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direito alemão e canonico

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FACULDADE METROPOLITANA DE PARAUAPEBAS - PA
Amanda Barros; Diva Andrade; Élita Sousa; Francisca Leandra; Paloma Lucena; Roginaldo Rebouças; Sidney Matos
O Direito Alemão (visigótico) e o Direito Canônico
PARAUAPEBAS–PA
NOVEMBRO DE 2018
O Direito Alemão (visigótico) e o Direito Canônico
Trabalho apresentado à Faculdade Metropolitana de Parauapebas como atividade para obtenção de nota na disciplina de Direito Profissão e Ciência, ministrada pelo Professor Thiago Pinho.
PARAUAPEBAS–PA
NOVEMBRO DE 2018
DIREITO CANÔNICO
Definição e Contexto histórico
Direito Canônico surgiu pela necessidade e com o propósito de organizar e manter a ordem de acordo com os anseios da vida em comunidade e dos preceitos divinos estabelecidos e divulgados pela Igreja Católica. Teve sua origem na Europa na Idade Média e foi organizado sobre os pressupostos ideológicos da Igreja Católica. Sendo o conjunto das normas que regulam a vida na comunidade eclesiástica (AZEVEDO, 2013. ). 
O direito canônico na sua essencialidade contém esta realidade dogmática da Igreja como povo de Deus; Enquanto conjunto de normas positivas, pois, regula a vida deste mesmo povo.
Igreja católica se tornou um grande senhor feudal, já que despontou como proprietária de vastas extensões de terra e, poder espiritual e temporal abranger toda a Europa durante o período medieval, foi certamente a única instituição sólida e existente. E direito canônico manteve-se, durante toda a Idade Média, como o único direito escrito e universal. A jurisprudência romana subsistiu-se de certa forma através do direito eclesiástico, uma vez que a igreja desenvolveu-se à sombra do antigo Império Romano, não podendo furtar-se à sua influência. (GILISSEN, 1979).
A igreja foi uma força onipresente no desenvolvimento financeiro e jurídico da Europa. Como maior latifundiário, estava comprometida com a defesa do feudalismo, e com toda a sua autoridade auxiliou na repressão das revoltas de camponeses que varreram o continente. Denunciava como hereges ou trancafiava em mosteiros todos aqueles que desejavam restabelecer a imagem de uma Igreja comunal, apostólica. (WOLKMER, A.C, 2005)
Dessa forma, tem-se que o Direito Canônico possui fins próprios, quais sejam: cuidar da organização e atuação da Igreja e de seus fiéis. Assim, o Código Canônico possui “muitos cânones que são verdadeiros mecanismos de uma ‘cidadania laical’” mas, “ao contrário do direito estatal, o ordenamento jurídico eclesiástico possui normas de caráter estritamente divino” (SAMPEL, 2001 ).
São os cânones que formam o direito canônico, sendo que cânone é uma regra adotada por um Concílio Ecumênico, reunião de autoridades eclesiásticas com o objetivo de discutir e deliberar sobre questões religiosas. O primeiro concílio, presidido por Pedro, ocorreu em Jerusalém, logo após a morte de Cristo, conforme pode ser lido no livro dos Atos, quando os Apóstolos reuniram-se para tratar sobre temas de interesse dos primeiros cristãos. É importante salientar que foi a partir do século VIII que o direito canônico passou a ser assim denominado e, até o advento do Decreto de Graciano no século XII, não era uma ciência autônoma em relação à teologia. O direito canônico ganha força porque a Igreja também possui um corpo social e visível e, portanto, necessita de normas que estabeleçam sua estrutura hierárquica e orgânica, definindo, com base na justiça inspirada na caridade, as relações entre os fiéis e os direitos de cada um. Com a finalidade de fortalecer a comunhão eclesial e proteger os direitos dos fiéis, as leis canônicas foram elaboradas com base na fonte primária da religião cristã, principalmente em relação aos seus aspectos jurídicos, que partem do previsto nos livros do Antigo e do Novo Testamento, dos quais emanam toda a tradição jurídico-legislativa da Igreja (Maciel, 2017).
A gama completa de direito canônico na contemporaneidade pode ser visto na Igreja Católica Romana, que promulgou um código revisto para seus membros latino, ou ocidental, em 1983 e projetou um código primeira vez para seus comungantes orientais. Os Fundamentalis Lex planejadas estabelecem os princípios constitutivos ou organizacionais comuns a ambos provaram ser inoportuno. O Código de 1983 (América) de Direito Canônico promulgado pela autoridade do Papa João Paulo II é composto de sete livros para um total de 1.752 cânones. Cada livro é dividido em títulos, mas nos livros maiores os títulos são agrupados em partes e até mesmo em seções.
