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Direito Constitucional I

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ROTEIRO DE ESTUDOS - DIREITO CONSTITUCIONAL I –
1) TEORIA GERAL DO ESTADO:
Estado pode ser entendido como a organização política da sociedade, que atua por meio de instituições políticas, dotado de uma ordem jurídica coercitiva, que a aplica em um território definido. Origem do termo: Maquiavel.
Idade Antiga – até 476 – queda do império romano do ocidente – Escravidão – homens livres X escravos
Idade Média – até 1453 – queda do império romano do oriente – Feudalismo – senhor feudal (nobres) X vassalos
Idade Moderna – renascimento comercial, grandes navegações, revolução industrial, revolução francesa, 1º e 2º Guerra Mundial, crise de 1929. Capitalismo – empregado X empregador.
Pós-modernismo – Inicia-se com a queda do Muro de Berlim em 1989 e o colapso da União Soviética em 1991. Consenso de Washington (1989), neoliberalismo, hegemonia capitalista, crise das ideologias, globalização. Aprofundamento da revolução informática e tecnológica, espraiando-se para todas as áreas (relações de trabalho e sociais, transporte, comunicação, lazer, prestação de serviços etc).
Obs. Há autores que tratam do período posterior à Revolução Francesa até os dias de hoje como Idade Contemporânea.
_Idade Moderna: Evolução do Estado no capitalismo:
A) Estado Absolutista
B) Estado Liberal
C) Estado Social
D) Neoliberalismo
2) CONSTITUCIONALISMO:
Sentido: Limitação formal do Poder do Estado.
Nesse sentido, exclui-se qualquer tentativa de busca de Constituição nas sociedades antigas (Grécia e Roma) e da idade média.
1) Carta Magna (Inglaterra) – João Sem Terra X Barões Feudais – exceção que confirma a regra, já que surgiu na idade média.
2) Constitucionalismo liberal (Const EUA de 1787 e Francesa de 1791): individualismo, absenteísmo estatal, sacralização da propriedade privada e proteção dos direitos individuais e políticos censitários.
3) Constitucionalismo social (Constituição do México de 1917, de Weimar de 1919. Incremento no pós 2º Guerra Mundial): inserção dos direitos sociais no texto constitucional, busca de uma justiça social. Serviços públicos. Intervenção estatal.
4) Constitucionalismo neoliberal (a partir dos anos 80). Incremento após o fim da URSS. Desregulamentação econômica, privatização de serviços públicos. Estado deixa de ser interventor para ser regulador (agências reguladoras). Volta do ideário liberal, mas com algum anteparo social. Não há uma constituição neoliberal, o que há são reformas neoliberais nas constituições sociais exatamente para restringir ou suprimir direitos sociais.
5) Constitucionalismo democrático (ainda em construção).
3) CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO:
José Afonso da Silva: “Constituição é o conjunto de normas que organiza os elementos constitutivos do Estado”.
A ideia de Constituição nasceu com o fim de adoção de limites ao Poder Estatal, separação de poderes e positivação de direitos fundamentais.
1) Conceito Sociológico: Ferdinand Lassalle – “O que é uma Constituição?” – decorre de uma palestra. 
Político alemão socialista que tenta inserir a classe operária no constitucionalismo. Colaborou com o chanceler Otto von Bismarck.
Os problemas constitucionais não são problemas de direito, mas do poder. A constituição real tem por base a soma dos “fatores reais de poder”. Para Lassalle, a pequena burguesia e a classe operária exerceria apenas uma pequeníssima parcela desse poder, que somente se sentiria abalada se, além da falta de liberdade política, fosse violada sua liberdade pessoal (ex: retorno da escravidão – aí seria uma hipótese em que povo sairia às ruas e lutaria para impedir essa situação).
Se a Const. não reproduzir os fatores reais de poder ela não passará de uma “folha de papel”.
Ele distingue a Constituição real da Constituição folha de papel. A 1º, todos os países, em toda a história, a possuíram.
Crítica: limitou-se a identificar o “ser”, descuidando do “dever ser”. Pode até ser que a Constituição surja a partir dos fatores reais de poder, mas o fato é que depois ela própria se torna um fator real de poder. Konrad Hesse faz uma crítica mais forte a Lassalle – “Força Normativa da Constituição”.
O equívoco de Lassalle, mesmo dentro da teoria marxista, foi entender que o “compromisso” do Estado é com os capitalistas (banqueiros, latifundiários, donos de indústrias etc). O compromisso do Estado, na verdade, é mais com o capitalismo, é proteger o sistema, é manter o sistema, mesmo que para isso tenha de atuar contra os capitalistas. Engels já dizia isso na sua obra “a origem da família, da propriedade privada e do Estado”.
2) Político: Carl Schimitt – “O guardião da constituição”
A força da Constituição não está no Direito, mas sim no Político. Isso se torna mais visível não em situações ordinárias, mas sim em situações excepcionais.
Para Schimitt, quem decide na exceção não é um Tribunal, mas sim o Führer. Hitler chegou ao poder sem romper com nenhum aspecto de legalidade, mantendo a Constituição de Weimar de 1919.
Constituição é # lei constitucional. Constituição só se refere à decisão política fundamental (estrutura e órgãos do Estado, direitos individuais, regime e formas de governo). Lei constitucional seria os demais dispositivos inseridos no texto do documento constitucional, mas que teriam uma relevância bem menor, não precisando, assim, derivar de uma decisão política fundamental.
Schimitt se posicionava totalmente contra a instituição de Cortes Constitucionais. Para ele quem deveria analisar a constitucionalidade de uma norma era, somente, órgãos políticos, não ficando a mercê que qualquer órgão jurídico.
É o político que deve decidir sobre o que é constitucional ou não, e não um juiz.
3) Jurídico: Hans Kelsen – “Teoria Pura do Direito”.
Originariamente, a constituição era vista apenas como documento político, sem qualquer força vinculante.
Com Kelsen, o direito se aparta do político e perde, com isso, seu valor, se torna uma teoria pura, mas ganha cientificidade. 
