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1 CLEUSA HELENA ROCKEMBACH MAZUIM CIÊNCIA POLÍTICA – Noções Básicas Cachoeira do Sul 2019/1 2 FICHA CATALOGRÁFICA Elaborada pelo bibliotecário Cristiano Caetano Simões – CRB10 2123 CLASSIFICAÇÃO SISTEMÁTICA Ciências Sociais 3 Ciência Política 32 Formas de Organização Política 321 Direito 34 M476c Mazuim, Cleusa Helena Rockembach Ciência Política: Noções básicas./ Cleusa Helena Rockembach Mazuim. – Cachoeira do Sul, RS: Edição Jornalista Milton Souza, 2019/1. 85 p. 1. Ciências Sociais. 2. Ciência Política. 3. Formas de organização política. 4. Direito. I. Título. CDU: 321 3 AUTORA CLEUSA HELENA ROCKEMBACH MAZUIM – Natural de Pelotas – RS, formada em Serviço Social pela Universidade Católica de Pelotas – UCPEL, em 1981. Especialista em Saúde Comunitária pela Universidade Luterana do Brasil – ULBRA Canoas, em 1992. Mestre em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS, em 2004, onde atuou no Núcleo de Pesquisa de Políticas Sociais e desenvolveu a pesquisa com o tema: Idoso institucionalizado: suporte, abrigo ou segregação, a qual deu origem ao seu primeiro livro com o mesmo nome. Foi assistente social na área do idoso por oito anos e na área da saúde pública por 20 anos, onde coordenou o Setor de Controle, avaliação e auditoria da Secretaria Municipal da Saúde do município de Cachoeira do Sul – RS. Coordenadora do Curso de Serviço Social no período de 2004 à 2013. Coordenadora da Pesquisa, Extensão e Pós-graduação da Universidade Luterana do Brasil – ULBRA Campus Cachoeira do Sul com dedicação exclusiva no período de março de 2013 à julho de 2015. Atualmente é professora na ULBRA – Campus Cachoeira do Sul. Possui aderência nas áreas de Serviço Social, Saúde Pública, Ciência Política, Metodologia Científica, Pesquisa e Empreendedorismo. 4 5 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 07 1 PLANO DE ENSINO 08 2 CONCEITOS 10 DICAS 16 3 RELAÇÃO DA CIÊNCIA POLÍTICA COM OUTRAS CIÊNCIAS 17 4 A CIÊNCIA POLÍTICA. FINALIDADE. MÉTODOS E TÉCNICAS DA CIÊNCIA POLÍTICA. 18 DICAS 29 5 OS CLÁSSICOS DA POLÍTICA 30 6 SOCIEDADE 42 7 TEORIA DO PODER 45 8 INSTITUIÇÕES POLÍTICAS – O ESTADO 52 9 O ESTADO FEDERAL NA CONSTITUIÇÃO DE 1988. ESTADO E GOVERNO 59 10 INSTITUIÇÕES POLÍTICAS – O GOVERNO – FORMAS DE GOVERNO E SISTEMAS DE GOVERNO 64 11 PARTIDOS POLÍTICOS – SURGIMENTO DOS PARTIDOS – A TIPOLOGIA DOS PARTIDOS – OS PARTIDOS NA ATUALIDADE. 68 12 SUFRÁGIO/VOTO – SUFRÁGIO RESTRITO E UNIVERSAL. RESTRIÇÕES AO DIREITO DO VOTO. SISTEMAS ELEITORAIS. 73 13 PARTICIPAÇÃO POLITICA 73 14 O ESTADO, A CONSTITUIÇÃO E AS POLÍTICAS SOCIAIS. O SOCIAL E O POLÍTICO NA CONSTITUIÇÃO DE 1988. 74 15 MOVIMENTOS SOCIAIS E GRUPOS DE PRESSÃO 77 16 MUDANÇAS POLÍTICAS NO BRASIL E NA AMÉRICA LATINA. ALTERAÇÕES SOCIOPOLÍTICAS E AMBIENTAIS DA SOCIEDADE. 78 17 AS ESTRATÉGIAS DA SUPERAÇÃO DA CRISE DO CAPITALISMO 81 17.1 SETORES DA SOCIEDADE 82 BIBLIOGRAFIA REFERENCIADA/CONSULTADA 83 6 7 INTRODUÇÃO Este material didático, ora disponibilizado, tem por finalidade orientar os alunos quanto aos conteúdos desenvolvidos na disciplina de Ciência Política que integra a matriz curricular dos cursos de Ciências Contábeis e Direito da ULBRA, desenvolvida no Campus de Cachoeira do Sul – RS, alocando-se nos primeiros semestres dos referidos cursos. É uma construção introdutória, sendo apenas o começo do aprendizado que irá se concretizando no decorrer da formação acadêmica. Material elaborado a partir de leituras dos autores citados nas referências finais e não se encontra esgotado. Profª. A.S. Ms. Cleusa Helena Rockembach Mazuim Disciplina de Ciência Política 8 1 PLANO DE ENSINO 1.1 EMENTA 1.2 OBJETIVOS DA DISCIPLINA - Proporcionar ao aluno o conhecimento e a análise dos fenômenos políticos, jurídicos e as mudanças sociais desenvolvidas ao longo da história contemporânea. As novas diretrizes normativas que, estabelecidas a partir do Direito positivo brasileiro, organizam a atividade empreendedora. - Capacitar o acadêmico para se posicionar cientificamente diante das mudanças políticas, jurídicas e sociais em curso, proporcionando a reflexão teórica sobre temas atuais em âmbito nacional e internacional. 1.3 COMPETÊNCIA - Instrumentalizar o aluno para compreender os fenômenos políticos, sociais e jurídicos mais recentes. 1.4 ABORDAGENS TEMÁTICAS - A Ciência Política. - Finalidade da Ciência Política. - Relações com outras ciências. - Métodos da ciência política. - As relações entre Poder, Direito e Estado. - Os clássicos da Ciência Política: Maquiavel, Hobbes, Locke, Montesquieu e Rousseau. - Origem e evolução do poder e do Estado. 9 - A origem do Estado. A personalidade do Estado. O objetivo do Estado. A formação do Estado no Brasil. Instituições sociopolíticas. - Democracia: formas de Estado e governo, sistemas de governo e regimes políticos. Sistemas políticas democráticos. - As principais doutrinas políticas dos séculos XIX, XX e XXI. - O Estado moderno e os direitos fundamentais. Mudanças das funções estatais na contemporaneidade. Mudanças políticas no Brasil e na América Latina. - As grandes alterações sociopolíticas e ambientais da sociedade contemporânea. O Estado, a Constituição e as políticas sociais. O social e o político na Constituição de 1988. 10 O que espero da Disciplina de Ciência Política: Sugestão de Metodologias de aula: O sábio nunca diz o que pensa, mas pensa sempre tudo que diz (ARISTÓTELES). 2 CONCEITOS Para um melhor entendimento da disciplina considera-se de fundamental importância conceituar algumas categorias que perpassam o desenvolvimento da mesma. Toda a área para se consolidar como ciência necessita possuir conceitos, para embasar o debate e sua cientificidade. Portanto, o objetivo da disciplina não é aprofundá-los, mas permitir, de forma introdutória, um conhecimento que será adentrado ao longo da formação da graduação, através das disciplinas que compõe a matriz curricular. 11 CATEGORIAS ANOTAÇÕES - Palavra de origem grega. Resulta de dois Filosofia – termos gregos: - Philia = amor, respeito, amizade. - Sophia = saber, conhecimento, sabedoria. - Modo de pensar. - Estuda as grandes correntes do pensamento. - É um conjunto de conhecimentos racionais, Ciência - certos ou prováveis, obtidos metodicamente, sistematizados e verificáveis. Conhecimento ou prática sistematizada. - São todos os procedimentos referentes a vida Política - em sociedade. Tudo aquilo que acontece nas relações sociais que envolvem o poder. - Uso trivial - Compreendem as ações, comportamentos, intuitos, manobras, entendimentos e desentendimentosdos homens (políticos) para conquistar o poder, ou uma parcela dele, ou um lugar nele: eleições, campanhas eleitorais, comícios, lutas de partidos, etc. (AZAMBUJA, 2008). - Conceituação erudita - A arte de conquistar, manter, exercer o poder, o governo (MAQUIAVEL – O PRÍNCIPE). - É o estudo da política - dos sistemas Ciência Política - políticos, das organizações e dos processos políticos. - Estuda os fenômenos do poder. Significa o estudo do poder ou das relações de poder. - Conjunto das instituições que possuem a Estado - autoridade para regular o funcionamento da sociedade dentro de um determinado território. - Entidade com poder soberano para governar um povo dentro de uma área territorial delimitada. - Todavia, definir o Estado não é uma tarefa simples. Veja a seguir algumas definições de Estado que Dallari (2005, p. 117) cita em sua Teoria Geral do Estado: • Estado é a nação politicamente organizada; • Estado é a nação juridicamente organizada; • Estado é a força material irresistível limitada e regulada pelo direito; • Estado é a unidade de dominação em que o poder é institucionalizado. 12 - Domínio, império, faculdade e jurisdição que Poder - alguém tem para executar algo ou mandar. - Exercer a autoridade. - Força a serviço de uma ideia. - É um conjunto de pessoas que vivem em Sociedade - certa faixa de tempo e de espaço segundo normas comuns e que são unidas pelo sentimento de grupo. - É uma entidade autônoma que emerge da existência da vida coletiva, possuindo características próprias que transcendem aos indivíduos que a ela pertençam. - É uma coletividade de indivíduos reunidos e organizados para alcançar um objetivo comum (LOPES, 2010). - Modelo das antigas cidades gregas, desde o Pólis - período arcaico (800 A 500 a.C.), momento em que ocorreu o desenvolvimento cultural e político) até o período clássico (Séc. V a IV a.C.) período da música erudita ocidental). - Cidade-Estado; Território localizado geograficamente no ponto mais alto da - região. - é a parte da cidade construída nas partes mais Acrópole - altas do relevo da região. Acrópolis de Atenas. - praça pública das cidades gregas onde se Ágora – realizam assembleias para debater os problemas da cidade. - O termo ideologia, conforme Cotrim (2000) foi Ideologia - criado pelo filósofo francês Destut de Tracy (1754-1836) e definido como a ciência que estuda a origem e o desenvolvimento das ideias. Com o passar do tempo, o termo assumiu várias designações, conforme a corrente filosófica que o usasse. 