Buscar

Educação Inclusiva (5º Semestre Psicologia 2019) - Conteúdo Online UNIP

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 122 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 122 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 122 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

EDUCAÇÃO INCLUSIVA
 
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA (Módulo 0)
 
Organização do material:
 
Nesta disciplina, você terá oportunidade de estudar as principais 
características da educação da criança deficiente visual, auditiva, física, 
intelectual, bem como a possibilidade de intervenção do pedagogo no 
processo de desenvolvimento e aprendizagem. Além disso, compreender a 
importância do pedagogo, do psicólogo e do assistente social, na instituição 
escolar, como mediadores da educação inclusiva. Por fim, analisar os 
princípios e as estratégias de intervenção frente aos problemas de 
aprendizagem e de comportamento da criança no contexto escolar em uma 
perspectiva crítica.
 
O programa da disciplina está distribuído em 8 módulos, que devem ser 
estudados ao longo do semestre letivo. Alguns tópicos serão objeto de 
avaliação na NP1 (Módulos 1 a 4) e outros serão avaliados na NP2 (Módulos 
5 a 8).
 
Da mesma forma, há um livro texto com todo o conteúdo da disciplina e, 
também, teleaulas distribuídas em três unidades que, da mesma forma, irão 
ajudá-lo em seus estudos.
 
Sugerimos que você siga a ordem abaixo apresentada, ao planejar seu 
estudo, uma vez que os temas mantém entre si uma relação lógica.
 
Módulo 1:
Inclusão escolar: definição e procedimentos de intervenção.
Definição de Inclusão
Movimentos internacionais e nacionais a favor da inclusão
História da educação especial no Brasil e políticas públicas
 
Módulo 2:
A criança com deficiência visual
Os olhos, Mecanismo da visão e Saúde da visão.
Definição de deficiência visual
Classificação e Causas da deficiência visual
 
Módulo 3:
A criança com deficiência auditiva
Os ouvidos, Mecanismo da audição, Saúde auditiva.
Definição de deficiência auditiva
Classificação e Causas da deficiência auditiva
 
Módulo 4:
A criança com deficiência intelectual
Definição de deficiência intelectual ou mental
Classificação e Causas da deficiência intelectual ou mental
A criança com altas habilidades
Avaliação psicológica da criança com altas habilidades
O papel da família no desenvolvimento de altas habilidades e talentos
O papel da escola na estimulação do talento criativo
 
Módulo 5:
A criança com deficiência física ou motora
Problemas de saúde física
Deficiência física e Deficiência motora
A criança com diagnóstico de síndromes
Síndrome de Asperger, Síndrome de Prader-Willi, Síndrome de Tourette, 
Síndrome de Williams.
 
Módulo 6:
A criança com problema de aprendizagem - linguagem- comportamento
Definição de problema de aprendizagem
Diagnóstico e Tratamento do problema de aprendizagem
Distúrbios de Linguagem e Distúrbios de Comportamento
 Distúrbios de Linguagem e Distúrbios de Comportamento
 
Módulo 7: Fenômenos escolares que interferem no processo de ensino e 
aprendizagem da criança
Síndrome de Burnout e Bullying
 
Módulo 8: Intervenções em rede: intervenções em psicologia e assistência 
social no contexto educacional
                
Em cada um dos módulos, haverá uma breve apresentação do assunto, 
indicação de material para leitura, atividades de estudo e exercícios de 
verificação da aprendizagem. Lembre-se que a mera realização dos 
exercícios não permitirá a aprendizagem dos temas. É imprescindível que 
você faça as leituras indicadas.
 
O presente conteúdo, por se tratar da apresentação do curso, não inclui 
exercícios. 
 
Bibliografia:
A Bibliografia apresentada a seguir relaciona as obras consideradas 
importantes para o estudo dos temas. Em cada módulo, serão indicados os 
trechos específicos que devem ser lidos.
 
 
Bibliografia Básica:
AMARO, Deigles Giacomelli. Educação Inclusiva. Aprendizagem e 
Cotidiano Escolar. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2006.
 
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar. O que é? Por quê? Como 
fazer? 2ª. Ed. São Paulo: Moderna, 2006.
 
MAZZOTTA, Marcos J.S. Educação especial no Brasil: história e políticas 
públicas. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2003.
 
Bibliografia Complementar:
 
CIASCA, Silvia M. (org.) Distúrbios de Aprendizagem: Proposta de avaliação 
interdisciplinar. Casa do Psicólogo: São Paulo, 2003.
 
Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (org.) Medicalização de 
crianças e adolescentes. Conflitos silenciados pela redução de questões 
sociais a doenças de indivíduos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010.
 
FLEITH, Denise de Souza; ALENCAR, Eunice Soriano. Desenvolvimento de 
talentos e altas habilidades. Porto Alegre: Artmed, 2007.
 
GONZÁLEZ, Eugenio. ET al. Necessidades educacionais 
específicas. Intervenção Psicoeducacional. Porto Alegre: Artmed, 2007.
 
JOSÉ, Elisabete da Assunção; COELHO, Maria Teresa. Problemas de 
Aprendizagem. 2. Ed. São Paulo: Ática, 2002.
  
Artigos e textos disponíveis na internet:
 
BRASIL. Declaração de Salamanca. Sobre Princípios, Políticas e Práticas 
na Área das Necessidades Educativas Especiais.
Disponível em: portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf 
Acesso em: 21/03/2011.
 
Ferdinando Casagrade. A legislação educacional que trata da 
inclusão. Revista Nova Escola. Julho de 2009. Disponível em:http://
revistaescola.abril.com.br/inclusao/inclusao-no-brasil/legislacao-
educacional-trata-inclusao-482187.shtml
Acesso em: 21/03/2011.
 
NETO, Aramis Lopes; SAAVEDRA, Lúcia Helena. Diga não para o 
bullying: Programa de Redução do Comportamento Agressivo entre 
Estudantes.
Disponível em: www.observatoriodainfancia.com.br/IMG/pdf/doc-154.pdf
Acesso em: 26/03/2011.
 
Sites
 
http://www.scielo.br
 
 Módulo 1 
1. Inclusão escolar: definição e procedimentos de 
intervenção 
 
1.1. Definição de Inclusão 
 
De acordo com Leny Mrech,[1] o objetivo da 
educação inclusiva (inclusão) é incluir as crianças 
deficientes no ensino regular e romper com 
preconceitos e estereótipos que envolvem a exclusão 
escolar de crianças com qualquer tipo de deficiência. 
 
A inclusão escolar foi sugerida pela UNESCO em 
1968, mas só se concretizou em 1986, nos EUA, 
quando crianças com deficiências leves e moderadas 
foram inseridas nas classes regulares comuns. 
Segundo Mrech, pais, professores, especialistas e 
instituições trabalharam contra todos os tipos de 
preconceito para que a educação inclusiva pudesse 
atingir mais de 5,8 milhões de deficientes americanos, 
em todos os níveis de ensino. 
 
No Brasil, devido às intervenções do MEC, já existem 
escolas que realizam o mesmo trabalho. No entanto, 
ainda há o preconceito de muitos profissionais que 
afirmam que as crianças devem ser separadas das 
demais e colocadas em classes ou escolas especiais. 
Nesse sentido, os estereótipos relacionados aos 
deficientes são muito fortes, contribuindo para a 
exclusão social e escolar. 
 
Ainda conforme Mrech, as crianças com deficiências 
mentais, físicas, visuais, auditivas, com distúrbios de 
aprendizagem ou emocionais conseguem inúmeros 
progressos em classes de ensino regular. Isso é 
possível porque elas têm a possibilidade de conviver 
em um contexto mais amplo, assimilando novas 
experiências. Segundo a professora, 
 
(...) vídeos comparativos entre o desenvolvimento de 
deficientes em escolas especiais e os que estão em 
escolas de ensino regular demonstram o alto grau de 
progresso desses últimos. A linguagem é acelerada e 
eles aprendem novos conceitos brincando com as 
outras crianças. 
 
 
 
Nosso objetivo é tentar romper com todos os 
processos de estigmatização, fazendo com que as 
crianças não sejam mais avaliadas apenas através 
dos testes de QI, mas pelo próprio potencial que elas 
apresentam. Isto porque esses testes medem o que 
ela não tem, em vez de lidar com aquilo que ela 
poderia utilizar no contexto escolar (Leny Mrech). 
 
 
A inclusão escolar é prevista pela Lei de Diretrizes e 
Bases (LDB), Lei nº 9.394 de 20/12/1996, da 
Constituição Federal Brasileira. Esse foi um fato 
histórico, conquistado após muitos anosde 
questionamentos sobre o tema. A lei é um 
instrumento importante para garantir a inclusão, visto 
que a mesma delineia a educação brasileira e 
apresenta um capítulo especialmente dedicado à 
educação especial. 
 
Três aspectos da lei são destacados: 
 
Educandos com necessidades especiais são aqueles 
que possuem necessidades incomuns e, portanto, 
diferentes dos outros no que diz respeito às 
aprendizagens curriculares compatíveis com suas 
idades. Em razão desta particularidade, estes alunos 
precisam de recursos pedagógicos metodológicos 
próprios (Capítulo III / Artigo 4º). 
 
Entende-se por educação especial, para efeitos desta 
lei, a modalidade de educação escolar, oferecida 
preferencialmente na rede regular de ensino, para 
educandos com necessidades especiais (Capítulo V / 
Artigo 58). 
 
Professores com especialização adequada, em nível 
médio ou superior, para atendimento especializado, 
bem como professores do ensino regular capacitados 
para integração desses educandos nas classes 
comuns (Capítulo V / Artigo 59). 
 
De acordo com essa lei, o alunado de educação 
especial pode ser classificado como: 
 
· portadores de deficiência: alunos que apresentam 
deficiência mental, física, auditiva, visual ou múltipla; 
 
· portadores de condutas típicas: alunos com 
comportamentos típicos de portadores de síndromes 
e quadros psicológicos, neurológicos ou psiquiátricos 
com repercussão sobre o desenvolvimento e 
comprometimento social; 
 
· crianças de alto risco: alunos que têm o 
desenvolvimento fragilizado em decorrência de 
fatores como gestação inadequada, alimentação 
imprópria, nascimento prematuro, etc.; 
 
· portadores de altas habilidades: alunos também 
chamados de superdotados, pois apresentam elevada 
potencialidade intelectual, aptidão acadêmica 
específica, capacidade criativa produtiva, alta 
performance em liderança, elevada capacidade 
psicomotora, talento especial para artes. 
 