O Direito e a Constituição ganham autonomia da filosofia, sociologia, política e demais ramos das ciências humanas.
Assim, a Constituição se torna um instrumento jurídico hierarquicamente superior as demais normas e que serve de fundamento de validade para todo o ordenamento jurídico.
Pirâmide de Kelsen. Escalonamento de normas
Fundamento de validade das normas infraconstitucionais é a Constituição. Mas e o fundamento de validade da Constituição? Norma hipotética fundamental – norma suposta, e não posta.
Para Kelsen, cabe a uma Corte de Justiça a última palavra sobre a constitucionalidade de uma norma. Idealizou os Tribunais Constitucionais. 
No Brasil, a guarda da Constituição cabe ao STF – art. 102.[1: “Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:”]
Kelsen retira a Constituição do mundo do “ser” e insere no do “dever ser”.
4) Pós-positivismo ou neoconstitucionalismo:
Não há uma única visão do que seja essas expressões e em que fase histórica elas se situam, nem se são fases convergentes.
No geral, significa a inserção de valores e princípios ao jurídico. O direito deixa de ser uma ciência pura, amoral, para passar a dar caráter normativo a princípios.
Normas = regras + princípios.
Robert Alexy (Teoria dos Direitos Fundamentais) e Ronald Dworkin (“Levando o Direito à sério”).
A Constituição passa a ser analisada como um misto do jurídico, sociológico e político. A Constituição passa a ser tratada como um produto cultural com força coercitiva.
Há quem se reporte ao surgimento de uma Constituição Total, já que interfere e traz para si todos os aspectos da vida humana, desde aspectos econômicos, sociológicos, políticos, morais, filosóficos até os jurídicos.
A Constituição não se reduziria a um mero produto cultural de uma superestrutura jurídica, mas seria também uma categoria que influenciaria a infraestrutura econômica e social.
4) CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES:
4.1 - Origem:
Outorgadas (imposta. CB/1824, 1937, 1967, 1969).
Democráticas (votada por assembleia constituinte
livremente escolhida pelo povo. CB 1891, 1934, 1946 e 1988).
Cesaristas (é outorgada, mas submetida a referendo).
Obs. A rigor, Constituição é nome que se dá à Lei Fundamental promulgada (democrática). Carta é reservada para Lei Fundamental outorgada.
4.2 – Forma:
Escritas (condensada num único documento)
Não escritas ou costumeiras (usos e costumes, documentos esparsos – Constituição inglesa).
4.3 – Conteúdo:
Formais (são constitucionais todas as normas que estão inseridas no documento de condensa a constituição, independentemente do conteúdo. Art. 242, par. 2º). Só se aplica às constituições escritas.[2: “§ 2º. O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal.”]
Consequências das constituições formais: 
a) superioridade das normas inseridas no documento condensado da constituição;
b) inexistência de hierarquia entre as normas inscritas no mesmo documento da constituição, independentemente do conteúdo;
c) possibilidade de surgimento de mecanismos de controle de constitucionalidade;
d) invalidação (inconstitucionalidade) das normas infraconstitucionais, independentemente do conteúdo, se contrariar qualquer norma contida na constituição.
Materiais (não há definição de quais são matérias especificamente constitucionais, mas definido esses temas, independentemente da norma constar num único documento, será norma constitucional).
Rol mínimo: Limitações do poder do Estado (direitos e garantias fundamentais, separação de poderes e repartição de competências), Forma de Estado, regime (RDA), sistema (SPP) e Forma de Governo (FMR).
4.4 - Modo de elaboração:
Dogmáticas (parte de dogmas, princípios, ideologias. Necessariamente escrita e elaborada em momento histórico determinado).
Históricas (se constrói no tempo. Não escritas, baseadas em documentos diversos, nos usos e costumes. Carta Magna da Inglaterra. É mais duradoura que a dogmática).
4.5 – Estabilidade:
Imutáveis (utópicas. Não preveem a possibilidade de mudança do texto).
Rígidas (permitem mudança, mas o processo de alteração é mais rígido do que para alteração de lei ordinária – Emendas Constitucionais).
Semirrígida (Híbrida. Parte do texto tem processo de alteração mais dificultoso do que para alteração de leis ordinárias e a outra parte se altera da mesma forma que a lei ordinária. Ex: constituição do império de 1824 – art. 178).[3: Art. 178. É só Constitucional o que diz respeito aos limites, e atribuições respectivas dos Poderes Políticos, e aos Direitos Políticos, e individuais dos Cidadãos. Tudo, o que não é Constitucional, pode ser alterado sem as formalidades referidas, pelas Legislaturas ordinárias.]
Flexível (não há maiores dificuldades para alteração do texto constitucional do que para legislação ordinária. Ex: constituição inglesa).
Superrígida (Alexandre de Moraes. Há parte do texto que é imutável – cláusulas pétreas – e a outra parte é rígida. Ex: CF/88).
4.6 – Extensão:
Sintéticas (concisas. Só enunciam as regras e princípios básicos do Estado. Ex: Constituição EUA – Estados liberais).
Analíticas (prolixa. constitucionalização da vida social – Estado social).
4.7 – Finalidade:
Garantia (trata exclusivamente de liberdades negativas. Olhar para o passado, pois apenas se preocupa com os direitos já conquistados. Estado liberal. Ex: Const. EUA).
Dirigente (Canotilho. Trata das liberdades positivas e negativas. Preocupa-se com a manutenção das conquistas obtidas, mas engendra meios para novas conquistas sociais. É imposto ao Estado deveres de atuação, e não somente de omissão).
Balanço (registra o estágio do desenvolvimento atual da sociedade e das relações de poder. Após a criação da URSS em 1922, foram editadas mais 3 Constituições – 1924 (criação da URSS), 1936 (supressão da propriedade privada dos meios de produção), 1977 (não havia mais ditadura do proletariado). Com o fim da URSS em 1991, a Rússia se declarou independente e editou nova constituição em 1993).
4.8 – Ideologia:
Eclética (pluralidade de ideologias).
