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Livro Texto Unidade II

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Unidade II
Unidade II
5 Saúde Pública e qualidade de vida
5.1 O meio ambiente e o bem‑estar
5.1.1 A qualidade de vida e a questão ambiental
Foi na década de 1980 que se acentuaram as preocupações com a degradação ambiental, embora 
na década de 1970 o tema já ganhasse projeção mundial, quando da realização da primeira Conferência 
sobre o Meio Ambiente em 1972, em Estocolmo, promovida pela ONU. Essas ocorrências foram marcadas 
por preocupações ambientais de âmbito internacional e de interesse de alguns países ou conjunto 
deles, como a região da Antártida, as águas internacionais, o espaço aéreo, regiões costeiras, recursos 
pesqueiros e aquíferos.
 lembrete
O ser humano difere de outras espécies pelo seu grande poder de 
alterar os ecossistemas no sentido de torná‑los melhores ou piores para 
sua sobrevivência
Além disso, foi em 1997, após uma reunião da qual participaram cerca de 10.000 delegados 
observadores, jornalistas e representantes de mais de duas centenas de países, que seria viabilizada a 
assinatura de um protocolo com preocupações atmosféricas, segundo o qual os países industrializados 
reduziriam suas emissões combinadas de gases de efeito estufa em pelo menos 5% em relação aos 
níveis praticados em 1990 até o período entre 2008 e 2012. Esse compromisso, com vinculação legal, 
prometia produzir uma reversão da tendência histórica de crescimento das emissões iniciadas nesses 
países 150 anos antes.
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Introdução à problemátIca ambIental
Número de espécies ameaçadas em 2008
(em perigo crítico, em perigo ou vulneráveis)
mamíferos peixes
aves moluscos
répteis
outros 
vertebrados
anfíbios plantas
Zona de diversidade biológica muito 
rica (hotspot) ameaçada
Figura 34
Dessa forma, a qualidade de vida estaria comprometida com determinantes oriundos de fatores 
naturais (atmosféricos, hídricos, pedológicos, ecossistêmicos e relativos à biodiversidade) alterados 
pela ação antrópica decorrente da industrialização, urbanização, violência (guerras, conflitos) e da 
própria expansão do modelo econômico vigente (notadamente o capitalista em suas fases inicias e na 
contemporânea). Devemos destacar também os problemas ambientais gerados em países do antigo 
modelo socialista do leste europeu e da própria ex‑URSS, além da China.
Podemos estabelecer duas categorias de ambientes: biogeofísicoquímico e social. Elas nem sempre 
estão em harmonia e isso compromete a satisfação das necessidades humanas, além de sua saúde 
psicossomática.
Alguns autores da sociologia ambiental, como Barbosa (1999), falam de uma concepção simbólica 
de qualidade de vida, à qual se deve o consumo exagerado de bens e tecnologia, uma busca incessante 
de ”utopias”, uma vez que a evolução mediática e tecnológica não eliminou os problemas sociais mais 
urgentes: fome, saúde, educação, falta de moradia, desemprego, violência, degradação ambiental.
O apartheid social e espacial segue existindo, separando, excluindo, sem preocupações éticas.
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Como afirma Maffesoli:
Nossas cidades são hoje o ambíguo e opaco cenário de algo não representável 
nem a diferença excludente e excluída do étnico‑autóctone, nem a inclusão 
uniforme e dissolvente do moderno – estamos diante de um modo de estar 
juntos, de experimentar o pertencimento ao território e de viver a identidade 
(MAFFESOLI apud MARTÍN‑BARBERO, 1999b, p. 99).
As sociedades ocidentais constituem‑se em um paradoxo considerando‑se a manutenção de antigos 
valores e de novos, determinados pela modernidade. As mudanças sociais podem ser observadas, por 
exemplo, na densidade populacional e na decorrente necessidade do aumento da demanda de serviços 
essenciais, o que nem sempre é compatível com o atendimento de todos os munícipes. Além disso, 
podem ser observadas também na constante exposição aos riscos ambientais e tecnológicos, o que 
tende a agravar a qualidade de vida.
Os riscos modernos são incalculáveis, conforme afirmou Beck (1993), e configuram a sociedade de 
risco, decorrente do sistema capitalista produtivo, transformando a essência do conjunto social, o que 
altera, inclusive, as estruturas sociais e as familiares.
A relação entre a metrópole e a vida mental do indivíduo, ou seja, o estresse causado pelo modo 
de vida metropolitano sobre o ser humano, é específica dos habitantes das cidades. Dessa forma, 
não encontramos essas mesmas condições nos habitantes de áreas rurais. Podemos ver ainda certa 
indiferença nos indivíduos urbanos em relação ao seu comportamento, pois eles encontram‑se sem 
tempo e sem forças para modificar esse quadro.
Assim, surge a ideia de complexidade resultante da articulação dinâmica das relações entre 
os sujeitos e a construção de um conhecimento que, para Morin (1984a), “aspira a um plano 
multidimensional, fala da necessidade de tomar consciência da natureza e das consequências dos 
paradigmas que mutilam o conhecimento e desfiguram o real [...]”. Para o autor, há uma nova cegueira 
ligada ao uso degradado da razão e as ameaças mais graves em que incorre a humanidade estão 
ligadas ao progresso cego e incontrolado do conhecimento (armas nucleares, manipulações de todo 
tipo, desregramento ecológico etc.).
Assim, numa era dominada por problemas terrivelmente complexos, de dimensões globais, a 
capacidade de ver o mundo mais claramente é essencial para a sobrevivência e o bem‑estar da 
humanidade, conforme aponta Duane (1993, p. 102; 105; 110):
No contexto de um mundo cada vez mais interdependente – em que a força 
da rede total de relações sociais, ambientais e econômicas encontra‑se 
num grau crescente, à mercê dos elos mais fracos – a capacidade de 
reagir rapidamente a advertências sutis de que estamos nos desviando de 
um caminho saudável na nossa evolução social é indispensável à nossa 
sobrevivência a longo prazo [...] os limites de nosso interesse pelo todo 
se expandirão consideravelmente, trazendo com eles um forte sentido de 
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compromisso e responsabilidade globais [...] Somente quando conseguirmos 
distinguir claramente entre o que precisamos e o que queremos, poderemos 
começar a reduzir os excessos [...] essa tarefa cabe a nós.
Na visão de Boff (1997), somos uma metáfora humana, na dimensão da águia e da galinha. A nossa 
existência dentro desses arquétipos vem revestida de muitos nomes: realidade e sonho; necessidade 
e desejo; história e utopia; fato e ideia; enraizamento e abertura; corpo e alma; poder e carisma; 
religião e fé; partícula e onda; caos e cosmos; sistema fechado e aberto, entre outros que expressam a 
complexidade do Universo:
Todos esses pares são expressões de uma mesma e única realidade. 
Complexidade é uma das características mais visíveis da realidade que nos 
cerca. Por ela, queremos designar os múltiplos fatores, energias, relações, 
inter‑retro‑reações que caracterizam cada ser e o conjunto dos seres do 
universo. Tudo está em relação com tudo. Nada está isolado, existindo 
solitário, de si e para si. Tudo coexiste e interexiste com todos os outros 
seres do Universo (BOFF, 1997, p. 72).
A natureza e o Universo constituem uma teia de relações em constante interação, o ser humano 
separa uma parte do mundo para moldá‑la do seu jeito e habitá‑la. Mas isso não é algo pronto ou 
construído de uma só vez, ele procura sempre organizá‑lade acordo com seu gosto, disponibilidade 
financeira e social, enfim, torná‑la habitável. O grande problema da humanidade é que nem todos 
conseguem isso, assim, a sua morada é a Terra, o Planeta é o espaço onde se organizam e esse espaço 
não está sendo cuidado de forma sustentável.
O tema foi abordado pelo professor Carlos Rodrigues Brandão na obra Aqui é onde eu moro, aqui 
nós vivemos, em 2005, sob encomenda do Ministério do Meio Ambiente. No texto, o autor destaca 
formas para se conhecer, pensar e praticar o Município Educador Sustentável, voltado à construção 
da sustentabilidade socioambiental por meio da educação, concretizando medidas que viabilizem a 
formação de pessoas que atuem na construção de meios, espaços e processos dentro do conceito 
da sustentabilidade. Dessa forma, para o professor, a qualidade ambiental depende de uma série de 
pré‑requisitos que devem ser observados, que vão desde a preservação vegetal, hídrica, atmosférica, 
até a destinação do lixo, saneamento, até a preservação do patrimônio histórico‑cultural. O mesmo 
se refere à qualidade de vida, para a qual ele sugere programas de educação que previnam doenças, 
contaminação ambiental e que ofereçam relações saudáveis de trabalho, erradicação da exploração 
infanto‑juvenil, equipamentos e serviços públicos, habitação, identidade, cidadania, escolarização e 
programas educativos (BRANDÃO, 2005, p.175).