Sugestão de filmografia: 
 
Sobre alunos portadores de altas habilidades, o 
filme Mentes que brilham. 
 
 
 
1.2. Movimentos internacionais e nacionais a 
favor da inclusão 
 
Os movimentos internacionais a favor da inclusão 
são: 
 
Conferência Mundial Sobre Educação Para Todos, 
em Jomtiem (Tailândia) em 1990, em defesa da 
equidade social nos países mais pobres e populosos. 
 
Declaração de Nova Delhi, em 1993, em defesa do 
atendimento à demanda de universalização do ensino 
básico. 
 
Declaração de Salamanca, 1994, quando da 
realização da Conferência Mundial sobre 
Necessidades Educacionais Especiais, na cidade de 
Salamanca, Espanha. 
 
Embora o Brasil, apesar de ter sido convidado, não 
tenha participado, esse documento influenciou 
fortemente a política e a gestão da educação, 
sobretudo da educação especial em nosso país. 
 
A Linha de Ação Sobre Necessidades Educacionais 
Especiais, da Declaração de Salamanca, almeja a 
definição da política e a inspiração da ação de 
governos, organizações não governamentais e outras 
instituições na implementação de 
princípios, políticas e práticas em educação especial. 
Tal linha de ação representa para a política 
educacional, em âmbito nacional e internacional, um 
marco na definição de diretrizes para o planejamento 
de ações responsivas a necessidades educacionais 
especiais. 
 
Essa Declaração repercutiu em mudanças 
significativas nas concepções de educação e, 
consequentemente, na compreensão da escola 
pública e da função social que exerce na sociedade 
contemporânea. No cenário educacional brasileiro, a 
LDB nº 9.394/96, o Plano Nacional de Educação (Lei 
nº 10.172/01) e as Diretrizes Nacionais para a 
Educação Especial na Educação Básica (Resolução 
CNE/SEB nº 02/01) incorporaram os princípios e as 
orientações da Declaração de Salamanca. 
 
As principais orientações da Declaração são as 
seguintes: 
 
· a urgência de novas ideias sobre necessidades 
educacionais especiais; 
 
· a atenção a fatores escolares como a flexibilidade 
dos programas de estudos, a gestão escolar, a 
produção de informação e pesquisa, a formação de 
pessoal docente, a oferta de serviços externos de 
apoio, etc.; 
 
· maior disponibilidade de recursos para a construção 
de escolas inclusivas; 
 
· maior participação da comunidade escolar – interna 
e externa. 
 
Diante dessas proposições, os sistemas de ensino 
são pressionados a rever muitos dos paradigmas que 
deram – e ainda dão – sustentação às suas práticas 
no atendimento educacional de grupos historicamente 
excluídos do acesso à educação e à cultura em geral 
– as pessoas com deficiência. 
 
O termo necessidades educacionais especiais refere-
se a todas as crianças ou aos jovens cujas 
necessidades vêm da capacidade ou da dificuldade 
de aprendizagem. Cabe à escola encontrar a maneira 
de educar com êxito todas as crianças, incluindo 
aquelas que possuem desvantagens severas. 
 
Dito isso, pode-se afirmar que o desafio dos sistemas 
de ensino é a construção de uma escola diferente da 
que se configura atualmente, ou seja, busca-se um 
espaço menos segregativo e mais acolhedor, que 
procure se adaptar às necessidades dos alunos, e 
não o contrário; que reconheça as possibilidades de 
desenvolvimento e aprendizagem nos alunos em vez 
das limitações que eles encontram em algumas 
condições temporárias ou permanentes. 
 
Não se trata de buscar pertencimentos, inserções e 
estereótipos no campo cultural para categorizar 
indivíduos e coletividades, procurando integrá-los à 
cultura vigente; trata-se de compreender a cultura 
da diversidade como questionamento e desafio à 
cultura hegemônica, como forma de combater os 
processos de segregação. 
 
Reconhecer e valorizar adiferença devem ser os 
pontos de partida e de chegada para construir uma 
base político-pedagógica que garanta uma educação 
na e para a diversidade. Para isso, faz-se 
necessário, dentre outras tantas mudanças, 
redimensionar as estruturas e a dinâmica dos 
sistemas de ensino, visandoà construção de uma 
escola que contemple e compreenda as diferentes 
formas de ser, fazer, aprender e conviver que se 
manifestam no contexto escolar, como a própria 
manifestação da diversidade humana. 
 
 
 1.3. História da educação especial no 
Brasil e políticas públicas 
 
Embora o atendimento educacional a cegos, 
surdos, deficientes intelectuais e físicos tenha se 
iniciado no Brasil por volta do século XIX, somente no 
século XX, no final dos anos 50 e início da década de 
60, ocorrerá na política educacional brasileira a 
inclusão da educação especial, da educação de 
deficientes ou da educação de excepcionais. 
 
De acordo com Mazzotta (2001), podemos dividir dois 
períodos na evolução da educação especial no Brasil: 
 
· (1º) Período de 1854 a 1956: iniciativas oficiais 
e particulares isoladas. 
· (2º) Período de 1957 a 1993: iniciativas oficiais 
de âmbito nacional. 
 
 
2.1. Período de 1854 a 1956 
 
12 de setembro de 1854: primeira iniciativa de 
atendimento escolar especial aos portadores de 
deficiência concretizada por D. Pedro II através do 
Decreto Imperial nº 1.428 na cidade do Rio de Janeiro 
com a criação do Imperial Instituto dos Meninos 
Cegos. Em 17 de maio de 1890, passou a se chamar 
Instituto Nacional dos Cegos e, em 24 de janeiro de 
1891, a denominar-se de Instituto Benjamin 
Constant(IBC). A educação consistia em oficinas de 
aprendizagem de ofícios: tipografia e encadernação 
para meninos cegos e tricôs para as meninas. 
 
26 de setembro de 1857: D. Pedro II também irá 
fundar no Rio de Janeiro o Imperial Instituto dos 
Surdos-Mudos, pela Lei nº 839. Cem anos depois, em 
6 de julho de 1957, pela Lei nº 3.198, passou a 
se chamar Instituto Nacional de Educação de 
Surdos (INES). Desde seu início, caracterizou-sepela 
educação literária e pelo ensino profissionalizante de 
meninos surdos-mudos com idade entre sete a 
quatorze anos, por meio de oficinas de sapataria, 
encadernação, pautação e douração. 
 
Dezembro de 1883: Embora houvesse, na época, 
15.848 cegos e 11.595 surdos, somente eram 
atendidos no IBC e INES, 35 cegos e 17 surdos. Isso 
levou à discussão sobre a educação dos portadores 
de deficiência no 1º Congresso de Instrução Pública, 
convocado pelo Imperador D. Pedro II, sendo então 
discutida, entre outros temas, a organização de 
currículo e formação de professores para cegos e 
surdos. 
 
Em 1874: Hospital Estadual de Salvador, hoje 
chamado Hospital Juliano Moreira, iniciou o 
atendimento médico-pedagógico aos deficientes 
mentais. No começo do século XX, são publicados 
trabalhos científicos e técnicos indicando o interesse 
pela educação dos portadores de deficiência. Em 
1950, havia cinquenta e quatro estabelecimentos de 
ensino regular e onze instituições especializadas 
mantidos pelo poder público (federal e estadual) que 
prestavam serviço de atendimento especial a 
deficientes mentais, físicos, visuais e auditivos. 
De acordo com Mazzotta (2001), algumas Instituições 
destacaram-se pela sua importância ao longo da 
história e por isso estão aqui relacionadas. 
 

 
Atendimento a deficientes visuais 
 
· Instituto Benjamin Constant – IBC (Rio de 
Janeiro) 
· Instituto de Cegos Padre Chico (São Paulo) 
· Fundação para o Livro do Cego no Brasil 
(FLCB) ou Fundação Dorina Nowill para Cegos (São 
Paulo) 
 
Atendimento a deficientes auditivos 
 
· Instituto Santa Terezinha (São Paulo) 
· Escola Municipal de Educação Infantil e de 1º 
Grau para Deficientes Auditivos Helen Keller (São 
Paulo) 
· Instituto Educacional São Paulo (IESP) ou 
Divisão de Educação e Reabilitação dos Distúrbios da 
Comunicação (DERDIC) – PUC/São Paulo 
 
Atendimento a deficientes físicos 
 
· Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (São 
Paulo) 
· Lar-Escola São Francisco – convênio com a 
Secretaria da Educação do Estado e com a Escola 
Paulista de Medicina (UNIFESP) – São Paulo 
· Associação de Assistência à Criança 
Defeituosa (AACD) – São Paulo 
 
Atendimento a deficientes mentais 
 
· Instituto Pestalozzi de Canoas (Rio Grande do 
Sul) 
· Sociedade Pestalozzi de Minas Gerais (Belo 
Horizonte) 
· Sociedade Pestalozzi do Estado do Rio de 
Janeiro (Rio de Janeiro) 
· Sociedade Pestalozzi de São Paulo (São 
Paulo) 
· Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais 
(APAE) do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro) 
· Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais 
(APAE) de São Paulo (São Paulo) 
 
 
2.2. Período de 1957 a 1993 
 
De acordo com Mazzotta (2001), o atendimento 
educacional à criança com necessidades especiais 
iniciou-se em nível nacional com a criação 
decampanhas especificamente voltadas para esse 
fim. Abaixo, estão relacionadas cada uma delas: 
 
 Campanha para a Educação do Surdo Brasileiro 
(CESB):em 03 de dezembro de 1957, instalada no 
Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), no 
Rio de Janeiro, tinha como objetivo promover 
medidas necessárias à educação e assistência ao 
surdo em todo território nacional. 
 
Campanha Nacional de Educação e Reabilitação 
de Deficientes da Visão: em 01 de agosto de 1958, 
no Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro. 
 
 Campanha Nacional de Educação de Cegos 
(CNEC):em 31 de maio de 1960, pelo Gabinete do 
ministro da Educação e Cultura e direção da 
professora Dorina Nowill. 
 
Campanha Nacional de Educação e Reabilitação 
de Deficientes Mentais (CADEME):em 22 de 
setembro de 1960, pelos movimentos liderados pela 
Sociedade Pestalozzi e pela Associação de Pais e 
Amigos dos Excepcionais, ambas no Rio de Janeiro, 
e com o apoio do Ministério da Educação e Cultura. 
 
