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Reclamao Trabalhista
EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DO TRABALHO DA ____ VARA DO TRABALHO DE CAMPINAS – ESTADO DE SÃO PAULO
NOME COMPLETO, brasileiro, casado, desempregado, nascido em.../.../..., filho de..., portador do RG SSP/SP nº..., inscrito no CPF/MF sob o nº..., residente e domiciliado na Rua..., nº..., Bairro..., CEP..., na cidade de.../SP, portador da CTPS n..., série...-SP, inscrito no o PIS sob o n..., vem perante Vossa Excelência, através de seu advogado infra-assinado, com mandato incluso e endereço profissional na Rua..., n..., CEP...0, Ribeirão Preto/SP, onde recebem avisos e intimações, propor a presente
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
em face de..., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob o n..., filial sediada na Rua..., n..., Bairro..., Cidade.../SP, CEP..., pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.
1. DO PROCEDIMENTO
O conteúdo econômico da presente demanda impede sua tramitação segundo o procedimento previsto pela Lei n. 9.957/2000.
Desta forma, requer a autora seu processamento pelo Rito Ordinário.
2. DA CONCILIAÇÃO EXTRAJUDICIAL
Em atenção aos termos do § 3º, do artigo 625-D, da CLT, com redação dada pela Lei n. 9.958/2000, esclarece a reclamante que, ante a ausência de Câmara Extrajudicial de Conciliação Prévia no âmbito sindical, exerce o seu direito constitucional de ação de forma plena.
Ademais, o E. STF já firmou posicionamento, empregando ao dispositivo supracitado interpretação conforme a Constituição da República, quanto à desnecessidade de se buscar a resolução extrajudicial do conflito antecipadamente ao ajuizamento da reclamatória trabalhista (ADI 2139, DJ 22/10/2009).
Assim, plenamente possível a propositura da demanda, nos termos do art. 5º, XXXV, da Carta Magna.
3. DO CONTRATO DE TRABALHO
O Reclamante foi admitido pela Reclamada no dia..., na cidade de.../SP, para exercer a função VENDEDOR, com REMUNERAÇÃO de R$...(... Reais).
Foi dispensado injustificadamente, no dia.../.../..., com aviso prévio indenizado. Recebeu como última remuneração mensal o valor de R$... (... Reais).
4. DA MULTA DO ARTIGO 477, § 8º DA CLT
A reclamante foi injustificadamente dispensada no dia.../.../..., com aviso prévio indenizado. Contudo, a reclamada efetuou o pagamento da rescisão do contrato de trabalho, bem como entregou as guias para saque do FGTS e do seguro desemprego, somente em.../.../..., ultrapassando o prazo legal de 10 dias (vide cópia do TRCT e THCT).
De se ressaltar, que rescisão contratual é ato complexo que somente se aperfeiçoa com a homologação e que a liberação das guias para saque dos depósitos do FGTS e da multa de 40%, bem como do seguro desemprego (entregues na homologação), fazem parte das verbas devidas na rescisão contratual decorrente de dispensa sem justa causa.
Por todo o exposto, requer a condenação da reclamada ao pagamento da multa do artigo 477, § 8º da CLT.
5. DA JORNADA DE TRABALHO
O Reclamante foi contratado para trabalhar para a Reclamada, na filial localizada na cidade de.../SP, de segunda-feira a sábado, com jornada de trabalho de 44 horas semanais.
No entanto, durante o liame empregatício, o Reclamante foi obrigado a cumprir, em média, as seguintes jornadas de trabalho:
a) durante todo o contrato de trabalho, com a exceção do tópico b e c, o reclamante laborou de segunda-feira a sábado, das 13h00min às 23h00min, com 30 minutos de intervalo intrajornada e três domingos por mês das 11h30min às 21h00min, com 30 minutos de intervalo intrajornada
b) durante todo o contrato de trabalho, uma vez por mês, em razão de um inventário realizado na loja, o reclamante laborou das 06h45min às 23h00min, com 30 minutos de intervalo intrajornada
c) no mês de dezembro dos anos de 2007 até 2014, em função das vendas de final de ano, o reclamante trabalhou de segunda-feira a sábado, com jornadas alternadas, ou das 09h00min às 20h00min, com 30 minutos de intervalo intrajornada ou das 13h00min às 00h00min, com 30 minutos de intervalo intrajornada e aos domingos das 09h00min às 22h00min, com dois intervalos intrajornada de 30 minutos cada.