Capra (1982) partilha com Boff essa visão de teia cósmica integradora:
Embora as tradições espirituais do mundo se diferenciem em muitos detalhes, 
suas visões de mundo são essencialmente as mesmas. Um hindu e um taoísta 
podem enfatizar aspectos diversos da mesma experiência; um cristão e um 
muçulmano podem interpretar suas experiências de modos diferentes, não 
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obstante os elementos básicos da visão do mundo desenvolvida em todas as 
tradições seja a mesma (a unidade de todas as coisas) (CAPRA, 1982).
O autor explica ainda as teorias da física atômica e subatômica, a teoria da relatividade e astrofísica, 
além de relatar a visão do mundo que emerge dessas teorias para as tradições místicas orientais do 
Hinduísmo, Budismo, Taoísmo, Zem e I Ching. O que ele faz, assim, é um paralelo entre as concepções 
dos físicos e dos místicos, mostrando que existem semelhanças entre elas, embora suas abordagens 
sejam diferentes. Seus métodos são inteiramente empíricos, mesmo sabendo que os físicos partem 
de experimentos e que os místicos têm insights na meditação. Para Capra, desse modo, ambas são 
observações e, em ambos os campos, elas são conhecidas como fonte única de conhecimento. O objeto 
de observação é, naturalmente, muito distinto nos dois casos. O místico olha para dentro e explora sua 
consciência em vários níveis, o que inclui o corpo como a manifestação física da mente. Quando somos 
sadios, não sentimos quaisquer partes isoladas do corpo, mas estamos certos de que se trata de um todo 
integrado. De um modo semelhante, o místico está ciente da totalidade do cosmo, que é experimentado 
como uma extensão do seu corpo.
Em contraste com o místico, o físico inicia a sua pesquisa penetrando na natureza essencial das 
coisas pelo estudo do mundo material. À medida que penetra em reinos cada vez mais profundos 
da matéria, torna‑se consciente da unidade essencial de todas as coisas e eventos. Mais do que isso, 
aprende igualmente que ele mesmo e sua consciência também são partes integrantes dessa unidade. 
Assim, o místico e o físico chegam à mesma conclusão: um, a partir do mundo interior, o outro, do 
mundo exterior. A harmonia entre as visões confirma a sabedoria indiana, segundo a qual Brahman, a 
realidade última externa, é idêntica a Atman, a realidade interior.
Para Giddens (1993), as sociedades ocidentais constituem‑se em um paradoxo considerando‑se a 
manutenção de antigos valores e de novos, determinados pela modernidade. As mudanças sociais podem 
ser observadas, por exemplo, na densidade populacional e na decorrente necessidade da demanda de 
serviços essenciais, coisas nem sempre conciliáveis. Além disso, existe a questão da exposição aos riscos 
ambientais e tecnológicos, o que tende a piorar a qualidade de vida.
Beck (1993) afirma que os riscos modernos são incalculáveis, configurando a sociedade de risco, 
decorrente do sistema capitalista produtivo. Isso transforma a essência do conjunto social, o que altera, 
inclusive, as estruturas sociais e familiares.
Simmel (apud VELHO, 1979) preocupou‑se com a relação entre a metrópole e a vida mental, ou 
melhor, o seu desgaste, o estresse. O autor se refere a um “tipo ideal” metropolitano, submetido a 
estímulos nervosos específicos de acordo com as condições psicológicas que são específicas da cidade, 
em oposição ao meio rural. Fala ainda em uma atitude de indiferença do indivíduo urbano, que perde as 
forças e não tem tempo para recuperá‑las.
Dessa forma, a ideia de complexidade surge da articulação dinâmica das relações entre os sujeitos 
e a construção do conhecimento. Não podemos nos esquecer de que a sociologia ambiental aborda 
os processos sociais que afetam o meio ambiente biofísico e o estudo dos processos sociais que são 
definidos como sendo “ambientais” e, portanto, sujeitos a variações.
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Dessa forma, existe uma aproximação teórica em trabalharmos com as mudanças ambientais globais, 
a modernidade e a subjetividade.
Ao tratarmos das questões ambientais e da subjetividade, não podemos ignorar que existe um 
entrelaçamento entre a historicidade das ações humanas e seu desempenho em termos de atividades 
produtivas. Tampouco podemos desconsiderar sua trajetória em termos de alterações e transformações 
ocorridas no Planeta, tanto no que concerne à geosfera quanto à biosfera ao longo dos tempos.
As atividades humanas acabaram gerando transformações regionalizadas, em termos de escala, 
questões essas tratadas pela economia ambiental. Essa colocação nos faz lembrar de que existe um 
sentido econômico e social na apropriação de recursos, bem como na organização do espaço, o qual 
surge dentro do contexto da modernidade. Referimo‑nos aqui às questões ambientais globais e aos 
riscos que passaram a ser observados com maior intensidade ao longo dos distintos períodos históricos.
A economia ecológica tenta contribuir para que os grupos humanos tenham um caminho mais 
sustentável de desenvolvimento e acredita na capacidade de renovação. Todas as transformações 
introduzidas nas sociedades modernas, como o avanço da ciência e da tecnologia, vão se entrelaçar 
com a vida individual (o eu) e com os outros (a sociedade), de acordo com Giddens (1993).
 Observação
Antony Guiddens, na obra As consequências da modernidade, de 1993, 
afirma que a modernidade é prioritariamente um conjunto que abrange 
estilo, costume de vida ou organização social que surgiu na Europa a partir 
do século XVII e que, posteriormente, de forma mais ou menos global, 
difundiu sua influência.
A transição da modernidade para a modernidade tardia pode ser vista 
como a de uma sociedade includente para uma sociedade excludente, cuja 
tônica dominante será a assimilação e a incorporação para uma sociedade 
que separa e exclui, associando ainda a exclusão à violência.
A subjetividade é influenciada por aspectos ambientais globais, de cujo dimensionamento os grupos 
humanos perdem o domínio. A globalização, o risco de degradação ambiental, o desemprego e as 
oscilações econômicas têm um sentido social e histórico. Embora esse pensamento seja compartilhado 
por muitos autores, fica claro que existem pelo menos duas posturas quanto à sociedadede risco: a 
econômica corporativa e aquela defendida por agentes sociais.
A insegurança e o risco são contraditórios à lógica da inovação e, à medida em que se reconstrói a 
tecnologia, há necessidade de abrir‑se à contingência do aleatório e do imprevisível. Os grupos humanos 
são vulneráveis às variações da natureza, mas também contribuem para o seu agravamento, assim como 
mudam as relações interpessoais e afetivas.
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Enfim, existem ganhadores e perdedores dentro de um contexto das mudanças climáticas e da 
globalização, entendendo‑se aqui a globalização como excludente e comprometedora da paisagem, 
dos recursos e da subjetividade. Surgem também, dentro desse contexto, os problemas corpóreos. Temos 
um sentido com nós mesmos e um sentido com os outros, representados pela coletividade. O simbolismo 
é exterior e interior.
Quanto à subjetividade e suas diferentes abordagens teóricas, tratamos de temas relativos à 
vulnerabilidade e riscos, sendo que o conceito de risco passa por distintas versões, recaindo, no entanto, 
em uma vertente comum. Essa vertente descreve uma diversidade de problemas que envolvem as 
relações sociais e as experiências culturais.
Os riscos em questão podem estar associados à urbanização e às mudanças ambientais, além de 
constituírem‑se em verdadeiros desafios para a sustentabilidade e sobrevivência no Planeta enfrentados 
pela sociedade moderna.
O processo de industrialização muito contribuiu para a perda de recursos em função da crescente 
demanda por eles. Aumentando a produção e o consumo, incorreu‑se em maior necessidade de água, 
energia e deslocamentos de mercadorias (e, com isso, de maiores fluxos veiculares, uso de combustíveis 
e emissão de poluentes). Desse modo, aumentaram‑se os impactos ambientais e a exposição humana à 
vulnerabilidade.
Mas que vulnerabilidade? Esse conceito abrange a ocorrência de enchentes, deslizamentos de 
encostas, perda da biodiversidade, queimadas, desmatamento, alterações ambientais e climáticas 
decorrentes da ação antrópica. Esses fatores de vulnerabilidade são mais frequentes em áreas periféricas 
e nações emergentes, as quais têm que conviver com as consequências negativas e os custos financeiros, 
sociais e culturais disso.