13 14 Sintetizando: “A política pode ser entendida como tudo aquilo que acontece nas relações sociais que envolvem o poder. É por isso que podemos definir a Ciência Política como o resultado da relação entre pessoas, uma vez que se trata de um processo social em que os indivíduos exercem alguma relação de poder com os demais. A Ciência Política busca compreender as relações de poder e suas implicações sejam entre pessoas ou grupos e instituições sociais. O poder pode ser entendido, de forma ampla, como a capacidade ou possibilidade de agir, de produzir efeitos desejados sobre indivíduos ou grupos humanos e que, para haver Estado, é necessária uma nação politicamente organizada; uma nação juridicamente organizada; uma força material irresistível limitada e regulada pelo direito e uma unidade de dominação em que o poder é institucionalizado. Para a existência do Estado, é necessária a criação de uma ideologia, isto é, um conjunto de ideias que serve para dissimular a realidade, justificando a visão de mundo, as concepções e valores do grupo social dominante” (IANOWICH, 2010). 15 Cite Instituições que compõe o Estado e suas respectivas funções. Dê exemplos de relações de poder Defina Estado Brasileiro e Brasil Entre pais e filhos. Professor e alunos. Rei e súditos. Treinador e jogadores. Patrão e empregado. Médico e paciente. Governantes e governados (Estado e sociedade). Constituição e sociedade (Poder regulado por leis). Poder econômico, poder ideológico, poder político. 16 DICAS Estado Brasileiro – é uma República Federativa comandada pelos três poderes (Executivo Legislativo e Judiciário). Brasil – país, com variedade cultural, espaço territorial com dimensões continentais. Envolve características físicas, sociais, culturais. Possui símbolos, bandeira, hino, costumes... 17 Fonte: https://canaldoensino.com.br/ RELAÇÃO DA CIÊNCIA POLÍTICA COM OUTRAS CIÊNCIAS Há entre a Ciência Política e outras ciências inter-relações estreitas. São consideradas “auxiliares”, no sentido de uma contribuição necessária (AZAMBUJA, 2011). Ciência 1. Conceito: 2. Relação com a Ciência Política – exemplo: Sociologia O fato social e a sociedade. Grupos, classes sociais, instituições, opinião pública, os regimes políticos, as ideologias, etc. Exemplo: A opinião pública sobre os Programas Governamentais; partidos políticos. Psicologia Social A opinião pública, as atitudes, o comportamento, a liderança são temas comuns entre as áreas. O que está na base dos fenômenos políticos é que os fundamentos do poder e da obediência são de natureza psicológica. Exemplo: As relações de poder Economia Área onde a Ciência Política, frequentemente, procura analogias e correlações. O conhecimento dos aspectos econômicos em que se baseia a estrutura social é fundamental, para a compreensão dos fenômenos políticos e das instituições pelas quais uma sociedade se governa. Exemplo: Taxas de juros, impostos. História Conhecimento dos acontecimentos passados. Fornece elementos de toda ordem para a Ciência Política. Ajuda a entender a origem dos sistemas, das ideias e das doutrinas políticas do passado. 18 Exemplo: Evolução Histórica do Estado. Fatos históricos. Direito Possui relações muito próximas com a Ciência Política. É a atividade do poder que dá “cor” aos fatos políticos. Essa atividade se dá por normas, que em sua maior parte é o próprio Direito, que também é um fato político. Exemplo: Leis; Constituição Federal. Relações de Poder. Geografia Humana Realiza uma leitura da sociedade, levando em conta os aspectos populacionais. Exemplos: Fluxo de migração, meio ambiente, indústria, tecnologia, turismo, agropecuária, conflitos no campo, etc. Demografia Estuda a dinâmica populacional, por meio de estatísticas que utilizam como critérios religião, educação, etnia entre outros. São influenciados por fatores como taxa de natalidade, fecundidade, migrações, etc. Exemplo: Envelhecimento populacional. Ciências Contábeis A área de Ciências Contábeis possui um campo de atuação muito abrangente. O profissional é habilitado para atuar em diversas atividades dentro da área. Exemplos: contador em instituições públicas e privadas ou em empresas sem fins lucrativos; controller nos diversos segmentos empresariais; auditor público e privado; perito contábil; fiscal de tributos; consultor; árbitro; mediador; assessor; professor ou pesquisador. Projetos de Responsabilidade Social; contabilidade em políticas públicas. 4 A CIÊNCIA POLÍTICA. FINALIDADE. MÉTODOS E TÉCNICAS DA CIÊNCIA POLÍTICA. Como já vimos anteriormente, a ciência política é o estudo da política, dos sistemas políticos, das organizações e dos processos políticos. Estuda os fenômenos do poder e suas relações.19 A finalidade da Ciência Política ainda é questionada por alguns autores. Entre os cientistas políticos as contestações são diversas. No entanto, Azambuja (2008) refere que “já há tendências comprovadas e relações indiscutíveis entre alguns fatos políticos, hipóteses que não são meras abstrações, mas aproximações da verdade”. Destaca o autor que se não houver a colaboração da ciência política para a melhoria da sociedade, outros leigos ocuparão estes espaços e os resultados poderão ser agravados para a coletividade. A ciência política concorre decisivamente para a educação cívica em sentido amplo. Não basta para ser bom cidadão, votar; é preciso conhecer, dispor de informação científica sobre os ` segredos´ e as realidades da vida política. Uma visão exata das instituições e regimes políticos, com o bem e o mal que elas contêm, traz a possibilidade de agir conscientemente para o seu aperfeiçoamento (AZAMBUJA, 2008). 4.1 MÉTODOS E TÉCNICAS DA CIÊNCIA POLÍTICA Assim como as demais Ciências Sociais, a Ciência Política utiliza-se de métodos e técnicas para caracterizar sua cientificidade. No Brasil, o rigor metodológico como mote de pesquisa tem ganhado maior espaço a partir das últimas décadas e se tornado gradativamente um dos temas de maior produção entre os pesquisadores. Pode-se considerar que o desenvolvimento da pesquisa também está relacionado à acessibilidade aos dados. Os órgãos públicos, que hospedam as maiores fontes de dados primários, têm modernizado as ferramentas de buscas e alimentado com maior frequência suas bases de informações. Além disso, a Lei Geral de Acesso à Informação de 2011 (LEI 12.527) colaborou para a desmistificação de que o acesso aos dados oficiais seria privilégios de poucos. A ciência avança na medida em que o acesso ao objeto também se amplia, favorecendo a divulgação e a publicação das pesquisas sobre métodos em Ciência Política. Como sinaliza Azambuja (2011) a “parte teórica sobre o assunto possui certa complexidade e um volume seria pouco para exposição e ensino de sua aplicação”. Frente a este argumento relataremos sucintamente o assunto, embasados na teoria de Maurice Duverger – Méthodos de la sciense politique. Método (coleta de dados) Características 20 Método de observação documental Livros, jornais, arquivos, filmes, fotografias, insígnias de partidos (sinal distintivo de função, sigla de partido), etc. Método de observação direta Extensiva Estudo de uma amostra de um pequeno número de pessoas pertencentes a uma comunidade. Do seu estudo se tiram conclusões extensivas à comunidade. Método de observação direta Intensiva Dirige-se a grupos menores, até uma só pessoa, por meio de entrevistas, testes, determinação de atitudes. Dramatização de uma situação da vida cotidiana. Quantitativo Estatística até o gráfico (empregam a matemática). Processos que procuram empregar a matemática para o conhecimento de fatos e relações. Qualitativa Percepções, motivações, opiniões, etc. Exemplos: Observar o comportamento de um grupo; entrevista por telefone. Quantiqualitativa Os conjuntos de dados quantitativos e qualitativos não Se complementam, pois a realidade abrangida por eles 21 se opõem. interagem dinamicamente, excluindo qualquer dicotomia. “A experiência comprovou que o método quantitativo, embora útil e indispensável para estudar certos tipos de procedimentos políticos, que se prestam mais para a avaliação da medida, não é muito útil para se tratar com relações vitais, como a estrutura do poder” pondera o prof. James Pollock (Presidente da Associação Internacional de Ciência Política). .Fonte: AZAMBUJA, Darcy. Introdução à Ciência Política. 2ª Edição - Revista e Ampliada. São Paulo: Globo, 2008. Outras abordagens: Estudo de caso Forma muito comum de realizar pesquisa científica em Ciência Política. Busca compreender fenômenos sociais mais complexos. Permite uma investigação para se preservar características holísticas (considerar o todo, levando em consideração as partes) e significativas dos acontecimentos da vida real. Descreve, explora, explica os fenômenos sociais e políticos. Utiliza técnicas qualitativas (observação direta e entrevistas). Históricas Investiga acontecimentos que já tenham ocorrido. Etnográficas Investiga os elementos de uma cultura específica, tais como comportamentos, crenças e valores, baseada em informações coletadas mediante trabalho de campo. Tem origem na Antropologia. Fontes: TROIANO, Mariele. REVISTA DE DISCENTES DE CIÊNCIA POLÍTICA DA UFSCAR, Vol. 2 – n.2 - 2014. