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Ponto 5 - Civil

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PONTO 5 – CIVIL - Dos Bens. Conceito. Classificação. Bens Considerados em si mesmos. Bens Reciprocamente Considerados. Bens Difusos e Coletivos. Estatuto da terra. Responsabilidade civil derivada do risco.
“Bens são os valores materiais e imateriais, que servem de objeto a uma relação jurídica” (Bevilácqua, apud, COUTO, Direito Civil, p. 28).
O NCC unificou a identificação do objeto de direito. Antes, discutia-se a diferença entre bem e coisa. Para a doutrina majoritária (Orlando Gomes), bem era gênero cuja espécie era a coisa (bens corpóreos). 
Assim, os bens podem ser:
	i) Corpóreos ou coisas: que são os valores materiais, ou seja, são aqueles dotados de existência física, como por exemplo, o dinheiro, um veículo, joias, roupas.
ii) Incorpóreos ou direitos: que são os valores imateriais, e que só podem ser compreendidos pela inteligência do homem, porque não possuem estrutura física, como por exemplo crédito, o ponto comercial, etc.
CLASSIFICAÇÃO DOS BENS
I – BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS
A – MÓVEIS OU IMÓVEIS
- BEM IMÓVEL é aquele que não pode ser mobilizado (removido) sem sua destruição (perda da sua substância). O CC16 dizia que os bens imóveis poderiam ser classificados assim:
i - Bens imóveis por natureza: solo e tudo aquilo que naturalmente a ele se agrega (árvores, por exempleo), ou seja, “o solo com sua superfície, os seus acessórios e adjacências naturais, compreendendo as árvores e frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo”;
ii - Bens imóveis por acessão física: tudo aquilo que o homem incorpora permanentemente ao solo, “como a semente lançada à terra, os edifícios e construções, de modo que se não possa retirar sem destruição, modificação, fratura, ou dano”. É necessário que haja uma “fundação” na terra, no solo.
O NCC previu que não perdem o seu caráter de imóvel os bens que são transportados na sua unidade (ex: caminhão transportar casa – como em filmes americanos – casas prontas) para serem removidos a outro local ou aqueles materiais que são momentaneamente retirados de um prédio para nele se reempregarem.
Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:
I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local;
II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem.
iii - Bens imóveis por determinação legal (art. 80) – são bens incorpóreos, intangíveis a que o NCC confere esse tratamento. São eles o direito real sobre imóveis e as ações a eles correspondentes e o direto à sucessão aberta (ainda que no patrimônio sucedido não haja nenhum bem imóvel).
	