 Em 03 de julho de 1973, com a finalidade de 
promover, em todo o território nacional, a expansão e 
a melhoria do atendimento aos excepcionais, foi 
criado o Centro Nacional de Educação Especial 
(CENESP). Com sua criação, foram extintas a 
Campanha Nacional de Educação de Cegos e a 
Campanha Nacional de Educação e Reabilitação de 
Deficientes Mentais, além das Campanhas do 
Instituto Benjamin Constant e Nacional de Educação 
de Surdos. 
 
 Em 1983, o CENESP foi transformado em 
Secretaria de Educação Especial (SESPE),manteve a 
estrutura anterior e sua coordenação foi transferida 
do Rio de Janeiro, onde estava localizada, para 
Brasília. 
 
Em 25 de março de 1990 foi extinta a SESPE, e 
as atribuições relativas à educação especial 
passaram a ser da Secretaria Nacional de Educação 
Básica (SENEB). 
 
Em 08 de dezembro de 1990, inclui-se como 
órgão da SENEB o Departamento de Educação 
Especial (DESE), com competências específicas em 
relação à educação especial. 
 
No final de 1992, após a queda do presidente 
Fernando Collor de Mello, houve reorganização dos 
ministérios e reapareceu a Secretaria de Educação 
Especial (SEESP), como órgão específico do 
Ministério da Educação e do Desporto. 
 
 
A partir da reconstrução da trajetória da 
educação especial no Brasil, Mazzotta (2001) 
concluiu afirmando que: 
 
Alguns homens e mulheres, ao longo da história, 
d e s e m p e n h a r a m i m p o r t a n t e p a p e l d e 
impulsionadores do movimento de organização 
institucional ao atendimento de pessoas com 
deficiências e/ou necessidades especiais. De maneira 
pessoal ou coletiva, fizeram-se agentes individuais 
desse processo e que, se fossem outros, muito 
provavelmente teria sido outra trajetória da educação 
especial em nosso país. Vale destacar que suas 
propostas e ações políticas estiveram pautadas pelas 
condições socia is , econômicas e pol í t icas 
historicamente determinadas. 
 
Os pais de crianças com necessidades 
especiais têm sido uma importante força para as 
mudanças no atendimento aos portadores de 
deficiência. 
 


[1] Texto extraído da autora no site http: //
www.educacaoonline.pro.br. 
 Leitura Obrigatória: 
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar. O 
que é? Por quê? Como fazer? 2ª. Ed. São Paulo: 
Moderna, 2006. 


Leitura para Aprofundamento: 
MAZZOTTA, Marcos J.S. Educação especial no 
Brasil: história e políticas públicas. 4a. ed. São Paulo: 
Cortez, 2003. 
 
 Módulo 2 - Deficiência Visual: aspectos evolutivos e 
educacionais. 
GONZÁLEZ, Eugenio e cols. Necessidades 
educacionais específicas. Intervenção 
Psicoeducacional. Porto Alegre: Artmed, 2007. (Capítulo 
5 - Pág. 100 a 118). 
Sugestão: filme “Perfume de Mulher”. 
 
O ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL 
 
 
2.1. Os olhos 
 
Os olhos, órgãos da visão, estão alojados nas cavidades 
orbitárias, que lhes dão proteção e os mantêm próximos 
ao sistema nervoso central, de que são verdadeiros 
prolongamentos exteriorizados. Possuem forma esférica, 
o que lhes garante maior mobilidade. 
 
O globo ocular é formado por três envoltórios: 
 
Esclera ou esclerótica: membrana mais externa e mais 
resistente do globo ocular. É o chamado “branco do 
olho”; sua parte anterior se torna fina, transparente e 
delicada, formando uma saliência que constitui a córnea 
– que permite a entrada de luz no olho. 
 
Coroide: é uma membrana intermediária, rica em vasos 
sanguíneos e pigmentos. Em sua parte anterior, torna-se 
visível pela transparência da córnea. Tal área recebe o 
nome de íris – responsável pela cor dos olhos. 
 
No centro da íris há um orifício chamado pupila, 
conhecido como “menina do olho”, que tem como função 
controlar a quantidade de luz no globo ocular. 
 
A luz que chega aos olhos sofre refração ao passar pela 
córnea, pelo humor aquoso, um líquido claro poruma 
lente gelatinosa (cristalino) e por um líquido bastante 
viscoso (humor vítreo). Esse conjunto funciona como um 
sistema de lentes convergentes que formam uma 
imagem na parte sensível do olho: a retina. 
 
Retina: membrana interna do globo ocular. Ela é 
composta por neurônios especializados; na parte 
posterior, apresenta uma pequena depressão, próxima 
ao nervo ótico, denominada mácula, região mais 
sensível à luz e por onde as imagens são vistas com 
maior nitidez. As células fotossensíveis são de dois 
tipos: cones e bastonetes. 
 
Os cones percebem as radiações luminosas, 
diferenciando as cores; os bastonetes também 
percebem as radiações, mas não distinguem as cores – 
captam imagens mesmo com pouca luz, sendo 
importantes para a visão na obscuridade. 
 
Estruturas auxiliares do olho: 
 
Pálpebras: são duas pregas móveis, uma superior e 
outra inferior, que protegem o globo ocular contra 
impurezas, traumas etc.; ao se fecharem, possibilitam ao 
globo ocular o descanso, impedindo a entrada de luz; 
espalham as lágrimas na frente do olho, lubrificando-o. 
As pálpebras e a esclera são revestidas por uma 
membrana fina e transparente chamada conjuntiva. 
 
Cílios: são pelos distribuídos nas margens das 
pálpebras, que protegem o globo ocular de agentes 
agressores. 
 
Glândulas lacrimais: órgãos responsáveis pela 
produção de lágrimas. A lágrima facilita o deslizamento 
das pálpebras, promove a remoção de impurezas e 
germes, participa da nutrição e oxigenação da córnea. 
 
Sobrancelhas: pêlos dispostos na margem superior de 
cada órbita, protegendo o globo ocular do suor. 
 
Músculos motores: são os músculos reto superior, reto 
inferior, reto lateral, reto medial, oblíquo superior e 
oblíquo inferior que permitem ao globo ocular 
movimentos em várias direções. 
 
 
 
2.2. Mecanismo da visão 
 
Raios de luz refletidos de um objeto entram nos nossos 
olhos, atravessam as estruturas oculares – a córnea, a 
pupila, os humores, o cristalino – e chegam ao fundo do 
olho, até a retina, onde existem células sensíveis à luz. 
 
A imagem transformada em impulsos nervosos é 
enviada através do nervo ótico ao cérebro. No cérebro, 
as informações (cor, forma, tamanho e posição) são 
“interpretadas”, fazendo com que a imagem do objeto 
em foco seja vista na posição correta. 
 
2.3. Saúde visual 
 
Todo mundo tem alguém na família ou pelo menos 
conhece alguém que usa óculos. Geralmente, pensa-se 
logo nos nossos avôs, pois a maioria dos idosos tem 
dificuldade para enxergar. Entretanto, ao contrário do 
que se pensa, os problemas de visão ocorrem na 
infância e na adolescência. 
 
Pesquisas revelam que uma em cada cinco crianças em 
idade escolar sofre de problemas de visão. Uma criança 
não tem como comparar se está enxergando bem ou 
não e dificilmente vai se queixar, o que pode trazer 
sérios problemas para o aprendizado e a saúde. 
 
Os sintomas podem ser: 
 
· dificuldade de leitura: quando você lê um livro, preste 
atenção se precisa aproximá-lo dos olhos ou se é 
necessário afastá-lo. Observe se as letras ficam meio 
embaçadas, como se tivesse uma nuvem de fumaça 
sobre seus olhos; 
 
· piscamento: observe se você pisca muitas vezes ao 
focalizar algum objeto ou durante a leitura; 
 
· sensibilidade exagerada à luz: em ambientes claros, 
não se consegue abrir os olhos totalmente, os quais, em 
seguida, começam a lacrimejar; 
 
· terçol frequente: é uma inflamação geralmente 
localizada nas pálpebras, como se fosse uma espinha 
grande, deixando a região avermelhada e inchada; 
 
· dores de cabeça: geralmente durante ou após a leitura 
ou ao assistir à televisão; 
 
· tonteiras: também são frequentes durante a leitura. 
 
2.4. Definição de deficiência visual 
 
A deficiência visual é uma perda na área da visão que 
pode ser do tipo cegueira – total incapacidade para 
enxergar – ou do tipo deficiência visual – alterações no 
sistema visual – e, nesse sentido, o sujeito perde a 
acuidade visual, a capacidade de distinguir imagens, 
requerendo a utilização de prótese. Quando um sujeito 
não tem associado outro tipo de incapacidade, além da 
falta de visão, irá compensar com outros sentidos, como 
tato, audição e olfato. 
 
2.5. Classificação 
 
A literatura apresenta duas categorias de problemas 
visuais: deficiências totais e deficiências parciais. 
 
 Deficiências totais 
Cegueira ou perda da visão: caracteriza-se pela 
incapacidade de enxergar. Existem dois tipos de 
cegueira: 
 
· absoluta: quando o sujeito cego é incapaz de distinguir 
alguma coisa; em alguns casos, pode reconhecer um 
pouco de luz, mas é impossível adquirir conhecimentos 
por meio da vista; 
 
· parcial: quando o sujeito cego pode distinguir luz, 
sombras e contornos. 
 
 Deficiências parciais 
Deficiência visual: caracteriza-se por defeitos óticos e 
ambliopia, problemas de refração no olho, manifestado 
por visão nebulosa. Entre esses, pode-se citar: miopia, 
astigmatismo e hipermetropia, que podem ser corrigidos 
sem dificuldade com pequenas intervenções cirúrgicas 
ou pelo uso de lentes. 
 
Na ambliopia, existe uma sensibilidade imperfeita na 
retina, sem lesão orgânica do olho, levando a uma 
diminuição da visão de dois tipos: 
 
· sujeitos com baixa visão, que, com auxílio de material 
adequado e especialistas, podem desenvolver uma 
aprendizagem normal; 
 
· sujeitos limitados visuais, que, com lentes ou aparelhos 
especiais, podem realizar sua aprendizagem normal. 
 
 
 
 
 
Deficiências totais Deficiências parciais
Cegueira ou perda da visão
 
 · Absoluta e parcial
Deficiência visual
 
 · Sujeitos com baixa visão
 · Sujeitos limitados visuais
 
 
 
 
2.6. Causas da deficiência visual 
 
Os problemas visuais podem surgir por interferências na 
formação de imagens na retina ou na transmissão 
destas ao cérebro: erros óticos, defeito nos olhos, 
doenças, síndromes e condições que afetam a visão em 
maior ou menor extensão. 
 
