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A CONCLUSÃO DO ENSINO MÉDIO EM TRÊS MESES

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A CONCLUSÃO DO ENSINO MÉDIO EM TRÊS MESES
Antônio Porfírio Filho
Sinceramente, tenho visto com reserva as críticas feitas à conclusão do ensino médio no lapso de três meses.
Tenho conversado com minha esposa, cuja profissão é professora da rede da educação estadual, a despeito do tema. Como professora, ela é totalmente contrária à ideia. E quanto a mim, tenho o pensamento totalmente contrário ao de minha esposa (bem como a de um montão de pessoas que concluíram o ensino médio em três anos).
 
E as minhas razões, eu sei, são desprovidas de um olhar analítico-filosófico-científico. Quiçá, romântico.
 
Imagino e penso que as coisas sempre poderiam ser piores do que já são ou pelo menos se apresentam. E assim me vejo diante de uma reflexão simplista, eu sei, de que um aluno que "consegue" concluir o ensino médio em três meses seja diferente, pelo menos não seja igual àquele que estuda e termina-o ao longo de três anos, seja do ponto de vista de questões financeiras, ou por que simplesmente abandonou em algum momento que não deveria, seus estudos. E quem sabe a diferença não esbarre em apenas isso.
Imagino uma pessoa que passou cerca de trinta anos levantando-se às quatro horas da manhã, prepara sua refeição do almoço, sendo solteiro, vai trabalhar... todos esses mesmos dias ele passa defronte a uma escola pública ou da outra rede, e lamenta a sua sorte por não ter conseguido estudar, regularmente, tal qual outras pessoas desprovidas da falta de sorte o fazem. E, em um determinado dia, eis que lhe surge uma oportunidadezinha-zinha-mesmo, para concluir o curso.
 
Certamente, dirão para essa pessoa: "são apenas três meses! O que tu vai aprender, rapaz?" - Ele simplesmente ignora tais observações ou críticas, como queira, e ao final recebe o certificado. Na empresa, o seu chefe, diante do esforço daquele quase-senhor, o vê merecedor de mais uma oportunidade na vida, haja vista a existência de uma vaga de supervisor em um dos departamentos da empresa. E o homem parece que conseguiu galgar mais um degrau, graças aos míseros três meses.
Lembro-me que minha irmã concluiu o seu ensino fundamental e médio a longos esforços nesses cursos relâmpagos hoje tão criticados. Quanto a mim, sinto-me orgulho dela. 
Em discussão com alunos de faculdade de Direito, a maioria critica tais cursos rápidos sob o argumento de que “a pessoa não aprenderá nada, sendo assim não estará preparada para enfrentar um concurso, um vestibular”; como se nós que cursamos a longo tempo sabemos de tudo; como se seja a rede pública ou aquela outra (privaté) está preparada para, no fim do longo martírio do ensino médio no período regulamentar, seus alunos estejam realmente preparados. Será?
Uma coisa é imaginar que um morador de rua, sabe-se lá como, consegue passar em um concurso público, outra coisa é não se conceber que uma pessoa que concluiu o ensino médio em três meses não consiga uma melhoria de vida, mesmo que sua ambição não seja um concurso público. Quem sabe seja apenas por uma questão de bem-estar-espiritual, realização do ego.
Lembrei-me agora daquela expressão que em português significa "deixai fazer" (lassais faire). Ela retrata um aspecto que sempre as sociedades reclamaram - deixem-nos lutar e conseguir por nossos próprios esforços. Vejo assim.
Caso esses alunos queiram ir além do que já conseguiram com o certificado do ensino médio, cabe a eles, somente a eles, o intento. Como diria um professor, e dos bons, “te vira, cara!”.
Se é justa ou não a concorrência com outros alunos que se acham mais capazes, problema daqueles que não seguem adiante, ou até mesmo daqueles que se acham mais capazes e que, já que se consideram tão capazes e se realmente o são, não deveriam se preocupar com aquel’outros: pois aqueles que não são mais capazes e, portanto, são menos, se não estudarem um pouco ou um muito a mais, não lograrão maior êxito em uma disputa, na vida. Assim, que lutem, leiam, estudem, caso contrário, não vão passar disso – e terão apenas um taco de ‘papé nar mão’. Por outro lado, os mais preparados precisam saber, também, que em verdade, o insucesso pode ocorrer com qualquer PHD, também - caso não se prepare à banca examinadora.

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