6. DAS HORAS EXTRAS E DOS REFLEXOS
Levando-se em conta a jornada declinada no item anterior, verifica-se que o obreiro laborou diariamente em regime extraordinário, durante todo o pacto laboral. No entanto, a Reclamante não foi corretamente remunerada por tal labor extraordinário.
Desta forma, requer a condenação da Reclamada ao pagamento das horas extras realizadas durante todo o contrato de trabalho, assim consideradas as excedentes a 8ª diária e 44ª semanal, observando-se o divisor 220, a Súmula 146 do TST (domingos em dobro), o adicional legal de hora extra e a remuneração composta de todas as parcelas de natureza salarial como base de cálculo (En. 60 e 264 do TST), com adicional noturno e reflexos nos rsr’s, e, acrescidas destes, repercutirem em férias com adicional de 1/3, 13º e 14º salários, aviso prévio e FGTS+40%.
7. DOS INTERVALOS INTRAJORNADAS (ARTIGO 71 DA CLT)
Considerando que a jornada de trabalho do Reclamante ultrapassava seis horas, a mesma teria direito à fruição de pelo menos uma hora de intervalo para alimentação e descanso, nos moldes do artigo 71 da CLT.
Contudo, durante o contrato de trabalho, diversas vezes tal intervalo INTRAJORNADA não foi respeitado, gerando direito a reclamante de receber como hora extraordinária o período de descanso não usufruído, conforme redação do § 4º do artigo 71 da CLT e da Súmula 437 do TST.
Desta forma, requer a condenação da Reclamada ao pagamento de uma hora extra por dia laborado em que foi suprimido o intervalo INTRAJORNADA (artigo 71, § 4º da CLT, Súmula 437 do TST), observando-se o divisor 220, o adicional legal de hora extra e a remuneração composta de todas as parcelas de natureza salarial como base de cálculo (En. 60 e 264 do TST), com reflexos nos rsr’s, e, acrescidas destes, repercutirem em férias com adicional de 1/3, 13º e 14º salários, aviso prévio e FGTS+40%.
8. DOS INTERVALOS INTERJORNADAS (ARTIGO 66 DA CLT)
Ao longo do contrato de trabalho, a exemplo dos meses de dezembro, o intervalo INTERJORNADA (artigo 66 da CLT) foi descumprido. Logo o Reclamante deve receber tal período de descanso não usufruído como hora extraordinária nos termos da OJ 355 da SDI-1 do TST.
Desta forma, requer a condenação da Reclamada ao pagamento como horas extras das horas suprimidas dos intervalos INTERJORNADA (artigo 66 e OJ 355 da SDI-1 do TST) durante todo o contrato de trabalho, observando-se o divisor 220, o adicional legal de hora extra e a remuneração composta de todas as parcelas de natureza salarial como base de cálculo (En. 60 e 264 do TST), com reflexos nos rsr’s, e, acrescidas destes, repercutirem em férias com adicional de 1/3, 13º e 14º salários e FGTS+40%.
9. DO INTERVALO DO ARTIGO 384 DA CLT
Conforme jornada destacada no Item 5, o Reclamante, durante todo o contrato de trabalho, laborou em sobrejornada, contudo jamais foi respeitado o disposto no artigo 384 da CLT que prevê o intervalo mínimo de 15 minutos de descanso para trabalhadoras em caso de prorrogação do horário normal, antes do início do período extraordinário.
De acordo com decisão recentemente proferida, em 27/11/2014, por maioria do Plenário do Supremo Tribunal Federal no Recurso Extraordinário n. 658.312/SC, com repercussão geral reconhecida, a Suprema Corte consolidou tese já pacificada pelo Tribunal Superior do Trabalho de que o artigo 384 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) foi de fato recepcionado pela Constituição Federal de 1988.