	Importante: navios e aviões – embora sujeitos à hipoteca, instituto próprio dos bens imóveis – são bens móveis.
	Bem móvel por antecipação: os bens imóveis por natureza podem ser mobilizados por antecipação, através da manifestação de vontade. Ex: o dono de imóvel prestes a ser demolido vende, com antecedência, material antes incorporado à casa a ser derrubada. Neste caso, o negócio pode ser feito por escritura particular: seu objeto é bem móvel por antecipação.
	- BEM MÓVEL: é aquele que pode ser mobilizado / removido com a preservação de sua substância. Podem ser:
	i – Bens móveis por natureza: são passíveis, na essência, de mobilização. Alguns se movem por conta própria. Ex: semoventes (animais). As embarcações e as aeronaves são bens móveis por natureza (embora, por determinação legal, sofram hipoteca. Isso não afeta a natureza do bem).
	ii - Bens móveis por determinação legal (art. 83): direitos reais sobre objetos móveis e ações correspondentes, direitos pessoais de caráter patrimonial e ações correspondentes e as energias que tenham valor econômico.
	Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais:
	I - as energias que tenham valor econômico;
	II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes;
	III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.
	O Código Penal já considerava a energia elétrica um bem para analisar o furto. O NCC seguiu essa linha.
	B – BENS FUNGÍVEIS OU INFUNGÍVEIS (85)
	Bens fungíveis são aqueles que podem ser substituídos por outros da mesma espécie, quantidade e qualidade. Exemplo clássico é a moeda, dez quilos de açúcar, tantos gramas de ouro. Já os bens infungíveis não podem.
	Os bens imóveis, em regra, são infungíveis. Mas a autonomia da vontade pode tornar fungíveis bens normalmente infungíveis. Ex: fulano receberá três unidades imobiliárias do condomínio tal. Em tal caso, as unidades são determinadas pelo gênero, qualidade e quantidade. 
	Por outro lado, o bem normalmente fungível também pode ser infungibilizado: a nota de 50 reais passa a ser aquela nota específica, com número de série. Ex: fruto do primeiro salário recebido por Erick Tavares no escritório do Barroso.
	Há uma costumeira confusão dos bens fungíveis com os consumíveis. Para fazer a distinção, veremos a seguir que é importante pensar no bem consumível juridicamente.
	Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade.
	C – BENS CONSUMÍVEIS OU INCONSUMÍVEIS
	Há bens física ou materialmente (in) consumíveis e os bens juridicamente (in)consumíveis.
	Os bens fisicamente consumíveis perdem sua utilização logo após o primeiro uso. Nesse caso, podem coincidir com os fungíveis. (destruição imediata)
	Os bens juridicamente consumíveis estão vocacionados à alienação em massa (relações de consumo). 
Sendo assim, temos uma situação pouco usual: uma moeda que seja rara e esteja à venda num antiquário será um bem infungível (porque insubstituível) e consumível (juridicamente). Portanto, nem todo bem consumível é fungível.
Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância (consumíveis fisicamente), sendo também considerados tais os destinados à alienação (consumíveis juridicamente).
	D – BENS DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS
São necessários três pontos de vista: material, jurídico (ou legal) e econômico (ou utilitário).
Do ponto de visa material, o critério é a possibilidade do fracionamento físico, desde que se obtenha do resultado bens com as mesmas características.
À luz de um critério jurídico, os bens, ainda que materialmente divisíveis ou indivisíveis, podem receber uma nova classificação. Ex: loteamento clandestino – ainda que materialmente divisível, é juridicamente indivisível.
Quanto ao critério econômico, pode até haver divisibilidade material ou jurídica, mas, em razão do aproveitamento econômico, a divisão pode não ser possível. Ex: terreno tem uma parte muito improdutiva. A divisão deve levar em conta isso, pois o aproveitamento daquela parte do terreno está prejudicada.
Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam.
	Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes. (ex: loteamento)
	E – BENS SINGULARES OU COLETIVOS (89 a 91)
	Bens singulares: são considerados na sua individualidade. 
	Os bens coletivos são as universalidades, as quais podem ser de fato (biblioteca, rebanho, frota) ou de direito (espólio).
	Situação: se vendo 10 táxis, alieno bens singulares. Se alieno a frota, alieno um bem coletivo, considerado no seu todo. Isso gera consequências jurídicas. Em caso de vícios, o defeito de apenas um dos bens não prejudica a qualidade do todo (bem coletivo). Além disso, o número é menos exato, pois se adquire o todo. Regra de sub-rogação. Ex: vendi rebanho quando havia 10 cabeças, mas quando entregá-lo poderá haver 12.
	Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais.
	Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa,tenham destinação unitária.
	Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações jurídicas próprias.
	Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico. 
	Universalidade de fato: pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. Depende da vontade dos interessados.
	Universalidade de direito: complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico. Independe da vontade dos interessados, pois decorre de lei.
	Relevância da distinção: se há venda de vários bens singulares (ex: cadeiras), e há defeito em uma, não se autoriza a redibição do negócio todo (art. 503 do CC). Contudo, se houver venda em conjunto (bens coletivos), é possível o exercício dos direitos do adquiriente em relação à aquisição da coletividade (não se aplica o art. 503).
	Art. 503. Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma não autoriza a rejeição de todas.
	Para Guilherme Couto, o fundo de comércio, figura equivalente ao estabelecimento empresarial é uma coletividade jurídica: corresponde ao conjunto de bens corpóreos e incorpóreos organizados pelo empresário para a exploração da atividade econômica. Se a própria lei considera para certos efeitos, legalmente, o fundo de comércio, e assim afeta o conjunto de bens, existe a universalidade de direito. OBSERVAÇÃO: O AUTOR DESTACA QUE O TAMBÉM O STJ RECONHECE A NATUREZA DE UNIVERSALIDADE DE DIREITO AO FUNDO DE COMÉRCIO. (COUTO, Direito Civil, p. 33).
	Patrimônio: é o complexo de relações jurídica pecuniariamente estimáveis de uma pessoa. Trata-se do retrato econômico (não existe patrimônio “moral” etc). Todos têm patrimônio, e apenas um, ainda que seja negativo. 
	II – BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS: PRINCIPAIS OU ACESSÓRIOS
	O CC16 tinha uma regra básica: o acessório segue a sorte do principal. No NCC, contudo, essa regra não foi reproduzida, pois nem sempre o acessório seguirá a sorte do principal.
	Acessório segue o principal (princípio da gravitação jurídica), em regra:
bem acessório: não são partes integrantes nem pertenças. Podem ser objeto de negócios jurídicos próprios, mas acompanham o bem principal (ex.: frutos)
parte integrante (estão intrinsecamente ligadas/incorporadas ao bem, não sendo objeto de relação jurídicas próprias - ex: pneus de um automóvel)
	Não seguem o principal, em regra: PERTENÇAS (podem ser destacadas do bem principal, podendo ser objeto de relação jurídica própria – ex. ar condicionado instalado e maquinário agrícola) 
	O bem acessório pode ser a parte integrante do principal. Ex: peças do relógio. Mas também pode servir como uma condicionante ao uso do bem principal como tal. Ex: pulseira do relógio de pulso. Não é parte integrante do relógio, mas o torna relógio de pulso.
	Pode ainda haver a pertença. Esta pode não seguir a sorte do principal. Ela serve ao bem principal, mas não condiciona o seu uso como tal (art. 93). Utilizada para uso e aformoseamento. Pode ser acessório de bem móvel ou imóvel. NÃO CONFUNDIR COM BENS IMÓVEIS DE ACESSÃO INTELECTUAL, apesar de que as pertenças, quando acessórias de bens imóveis, poderem coincidir com esse tipo de bens imóveis.
	Mas as pertenças se referem também a bens móveis. Ex: carro. Toca CDs é uma pertença, pois torna mais cômodo o seu uso. Como regra, ela não segue a sorte do bem principal. Outro exemplo: ar condicionado.
	Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.
	Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso.
	Ou seja, a regra é a de que a pertença não segue o bem principal, exceto nas seguintes hipóteses: quando lei ou as partes disserem ou ainda quando as CIRCUNSTÂNCIAS DO FATO INDICAREM ESSA NECESSIDADE. (Mas, mesmo assim, Guilherme Couto considera a pertença como bem acessório).
	Essa última hipótese deve ter por base a chamada BOA-FÉ OBJETIVA (eticidade). Trata-se de um padrão objetivo de lealdade. Ex: pessoa vai comprar o carro e elogia incessantemente o toca-CDs, manifestando enorme interesse por ela. A boa-fé aí é objetiva – refere-se a uma circunstância do caso que faz a pertença seguir a sorte do principal. Poderá, então, haver contestação em juízo se o carro for vendido sem essa pertença.
	Não importa se o vendedor tenha agido propositalmente. A boa-fé objetiva é um padrão de comportamento leal. O silêncio é excepcionalmente considerado uma manifestação de vontade nesta hipótese.
	