Assim, estudos sociológicos na área ambiental constataram que as transformações instituídas pela 
modernidade, como os avanços científicos e tecnológicos, não só influenciam direta ou indiretamente a 
natureza, mas também a subjetividade dos indivíduos e a sua psique, considerando‑se as suas dimensões 
históricas e socioculturais.
Considerando essas colocações e alterações, Barbosa (1999), de uma forma metafórica, constatou 
que as transformações socioambientais da realidade cotidiana podem levar a alterações orgânicas e 
a sofrimentos que a autora denomina metáforas corpóreas. Elas se expressam de distintas maneiras 
(psíquicas e orgânicas) e são expressões subjetivas da dor e do sofrimento, construídas pela cultura, o 
que evidencia o risco.
Barbosa (2004), constatou que as transformações socioambientais da realidade cotidiana dos 
moradores da área de Itaipu, no Rio de Janeiro, eram somatizadas e expressas por eles através de 
sensações corpóreas, dores, tristeza, medo, depressão, ausência de expressão verbal e política. Freud 
(apud BARBOSA, 2004, p. 112), quando fala sobre os sintomas somáticos, refere‑se ao sofrimento como 
uma construção coletiva decorrente de fatores externos.
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Na obra O mal‑estar na civilização, de 1930, Sigmund Freud escreveu:
É impossível fugir à impressão de que as pessoas comumente empregam 
falsos padrões de avaliação, isto é, de que busquem o poder, sucesso e 
riqueza para elas mesmas e admiram‑nos outros, subestimando tudo aquilo 
que verdadeiramente tem valor na vida [...] (FREUD, s.d.).
O autor fala ainda em sentimento oceânico, sentimento de vínculo indissolúvel, ao mencionar 
religião, sensação de eternidade que pode ser obtida através de modificações da vida mental (transes 
e êxtases), delírio. Fala ainda que pode‑se chegar à felicidade através de vários meios, mas afirma que 
qualquer escolha levada ao extremo condena o indivíduo a perigos.
Por sua vez, Simmel (apud VELHO, 1979) refere‑se a essa fonte fisiológica da atitude blasé metropolitana 
acrescida de outra fonte que flui da economia financeira. A essência da atitude blasé, segundo o autor, 
consiste no embotamento do poder de discriminar o dinheiro, que se torna o denominador comum de 
todos os valores; arranca irreparavelmente a essência das coisas e sua individualidade.
Castoriadis (1992), ao falar sobre a psique como manifestação humana, considera a sua plasticidade 
em relação à formação social que a subjuga, visto que é capaz de preservar um núcleo orgânico e uma 
imaginação radical, que pode ser expressa através dos sonhos, das doenças psíquicas, dos transtornos 
da mente, da transgressão e de uma capacidade de transformação social. Essa condição pode ser um 
referencial para outro olhar sobre os indicadores de qualidade de vida, identidade e subjetividade em 
sociedades complexas.
A mensagem de Estocolmo foi que não pode haver uma luta eficiente contra a pobreza que não leve 
em consideração a dimensão ambiental. Porém, não haverá política ambiental bem‑sucedida se ela não 
for organicamente ligada a uma política de progresso social. Desse modo, fica claro que desenvolvimento 
e meio ambiente não podem ser dissociados.
Temos, portanto, que distinguir o crescimento selvagem, no qual existe crescimento, mas com custo 
social menor e custo ambiental maior, do crescimento socialmente benigno, no qual há custos sociais 
maiores, custos econômicos maiores, mas custo ambiental menor.
Mas o que as questões ambientais e econômicas têm a ver com as culturais? O fato é que, se 
persistirmos no modelo imitativo, teremos, em todas as partes do mundo, sociedades de apartheid, nas 
quais uma minoria compartilhará recursos e uma maioria não terá acesso a eles.
6 a ciência, a SOciedade e a cultura emergente
O tema da ciência, da sociedade e da cultura emergente é abordado obra O Ponto de Mutação, de 
Capra, que sintetiza, a nosso ver, a preocupação envolvendo o estado de “crise mundial”, que estaria 
afetando a nossa vida sob os aspectos ambientais, sociais e mentais. Isso fica evidenciado quando o 
autor se refere às dimensões intelectuais, morais e espirituais que estariam deteriorando as relações 
sociais e a qualidade de vida.
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Seu pensamento avalia o perigo militar, bélico e armamentista do momento histórico conhecido 
como Guerra Fria: a distinção entre os blocos capitalista e socialista e a decorrente oposição entre EUA 
e URSS, na qual EUA se posicionou como produtor de armas, inclusive as nucleares, gerando empregos 
e ocupando um destacável poder hegemônico e contrapondo‑se, através da OTAN, ao poderio militar e 
armamentista do Pacto de Varsóvia, liderado pela URSS.
Figura 35 – Vista geral da sala de conferência no Conselho de Ministros Palace, em Varsóvia, durante o 
primeiro minuto de negociações do Comitê Político do Pacto de Varsóvia
Enquanto essa indústria trabalha, afirma Capra, outra indústria não para de crescer nas áreas 
periféricas do mundo: a da fome, da “guerra de milhares de crianças para sobreviverem”. Faltam para 
milhões de pessoas não somente os gêneros básicos, mas assistência médica e saneamento básico. 
Há degradação de recursos hídricos, de terra arável, de educação,de moradia. Populações inteiras são 
submetidas à escravidão, guerra e exploração constante.
Em contrapartida, os Estados Unidos têm altos gastos em sua política de defesa e colocam em risco a 
humanidade com a ameaça de guerra nuclear (e mais recentemente com a guerra contra o terror). Outro 
risco constante é imposto pelo aumento da emissão dos poluentes causando a degradação atmosférica 
pelo Smog e ampliando o Efeito Estufa devido ao desenvolvimento tecnológico e industrial dos países 
ricos, notadamente os EUA.
As ameaças à saúde humana e ao ecossistema são amplas, comprometendo a água e contaminando 
os alimentos com produtos químicos de alta toxidade. Esses comprometimentos podem ser observados 
em distúrbios sintomáticos e psíquicos das patologias sociais, aumentando a incidência de crimes 
violentos e suicídios, o que Capra denomina uma verdadeira “epidemia”.
Outros efeitos, contudo, podem ser observados. Há efeitos de ordem econômica, recursos naturais 
exauridos, esgotamento da biodiversidade em nome da atividade industrial. A prioridade é o comércio e 
não a satisfação de necessidades básicas para uma sobrevivência digna dos grupos humanos.
Surgem, então, os desafios do ambiente social e natural. Eles são historicamente determinados e, 
segundo a análise de Capra, servem para ilustrar a ascensão e a queda de várias civilizações, bem como 
permitem novos ajustes. A espiritualidade, a postura ética e a sabedoria são sacrificadas em nome dos 
avanços científicos e tecnológicos, o homem constrói e destrói, o sacrifício maior é o da natureza.
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Introdução à problemátIca ambIental
O uso da terminologia yin e yang torna‑se, assim, útil para Capra, na avaliação do desequilíbrio 
existente entre os aspectos culturais e o ponto de vista ecológico. Associado a isso, promove‑se 
um comportamento competitivo em prejuízo da cooperação. A cultura ocidental promoveu os 
elementos masculinos ou autoafirmativos do yang, da natureza humana e desprezou os intuitivos 
e femininos do yin.
6.1 evolução e mudança cultural
A natureza humana difere biologicamente da de outras espécies; porém, qual seria realmente a sua 
especificidade? Existe algo que relacione o homem à biosfera de forma específica, a seu habitat e à sua 
cultura, a como se reproduz e como sobrevive?
Para responder a essas indagações, podemos relacionar o crescimento populacional e o 
subdesenvolvimento. O ser humano está exposto ao perigo, mas fugir para onde? Os riscos que corre são 
originados de suas próprias ações em relação à natureza. Mas o ser humano é uma “criatura cultural”. 
Sendo assim, por que não utilizar os avanços científicos em seu benefício em vez de ampliar a situação 
de crise?
As interpretações são múltiplas acerca do problema da autodestruição e variam dos pontos de vista 
biológico ao psiquiátrico. Resta a pergunta: historicamente a razão ocidental enlouqueceu?
A concepção marxista de história fundamentada na ideia de progresso material fala de forças 
materiais conflitantes: toda a história da humanidade, desde a dissolução da primitiva sociedade tribal, 
que mantinha a terra em propriedade comum, tem sido uma história de luta de classes, contendas entre 
explorador e explorado, classes governantes e oprimidas.