Assim, restando configurado o direito do Reclamante, requer seja a Reclamada condenada ao pagamento do intervalo previsto no artigo 384 da CLT durante todo o contrato de trabalho, observando-se o divisor 220, a Súmula 146 do TST (domingos em dobro), o adicional legal de hora extra e a remuneração composta de todas as parcelas de natureza salarial como base de cálculo (En. 60 e 264 do TST), com adicional noturno e reflexos nos rsr’s, e, acrescidas destes, repercutirem em férias com adicionalde 1/3, 13º salário, aviso prévio e FGTS+40%.
10. DO ACÚMULO DE FUNÇÕES
Como já dito, durante todo o contrato de trabalho, o Reclamante exerceu a função de Vendedor, recebia, além de seu salário, comissões sobre as vendas.
No entanto, por todo o pacto laboral, diariamente, ANTES E/OU DURANTE E/OU DEPOIS DO HORÁRIO DE ABERTURA DA LOJA AO PÚBLICO, o Reclamante era obrigado pela Reclamada a exercer atividades alheias ao seu contrato de trabalho, tais como: limpeza e arrumação do setor, cartazeamento e etiquetamento das mercadorias, decoração da loja, telemarketing (“VEM PRA CASA” ou “DE VOLTA À LOJA”, vide documentos em anexo), pesquisa de preços dos concorrentes (“PLANILHA DE PREÇOS DA CONCORRÊNCIA” também chamada de “SHOPPING DE PREÇOS” e realizada pessoalmente nas lojas concorrentes), contagem de mercadorias, etc. Para desempenhar tais tarefas o Reclamante despendia, em média, três horas de sua jornada.
A título de prova com relação à obrigatoriedade destas atividades, segue em anexo cópia de e-mails nos moldes que a reclamante recebeu durante o seu contrato de trabalho, determinado o cumprimento de tais atividades.
No entanto, esse acréscimo de funções não veio acompanhado de ampliação no padrão salarial da reclamante, retratando, assim, alteração ilícita do contrato de trabalho, conforme dispõe a norma contida no art. 468 da CLT.
Ora, o Reclamante era remunerado também com as comissões pelas vendas que realizava. Logo, as atividades narradas não podem ser admitidas como tarefas acessórias inseridas na função de vendedor.
E nem se alegue que tais atividades incrementavam as vendas trazendo benefício indireto à reclamante ou que faziam parte do contrato de trabalho, pois manter um ambiente propício às vendas, limpo, organizado e atrativo é obrigação da Reclamada que é quem obtém exorbitantes lucros com tais medidas. Este ônus não pode ser atribuído ao Reclamante, que foi contratado para vender e ganhava diminutas comissões sobre as vendas.
A Reclamada é loja de grande porte do comércio varejista, tendo por seu principal objetivo vender. Deste modo, as atividades ora narradas destinadas a impulsionar as vendas e promover a imagem da reclamada, estão diretamente ligadas aos seus interesses, tanto para atingir lucro quanto para agradar seus clientes.
Aliás, a Reclamada não contrata pessoal específico para o exercício de tais atividades, uma vez que visa OBTER LUCRO A QUALQUER CUSTO e, para ela, é mais vantajoso utilizar o reclamante (pois não precisa pagar salário a ele que só recebe comissões) do que contratar e remunerar alguém para aquelas atividades. Ainda, como as lojas possuem vários vendedores, mesmo que algum deles esteja fazendo cartaz ou etiquetando produtos, a reclamada não deixará de atender os clientes que entram na loja e nem perderá venda já que há outros vendedores para atendê-lo. Ou seja, a Reclamada só ganha com essa situação.
É certo que o ‘jus variandi’ permite ao empregador impor novas condições de trabalho, adequando a prestação de serviços às suas necessidades atuais, dado o caráter dinâmico das atividades da empregadora. Contudo, essa possibilidade sofre limitações, especialmente quando causa algum prejuízo ao trabalhador, como no caso dos autos, em que as atividades agregadas trouxeram diversos ônus à reclamante, sem que houvesse qualquer bônus como contraprestação.
