam mais inclinadas. Vide figura 3.6 do livro-texto. b) Mostre os efeitos de um choque positivo temporário de demanda que aumenta a inflação em 1 ponto percentual no diagrama IS-PC-MR. A economia se encontra em equilibrio em (re, ye), no ponto A. O choque de demanda desloca IS para IS’ e a economia vai para o ponto B. À taxa de juros re, o produto sobe para y’, o que gera uma inflacao de 3%. Dessa forma, a curva PC se desloca para PC(πI=3%). Note que essa curva precisa passar pelo ponto B’. O Banco Central quer um nível de inflação dado pelo ponto onde PC(πI=3%) cruza com a curva MR. Para atingir esse objetivo é preciso desaquecer a economia para o nível y”. Para tanto, o Banco Central estabelece uma taxa de juros r”. Essa taxa é estabelecida na IS original porque o choque, que era temporário, ja se dissipou e a curva IS voltou para a sua posição original. A economia se move para o ponto C e, a partir daí, ela se move do ponto C de volta ao ponto A por meio de sucessivos deslocamentos da curva PC, até que a economia volte para o ponto A, onde vigora PC(πI=2%). c) Mostre os efeitos decorrentes de um choque negativo de oferta, como um aumento temporário do preço dos alimentos causado por uma quebra de safra, que modifica o produto corrente, mas sem alterar o produto potencial. IS y r y π A B IS’ ye y’ y’’ re r” MR C 3% 2% B’ PC(πI=2%) PC(π I =3%) A B C A economia se encontra em equilibrio em (re, ye), no ponto A. O choque temporário de oferta tem dois efeitos: faz com que o produto caia para y’ e gera um aumento nas expectativas de inflação, o que desloca a Curva de Phillips para PC’. A economia se move para o ponto B. Note que, para um nível de produto de y’, a taxa de juros re é muito baixa para equilibrar o mercado de bens, logo há excesso de demanda no período do choque. O choque causa, assim, queda do produto e aumento da inflação (estagflação), que sobe para 3%. Assim, a curva PC se desloca novamente de PC’ para PC(πI =3%). No período seguinte ao choque, o BC leva a economia para o ponto C, onde a MR cruza com a PC(πI =3%). Note que, ao levar a economia do ponto B ao C, o BC aumenta o produto de y’ para y” mas, como o produto y” ainda está abaixo do produto potencial, é possível reduzir a inflação. A partir daí, a economia se desloca do ponto C de volta ao ponto A, por meio de sucessivos deslocamentos da curva PC ao longo da curva MR até que se volte para PC(πI =2%) e o ponto de equilíbrio A. d) Mostre os efeitos causados de um choque causado pela perda de credibilidade da autoridade monetária, que provocou um aumento permanente nas expectativas de inflação em 1 ponto percentual. Mostre os efeitos caso o banco central IS y r y π A ye y’ re r’’ MR B 3% 2% C PC(πI=2%) PC(π I =3%) A C y’’ B PC’ não sancione o choque, ou seja, continue a perseguir a mesma meta de inflação. Faça também o caso onde o banco central sanciona o choque. Sendo você o presidente do banco central, o que você faria? Considere que o produto potencial não se altera no período. Nesse caso, temos um choque permanente de expectativas, ou seja, as expectativas ficam permanentemente 1 p.p. acima da meta de inflação. Tal choque poderia ser o resultado de uma perda de credibilidade da autoridade monetária. Uma meta de inflação de 2%, por exemplo, não seria crível na visão dos agentes econômicos, que esperam uma inflação de 3%. Agora, assim como antes, a curva PC se desloca de PC(πI=2%) para PC(πI=3%), só que agora a economia permanece em PC(πI=3%), ou seja, não há mais inércia, a expectativa de inflação fica fixa em 3%. Se o Banco Central quiser continuar a perseguir a meta de 2%, ele precisará deslocar a economia para o ponto B. Entretanto, note que, quando a meta de inflação é de 2%, a