Ortodoxa (pensamento único. Constituições da URSS, da China de 1982).
CF/88: Democrática, escrita, formal, dogmática, rígida (superrígida), analítica, dirigente e eclética.
5) HISTÓRICO DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS:
8 Constituições, sendo 4 outorgadas e 4 promulgadas.
5.1 – Const. 1824:
Constituição do Império do Brasil. A mais duradoura – 67 anos.
Histórico: 
Vinda da família real portuguesa para o Brasil em 1808, fugindo das tropas de Napoleão – RJ se torna a capital do Império Português.
Com a expulsão dos franceses de Portugal, a família real volta para Portugal em 1821, deixando o Príncipe D Pedro I (IV em Portugal) no Brasil.
Em 1822 D. Pedro I declara a independência do Brasil e se torna o 1º Imperador do Brasil. 
Em 1826 morre D. João VI e a corte portuguesa exige o retorno de D. Pedro IV para Portugal para assumir o trono. D. Pedro outorga a 2º Constituição Portuguesa de 1826 (cópia da do Brasil de 1824) e abdica do trono Português em favor da sua filha Maria da Glória. Ocorre que seu irmão Miguel toma o trono português para si de Maria da Glória, sua esposa.
D. Pedro I regressa para Portugal em 1831 para devolver o trono português à filha, renunciando ao trono brasileiro em favor de seu filho, D. Pedro II, na época, com 5 anos.
D. Pedro falece no palácio Queluz em 1833, aos 35 anos, com 8 filhos legítimos e vários extraconjugais (só com a Marquesa de Santos foram 4 filhos).
Características:
179 artigos. Outorgada (D Pedro dissolveu a Assembleia Constituinte). 
Inspirada em princípios liberais. Influência do positivista francês Benjamin Constant.
Estabelece um Estado unitário, dividido em províncias. 
Governo monárquico, hereditário, constitucional e representativo. Prevê a separação de poderes em 4 – Poder Moderador (privativo do Imperador).
Só prevê direitos individuais e políticos, não prevendo direitos sociais.
Poder Legislativo é exercido pela Assembleia Geral (e não CN), composto da Câmara dos Deputados e Senado (não é federal!). Os senadores são membros vitalícios, representando as províncias e nomeados pelo Imperador.
Tem religião oficial: Católica, mas permite as outras religiões. Imperador pode nomear Bispos (Poder Moderador).
Semirrígida - art. 178.
5.2 - Constituição de 1891:
Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil – Promulgada.
1º Constituição da República do Brasil. Promulgada.
Histórico: 
Guerra do Paraguai na década de 60-70.
Abolição da escravidão – a escravidão era um elemento que dava sustentação ao imperador. Após a Guerra do Paraguai, com o processo de libertação dos negros (Lei do Ventre Livre de 1871, Lei dos Sexagenários de 1885 e Lei Áurea de 1888), o Império não mais se sustentou e os ex-donos de escravos passaram a apoiar o movimento republicano, que veio a obter êxito logo no ano seguinte à abolição.
(A escravidão brasileira durou quase 400 anos, tendo trazido um número aproximado de 5 milhões de escravos negros para o Brasil. Segundo censo realizado em 1872, havia cerca de 10 milhões de pessoas no Brasil, sendo 1,5 milhões escravos (15,24%). O Brasil foi o país que mais recebeu escravos negros do mundo (cerca de 43% de todo o tráfico negreiro).
Em 15/11/89 foi proclamada a República por Marechal Deodoro, que estabeleceram um governo provisório, em que Rui Barbosa cumulou os cargos de Ministro da Fazenda e da Justiça.
Convocou-se Assembleia Constituinte. O texto da Constituição foi fortemente influenciado por Rui Barbosa.
Características: 
Inspiração na Constituição americana – 91 artigos. 
Federalismo Centrífugo (EUA é centrípeto). Governo Republicano e Presidencialista.
Liberalismo – previsão apenas de direitos individuais, sem direitos sociais.
Previsão de “habeas corpus”. Rígida.
Poder Legislativo – CN – CD e SF. Senado composto de 3 Senadores por Estado, com mandato de 9 anos. Deputados – mandato de 3 anos.
Vice PR é o Presidente do Senado.
Não há mais religião oficial – Estado laico.
Controle de constitucionalidade difuso (modelo
norteamericano).
5.3 - Constituição de 1934:
Constituição dos Estados Unidos do Brasil. Promulgada.
Histórico:
Crise do Estado Liberal – quebra da bolsa de 1929. Ideologias extremistas – fascismo e socialismo.
No Brasil, fim da 1º República ou República velha – ruptura da política do café com leite, em que São Paulo e Minas se revezavam no poder. 
Washington Luís (paulista) apoiou para sua sucessão outro paulista (Júlio Prestes), rompendo, assim, com o “acordo” de MG e SP. Júlio Prestes venceu as eleições contra Getúlio Vargas. Getúlio era governador do RS e foi apoiado pelo governo de MG.
Houve um levante de MG e RS que derrubou o governo de Washington Luís, assumindo, assim, uma Junta Militar, que entregou o poder ao Governador do RS, Getúlio Vargas.
Revolução constitucionalista em SP em 1932 – foi sufocada mas deu surgimento ao movimento que desencadeou na Constituição de 1934.
Características:
Estado Federal. República. Presidencialismo.
PL – Senado se torna um órgão mais de colaboração com a Câmara. CD composição mista: representantes do povo e representantes eleitos por organizações profissionais.
Preveem direitos individuais e sociais – 187 artigos. Constituição que inaugura nosso constitucionalismo social (Criado o Ministério do Trabalho, da Saúde e o da Educação).
Previsão do Ministério Público, Tribunal de Contas e Justiça Eleitoral.
Sufrágio feminino, voto secreto e mandado de segurança.
Curta duração.
5.4 – Constituição de 1937:
Constituição dos Estados Unidos do Brasil.
Estado Novo. Outorgada.
Histórico:
Havia eleições marcadas para 1938.