	BENS ACESSÓRIOS: FRUTOS, PRODUTOS E BENFEITORIAS
	Possuem o mesmo critério essencial (acessoriedade), mas apresentam subcritérios especiais.
	FRUTOS: são utilidades que a coisa principal periodicamente produz sem perda da sua substância. Podem ser:
naturais (árvore, crias de animais)
industriais (intervenção humana)
civis (resultantes de relação jurídica - rendimentos). Ex: aluguel em relação à locação, juro em relação à aplicação).
	Em relação à ligação com a coisa principal, os frutos podem ser PENDENTES, PERCEBIDOS, PERCIPIENTES, EXISTENTES OU CONSUMIDOS. 
Frutos pendentes são os ainda ligados à coisa. 
Frutos percebidos são os já desligados da coisa. 
Frutos percipiendos são os que já deveriam ter sido percebidos, mas que continuam ligados à coisa. 
Frutos existentes são os que já foram separados, mas que não foram consumidos
Frutos consumidos são os já percebidos e já utilizados.
PRODUTOS: são utilidades que a coisa principal periodicamente produz com perda da sua substância.
	A conversão da coisa em produto implica a perda de sua substância. Isso difere o produto do fruto. Logo, há desfalque, ensejando regramento diferente, só compensado por indenização.
	Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico.
BENFEITORIAS: são obras ou serviços introduzidos na coisa principal, de modo a conservá-la (necessárias), melhorar o seu uso (úteis) ou embelezá-la (voluptuárias – mero recreio).
	As benfeitorias são despesas e melhoramentos NÃO COMPULSÓRIOS. Por isso, o pagamento de impostos, despesas condominiais não é benfeitoria. Da mesma forma, melhoramentos naturais também estão fora de sua abrangência.
	Critério distintivo: a finalidade. 
	Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.
	§ 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.
	§ 2o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem.
	§ 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.
	Como regra, essas benfeitorias não são separáveis da coisa principal. A questão se resolve pela via da indenização. Se a posse é de boa-fé, há direito à indenização pelas benfeitorias necessárias e úteis, com direito de retenção inclusive, mais levantamento das benfeitorias voluptuárias, se possível. Se a posse é de má-fé, cabe indenização apenas nas benfeitorias necessárias, sem direito à retenção.
	Quanto às benfeitorias voluptuárias, o possuidor de boa-fé tem direito de separá-las da coisa principal, caso isso seja possível (levantá-las). Ele pode levantá-las e mantê-las consigo. Mas o proprietário pode ficar com a benfeitoria para si se indenizá-la (ele inclusive tem prioridade).
	III – BENS QUANTO À TITULARIDADE 
	Os bens podem ser, quanto à titularidade, públicos ou particulares. Os bens particulares são classificados por exclusão: são os bens que não são públicos. Os bens públicos são de titularidade das pessoas jurídicas de direito público, e podem ser: bens de uso comum do povo, bens de uso especial e bens dominicais.
	Os bens de EstadoEstrangeiro não são considerados bens públicos, mas podem ser protegidos pela penhora e medida de inviolabilidade, conforme Convenção de Viena. 
	