Assim, uma vez provada a alteração ilícita do contrato de trabalho consistente no acúmulo de funções, devida é a correspondente contraprestação pelos serviços prestados a mais, sob pena de se permitir o enriquecimento ilícito do empregador em visível prejuízo do empregado.
Nesse sentido são emblemáticos os artigos 421, 422 e 884 do Código Civil que tratam da função social, da boa-fé objetiva e do locupletamento, respectivamente.
De outro lado, verifica-se que a cláusula 1ª do contrato de experiência é demasiadamente onerosa à reclamante, pois não delimita as funções que deveriam ser exercidas pela mesma, deixando tal estipulação de maneira extremamente subjetiva ao arbítrio da reclamada, motivo pelo qual requer seja declarada a nulidade da cláusula 1ª do contrato de experiência.
Do exposto requer a condenação da Reclamada ao pagamento das diferenças salariais advindas do acúmulo de funções, em valor a ser fixado em sentença, com reflexos em horas extras, rsr’s, 13º e 14º salários, férias + 1/3 e FGTS+40% e nas verbas rescisórias.
11. DO PAGAMENTO “POR FORA”. PEDIDO DECLARATÓRIO. IMPRESCRITÍVEL.
Desde sua admissão em.../.../..., até o ano de 2008, além das comissões e premiações consignadas nos demonstrativos de pagamento, o reclamante recebeu, também, comissões e premiações “por fora” no valor médio mensal de R$ 1.000,00 (um mil reais).
Desta forma, requer seja reconhecido e declarado que, no período de.../.../... Até 31/12/2008, o autor recebeu comissões e premiações “por fora” no valor médio mensal de R$ 1.000,00 (um mil reais), que compunham e integravam a sua remuneração.
12. DO FGTS SOBRE O PAGAMENTO “POR FORA”. PRESCRIÇÃO TRINTENÁRIA
Conforme exposto no item acima, desde sua admissão em.../.../..., até o ano de 2008, além das comissões e premiações consignadas nos demonstrativos de pagamento, a reclamante recebeu, também, comissões e premiações “por fora” no valor médio mensal de R$ 1.000,00 (um mil reais).
No entanto, os depósitos do FGTS eram feitos sobre o valor que consta nos demonstrativo de pagamento, sem levar em conta os pagamentos “por fora”, que integravam e compunham a real remuneração da autora.
Portanto, existem diferenças a serem quitadas pela ré, tendo em vista que o valor pago “por fora” não integrou a base de cálculo do FGTS recolhido no período de.../.../... Até 31/12/2008.
Considerando que o pedido é autônomo (não reflexo) de valores de FGTS que deixaram de ser recolhidos ao longo do contrato de trabalho (comissões e premiações quitadas “por fora” da admissão até o ano de 2008), a prescrição aplicável ao caso é de trinta anos.
Assim, requer seja a Reclamada condenada ao pagamento das diferenças de FGTS+40% em favor da autora, levando-se em consideração os pagamentos “por fora” ocorridos no período de.../.../... Até 31/12/2008, bem como seja aplicada ao caso a prescrição trintenária, nos termos da Súmula 362 do TST.
13. DO 14º SALÁRIO - DA NATUREZA SALARIAL. PEDIDO DECLARATÓRIO. IMPRESCRITÍVEL
Durante o contrato de trabalho, periodicamente, no mês de janeiro de cada ano, a reclamada pagou à reclamante, uma verba denominada 14º salário, no mesmo valor do salário correspondente ao mês de dezembro do ano anterior.
Assim, pela sua habitualidade, constata-se que o 14º salário possuía natureza salarial e integrava a remuneração por força do artigo 457, § 1º da CLT. Por essa razão, o 14º salário deveria repercutir nas demais verbas trabalhistas.
Deste modo, requer seja declarada a natureza salarial da verba denominada de 14º salário, com sua consequente integração à remuneração da autora.
14. DO FGTS SOBRE O 14º SALÁRIO. PRESCRIÇÃO TRINTENÁRIA
Periodicamente, no mês de janeiro de cada ano, a reclamada pagou à reclamante, uma verba denominada 14º salário, no mesmo valor do salário correspondente ao mês de dezembro do ano anterior.
