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Unidade II INTRODUÇÃO À PROBLEMÁTICA AMBIENTAL Prof. Fernando Paiva O meio ambiente e o bem estar Apesar das primeiras conferências ambientais terem sido realizadas na década de 1970, foi na década de 1980 que se acentuou a preocupação com o meio ambiente. A qualidade de vida está comprometida com determinantes oriundos de fatores naturais, alterados pela ação antrópica e da própria expansão do modelo econômico vigente. Podemos estabelecer duas categorias de ambientes: biogeofísicoquímico e social. Elas nem sempre estão em harmonia e isso compromete a satisfação das necessidades humanas e a saúde psicossomática do homem. As mudanças sociais podem ser observadas, por exemplo, na densidade populacional e na decorrente necessidade do aumento da demanda de serviços essenciais, o que nem sempre é compatível com a qualidade de vida. A natureza e o Universo constituem uma teia de relações em constante interação, o ser humano separa uma parte do mundo para moldá‐la do seu jeito e habitá‐la. Segundo Brandão (2005), a qualidade ambiental depende de uma série de pré‐requisitos que devem ser observados e que vão desde a preservação vegetal, hídrica, atmosférica, até a destinação do lixo, saneamento e preservação do patrimônio histórico‐cultural. O mesmo se refere à qualidade de vida, para a qual ele sugere programas de educação que previnam doenças, contaminação ambiental e que ofereçam relações saudáveis de trabalho, erradicação da exploração infanto‐juvenil, equipamentos e serviços públicos, habitação, identidade, cidadania, escolarização e programas educativos. Existe um sentido econômico e social na apropriação de recursos e na organização do espaço, que surge dentro do contexto da modernidade. Os grupos humanos são vulneráveis às variações da natureza, mas também contribuem para o seu agravamento, assim como mudam as relações interpessoais e afetivas. A vulnerabilidade abrange a ocorrência de enchentes, deslizamentos de encostas, perda da biodiversidade, queimadas, desmatamento, alterações ambientais e climáticas decorrentes da ação antrópica. Esses fatores de vulnerabilidade são mais frequentes em áreas periféricas e em nações emergentes. A mensagem de Estocolmo declara que não pode haver uma luta eficiente contra a pobreza que não leve em consideração a dimensão ambiental. Porém, não haverá política ambiental bem‐sucedida se ela não for organicamente ligada a uma política de progresso social. Desse modo, fica claro que desenvolvimento e meio ambiente não podem ser dissociados. Interatividade “Essa é uma possibilidade Em que poucos podem ter pensado A água engolindo e tragando as cidades Tragédias surgindo por todos os lados [...] Efeito estufa, poluição crescente, Temperaturas ganham intensidade, A água avança sobre os continentes, Distúrbios explodem com ferocidade.” (Fogo e Água, Tribo de Jah). Com base no conteúdo das estrofes apresentadas, pode-se afirmar que: Interatividade a) o efeito estufa perde intensidade com o crescimento vertical das cidades. b) o desequilíbrio ecológico nos centros urbanos é o principal responsável pelas enchentes urbanas. c) o avanço da água sobre os continentes é um fenômeno de origem antrópica. d) o aumento da temperatura é responsável pela frequência dos desastres ecológicos. e) o homem mantém o equilíbrio ecológico com os recursos técnico-científicos. A ciência, a sociedade e a cultura emergente A natureza humana difere biologicamente da de outras espécies; porém, qual seria realmente a sua especificidade? Existe algo que relacione o homem à biosfera, de forma específica, ao seu habitat e à sua cultura, a como se reproduz e a como sobrevive? Diríamos que todos os problemas mencionados podem ser resumidos em uma palavra: consciência. É importante notar que sua presença ou falta caracteriza o nível da destruição do planeta, do meio no qual vivemos, da nossa casa, dos nossos relacionamentos com outros seres humanos e com nós mesmos. A relação que se estabelece entre os países na postura de dominantes e dominados, de hegemônicos e explorados, de apropriação e disposição de recursos naturais, bem como na geração dos problemas ambientais, é conflituosa. Existe uma crise ecológica historicamente determinada pela relação sociedade‐ambiente, que pode ser observada na sua fase contemporânea pelos problemas gerados. Assim, em 1973, surgiu o uso do termo ecodesenvolvimento como alternativa à concepção de desenvolvimento. O conceito de desenvolvimento