Os BENS DE USO COMUM DO POVO são aqueles, em tese, não apropriáveis por ninguém (o uso é de todos). Um ponto polêmico reside nos loteamentos fechados (condomínios): algumas vias são utilizadas apenas pelos moradores de determinado loteamento. Admite-se nas situações em que não atrapalharia o tráfego (um condomínio nos Jardins seria impensável) e se aquele grupo de condôminos mantiver o custo daquelas vias.
	
Os BENS DE USO ESPECIAL são bens especialmente afetados à utilização do Poder Público para cumprimento de suas funções. Ex: imóvel onde fica a sede da Prefeitura.
	
Os BENS DOMINICAIS são aqueles do Poder Público sem nenhuma destinação especial. Ex: bens que o Poder Público recebe como pagamento de seus créditos (ex: INSS recebe prédio como pagamento de dívidas previdenciárias), terras devolutas (terras que eram entregues aos particulares sem transferência de domínio).
	Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.
	Art. 99. São bens públicos:
	I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
	II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;
	III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
	A análise dos bens públicos é importante quanto à inalienabilidade, impenhorabilidade e a usucapião. 
	A partir da CF/88, nenhum bem público é passível de usucapião. O artigo 102 do NCC repete esta regra. Antes, admitia-se a USUCAPIÃO ESPECIAL RURAL de terras devolutas (Lei nº 6.969/81). A nova CF acabou com isso, mas respeitou os direitos adquiridos.
	Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.
	A inalienabilidade restringe-se aos bens de uso comum do povo (sempre) e aos bens de uso especial (enquanto durar a afetação). Já os bens dominicais podem ser alienados, observadas as exigências legais.
	Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.
	Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.
	Os bens das pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado são considerados dominicais, salvo quando houver previsão legal em sentido contrário:
	Os bens dessas empresas estatais (empresas públicas e sociedades de economia mista) são dominicais. Tem-se entendido, no entanto, que, quando empregados em serviço público, não necessariamente seriam dominicais.
	Correios: apesar de ser empresa pública, é equiparado em privilégios à Fazenda Pública, logo, os seus bens são impenhoráveis, sujeitando-se ao regime de precatório. 
	BEM DE FAMÍLIA
	O bem de família é o bem, ou o conjunto de bens, protegido com o manto da impenhorabilidade, em razão de servir de moradia ou guarnecer a moradia de família ou entidade familiar.
	Lei nº 8.009/90 – bem de família legal – a lei confere proteção aos bens independentemente da manifestação de vontade do interessado, afirmando-os impenhoráveis, salvo nos casos previstos pela própria lei. 
	Os tribunais enfrentam a seguinte questão: televisor, microcomputador, DVD podem ser penhorados? A resposta é conferida com a interpretação do alcance do art. 2º da lei, que exclui do benefício as obras de arte, os bens suntuosos e os veículos de transporte. A ideia é a de garantir a cláusula da dignidade da pessoa humana.
	Hipóteses nas quais não há a proteção (art. 3º)
	I – Débitos para com os trabalhadores domésticos, da própria residência;
	II – As dívidas de pensão de alimentos;
	III – Dívidas do financiamento para construir ou adquirir o imóvel;
	IV – Dívida garantida pelo próprio imóvel, que foi hipotecado;
	V – Impostos e taxas devidos com o próprio imóvel, e as quotas condominiais que o imóvel gera;
	VI – Débitos decorrentes de sentença criminal, geradora de indenização para o lesado ou seus familiares, e bem assim se o bem de família é adquirido com produto de crime, que o ofensor é obrigado a ressarcir;
	VII – Débitos do fiador de contrato de locação, em razão de fiança.
	Bem de família voluntário (NCC)
	Não é uma figura inútil, pois pode ocorrer que o devedor tenha mais de um imóvel, utilizando-os igualmente como moradia.
	Nessa situação, o imóvel de menor valor é o bem de família ex lege, salvo se o outro, o de maior valor, estiver protegido na forma do art. 1.711 do CC. 
	Além disso, o bem de família protegido na forma do NCC apenas está sujeito à penhora e a execução versa sobre dívida (inclusive tributária) gerada pelo bem, não se aplicando todas as exceções do art. 3º da Lei 8009.
	Art. 1.711. Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura pública ou testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de família, desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei especial.
	Art. 1.715. O bem de família é isento de execução por dívidas posteriores à sua instituição, salvo as que provierem de tributos relativos ao prédio, ou de despesas de condomínio.
	TEORIA DO PATRIMÔNIO MÍNIMO
	- Não se pode admitir pessoa humana sem patrimônio
	- Deve ser separado uma parcela essencial do patrimônio do devedor, para atender as necessidades elementares da pessoa humana. Fundamentos:
Dignidade da pessoa humana
Despatrimonialização do direito civil (o ser sobrepujando o ter)
Erradicação da pobreza e redução de desigualdades sociais
Mínimo existencial: face prática e concreta da afirmação da dignidade da pessoa humana. 
( esse mínimo a ser separado não tem cifra mensurável aprioristicamente, dependendo do caso concreto para ser delimitado. 
	