Intentona comunista, 1935 (Luís Carlos Prestes, o “cavaleiro da esperança”). Estima-se 30 mortos.
Capitão Mourão Filho (o mesmo que daria início ao golpe de 64) apresenta um suposto Plano de Revolução Comunista (Plano Cohen), que se mostrou, posteriormente, inexistente, mas que serviu de fundamento para Getúlio Vargas dar um golpe de Estado para manter a ordem e permanecer no poder com o apoio dos militares, fundando o chamado “Estado Novo”.
Em que pese a inclinação totalitária de Getúlio, este entra na 2º Guerra Mundial ao lado dos Aliados (EUA, Inglaterra, França, URSS e China), contra o Eixo (Alemanha, Itália e Japão).
Com o fim da 2º Guerra Mundial em 1945, Vargas perde sustentação e apoio dos Militares, vindo a ser deposto no mesmo ano, assumindo o governo o Pres. do STF José Linhares.
Características:
Autoritária. Influência de ideais vindos do fascismo. Inspiração na Constituição da Polônia (“A Polaca”). Um dos autores envolvidos foi Francisco Campos.
Centralização de poder na figura do Presidente.
Fim do Federalismo e volta do Estado Unitário, com o Pres. nomeando os governadores.
Previsão de decretos-leis com força de lei. Se uma lei fosse declarada inconstitucional pelo STF, o PR poderia submeter essa mesma lei ao Parlamento novamente que, se aprovado por 2/3, ficaria sem efeito a decisão do Tribunal.
O Parlamento foi fechado.
Previsão de plebiscito para entrar em vigor – art. 187. Mas este nunca foi feito.[4: “Art 187 - Esta Constituição entrará em vigor na sua data e será submetida ao plebiscito nacional na forma regulada em decreto do Presidente da República.”]
5.5 - Constituição de 1946:
Constituição dos Estados Unidos do Brasil. Democrática.
Histórico:
Com a deposição de Vargas, nas eleições presidenciais que se seguiram, este apoio seu Ministro da Guerra, o General Eurico Gaspar Dutra, que se sagrou vencedor. Vargas foi eleito senador por RS e SP.
Foi convocada nova Assembleia Constituinte.
Presidentes: Dutra (46-51), Getúlio Vargas (51-54 – suicidou-se, assumindo o seu vice, Café Filho até 55), Jucelino Kubitschek (56-61), Jânio Quadros (61 – renunciou), João Goulart (61-64).
Pós 2º Guerra Mundial. Início da Guerra fria. Avanço do Estado social.
Características: 
Federalismo. República. Presidencialismo. Mandato presidencial 5 anos.
Separação de poderes. Sufrágio universal e secreto.
Previsão de direitos individuais e sociais. Título V sobre a Ordem Econômica e Social – 222 artigos.
5.6 – Constituição de 1967:
Constituição da República Federativa do Brasil – Outorgada – 189 artigos.
Histórico:
Jânio Quadros é eleito presidente, mas renuncia no mesmo ano de 1961, devendo assumir Jango (João Goulart), seu vice, que estava na China.
Com receio das medidas que poderiam ser adotadas por Jango, estabeleceu-se no Brasil, por meio da EC 4/61, um parlamentarismo, sendo Tancredo Neves o Primeiro-Ministro. 
Havia a previsão de, posteriormente, submeter esse sistema de governo a um plebiscito. O resultado do plebiscito foi pela volta ao presidencialismo em 1963, assumindo, assim, Jango, a Chefia de Governo do país.
Em 1964 veio o Golpe militar. Jango foge da capital e seu cargo é declarado vago pelo Presidente da Câmara, Ranieri Mazzili, assumindo o poder os Militares, liderados pelo General Castelo Branco.
Em 1965 houve eleições para o Congresso Nacional e Assembleias Legislativas, sendo que os candidatos do novo governo militar perderam em sua maioria. Em vista dessas derrotas, o governo militar entendeu que não poderia governar com a CB de 46, passando a governar por meio de Atos Institucionais, sendo necessária uma nova constituição.
As eleições para o PE passam a ser indiretas e, com isso, é eleito pelo CN (dominado pela ARENA, após as cassações dos mandatos populares) Costa e Silva em 1967.
Costa e Silva nomeou comissão para redigir uma nova constituição. Tal constituição até foi submetida ao CN, mas sem que este tivesse qualquer liberdade para altera-la ou mesmo rejeita-la. Foi chamado por muito de “farsa constituinte”.
Em vista dessa falta de liberdade do CN ela é classificada, acertadamente, como outorgada.
Características:
Autoritária. Centralizadora. Nacionalista e Intervencionista.
Federação “de fachada”. Presidencialista. Eleições indireta para o PE. Bipartidarismo (ARENA e MDB).
Iniciativa exclusiva e aprovação de projetos de lei vindo do PE por decurso de prazo (PL não analisou num determinado prazo, o projeto de lei do PE se transformaria, automaticamente, em lei).
Decretos-leis.
Suprime-se o “Habeas Corpus” para transgressões disciplinares.
Não há capítulo sobre os direitos sociais, restringindo-se a direitos individuais, que poderiam ser limitados, e alguns poucos direitos sociais esparsos no texto.
5.7 - Constituição de 1969:
EC 1/69 - Dúvida: é uma nova Constituição ou apenas alteração da CB/67?
Outorgada pelos Ministros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.
Histórico:
O regime autoritário inaugurado pelo Golpe de 64 e pela Constituição de 67 não foram suficientes, na visão dos militares, para “restaurar a ordem”, sendo necessário ainda mais autoritarismo.
AI-5 – a medida mais radical adotada. Censura, possibilidade de fechar o CN e AL, cassação genérica e desmotivada de mandatos políticos e direitos políticos de qualquer cidadão.
Possibilidade do PR decretar intervenção nos Estados e Municípios, nomeando interventor sem qualquer amarra constitucional. 
Possibilidade de confisco de bens. 
Suspensão das garantias de vitaliciedade, estabilidade e inamovibilidade de todos os funcionários públicos, inclusive magistrados. Suspensão do “Habeas Corpus” de forma genérica.