Livro um, "Normas Gerais", inclui 203 cânones menos de 11 títulos: leis eclesiásticas (definição e aplicação); personalizados; geral decretos e instruções individuais; atos administrativos (preceitos, rescritos, privilégios e dispensas); estatutos e regras de ordem; pessoas físicas e jurídicas, atos jurídicos, o poder de governança; ofícios eclesiásticos; prescrição; e o cálculo de tempo.
Livro Dois, "O Povo de Deus", é, a partir de uma perspectiva teológica, o livro mais significativo. Seus cânones 543 estão organizados em três partes: "Fiéis cristãos", "A Constituição hierárquica da Igreja," e "Institutos [comunidades] de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica" Entre os fiéis cristãos é feita uma distinção entre clérigos e leigos, e seus respectivos direitos e deveres são explicitadas. A constituição hierárquica da Igreja estabelece a autoridade suprema (o pontífice romano e do colégio dos bispos, o sínodo de bispos, os cardeais, da Cúria Romana, e legados papais) e as igrejas particulares (dioceses, arquidioceses [províncias eclesiásticas], episcopais conferências, bem como paróquias e Decanatos). Parte III regula os vários tipos de comunidades religiosas: Institutos de Vida Consagrada (por exemplo, os jesuítas, franciscanos, freiras da Visitação), institutos seculares (por exemplo, o Opus Dei), e sociedades de vida apostólica (por exemplo, Paulistas, Sulpicianos, Vicentinos).
Livro Três, "A missão da Igreja de Ensino", consiste de 87 cânones preocupados com a pregação, a catequese de atividade, missionário, a educação cristã, publicações, e a profissão de fé.
Livro Quatro, "O Papel santificante da Igreja," regula em 420 cânones os sete sacramentos: Batismo, Crisma, Eucaristia, Penitência, a unção dos enfermos, ordens sagradas, e matrimônio. Os cânones prescrever o ministro adequada para cada um, as disposições necessárias por parte do destinatário, eo cerimonial a ser observado. A segunda parte do livro discute outros actos religiosos: sacramentais (por exemplo, bênçãos e exorcismos), a Liturgia das Horas, ou Ofício Divino; funerais; devoção aos santos (imagens e relíquias sagradas); votos e juramentos. A terceira parte está preocupado com os lugares sagrados (igrejas e cemitérios) e tempos sagrados (dias santos e dias de jejum e abstinência).
Livro Cinco: "Os bens temporais da Igreja," regula a propriedade, em 57 cânones: a sua aquisição, administração e alienação. Ele também lida com vontades pias e fundações piedosas.
Livro Seis, "Sanções na Igreja," consiste de 89 cânones envolvidos com penas eclesiásticas, como a excomunhão, interdito, e suspensão. Vários crimes e delitos são listados com sanções específicas associadas. Tipos de delitos (ou delitos contra a lei) são os seguintes: apostasia, heresia e cisma (contra a religião ea unidade da igreja), violência física, o incitamento à desobediência, e de alienação não autorizada de propriedade (contra as autoridades eclesiásticas ea liberdade da igreja); simulação dos sacramentos, ordenações não autorizadas e violação do segredo de confissão (usurpação de funções eclesiásticas); falsificação de documentos da Igreja e lesão do bom nome de uma pessoa; clérigos envolvidos em negócios ou comércio ou casamento tentativa (contra obrigações especiais); homicídio e aborto (contra a vida humana ea liberdade).
Livro Sete ", sobre os processos," trata de direito processual em 353 cânones. Cada bispo diocesanoé obrigado a nomear um vigário judicial, ou officialis, que é ter jurisdição ordinária sobre todos os casos, exceto aqueles que o bispo pode reservar para si. Outros funcionários incluem o promotor de justiça eo defensor do vínculo (relativo a Ordem eo Matrimónio). O tribunal de segunda instância, ou tribunal de recurso, é o tribunal, ou metropolitano, da arquidiocese. O papa, como o juiz supremo para todo o mundo católico romano, pode ouvir-se casos. O tribunal ordinário para receber recursos para a Santa Sé é a Rota Romana. O Supremo Tribunal da Signatura Apostólica, é competente para ouvir queixas contra a sentença da Rota ou qualquer ato de um poder eclesiástico administrativo alegando erro de direito ou procedimento. O código termina com uma seção sobre o procedimento administrativo. Em cada diocese um escritório ou conselho poderão ser permanentemente estabelecida para resolver disputas decorrentes do exercício de uma autoridade administrativa na igreja. Um processo especial é proporcionado para a remoção e transferência dos pastores.