BENS DIFUSOS E COLETIVOS
Bens difusos: são aqueles cuja titularidade é da coletividade em geral, ou seja, de pessoas indeterminadas relacionadas entre si por uma circunstância fática e não propriamente por um vínculo jurídico.
Bens coletivos: são aqueles cuja titularidade é de um grupo, classe ou categoria de pessoas vinculadas entre si por uma relação jurídica base.
	
ESTATUTO DA TERRA
	Há 3 marcos legais fundamentais:
	I - Lei de Terras; 
	II - Estatuto da Terra (Lei nº 4.504/64); 
	III - EC 10/64
	A EC 10 conferiu autonomia legislativa ao Direito Agrário brasileiro.
 
	A atividade agrária pode ser:
	I - Atividade agrária típica: lavoura, pecuária, extrativismo.
	II - Atividade agrária atípica: agroindústria
	III - Atividade complementar da exploração rural: transporte e comercialização de produtos. Há quem veja o turismo rural como atividade complementar.
	PRINCÍPIOS
	1 - MONOPÓLIO LEGISLATIVO DA UNIÃO (ART. 22, I – legislar sobre direito agrário)
	2 - UTILIZAÇÃO DA TERRA SOBREPONDO-SE À TITULAÇÃO DOMINIAL
	Trabalha-se, no direito agrário, com a primazia da realidade.
	3 - GARANTIA DA PROPRIEDADE E EXIGÊNCIA DE SUA FUNÇÃO SOCIAL
	
	4 - DICOTOMIA DO DIREITO AGRÁRIO: REFORMA AGRÁRIA (184-186) X POLÍTICA AGRÍCOLA (DESENVOLVIMENTO RURAL)
	5 - PREVALÊNCIA DO INTERESSE PÚBLICO SOBRE O INDIVIDUAL
	6 - NECESSIDADE DE UMA REITERADA REFORMULAÇÃO DA ESTRUTURA FUNDIÁRIA
	7 - FORTALECIMENTO DO ESPÍRITO COMUNITÁRIO AGRÁRIO
	8 - COMBATE AO MINIFÚNDIO, AO LATIFÚNDIO, AO ÊXODO RURAL, À EXPLORAÇÃO PREDATÓRIA DA TERRA E AOS ESPECULADORES DA TERRA
	Minifúndio é a área que, de tão pequena, se torna inútil para o rurícolae para a sua família.
	9 - PRIVATIZAÇÃO DOS IMÓVEIS RURAIS PÚBLICOS
	 
	10 - PROTEÇÃO À PROPRIEDADE FAMILIAR, À PEQUENA PROPRIEDADE E À MÉDIA PROPRIEDADE
 
	11 - FORTALECIMENTO DA EMPRESA AGRÁRIA
 
	12 - PROTEÇÃO ESPECIAL À PROPRIEDADE INDÍGENA
 
	13 - DIMENSIONAMENTO DAS ÁREAS EXPLORÁVEIS
 
	14 - PROTEÇÃO AO TRABALHADOR RURAL
 
	15 - CONSERVAÇÃO E PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE
 
A Lei nº 4.504/64 define política agrícola e reforma agrária em seu Art. 1°: § 1° Considera-se Reforma Agrária o conjunto de medidas que visem a promover melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao aumento de produtividade; § 2º Entende-se por Política Agrícola o conjunto de providências de amparo à propriedade da terra, que se destinem a orientar, no interesse da economia rural, as atividades agropecuárias, seja no sentido de garantir-lhes o pleno emprego, seja no de harmonizá-las com o processo de industrialização do país.
	IMÓVEL RURAL
	Conceito: é o prédio rústico (não edificado), de área contínua, qualquer que seja a sua localização, que se destina à exploração extrativista, agrícola, pecuária ou agroindustrial.
	O Direito Agrário trabalha com a ideia de destinação do imóvel, e não com a sua localização.
 