Sugestão de filmografia: 
 
Perfume de mulher 
O milagre de Anne Sullivan 
À primeira vista 
Distúrbios e anomalias visuais mais 
comuns
 
Hipermetropia
Miopia
Astigmatismo
Estrabismo
Heterotropia
Nistagmo
Albinismo
Catarata
Dançando no escuro 
Ray Charles 
O sino de Anya 
Janela da alma 
 
No passado, as maiores causas da deficiência visual 
eram a sífilis, a meningite ou a escarlatina, e medidas 
como lavar os olhos do recém-nascido e o uso de 
vacinas conseguiram eliminar a maioria dessas causas. 
Hoje as infecções intrauterinas, como rubéola e 
toxoplasmose, junto com malformação no 
desenvolvimento do aparelho visual do feto são as 
causas mais comuns de deficiência congênita. 
 
De acordo com González (2007), existem oito grupos 
diferentes de causas pelas quais um sujeito é cego: 
 
1º grupo: sujeitos cegos que sofreram anomalias 
congênitas porque a mãe teve alguma doença durante 
os primeiros meses de gravidez, como rubéola ou 
toxoplasmose, e sujeitos que apresentam cegueira 
devido à herança genética. 
 
2º grupo: sujeitos cegos por problemas de refração, 
como a miopia. 
 
3º grupo:sujeitos cegos que sofreram traumatismo nos 
olhos durante a prática de esportes, casos de 
queimadura ou, ainda, acidentes domésticos. 
 
4º grupo: sujeitos cegos por lesões no globo ocular. 
 
5º grupo: sujeitos cegos por lesões no nervo ótico, no 
quiasma e nos centros corticais. 
 
6º grupo: sujeitos cegos por alterações próximas aos 
olhos, como pálpebras ou canais lacrimais. 
 
Na metade do século XX, a administração excessiva de 
oxigênio nas incubadeiras de bebês prematuros levou 
metade das crianças da época à deficiência visual – 
essa condição foi chamada de fibroplasia retrolental. 
 
7º grupo: sujeitoscegos por doenças gerais, que podem 
ser infecciosas, intoxicações ou, ainda, transtornos do 
tipo endócrino (diabetes, sífilis, glaucoma, ceratite, 
rubéola). 
 
8º grupo: sujeitos cegos cuja causa é determinada por 
parasitas. 
 
Os dois principais profissionais mais indicados no 
diagnóstico dos problemas visuais são o médico 
oftalmologista, especializado na avaliação e tratamento 
dos defeitos e doenças dos olhos, e o optometrista, que 
examina, mede e trata certos defeitos funcionais de 
visão por meio de métodos que não exigem formação 
em medicina. 
 
Além disso, os pais e o professor, por meio da 
observação, podem detectar as deficiências visuais 
apresentadas pelas crianças, por meio dos seguintes 
indicadores: 
 
· ter dificuldade para ler o quadro-negro; 
 
· ter dores de cabeça; 
 
· esfregar os olhos; 
 
· apresentar olhos avermelhados e com lágrimas; 
 
· confundir e inverter letras e palavras; 
 
· trocar de linha ao escrever; 
 
· piscar e fazer esforços para ler; 
 
· apresentar incômodos excessivos causados pela luz. 
 


Disponível em www.portalms.com.br/campogrande. 
 
 Módulo 3 - Deficiência Auditiva: avaliação e 
intervenção. 
 
Pesquisadores têm estudado de que maneira 
as outras funções sensoriais podem ser afetadas 
pela deficiência visual.
 
Há um grupo de teóricos que acredita na teoria 
da compensação sensorial: se uma avenida 
sensorial, como a visão, é deficiente, os outros 
sentidos automaticamente são reforçados; por 
exemplo, parte-se da hipótese de que o deficiente 
visual tem a capacidade de ouvir melhor e tem 
mais memória que indivíduos com visão.
 
No entanto, outros pesquisadores apresentam 
um ponto de vista alternativo, de que a deficiência 
numa área de desenvolvimento pode ter um efeito 
negativo em outras áreas. Isso significa que um 
defeito funcional em uma área retarda ou perturba 
o desenvolvimento de outras áreas intactas.
 
Qual é a sua opinião sobre isso?
GONZÁLEZ, Eugenio e cols. Necessidades 
educacionais específicas. Intervenção 
Psicoeducacional. Porto Alegre: Artmed, 2007. 
(Capítulo 6 – Pág. 119 a 133). 
 
 
 
 
 
Sugestão: filme “Mr. Holland: adorável professor” 
 
 
Crianças com Deficiência Auditiva 
 
3.1. Os ouvidos[1] 
 
Chama-se de orelha (do latim aurícula) ou pavilhão 
auricular (ou pavilhão auditivo externo ou, ainda, 
ouvido) à parte externa cartilaginosa doaparelho 
auditivo, ligada diretamente ao canal do ouvido 
externo. Os ouvidos são os órgãos da audição. 
 
3.2. Mecanismo da audição 
 
De acordo com Claudia Mara Damian, a estrutura 
fisiológica do órgão da audição, ou seja, o ouvido, 
possui três grandes divisões: 
 
Ouvido externo: capta o som e, através do conduto 
auditivo, que funciona como um ressonador, amplifica 
duas ou três vezes as ondas sonoras. O tímpano é o 
divisor do ouvido externo e do ouvido médio. 
 
Sugestão de filmografia: 
 
Mr. Holland: adorável professor 
Filhos do silêncio 
Querido Frankie 
O piano 
A música e o silêncio 
 
Ouvido médio: possui três ossículos, martelo, 
bigorna e estribo, que transmitem as vibrações 
produzidas pelo tímpano, o qual reage em função das 
ondas sonoras a uma membrana que cobre uma 
abertura chamada janela vestibular ou oval, a qual 
separa o ouvido médio (cheio de ar), do ouvido 
interno (cheio de líquidos). 
 
Ouvido interno: fechado num recipiente ósseo, 
possui três canais semicirculares, que não interferem 
no sentido da audição, mas oferecem o sentido de 
equilíbrio, e o caracol (cóclea). A cóclea, com seu 
formato de caracol, é a ponte de ligação entre o 
sistema mecânico de percepção do som e o sistema 
elétrico de envio da mensagem ao cérebro, através 
das vias neuronais. 
 
Segundo Damian, com o movimento da bigorna, em 
função da ação do martelo, é acionado o movimento da 
janela oval; esta, por sua vez, está presa à bigorna. 
Portanto, sempre que a bigorna agir, a janela oval 
movimentar-se-á de forma reflexa. A janela redonda 
transmite as mensagens que chegam ao ponto de 
expansão e retração do fluído contido na cóclea. A 
importância da janela redonda está em que é ela que 
contém as informações referentes à frequência e à 
intensidade de um som. O sistema nervoso solicitará da 
janela redonda todos os dados a respeito do som 
captado. 
 
Até a janela redonda o processo é mecânico e 
sofre defasagem no tempo. A partir daí, do sistema 
nervoso ao centro do cérebro responsável pela 
sensibilidade sonora, praticamente não há lapso 
temporal, porque a mensagem é enviada por pulsos 
elétricos infinitamente mais rápidos que os 
mecânicos4. 
 
3.3. Saúde auditiva 
 
Os cuidados para evitar a surdez na infância 
começam antes mesmo de a criança nascer. Durante 
a gravidez, é necessário que a mãe faça o pré-natal, 
não tome remédios sem a aprovação do médico e, se 
houver necessidade de fazer um exame de 
radiografia, é necessário comunicar o médico sobre a 
gravidez. 
 
Após o nascimento do bebê, os pais devem ser 
orientados a não usar cotonetes durante a higiene, 
nunca deixar que a criança brinque com botões, 
tampinhas, grão de feijão ou objetos pequenos, pois 
ela mesma pode colocar esses objetos no ouvido; da 
mesma forma, os pais devem evitar ambientes com 
alta sonoridade, pois isso pode prejudicar a audição 
da criança. Os pais devem ser orientados a vacinar o 
bebê contra sarampo, caxumba, meningite e rubéola, 
pois essas doenças podem causar surdez. 
 
 
3.4. Definição de deficiência auditiva 
 
A deficiência auditiva (DA) refere-se à incapacidade 
do sujeito de ouvir e falar; é o aluno que não pode 
utilizar os recursos naturais da sala de aula. Assim, 
uma criança é surda quando não percebe os sons 
nem mesmo com a ajuda de amplificadores. 
 
De acordo com González (2007), quando falamos 
em deficiente auditivo, referimo-nos a sujeitos que 
têm uma perda auditiva de maior ou menor grau. 
Quando a perda é total, falamos de surdos; quando a 
perda é parcial, falamos de hipoacusia. Esta pode ser 
leve, moderada ou severa, em função do grau de 
decibéis que o sujeito é capaz de perceber. 
 
 
Assim, para este autor, temos as seguintes 
definições: 
 
· deficiência auditiva: termo genérico que indica uma 
incapacidade que pode ter nível de intensidade de 
médio a profundo; inclui os termos “surdo” e “limitado 
de ouvido”; 
 
· limitado de ouvido: pessoa que, geralmente, com o 
uso de auxílio auditivo, tem bastante audição residual 
para ser capaz de processar informação linguística 
pela audição; 
 
· surdo: indivíduo cuja incapacidade auditiva 
impossibilita o processamento da informação pela 
audição. 
 
 Do ponto de vista educacional, podemos 
classificar as crianças com déficit auditivo em duas 
amplas categorias: 
 
· hipoacústicos: crianças com audição deficiente, 
por isso têm alterações na articulação, na 
reestruturação da linguagem ou, ainda, no léxico, 
mas, com ajuda de uma prótese auditiva, podem 
desenvolver uma vida normal. Portanto, a 
característica fundamental dessas crianças é adquirir 
a linguagem oral por via auditiva; 
 
· surdos profundos: crianças que têm uma perda 
auditiva total; a informação não chega até elas em 
nível auditivo, embora tenham uma boa amplificação, 
por isso, a informação é recebida pelo visual. 
Portanto, a característica fundamental dessas 
crianças é a impossibilidade de adquirir a linguagem 
oral por via auditiva. 
 