sustentável trata, de acordo com o termo ecodesenvolvimento, de uma nova maneira da sociedade se relacionar com seu ambiente, garantindo a sua própria continuidade e a do meio em que vive. O mundo globalizado apresenta‐se com novos desafios, novos problemas, novos riscos e uma situação de mal‐estar, mas também desenvolve a tecnologia. Mudanças ambientais e a saúde pública A história pode ser avaliada sob distintos aspectos ou eventos de ordem econômica, como a luta de classes e os modos de produção. Contudo, podemos também fazer uma análise fundamentada na qualidade de vida e na saúde pública por meio de doenças ou epidemias que acometem grandes contingentes populacionais. A Organização Mundial de Saúde (OMS) possui uma célebre definição para saúde: perfeito estado de bem‐estar biopsicossocial. A ideia de perfeito estado contraria a ideia de variação contínua, que parece ser condição necessária à vida dos organismos. Tomar saúde como bem‐estar significa excluir tudo o que é perigoso, indesejado e incômodo de seu escopo Fatores que influenciam uma doença: fatores biológicos; fatores psicológicos; fatores socioculturais. A OMS foi criada após a Segunda Guerra Mundial, com as seguintes preocupações: definição positiva de saúde, alimentação, atividade física, acesso ao sistema de saúde, saúde mental (e não apenas do corpo). Interatividade Na geografia econômica vem sendo empregada, com certa frequência, a expressão "Desenvolvimento Sustentável”. Com relação a esse tema, assinale a única alternativa incorreta. O Desenvolvimento Sustentável: a) é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade de atender às necessidades de gerações futuras. b) para ser alcançado, necessita de um planejamento e do reconhecimento de que os recursos naturais são infinitos, mas a população cresce em progressão geométrica. c) propõe qualidade em vez de quantidade, pela redução de matérias- primas e de produtos e pela defesa da reutilização e da reciclagem. d) busca conciliar desenvolvimento econômico com a preservação ambiental e também promover o fim da pobreza. e) objetiva a satisfação das necessidades básicas da população e a solidariedade para com as gerações futuras. Saúde Pública e Qualidade de Vida As doenças têm se desenvolvido juntamente com a espécie humana, por isso têm sido sempre grande motivo de preocupação. Muitas doenças são causadas por organismos vivos. Dessa forma, o processo evolutivo age igualmente para os seres humanos e para os demais seres vivos, por isso, os agentes patogênicos modificam‐se no mesmo ritmo que seus hospedeiros. Os povos antigos atribuíam às forças divinas quaisquer manifestações de fenômenos naturais e também de infecções que acometessem suascivilizações. Foi na Grécia que surgiu, no século V a.C., um médico que contribuiu para desvincular as causas das doenças dos mitos dos deuses. Em seus trabalhos, Hipócrates difundiu a ideia de que as patogenias são causadas pela natureza e seus sintomas são reações orgânicas. Com base nesses conhecimentos, as civilizações começaram a se preocupar com a prevenção das doenças. Por isso, medidas como a construção de redes de saneamento básico e de distribuição de água potável foram tomadas, por exemplo, pelos romanos. Por outro lado, na história da humanidade, essas medidas que surgiam para evitar as patogenias caminharam lado a lado, com eventos favorecedores do aparecimento de epidemias, como as guerras e a destruição do meio ambiente. Uma das primeiras epidemias vinculadas às guerras foi a “peste de Xerxes”, descrita pelo historiador grego Heródoto, que viveu entre 484 e 420 a.C., considerado o pai da História. MATPC.00822/.JPG. Disponível em: http://www.loc.gov/pictures/resource/matpc.00822/. Acesso em: 16 jun. 2014. Durante a colonização das Américas, muitas epidemias europeias foram distribuídas ao redor do globo, assim como outras, de diversas origens, se estabeleceram no continente europeu. Na época das grandes navegações, o intercâmbio de doenças entre os povos foi um fator comum e, muitas vezes, determinante nos processos de dominação dos povos. Ao longo de sua existência, o homem transformou o meio de acordo com suas necessidades e aspirações, gerando nele condições que, por vezes, tornaram‐se desfavoráveis para si próprio ou, vendo por outra ótica, favoráveis para organismos patognicos. Diversos são os casos de epidemias que acometeram o homem e, por sua vez, alteraram o curso da história da humanidade. Um exemplo disto é a malária, que afeta muitas pessoas na