A sociedade mundial proposta pelo marxismo já demonstrou suas limitações de caráter prático 
durante a vigência da Guerra Fria. A luta entre “exploradores e explorados”, povos “opressores e oprimidos” 
é uma realidade ainda observada em nossa cotidianidade da multipolar nova ordem globalizada. A 
irracionalidade da crise da destruição ainda não tem, no entanto, explicações conclusivas.
Diríamos que todos os problemas mencionados podem ser resumidos em uma palavra: “consciência”. 
É importante notar que sua presença ou falta caracteriza o nível da destruição do Planeta, do meio no 
qual vivemos, da nossa casa, dos nossos relacionamentos com outros seres humanos com nós mesmos.
Como disse Robert Happé:
Por milhares de anos, permanecemos aprisionados num estado de ilusão e 
separação, envoltos numa espécie de sonho no qual vimos a nós mesmos 
como isolados do Universo e dos outros. Isso gerou o conflito e o medo que 
caracterizam as interações humanas até hoje. Essa é, em poucas palavras, a 
nossa história (HAPPÉ, 1997, p. 11).
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Como transportar essa definição às questões ambientais?
Sabemos que os grupos humanos na atualidade vivem em situações de risco e que muito foi realizado 
em termos de progresso econômico e tecnológico, mas, em decorrência disso, o custo ambiental foi 
muito alto.
Temos livre‑arbítrio e podemos mudar o rumo das coisas, podemos reverter o processo a fim de 
evitarmos uma situação de caos socioambiental, uma vez que a sociedade humana constitui‑se como 
um subsistema do ambiente global, interagindo com ele e dele dependendo.
De acordo com a visão apresentada, temos livre‑arbítrio, podemos mudar a direção das coisas, nos 
libertar das fraquezas, nos conectar com todos através de uma força vital que movimenta nosso planeta. 
As mudanças podem ocorrer, afirma ele, quando não só optarmos por elas, mas fazemos nossas escolhas. 
Sua constatação é brilhante para entender a situação que passou a designar como “caótica”, em termos 
socioambientais, vivenciada na contemporaneidade:
Nossa história é a história da expansão da consciência. Precisamos estudar 
a jornada que empreendemos a partir dela. A razão pela qual a maioria das 
pessoas não consegue entender os outros está ligada à falta de compreensão 
de si mesmas (HAPPÉ, 1997, p. 11).
E, acrescentaríamos, não falta só compreensão das pessoas entre si. A relação que se estabelece 
entre os países na postura de dominantes e dominados, de hegemônicos e explorados, de apropriação e 
disposição de recursos naturais, bem como na geração dos problemas ambientais, é conflituosa.
A sociedade humana é um subsistema do ambiente global, com ele interagindo e dele se tornando 
dependente. Para a sociedade se desenvolver, foram necessários, em distintos momentos históricos, 
recursos naturais renováveis e não renováveis. Essa situação, por sua vez, esbarra nas restrições estáticas 
ou nas limitações da velocidade do seu uso. Falamos, então, em desenvolvimento sustentável, que 
significa observar essas restrições.
Para Van Bellen (2005a), os atores são capazes de criar novas soluções (embora nem sempre 
enxerguem o óbvio).
Constitui‑se, assim, uma restrição do espaço mental, que depende do nível cultural civilizatório, do 
tecnológico, dos padrões éticos e da velocidade de mudança.
Existe uma crise ecológica historicamente determinada pela relação sociedade‑ambiente, a qual 
pode ser observada na sua fase contemporânea pelos problemas gerados.
Houve uma mudança decorrente de maior percepção internacional dos riscos de uma crise por parte 
da sociedade civil e de gestores ambientais, o que teria levado às alterações em alguns segmentos. Como 
resultado disso, foi concebida a noção de desenvolvimento sustentável e seus indicadores.
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Assim, em 1973, surgiu o uso do termo Ecodesenvolvimento como alternativa à concepção 
de desenvolvimento. Esse modelo seria articulado por Ignacy Sachs (1986), integrando educação, 
participação, preservação de recursos naturais e satisfação de necessidades básicas.
De início, o conceito se restringiu a algumas regiões e países subdesenvolvidos representando um 
avanço na ideia de interdependência entre desenvolvimentoe meio ambiente.
Na concepção de Van Bellen (2005b), a relação entre desenvolvimento e meio ambiente é considerada 
um ponto central na compreensão dos problemas ecológicos. O conceito de desenvolvimento sustentável 
trata, de acordo com ele, de uma nova maneira de a sociedade se relacionar com seu ambiente garantindo 
a sua própria continuidade e a do meio em que vive. Por outro lado, a formulação de um conceito 
definitivo para desenvolvimento sustentável gera controvérsias e distintas interpretações, não existindo, 
por isso, um consenso quanto à redução dos índices de poluição, da eliminação de desperdícios ou da 
redução dos índices de pobreza.
O modo de produção capitalista na sua fase atual está mudando sua forma de exploração para exclusão. 
Esse movimento pode ser observado no aprofundamento da desigualdade, da pobreza, da miséria. As 
questões relativas à identidade como “Quem sou eu?”, “Como me relaciono com os outros?”, “Qual a ética 
para uma melhor qualidade de vida?” passam a ser conceitos bem amplos. Substituímos, assim, os poucos 
relacionamentos profundos por muitos contatos superficiais ou até mesmo apenas virtuais.
Com o avanço do conhecimento, alarga‑se o desconhecido e cresce a dúvida, pois nenhum saber é 
final. Para chegarmos à compreensão do mundo, precisamos ultrapassar o plano pessoal, subjetivo. Existe 
um conflito entre a visão de nós mesmos e do mundo; há um autoengano na vida especulativa e prática.
O mundo globalizado apresenta‑se com novos desafios, novos problemas, novos riscos e uma 
situação de mal‑estar, mas também desenvolve a tecnologia. Os equipamentos estão cada vez mais 
sofisticados, a busca de recursos naturais se intensifica ao mesmo tempo em que formas alternativas 
também são aprimoradas, como a melhoria da qualidade da natureza e, com ela, da qualidade de vida, 
que é o grande desafio.
 Saiba mais
BARBOSA, S. R. da C. S. Qualidade de vida e subjetividade em sociedades 
complexas. Revista Brasileira de Sociologia da Emoção, v. 2, n. 6, p. 414–
430, dez. 2003. Disponível em: <http://www.cchla.ufpb.br/rbse/RBSE%20
v2,n6,dezl2003.pdf>. Acesso em: 2 jun. 2014.
6.2 mudanças ambientais e a saúde pública
A história pode ser avaliada sob distintos aspectos ou eventos de ordem econômica, como a luta 
de classes e os modos de produção. Contudo, podemos também fazer uma análise fundamentada 
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na qualidade de vida e na saúde pública por meio de doenças ou epidemias que acometem grandes 
contingentes populacionais.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) possui uma célebre definição para saúde: perfeito estado de 
bem‑estar biopsicossocial. A ideia de perfeito estado contraria a de variação contínua, que parece ser 
condição necessária à vida dos organismos. Além disso, tomar saúde como bem‑estar significa excluir 
tudo o que é perigoso, indesejado e incômodo de seu escopo (DEJOURS, 1986).
•	 Conceito	biopsicossocial:	uma	doença	não	influencia	somente	o	indivíduo,	mas	todas	as	pessoas	
que estão em contato com ele. Além disso, ela tem não apenas consequências biológicas, mas 
sociais (isolamento, preconceito, etiquetação etc.) e provoca, muitas vezes, mudanças no sistema 
social.
•	 Fatores	que	influenciam	uma	doença:
— fatores biológicos – predisposição genética e processos de mutação que determinam o 
aspecto corporal em geral, o funcionamento do organismo e do metabolismo etc.;
— fatores psicológicos – preferências, expectativas e medos, reações emocionais, processos 
cognitivos e interpretação das percepções etc.;
— fatores socioculturais – presença de outras pessoas, expectativas da sociedade e do meio 
cultural, influência do círculo familiar, de amigos, modelos de papéis sociais etc.
A OMS foi criada após a Segunda Guerra Mundial, com as seguintes preocupações:
•	 definição	positiva	de	saúde.
•	 alimentação;
•	 atividade	física;
•	 acesso	ao	sistema	de	saúde;
•	 saúde	mental	(e	não	apenas	do	corpo).
As condições socioeconômicas e ambientais adequadas constituem‑se elementos fundamentais 
para uma satisfatória qualidade de vida. Além disso, influenciam também a classificação, os aspectos 
biológicos e geográficos.
Assim, quando pretendemos investigar a qualidade de vida de um lugar, seja ele um espaço rural 
ou urbano, temos que considerar os fatores sociobiogeográficos acrescidos de cronologia de caráter 
histórico.
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 Observação
Doença (do latim dolentia, padecimento) é uma condição anormal 
de um organismo que interfere nas funções corporais e está associada a 
sintomas específicos.