Leis da igreja, bem como as do Estado prenderem os seus assuntos em consciência. A obrigação em consciência não surge imediatamente das leis em si, mas a partir do plano divino, em que as pessoas são previstas como vivendo em ambos um civil e uma sociedade eclesiástica. Igreja e Estado são os juízes do que é necessário para realizar o bem comum. Suas leis realizar uma obrigação legal de peso maior ou menor, dependendo da importância de estatutos específicos para atingir esse fim.
Influência do Direito Canônico no Direito Brasileiro
É sabido que após a chegada de europeus à América do Sul, o modo de vida dos povos indígenas sofreu intensas modificações. Antes, os índios viviam livres, eram politeístas, trabalhavam para a subsistência diária, possuíam sua própria divisão do trabalho. Enquanto que, após a chegada principalmente dos colonizadores portugueses foram, na sua maioria, catequizados, apaziguados para que servissem as necessidades desses. Alguns índios foram aculturados, passaram a ser monoteístas por influência da igreja católica (FAVORETO, 2007).
Portugal é um país de maioria católica atualmente e nos seus primórdios não era diferente. A igreja influenciava autoritariamente o rei, o monarca, ou seja, quem fosse o governante. Sendo o Brasil colonizado por Portugal, aqui não foi e não é diferente. A religião Católica influenciou a sociedade e continua influenciando mesmo que de maneira menos abrangente e consequentemente o Direito, que é fruto das relações sociais. Em 1824, com o Brasil já independente, e algumas discussões não muito democráticas, foi outorgada a Primeira Constituição do Brasil. Tal Constituição instituía o catolicismo como religião oficial.
A Constituição de 1891, que foi a primeira constituição republicana, definiu a separação entre Igreja e Estado. A religião católica deixou de ser a religião oficial. As eleições não ocorreriam mais dentro das igrejas, os cargos do alto clero (bispos, cardeais e etc) não sofreriam mais interferência do governo, a paróquia deixou de ser unidade administrativa (que antes equivalia a um município, ou distrito, comarca, vila). Foram criados os cartórios para registros de nascimento, casamento e morte. Esses registros eram até então de competência da Igreja Católica. Também foram criados cemitérios públicos onde poderia ser sepultada qualquer pessoa, independente de credo. O Estado também chamou para si a educação. A Igreja ficou bastante descontente com tal separação, acabando por incitar algumas revoltas, como a Guerra de Canudos (FAVORETO, 2007).
A influência do Direito Canônico nos processos jurídicos, de modo geral, se deu pela sua evolução e pela formação de todo um sistema de operadores jurídicos, profissionalizando-os e uniformizando sua atuação. O processo canônico legou-nos algumas características especiais. Em primeiro lugar 1) é um processo conduzido por profissionais em direito; em segundo lugar 2) reconhecia um sistema de recursos que permitia a uniformização, a concentração e a centralização do poder; em terceiro lugar 3) adquiriu uma perspectiva investigativa (inquisitorial) mais do que acusatória ou adversária (duelística); finalmente 4) impôs a escrita sobre a oralidade, constituiu o sistema cartorial." No que diz respeito ao processo civil primeiramente, o cesso canônico introduziu o escrito. Com ele, destaca-se em importância a figura dos notários. Além do juiz, é preciso contar com este redator oficial de formulas e atos judiciais, termos que são reduzidos a escrito como memória (termos, autos) do processo. (LIMA LOPES, 2002).
Deste direito, provém também regras e normas para o Direito Comercial ou Empresarial de nossos dias, regras sobre processo penal, sucessões, família, além de matérias sobre ilícitos públicos.
Os juramentos julgavam-se pelo direito canônico, e vem daí uma parte da disciplina de contratos e dívidas. Finalmente, toda matéria de pecados públicos que podia incluir simonia usura, adultério, heresia... Desta jurisdição construída pela Igreja nos séculos XII a XIV especialmente procederam regras de família, sucessões, contratos, processo penal, etc. (LIMA LOPES, J.R., 2002, p.101).