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 22 A pesquisa com abordagem qualitativa investiga percepções, motivações, opiniões, etc. Utiliza instrumentos de coleta de informações que sejam abertos, permitindo a compreensão e análise do objeto investigado. Trabalha basicamente com a experiência social dos sujeitos expressa no seu cotidiano, ou seja, com a expressão de sua cultura, o que inclui modo de vida, significados atribuídos, valores, sentimentos, linguagem, representações, entre outros. Exemplos de instrumentos: Entrevista aberta, história de vida, observação não sistematizada, etc. Cite a categoria estudada que se articula diretamente com os métodos e técnicas da Ciência Política. Ciência 23 Analise os recortes de pesquisas abaixo, observando a que tipo de pesquisa se refere: 24 Ao analisarmos o recorte de pesquisa percebe-se que o Método utilizado, conforme Duverger, enquadra-se no método de Observação documental com abordagem quantitativa por tratar de uma investigação com resultados quantificáveis, através da técnica de levantamento de dados através da leitura de artigos. 25 O recorte supracitado nos remete ao Método de Observação direta extensiva, considerando que o estudo se deu em espaço de atendimento jurídico, o que nos sinaliza que a pesquisa foi realizada com uma amostra de pessoas e que os resultados nos permite estender a uma comunidade maior. Conclui-se ser uma pesquisa que utilizou técnicas como entrevistas e questionários, de abordagem quanti-qualitativa já que investiga a percepção dos sujeitos investigados, além das normas jurídicas. 26 Método de observação direta intensiva, considerando que foi aplicada a um pequeno grupo de pessoas. Visto que não é possível afirmar se as tabelas foram analisadas ou não, podemos concluir que o método utilizado é quantitativo (pois empregam gráficos e tabelas em sua pesquisa, utilizando a matemática para o conhecimento de fatos e relações). Porém, no momento em que se refere a "aspirações", subentende-se que a pesquisa pode ter o caráter ou abordagem qualitativa, pelo fato de não especificar quanto ao questionário abordado na pesquisa, se o mesmo possui questões abertas ou fechadas. 27 Método: Observação direta extensiva, considerando que as conclusões da pesquisa poderão ser extensivas a grupos maiores. Técnica: Entrevistas com abordagem qualitativa, tendo em vista investigar percepções. 28 Método: Método de Observação Direta Extensiva Abordagem: Quantiqualitativa Técnica: Análise de quantas e quais campanhas e notícias relacionadas ao Governo Federalexerceram maior impacto sobre os indivíduos na semana de pesquisa. A forma com que foram adquiridos os dados não foi especificada, podendo ser através de entrevistas, questionários, etc. Justificativa: A pesquisa fez o uso da generalização de dados estatísticos (quantas e quais campanhas) e qualitativos para verificar a percepção da conjuntura econômica e social do país por parte da sociedade. A generalização de dados é característica específica do Método de Observação Direta Extensiva, pois a interpretação deles é levada a conclusões que ultrapassam o grupo específico. Como método para a coleta de dados pode-se utilizar entrevista, questionário e formulário. 29 Dicas Importantes Para Aplicar Na Hora de Estudar 1 – Organize o ambiente: já percebeu que os ambientes exercem uma influência muito grande no nosso comportamento? Se você ficar em um ambiente com pouca iluminação, por exemplo, a tendência é ficar ocioso e pouco animado, pode observar. A mesma coisa acontece em relação aos seus estudos. Antes de encarar os livros, é interessante preparar bem o ambiente para que você seja bem produtivo, olha só algumas dicas: 1.1 - Iluminação: Principalmente, se você puder estudar somente à noite, você precisa ter um quarto com boa iluminação. Prefira luzes frias, que são mais claras e dão mais disposição. Evite luzes quentes (amarelas) elas “roubam” sua produtividade. 1.2 - Espaço: Quanto mais espaçoso e arejado o lugar para estudos, melhor. Você precisa se sentir o mais confortável possível. Lembre-se de escolher um local limpo e organizado para garantir que sua concentração funcione. 1.3 - Silêncio: Tente encontrar um lugar livre de ruídos e qualquer outro barulho que possa desviar sua atenção. Se necessário, fuja para um local ao ar livre que fique longe de barulhos. 2 – Se desligue: Pense que o seu momento de estudo é sagrado. Portanto, nada de levar o celular para o quarto de estudos. Fique longe da televisão, internet e telefone. Reserve o momento somente para se dedicar aos estudos, qualquer interrupção arruinará totalmente seu planejamento para estudar. 3 – Prepare seu corpo: Estudar já não é uma tarefa fácil e se você não tiver disposição, fica tudo ainda mais difícil. Para isso, você precisa preparar o seu corpo. Durma o suficiente para encarar o dia com disposição total, se alimente bem para nutrir seu organismo e o cérebro. Não faça esforços físicos para não perder a disposição. Tudo isso refletirá positivamente em seu desempenho, pode ter certeza. 4 – Faça um planejamento: Antes de qualquer coisa, você precisa seguir um planejamento e uma rotina para que tudo aconteça como você deseja. Defina dias e horários que serão reservados exclusivamente para os estudos. Desta maneira, você sentirá que tem um compromisso a cumprir. Anote em uma agenda, no calendário do celular ou use um quadro branco de anotações para não esquecer. 5 – Não se cobre: Se cobrar muito ou se desesperar no momento de estudar, não ajuda em nada. Ao contrário, somente deixa o seu cérebro mais carregado e indisposto a absorver informações. Estude no seu tempo, absorva informações moderadamente e não tente ultrapassar o tempo de estudos que você programou. O objetivo não é se exaustar mentalmente e sim absorver conhecimentos de maneira eficiente. Fonte: https://canaldoensino.com.br/blog/7-metodos-de-estudo-que-podem-facilitar-muito-sua-vida 30 5 OS CLÁSSICOS DA POLÍTICA – Maquiavel, Hobbes, Locke, Montesquieu e Rousseau. A evolução da Ciência Política é considerada um campo de estudo primordial para a organização humana. Estuda a atividade humana em prol da otimização da sociedade, da política, entre outras categorias vinculadas ao Poder. Autores importantes da história trouxeram contribuições fundamentais para a evolução da Ciência Política, dentre eles temos os contratualistas que defendiam basicamente um contrato social para a melhor estrutura da sociedade. Nicolau Maquiavel (1469 – 1527). Thomas Hobbes (1588 – 1679). John Locke (1632 – 1704). 31 Montesquieu (1689 – 1755). Jean Jacques Rousseau (1712 – 1778). 32 33 Resumo do Livro - O Príncipe (em italiano, Il Príncipe). É um livro escrito por Nicolau Maquiavel em 1512, cuja primeira edição foi publicada postumamente em 1532. Toda ação é designada em termos do fim que se procura atingir. - O Príncipe é dirigido a um príncipe que esteja governando um Estado, e o aconselha sobre como manter seu governo da forma mais eficiente possível. Essa eficiência é a ciência política de Maquiavel. - Começa descrevendo os diferentes tipos de Estado e como cada tipo afeta a forma de governo do príncipe. Também ensina como um príncipe pode conquistar um Estado e manter o domínio sobre ele. Ex: Principados hereditários por já estarem afeiçoados a família do príncipe são mais fáceis de mantê-los. - O difícil é manter 34 os principados novos que na verdade não são novos, e sim mistos por terem sido incorporados a um Estado hereditário. Consideram-se inimigos do príncipe todas as pessoas que se sentiram ofendidas com a ocupação do principado. - Maquiavel apresenta os problemas e as dificuldades, e isso tudo é demonstrado de uma forma que parece não haver solução. Porém, logo em seguida ele apresenta não só a solução para os problemas como também conselhos, os quais o governante deve seguir se quiser ser bem sucedido. Se um príncipe anexa um Estado a outro mais antigo, e sendo este da mesma província e da mesma língua, ele será facilmente conquistado. Porém, para mantê-lo deve-se extinguir o sangue do antigo governante e não alterar as leis nem os impostos. Agindo dessa forma, em pouco tempo está feita a união ao antigo Estado. - Também numa província diferente por línguas, costumes e leis, faça-se o príncipe de chefe e defensor dos mais fracos, e trate de enfraquecer os poderosos da própria província, e de salvaguardar-se para que não entre um estrangeiro tão poderoso quanto ele. - Maquiavel afirma que quando se utiliza as colônias, os únicos prejudicados serão aqueles que perderem suas terras, mas estes sendo minoria não poderão prejudicar o príncipe, ou seja, o meio utilizado para se fazer as colônias pode até não ser o mais correto, mas se o fim for bom, o meio foi justificado. – Outro ponto interessante é quando o autor diz que o príncipe deve se fazer defensor dos mais fracos. O que na verdade ocorre hoje em dia, pois muitos políticos se utilizam dessa tática para conquistar a confiança do povo e conseguir mais votos. - Outro detalhe muito importante que pode ser percebido no decorrer de toda obra são os exemplos históricos. Maquiavel fundamenta toda a sua teoria na história