Ocorre que, apesar de ter natureza nitidamente salarial, sobre o 14º salário não havia incidência do FGTS.
Portanto, existem diferenças a serem quitadas pela ré, tendo em vista que o valor pago a título de 14º salário não integrou a base de cálculo do FGTS recolhido durante o contrato de trabalho.
Assim, considerando que o pedido é autônomo (não reflexo) de valores de FGTS que deixaram de ser recolhidos ao longo do contrato de trabalho, tem direito a reclamante ao recebimento do FGTS sobre o 14º salário de todos os anos trabalhados, já que se trata de verba que prescreve em trinta anos.
Desta forma, requer que a reclamada seja condenada a pagar à autora o FGTS e a multa de 40% sobre o 14º salário de todos os anos trabalhados e, seja aplicada ao caso a prescrição trintenária, nos termos da Súmula 362 do TST.
15. DO 14º SALÁRIO - DO PAGAMENTOREFERENTE AO ANO DE 2015
Conforme narrado acima, periodicamente, no mês de janeiro de cada ano, a reclamada pagou à reclamante, uma verba denominada 14º salário, no mesmo valor do salário correspondente ao mês de dezembro do ano anterior, verba esta que possuía natureza salarial, integrando a remuneração da autora.
Assim, tal qual a gratificação natalina, a aquisição ao 14º salário dava-se mês a mês, gerando legítima expectativa de recebimento.
No entanto, a reclamada não pagou o 14º salário referente ao ano de 2015 na rescisão contratual. O reclamante foi dispensado em.../.../..., concorrendo, portanto, para os resultados positivos da empresa em tal ano. Logo, faz jus ao recebimento proporcional de tal verba.
Pelo exposto, requer a condenação da Reclamada ao pagamento proporcional do 14º salário referente ao ano de 2015 (que seria pago em janeiro de 2016), com o respectivo pagamento do FGTS+40%.
16. DO DANO MORAL
Inicialmente, cumpre esclarecer que durante o pacto laboral a reclamante trabalhou com os seguintes gerentes: Ademir, Hiroshi, Silva e Cleber.
Em diversas situações, através de seus prepostos, a reclamada abusou de seu poder diretivo e praticou assédio moral contra a reclamante, conforme segue exposto:
Durante todo o contrato de trabalho, a reclamante sofreu, constantemente, assédio moral de seus superiores, que ilegalmente a constrangiam, com o intuito de que as metas de vendas fossem cumpridas a qualquer custo. A cobrança por parte da gerência era exagerada e incessante, e ocorria muitas vezes na presença de outros vendedores e até mesmo de clientes, causando grande transtorno à imagem e moral da reclamante. Frequentemente, a reclamante recebia, também, mensagens por escrito neste sentido, conforme seguem cópias de e-mails em anexo.
Era comum, também, os gerentes citarem nas reuniões o nome dos vendedores que estavam abaixo do rendimento, fato este que acontecia com a reclamante e a deixava extremamente constrangida.
Aliás, durante todo o pacto laboral a reclamante era, diariamente, ameaçada de demissão, caso não cumprisse as metas, ordens e cotas determinadas pelo gerente da loja.
CARREGAR PRODUTOS: Ainda, durante o contrato de trabalho, diversas vezes, o reclamante foi obrigado pelos gerentes da reclamada a percorrer a loja atendendo clientes com produtos debaixo do braço ou apoiados nas costas até vendê-los, como travesseiros, relógios, etc., situação esta extremamente vexatória.
VENDA CASADA: A pressão para aumentar as vendas era tão forte que a reclamada tinha por hábito realizar reuniões diárias entre o gerente da loja e os vendedores, para o fim de estipular metas de vendas, que consistem em “venda casada” de serviços (Seguros, Garantias, VPP-Vida Protegida e Premiada e Plano Odontológico) e de outros produtos (relógios, perfumes, travesseiros, tapetes, confecções, edredons etc.). A reclamada passava, também, ordens por escrito neste sentido (vide cópia dos e-mails em anexo nos moldes dos que a reclamante também recebia durante o seu contrato de trabalho).