regra monetária ótima é dada pela curva MR. Como o ponto B não está sobre a curva MR, o Banco Central estaria adotando uma política sub-ótima (o ponto B seria ótimo se, e somente se, a curva MR fosse horizontal). O ponto B se situa sobre a curva MR’, e essa curva representa a regra monetária ótima quando a meta de inflação é de π*. Na situação descrita no gráfico acima, manter a inflação em 2% não seria uma escolha ótima, e isso se refletiria em uma redução excessiva do produto para y”. Observe que o produto IS y r y π A ye y’’ re r’’ MR 3% 2% C PC(π I=2%) PC(π I =3%) A, C B MR’ MR’’ B r’ y’ π* cairia mais do que no caso do choque temporário (y”<y’), e que essa queda seria permanente. Caso o Banco Central sancione a mudança, a curva MR se desloca para MR”. A economia iria para o ponto C, e não haveria queda do produto, mas a inflação se estabilizaria em 3%. e) Mostre os efeitos de um choque de oferta que provoca uma queda permanente do produto potencial do país. A economia se encontra em equilibrio em (re, ye), no ponto A. O choque permanente de oferta faz com que o produto potencial caia para de ye para y’e no período do choque. Imediatamente duas coisas acontecem: MR(ye) desloca para MR(y’e) e PC(πI=2%, ye) desloca para PC(πI=2%, y’e). A economia vai do ponto A para o B. Com a queda do produto natural e com o produto em ye no período do choque, há um hiato do produto positivo, o que faz com que a inflação suba para 3% no período do choque. Com isso, a PC se desloca para PC(π I =3%, y’ e ) no período seguinte. O BC vai dar a sua resposta ótima de acordo com a nova MR. Assim, no período posterior ao choque, a economia vai para o ponto C. A partir daí, e novamente por meio de sucessivos deslocamentos da curva PC ao longo da MR, a IS y r y π A ye y’e re r’e MR(ye) 3% 2% B PC(π I=2%, ye) PC(πI=2%, y’e) A, B D MR(y’e) C r’ PC(π I =3%, y’ e ) y’ C D economia se move do ponto C para o ponto D, que é o novo ponto de equilíbrio. No novo equilíbrio, a inflação continua em 2%, mas há uma queda do produto de equilíbrio e um aumento da taxa de juros de equilíbrio. 2. Suponha que a estrutura da economia indique uma estrutura double-lag, conforme abaixo 1 1 1 ( ) ( ) t t t e t e t s y y CP y y a r r IS pi pi α − − − = + − − = − − Suponha que a função de reação do Banco central tenha por objetivo minimizar os desvios quadráticos da inflação em relação à meta em relação ( Tpi ) e do produto em relação ao produto de equilíbrio ( ey ) om um peso relativo β para inflação. a. Determine a expressão da regra monetária a ser seguida pelo Banco Central. Como a estrutura da economia é double-lag, o Banco Central minimiza � = ( ��� − �)� + �(����− ��)�. A Curva de Phillips iterada 2 períodos para frente é dada por ���� = ���� + �( ��� − �). Combinando as duas equações: � = ( ��� − �)� + ��(���� − ��) + �( ��� − �)�� Para derivar a MR, o Banco Central precisa escolher o produto do próximo período que vai minimizar sua função perda, para dado nível de inflação do próximo período, já que a estrutura é double lag e ele só afeta a inflação do período 2. Minimizando a função perda acima: �� � ��� = 2( ��� − �) + 2���(���� − ��) + �( ��� − �)� = 0 Resolvendo acima e usando novamente a Curva de Phillips: (���� − ��) = − 1�� ( ��� − �) A expressão acima é a MR. b. Suponha que a inflação observada aumentou em um ponto percentual (1p.p) . Determine qual o aumento da taxa de juros nominal recomendada pela regra monetária nos casos abaixo 1. Quando 1aα β= = = 2. 