dos grandes homens e dos grandes feitos do passado, afirma que um príncipe deve seguir os passos desses homens poderosos, que alguma coisa sempre se aproveita. O aspecto marcante de sua obra é quando são tratados os meios de se tornar príncipe, que podem ser dois: pelo valor ou pela fortuna. Entretanto ele adverte que aqueles que se tornaram príncipes pela fortuna tem muita dificuldade para se manter no poder. Porém, a fortuna e o valor não são as únicas formas de se tornar príncipe. Existem outras duas: pela maldade e por mercê do favor de seus conterrâneos. - É melhor ser amado ou temido? A resposta de Maquiavel é que o melhor é ser as duas coisas, mas como é difícil reunir ao mesmo tempo essas duas qualidades, é muito melhor ser temido do que amado, quando se tenha que falhar numa das duas. - Há na obra um esboçode sugestão de que o novo príncipe terá chegado ao poder, devido a uma conjugação do destino com o próprio valor e de que, para conservar o controle, ele será obrigado a agir com grande sutileza? e mesmo com astúcia e crueldade. - No capítulo inicial d´O Príncipe, Maquiavel postula haver duas principais vias pelas quais se adquire um principado pelo exercício da virtú ou pelo dom da fortuna. Algumas figuras maquiavélicas? Moisés, Ciro e Rômulo? "criaram grandes e duradouras instituições", devido à virtú. Já a decadência de Cesare Borgia foi decorrente da fortuna que o abandonou. Por intermédio de uma história comparada, Maquiavel conclui que apenas por meio da virtú um príncipe pode vencer a instabilidade da fortuna e assim conservar seu estado. A um príncipe pouco devem importar as considerações se é amado pelo povo, mas, quando este é seu inimigo e o odeia, deve temer tudo e a todos. Fonte: http://resumos.netsaber.com.br/resumo-40376/o-principe 35 36 37 38 39 40 SINTETIZANDO Os clássicos da Ciência Política - Maquiavel, Hobbes, Locke, Montesquieu e Rousseau são chamados de contratualistas, por acreditarem em um contrato social. Cada um via o Estado de uma forma bem particular: Maquiavel (1469 – 1527) concebe um Estado forte, cujo representante não se submete ao controle da moral e da religião; Hobbes (1588 – 1679) concebe um poder ligado à força e ao absoluto e baseado em um contrato de submissão do homem ao Estado; Locke (1632 – 1704) aponta o contrato social como um pacto de consentimento, em que os homens se colocam debaixo das leis para preservar e consolidar seus direitos naturais; Montesquieu (1689 – 1755) defende a separação dos poderes que pode frear os abusos; Rousseau (1712 – 1778) afirma que a desigualdade não é apenas natural, mas é também fruto de um contexto social e, portanto, mutável por meio da participação popular. Fonte: (IANOWICH, Antonio. Ciência Política. s/e, 2010). Maquiavel Hobbes Locke Rousseau Montesquieu Realismo Político Absolutista Estado Liberal Democracia Direta Separação dos Poderes Estado Natural Contrato Social Estado Civil (Governo). ATIVIDADE SOBRE OS CLÁSSICOS DA POLÍTICA Estado d Leia as assertivas. I. Maquiavel se preocupava em entender a realidade política da sua época e buscar meios para contribuir cientificamente, analisando a realidade como acontece na prática e não como deveria ser. Nicolau Maquiavel – Maquiavélico – Maquiaveliano - Príncipe Virtú (virtude); príncipe Fortuna (sorte) - 2013 – 500 anos da obra de Maquiável - 1469-1527 – Florença. Maquiavel – sinônimo de esperteza. Para se manter no poder - Maquiavel era um realista porque se preocupava em entender a realidade política da sua época. II. Hobbes justifica a existência do Estado absolutista por entender que o homem em seu estado de natureza é selvagem e instintivo, de modo que necessita de uma instituição superior como o Estado, para conter os ânimos e permitir o equilíbrio social. 1588 – Obra Leviatã – figura mitológica - serpente 41 III. John Locke considera a necessidade da instituição do Estado quando percebe que a sociedade no seu estado de natureza se vê impotente frente aos desafios, mesmo o homem sendo detentor de certos direitos fundamentais. Porém esse Estado deve preservar os direitos naturais fundamentais e consolidá-los. Estado Liberal - Propriedade privada. O que o Homem conquista. O Estado garante a posse do que conseguiu - Idade Moderna – Domínio razão – Renascimento – Iluminismo Busca do conhecimento pela razão IV. Jean Jacques Rousseau – 1712/1778 - século XVIII defende um Estado voltado para os interesses de poucos. Ele defende a participação da sociedade, por meio de sua elite pensante e é considerado um precursor dos princípios básicos do regime democrático na modernidade. Sociedade nociva – necessidade do Estado Assinale a opção que retrata as assertivas corretas e justifique as opções incorretas. a) I e II, apenas b) I, II e III, apenas c) II e IV, apenas d) Todas as assertivas são verdadeiras Comente a atividade: A opção IV está incorreta porque Rousseau defende um Estado com princípios básicos do regime demoico com participação ampla da sociedade. Ele critica as desigualdades existentes no sistema, considerando esta como fruto do contexto social. Para Rousseau a vontade geral é a que prevalece e não apenas a vontade dos representantes do povo. 42 6 SOCIEDADE 6.1 CONCEITO E TEORIAS DE ORIGEM. SOCIEDADE E SEUS ELEMENTOS. 6.1.1 Conceituando Sociedade “Todo o complexo de relações do homem com seus semelhantes” sinalizaTalcott Parsons. “Complexo de relações pelo qual vários indivíduos vivem e operam conjuntamente, de modo a formarem uma nova e superior unidade”, conforme Giorgio Del Vecchio. “Conjunto de pessoas que vivem em um determinado território, seguindo normas comuns” (LIMA, S/D). “Coletividade de indivíduos reunidos e organizados para alcançar um objetivo comum (LOPES, 2010)”. TEXTO - LOPES, A.L. Noções de Teoria Geral do Estado. Belo Horizonte: s/e 2010. O texto nos reporta aos seguintes assuntos: conceito, teorias da origem da sociedade. A sociedade e seus elementos característicos, teoria que nega o poder social e configurações atuais do poder. Sociedades políticas e finalidade das sociedades. A SOCIEDADE CONCEITO – Sociedade é uma coletividade de indivíduos reunidos e organizados para alcançar um objetivo comum. ORIGEM DA SOCIEDADE – Existe a ideia ou teoria da sociedade natural, fruto da própria natureza humana, bem como a que sustenta que a sociedade é tão-somente a consequência de um ato de escolha. TEORIAS DA ORIGEM DA SOCIEDADE I - TEORIA DA SOCIEDADE NATURAL – É a que tem maior número de adeptos e a que exerce maior influência na vida concreta do Estado sem, contudo, excluir a participação da consciência e da vontade humana. No século IV a. C., Aristóteles afirmou que “o homem é naturalmente um animal político”. Para ele só o indivíduo de natureza vil ou superior ao homem procuraria viver isolado dos outros homens sem que a isso fosse constrangido. Quanto aos irracionais, que também vivem em permanente associação, preleciona Aristóteles, constituem 43 meros agrupamentos formados pelo instinto, pois, o homem, dentre todos os animais, é o único que possui a razão, o sentimento do bem e do mal, do justo e do injusto. Neste mesmo sentido, Cícero afirmava que “a primeira causa da agregação de uns homens a outros é menos a sua debilidade do que um certo instinto de sociabilidade em todos inato; a espécie humana não nasceu para o isolamento e para a vida errante, mas com uma disposição que, mesmo na abundância de todos os bens, a leva a procurar o apoio comum.” Assim, não seriam as necessidades materiais o motivo da vida em sociedade, havendo, independente dela, uma disposição natural dos homens para a vida associativa. Complementando Aristóteles, São Tomás de Aquino afirmava que a vida solitária é exceção, que pode ser enquadrada numa de três hipóteses: excellentia naturae, quando se tratar de indivíduo notavelmente virtuoso, que vive em comunhão com a própria divindade, como ocorria com os santos eremitas; corruptio naturae, referente aos casos de anomalia mental; mala fortuna, quando só por acidente, como no caso de naufrágio ou de alguém que se perdesse numa floresta,o indivíduo passa a viver em isolamento. Modernamente, são muitos os autores que se filiam a esta corrente, como o italiano Ranelletti, que dizia: “só na convivência e com a cooperação dos semelhantes o homem pode beneficiar-se das energias, dos conhecimentos, da produção e da experiência dos outros, acumuladas através de gerações, obtendo, assim, os meios necessários para que possa atingir os fins de sua existência, desenvolvendo todo o seu potencial de aperfeiçoamento, no campo intelectual, moral ou técnico.” II – TEORIA DA SOCIEDADE CONTRATUALISTA, que sustenta que a sociedade é tão-somente o produto de um acordo de vontades, um contrato hipotético celebrado entre os homens, onde estes transferem mutuamente direitos, que é cumprido por temor ao castigo imposto pelas normas. Aparece claramente proposto por Thomas Hobbes na obra “Leviatã” publicada em 1651, na obra de Rousseau, “O contrato Social”, em 1762. Assim, deve-se conceber o homem sempre como homem social. A SOCIEDADE E SEUS ELEMENTOS CARACTERÍSTICOS - Devido ao pluralismo social, é necessário