A literatura atual considera que uma perda auditiva 
total é muito rara, pois parece existir um grau de 
audição residual; por isso o termo deficiência auditiva, 
e não surdez. 
 
3.5. Classificação 
 
A deficiência auditiva (DA) pode ser classificada de 
acordo com três critérios:Natureza da perda auditiva ou quantidade em 
decibéis de audição perdida. 
 Para isso, os autores se baseiam no Índice Haig 
estabelecido pelo Comitê Internacional de Audiologia. 
De acordo com Kirk e Gallagher (2000), para 
determinar o nível de audição de um sujeito, é 
necessário saber a intensidade de som que precisa 
ser ouvida pelo ouvinte. O audiômetro de puro-som, 
um instrumento-chave para medir a acuidade 
1. Natureza ou quantidade de audição que a 
criança perdeu.
 
2.Detecção da lesão ou localização da parte 
do ouvido lesionada.
 
3.Momento da perda auditiva.
auditiva, é utilizado para apresentar ao indivíduo sons 
de frequência e intensidade conhecidas. 
 
Pede-se ao indivíduo que responda quando ouvir o 
som do audiômetro e a audição em cada ouvido é 
registrada separadamente, sendo o nível de audição 
registrado em um audiograma que mostra a perda em 
decibéis. Um nível auditivo de trinta decibéis indica 
uma leve perda de audição; um nível de noventa 
decibéis indica uma perda auditiva profunda. 
 
 
 
Com isso, temos a seguinte classificação: 
 
· Crianças com audição normal: audição inferior a 
20dB, por isso percebe a fala e os sons 
perfeitamente. 
Níveis de deficiência auditiva (González, 2007)
Nível Intensidade Implicações
0/25 dB Insignificante -------
25/40 dB Leve perda auditiva Dificuldade com sons fracos e 
distantes / lugares com muito 
barulho.
40/60 dB Moderada perda 
auditiva
Dificuldade com palavras 
normais / conversações, 
discussões em sala de aula.
60/90 dB Severa perda auditiva Dificuldade com palavra alta ou 
amplificada/requer treinamento.
90 dB + Profunda perda 
auditiva; surdo
Consciência de sons e 
vibrações,mas não é possível 
compreender palavra 
amplificada.
 
· Crianças com DA leve: audição entre 20 e 40dB; 
não costumam ter problemas para ouvir, mas, quando 
se encontram em lugares com barulhos, podem ter 
dificuldade para perceber mensagens, sobretudo se 
forem utilizados termos ou expressões pouco 
conhecidas; por isso, costumam ter dificuldade na 
escola, uma vez que esses dois fatores se unem: 
barulhos próprios da escola e linguagem acadêmica. 
Para que o aluno tenha uma escolaridade normal, é 
necessária a utilização de prótese e fonoterapia, para 
trabalhar a articulação. 
 
· Crianças com DA média: audição entre 40 e 70dB; 
com uso de prótese, é possível adquirir a linguagem 
oral por via auditiva e conversação de forma normal. 
 
· Crianças com DA severa: audição entre 70 e 90 
dB; podem perceber apenas palavras amplificadas, e 
a aprendizagem da linguagem oral não ocorre de 
maneira espontânea. Por isso, é imprescindível o uso 
de prótese, treino auditivo e fonoterapia para 
conseguir ampliar o vocabulário, uma linguagem 
estruturada e fala inteligível. 
 
· Crianças com DA profunda: audição superior a 
90dB; não podem perceber a linguagem por via oral e 
precisam de intervenção especializada. 
 
· Cofose: perda total da audição; não existem 
resíduos auditivos e seu patamar está abaixo de 
120dB. Esse tipo de surdez não é frequente. 
 
Localização da lesão 
Detecção da lesão ou localização da parte do 
ouvido lesionada. De acordo com os autores, 
dependendo da parte do ouvido que a lesão afeta, 
pode-se classificar a DA. 
 
Assim, temos a seguinte classificação: 
 
· Surdez de condução ou transmissão: afeta o 
percurso do som até o ouvido interno e se deve a 
obstáculos que ocorrem no ouvido externo ou médio, 
por alterações na cadeia, tumores, otites e 
malformações, e o tratamento envolve medicação ou 
intervenção cirúrgica. A perda auditiva não ultrapassa 
60 dB, sendo considerada uma surdez média. 
 
· Surdez neurossensorial ou de percepção: as 
estruturas do ouvido interno e as vias de acesso ao 
cérebro foram atingidas (canal auditivo), por isso não 
é possível conseguir audição, já que a quantidade e a 
qualidade estão afetadas, sendo o caso de surdez 
propriamente dita. A intervenção envolve cirurgias 
com implantes cocleares. 
 
· Surdez mista: ocorre quando o ouvido externo, 
médio e interno é afetado. Tratamento é cirúrgico e 
educacional. 
 
Momento da perda auditiva 
 
· Surdos pré-locutivos: surdez anterior à aquisição 
da fala, isto é, entre zero e cinco anos. Nesses casos, 
deve-se utilizar um programa para que a criança 
adquira a linguagem – oralismo e/ou sinais. 
 
· Surdos pós-locutivos: surdez após a aquisição da 
fala, a partir de cinco anos, quando já contam com as 
estruturas da linguagem. Nesses casos, deve-se 
controlar e conservar o adquirido e tornar a criança 
consciente de seu déficit a fim de contornar 
alterações em suas relações pessoais e sociais. 
 
 
 3.6. Causas da deficiência auditiva 
 
Kirk e Gallagher (2000) apresentam cinco causas 
principais para a surdez infantil: hereditariedade, 
rubéola materna, nascimento prematuro, meningite e 
incompatibilidade de sangue entre a mãe e a criança. 
 
Classificação da deficiência auditiva (González, 2007)
Intensidade Tempo de 
início
Etiologia Localização
Média Pré-lingual Congênita Condutiva
Moderada Pós-lingual Sobrevinda Sensório-neural
Severa
Profunda
A DA menos grave é causada por otite média, uma 
infecção comum do ouvido médio na infância, mas 
mu i tos casos es tão na ca tego r i a “ causa 
desconhecida”. 
 
Sendo assim, temos as seguintes causas para a 
deficiência auditiva: 
 
 
 
Surdez de transmissão 
Ouvido externo: malformações que afetam o 
conduto auditivo ou ausência do pavilhão auditivo; 
traumatismos ou inflamações no ouvido externo leve 
e severo ou tampões de cera. Essas alterações não 
impedem a audição, mas os sons são mal-
discriminados, com efeito transitório, uma vez que 
podem ser eliminados. 
 
Sugestão de filmografia: 
 
Causas pré-natais
 
Rubéola materna, hereditariedade, 
nascimento prematuro, incompatibilidade 
de Rh, desconhecidas.
 
Causas pós-natais
 
Meningite, encefalite, desconhecidas.
Mr. Holland: adorável professor 
Filhos do silêncio 
Querido Frankie 
O pianoA música e o silêncio 
 
Ouvido médio: a deficiência auditiva nessa região é 
mais grave, embora possa ser corrigida por cirurgia. A 
infecção de origem é a otite média, mais frequente na 
infância, e pode afetar dois terços das crianças nos 
primeiros anos de vida (6 a 36 meses), sendo mais 
comum no verão do que no inverno. 
 
Surdez de percepção ou neurossensorial 
Ouvido interno: a deficiência auditiva nessa região 
é ocasionada por lesões cocleares ou disfunções que 
afetam a maior parte da audição. Muitos casos de 
surdez pré-linguística são desse tipo; é mais grave e 
costuma ser permanente. Seu prognóstico é mais 
complicado do que o da surdez por transmissão. A 
causa pode ser por problemas genéticos, processos 
infecciosos e malformação congênita: pré-natal 
(rubéola na mãe durante a gestação); perinatal 
(hipóxia ou falta de oxigenação no parto); ou pós-
natal (doenças infecciosas como meningite ou 
encefalite). O problema também pode ocorrer em 
crianças prematuras, por incompatibilidade de Rh e 
por traumatismos provocados após o nascimento 
(barulho ou traumatismo craniano). Em adultos 
também pode levar a DA por deterioração progressiva 
do nervo, tumores intracranianos, hemorragias 
cerebrais, exposição à alta intensidade de sons, 
alteração da pressão e dos líquidos do labirinto 
(síndrome de Menière). 
 
Surdez genética 
Ocorre nas crianças que têm pais surdos ou 
membros da família surdos; em seu histórico podem 
existir problemas de consanguinidade. 
 
Surdez por causas desconhecidas 
González (2007) afirma que a porcentagem, 
normalmente, é muito alta dos casos em que se 
desconhece com exatidão a origem da deficiência 
auditiva, que pode acontecer em qualquer momentoda vida, podendo ser por envelhecimento, por 
traumatismos acústicos, etc. 
 
As dificuldades que uma criança surda tem em seu 
processo de aprendizagem são determinadas pela 
falta de comunicação oral com o professor e com os 
colegas. Cabe ao professor buscar uma forma de 
contato com o aluno, levando em consideração suas 
características intelectuais, afetivas e sociais, 
valorizando suas habilidades ou pontos de destaque. 
A qualidade de vida do DA depende de três fatores: 
realização acadêmica, modificação social e pessoal e 
modificação profissional. 
 
Esse é o grande desafio do educador. 


[1] Disponível em www.portalms.com.br/campogrande 
 
 Módulo 4 - Altas Habilidades e Deficiência Mental 
GONZÁLEZ, Eugenio e cols. Necessidades 
educacionais específicas. Intervenção 
Psicoeducacional. Porto Alegre: Artmed, 2007. 
(Capítulo 3 – Pág. 64 a 84). 
 
Sugestão: filmes “Oitavo Dia; Gabi: uma lição de vida; 
Rain Man; Estranho no ninho; Oleanna”. 
 
 
 
O ALUNO COM ALTAS HABILIDADES 
 
Existem algumas crianças que aprendem mais 
depressa, lembram-se de mais coisas e resolvem 
problemas com maior eficiência do que as outras. Ao 
longo da história, essas crianças foram chamadas de 
superdotadas ou talentosas e, atualmente, são 
denominadas portadoras de altas habilidades. 
Crianças denominadas como deficientes geralmente 
apresentam perda em uma ou mais áreas do 
desenvolvimento; as crianças com altas habilidades 
são o único grupo com excedente de capacidades ou 
talentos. 
 
 
Quem são os sujeitos com altas habilidades? 
 