Com a doença incapacitante de Costa e Silva, deveria assumir o seu Vice Pedro Aleixo, que não era militar. Pedro Aleixo já havia se manifestado contra o AI-5. 
Em vista disso, os 3 Ministros militares formaram uma junta para governar o país, impedindo a posse de Pedro Aleixo na Presidência – “Golpe dentro do Golpe”.
Essa junta outorgou a EC 1/69.
Presidentes: Médici (69-74), Ernesto Geisel (74-79) e Figueiredo (79/85).
Características:
Mais autoritária e centralizadora do que a de 1967. Incorpora o AI-5 no texto.
Prevê expressamente a possibilidade de cassação de mandatos dos parlamentares.
Previa a possibilidade de suspensão de qualquer direito individual ou político. [5: “Art. 154. O abuso de direito individual ou político, com o propósito de subversão do regime democrático
ou de corrupção, importará a suspensão daqueles direitos de dois a dez anos, a qual será declarada pelo Supremo Tribunal Federal, mediante representação do Procurador Geral da República, sem prejuízo da ação cível ou penal que couber, assegurada ao paciente ampla defesa.”]
Senadores Biônicos – senadores eram eleitos indiretamente pelas AL (as AL eram dominadas pela ARENA, já que a oposição, via de regra, era cassada).
5.8 – Constituição de 1988:
Constituição da República Federativa – Promulgada – 250 artigos.
Histórico:
Surgimento do movimento “Diretas-Já”. 
A EC das eleições diretas perdeu no CN. Eleições indiretas em 1985, com a eleição de Tancredo Neves e Sarney. Tancredo morre antes da posse, vindo a assumir Sarney.
Sarney convoca uma Assembleia Nacional Constituinte por meio de EC (EC26/85 - questiona-se a legitimidade desse ato para se convocar uma Assembleia Nacional Constituinte).
Sarney designou uma comissão de “notáveis” para elaboração de um texto base. Essa comissão apresentou um texto com mais de 400 artigos, estabelecendo o parlamentarismo. Sarney publicou o trabalho no DOE e o descartou.
A Assembleia Nacional Constituinte era composta pelos mesmos parlamentares eleitos no CN, reunidos em sessão unicameral. Os parlamentares foram divididos em várias comissões e subcomissões, em que cada comissão elaboraria um capítulo – “colcha de retalhos”.
Características:
Supremacia dos direitos fundamentais – individuais e sociais. Traz logo para o início da Constituição (art. 5º), antes de tratar de poder.
Federalismo. Presidencialismo (mas com previsão de plebiscito para se decidir sobre a adoção do parlamentarismo).
Democracia social, com a maior gama de direitos sociais e individuais já positivados no Brasil.
Pluripartidarismo (ARENA se tornou PDS, depois PFL e atualmente Democratas. MDB se dividiu em PMDB e PSDB).
Criação do STJ.
IX Títulos + ADCT: I – Princípios Fundamentais; II – Direitos e Garantias Fundamentais; III – Organização do Estado; IV – Organização dos Poderes; V – Defesa do Estado e das Instituições Democráticas; VI – Tributação e Orçamento; VII –Ordem Econômica e Financeira; VIII – Ordem Social; XI – Disposições Gerais.
Título com maior número de artigos: IV (organização dos Poderes – art. 44 a 135 – 91 artigos).
Maior artigo: 5º - 78 incisos.
CF/88 inova ao trazer o capítulo dos direitos fundamentais logo para o início da CB, demonstrando assim a importância no novo cenário jurídico. Nas demais constituições, primeiro, se tratava da organização do Estado e depois, mas para o final do texto, é que se tratava dos direitos individuais.
6) PODER CONSTITUINTE:
Poder de elaborar ou atualizar uma Constituição.
Titularidade: Povo. 
Exercício: Assembleia Nacional Constituinte (democrático) / Ditador (autoritário).
França, 1789, por proposta do Abade Emmanuel Sieyès, o 3º Estado se declarou em Assembleia Nacional Constituinte. 
Questão tributária – convocação da Assembleia dos Estados Gerais para se aprovar maior cobrança de impostos do 3º Estado.
Nos Estados Gerais, o voto era por estado. Clero + Nobreza = 200 mil pessoas. 3º Estado = 25 milhões. Petições de Sieyès: 1) Número de deputados do 3º Estado seja = Clero + Nobreza; 2) voto seja por cabeça. Não foram aceitas as propostas e 3º Estado se autoproclama em Assembleia Nacional Constituinte.
Principal obra: O que é o 3º Estado? 
3 Perguntas logo no início:
1) O que é o Terceiro Estado? Tudo. Mas um tudo entravado e oprimido.
2) O que tem sido ele, até agora, na ordem política? Nada.
3) O que é que ele pede? Ser alguma coisa.
– Nação – a essa cabe estabelecer a ordem jurídica maior. 
Para Sieyès, a Nação se faz presente por meio de seus representantes – sistema representativo restrito, diferenciando a cidadania ativa da passiva (oposição a Rousseau).
CB/88: Parágrafo único, art. 1º - Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta constituição.
É um poder permanente, seja para fazer uma nova Constituição, seja para altera-la.
6.1 - Poder Constituinte Originário:
Instaura uma nova ordem constitucional, rompendo com a ordem jurídica precedente.
Objetivo: criar um novo Estado de Direito.
Histórico (fundacional - 1º Constituição) ou Revolucionário (demais constituições. Pode ser fruto de uma guerra civil, um golpe de Estado ou de uma transição pacífica, a exemplo da CB/88).
Poder Jurídico (Jusnaturalismo – os direitos naturais precederiam a Const.) ou Poder de Fato (positivismo – ordem jurídica começa com a Const. e não antes dela)?
Características:
Inicial – instaura nova ordem jurídica. Não existe direitos adquiridos frente ao PCO.
Autônomo – não se vincula a nenhum outro poder.
Ilimitado (juridicamente) – não há nada que o limite.