estabelecer uma caracterização geral das complexas sociedades, delineando os pontos em comum através da análise do conjunto de regras de atuação de cada uma delas. DALLARI sugere que o aludido estudo considere necessário, para que o agrupamento humano seja reconhecido como sociedade, os seguintes elementos: a finalidade ou valor social, as manifestações de conjunto ordenadas e o poder social. a) FINALIDADE SOCIAL OU VALOR SOCIAL – Pela concepção Tomista (Tomás de Aquino) esposada por DALLARI, o homem tem consciência de que deve viver em sociedade e procurar fixar, como objetivo da vida social, uma finalidade condizente com suas necessidades fundamentais e com aquilo que lhe parece ser mais valioso. Desta maneira, a finalidade social escolhida pelo homem é o bem comum, que consiste no conjunto de todas as condições de vida que possibilitem e favoreçam o desenvolvimento integral da personalidade humana. b) MANIFESTAÇÕES DE CONJUNTO ORDENADAS (ORDEM SOCIAL E ORDEM JURÍDICA) – Para a consecução dos objetivos da sociedade, há necessidade de que os membros da sociedade se manifestem através de ação conjunta permanentemente reiterada, atendendo a três requisitos: reiteração, ordem e adequação. REITERAÇÃO - Tendo em vista que em cada momento e lugar surgem fatores que influem na noção de bem comum, é indispensável que os membros da sociedade se manifestem em conjunto reiteradamente visando à consecução de sua finalidade, sendo necessário, para que haja o sentido de conjunto e se chegue a um rumo certo, que os atos praticados isoladamente sejam conjugados e integrados num todo harmônico, surgindo aqui a 44 exigência de ordem. ORDEM – As manifestações de conjunto se reproduzem numa ordem, para que a sociedade possa atuar em função do bem comum. Esta ordem é regida por leis sujeitas ao princípio da imputação, não exclui a vontade e a liberdade dos indivíduos, uma vez que todos os membros da sociedade participam da escolha das normas de comportamento social. ADEQUAÇÃO - Para que seja assegurada a permanente adequação é indispensável que não se impeça a livre manifestação, a expansão das tendências e aspirações dos membros da sociedade no sentido de orientar suas ações no que consideram o seu bem comum. c) PODER SOCIAL – Para se chegar a uma noção do poder é importante apontar algumas características: Socialidade, o poder é um fenômeno social, jamais podendo ser explicado pela simples consideração de fatores individuais; bilateralidade, indicando que o poder é sempre a correlação de duas ou mais vontades, havendo uma que predomina. Existe a teoria que nega a necessidade do poder social, os anarquistas, representados por Diógenes, originada dos filósofos da Grécia antiga (século V e VI a. C) chamados Cínicos, pregando que o homem deve viver de acordo com a natureza, sem se preocupar em obter bens, sem respeitar convenções ou instituições sociais. Outra demonstração de anarquismo está no Cristianismo, apontando os próprios evangelhos inúmeras passagens que condenam o poder de uns sobre os outros, pregando a fraternidade universal. Com Santo Agostinho surgiu a mais avançada expressão do anarquismo cristão em sua obra “Da cidade de Deus”. Daí para frente começaria a tomar corpo a ideia de que a Igreja deveria assumir o poder temporal com a finalidade de formar um grande Império Cristão. Enfim, todas as teorias propostas podem ser reduzidas a duas: Teorias Religiosas revelam a presença de uma crença capaz de influir poderosamente na ação humana; Teorias Econômicas, as que indicam a predominância de um fator de natureza econômica, na base da diferenciação entre governantes e governados. Devido ao excessivo apelo à violência o anarquismo foi perdendo adeptos e é com os Contratualistas que a ideia de povo, como uma unidade, fonte de direito e de poder, toma força, chegando-se à afirmação da existência de uma vontade geral e de direitos sociais, situados na base de toda a organização social. Para se aferir a legitimidade do poder Max Weber indica três hipóteses: O Poder Tradicional, característico das monarquias, que independem da legalidade formal; O Poder Carismático, que é aquele exercido pelos líderes autênticos, que interpretam os sentimentos e aspirações do povo; O Poder Racional, exercido pelas autoridades investidas pela lei, havendo coincidência necessária, apenas neste caso, entre a legitimidade e a legalidade. As configurações atuais do poder e seus métodos de atuação estão sintetizadas em: 1- O poder, reconhecido como necessário, quer também o reconhecimento de sua legitimidade, o que se obtém mediante o consentimento dos que a ele se submetem; 2- Embora o poder não chegue a ser puramente jurídico, ele age concomitantemente com o direito, buscando uma coincidência entre os objetivos de ambos; 3- Há um processo de objetivação, que dá precedência à vontade objetiva dos governados ou da lei, desaparecendo a característica de poder pessoal; 4- Atendendo a uma aspiração à racionalização, desenvolveu-se uma técnica do poder, que o torna despersonalizado (poder do grupo, poder do sistema), ao mesmo tempo em que busca meios sutis de atuação, colocando a coação como forma extrema. Assim, Poder Social consiste na faculdade de alguém impor a sua vontade a outrem. SOCIEDADES POLÍTICAS - São sociedades políticas todas aquelas que, visando criar condições para a consecução dos fins particulares de seus membros, ocupam-se da totalidade das ações humanas, 45 coordenando-as em função de um fim comum. A sociedade política de maior importância devida a sua capacidade de influir e condicionar, bem como sua amplitude é o ESTADO. Considerando a finalidade das sociedades, existem duas espécies de sociedade: a) Sociedades de fins particulares, que têm a finalidade definida voluntariamente por seus membros, visando direta e imediatamente o objetivo que inspirou sua criação, por ato consciente e voluntário; b) Sociedades de fins gerais, cujo objetivo, indefinido e genérico, é criar as condições necessárias para que os indivíduos e as demais sociedades, que nela se integram, consigam atingir seus fins particulares. Estas sociedades de fins gerais, denominadas sociedades políticas, não se prendem a um objetivo determinado e não se restringem a setores limitados da atividade humana buscando integrar todas as atividades sociais que ocorrem no seu âmbito. 7 TEORIA DO PODER Existe no interior da Ciência Política uma discussão acerca do objeto de estudo dessa ciência, que, para alguns, é o Estado e, para outros, o Poder. Considerar o Estado como objeto de estudo, seria restringi-loe o Poder o ampliaria. A posição da maioria dos cientistas políticos é a visão mais abrangente, ou seja, o objeto de estudo da Ciência Política é o Poder (DUVERGER, 1917). O texto “O conceito de poder” de Souza (2007) nos indica que o poder é um tema rico e controverso e que as teorias políticas se baseiam em concepções diferenciadas do poder, tanto para Filósofos como para Cientistas Políticos. Para alguns é “algo a ser vencido, extirpado, um mal que corrompe os homens e destrói a verdade” para outros o poder é “constitutivo das relações sociais, portanto é necessário racionalizar sua aplicação”. 46 É um termo de certa complexidade, considerando os temas, questões e realidades que a ele se associam. O sentido da palavra poder, segundo Bobbio (1987) significa força, potência e se originou do termo grego Kratos. Há a variação latina cracia que está presente nas mais diversas formas de governo associadas à gestão do Estado. 7.1 FORMAS DE GOVERNO. Aristocracia - Governo no qual o controle fica nas mãos de uns poucos cidadãos ricos e socialmente importantes. O termo vem do grego e significa governo dos melhores. Autocracia - Tipo de governo em que uma pessoa ou um grupo de pessoas detém o poder completo sobre uma nação. Burocracia - organização humana baseada na racionalidade (MAX WEBER), ou seja, os meios devem ser analisados e estabelecidos de maneira totalmente formal e impessoal, a fim de alcançarem os fins pretendidos. Democracia - Regime em que o governo é exercido pelos cidadãos, quer diretamente, quer por meio de representantes eleitos por esses mesmos cidadãos (AZAMBUJA, 2011, p.245). Fisiocracia - Consideravam o sistema econômico, como um organismo regido por leis intrínsecas ao cosmo. 47 Monarquia - Forma de governo em que o monarca governa um país. Oclocracia – Governo em que o poder reside nas multidões ou na população. Oligarquia - Imposta pelas multidões ao poder legítimo (modelo não formal de governo - administração crítica das instituições). Timocracia - É uma teoria constitucional que propõe que somente os donos de terra podem participar do governo, onde a honra é o princípio dominante. Entre força e poder existe uma diferença. Potência remete a capacidade de um sujeito em realizar algo, ainda que a expectativa se frustre. O poder são condições cncretas para impor uma vontade. FORMAS PURAS FORMAS IMPURAS MONARQUIA - forma de governo em que o monarca governa um país. TIRANIA – Quando a monarquia se corrompe. ARISTOCRACIA – Governo no qual o controle fica nas mãos de uns poucos cidadãos ricos e socialmente importantes. OLIGARQUIA – Quando a aristocracia se corrompe. DEMOCRACIA – o governo é exercido pelos cidadãos, quer diretamente, quer por meio de representantes eleitos. DEMAGOGIA – Quando a democracia se corrompe. 