região amazônica e foi um dos grandes problemas da construção da ferrovia Madeira Mamoré. FSA.8E02362/.JPG. Disponível em: <http://www.loc.gov/pictures/resource/fsa.8e02362/>. Acesso em: 16 jun. 2014. Interatividade As tentativas de construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré foram muitas durante o século XIX, porém, somente com a assinatura do Tratado de Petrópolis, em 1903, a obra foi finalmente incrementada. Em 1912, concluía-se a ferrovia, cuja saga da construção havia se iniciado em 1872. Sobre a construção da ferrovia, podemos citar que: a) Foi construída como moeda de troca entre Brasil e Venezuela, a fim de resolver questões territoriais. b) Sua construção foi inteiramente financiada com capital nacional oriundo de mineradoras estatais. c) Teve como um de seus grandes problemas, durante a construção, o alto índice de casos de malária entre seus operários. d) É utilizada, até os dias de hoje, como principal rota de exportação de produtos agrícolas brasileiros. e) Seu longo período de construção se deve à disputas políticas no governo brasileiro, que divergiam sobre o projeto da ferrovia. Mudanças de clima, mudanças de vida As mudanças climáticas no globo, causadas ou não por ações antrópicas, levam o ser humano a reações como: inação – que implica aceitar os danos previstos; adaptação – consiste em promover modificações para diminuir as perdas; Dentre as alterações climáticas pelas quais nosso planeta passa atualmente, estão elencados como principais o efeito estufa e o aquecimento global. A Convenção do Clima atribui aos países ricos a maior parcela de responsabilidade na luta contra as mudanças do clima e também a maior parte da conta a ser paga. A convenção também reconheceu que as nações mais pobres têm direito ao desenvolvimento econômico e são mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas. Os cientistas do Painel Intergovernamental em Mudanças do Clima (IPCC), da ONU, afirmam que o século XX foi o mais quente dos últimos 500 anos e que nosso planeta está ameaçado por causa da ação humana. A poluição pode ser causada por diferentes fatores e de várias maneiras. O excesso de resíduos (sólidos, líquidos ou gasosos), por exemplo, é capaz de colocar em risco a biosfera. A poluição do ar é causada por duas categorias de poluentes: os primários, liberados diretamente na atmosfera e os secundários, formados por combinações físico‐químicas entre diferentes elementos na atmosfera. Os principais exemplos são: o dióxido de carbono liberado pela queima de combustíveis fósseis; o dióxido de enxofre (SO2); hidrocarbonetos (HC); partículas em suspensão (PS) e óxido de nitrogênio (NO). Também existem mais três categorias de agentes poluidores especiais: os eletromagnéticos, os sonoros e os visuais. Máquinas industriais e veículos de transporte e equipamentos de amplificação de som de alta potência são os principais agentes da poluição sonora. El Niño e La Niña são fenômenos climáticos que se manifestam de maneira alternada na região do Oceano Pacífico e causam mudanças profundas no clima terrestre, interferem nas variações de temperatura e no ritmo de chuvas. O modelo de desenvolvimento e o custo ambiental A sustentabilidade do sistema econômico não é possível sem que haja estabilização dos níveis de consumo per capita de acordo com a capacidade de carga do planeta. Conflitos ambientais serão cada vez mais frequentes no mundo contemporâneo, principalmente devido ao aumento de tensões pelo acesso a recursos naturais. Não resta dúvida de que a produção de mercadorias em larga escala estimula a confrontação pelo uso da natureza. O movimento ecologista ou ambientalista global permanece dominado por três correntes principais: a do culto ao silvestre, a do ambiente comprometido por ações antrópicas e aquela que defende a justiça ambiental. “Sempre houve o suficiente no mundo para todas as necessidades humanas. Nunca haverá o suficiente para a cobiça humana.”- Mahatma Gandhi. Interatividade Diferentemente de outros países, que contribuem para o aumento do efeito estufa pela dependência excessiva de combustíveis fósseis, o Brasil emite gases de efeito estufa, principalmente por causa: a) das duas grandes metrópoles, como São Paulo e Rio de Janeiro. b) do consumo alto de tabaco pela população. c) da queima de lixo urbano nas grandes cidades. d) do número excessivo de automóveis circulando pelas cidades. e) do desmatamento na floresta amazônica. ATÉ A PRÓXIMA!
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