 
Aluno portador de altas habilidades: aluno cujas 
aptidões biopsicológicas estão acima dos padrões de 
desenvo l v imen to cu l t u ra lmen te ace i t os e 
cientificamente reconhecidos para a faixa etária 
correspondente. 
 
Aluno portador de necessidades especiais: aluno 
que apresenta limitações de ordem física 
(auditiva, visual, mental, motora), psicológica ou 
emocional, relativamente à sua faixa etária e aos 
padrões vigentes. 
 
Fonte: Assessoria de Gestão da Informação – Pró-
Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento da 
Universidade Federal de Minas Gerais (2003). 
Disponível em <www.ufmg.br/proplan/glossario/
a.htm> 
 
 
 
4.1. Avaliação psicológica de alunos com 
altas habilidades 
 
De acordo com Fleith e Alencar (2007), a 
avaliação dos sujeitos com altas habilidades deve ser 
feita o mais cedo possível, a fim de atender suas 
necess idades, capac idades e a justamento 
socioemocional. A simples rotulação do aluno como 
superdotado não tem valor algum se não for 
contextualizada em um planejamento pedagógico ou 
com uma orientação educacional. 
 Da mesma forma, a avaliação deve ser enriquecida 
por outras fontes de identificação, que permitam uma 
visão sistêmica e global do indivíduo, e não apenas 
sua inteligência superior medida por meio de testes 
de inteligência. Uma metodologia de avaliação da 
inteligência atual é feita de maneira abrangente e 
multidimensional levando em consideração o contexto 
sócio-histórico do sujeito, suas habilidades na área da 
l inguagem e do pensamento lógico e suas 
características de criatividade, aptidão artística e 
musical, liderança, entre outras. 
 Portanto, é de fundamental importância que a 
avaliação permita ao sujeito reconhecer e entender o 
que se passa consigo mesmo, ter uma ideia mais 
clara e coerente de seu potencial e de suas 
habilidades e de como desenvolver-se de forma mais 
harmoniosa. 
 A avaliação psicológica é o processo científico, 
limitado no tempo, realizado por um psicólogo, que 
procura compreender o indivíduo em sua globalidade, 
utilizando técnicas de entrevista, de observação e de 
testes psicológicos que permitam a obtenção do 
funcionamento psíquico do sujeito que está inserido 
em um contexto sócio-histórico. O conjunto de 
informações obtidas pelo psicólogo junto ao aluno, à 
escola e à família mapeará as condições cognitivas, 
sociais e afetivas desse aluno, na tentativa de orientar 
e conduzir ações em direção a uma melhor qualidade 
de vida. Não se trata de uma ação isolada nem de 
uma proposta de solução mágica, mas de um 
trabalho interdisciplinar que visa a um apoio a um 
planejamento educacional mais eficaz. 
 Como metodologia é utilizada entrevista de 
anamnese com os pais ou responsáveis, entrevistas 
com o aluno em que são aplicados testes de 
inteligência (Raven e WISC-R), instrumentos que 
avaliam autoconceito e criatividade (Teste Torrance 
de Pensamento Criativo), jogos (memória e quebra-
cabeças), brincadeiras (liga-pontos, palavras-
cruzadas), desenhos e produções espontâneas. 
 Realizam-se também visitas à escola que o 
aluno frequenta e encontros com os professores. Ao 
término, é feita uma entrevista de devolutiva aos pais 
e professores, que serão orientados sobre o 
desenvolvimento acadêmico, emocional e social da 
criança com altas habilidades. 
 De acordo com Fleith e Alencar (2007), é importante 
ressaltar que o principal objetivo da avaliação 
psicológica não é identificar se o aluno apresenta ou 
não altas habilidades, e sim avaliar seus interesses, 
pontos fortes e necessidades e sugerir caminhos que 
possibilitem seu crescimento saudável. 
 Alfred Binet (1857-1911), pedagogo e psicólogo 
francês, em 1905 publica, por solicitação do governo 
francês, junto com Theodore Simon (1873-1961), 
uma escala métrica para avaliação da inteligência, 
sendo considerado, por isso, o inventor do primeiro 
teste de inteligência. Essa escala tinha como objetivo 
mensurar o desenvolvimento da inteligência de 
crianças de acordo com a idade mental, e este 
trabalho foi ponto de partida para a criação de outros 
testes psicométricos, especialmente os que medem o 
quociente intelectual (QI). 
 Lewis Terman (1877-1956) dedicou maior parte de 
sua vida ao estudo de crianças com altas habilidades, 
procurou em escolas públicas crianças superdotadas 
e as acompanhou durante 35 anos, até a sua morte. 
 A classificação proposta por Lewis Terman era a 
seguinte: 
 QI acima de 141: genialidade 
121 - 140: inteligência muito acima da média 

110 - 120: inteligência acima da média 

90 - 109: inteligência normal (ou média) 

80 - 89: embotamento 

70 - 79: limítrofe 

50 - 69: cretino 
 David Wechsler criou dois testes de inteligência, o 
WAIS e o WISC, ambos avaliam as características 
cognitivas e consistem em vários subtestes que são 
estruturados em dois grupos: a escala verbal e a de 
execução. 
Atualmente o mais utilizado é o WISC-III com 13 
subtestes, sendo que foi incluído um novo subteste 
denominado Procurador de Símbolos( verbais e 
perceptivos- motores). 
A Escala de Inteligência Wechsler 
para Crianças WISC-III, foi 
desenvolvida levando em 
consideração a concepção da 
inteligência como uma entidade 
agregada e global, ou seja, 
capacidade do indivíduo em 
raciocinar, lidar e operar com 
propósito, racionalmente e 
efetivamente com o seu meio 
ambiente. Por esta razão, os 
subtestes foram selecionados com o 
objetivo de investigar muitas 
capacidades mentais diferentes, mas 
que juntas, oferecem uma estimativa 
da capacidade intelectual geral da 
criança.( CRUZ, M.B.Z., 2005) 
A importância de tal teste é que o mesmo pode ser 
utilizado com finalidade de diagnóstico 
psicoeducacional, neuropsicológico e avaliação 
clínica, é um excelente instrumento para identificação 
de características que venham a favorecer a 
elaboração de programação educacional. 
 Aval. psicol. v.4 n.2 Porto Alegre nov. 2005 
Maria Beatriz Zanarella Cruz 
Universidade São Francisco 
 
 
 
 
 
4.2. O papel da família no desenvolvimento de 
altas habilidades e talentos 
 
As maiores queixas e preocupações dos pais 
estão no descompasso entre o desenvolvimento 
intelectual avançado e o emocional,compatível com a 
faixa etária. É necessário que a família acompanhe o 
desempenho do aluno no contexto educacional, 
ofereça atendimento às suas necessidades e receba 
orientação para ajudá-lo em seu processo de 
adaptação às circunstâncias. 
 
 
4.3. O papel da escola na estimulação do 
talento criativo 
 
De acordo com Fleith e Alencar (2007), depois 
do próprio aluno, o professor é o principal agente 
pedagógico no contexto escolar. Por isso, a 
identificação das altas habilidades deve iniciar na sala 
de aula, a partir do professor, que, munido de 
recursos adequados, pode realizar suas observações 
e anotações sobre aqueles alunos que se destacam, 
estimulando-os e facilitando seu desenvolvimento. 
Descobrir o interesse do aluno consiste na questão 
central para torná-lo motivado, abrindo espaço para 
que demonstre seu potencial e sua criatividade. Além 
disso, cabe ao professor possibilitar ao aluno a 
socialização com os colegas de classe. 
 
4.4. O ALUNO com deficiência INTELECTUAL 
 
4.5. Definição de deficiência intelectual ou 
mental 
 
A deficiência mental (DM) refere-se ao funcionamento 
intelectual geral significativamente abaixo da média 
(escore em testes de inteligência inferior a 85) que 
coexiste com falhas no comportamento adaptador 
(independência e responsabilidade social esperado 
para o grupo etário e cultural) e se manifesta durante 
o período de desenvolvimento infantil. As crianças 
deficientes mentais são acentuadamente mais lentas 
do que seus companheiros da mesma idade para 
usar a memória com eficácia, associar e classificar 
informações, raciocinar e fazer julgamentos 
adequados (Kirk; Gallagher, 2000). 
 
Não existe, na literatura, um consenso em relação ao 
conceito de deficiência mental. Os sujeitos que 
apresentam um baixo nível intelectual são 
classificados de deficientes mentais ou retardados 
mentais, variando também a designação a partir do 
quociente intelectual (QI) ou da idade mental (IM). 
 
Alfred Binet elaborou testes de inteligência na França, 
no início do século XX, com objetivo de avaliar a 
inteligência das crianças francesas em idade escolar 
e, com isso, encontrar alunos que não fossem 
capazes de responder ao programa escolar 
tradicional. Dessa forma, classifica as crianças 
deficientes mentais pelo quociente intelectual (QI) em 
quatro categorias: idiota, imbecil, débil e retardada. 
 
 
A definição e os procedimentos para classificação de 
deficiência mental sofrem modificações quando se 
menciona o fator de adaptabilidade. 
 
Comportamento adaptador: são os fatores externos 
à criança; consistem no quadro ambiental em que o 
sujeito se desenvolve. Se um determinado ambiente 
cria mais condições do que outro, podemos ter uma 
criança deficiente mental em uma comunidade, mas 
não em outra, na escola e não na vizinhança, durante 
uma época da vida, mas não em outra. 
 
Dessa forma, embora existam controvérsias sobre a 
possibilidade de modificação no desenvolvimento 
intelectual, todos os autores concordam que o 
comportamento adaptador das crianças deficientes 
mentais pode ser influenciado por treinamento. Em 
outras palavras, dependendo das circunstâncias, é 
possível minimizar a deficiência mental e até a 
incapacidade educacional por meio de uma 
programação educacional ou modificações no 
ambiente social do sujeito. 
 
4.6 Classificação 
 
Uma das maiores consequências da deficiência 
mental é a perda da capacidade intelectual, e são os 
testes de inteligência que irão determinar seu grau. 
Ao mesmo tempo, é importante salientar que o 
diagnóstico da DM, como qualquer outro, é 
extremamente complexo, por isso não pode ser 
reduzido a um número expresso em QI – quociente 
intelectual. 
 
As escalas de David Wechsler permitem avaliar a 
inteligência a partir do escore de Quociente 
Intelectual (QI), sendo 100 considerado na média da 
distribuição – acima de 100 estão os superdotados, e 
abaixo de 100 estão os infradotados. 
 