48 7.2 TEORIA DO PODER Os pensadores políticos classificam a teoria do poder em três grupos (SOUZA, 2007): 1) Os Substancialistas “O ponto de vista mobilizado é de que o poder é uma substância, um bem, um conjunto de elementos externos ao homem”. “O poder é, portanto, um meio de que alguns se apropriam para obter um determinado fim”. O poder como substância varia conforme o contexto histórico. Pré-História: produção do fogo. Outro momento: domesticar cavalos. Outros elementos: inteligência, riqueza econômica, símbolos religiosos, as armas, etc. Características Caráter vertical e assimétrico; Unilateral (Agente A para o receptor B); Coerção: poder pela força 2) Os Subjetivistas “O poder é um atributo de determinados seres humanos, uma capacidade, uma prerrogativa que os coloca em condição de influenciar o comportamento de outros homens” (SOUZA, 2007). Exemplos de “Atributos subjetivos”. – “Força, inteligência, astúcia, eficiência – ganham objetividade ao serem reconhecidos e referendados pelo coletivo”. Características “Perspectiva liberal”. “A competição entre os indivíduos possibilita que os mais aptos se destaquem e ocupem as posições hierarquicamente superiores” (SOUZA, 2007). Locke entende o poder como um atributo subjetivo. 49 TALCOTT PARSONS (1902-1979) O sociólogo Talcott Parsons adota uma visão mais amena sobre o poder que opera na sociedade moderna, partindo da distinção feita por Weber, entre força e poder legítimo. “Não reconhece o papel importante que a coerção desempenha nas sociedades (democráticas)”. Refere que o que possibilita o ordenamento da vida coletiva são os fatores: tradição, costumes, crenças. Não enfatiza a dimensão coercitiva do poder e valoriza a ideia de que o poder se exerce a partir de uma autoridade consentida – não poder. 3) Teoria do Poder relacional A característica fundamental da teoria do Poder Relacional é que “um elemento obtém sucesso ao provocar o comportamento do outro, o qual não aconteceria sem estar intervenção”. Evidencia-se que, a partir da concepção de poder relacional, o homem é sujeito e, ao mesmo tempo, objeto do poder. “O fundamental não são os meios materiais do exercício do poder e sim a relação de convencimento que se estabelece, ou não entre dois atores sociais” (STOPPINO, 1993). 7.3 O PODER LEGÍTIMO No que se refere a dominação legítima Max Weber elaborou uma classificação que compreende três tipos “puros”, sendo elas: De Caráter racional O agente é a autoridade legalmente constituída. É o poder legal encontrado nas sociedades modernas. Aposta no ordenamento jurídico, que submete a todos em igual grau. As autoridades e os cidadãos obedecem aos princípios legalmente constituídos. Pacto entre os membros da sociedade pela busca de um interesse comum. Execução do poder – corpo de funcionários selecionados pela competência (burocracia). 50 “A pretensão moderna é abolir a dominação, uma vez que os cidadãos não obedecem ao poder pessoal do outro e sim à autoridade juridicamente estabelecida”. “Complicador – acesso desigual aos recursos disponíveis para acessar aos cargos de poder”. O baseado na tradição. O exercício do poder vinculado à crença arraigada no costumes sedimentados e herdados. Administração do poder patriarcal. Patrão – agente de poder/mandatário – fidelidade pessoal. Dominados – súditos. E o fundado no carisma. O poder é considerado pelo caráter heroico, sagrado. Algum valor supremo através de ações no campo religioso, militar ou no enfrentamento de alguma provação. Os súditos assumem como dever a obediência ao líder carismático. Na administração do poder, o líder valoriza a presença de homens de confiança e não a competência. Caráter radical e preenche amplamente a vida dos seguidores. Sintetizando Segundo os autores pesquisadores o termo poder é rico e controverso. As controvérsias sobre a definição do conceito de poder estão atreladas a várias questões relacionadas ao grau de proximidade que ele guarda com a coerção. O tenso projeto democrático constrói o poder como um problema paradoxal. 51 Fonte: ENADE 2012 52 Responda as questões abaixo com base no texto: “O conceito de poder”. 1. Qual a diferença entre potência e poder? 2. Qual o significado de disciplina para Max Weber? Disciplina significa a capacidade de impor a vontade numa relação de forma automática, 3. O que significa dizer: “Parsons dissolve o poder na autoridade”? Trata-se de uma crítica a Parsons por não enfatizar a dimensão coercitiva do poder e em demasia a ideia de que o poder se exerce a partirde uma autoridade consentida; é q 8 INSTITUIÇÕES POLÍTICAS – O ESTADO O conceito de Estado tem sido adotado por inúmeras correntes teóricas, resultando em conclusões diversas. A denominação Estado (do latim status = estar firme), significando situação permanente de convivência e ligada à sociedade política, aparece pela primeira vez em “O Príncipe” de Maquiavel em 1513. Passou a ser usada pelos italianos sempre ligada ao nome de uma cidade independente. Durante os séculos XVI e XVII, a expressão foi sendo admitida em escritos franceses, ingleses e alemães. Na Espanha, até o século XVIII, aplicava-se a denominação de Estados a grandes propriedades rurais de domínio particular, cujos proprietários tinham poder jurisdicional. O nome Estado indicando uma sociedade política, só aparece no século XVI, mas alguns autores não admitem a existência do Estado, antes do século XVII, considerando 1648 a data oficial em que o mundo ocidental se apresenta organizado em Estado. 8.1 ORIGEM DO ESTADO 8.1.1 Época do surgimento Apesar de existirem várias teorias sobre a época do surgimento do Estado, estas podem ser reduzidas a três posições fundamentais (DALLARI, 2016). 53 1) O Estado sempre existiu, assim como a própria sociedade, visto que o homem desde que vive na terra está integrado numa organização social dotada de poder e com autoridade para determinar o comportamento social de todo o grupo. 2) A sociedade existiu sem o Estado durante um certo período e depois, por motivos diversos, foi se constituindo o Estado para atender as necessidades de grupos sociais. 3) Só ocorreu a partir do século XVII com características bem definidas. Aparece no Estado moderno com a prática da soberania. 8.1.2 Causas determinantes As causas determinantes do aparecimento do Estado nos são sinalizadas pelas seguintes teorias: 1) Origem familial ou patriarcal – o estado como desmembramento da autoridade dentro das relações familiares e baseado nas tradições. 2) Origem em atos de força, de violência ou conquista – também chamada de origem violenta do Estado. A organização política resultou do poder de dominação dos mais fortes sobre os mais fracos. 3) Origem em causas econômicas ou patrimoniais – o acúmulo de riquezas individuais deteriorou a convivência harmônica, surgindo a necessidade do reconhecimento de novas formas de aquisição da propriedade. 4) Origem no desenvolvimento interno da sociedade – as sociedades que atingiam um certo grau de desenvolvimento e alcançam uma certa complexidade têm absoluta necessidade do Estado. Existem duas teorias sobre a formação originária do Estado: a formação natural, afirmando que o Estado se formou naturalmente e não por ato voluntário e a formação contratual, afirmando que o Estado se formou de um acordo de vontades de alguns homens ou de todos. 8.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO ESTADO Conforme Dallari (2016) a verificação da evolução histórica do Estado significa a fixação das formas fundamentais que o Estado tem adotado através dos séculos. Nos quadros abaixo citaremos, sucintamente, as fases em que os autores tratam do assunto. 54 55 56 57 58 O Estado é a mais importante de todas as instituições políticas. O Estado Moderno possui três elementos constitutivos, são eles: governo (soberania); território e população (povo). Muitos autores citam a soberania como uma das características, mas esta integra o elemento governo. - POVO ou POPULAÇÃO - é o conjunto de indivíduos que possuem um vínculo jurídico com o Estado, o que se dá através do nascimento ou naturalização. A NACIONALIDADE é o conjunto de vínculos jurídicos entre alguém e determinado Estado, integrando o indivíduo ao povo de um país. - TERRITORIO - É a base espacial do poder jurisdicional do Estado onde este exerce o poder coercitivo estatal sobre os indivíduos. Inclui: Terra firme; subsolo; águas internas (rios, lagos e mares internos); mar territorial; plataforma continental e espaço aéreo. - GOVERNO é a instância máxima da administração pública, ou seja, do Poder Executivo do Estado. - SOBERANIA - É a qualidade que torna o poder do Estado supremo internamente e igual e independente em relação aos demais Estados na esfera internacional. 59 Sem esses três elementos não há Estado. O Estado é dotado de um requisito - a Soberania. Se população, território e governo formam um estado que não é soberano é outra categoria de Estado – não soberano. Na Ciência Política nos ocupamos, sobretudo, com os Estados Soberanos. A finalidade do Estado é o Bem Comum, entendido este como o conjunto de todas as condições de vida que possibilitem e favoreçam o desenvolvimento integral da personalidade humana. 