Incondicionado – pode ser exercido da forma que o PCO melhor entender, sem qualquer condição.
Permanente – apto a se manifestar a qualquer momento. Depois de exercitado sua função com a promulgação de uma Constituição, passa a existir em estado de latência. A Assembleia Constituinte se dissolve, mas o Titular do PCO (povo!) não, continuando a existir.
Obs. Para a corrente jusnaturalista, ele não seria de todo autônomo e ilimitado, já que os direitos naturais os limitariam.
Formas de manifestação do PCO:
Ditatorial
Democrática: Assembleia Nacional Constituinte.
6.2 - Poder Constituinte Derivado:
Poder Constituinte ou Poder Constituído?
Criado pelo PCO. É um Poder Jurídico.
Não é inicial (PCO vem antes).
É limitado (há normas previstas na CB que o limitam seja quanto a matéria seja quanto ao procedimento).
É condicionado (pelo PCO).
Modalidades: Decorrente, Reformador e Revisor:
6.2.1 Poder Constituinte Derivado Decorrente:
Missão: elaboração das CE. Tem lugar só em Federações.
Titular: Assembleias Legislativas – art. 11 ADCT.[6: “Art. 11. Cada Assembleia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição do Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição Federal, obedecidos os princípios desta.Parágrafo único. Promulgada a Constituição do Estado, caberá à Câmara Municipal, no prazo de seis meses, votar a Lei Orgânica respectiva, em dois turnos de discussão e votação, respeitado o disposto na Constituição Federal e na Constituição Estadual.]
CE deve observar os princípios da CF – art. 25. Se norma da CE ofender à CF, a norma da CE será inconstitucional.[7: “Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição”]
E as Câmaras dos Vereadores? Municípios exercem Poder Derivado? As leis orgânicas são frutos do exercício do Poder Derivado?
R: Doutrina tem entendido que pelo fato das leis orgânicas terem de observar à CF e a CE, não são frutos do Poder Derivado.
Discordamos: Município é ente federado, sua legislação se inicia a partir da Lei Orgânica e o procedimento para elaboração é mais dificultoso (duplo turno de votação, aprovada por 2/3).[8: “Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos:”]
E o DF? Regido por Lei Orgânica Distrital, cumulando as competências estaduais e municipais. Procedimento da LO é mais rígido e somente deve observar a CF.[9: “Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger- se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição.§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios.]
No caso da Lei Orgânica do DF há doutrina que entende que não é e outra que entende que é emanação do PCDerivado. 
Há parte da doutrina que entende que deve se analisar a competência. Se
for de competência estadual, seria Poder Derivado; mas se for competência municipal, aí não seria Poder Derivado. Crítica (minha): a análise se é constitucional ou não deixa de ser formal para ser material!
José Afonso entende que a Lei Orgânica é semelhante a uma Constituição Estadual e, portanto, seria manifestação do Poder Constituinte Derivado – concordamos.
Limites à CE: 
a) princípios constitucionais sensíveis: estão expressos na CF – art. 34, VII. Violação poderá ensejar a intervenção da União no Estado-membro, decorrente de provimento pelo STF de ADI Interventiva do PGR.[10: “VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;b) direitos da pessoa humana;c) autonomia municipal;d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta;e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.]
b) princípios constitucionais estabelecidos (organizatórios): Extraídos por interpretação. Respeitar as regras de competência. São limites de atuação.
c) princípios constitucionais extensíveis: decorrem de interpretação. São princípios que constam do texto da CF e que devem ser observados na CE (ex: concurso público para contratação de pessoal, realização de licitação e demais preceitos da AP, regras orçamentárias, de processo legislativo).
6.2.2 Poder Constituinte Derivado Reformador:
Competência para modificar a CB, sem revolução, mantendo-se a CB.
Emendas Constitucionais – Art. 60.
Limitações:
a) Expressas:
a1) Temporais: Não existem na CF/88. CF não poderia ser reformada durante um determinado período de tempo.
A Const. do Império de 1824 foi a única CB que previu essa limitação, autorizando a reforma do texto somente após 4 anos do início de vigência.
A CF previu a revisão (# de reforma) no art. 3º do ADCT em 5 anos, mas nada impediu que a CF fosse reformada antes desse período como foi (EC 1 a 4).
a2) Circunstanciais: Par. 1º: intervenção federal, estado de defesa e de sítio.
a3) Formais: Rigidez constitucional. Procedimento especial diferente do PLO ou PLC.
_Subjetiva: Iniciativa restrita – art. 60, I – 1/3 dos membros da CD ou do SF; II – PR; III – mais da metade das AL, manifestando-se por maioria de seus membros. 
Municípios não possuem legitimidade para apresentar PEC.
José Afonso – legitimidade popular implícita para PEC (conjugação do 1º, parágrafo único com o 61, par. 2º). Se o povo é titular do PCO, com mais razão, deve ser para alterar sua própria obra.[11: “§ 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.”]
_Objetivas: Par. 2º - discutida e votada em cada casa do CN. 
2 turnos de votação. 
Aprovação por 3/5 em cada votação.
Par. 3º - Promulgação pela Mesa da CD e do SF. PR apenas pode participar da PEC com iniciativa, sem sanção ou veto ou promulgação.
Par. 5º - Matéria rejeitada (não aprovada), não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão. Há quem defenda que é uma limitação temporal.
a4) Materiais: Par. 4º - Cláusulas Pétreas. Não poderá ser objeto de deliberação a PEC tendente a abolir:
Federação.
Voto direto, secreto, universal e periódico.
Separação dos Poderes.
Direitos e garantias individuais – não é só o art. 5º (ex: art. 228).[12: Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial.]
E os direitos sociais? Proteção do núcleo mínimo referente ao mínimo existencial – decorrência da dignidade da pessoa humana.
Direitos adquiridos frente à EC – art. 5º, XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Visão ampla e visão restrita.