1 2a eα β= = = . Explique a intuição econômica do resultado Usando a MR econtrada acima com a CP e a IS, podemos encontrar a regra da taxa de juros. O que queremos é uma expressão para determinar a taxa de juros no período t, para dados valores da inflação e do produto também no período t. O primeiro passo é usar o ���� dado pela CP e substituir dentro da MR: ���� + �( ��� − �) − �� = − 1�� ( ��� − �) ���� − �� = −�� + 1��� ( ��� − �) A Curva de Phillips iterada 1 período para frente é dada por ���� = �� + �( � − �). O segundo passo é substituir o ���� acima dentro da MR. �� + �( � − �) − �� = −�� + 1��� ( ��� − �) A IS iterada 1 período para frente é dada por ��� − � = − (�� − ��). O passo final é substituir o termo ( ��� − �) acima dentro da MR. �� + �( � − �) − �� = �� + 1��� (�� − ��) Rearranjando os termos, obtemos uma regra de Taylor: �� − �� = 1 �� + 1��� �(�� − ��) + �( � − �)� Se = � = � = 1, então �� − �� = 0,5�(�� − ��) + ( � − �)�. Ou seja, um aumento de 1 p.p. na inflação leva a um aumento de 0,5 p.p. na taxa de juros real. Dado que ! = � + �, será preciso um aumento de 1,5 p.p. na taxa de juros nominal. Se = � = 1 " � = 2, então �� − �� = 0,67�(�� − ��) + ( � − �)�. Ou seja, um aumento de 1 p.p. na inflação leva a um aumento de 0,67 p.p. na taxa de juros real. Dado que ! = � + �, será preciso um aumento de 1,67 p.p. na taxa de juros nominal. Como o Banco Central coloca um peso maior na estabilização da inflacão do que antes, ele reagirá mais fortemente a um aumento da inflação. Parte 3 Política Fiscal 1. Uma economia tem seu defícit público em termos reais descrito pela seguinte dinâmica: 0,01 0,02( ) 0,8( )t t et t e e y y yg t y y − − = + − a. O que podemos afirmar sobre qual a instância desta política fiscal: neutra, contracionista ou expansionista? A instância da política fiscal é determinada pelo resultado fiscal ciclicamente ajustado. Este, por sua vez, é o resultado fiscal (déficit primário) obtido quando o produto está no seu nível natural. Se y& = y' = 1: g' − t' = 0,03 > 0 Dessa forma, a instância da política fiscal é expansionista. b. Determine o resultado fiscal ciclicamente ajustado? Calculado no item anterior. c. Quando y=1,02 * ey , determine o impacto dos estabilizadores automáticos? Nesse caso, o resultado fiscal é: g& − t& = 0,01 + 0,02 ∗ 1,02 − 0,8(1,02 − 1) = 0,0144 O resultado fiscal é igual ao resultado fiscal ciclicamente ajustado mais o impacto dos estabilizadores automáticos. Assim, o impacto dos estabilizadores é igual a 0,0144 − 0,03 = −0,0156. d. Responda com referência ao item c. Sabendo que a taxa de juros real média que incide sobre a dívida desta economia é de 2,5% a.a. A taxa de crescimento do PIB real no longo prazo é de 4% a.a. Sabendo que o estoque corrente da dívida é de 60% do PIB, esta trajetória da dívida é explosiva? Justifique. A mudança na proporção da dívida (∆b) é dada pela seguinte expressão: ∆b = d + 2r − γ56b, onde d é o resultado fiscal ciclicamente ajustado. A derivação dessa expressão pode ser encontrada no capítulo 6 do livro-texto. Como a taxa de crescimento do PIB é maior do que a taxa de juros, a trajetória da dívida não é explosiva. Com b = 0,6, temos que ∆b = 0,03 − 0,015 ∗ 0,6 = 0,021 > 0. Assim, a dívida vai crescer até atingir seu equilíbrio de longo prazo, dado por ∆b = 0, logo b = 7,787,7�9 = 2. Logo, a dívida cresce até atingir uma proporção de 200% do PIB, quando se estabiliza. e. Esta economia sofre uma grave restrição de financiamento por perda de receitas de exportação com seu principal produto, o que aumenta a taxa de juros para 6% a.a. e reduz a expectativa de crescimento no longo prazo para 3% a.a.. Determine qual o superávit primário que estabilizará a razão dívida/PIB. Como isto poderia ser implementado? Determine a razão dívida/PIB que a economia irá estabilizar-se no longo prazo. Queremos ∆b = 0. Assim: ∆b = d + (0,06 − 0,03) ∗ 0,6 = 0 ∴ d = −0,018 É preciso um superávit ciclicamente