9 O ESTADO FEDERAL NA CONSTITUIÇÃO DE 1988. ESTADO E GOVERNO André Luiz Lopes Através da redemocratização do Brasil, numa transição política pacífica, foi efetivada a Emenda Constitucional nº 26 convocando a Assembleia Nacional Constituinte, composta pela Câmara dos Deputados e Senado Federal, para a partir de 1º de fevereiro de 1987 elaborar o novo texto constitucional. A Constituição de 1988 cria o paradigma do Estado Democrático de Direito, que pressupõe a vinculação dos atos estatais e do legislador à Constituição Federal, seguindo os seguintes princípios: A República Federativa do Brasil tem a soberania popular como substrato da soberania interna e externa e estrutura constitucional do Estado democrático de direito; Forma de governo em república presidencialista e separação de poderes independentes e harmônicos entre si; Princípios de livre organização social, cidadania, dignidade da pessoa humana, pluralismo político, representação política, soberania popular através de participação direta; Desenvolvimento nacional, da justiça social e da não discriminação; Independência nacional, respeito e garantia aos direitos fundamentais da pessoa humana, da não intervenção em conflitos internacionais, igualdade e reciprocidade dos Estados soberanos, da solução pacífica dos conflitos internacionais, defesa da paz, do repúdio ao racismo e terrorismo, cooperação entre os povos e integração da América Latina. A Constituição de 1988 introduziu novos fundamentos ao federalismo brasileiro incluindo o Município entre os entes que compõem a União indissolúvel da República Federativa do Brasil, adquirindo autonomia constitucional, receitas próprias, poder de auto-organização mediante elaboração de Lei Orgânica. Foi modernizada a repartição de competências entre os entes federativos, cabendo à União matérias e questões de predominante interesse nacional ou geral; aos Estados-membros as matérias e assuntos de interesse regional e aos municípios os assuntos de interesse local. 60 9.1 ESTADO E GOVERNO ESTADO MODERNO E A DEMOCRACIA - O Estado Democrático moderno, noção de governo do povo, nasceu das lutas contra o absolutismo, sobretudo através da afirmação dos direitos naturais da pessoa humana. Daí a grande influência dos jusnaturalistas, como Locke e Rousseau. Três grandes movimentos político-sociais conduziram ao Estado Democrático: a) REVOLUÇÃO INGLESA – que teve sua expressão mais significativa no Bill of Rights de 1689. Houve a intenção de estabelecer limites ao poder absoluto do monarca e a influência do protestantismo, ambos contribuindo para a afirmação dos direitos naturais dos indivíduos, nascidos livres e iguais, justificando o poder da maioria, que deveria exercer o poder legislativo assegurando a liberdade dos cidadãos; b)REVOLUÇÃO AMERICANA – cujos princípios foram expressos na Declaração de Independência das treze colônias americanas em 1776; c) REVOLUÇÃO FRANCESA – que teve sobre os demais a virtude de dar universalidade aos seus princípios, os quais foram expressos na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão em 1789, sendo evidente a influência de Rousseau. Além de se oporem ao governo absolutista, os líderes franceses enfrentavam uma grande instabilidade interna, que deveria também ser trabalhada. Esta situação favoreceu o aparecimento da ideia de nação, como centro unificador de vontades e de interesses. Também a situação religiosa favoreceu fortemente o movimento visto que na França a igreja e o Estado eram inimigos, o que influenciou para que a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, em 1789, tomasse um cunho universal, sem as limitações impostas pelas lutas religiosas locais. Como fim da sociedade política aponta-se a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem, que são a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão. A limitação somente pode ser imposta ao indivíduo através de lei, que é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o direito de concorrer, pessoalmente ou por seus representantes, para a formação dessa vontade geral. Assim, a base da organização do Estado deve ser a preservação dessa possibilidade de participação popular no governo, a fim de que sejam garantidos os direitos naturais. Os Estados democráticos tinham três pontos fundamentais: a) Supremacia da vontade popular: a participação popular no governo, suscitando acesas controvérsias e dando margem às mais variadas experiências, tanto no tocante à representatividade, quanto à extensão do sufrágio e aos sistemas eleitorais e partidários; b) Preservação da liberdade: poder de fazer tudo o que não incomodasse o próximo, bem como o poder de dispor de sua pessoa e de seus bens, sem qualquer interferência do Estado; c) Igualdade de direitos: proibição de distinções no gozo de direitos, sobretudo por motivos econômicos ou de discriminação entre classes. As transformações no Estado durante o século XIX e a primeira metade do século XX seriam determinantes pela busca da realização desses preceitos. A preocupação primordial foi sempre a participação do povo na organização do Estado, na formação e atuação do governo, por se considerar 61 implícito que o povo, expressando livremente sua vontade soberana, saberá resguardar a liberdade e a igualdade. 9.2 DEMOCRACIA DIRETA, SEMIDIRETA E REPRESENTATIVA (INDIRETA). André Luiz Lopes Sendo o Estado democrático aquele que o próprio povo governa, há a necessidade de se estabelecer meios para que o povo possa externar sua vontade. Entretanto, não desapareceu de todo a prática de pronunciamento direto do povo, existindo alguns institutos que são classificados como expressões de Democracia Direta, que supõe o exercício do poder político pelo povo, reunido em assembleia plenária da coletividade. Durante séculos a Landsgemeinde foi o órgão supremo em todos os pequenos Cantões da Suíça central e oriental, começando a sua abolição no século XIX. Trata-se de uma assembleia, aberta a todos os cidadãos do Cantão que tenham o direito de votar, impondo-se a estes o comparecimento como um dever. A Landsgemeinde se reúne ordinariamente uma vez por ano, num Domingo da primavera, podendo haver convocações extraordinárias. Há uma publicação prévia dos assuntos a serem submetidos à deliberação, podendo ser votadas proposições de cidadãos ou do Conselho Cantonal, remetendo-se a este todas as conclusões. A Landsgemeinde vota leis ordinárias e emendas à Constituição do Cantão, tratados internacionais, autorizações para cobrança de impostos e realização de despesas públicas de certo vulto e a naturalização Cantonal. Nesta democracia direta a decisão do povo é aparente, segundo André Hauriou, tendo em vista que o Landsgemeinde só se mantém nos cantões suíços menos populosos; o trabalho destas assembleias populares é preparado por um Conselho cantonal eletivo, sendo apenas aprovado ou desaprovado o que foi estabelecido pelo Conselho. É impraticável esta modalidade de democracia pela impossibilidade material de sua realização em face da enorme população dos Estados. Existem outros institutos que não dão ao povo a possibilidade de ampla discussão antes da deliberação, sendo por isso classificados como representativos da Democracia Semidireta, na qual o povo passou a exercer o seu poder de modo mediato e através de seus representantes eleitos pelo voto. Caracteriza-se pela coexistência de mecanismos da democracia representativa (indireta) com outros da democracia direta: Referendum, o Plebiscito, a Iniciativa Popular, o Veto Popular e o Recall, presentes na Constituição de 1988 nos art. 14. Referendum – É uma consulta à opinião pública para a introdução de uma emenda constitucional ou mesmo de uma lei ordinária, quando esta afeta um interesse público relevante; Plebiscito – Consiste numa consulta prévia à opinião popular para se adotar ou não providências legislativas; Iniciativa Popular – Consiste em facultar ao povo a iniciativa de propor um projeto de lei, art. 60, § 2º C.F; Veto Popular – Consiste em dar aos eleitores um prazo, após a aprovação de um projeto pelo Legislativo, para que requeiram a aprovação popular da lei. A lei não entra em vigor antes de decorrido esse prazo e, desde que haja a solicitação por um certo número de eleitores, ela 62 continuará suspensa até as próximas eleições, quando então o eleitorado decidirá se ela deve ser posta em vigor ou não; Recall – É uma instituição norte-americana que tem aplicação para revogar a eleição de um legislador ou funcionário eletivo, ou, para reformar decisão judicial sobre constitucionalidade de lei. A impossibilidade prática de utilização dos processos da democracia direta e semidireta tornou inevitável o recurso à Democracia Representativa. Na democracia representativa o povo concede um mandato (mandato político) a alguns cidadãos para, na condição de representantes, externarem a vontade popular e tomarem decisões em seu nome, como se o próprio povo estivesse governando, sendo o mandato político uma das mais importantes expressões da conjugação do político e do jurídico. 