Obs. PCD Decorrente também pode reformar sua própria Constituição Estadual – aplica-se os mesmos limites do PCD de Reforma da CF.
b) Implícitas:
b1) Titularidade do PCO e PCD.
b2) Imutabilidade do art. 60. Inadmissibilidade do mecanismo da “dupla revisão” – primeiro uma EC para alterar o art. 60 e depois uma nova EC para alterar uma cláusula pétrea, por ex.
b3) Presidencialismo e República – Confirmação por plebiscito, portanto, alteração somente por novo plebiscito. Monarquia ainda violaria a separação de poderes.
6.2.3 Poder Constituinte Derivado Revisor:
Competência para modificar a CB, sem revolução, mantendo-se a CB.
Emendas de Revisão - Procedimento mais fácil que EC e num prazo certo.
“Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral.”
Fundamento: atualizar a CB e adequar a incerta realidade da Constituição no pós-plebiscito, em que povo escolheu FMR e SPP para vigorar no país. Manteve-se a República e o Presidencialismo – art. 2º ADCT.[13: “Art. 2º. No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado definirá, através de plebiscito, a forma (república ou monarquia constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo) que devem vigorar no País”.]
Foram feitas apenas 6 Emendas de Revisão.
Limitações: 
a) Materiais: Sim (analogia 60, parágrafo 4º + república + presidencialismo – plebiscito do art. 2º do ADCT).
b) Circunstanciais: Sim (60, par. 1º - intervenção federal, estado de defesa e de sítio).
c) Formais: Voto da maioria absoluta do CN em sessão unicameral.
d) Temporais: 5 anos após a promulgação da CF.
É possível nova Revisão Constitucional? Não. Art. 3º é norma constitucional de eficácia exaurida.
6.3 - Poder Constituinte Difuso (Mutações Constitucionais):
Manifesta-se por meio da interpretação constitucional. Não altera o Texto da CB. Muda-se o sentido das palavras sem mudar o quê está escrito. 
Segundo alguns, seria uma mudança informal da norma constitucional. Não concordamos, pois a mutação é perpetrada pelo Poder Judiciário, que é um órgão formal.
Norma # texto.
Ex1: Art. 226, § 3º. Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
STF aplicou a mutação constitucional para reconhecer como entidade familiar a união homoafetiva (ADPF 132/RJ, votação unânime, 13/10/2011).
Ex2: Art. 5º, LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
STF fixou entendimento em 2016 que seria possível iniciar o cumprimento da pena (ir para prisão), a partir do julgamento em 2º instância, independentemente do trânsito em julgado. Não mencionou no julgado que se tratava de uma mutação constitucional.
7) Direito Constitucional Intertemporal:
Estudo das consequências jurídicas decorrentes da entrada em vigor de uma nova Constituição.
Legislação infraconstitucional? Revogação ou recepção.
Constituição anterior: Revogação ou Desconstitucionalização.
7.1 - Recepção:
Normas materialmente compatíveis com a nova Const., podem ser aproveitadas. Normas materialmente incompatíveis são revogadas ou não recepcionadas.
A análise é material, do conteúdo, pouco importando a forma, ou seja, o veículo normativo. A nova Constituição não se preocupa com a incompatibilidade formal. Eventual incompatibilidade formal, a nova Constituição supre e dá nova roupagem.
Ex1: Código Penal foi veiculado pelo meio de Decreto-lei (Decreto-Lei nº 2.848/40). Com a nova CB/88, em que somente lei pode legislar sobre direito penal, qualquer alteração a esse código somente poderá ser feito, a partir da nova CB, por meio de lei.
Ex2: CTN – Lei ordinária nº 5.172/66. Atualmente só pode ser alterado por lei complementar por se tratar de norma geral.
Lei anterior à CF compatível com esta, mas, posteriormente, incompatível
com EC?
Não recepção # Inconstitucionalidade.
Inconstitucionalidade se refere ao vício formal e/ou material de uma lei infraconstitucional editada posteriormente à Constituição ou até de uma Emenda Constitucional que violar o art. 60 da CF.
Inconstitucionalidade advém da supremacia da CF.
A inconstitucionalidade se insere no âmbito da validade da norma, invalidando, em regra, uma norma jurídica desde o seu nascimento.
Revogação da legislação anterior só acarretará efeito represtinatório se expressamente assim prever (PCO pode tudo!).
7.2 - Desconstitucionalização:
Normas da Constituição anterior que forem materialmente compatíveis com a nova Constituição podem ser recepcionadas por esta com caráter infraconstitucional? Somente se expressamente previsto (PCO pode tudo!).
Em regra, não é admitida a desconstitucionalização.
8) NORMAS CONSTITUCIONAIS:
Normas = princípios + regras.
Princípios # regras – grau de abstração, generalidade e indeterminação.
Princípios são ideias matrizes, expressam valores fundamentais (Ex: dignidade da pessoa humana). Fundamentam as próprias regras (ex: princípio da igualdade fundamenta as regras das cotas).
Regras descrevem, com precisão, situações fáticas hipotéticas (Ex: aposentadoria compulsória aos 75 anos).
Força normativa dos princípios – neoconstitucionalismo ou pós-positivismo. Dworkin, Alexi, Barroso.
9) EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS:
Condições de aplicabilidade das normas:
_Vigência (norma em vigor – não revogada. Imperativa, obrigatória).
_Validade (norma produzida corretamente. Não há nulidade na norma. Está em conformidade com o texto constitucional).
_Eficácia jurídica (aptidão para gerar efeitos jurídicos). Toda norma em vigor e válida está apta a gerar efeitos jurídicos.
_Eficácia social (capacidade de gerar efeitos sociais). Ex: crime de adultério – art. 240 CP – revogado pela Lei 11.106/2005.
Eficácia Jurídica: Direito norte-americano: self-executing e not self-executing.
José Afonso da Silva: Toda norma constitucional tem eficácia jurídica, mesmo que seja apenas de revogação do direito anterior e validação do direito posterior.
9.1 - Normas constitucionais de eficácia plena, aplicabilidade imediata, direta, integral.
Aplicação da norma constitucional direta, imediata e integral.