Pensando em interação com o meio ambiente, não há como separarmos o homem do local onde 
vive. Dessa forma, não temos como excluir o perigoso, indesejado e incômodo das relações entre eles 
existentes.
Um organismo que só conseguisse sobreviver mantendo suas constantes fisiológicas estaria numa 
situação de grande vulnerabilidade, pois é frequente que alterações no ambiente tornem inadequados os 
padrões estabelecidos. Daí torna‑se plausível pensar que a saúde suporta certas condições desfavoráveis, 
que podem ser provisórias ou não e, em alguns momentos, manifesta quadros de patologias resultantes 
da interação do homem com seu meio e com os demais organismos que nele habitam.
Na obra A História e suas Epidemias – a Convivência do Homem com os Microorganismos, o autor 
Stefan Cunha Ujvari narra a convivência tempestuosa entre os seres humanos e os germes, que surgiram 
muito antes do Homo sapiens, e resistiram a difíceis condições ambientais ao longo de sua trajetória 
biológica.
Um organismo que só conseguisse sobreviver mantendo suas constantes fisiológicas estaria numa 
situação de grande vulnerabilidade, pois é frequente que alterações no ambiente tornem inadequados 
os padrões estabelecidos.
Daí pensar que a saúde suporta certas condições desfavoráveis, que podem ser provisórias ou não 
e em alguns momentos manifesta quadros de patologias resultantes da interação do homem com seu 
meio e com os demais organismos que nele habitam.
As doenças têm se desenvolvido juntamente com a espécie humana, por isso têm sido sempre 
grande motivo de preocupação. Muitas doenças são causadas por organismos vivos, como bactérias 
e protozoários, ou por vírus, que parasitam células vivas para se reproduzir. Dessa forma, o processo 
evolutivo age igualmente para os seres humanos e para os demais seres vivos, por isso os agentes 
patogênicos modificam‑se no mesmo ritmo que seus hospedeiros.
Os povos antigos atribuíam às forças divinas quaisquer manifestações de fenômenos naturais e 
também de infecções que acometessem suas civilizações. Por conta disto, nas mais diversas culturas, 
entidades divinas eram cultuadas e temidas devido ao seu poder manifestado através das doenças.
Como exemplo desse fato, temos a passagem no final do século VII a.C., quando Ezequias, Rei de 
Judá, atribuiu a Deus uma epidemia que acometeu o exército dos assírios que sitiavam Jerusalém. 
Doentes por conta da infecção viral, os assírios não conseguiram invadir a cidade. Sabe‑se, porém, 
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que um dos fatores que favoreceu a disseminação da doença foi a condição precária de higiene do 
acampamento dos invasores.
Outro exemplo desta prática de considerar doenças como artifício divino aparece no povo grego, a 
cultura que mais influenciou o Ocidente. Para esse povo, as doenças eram enviadas pelo deus Apolo. A 
crença incluía ainda o mito de que Asclépio, filho de Apolo,detinha o poder da cura dos males. Por conta 
disso, o culto a Asclépio iniciou‑se por volta do século VI a.C. e permaneceu por mil anos.
Figura 36 – Imagem representando Asclépio e Higeia, sua filha
Mas foi na mesma Grécia que surgiu, no século V a.C., um médico que contribuiu para desvincular 
as causas das doenças dos mitos dos deuses. Em seus trabalhos, Hipócrates, que ficou conhecido como 
“pai da medicina”, difundiu a ideia de que as patogenias são causadas pela natureza e seus sintomas são 
reações orgânicas.
Hipócrates, apesar de não conseguir visualizar bactérias e outros agentes microscópicos, elaborou 
teorias para explicar as causas e efeitos das doenças através da observação de fluídos corporais como 
vômito, fezes, suor, sangue e urina. Suas conclusões foram importantes para evidenciar os efeitos do 
meio ambiente sobre o organismo humano, até então despercebidos.
Figura 37 – Pintura grega no fundo de uma taça mostrando o ato de vomitar como maneira e eliminar fluídos que causam doenças
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Com base nesses conhecimentos, as civilizações começaram a se preocupar com a prevenção das 
doenças. Por isso medidas como a construção de redes de saneamento básico e de distribuição de 
água potável foram tomadas, por exemplo, pelos romanos. No final do século IV a.C. foi construído o 
primeiro aqueduto – Água Ápia – por obra do censor Cláudio Crasso. Depois dele, diversos aquedutos 
foram construídos para fornecer água limpa para a população romana nos anos seguintes. Além da 
água potável, Roma criou uma eficaz rede de coleta de esgoto, onde latrinas públicas foram construídas 
de forma que os dejetos fossem encaminhados a um sistema subterrâneo para isolar os resíduos da 
população – esse sistema era chamado de Cloaca Máxima.
Por outro lado, na história da humanidade, essas medidas que surgiam para evitar as patogenias 
caminharam lado a lado com eventos favorecedores do aparecimento de epidemias, como as guerras e 
a destruição do meio ambiente.
Uma das primeiras epidemias vinculadas às guerras foi a “peste de Xerxes”. No começo do século V 
a.C., a Grécia encontrava‑se ameaçada pelo Império Persa, que surgia como uma potência na época. 
Em 490 a.C., os persas atravessaram o mar Egeu e deram início às guerras médicas, nas quais as 
cidades‑estado gregas uniram‑se contra os invasores. Nesse episódio, Atenas, ainda sem os reforços 
das demais cidades, acabou por derrotar os persas. Porém, em 480 a.C., liderados por Xerxes, os persas 
iniciaram uma segunda investida.
Figura 38
Após algumas batalhas, os exércitos persas instalaram‑se na região da Tessália. Apesar de conseguirem 
avançar, eles começaram a sofrer com a falta de provimentos e foram acometidos pela fome e por uma 
epidemia de disenteria, que acabou contaminando a água utilizada pelas tropas. Dessa forma, a doença 
se disseminou e matou muitos guerreiros persas. As bactérias responsáveis pela doença eram eliminadas 
junto com as fezes dos enfermos e contaminavam a água e os alimentos consumidos pelo exército. 
Debilitados pela epidemia, os persas foram derrotados pelos gregos.
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A epidemia conhecida como “peste de Xerxes” foi descrita pelo historiador grego Heródoto (2007), 
que viveu entre 484 e 420 a.C., considerado o pai da História.
No decorrer da história da humanidade, muitas outras epidemias foram relatadas em diversos 
momentos, da Grécia aos dias de hoje. Sobre elas, Ujvari (2003, p. 32) diz:
[...] muitas destas pestes podem ter sido provocadas por varíola, sarampo, 
diarreias, catapora, gripe e outras doenças. Ou, quem sabe, até mesmo por 
algum agente infeccioso extinto ou que tenha sofrido mutações ao longo 
das centenas de anos, não mais causando doença infecciosa no homem.
Durante a colonização das Américas, muitas dessas epidemias europeias foram distribuídas ao redor 
do globo, assim como outras de diversas origens estabeleceram‑se no continente europeu. Na época 
das grandes navegações, o intercâmbio de doenças entre os povos foi um fator comum e, muitas vezes, 
determinante nos processos de dominação dos povos.
Figura 39 – Mapa de Tenochtitlán
Na América espanhola, por exemplo, a varíola foi uma grande aliada de Hernán Cortez para conquistar 
a península de Yucatán e dominar os povos astecas. Além das forças militares de Cortez, a varíola foi 
fundamental para a queda dos astecas em Tenochtitlán, importante cidade da civilização indígena. Após 
a derrota dos astecas, a epidemia de varíola alastrou‑se pelos Estados Unidos e pela América do Sul.
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Figura 40 – Mapa da disseminação da varíola entre os indígenas da América do Norte
Figura 41 – Paciente acometido por varíola
Até meados de 1530, a América já conhecera a varíola, o sarampo e o vírus Influenza. Somadas aos 
massacres impostos pelos espanhóis, as epidemias quase extinguiram os índios no século XVI. Acredita‑se 
que nessa data 90% da população indígena tenha sido dizimada desde a chegada de Colombo em 1492. 
Cerca de 25 milhões de índios mexicanos – cerca de 70% deles – e sete dos oito milhões de incas andinos 
foram mortos.
Na costa brasileira, as doenças também chegavam constantemente com os navios que traziam os 
portugueses para nosso território. Por volta de 1550, houve, por exemplo, uma grande epidemia de gripe 
europeia entre os índios no estado de São Paulo. Assustados com a doença até então desconhecida, os 
índios acreditavam que se tratava de uma punição dos Deuses por seu comportamento.