	CLASSIFICAÇÃO DO IMÓVEL RURAL
	No estatuto da terra, havia 4 formas. CF trouxe, ao todo, 7 classificações:
 
	1 - MINIFÚNDIO (ART. 4º DA ESTATUTO DA TERRA E ART. 6º, II, DO DECRETO Nº 55891/65): É o imóvel rural de área e possibilidades inferiores às da propriedade familiar.
	2 - PROPRIEDADE FAMILIAR (ART. 4º, II)
	II - "Propriedade Familiar", o imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso social e econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo de exploração, e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros;
	O tamanho da propriedade familiar vai até 4 módulos rurais. Nunca pode ser menor que a fração mínima de parcelamento nem maior que 4 módulos rurais / fiscais.
	
	3 - LATIFÚNDIO (4º, VI)
	V - "Latifúndio", o imóvel rural que:
	a) exceda a dimensão máxima fixada na forma do artigo 46, § 1°, alínea b�, desta Lei, tendo-se em vista as condições ecológicas, sistemas agrícolas regionais e o fim a que se destine;
	b) não excedendo o limite referido na alínea anterior, e tendo área igual ou superior à dimensão do módulo de propriedade rural, seja mantido inexplorado em relação às possibilidades físicas, econômicas e sociais do meio, com fins especulativos, ou seja deficiente ou inadequadamente explorado, de modo a vedar-lhe a inclusão no conceito de empresa rural;
 
	Existe latifúndio por extensão e por exploração.
	O latifúndio por extensão corresponde à grande propriedade. Quando o latifúndio é por extensão, ele equivale a mais de 600 módulos rurais
	O latifúndio por exploração corresponde à pequena propriedade pouco explorada.
	4 - EMPRESA RURAL (4º, V)
	VI - "Empresa Rural" é o empreendimento de pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que explore econômica e racionalmente imóvel rural, dentro de condição de rendimento econômico da região em que se situe e que explore área mínima agricultável do imóvel segundo padrões fixados, pública e previamente, pelo Poder Executivo. Para esse fim, equiparam-se às áreas cultivadas, as pastagens, as matas naturais e artificiais e as áreas ocupadas com benfeitorias;
	A empresa rural é de natureza civil. Pode ou não ter natureza empresária.
	5 - PEQUENA PROPRIEDADE (LEI Nº 8.629/93)
	É a área entre 1 e 4 módulos fiscais. Tem a mesma área máxima da propriedade familiar, mas a área mínima é diferente.
	6 - MÉDIA PROPRIEDADE
	É a área entre 4 e 15 módulos rurais (fiscais). Nos textos legais, prevalece a expressão "módulo fiscal", mas são tratados como sinônimos.
	
	7 - PROPRIEDADE PRODUTIVA
	Conjugação dos graus de utilização e exploração.
 
	Há 2 instrumentos de política agrária: desapropriação e tributação (por meio do ITR - progressividade extrafiscal).
 
	POSSE AGRÁRIA
	É um pouco diferente da posse do Direito Civil. 
	
	Características:
	I - Exercida sobre imóvel rural
	Como vimos, o critério, no campo das relações do Direito Agrário, é o da destinação do imóvel, e não o de sua localização.
 
	II - É sempre direta, pessoal e imediata
	Isso significa que não vale posse por procuração, posse do filho que substitua a do pai, posse em razão de arrendamento. Ou seja, não cabe acessio possessionis.
	No direito civil, a posse dos antecessores pode se dar a título intervivos (acessio possessionis) ou causa mortis (sucessio possessionis).
	A título de acessio possessionis, pode haver, por exemplo, doação, venda da posse. Enquanto no direito civil ela é facultativa, no direito agrário ela é vedada.
	Já na sucessio possessionis, admitida no Direito Agrário, o herdeiro (ou legatário) recebe o mesmo direito. Não pode descartar a posse do antecessor. Se ela era boa, a ele aproveita, Se era má, viciará a dele. O vício da posse anterior, transmitida intervivos, contamina a posse posterior.
	PRINCIPAIS EFEITOS DA POSSE AGRÁRIA
	1 - AQUISIÇÃO DO IMÓVEL RURAL PÚBLICO OU PARTICULAR
	A aquisição de imóvel público se dá por meio da legitimação ou da regularização da posse (art. 97 do Estatuto da Terra). Já a aquisição de imóvel privado se dá por usucapião.
	Art. 97. Quanto aos legítimos possuidores de terras devolutas federais, observar-se-á o seguinte:
	I – (regularização) o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária promoverá a discriminação das áreas ocupadas por posseiros, para a progressiva regularização de suas condições de uso e posse da terra, providenciando, nos casos e condições previstos nesta Lei, a emissão dos títulos de domínio;
	II – (legitimação) todo o trabalhador agrícola que, à data da presente Lei, tiver ocupado, por um ano, terras devolutas, terá preferência para adquirir um lote da dimensão do módulo de propriedade rural, que for estabelecido para a região, obedecidas as prescrições da lei.
	A legitimação está ligada à idéia de ocupação de terras devolutas.
	2 - INDENIZAÇÃO POR BENFEITORIAS
	Indenizam-se tantos as úteis quanto as necessárias. 
	3 - RETENÇÃO DA COISA
	4 - DEFESA POSSESSÓRIA
	USUCAPIÃO DE IMÓVEIS RURAIS
	É a usucapião em favor do posseiro de prédio rústico. Conhecido como usucapião especial rural / constitucional agrário.
 