ajustado de 1,8% do PIB. Para implementá-lo, o governo poderia cortar gastos ou amentar impostos permanentemente. No longo prazo, com esse novo resultado fiscal ciclicamente ajustado, a dívida de equilíbrio fica em 60% do PIB. Note que nesse caso, diferentemente do anterior, a taxa de juros é maior do que a taxa de crescimento do PIB, logo esse equilíbrio é instável. Parte 4 Economia Aberta 5. O que vem a ser o trilema da impossibilidade em economia aberta? Justifique sua existência usando o Modelo Mundell- Fleming. O trilema é a impossibilidade de se conciliar uma economia aberta com perfeita mobilidade de capitais, taxa de câmbio fixa e política monetária autônoma. Suponha uma economia com câmbio fixo e perfeita mobilidade de capitais que faça uma política monetária expansionista. A curva LM0 se desloca para baixo, para LM1. Nesse ponto, no entanto, a taxa de juros interna é inferior à internacional e, como há perfeita mobilidade de capitais, há uma pressão por saída de divisas do país. Dado que o câmbio é fixo, o BC vai ter que gastar suas reservas de moeda estrangeira. Ao fazê-lo, ele vende dólares e compra reais, enxugando a base monetária. A curva LM vai subindo e a economia retorna para o ponto inicial. 6. Suponha que a taxa de câmbio £/€ (pounds/euro) está negociando ao valor de equilíbrio de médio prazo de £ 0,840/€. Inicialmente, os títulos alemães denominados em euro oferecem um retorno de 0,50% a.a. Por sua vez, títulos ingleses oferecem um retorno de 1,50% a.a. nos próximos 12 meses. Uma ação inesperada de afrouxamento quantitativo do Banco Central Europeu reduz o rendimento dos títulos alemães em 25 bp (0,25%p.p.). Determine qual o valor da taxa de câmbio £/€ imediatamente após o anúncio da política. Assuma que os agentes formam expectativa de maneira racional (2,0) Vamos utilizar a equação de paridade descoberta da taxa de juros, considerando a Alemanha como o país estrangeiro: !;< = !=>? + @;</=>? � − @;</=>? @;</=>? Usando os dados do problema e o fato de que a taxa futura é 0,84, podemos calcular a taxa de câmbio imediata: 0,015 = 0,0025 + 0,84 − @;</=>?@;</=>? @;</=>? = 0,8296 7. Mostre no diagrama de com economia aberta com mobilidade de capitais e câmbio fixo, as consequências de uma expansão fiscal em termos da taxa de juros, do produto e do balanço de bens e serviços. Suponha uma pequena economia aberta em equilíbrio no ponto A. Quando há uma expansão fiscal de IS0 para IS1, a taxa de juros sobe e fica superior à taxa de juros internacional (ponto B). Como há mobilidade perfeita de capitais, há uma entrada massiva de dólares no país e, dado que o câmbio é fixo, o governo passa a acumular reservas em moeda estrangeira. Para tal, ele compra dólares e vende reais, aumentando a base monetária de LM0 para LM1 até que a taxa de juros volte ao nível externo. Dessa forma, no ponto denovo equilíbrio C, o produto é maior, a taxa de juros é igual à taxa internacional e o balanço de bens e serviços é provavelmente deficitário, uma vez que houve expansão da absorção interna (dado que Y aumentou) sem ser seguida por expansão das exportações, dado que o câmbio não se mexeu. A contrapartida disto, dado que o BP está em equilíbrio no ponto C, é um possível superávit na conta de capitais, dado que a taxa de juros estava maior que a internacional. 8. A primeira pergunta foi discutida em sala. Veja no livro a figura 9.12 para uma apreciação cambial. Para uma depreciação a movimentação é inversa. LM desloca-se para direita . A curva UIP desloca-se para direita. A ISXM desloca-se mais lentamente vigorando uma taxa de juros nominal mais baixa que aquela de equilíbrio, que leva a uma taxa de cãmbio superior ao equilíbrio. 9. Fora da Prova 10. Fora da prova