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Figura 42 – Desenho de índios astecas acometidos pela varíola no século XVI
Assim, cada vez que um navio europeu atracava nos portos brasileiros, desembarcavam junto com 
os colonizadores diversos agentes infecciosos, como a peste, a rubéola, a varíola, o sarampo e a varicela. 
Os tupis, então, deparavam‑se com epidemias nunca antes vistas e que dizimavam a população nativa. 
O pavor causado por esse processo de contaminação pode ser notado na denominação tupi para a 
varicela, que entre os índios ficou conhecida como catapora: “fogo que salta”.
Figura 43 – Litogravura do século XIX mostrando as doenças chegando 
numa embarcação e a população tentando evitar sua chegada
Dessa forma, ao longo de sua existência, o homem transformou o meio ambiente de acordo com 
suas necessidades e aspirações, gerando nele condições que, por vezes, tornaram‑se desfavoráveis 
a si próprio ou, vendo por outra ótica, favoráveis a organismos patogênicos que aproveitaram essas 
condições para disseminar doenças na população humana.
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 Saiba mais
Há uma bactéria, que responde pelo nome de Bacilus infernos, que 
consegue resistir até mesmo em água fervendo. Ela, contudo, não causa 
doenças. Outra bactéria que pode ser citada é a bactéria Micrococcus 
radiophilus, que se nutre de substâncias radioativas como urânio e plutônio.
Para obter mais informações sobre esses organismos e outros que afetem 
a vida do ser humano, acesse os sites do CDC (Centers for Disease Control 
and Prevention) e WHO (World Health Organization), respectivamente:
<http://www.cdc.gov>
<http://www.who.int>
Expectativa de vida porpaís em 2005 
ambos os sexos
mais de 70
70‑77 anos
58‑69 anos
38‑57 anos
Figura 44
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Com base nesse pressuposto, abordaremos algumas das principais patogenias que acometeram as 
pessoas no Brasil ao longo de sua história.
6.2.1 Dengue
O texto e o mapa a seguir apresentam um sério problema vivenciado pelas áreas urbanas do Brasil: 
o avanço da epidemia da dengue, tendo como principal transmissor o mosquito Aedes aegypti, que 
também é um dos vetores de transmissão da febre amarela. Como os mosquitos se reproduzem na 
água, a dengue costuma surgir de forma epidêmica no verão, quando as chuvas são mais frequentes. 
Sua prevenção baseia‑se na tentativa de eliminar recipientes que possam acumular água.
No Brasil, esse mal era considerado erradicado, mas a urbanização desordenada e o desmatamento 
aumentaram a presença do mosquito, e a doença se alastrou a partir de 1970.
Figura 45 – Mapa da dengue no Brasil
O combate à dengue tem que ser diuturno, ao longo de todo o ano, e deve contar com a presença 
constante dos agentes nos principais focos do mosquito. Não foi isso, contudo, que aconteceu nos 
últimos anos. A impressionante cifra de doentes (560 mil em 1998, 382 mil em 2001 e 944 mil em 2010) 
torna visível uma certa negligência do governo com relação ao problema.
6.2.2 Febre amarela silvestre
O desmatamento intenso, a urbanização desordenada de áreas rurais e as consequentes mudanças 
climáticas decorrentes de todo o processo colaboram para que doenças como a febre amarela se alastrem 
não só no Brasil, mas também em um grande número de países em todo o mundo.
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Recentemente o número de casos de febre amarela tem crescido de maneira espantosa, assim como 
a quantidade de países acometidos por essa doença. Na passagem do milênio, houve várias excursões a 
locais considerados esotéricos, como a Chapada dos Veadeiros–GO e a Chapada dos Guimarães–MT. Na 
ocasião tivemos um aumento razoável dos casos de febre amarela em viajantes que foram para essas 
regiões sem estarem vacinados.
Além disso, a invasão de terras para a criação de trilhas ecológicas com fins comerciais, como é o 
caso de regiões em Goiás e Minas Gerais, provoca grandes alterações no ecossistema, que podem levar o 
mosquito haemagogus a substituir o macaco pelo homem na sua cadeia alimentar justificando, assim, 
o aumento de casos da doença.
6.2.3 Riscos químicos
São aqueles representados pelas substâncias químicas que se encontram nas formas líquida e gasosa 
e que, quando absorvidos pelo organismo, podem produzir reações tóxicas e danos à saúde.
6.2.4 Malária
Malária é uma doença prevalente nos países de clima tropical e subtropical. Também é conhecida 
como sezão, paludismo, maleita, febre terçã e febre quartã. O vetor da doença é o anofelino (Anopheles), 
um mosquito parecido com o pernilongo que pica as pessoas principalmente ao entardecer e anoitecer.
Figura 46 – Liga dos Comitês das Nações da Malária Investigation, Províncias Unidas, na Índia
O ciclo da malária humana é composto por homem, anofelino, homem. Geralmente é a fêmea que 
ataca porque precisa de sangue para garantir o amadurecimento e a postura dos ovos. Depois de picar 
um indivíduo infectado, o parasita desenvolve parte de seu ciclo no mosquito e, quando alcança as 
glândulas salivares do inseto, está pronto para ser transmitido para outra pessoa.
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A Amazônia é a região do Brasil onde ocorrem 98% dos casos de malária.
6.2.4.1 Tipos de parasita
Existem mais de cem tipos de plasmódio, o parasita da malária. Dos que infectam o homem, quatro são 
os mais importantes: Plasmodium vivax, Plasmodium falciparum, Plasmodium malariae e Plasmodium 
ovale. A doença provocada pelo Plasmodium vivax é a mais comum e a provocada pelo Plasmodium 
malariae, a menos grave. Já a provocada pelo Plasmodium ovale é típica da África.
6.2.4.2 Transmissão
A transmissão da malária pode ocorrer por meio da picada do mosquito, da transfusão de sangue 
contaminado, da placenta (congênita) para o feto e de seringas infectadas.
6.2.4.3 Sintomas
Os sintomas mais comuns da doença são febre alta, calafrios intensos que se alternam com ondas 
de calor e sudorese abundante, dor de cabeça e no corpo, falta de apetite, pele amarelada e cansaço. 
Dependendo do tipo de malária, esses sintomas se repetem a cada dois ou três dias.
6.2.4.4 Tratamento
Não existe vacina contra a malaria, uma doença autolimitada, mas que pode levar à morte se não 
for tratada em determinados casos. O tratamento padronizado pelo Ministério da Saúde é feito por via 
oral e não deve ser interrompido, pois assim evita‑se o risco de recaídas.
6.2.4.5 Recomendações
Há diversas medidas que devem ser tomadas como profilaxia da doença:
•	 usar	 camisa	 de	mangas	 compridas	 e	mosquiteiro	 em	 zonas	 endêmicas,	 além	 de	 repelente	 no	
corpo todo;
•	 evitar	banhos	em	igarapés	e	lagoas	ou	expor‑se	a	águas	paradas	ao	anoitecer	e	ao	amanhecer	
(horários em que os mosquitos mais atacam) em regiões endêmicas;
•	 procurar	um	serviço	especializado	no	caso	de	viagens	para	regiões	onde	a	transmissão	da	doença	
é alta a fim de tomar medicamentos antes, durante e depois da viagem;
•	 não	fazer	prevenção	por	conta	própria	e,	mesmo	que	tenha	sido	feita	a	quimioprofilaxia,	no	caso	
de febre, procurar atendimento médico;
•	 nunca	se	automedicar.
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6.3 mudanças de clima, mudanças de vida
As mudanças climáticas no globo, causadas ou não por ações antrópicas, levam o ser humano a três 
reações possíveis:
•	 inação	–	que	implica	aceitar	os	danos	previstos;
•	 adaptação	–	consiste	em	promover	modificações	para	diminuir	as	perdas;
•	 empecilho	das	alterações	climáticas.
Dentre as alterações climáticas pelas quais nosso Planeta passa atualmente, elencar como principais o 
efeito estufa e o aquecimento global (fenômeno por meio do qual os oceanos, absorvendo a maior parte 
do calor da Terra, liberarão, nas próximas décadas, boa parte do aquecimento global para a atmosfera).
Uma importante peça no quadro do aquecimento global ficou mais evidente com a confirmação 
científica de que os oceanos absorveram muito do calor dos últimos quarenta anos, adiando seu efeito 
completo na atmosfera e no clima.
Quando a Terra esquenta por causas naturais ou humanas (ou ambas), nem todo o calor extra vai 
de imediato para o ar, onde seu efeito sobre o clima é mais direto. Parte desse calor é absorvida pelos 
oceanos, que o armazenam por anos ou décadas.