A partir de janeiro de 2014 a reclamada inseriu uma nova modalidade de vendas, onde passou a cobrar dos clientes o frete para a entrega dos produtos e pela montagem de móveis.
Assim, cumprindo ordem da reclamada, a reclamante era obrigada a embutir no preço da mercadoria o valor referente à venda de seguro e garantia ou produto acoplado, ocultando tal procedimento do cliente.
Como toda venda tinha que passar pelo gerente para autorização antes de ser efetivada, frequentemente, o gerente se negava a autorizar a venda de mercadoria que não tivesse embutido algum serviço (Seguros, Garantias, VPP-Vida Protegida e Premiada e Plano Odontológico) ou outro produto (tapetes, travesseiros, etc.).
Este fato, inclusive, é público e notório e já foi amplamente divulgado no meio jurídico, a exemplo da notícia veiculado no site jurídico Migalhas em julho de 2012 e da notícia veiculada no Jornal O Imparcial em outubro de 2012 (vide documentos em anexo).
No entanto, a venda casada é prática abusiva e proibida em nosso ordenamento jurídico, nos termos do artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990) e do artigo 5º, inciso II, da Lei 8.137/90 (crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo).
Desta forma, para conduzir sua atividade econômica, o empregador deve se pautar pelo respeito às regras jurídicas pertinentes. Se a concretização da “venda casada” ofende ao consumidor, que tem sua liberdade e seu poder de escolha mitigados, também é ofensiva ao empregado quando é imposta pelo seu empregador, pois a todos é exigido o cumprimento da lei. No entanto, o empregado, enquanto permanece nessa condição, tem seu poder de resistência naturalmente diminuído, notadamente porque não há no país um regime de proteção a relação de emprego e concretização do direito social assegurado no artigo 7º, inciso I, da Constituição Federal.
Assim, se a empresa impõe ao trabalhador uma prática ilícita causa, sem dúvida, um prejuízo moral e de cidadania ao trabalhador que não pode contribuir, com seu diminuto quinhão, para a proteção dos direitos do consumidor. À medida que é obrigado a contribuir, ao contrário, para a ofensa de direitos do consumidor acaba também por se ofender, pois o trabalhador não exerce um único papel, mas o cumula a outros, como, por exemplo, o de consumidor.
Neste contexto, após a descoberta da compra indesejada dos serviços, alguns clientes retornavam até a loja e ofendiam a reclamante, chamando-a de “ladra”, “desonesta”, “mentirosa”, “incompetente” etc.
BOCA DE CAIXA (CASTIGO): Era realizada também, a “boca de caixa”, que era a atribuição dada aos vendedores de ficar em média 2 horas por dia ao lado dos caixas da loja, abordando os clientes que ali se encontravam pagando seus carnês (que não tinham ido à loja na intenção de comprar), na tentativa de fazê-los comprar outros produtos da reclamada.
Inclusive, a “boca de caixa” tinha caráter punitivo, pois era usada como castigo para o vendedor que não cumprisse as cotas e metas do dia anterior. A reclamante sofreu este castigo diversas vezes.
PROIBIÇÃO DE DESCONTOS (CASTIGO): Noutro giro, era prática frequente de alguns gerentes da reclamada retirar a possibilidade dos vendedores, que estivessem abaixo da cota de venda de serviços ou se não tivesse um serviço embutido na venda da mercadoria, de concederem descontos aos clientes, enquanto que os vendedores que estavam acima da cota trabalhavam com descontos diferenciados.
“CARTÃO VERMELHO”: De outro lado, a reclamada tinha por prática, também, colocar uma bola (círculo) de papel no bolso do uniforme dos vendedores. A cor desta bola de papel era branca, azul ou vermelha, dependendo da colocação do vendedor no volume de vendas de serviços (seguros, garantias etc.) estipulada. Os vendedores que não alcançavam a meta estipulada recebiam a bola de papel na cor vermelha e, assim, eram obrigados a desfilar pela loja com a referida bola vermelha que sinalizava a condição de péssimo vendedor, sofrendo constrangimento e humilhação, fato que ocorreu com o reclamante.