9.3 SISTEMA REPRESENTATIVO O ponto de partida do ideal democrático é de que o povo é soberano, fonte do poder e deve governar-se por si mesmo. Assim, a democracia pura seria o governo direto, levado a efeito pelo próprio povo, em comícios periódicos e assembleias públicas. Entretanto, a democracia direta não é praticável no mundo moderno devido ao vasto território, elevada densidade demográfica, política e administração complexa, sendo feita através de representantes eleitos pelo povo através do voto. Isto é a democracia indireta, ou democracia representativa ou sistema representativo de governo. O sistema representativo divide-se formalmente em unicameral e bicameral, conforme o Poder Legislativo composto de uma só Câmara ou desdobrado em duas. As vantagens do sistema bicameral são: Facilita um estudo mais detido e sereno dos projetos de lei evitando inconvenientes de uma legislação precipitada e de surpresa; Estabelece um sistema de freios e contrapesos dentro do próprio legislativo, evitando que uma das câmaras descambe para a tirania; As duas deliberações sobre um projeto asseguram melhor correção dos erros que tenham passado despercebidos num primeiro estudo; Estabelecem em corpos separados as tendências progressistas e conservadoras, ambas necessárias ao bem público; Permite distribuir as atribuiçõesdos corpos legislativos, facultando a uma câmara acusar e à outra julgar a acusação, ou então reservando a uma das câmaras o caráter político, nos governos parlamentares, para os efeitos da confiança que deve ter o Gabinete. No Estado Federal a Câmara dos Deputados representa o povo e a Câmara do Senado representa os Estados. Adotaram o bicameralismo os Estados Unidos, Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Cuba, Haiti, Equador, Nicarágua, México, Venezuela, Uruguai e Peru. Quanto à composição do legislativo o sistema representativo divide-se em individualista, corporativo e totalitário. 63 INDIVIDUALISTA - O corpo eleitoral é um só conjunto dos indivíduos integrantes da sociedade sem distinção de classe ou profissão; CORPORATIVO – Baseia-se em que o Estado não se compõe de indivíduos, isoladamente considerados, nem de uma totalidade absoluta como sujeito exclusivo de direito público, mas, sim, de grupos políticos, econômicos, culturais e espirituais. Nesse sistema os representantes são eleitos pelas associações de classes, sindicatos ou corporações; e as leis são elaboradas, em primeiro turno, pelos representantes dos grupos diretamente interessados, passando, em segundo turno, ao plenário da assembleia ou parlamento. Quanto à composição do poder executivo o sistema representativo divide-se em três ramos distintos: diretorial, presidencial e parlamentar. SISTEMA DIRETORIAL – É aquele em que todo o poder de Estado se concentra no Parlamento, sendo a função executiva exercida por uma junta governativa por delegação do mesmo Parlamento, sendo de subordinação do executivo ao legislativo. SISTEMA PRESIDENCIALISTA – É a transferência do poder soberano do povo ao governo eleito por ele através do voto. Foi uma adaptação da monarquia à forma republicana onde foram substituídos os princípios da vitaliciedade e hereditariedade pelos da temporariedade e eletividade. São características a eletividade do chefe do Poder Executivo, o Poder Executivo unipessoal, a participação efetiva do Poder Executivo na elaboração da lei, a irresponsabilidade política (o presidente não necessita do apoio do congresso para se manter no poder. Por erros, desmandos ou incompetência, que não configurem crimes no conceito específico da lei penal, não se dará a perda ou cassação do mandato), a independência dos três poderes de Estado e a supremacia da lei constitucional rígida. O chefe do executivo, eleito pelo povo através do voto direto, é representante da soberania nacional tanto quanto o Congresso. SISTEMA PARLAMENTARISTA – O sistema parlamentarista se adapta às formas de governo da monarquia e república. Baseia-se na existência de partidos fortemente organizados, caracterizando um profundo respeito à opinião da maioria e por uma constante subordinação dos corpos representativos à vontade soberana do povo. São características do parlamentarismo a organização dualística do Poder Executivo, colegialidade do órgão governamental, responsabilidade política do Ministério perante o Parlamento, responsabilidade política do Parlamento perante o Corpo Eleitoral, interdependência dos Poderes Legislativo e Executivo. Além dos três poderes – legislativo, executivo e judiciário – conta ainda com o Poder Moderador. O Chefe da Nação ou Chefe de Estado é o rei ou presidente, que não se confunde com a figura do Chefe do Governo – Primeiro-Ministro. 64 10 INSTITUIÇÕES POLÍTICAS – O GOVERNO – FORMAS DE GOVERNO E SISTEMAS DE GOVERNO 10.1 FORMAS DE GOVERNO: MONARQUIA E REPÚBLICA É o modo pelo qual o poder se organiza e se exerce, permitindo agrupar os Estados em seu modo de ser substancial, determinando a situação jurídica e social dos indivíduos em relação à autoridade. A classificação mais antiga das formas de governo que se conhece é a de Aristóteles, baseada no número de governantes. Distingue ele três espécies de governo: a monarquia, quando é um só indivíduo quem governa em prol do bem geral; a aristocracia, que é o governo exercido por um grupo de minoria privilegiada da nobreza em benefício da sociedade; e a democracia quando o poder é exercido pelo povo com o objetivo do bem comum. Cada uma destas formas de governo pode sofrer uma degeneração, quando quem governa deixa de se orientar pelo interesse geral e passa a decidir segundo conveniências particulares. Assim, as formas puras de governo são substituídas por forma impuras: a monarquia degenera em tirania (um só quem governa em proveito próprio); a aristocracia degenera em oligarquia (governo exercido por um grupo de minoria privilegiada da nobreza em benefício próprio); e a democracia degenera em demagogia (o governo nas mãos da multidão revoltada ou esta domina diretamente os governantes, implantando um regime de violência e de opressão). Maquiavel em 1531 sustentava a existência de ciclos de governo, ou seja, o ponto de partida é um estado anárquico, inicio da vida humana em sociedade. Para se defenderem melhor os homens escolheram o mais robusto e valoroso, nomeando-o chefe e obedecendo-o. Não dando certo, mudaram as características para o mais justo e sensato, tendo esta monarquia eletiva se tornado hereditária, sendo que algum tempo depois os herdeiros começaram a degenerar, surgindo a tirania. Para coibir seus males, os que tinham mais riquezas organizaram conspirações e se apoderaram do governo, instaurando a aristocracia, orientada no bem comum. Contudo, os descendentes dos governantes aristocratas, despreocupados com o bem comum, passaram a utilizar o governo em proveito próprio convertendo a aristocracia em oligarquia. O povo não suportando mais esta situação destituiu os oligarcas e resolveu governar a si mesmo, surgindo o governo popular ou a democracia. Mas o próprio povo sofreu um processo de degeneração e cada um passou a utilizar em proveito pessoal a condição de participante no governo, gerando a anarquia e voltando-se ao estágio inicial e recomeçando-se o ciclo que já foi cumprido várias vezes na vida de todos os povos. Assim, a única maneira de se quebrar o ciclo, segundo Maquiavel, seria a conjugação da monarquia, da aristocracia e da democracia em um só governo. Mais tarde Montesquieu apontou três espécies de governo: o governo republicano, o monárquico e o despótico, tendo grande influência prática. Cita Montesquieu que “governo republicano é aquele que o povo, como um todo, ou somente uma parcela do povo possui poder soberano; a monarquia é aquela em que um só governa, mas de acordo com leis fixas e estabelecidas; e no governo despótico, uma só pessoa governa sem obedecer a leis e regras, realiza tudo por sua vontade e seus caprichos”. Na verdade, ainda hoje, a monarquia e a república são as formas fundamentais de governo. MONARQUIA – É a forma de governo em que um só indivíduo, ocupando o cargo em caráter vitalício e sujeito à sucessão hereditária, governa em prol do bem geral. Quando nasce no Estado Moderno a necessidade de governos fortes favorece o ressurgimento da monarquia, não sujeita a limitações jurídicas, donde o qualificativo de monarquia absoluta. Crescem no século XVIII a resistência ao absolutismo e 65 surge a monarquia constitucional, onde o rei continua governando, mas está sujeito a limitações jurídicas estabelecidas na Constituição. Mais tarde surge outra limitação ao poder do monarca, com a adoção do Parlamentarismo pelos Estados monárquicos, onde o monarca se torna apenas o Chefe de Estado, com atribuições quase de representação, não de governo, que passa a ser exercido por um Gabinete de Ministros. São características fundamentais da monarquia: Vitaliciedade – O monarca pode governar enquanto viver ou enquanto tiver condições para tanto; Hereditariedade –
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