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Capacidade Térmica NBR - 15220 Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais Capacidade Térmica A NBR 15220, de setembro de 2003, normatiza o desempenho térmico em edificações e é dividida em cinco unidades. A parte 1 estabelece as definições e os correspondentes símbolos e unidades de termos relacionados com o desempenho térmico de edificações. Na Tabela 1, esta norma define Capacidade Térmica (C = J/K) como: “Quantidade de calor necessária para variar em uma unidade a temperatura de um sistema.” A grandeza Capacidade Térmica de componentes (Cт = [kJ/m²K]) é explicada como: “Quociente da capacidade térmica de um componente pela sua área.” Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais 2 (3) Para que esta grandeza seja completamente definida, é necessário que o tipo de transformação seja especificado. 3 Capacidade Térmica A parte 2 da NBR estabelece procedimentos para o cálculo das propriedades térmicas de elementos e componentes de edificações. O item 3.3 faz a definição de seções e camadas: “Denomina-se seção à uma parte de um componente tomada em toda a sua espessura (de uma face à outra) e que contenha apenas resistências térmicas em série.” “Denomina-se camada à uma parte de um componente tomada paralelamente às suas faces e com espessura constante.” Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais 4 Capacidade Térmica A capacidade térmica de componentes pode ser determinada pela expressão 3 da norma, referente à equação 1 deste trabalho. Equação 1 Onde: λi é a condutividade térmica do material da camada ia. ; Ri é a resistência térmica da camada ia.; ei é a espessura da camada ia.; ci é o calor específico do material da camada ia.; ρi é a densidade de massa aparente do material da camada ia.; Essa expressão determina a capacidade térmica de um componente plano constituído de camadas homogêneas perpendiculares ao fluxo de calor. Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais 5 A Figura 1 mostra um componente plano constituído de camadas homogêneas e não homogêneas perpendiculares ao fluxo de calor, Figura 1 - Seções de um componente com camadas homogêneas e não homogêneas Capacidade Térmica Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais 6 Capacidade Térmica Para determinar a capacidade térmica desse tipo de componente, deve ser utilizada a equação a seguir referente à expressão 9 da norma: Equação 2 Onde: CTa, CTb, ... , CTn são as capacidades térmicas do componente para cada seção (a, b, …, n), determinadas pela Equação 1 (expressão 3 da norma); Aa, Ab, ..., An são as áreas de cada seção. No caso de componentes com câmaras de ar, como o ar apresenta uma densidade de massa aparente muito baixa (ρ = 1,2 kg/m3), a sua capacidade térmica pode ser desprezada. Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais 7 Capacidade Térmica O item B2 refere-se ás propriedades térmicas dos materiais e a tabela que o segue (tabela B.3) apresenta a condutividade térmica (λ) e o calor específico (c) para diversos materiais de construção em função de sua densidade de massa aparente (ρ). Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais 8 9 10 Capacidade Térmica Exemplos de cálculo Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais 11 Capacidade Térmica Exemplo 1. Parede de tijolos maciços rebocados em ambas as faces (ver Figura 2) Dados: Dimensões do tijolo = 5 cmx 9 cm x 19 cm ρcerâmica = 1600 kg/m3 λcerâmica = 0,90 W/(m.K) (ver tabela B.3) ϲcerâmica = 0,92 kJ/(kg.K) (ver tabela B.3) ρargamassa = ρreboco = 2000 kg/m3 λargamassa = λreboco = 1,15 W/(m.K) (ver tabela B.3) ϲargamassa = ϲcreboco = 1,00 kJ/(kg.K) (ver tabela B.3) Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais 12 Capacidade Térmica Figura 2 - Parede de tijolos maciços rebocados em ambas as faces Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais 13 Capacidade Térmica Seção A (reboco + argamassa + reboco): Aa= 0,01 x 0,19 + 0,01 x 0,06 = 0,0025 m2 Como ρreboco = ρargamassa = 2000 kg/m3 e creboco = cargamassa = 1,00 kJ/(kg.K), tem-se: C Ta = 0,13x1,00x2000 = 260 kJ/(m2.K) Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais 14 Seção B (reboco + tijolo + reboco): Ab = 0,05 x 0,19 = 0,0095 m2 CTb = 0,02x1,00x2000 +0,09x0,92x1600 + 0,02x1,00x2000 = 212 kJ/(m2.K) Portanto, a capacidade térmica da parede será: Capacidade Térmica Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais 15 Capacidade Térmica Exemplo 2. Parede com blocos de concreto colados, sem reboco (ver Figura 3) Dados: Dimensões do bloco = 39 cm x 19 cm x 9 cm ρconcreto = 2400 kg/m3 λconcreto = 1,75 W/(m.K) (ver tabela B.3) ϲconcreto = 1,00 kJ/(kg.K) (ver tabela B.3) Nota: despresa-se a cola. Para a câmara de ar, Rar = 0,16 (m2.K)/W (ver tabela B.1 da norma, superfície de alta emissividade, espessura da câmara de ar = 5,0 cm, fluxo horizontal). Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais 16 Capacidade Térmica Figura 3 - Parede com blocos de concreto colados, sem reboco Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais 17 Seção A (concreto): Aa= 0,02 x 0,19 = 0,0038 m2 Seção B (concreto + câmara de ar + concreto): Ab = 0,165 x 0,19 = 0,03135 m2 Capacidade Térmica Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais 18 Desprezando a capacidade térmica da câmara de ar, tem-se: CTb = 0,02x1,00x2400 + 0 + 0,02x1,00x2400 = 96 Tb kJ/(m2.K) Portanto, a capacidade térmica da parede será: Capacidade Térmica Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais 19 Capacidade Térmica Exemplo 3. Parede de tijolos cerâmicos de seis furos rebocados em ambas as faces (ver figura 4) Dados: Dimensões do tijolo = 32 cm x 16 cm x 10 cm ρcerâmica = 1600 kg/m3 λcerâmica = 0,90 W/(m.K) (ver tabela B.3) ϲcerâmica = 0,92 kJ/(kg.K) (ver tabela B.3) ρargamassa = ρreboco = 2000 kg/m3 λargamassa = λreboco = 1,15 W/(m.K) (ver tabela B.3) ϲargamassa = ϲreboco = 1,00 kJ/(kg.K) (ver tabela B.3) Para a câmara de ar, Rar = 0,16 (m2.K)/W (tabela B.1, superfície de alta emissividade, espessura da câmara de ar = 3,0 cm, fluxo horizontal). Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais 20 Capacidade Térmica Figura 4 - Parede de tijolos cerâmicos de seis furos rebocados em ambas as faces Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais 21 Seção A (reboco + argamassa + reboco): Aa = 0,01 x 0,32 + 0,01 x 0,17 = 0,0049 m2 Como ρreboco = ρargamassa = 2000 kg/m3 e ϲreboco = ϲargamassa = 1,00 kJ/(kg.K),tem-se: CTa = 0,14x1,00x2000 = 280 kJ/(m2.K) Capacidade Térmica Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais 22 Seção B (reboco + tijolo + reboco): Ab = 0,01 x 0,32 = 0,0032 m2 CTb = 0,02x1,00x2000 + 0,10x0,92x1600 + 0,02x1,00x2000 = 227 kJ/(m2.K) Seção C (reboco + tijolo + câmara de ar + tijolo + câmara de ar + tijolo + reboco): Ac = 0,04 x 0,32 = 0,0128 m2 CTc = 0,04x1,00x2000 + 0,04x0,92x1600 = 139 kJ/(m2.K) Portanto, a capacidade térmica da parede será: Capacidade Térmica Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais 23 Capacidade Térmica Exemplo 4. Parede dupla com placas de concreto e câmara de ar não ventilada (ver figura 5) Dados: ρconcreto = 2400 kg/m3 λconcreto = 1,75 W/(m.K) (ver tabela B.3) ϲconcreto = 1,00 kJ/(kg.K) (ver tabela B.3) Para a câmara de ar, Rar = 0,16 (m2.K)/W (tabela B.1, superfície de alta emissividade, espessura da câmara de ar = 5,0 cm, fluxo horizontal). Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais 24 Capacidade Térmica Figura 5 - Parede dupla com placas de concreto e câmara de ar não ventilada Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais 25 Capacidade Térmica da parede: CT = 0,03x1,00x2400 + 0 + 0,03x1,00x2400 = 144 kJ/(m2.K) Capacidade Térmica Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais 26 Capacidade Térmica Exemplo 5. Telhado inclinado de chapas de fibro-cimento com forro de pinus e câmara de ar ventilada (ver figura 6) Dados: comprimento do telhado = 7 m abertura de ventilação de 5 cm por 7 m em cada beiral Fibro-cimento: ρfibro-cimento = 1700 kg/m3 λfibro-cimento = 0,65 W/(m.K) (ver tabela B.3) ϲfibro-cimento = 0,84 kJ/(kg.K) (ver tabela B.3) Pinus: ρpinus = 500 kg/m3 λpinus = 0,15 W/(m.K) (ver tabela B.3) ϲpinus = 1,34 kJ/(kg.K) (ver tabela B.3) Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais 27 Capacidade Térmica Figura 6 - Telhado inclinado de chapas de fibro-cimento com forro de pinus e câmara de ar ventilada Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais 28 Capacidade Térmica da cobertura: CT = 0,008x0,84x1700 +0 +0,01x1,34x500 = 18 kJ/(m2.K) Capacidade Térmica Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais 29 Capacidade Térmica Exemplo 6. Telhado inclinado de chapas de fibro-cimento com forro de pinus, lâminas de alumínio polido e câmara de ar ventilada (ver figura 7) Dados: comprimento do telhado = 7 m abertura de ventilação de 5 cm por 7 m em cada beiral Fibro-cimento: ρfibro-cimento = 1700 kg/m3 λfibro-cimento = 0,65 W/(m.K) (ver tabela B.3) ϲfibro-cimento = 0,84 kJ/(kg.K) (ver tabela B.3) Pinus: ρpinus = 500 kg/m3 λpinus = 0,15 W/(m.K) (ver tabela B.3) ϲpinus = 1,34 kJ/(kg.K) (ver tabela B.3) Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais 30 Capacidade Térmica Figura 7 - Telhado inclinado de chapas de fibro-cimento com forro de pinus, lâminas de alumínio polido e câmara de ar ventilada Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais 31 Capacidade Térmica da cobertura: CT = 0,008x0,84x1700 +0 +0,01x1,34x500 = 18 kJ/(m2.K) Capacidade Térmica Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais 32 Bibliografia: Norma ABNT NBR 15220: Desempenho térmico de edificações Capacidade Térmica Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais 33
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