Essa forma de avaliação da inteligência proposta por 
Binet e Wechsler provocou críticas de vários autores 
contemporâneos (Piaget, Vygotsky, Luria, Sternberg, 
Feuerstein, entre outros), que colocaram em dúvida a 
avaliação da capacidade intelectual por testes 
psicológicos. 
 
 
Abaixo, um quadro com toda a classificação: 
 
Classificação da inteligência de acordo 
com a Escala Wechsler
130 e ³ Muito superior
120-129 Superior
110-119 Normal alto
90-109 Normal
80-89 Normal baixo
70-79 Fronteiriço ou 
borderline
55-69 DM leve
40-54 DM moderada
 
 
De acordo com González (2007), em psicologia e 
pedagogia, temos uma maneira mais atual de avaliar 
a deficiência mental. O autor propõe três parâmetros 
que possibilitam um diagnóstico mais eficaz e 
adequado para as necessidades dos deficientes 
mentais. Esses paradigmas são: 
 
· o déficit na inteligência e o grau de deficiência: 
determinados basicamente pelo QI ou pelos estádios 
piagetianos de desenvolvimento; 
 
· as dificuldades na conduta adaptativa; 
 
· o grau de educabilidade (educáveis e treináveis) que 
determinam as possíveis ações ou intervenções 
psicopedagógicas. 
 
Dessa forma, é considerada pelo Manual Diagnóstico 
e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV) como 
um transtorno generalizado do desenvolvimento, 
caracterizado por: 
 
· ter um funcionamento intelectual geral 
significativamente inferior à média; 
 
· estar ligado a déficits significativos no 
funcionamento adaptativo; 
25-39 DM severa
£ 25 DM profunda
 
· ter início antes dos dezoito anos de idade 
cronológica. 
 
 
 
 O funcionamento intelectual do deficiente mental 
é classificado da seguinte forma pelo DSM-IV: 
 
 Deficiente mental leve: corresponde a 85% 
de toda a população com DM; são conhecidos 
também como “educáveis” e, na infância, 
desenvolvem habilidades sociais e de comunicação. 
Possuem poucas dificuldades sensório-motoras, 
muitas vezes não são diferenciados de outras 
crianças até em idades mais avançadas e conseguem 
atingir até a sexta série do ensino fundamental. 
 
 Deficiente mental moderado: corresponde a 
10% de toda a população com DM; são conhecidos 
como “treináveis”. Durante a infância, podem 
aprender a falar e a se comunicar, mas dificilmente 
passarão da segunda série do ensino fundamental. 
Graus de DM de acordo com o QI
Deficiente mental leve ou educável DML QI 50-55 / até 70
Deficiente mental moderado ou 
treinável
DMM QI 35-40 / até 
50-55
Deficiente mental grave DMG QI 20-25 / até 
35-40
Deficiente mental profundo DMP QI abaixo de 
20-25
 
 Deficiente mental grave: corresponde a 3 a 
4% da população afetada por DM. Apresentam 
dificuldade no desenvolvimento motor; se 
conseguirem se comunicar por meio da linguagem, a 
compreensão e a expressão serão muito pequenas. 
Na primeira infância, podem aprender uma linguagem 
rudimentar e adquirir hábitos de higiene básica, com 
prejuízo nas áreas da alfabetização e matemática. 
 
 Deficiente mental profundo: corresponde a 1 
a 2% da população afetada por DM. Durante a 
infância, têm um funcionamento sensório-motor 
mínimo e exigem cuidados até o fim da vida. 
 
 
 
4.7 Causas da deficiência intelectual ou mental 
 
De acordo com Kirk e Gallagher (2000), podemos 
identificar nove disposições principais como agentes 
causadores da deficiência mental: 
 
Graus de severidade da DM e os diferentes níveis 
operacionais de Piaget
DMP Idiota Sensório-motor
DMG Imbecil Pré-operacional
DMM Débil Operações concretas
DML Retardado Operações formais (com 
atraso)
 
 
 Fatores genéticos 
Na formação de um novo ser humano, o pai e a mãe 
do futuro bebê contribuem com 23 cromossomos 
cada e, dessa forma, centenasde genes 
permanecem na posição certa em cada cromossomo, 
desempenhando o processo químico exato para 
produzir um novo ser humano. Mas, algumas vezes, 
esse processo pode deturpar-se, ocorrendo 
anormalidades genéticas humanas, resultando, 
frequentemente, em aborto espontâneo. Quando não 
ocorre o aborto, a gravidez ocorre normalmente e, 
muitas vezes, somente no momento do parto é que 
os pais tomam conhecimento da patologia genética 
de seu filho. 
 
Dois distúrbios genéticos específicos, dos mais de 
cem já identificados, serão aqui mencionados: 
- infecção e intoxicação;
- trauma ou agente físico;
- metabolismo ou nutrição;
- doença cerebral grave;
- influência pré-natal desconhecida;
- anomalia cromossômica ou 
genética;
- distúrbios de gestação;
- retardo decorrente de distúrbio 
psiquiátrico;
- influências ambientais.
 
- Síndrome de Down; 
 
- Fenilcetonúria. 
 
 Síndrome de Down 
Esse termo surgiu com John Langdon H. Down, em 
1866, que estudou essa anormalidade genética e 
batizou de “mongolismo” devido à semelhança física 
que esses sujeitos apresentam com a raça oriental. 
Tal condição leva o sujeito à deficiência mental 
moderada ou leve, acrescida de vários problemas de 
audição, formação do esqueleto, hipotonia muscular e 
coração. A aprendizagem é lenta, assim como suas 
respostas, por isso a estimulação precoce, o currículo 
e os programas específicos podem amenizar os 
problemas que as crianças apresentam. 
 
A causa da síndrome de Down é uma alteração 
cromossômica que ocorre de forma acidental e 
mecânica durante a divisão celular, ou seja, a 
presença de 47 cromossomos nas células ao invés de 
46, que é o normal. Dessa forma, ocorre a presença 
de um cromossomo extra no par 21, por isso essa 
anomalia é chamada de síndrome de Down ou 
trissomia do 21. 
 
É importante saber o número de células que foram 
afetadas. Elas podem se apresentar de duas 
maneiras: global, quando todas as células foram 
afetadas, e mosaico, quando somente algumas 
foram afetadas. Nesse segundo caso, o embrião, se 
chegar até o final, terá os traços morfológicos menos 
evidentes do que no primeiro caso. Detectar as 
diferenças entre os distintos casos é importante para 
a intervenção educacional (González, 2007). 
 
 Fenilcetonúria 
Outra condição causada por anomalias genéticas é a 
fenilcetonúria, ou seja, defeito em um único gene, que 
leva ao retardo mental grave. É a incapacidade que a 
estrutura do gene tem de quebrar uma partícula 
química, a fenilalanina, acumulada em grande 
quantidade no sangue, resultando em dano severo ao 
cérebro em formação. Embora seja um distúrbio 
genético, pode ser prevenida através de uma dieta 
com baixos teores de fenilalanina durante os 
primeiros anos de desenvolvimento da criança. 
 
 Fatores teratogênicos 
Fatores relacionados ao ambiente no qual o sujeito 
vive; podem estar relacionado aos distúrbios em seu 
desenvolvimento, como, por exemplo, ingestão de 
drogas pela mãe durante a gravidez, bem como 
doenças que possa contrair durante esse período; 
situações de carência nutricional e alimentar e 
doenças que a criança possa adquirir nos primeiros 
anos de vida. 
 
Existem dois tipos de fatores que podem levar à DM, 
especificamente à síndrome de Down: 
 
 Fatores intrínsecos – genéticos 
 
· Determinados pela herança genética, ou seja, filhos 
de Down nascidos de mães Down ou várias crianças 
Down na mesma família. Quando, em uma família, 
existe um caso de Down, é bem possível que 
apareçam mais casos em gerações posteriores; 
 
· idade avançada, tanto do pai quanto da mãe: idade 
da mãe passa dos 35 anos e no caso do 
envelhecimento acelerado da mãe jovem. 
 
 Fatores extrínsecos – teratogênicos 
 
· Determinados tipos de irradiações; 
 
· doenças maternas (problemas viróticos – rubéola, 
encefalite –, agentes imunológicos, falta de vitaminas, 
fundamentalmente da vitamina A); 
 
· excesso de ingestão de álcool pela mãe durante a 
gestação; 
 
· envenenamento por chumbo, encontrado em 
algumas tintas de parede e colocado na boca por 
crianças pequenas. 
 
 
Até o final do século passado, o diagnóstico da 
síndrome de Down, bem como de outras patologias, 
só era feito quando do nascimento da criança ou até 
mais tarde. O desenvolvimento de técnicas 
diagnósticas permitiu um avanço nessa área e o 
diagnóstico precoce. 
 
· Teste screening bioquímico-materno antes da 
gravidez detecta se a mãe é portadora da síndrome. 
 
· Ultrassonografia do feto a partir da 16ª semana de 
gravidez observando-se a dobra ou a espessura da 
nuca. 
 
· Aneuploidias fetais e amniocentese: retirada de um 
pouco do líquido da placenta ou líquido amniótico 
para biópsia das células do feto encontradas nesse 
líquido. Assim, logo no início da gravidez, os pais de 
alto risco podem saber se terão ou não um filho 
deficiente. 
 
Esses procedimentos médicos podem gerar um 
problema moral de graves consequências, pois os 
pais teriam o direito de interromper a gravidez quando 
recebem a informação de que terão uma criança 
deficiente? 
 
Sugestão de filmografia: 
 
Oitavo dia 
Gabi: uma lição de vida 
Rain Man 
Estranho no ninho 
Oleanna 
Uma 
 
Para alguns autores, esses sujeitos mudam a 
vida de seu ambiente familiar de imediato, por isso 
afirmam que é importante detectar precocemente a 
síndrome, para evitar ansiedades desnecessárias. 
Quando os pais conhecem a situação, precisam de 
um tempo para se recuperar e assimilar a nova 
realidade e as dificuldades que irão enfrentar. Por 
isso, devem receber informação clara e precisa sobre 
tudo o que devem fazer e também sobre a forma 
como podem motivar e estimular seu filho para 
conseguir os melhores resultados possíveis. 


 
 Módulo 5 - Crianças com Deficiência Física e 
Motora 
 
GONZÁLEZ, Eugenio e cols. Necessidades 
educacionais específicas. Intervenção 
Psicoeducacional. Porto Alegre: Artmed, 2007. 
(Capítulo 7 – Pág. 134 a 153). 
 