MURAL NA COZINHA: Outra prática da reclamada era afixar um mural na cozinha da empresa onde havia o desenho de uma pista de corrida simulando uma disputa entre os vendedores no alcance da meta de venda de serviços estipulada. A posição no alcance da meta de cada vendedor na pista era marcada com carrinhos com o nome dos vendedores, incluindo o reclamante.
GERENTE: Durante o período em que trabalhou com o gerente..., frequentemente acusava o Reclamante e outros vendedores do mesmo setor do Reclamante de terem furtado celulares e notebooks da reclamada. Inclusive, o gerente... Escondia as mercadorias para confirmar se o Reclamante estava contando tais mercadorias corretamente.
Pelo exposto, requer que a Reclamada seja condenada a indenizar a reclamante pelos prejuízos morais sofridos, por ser ofendida em sua honra, imagem e dignidade, no valor a ser arbitrado pelo juízo.
17. DOS PEDIDOS
Face ao exposto, pleiteia-se:
a) sejao processo instruído pelo Procedimento Ordinário, conforme narrado no item 1 da exordial;
b) a condenação da Reclamada ao pagamento da multa do artigo 477, § 8º da CLT, conforme item 4;
c) a condenação da Reclamada ao pagamento das horas extras realizadas durante todo o contrato de trabalho, assim consideradas as excedentes a 8ª diária e 44ª semanal, observando-se o divisor 220, a Súmula 146 do TST (domingos em dobro), o adicional legal de hora extra e a remuneração composta de todas as parcelas de natureza salarial como base de cálculo (En. 60 e 264 do TST), com adicional noturno e reflexos nos rsr’s, e, acrescidas destes, repercutirem em férias com adicional de 1/3, 13º e 14º salários, aviso prévio e FGTS+40%, conforme itens 6;
d) a condenação da Reclamada ao pagamento de uma hora extra por dia laborado em que foi suprimido o intervalo INTRAJORNADA (artigo 71, § 4º da CLT, Súmula 437 do TST), observando-se o divisor 220, o adicional legal de hora extra e a remuneração composta de todas as parcelas de natureza salarial como base de cálculo (En. 60 e 264 do TST), com reflexos nos rsr’s, e, acrescidas destes, repercutirem em férias com adicional de 1/3, 13º e 14º salários, aviso prévio e FGTS+40%, conforme item 7;
e) a condenação da Reclamada ao pagamento como horas extras das horas suprimidas dos intervalos INTERJORNADA (artigo 66 e OJ 355 da SDI-1 do TST) durante todo o contrato de trabalho, observando-se o divisor 220, o adicional legal de hora extra e a remuneração composta de todas as parcelas de natureza salarial como base de cálculo (En. 60 e 264 do TST), com reflexos nos rsr’s, e, acrescidas destes, repercutirem em férias com adicional de 1/3, 13º e 14º salários e FGTS+40%, conforme itens 8;
f) seja a reclamada condenada ao pagamento do intervalo previsto no artigo 384 da CLT durante todo o contrato de trabalho, observando-se o divisor 220, a Súmula 146 do TST (domingos em dobro), o adicional legal de hora extra e a remuneração composta de todas as parcelas de natureza salarial como base de cálculo (En. 60 e 264 do TST), com adicional noturno e reflexos nos rsr’s, e, acrescidas destes, repercutirem em férias com adicional de 1/3, 13º salário, aviso prévio e FGTS+40%;
g) seja declarada a nulidade da cláusula 1ª do contrato de experiência;
h) a condenação da Reclamada ao pagamento das diferenças salariais advindas do acúmulo de funções, em valor a ser fixado em sentença, com reflexos em horas extras, rsr’s, 13º e 14º salários, férias + 1/3 e FGTS+40% e nas verbas rescisória;
i) seja reconhecido e declarado que, no período de.../.../... Até 31/12/2008, o autor recebeu comissões e premiações “por fora” no valor médio mensal de R$ 1.000,00 (um mil reais), que compunham e integravam a sua remuneração;
j) seja a Reclamada condenada ao pagamento das diferenças de FGTS+40% em favor do autor, levando-se em consideração os pagamentos “por fora” ocorridos no período de.../.../... Até 31/12/2008, bem como seja aplicada ao caso a prescrição trintenária, nos termos da Súmula 362 do TST;