	POSSE-TRABALHO - É aquela que se caracteriza pela utilização econômica do bem possuído através da força de trabalho. É por isso (força de trabalho) que não cabe acessio possessionis.
	CARACTERÍSTICAS DA USUCAPIÃO
	1 – POSSE DIRETA, PESSOAL, ININTERRUPTA
	2 – PERMITE A SUCESSIO POSSESSIONIS, EM REGRA
	A regra geral, portanto, com relação à posse, é a seguinte: NÃO CABE ACESSIO, MAS CABE SUCESSIO.
	
	BENEFICIÁRIOS DA REFORMA AGRÁRIA
	A terra é distribuída de 2 maneiras: títulos de domínio e concessão de uso.
	Quem recebe o benefício não pode negociar o título de domínio por 10 anos (art. 18 da Lei nº 8.629/93 e CF).
	3 pontos importantes:
	I – Intervenção obrigatória do MPF nos processos de reforma agrária
	II – Caráter preferencial e prejudicial da ação expropriatória
	III – O decreto expropriatório é fatal, a não ser que não haja execução em 2 anos. Mas mesmo assim pode haver decreto de novo.
	IV – Não pagamento de custas
DIREITO DE EXTENSÃO
	Art. 4º Intentada a desapropriação parcial, o proprietário poderá requerer, na contestação, a desapropriação de todo o imóvel, quando a área remanescente ficar:
	I - reduzida a superfície inferior à da pequena propriedade rural (1 módulo fiscal); ou
	II - prejudicada substancialmente em suas condições de exploração econômica, caso seja o seu valor inferior ao da parte desapropriada.**** RESPONSABILIDADE CIVIL DERIVADA DO RISCO****
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
	Couto salienta que o assentamento da falta de diligência como pressuposto da reparação foi uma conquista contra o arbítrio e se expandiu do Código Napoleônico para a Europa. 
	Foi no campo dos acidentes do trabalho que a noção de culpa, como fundamento da responsabilidade, revelou-se insuficiente, pois deixava à mercê da sorte operários que sofriam acidentes de trabalho, ficando desamparado diante da dificuldade de provar a culpa do patrão. 
	Em um primeiro momento, para corrigir tais distorções, sem abandonar a teoria da culpa, surgiu a culpa presumida, onde fora invertido o ônus da prova, cabendo ao patrão provar que não agira com culpa. 
	Mais adiante, com a Revolução Industrial, sob o manto da teoria do risco, nasceu a teoria da responsabilidade civil objetiva, em que, para efeito de indenização, dispensa-se a perquirição a respeito do elemento culpa. 
	Segundo a teoria do risco, aquele que exerce uma atividade perigosa deve-lhe assumir os riscos e reparar o dano dela decorrente. 
	Da teoria do risco surgiram as seguintes espécies: 
risco proveito: responsável é aquele que tira o proveito da atividade danosa; 
risco profissional: o dever de indenizar tem lugar sempre que o fato prejudicial é uma decorrência da atividade do lesado; 
risco excepcional: a reparação é devida sempre que o dano é conseqüência de um risco excepcional, que escapa à atividade comum da vítima; 
risco criado: responde civilmente aquele que, por sua atividade ou profissão, expõe alguém ao risco de sofrer um dano; 
risco integral: teoria extrema que apregoa o dever de indenizar até nos casos de inexistência do nexo causal. 
	Couto ensina que, se nenhum dos dois é culpado, é socialmente mais justo atribuir o ônus indenizatório àquele que cria o risco (teoria do risco criado) ou que provoca o risco e daí obtém um proveito (teoria do risco proveito). 
	Enfim, a vítima em sede de responsabilidade civil é o centro das atenções, e não pode ficar inteiramente entregue à sua própria sorte. 
	No novel Código Civil, vislumbra-se a responsabilidade civil objetiva nos seguintes dispositivos: (i) art. 187, abuso de direito; (ii) art. 927, atividade de risco ou perigosa; (iii) 931, danos causados por produtos; (iv) 932 c/c 933, responsabilidade pelo fato da coisa e do animal; (v) 936, 937 e 939, responsabilidade dos incapazes. 
	Na legislação extravagante, aponta-se: (i) responsabilidade civil do Estado; (ii) estradas de ferro; (iii) seguro obrigatório DPVAT; (iii) danos causados ao meio ambiente; (iv) exploração de lavra – Código de Mineração; (v) Código de Defesa do Consumidor; (vi) danos causados por aeronave – Código de Aeronáutica; (vii) pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos; (viii) danos nucleares, de responsabilidade União, onde adotou-se a teoria do risco integral.
	Guilherme Couto entende que, mesmo antes do advento do CC/02, a responsabilidade objetiva é a regra em nosso sistema, o que só veio a ser corroborado como o CC/02. 
	A responsabilidade objetiva ocorre independente da culpa, ou seja, esta pode ou não existir. 
RESPONSABILIDADE DECORRENTE DO RISCO
	Diz o parágrafo único do art. 927, parágrafo único do CC: “haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.” 
	A parte final desse dispositivo legal consagrou uma cláusula geral de responsabilidade civil objetiva. 
	Guilherme Couto ensina que a teoria do risco é fenômeno originário da revolução industrial, enquanto a introdução do elemento subjetivo como pressuposto genérico do dever reparatório foi uma conquista do iluminismo, consagrada no Código Napoleônico. 
	O CC adotou a teoria do risco criado. 
	Sérgio Cavalieri ensina que o conceito de “atividade” está ligada a conduta reiterada, habitualmente e de forma profissional, exercida com fins econômicos. 
	Esse conceito restritivo está na assertiva de que, se o corte não é realizado, problema maior nasce: afinal, todas as atividades são aptas a criar perigos, em maior ou menor escala. OU seja, toda a atuação poderia ensejar a responsabilidade objetiva. 
	Entrementes, GUILHERME COUTO diz que outra maneira de ler o dispositivo é não restringir. A lei não restringe as atividades de risco que está enquadrando: deve-se reconhecê-la sempre que a conduta de um indivíduo cause perigo manifestamente maior aos terceiros do que a desses o faça em relação ao dito indivíduo. (COUTO, Direito Civil, p. 198-202).
	Ex. (i) quem anda de automóvel causa manifestamente mais riscos aos pedestres do que esses aos motoristas. Portanto, quando o automóvel atropela o pedestre, a responsabilidade é objetiva; (ii) em praia na qual não há proibição de jogos, dois praticantes do frescobol provocam manifestamente mais riscos aos outros do que outros a eles. 
	A ideia é simples: quem gera ameaças maiores é que tome cuidado necessário, ou arque com as consequências do risco criado.
Riscos Recíprocos: (COUTO, Direito Civil, p. 200-201)
	Não se aplica a teoria do risco na hipótese de RISCOS RECÍPROCOS.
	COUTO cita o seguinte exemplo: dois caminhões de empresas diferentes se chocam em uma estrada. Os riscos eram causas de maneira recíproca, sem que os gerados por uma empresa excedessem manifestamente os gerados pela outra. A responsabilidade é SUBJETIVA. 
	Diferente ocorre com os pedestres, pois o automóvel cria manifestamente mais riscos a ele do que o andante do carro.
	