Sugestão: filmes “Meu pé esquerdo; Óleo de Lorenzo; 
Sol do meio dia”. 
 
 
Deficiência física 
 
É a disfunção ou interrupção dos movimentos de 
um ou dos dois membros: superiores, inferiores ou 
ambos; dependendo do grau do comprometimento ou 
tipo de acometimento, fala-se em paralisia ou paresia. 
 
O termo paralisia refere-se à perda da capacidade 
de contração muscular voluntária por interrupção 
funcional ou orgânica em um ponto qualquer da via 
motora, podendo ir do córtex cerebral até o próprio 
músculo; paralisia é quando todos os movimentos em 
tais proporções são impossíveis. 
 
Já o termo paresia refere-se a o movimento que 
está apenas limitado ou fraco. Esse termo vem do 
grego paresis e significa relaxação, debilidade. Nos 
casos de paresias, a motilidade se mostra apenas 
num padrão abaixo do normal, no que se refere à 
força muscular, à precisão do movimento, à amplitude 
do movimento e à resistência muscular localizada; 
refere-se a um comprometimento parcial, a uma 
semiparalisia. 
 
Classificação das paralisias[1] 
Dependendo do número e da forma como os 
membros são afetados pela paralisia, temos a 
seguinte classificação: 
 
Monoplegia: condição rara em que apenas um 
membro é afetado. 
 
Diplegia: quando são afetados os membros 
superiores. 
 
Hemiplegia: quando são afetados os membros do 
mesmo lado. 
 
Triplegia: condição rara em que três membros são 
afetados. 
 
Tetraplegia/quadriplegia: quando a paralisia atinge 
todos os membros, sendo que a maioria dos 
pacientes com esse quadro apresenta lesões na 
sexta ou sétima vértebra. 
 
Paraplegia: quando a paralisia afeta apenas os 
membros inferiores; pode ser resultante de uma lesão 
medular torácica ou lombar. Esse trauma ou doença 
a l te ra a função medu lar e p roduz , como 
consequências, além de déficits sensitivos e motores, 
alterações viscerais e sexuais. 
 
Causas diversas ou desconhecidas 
 
Paralisia cerebral: deficiência da função motora 
devido a uma lesão cerebral no momento do parto. A 
criança pode apresentar níveis de mobilidade 
prejudicada e pode ter sua vitalidade e aparência 
física comprometidas. 
 
A causa pode ser: prematuridade, anóxia perinatal, 
desnutrição materna, rubéola, toxoplasmose, trauma 
de parto, subnutrição, outras. 
 
Hemiplegias: por acidente vascular cerebral, 
aneurisma cerebral, tumor cerebral e outras. 
 
Lesão medular: por ferimento por arma de fogo, 
ferimento por arma branca, acidentes de trânsito, 
mergulho em águas rasas, traumatismos diretos, 
quedas, processos in fecc iosos, processos 
degenerativos e outros. 
 
Amputações : causas vasculares, t raumas, 
malformações congênitas, causas metabólicas e 
outras. 
 
Distrofia muscular: fraqueza progressiva e atrofia 
dos músculos do esqueleto. Afeta a mobilidade, 
vitalidade física e aparência comum (autoimagem). 
 
Malformação congênita: condição presente no 
nascimento, pode ser definida como qualquer defeito 
na constituição de algum órgão ou conjunto de órgãos 
que determine uma anomalia morfológica estrutural 
presente no nascimento por causa genética, 
ambiental ou mista. Essa definição abrange todos os 
desvios em relação à forma, tamanho, posição, 
número e coloração de uma ou mais partes do corpo 
(OPAS, 1984). 
 
A malformação da criança poderá ser decorrente 
de uma programação genética imperfeita ou porque 
fatores ambientais alteraram o trabalho de formação 
ou, ainda, pela existência simultânea das duas 
coisas. Por isso, as malformações são classificadas 
em três grandes grupos: de causa genética, de causa 
ambiental e de causa multifatorial. 
 
As primeiras são hereditárias e podem repetir-se 
na família; as segundas ocorrem esporadicamente, e 
as últimas são como que uma situação intermediária 
entre as duas. 
Há 17 anos, nenhum caso de paralisia infantil é 
registrado no Brasil
 
Alessandra Bastos – Repórter da Agência 
Brasilwww.radiobras.gov.br
 
Brasília - A estratégia brasileira contra a paralisia 
infantil (poliomielite) completa 26 anos em 2006 e 
há 17 anos nenhum caso da doença é registrado 
no país. Para continuar mantendo a pólio 
erradicada, foi lançada ontem (10) a primeira etapa 
da Campanha Nacional de Vacinação Infantil.
 
Para este ano, a meta é vacinar 17 milhões de 
crianças com até cinco anos de idade. Com isso, o 
governo quer atingir o mínimo de 95% de cobertura 
em pelo menos 80% dos municípios. Para tanto, o 
Brasil adquiriu 26,6 milhões de doses da vacina, 
enviadas aos 117 mil postos de saúde espalhados 
pelo país. O investimento foi de R$ 10,1 milhões, 
sendo que outros R$ 6,2 milhões foram repassados 
a estados e municípios para operacionalizar a 
campanha.
 
Em 1994, o continente americano recebeu da 
Organização Mundial de Saúde (OMS) o 
reconhecimento pela erradicação da doença. Os 
países do Pacífico Ocidental receberam essa 
certificação em 2000 e a Europa, em 2002.
 
Restam no mundo três regiões que ainda não 
receberam o reconhecimento: África, Sudeste da 
Ásia e Mediterrâneo Oriental. Daí a importância de 
manter a vacinação, já que o fluxo de viajantes por 
todo o mundo pode propagar o vírus transmissor 
da doença.
 
Embora haja problemas de mobilidade e vitalidade 
física, a maior parte das crianças é capaz de 
f requentar a escola regular, mas algumas 
permanecem presas ao lar e precisam receber 
instrução especial em casa, por telefone ou por meio 
de professores particulares. 
 
 
 
 
03 De dezembro 
 
Dia internacional da pessoa com deficiência. 
 
 
Por que tantas pessoas recuam e parecem pouco à 
vontade quando veem uma criança com paralisia 
cerebral ou com um membro deformado ou faltando? 
Talvez a condição da criança deficiente nos lembre de 
nossa própria vulnerabilidade (Kirk; Gallagher, 2000). 
 
De acordo com Kirk e Gallagher (2000), um dos 
maiores problemas que a criança ou o adulto com 
deficiência física precisa enfrentar é a repulsa e o 
retraimento que as pessoas manifestam quando 
veem sua condição. 
 
Os avanços da ciência têm reduzido ou eliminado 
muitos desses problemas físicos e de saúde, por 
meio de tratamento terapêutico e medicamentoso, 
mas isso não impede, muitas vezes, a ocorrência de 
problemas educacionais, por malformação docente ou 
ambiente escolar inadequado. 
 
Sugestão de filmografia: 
 
Meu pé esquerdo 
Óleo de Lorenzo 
Sol do meio-dia 
O Homem elefante 
Gaby uma história verdadeira 
O despertar para vida 
Amargo regresso 
Uma janela para o céu 
Feliz ano velho 
 
A incidência da poliomielite foi reduzida pelo 
desenvolvimento e pelo uso da vacina com 
campanhas nacionais de vacinação, e a epilepsia tem 
s ido con t ro lada pe lo desenvo lv imento de 
medicamentos que diminuem a incidência de ataques 
convulsivos em crianças, o que dificultava as 
oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento 
social. 
 
5.3. Deficiência motora 
 
Desenvolvimento motor é o resultado da maturação 
de alguns tecidos nervosos, aumento em tamanho e 
complexidade do s istema nervoso centra l , 
crescimento de ossos e músculos. 
 
O desenvolvimento motor ocorre naturalmente 
durante o ciclo vital a partir dos estímulos que a 
criança recebe em seu ambiente. Em caso de 
privação dessa estimulação ou ocorrência de 
distúrbios e doenças, esse desenvolvimento estará 
comprometido, acarretando em perdas para a 
criança. 
 
Durante o primeiro ano, a rapidez do desenvolvimento 
da criança é extraordinária. Ao nascer, o bebê conta 
apenas com os reflexos hereditários; no entanto, ao 
final do primeiro ano, entre outros comportamentos, 
será capaz de colocar-se na posição de pé e 
caminhar alguns passos sem apoio, compreender o 
significado de várias palavras e obedecer a ordens 
simples.2 
 
O professor deve estar atento às etapas do 
desenvolvimento motor da criança para poder 
acompanhar sua evolução, assim como detectar 
algum distúrbio ou atraso e fazer os 
encaminhamentos adequados. Esse roteiro auxilia 
também na elaboração de atividades pedagógicas a 
serem desenvolvidas nos planejamentos em sala de 
aula, bem como em orientação aos pais. 
 
Etapas do desenvolvimento motor 
É importante destacar que a separação do 
desenvolvimento da criança em etapas é apenas 
didática, uma vez que esse desenvolvimento ocorre 
em um processo que acompanha o homem através 
de toda a sua existência, abrange aspectos 
fisiológicos, psicológicos e ambientais contínuos, 
relacionados entre si. 
 
De acordo com Portage Guide to Early Education,
3 temos as seguintes etapas do desenvolvimento 
motor infantil: 
 
0 a 1 ano 
 
· Movimenta a cabeça e é capaz de levantá-la 
ligeiramente quando deitada de costas ou de bruços. 
 
· Estende os braços para os lados, sem direção. 
 
· Dá pontapés com forças quando deitada em 
decúbito dorsal. 
 
· É capaz de projetar tanto os braços como as pernas 
para frente, de forma que, quando de bruços, parece 
tentar arrastar-se. 
 
· Mexe a cabeça quando deitada em decúbito ventral, 
para cima, de um lado para o outro. 
 
· Mantém a cabeça levantada quando em decúbito 
ventral, durante alguns segundos. 
 
· Controla a cabeça e ombros quando sentada, 
apoiada em almofada ou travesseiro. 
 
· Tenta pegar objetos acerca de 20 cm à sua frente. 
 
· Agarra objetos mantidos 10 cm à sua frente. 
 
· Retém objetos, usando preensão palmar durante 
alguns segundo, soltando involuntariamente. 
 
· Tenta alcançar e agarrar com preensão objeto à sua 
frente. 
 
· Tenta alcançar objeto predileto. 
 
· Coloca objetos na

Outros materiais