k) seja declarada a natureza salarial da verba denominada de 14º salário, com sua consequente integração à remuneração do autor;
l) que a Reclamada seja condenada a pagar ao autor o FGTS e a multa de 40% sobre o 14º salário de todos os anos trabalhados e, seja aplicada ao caso a prescrição trintenária, nos termos da Súmula 362 do TST;
m) a condenação da Reclamada ao pagamento proporcional do 14º salário referente ao ano de 2015 (que seria pago em janeiro de 2016), com o respectivo pagamento do FGTS+40%;
n) que a Reclamada seja compelida a devolver o valor da primeira parcela do 13º salário, no valor de R$...(...), descontados indevidamente no ato do pagamento da segunda parcela do 13º salário;
o) que seja devolvido ao Reclamante os valores que foram descontados indevidamente;
p) que a Reclamada seja condenada a indenizar a reclamante pelas despesas efetuadas na aquisição de calça, cinto, meia e sapato durante todo o contrato de trabalho, no importe de R$ 1.000,00 (um mil reais) por ano trabalhado ou em valor arbitrado pelo juízo, conforme item...;
q) que a Reclamada seja compelida a apresentar os Extratos de Comissão sobre Vendas de Mercadorias, Extratos de Comissão sobre Vendas de Seguros (Certificado Vida Protegida e Premiada e Certificado Proteção Financeira) e Extratos de Comissão sobre Vendas de Garantia Complementar de todo o contrato de trabalho, por ser a reclamada apta a produzir esta prova, sob as penas do artigo 359 do CPC, conforme item...;
r) seja considerada nula a mencionada alteração contratual que suprimiu/substituiu o pagamento dos prêmios comemorativos, condenando-se a Reclamada ao pagamento dos prêmios de carnaval, páscoa, dia das mães, dia dos namorados, dia dos pais, dia das crianças e finados que deveriam ter sido pagos no período de.../.../... Até.../.../..., conforme item...
s) que a reclamada seja compelida a efetuar a juntada de todos os demonstrativos de vendas das montagens efetuados pelo reclamante, sob pena de serem admitidos como verdadeiros, nos termos do artigo 359, I do Código de Processo Civil, conforme item...;
t) que a Reclamada seja condenada a indenizar a reclamante pelos prejuízos morais sofridos, por ser ofendida em sua honra, imagem e dignidade, no valor a ser arbitrado pelo juízo, conforme item...;
u) a condenação da Reclamada ao pagamento de honorários advocatícios na base de 27% sobre o valor total da condenação (vide cópia do contrato de honorários em anexo) ou em outro percentual arbitrado pelo juízo, a título de perdas e danos suportados pela reclamante, conforme item 22
v) a liquidação da sentença por cálculos.
18. DOS REQUERIMENTOS FINAIS
Para a formação angular da relação processual, requer a autora seja a Reclamada notificada no endereço constante da prefacial, para, querendo, no prazo legal, apresentar defesa, sob pena de revelia.
Protesta pela produção de todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente depoimento pessoal do representante da Reclamada, sob pena de confesso, oitiva de testemunhas, perícias e outras que o controvertido exigir.
Pugna pela concessão dos benefícios da Assistência Judiciária Gratuita, nos termos do artigo 2º, parágrafo único, da Lei n. 1.060/50, e alterações, por ser a Reclamante pessoa pobre na acepção jurídica do termo, não possuindo condições de arcar com as despesas da presente demanda sem prejuízo do sustento próprio e de sua família.
Por derradeiro, requer que todas as intimações e/ou notificações referentes ao presente feito sejam feitas na pessoa da advogada..., inscrita sob o número de OAB/SP...
Dá-se à causa o valor de R$...(... Reais).
Termos em que,
Pede deferimento.
Local, data.

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