O principal legado, para nosso direito e sistema jurídico dos dias atuais, foi estabelecimento do processo penal racional, adotando o inquérito como método de obtenção e avaliação técnica de provas, dentro de uma sistematização lógica. Com algumas variações, nosso processo penal atual, assim funciona:
Quanto às provas a novidade é justamente que a investigação deve conduzir ao Convencimento do juiz. No processo canônico tentam-se abolir as provas irracionais, que existiam no direito medieval, ressalvando-se, claro, a inquisição. A prova irracional era constituída pelos ordálios, ou "juízos" de Deus. Os canonistas e a legislação pontifícia ou apostólica introduzem os princípios de aceitabilidade das provas: probabilidade, relevância, materialidade. O novo sistema deveria des cartar provas supérfluas (o que já se sabia ou já estava provado no processo), as provas impertinentes (que não diziam respeito ao que sediscutia), obscuras (ch amadas de inconclusivas, das quais nada se poderia com segurança deduzir), excessivamente gerais (que seriam também inconclusivas), ou inacreditáveis e antinaturais. A finalidade da prova era a descoberta da verdade e o juiz era guardião desta busca da verdade, dispondo de poderes para investigar, de modo a gerar o perfilinquisitorial do processo europeu continental, em oposição ao caráter adversarial do processo inglês. (LIMA LOPES, 2002.)
O Papa Gregório VII, intencionando afirmar a independência da Igreja ante as entidades estatais, levou à frente todo “o desenvolvimento racional e formal do processo (petição inicial, contestação, citação, oitiva de testemunhas de acusação, oitiva de testemunhas de defesa, alegações finais e sentença)” (Ibid. p. 64). Posteriormente, reis e príncipes europeus copiaram estas instituições.
Como acima declarado, o processo escrito teve sua criação no Direito Canônico, e com ele surgiu a figura do notário. O direito atual adotou semelhante figura, que no direito brasileiro, a exemplo, é representado pelos chamados escreventes, que são dotados de fé pública, reduzindo a termo informações importantes dentro do processo e dando celeridade a muitos feitos processuais, como as audiências de testemunhas (SAMPEL, 2001).
Outro profissional presente no direito moderno, de imprescindível relevância, diga-se de passagem mediante Direito Canônico, é o próprio advogado. No processo de inquisição, quando o réu negava a acusação que lhe era imputada, o juiz dava-lhe um advogado que jurava defendê-lo e, ademais, não tendo recursos financeiros, nada era cobrado, em termos de honorários advocatícios, do réu Nota-se semelhante atitude estatal hodiernamente, na situação em que o Estado oferece um defensor público encarregado da defesa da parte em todas as fases do processo, para os que provam insuficiência de recursos. Tal garantiaé prevista na nossa Carta Cidadã de 1988 (art. 5º, inc. LXXI)
Conclusão 
Observa-se que várias são as heranças fornecidas pelo Direito Canônico ao direito ocidental moderno. Desde a Idade Média, aquele vem criando institutos jurídicos e cuidando de manifestações sociais e comunitárias de seu interesse, de tal forma, que, em casos, expressa excelência em organização, formalidade e funcionamento. Por isso, o Estado em não raras matérias jurídicas implanta institutos análogos ou integralmente iguais aos que funcionam no ordenamento jurídico eclesiástico.
LIMA LOPES, J.R. O Direito na História Lições introdutórias. 2ª ed. São Paulo: Max Limonad, 2002.
LOURENCINI, A. R. Direito canônico e a formação do direito ocidental moderno Disponível em: https://jus.com.br/artigos/27059/o-direito-canonico-e-a-formacao-do-direito-ocidental-moderno. Acesso em 06 de novembro de 2018 
MACIEL, J. F. R. Código de Direito Canônico. 2007: http://www.cartaforense.com.br/conteudo/colunas/codigo-de-direito-canonico/683. Acesso em 06 de novembro de 2018.
AZEVEDO, L. C. Introdução à História do Direito. 4 ª edição, Revista dos tribunais, São Paulo, 2013. 
CIFUENTES, R.L. Relações entre a Igreja e o Estado: a Igreja e o Estado à luz do Vaticano II, do Código de Direito Canônico de 1983 e da Constituição Brasileira de 1988. 2. ed. atual. Rio de Janeiro: José Olympio, 1989.
NAVARRO, L. G. A defesa do réu na história do processo. São Paulo, 1994. Tese de Mestrado – Faculdade de Direito, Universidade de São Paulo.
SAMPEL, E. L. Introdução ao Direito Canônico. São Paulo: LTR, 2001.

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