Ex: art. 2º (separação de poderes); par. 1º, art. 5º; normas definidoras dos bens, das competências e da repartição dos tributos dos entes federados.[14: § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.]
9.2 - Normas constitucionais de eficácia contida, restringível, redutível;
Direta, imediata, restringível.
Ex: “art. 5º, XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;”
“XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;”
“LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei” – Lei 12.037/09;
9.3 - Normas constitucionais de eficácia limitada, reduzida, aplicação mediata:
Indireta, mediata e reduzida - para gerar todos os seus efeitos concretos é necessária a produção de normas infraconstitucionais.
Revogam disposições normativas contrárias, impedem que sejam produzidas normas que as violem e servem de paradigma de interpretação (recepção, constitucionalidade e interpretação).
“Art. 37, I. os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei;” – 1º parte contida; 2º parte limitada.
a) Princípio Institutivo: criam órgãos, competências, instituições. Podem ser impositivas (ex: “art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública”; normas gerais sobre tributos – lei complementar – art. 146) ou facultativas (ex: “art. 22, Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo”).
b) Normas Programáticas. Constituinte limitou-se a traçar princípios e diretrizes para serem cumpridos, sem especificar o modo de atuação. Realização da justiça social, redução das desigualdades, amparo à criança e ao idoso etc.
Ex: Art. 3º; Art. 7º, IV(salário mínimo fixado em lei).
“Art. 216, par. 3º - A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores culturais”.
9.4 - Normas constitucionais de eficácia exaurida (prof. Uadi Lammêgo): Normas que já cumpriram seu papel, já gerando todos os seus efeitos. ADCT.
10) INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUICIONAIS:
_Interpretação # Hermenêutica. 
Interpretação é aplicação da hermenêutica. 
Hermenêutica é a ciência que estabelece os métodos e princípios de interpretação. É a ferramenta, é o estudo dos instrumentos para se proceder a interpretação.
_Interpretação e Aplicação. 
Texto do dispositivo # da norma. A norma jurídica parte do texto do dispositivo jurídico, mas não se esgota nele. A norma é extraída da conjugação do texto com a realidade dos fatos.
10.1 - Métodos de aplicação das normas:
a) Clássico (positivismo): método subsuntivo.
Premissa maior (norma) – premissa menor (fatos) – conclusão.
Análise objetiva. Atividade mecânica do julgador. Previsibilidade. Privilegia a Segurança Jurídica.
Aplica-se mais as regras (ex: aposentadoria compulsória aos 75 anos, idade mínima de 35 anos para Presidente da República, maioridade penas a partir dos 18 anos).
“Tudo ou nada”. Ou a regra se aplica ou não se aplica na totalidade. Ou a regra é válida e se aplica; ou não é válida e não se aplica.
Eventual conflito de regras se resolve por 3 critérios: hierárquico, cronológico ou da especialização. 
Crítica: conflito de normas constitucionais?
b) Pós-positivismo: Ponderação de interesses.
Aplica-se aos princípios. Hard cases. Conflito de princípios e valores constitucionais. 
É uma técnica de decisão jurídica.
Liberdade de imprensa X Direito à privacidade. 
Liberdade de expressão X Controle de programação de televisão. 
Livre iniciativa X Proteção do Consumidor.
Propriedade privada X Função social da propriedade privada.
Alia o caráter objetivo das normas com uma análise subjetiva do julgador. Julgador passar a ter discricionariedade limitada pelas normas para decidir, desde que fundamente adequadamente suas decisões.
Reencontro do direito com a moral (ética) e supremacia dos direitos fundamentais.
Análise subjetiva. Atividade criadora do julgador (julgador passa a fazer parte da criação da norma). Privilegia a busca da Justiça (Segurança X Justiça).
Intérprete deve selecionar os possíveis princípios constitucionais que envolvem o caso concreto. A partir daí, deve proceder a uma análise conjunta, de modo a verificar quais valores, interesses e bens jurídicos devem ser mais prestigiados no caso concreto.
A aplicação de um princípio não vai significar a anulação ou o afastamento completo de outro princípio, eventualmente, conflitante. Vai apenas significar a preponderância de um ou mais princípios sobre outros.
Crítica: Ativismo judicial.
10.2 - Princípios de hermenêutica constitucional:
a) Clássico - Savigny – interpretação gramatical, histórica, teleológica e sistemática.
b) Neoconstitucionalismo - busca de um método próprio para Constituição que concilie princípios e regras.
b1) Força normativa da constituição (Konrad Hesse): toda norma constitucional tem eficácia jurídica
b2) Supremacia da constituição: regra de interpretação do sistema jurídico, e não propriamente das normas constitucionais. Assemelha-se ao critério hierárquico.
b3) Unidade da constituição ou Efeito Integrador: interpretação em conjunto (sistemática) e ausência de hierarquia entre as normas constitucionais (PCO).
b4) Máxima efetividade (direitos fundamentais).
b5) Interpretação conforme (presunção de constitucionalidade das normas): regra
de interpretação do ordenamento jurídico, e não propriamente das normas constitucionais. São as regras infraconstitucionais que devem ser conforme a Constituição. Na interpretação das normas infraconstitucionais, deve se escolher aquela interpretação que guarde maior consonância com a Constituição. Positivado na Lei 9868/99, art. 28, par. único.[15: “Parágrafo único. A declaração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade, inclusive a interpretação conforme a Constituição e a declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto, têm eficácia contra todos e efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública federal, estadual e municipal.”]
b6) Conformidade funcional: ao interpretar a norma constitucional, o julgador, membro do PJ, não deve criar um direito novo. Visa limitar o ativismo judiciário. Decorre da separação de poderes. Judiciário somente pode assumir funções de “legislador negativo”, e não “legislador positivo”.
b7) Proporcionalidade (alemão) e razoabilidade (americano). Proporcionalidade = necessidade, adequação e razoabilidade (proporcionalidade em sentido estrito). Relação de custo-benefício.
Crítica do Virgílio Afonso da Silva.

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