Especialistas creem que cerca de 50% do efeito estufa produzido até hoje ainda está nos oceanos 
e atingirá o ar nas próximas décadas. Além disso, estudos mostram que o aquecimento médio dos 
oceanos nos quarenta anos analisados foi de 0,05°C até 3,2km de profundidade e de mais de 0,5°C 
nos 300m superiores, pois apenas parte do aquecimento da Terra ultrapassou a superfície. Assim, 
podemos afirmar que:
•	 as	águas	dos	oceanos	absorvem	parte	do	calor	irradiado	pela	Terra,	que	deveria	ir	para	a	atmosfera,	
pois elas demoram para perder calor ou para se resfriar, ao contrário dos continentes;
•	 o	aumento	de	temperatura	global	poderia	ser	bem	maior	atualmente,	pois	se	acredita	que	50%	
do efeito estufa ainda está nos oceanos e atingirá o ar nas próximas décadas, quando forliberado 
pelas massas líquidas.
A avaliação do secretário‑geral da ONU (Ban Ki‑Moon) acerca do grande fórum sobre o aquecimento 
global, realizado em setembro de 2007, alcançou seu objetivo de obter apoio para a reunião de Bali 
em dezembro. Os temas debatidos reafirmaram pontos interessantes sobre o aquecimento global, que 
devem substituir o Protocolo de Kyoto para reduzir a emissão de gases estufa, rejeitado pelos EUA e 
expirado em 2012.
A Convenção do Clima atribui aos países ricos a maior parcela de responsabilidade na luta contra as 
mudanças do clima e também a maior parte da conta a ser paga. Por isso, recomenda que esses países 
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tomem a iniciativa na mudança de hábitos, reduzindo suas emissões de gases estufa. Na mesma direção, 
a convenção reconheceu que as nações mais pobres têm direito ao desenvolvimento econômico e são 
mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas.
Em poucos anos, ficou claro que o frágil compromisso de se tentar congelar as emissões não seria 
cumprido pela maior parte dos países desenvolvidos, especialmente os Estados Unidos. Além disso, 
ocorria significativo aumento das emissões por parte de países subdesenvolvidos, em particular a China. 
Esse pano de fundo condicionou as discussões da Conferência das Partes em Kyoto, no Japão, em 1997.
O presidente francês Nicolas Sarkozy pediu, na oportunidade, uma redução de 50% nas emissões de 
gases que aquecem a atmosfera, como o CO2, até 2050 e declarou que a convenção do clima da ONU 
era o único arcabouço eficiente e legítimo para atacar a crise.
Os cientistas do Painel Intergovernamental em Mudanças do Clima (IPCC), da ONU, afirmam que o 
século XX foi o mais quente dos últimos 500 anos, com aumento da temperatura média entre 0,3°C e 
0,6°C. A responsabilidade por isso é atribuída ao excesso de gás carbônico e outros gases liberados na 
atmosfera pelas atividades humanas, principalmente a queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo 
e gás natural). Também são citados como causadores desse aumento de temperatura o metano e o óxido 
nitroso, gerados sobretudo pela decomposição do lixo, pela pecuária e pelo uso de fertilizantes, além 
dos grandes vilões que são a queimada de florestas e o desmatamento que contribui, principalmente no 
Brasil, para maior emissão de gases de efeito estufa.
Atualmente, pelo Protocolo de Kyoto, os países signatários devem reduzir suas emissões em 5%. A 
partir de 2012, as metas deviam ser revistas e chegar a 50% de redução.
Essas metas não foram cumpridas e de uma coisa os cientistas do IPCC têm certeza: nosso Planeta 
está ameaçado por causa da ação humana.
Há, contudo, a questão do sequestro de carbono: existem projetos de arborização para a captura e 
neutralização de CO2 por espécies tropicais, que esbarram em questão de metodologia e até nomenclatura. 
Algumas empresas, todavia, afirmam trabalhar com “compensação futura de carbono”.
A pergunta pertinente, entretanto, é quanto uma árvore consegue sequestrar de carbono enquanto 
está crescendo? A ideia é preservá‑la até que cresça antes de ser derrubada. Só então poderia afirmar‑se 
que a atividade valeu a pena.
Segundo a empresa Max Ambiental, que detém os selos “Carbono Neutro” e “Carbono Zero”, o 
número ideal é o de 5 árvores por tonelada. Para a Iniciativa Verde, dona da marca Carbon Free, a taxa 
deve ser de 6,2 árvores por tonelada.
Um dos efeitos mais temidos do aquecimento global é o degelo, que já vem ocorrendo em várias 
partes do mundo. A região ártica já encolheu 14%, segundo especialistas, e a Antártida sofreu um 
degelo de 3000km2 somente no período posterior a 1997. As principais cordilheiras do mundo também 
estão perdendo a massa de gelo e neve.
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Segundo o World Watch Institute (WWI), desde 1850, as geleiras dos Alpes recuaram entre 30% e 
40%. A geleira Quelccaya, nos Andes peruanos, tem encolhido em média 30 metros por ano a partir de 
1990. No Alasca, a redução foi de 13 mil metros na geleira Columbia.
Outra questão é a expansão do buraco na camada de ozônio, que é a zona da atmosfera de 19km 
a 48km sobre a superfície da Terra. Nela, se produzem concentrações de ozônio de até 10 partes por 
milhão. O ozônio forma‑se pela ação da luz solar sobre o oxigênio. No nível do solo, concentrações tão 
elevadas são perigosas para a saúde, mas, como a camada alta de ozônio protege a vida do planeta 
da radiação ultravioleta cancerígena, sua importância é inestimável. Por isso, na década de 1970, os 
cientistas preocuparam‑se ao descobrir que certos produtos químicos chamados clorofluorocarbonetos, 
ou CFCs (compostos de flúor), usados durante muito tempo na refrigeração e como propelentes nos 
aerossóis, representavam uma possível ameaça à camada de ozônio. Isso levou ao desenvolvimento de 
várias estratégias para eliminar gradativamente os CFCs.
CFCs são gases não tóxicos inventados em 1928, usados na fabricação de aparelhos de ar 
condicionado, refrigeradores e sprays de inseticidas, produtos de limpeza e desodorantes. Os 
clorofluorocarbonetos têm sido apontados entre os principais causadores da destruição da camada 
de ozônio. Isso se deve ao fato de serem capazes de alcançar a faixa da atmosfera onde se encontra 
o ozônio e, ao serem atingidos pelos raios ultravioleta, liberarem monóxido de cloro, que reage com 
o ozônio (O3), decompondo‑o. Inúmeras medidas e providências têm sido tomadas para diminuir 
a produção e uso desses gases, objeto de estudos do Programa das Nações Unidas para o Meio 
Ambiente (PNUMA) desde 1977.
O primeiro passo foi a Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio, realizada em 
1985, assinada por 28 países e ratificada posteriormente por 169 nações. O segundo e mais importante, 
por ter estabelecido prazos para a redução das emissões de CFC, foi o Protocolo de Montreal sobre 
Substâncias que Afetam a Camada de Ozônio, de 1987, assinado por 48 e ratificado por 168 países. Esse 
documento recebeu emendas nas conferências de Londres (1990), Copenhagen (1992) e novamente em 
Montreal (1997). A última emenda deveria entrar em vigor 90 dias depois de sua ratificação por pelo 
menos 20 países signatários (até janeiro de 1999, entretanto, só tinham sido depositadas nas Nações 
Unidas cinco ratificações). A negociação dos prazos tem sido muito delicada, porque envolve limitações 
ao estabelecimento de várias indústrias e exige a adoção de tecnologias que muitas vezes não estão ao 
alcance dos países menos desenvolvidos.
A poluição atmosférica é medida em PPMs (partes por milhão). Quando a concentração de gases 
poluentes está acima de 9 PPMs, a qualidade do ar fica comprometida, ou seja, é inadequada. Quando 
atinge 30 PPMs, a situação é delicada e perigosa, requerendo a decretação do estado de alerta.
A poluição pode ser causada por diferentes fatores e de várias maneiras. O excesso de resíduos 
(sólidos, líquidos ou gasosos), por exemplo, é capaz de colocar em risco a biosfera.
A poluição do ar é causada por duas categorias de poluentes: os primários, liberados diretamente 
na atmosfera e os secundários, formados por combinações físico‑químicas entre diferentes elementos 
na atmosfera. Os principais exemplos são: o dióxido de carbono liberado pela queima de combustíveis 
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fósseis; o dióxido de enxofre (SO2); hidrocarbonetos (HC); partículas em suspensão (PS) e óxido de 
nitrogênio (NO).
 lembrete
Um caso especial de substância poluidora da atmosfera é o dos CFCs,que provocam os buracos na camada de ozônio.