Riscos Consentidos: (COUTO, Direito Civil, p. 200-201)
COUTO salienta que outro palco é o dos RISCOS CONSENTIDOS por aquele que, posteriormente, será a vítima de um infortúnio. Aí existe contrato entre os interessados, e o tema é regido por normas especiais (as regras do contrato, o CDC, a indisponibilidade dos direitos da personalidade, etc).
	Não se pode falar em risco consentido, se não houve informação (ex: cirurgia de risco de vida, e o médico não informa o paciente previamente). 
	Exemplo de Couto: “Veja-se: paciente submete-se a cirurgia e sofre choque anestésico. No atual estágio da medicina, esse problema pode acontecer independentemente de qualquer falha médica; entretanto, se não houver informação suficiente, o consentimento da vítima, ao submeter-se à cirurgia, não exime a responsabilidade profissional” (COUTO, Direito Civil, p. 202).
RISCOS DO DESENVOLVIMENTO (COUTO, Direito Civil, p. 229-230). Obs.: Não tá bem no tópico, mas é relevante.
“Trata-se de expressão usado para designar os riscos de produtos e serviços que, quando colocados em circulação, não eram passíveis de serem conhecidos, mas, com o desenvolvimento tecnológico passaram a sê-lo. (...) Assinala o Enunciado nº 43 da I Jornada de Direito Civil: “A responsabilidade civil pelo fato do produto prevista no art. 931 do novo Código Civil, também inclui os riscos do desenvolvimento”. Ótica do enunciado: o fornecedor colocou algo no mercado, obteve o proveito e, assim, mais tarde, não pode deixar todo o ônus do dano com o consumidor”.
� Dos limites máximos permitidos de áreas dos imóveis rurais, os quais não excederão a seiscentas vezes o módulo médio da propriedade rural nem a seiscentas vezes a área média dos imóveis rurais, na respectiva zona

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