Questão importante é a das chuvas ácidas, que são a precipitação (também em forma de neve ou 
geada) cujo pH se apresenta abaixo de 5,0 devido à associação da água da precipitação com elementos 
lançados na atmosfera por fábricas, refinarias, automóveis (principalmente enxofre). Os principais locais 
de ocorrência de chuvas ácidas são Milão (Itália), Seul (Coreia do Sul), Cubatão (São Paulo, Brasil), 
Cidade do México (México) e Região dos Grandes Lagos (EUA/Canadá).
Também existem mais três categorias de agentes poluidores especiais: os eletromagnéticos, os 
sonoros e os visuais. Máquinas industriais e veículos de transporte e equipamentos de amplificação de 
som de alta potência são os principais agentes da poluição sonora.
A poluição eletromagnética é gerada por redes de transmissão de energia (linhão), aparelhos celulares 
e de micro‑ondas.
Nem todos julgam que a poluição sonora tenha a mesma gravidade da poluição das águas. Embora de 
um modo diferente, todavia, os danos que ela causa ao ser humano podem ser considerados da mesma 
intensidade das outras duas formas de poluição. Os ruídos excessivos provocam sérios desequilíbrios no 
organismo, causando graves doenças, especialmente de fundo nervoso.
Para medir a intensidade do som, usa‑se o decibel. A maior intensidade sonora que o ouvido humano 
pode suportar com comodidade são 60 decibéis. Para se ter um exemplo da intensidade dos ruídos com 
que convivemos, basta dizer que um simples escapamento de caminhão é capaz de produzir sons de 90 
decibéis. Outras fontes de ruídos produzem sons de intensidade maior ainda.
A poluição luminosa é causada pelo excesso de luz, que pode provocar problemas nos olhos. A 
poluição visual se deve a anúncios excessivos, pichações dos muros e paredes ou mesmo a obras 
destoantes do meio.
Placas de propaganda, de informação ou sinalização mal projetadas e algumas características 
arquitetônicas agressivas são os principais agentes da poluição visual.
A poluição visual não provoca danos à saúde, mas não proporciona prazer visual. Ela pode ser 
observada em monumentos públicos, grandes avenidas e construções na forma de pichação, o que 
difere de bons grafites.
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6.3.1 Os efeitos El Niño e La Niña
El Niño e La Niña são fenômenos climáticos que se manifestam de maneira alternada na região 
do Oceano Pacífico e causam mudanças profundas no clima terrestre, interferem nas variações de 
temperatura e no ritmo de chuvas.
No ano em que eles não se manifestam, os ventos alísios arrastam as águas quentes superficiais da 
costa da América do Sul em direção à Indonésia (sudeste asiático), provocando chuva.
Com isso, na costa sul‑americana ocorre o fenômeno de ressurgência: as águas mais profundas e 
frias – ricas em nutrientes – migram para a superfície, atraindo grande quantidade de peixes.
Quando o fenômeno El Niño atua, os ventos alísios enfraquecem e as águas quentes permanecem 
próximas da América do Sul, o que impede a ressurgência. O número de peixes diminui e as chuvas caem 
no Oceano Pacífico, não chegando à Indonésia.
O fenômeno começou a ser estudado no início do século XX. Nos anos 1990, registrou‑se um El Niño 
prolongado, de 1991 a 1995, e outro de grande intensidade, em 1997, o maior do século XX.
O fenômeno La Niña ocorre após o El Niño, com efeitos opostos. Os ventos alísios aumentam e levam 
as águas quentes superficiais para a Ásia, onde provocam fortes chuvas. As águas frias fazem o caminho 
contrário e atingem a superfície nas proximidades do litoral do Peru.
Sob o efeito El Niño, uma massa de ar quente fica estagnada entre o Centro‑Norte e o Nordeste do 
Brasil, resultando em uma estiagem mais pronunciada nessa região. No centro‑sul, o contato de uma 
massa de ar quente com outra fria (mPa) resulta numa frente fria oclusa que provoca aumento das 
chuvas frontais na região. Já o efeito contrário, La Niña, provoca muitas chuvas entre o centro‑norte e 
o sertão do Nordeste, enquanto no centro‑sul ocorre estiagem mais acentuada.
6.3.2 Trajetórias típicas dos ciclones tropicais
Durante um ano comum, 50 ou mais depressões tropicais se formam próximas da região equatorial 
da Terra. Cerca de metade ou um terço dessas depressões desenvolve‑se em ciclones tropicais 
completos. A imagem a seguir (baseada em um diagrama de Dunn) apresenta os locais comuns 
de nascimento das tempestades e as trajetórias típicas que elas e os ciclones seguem. Os números 
indicam a quantidade aproximada de tempestades tropicais que se desenvolvem naquela região ao 
longo do período de um ano.
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Figura 47
O fenômeno surge em área de água tropical quente. A temperatura do oceano deve estar acima de 
27°C ou 28°C, pois as tempestades são alimentadas pela umidade e pelo calor liberado pelo oceano.
Tempestades, calor e epidemias
Fico desnorteado quando escuto falar de aquecimento global. Ouço as justificativas dos 
que o consideram uma ameaça à vida na Terra e fico com a impressão de que estão certos. 
Depois ouço opiniões contrárias, opostas até e não encontro argumentos para contradizê‑las.
O aforismo de que, numa discussão em que os contendores defendem hipóteses 
antagônicas, a verdade estará no meio termo, não deve ser aplicado em ciência pela simples 
razão de que uma das partes pode estar completamente equivocada. É o caso da evolução 
das espécies por seleção natural versus criacionismo, por exemplo.
 A ignorância crassa em climatologia não é a única culpada de minha incapacidade 
de interpretar os estudos que servem de base para conclusões tão díspares. Os interesses 
econômicos, a politização e as paixões envolvidas nesse debate confundem e dificultam 
o entendimento. Sem me envolver nessas controvérsias, no entanto, tomo a liberdade 
de resumir um artigo que acaba de ser publicado na revista The New England Journal of 
Medicine pela infectologista Emily Shuman, da Universidade de Michigan, sob o título 
Mudanças Climáticas Globais e Doenças Infecciosas. 
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De forma bem simplificada, podemos dizer que as mudanças do clima acontecem como 
resultado do desequilíbrio entre as radiações que penetram e as que deixam a atmosfera. 
Ao entrar na atmosfera, parte das radiações solares é absorvida pela superfície da Terra e 
reemitida como radiação infravermelha.
 Esses raios infravermelhos acabam absorvidos pelos gases liberados principalmente 
pelos combustíveis fósseis (metano, gás carbônico, óxido nitroso e outros), que deixaram 
de ser removidos da atmosfera por causa do desmatamento e da produção excessiva. 
Como esse processo de absorção gera calor, recebe o nome de efeito estufa. Porque 
a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento atingiram níveis altos, as 
temperaturas globais têm subido num ritmo mais rápido do que em qualquer época, 
desde que começaram a ser medidas nos anos 1850. Tempestades e ondas de calor 
insuportável serão cada vez mais frequentes. 
Essas variações climáticas terão forte impacto na incidência das doenças transmitidas 
por insetos e naquelas disseminadas através da água contaminada. Já há evidências de 
que mudanças climáticas introduziram epidemias em regiões anteriormente livres delas. 
É o caso da malária, que hoje se espalha pelas terras altas do leste africano em razão 
de um clima muito mais quente e úmido do que o habitual na área. Da mesma forma, 
diarreias epidêmicas, parasitoses intestinaise outras enfermidades transmissíveis por meio 
da água contaminada têm sua incidência aumentada, tanto por causa das dificuldades de 
saneamento nas secas quanto por contaminação com esgotos, lixo e dejetos de animais 
durante as enchentes. 
No ano 2000, a Organização Mundial da Saúde calculou que doenças atribuíveis a 
mudanças climáticas haviam sido responsáveis pela perda de 188 milhões de anos de vida 
por morte prematura ou incapacidade física, apenas na América Latina e Caribe; na África, 
foram 307 milhões de anos; no sudeste asiático, 1,7 bilhão. Esses números contrastam com 
os dos países industrializados: 8,9 milhões. Independentemente das especulações sobre o 
futuro do clima, fica claro que os mais pobres já estão pagando a conta do desmatamento 
e das emissões de gases dos países desenvolvidos e das economias que crescem em ritmo 
acelerado, como a chinesa e a indiana.
Fonte: Varella (2010).
Na América Central, a região caribenha e a Flórida têm sido atingidas por violentos e desastrosos 
furacões: Jeanne, Ivan, Charles, Frances e Katrina.
6.3.3 Europa resfriada
A Corrente do Golfo, parte de um sistema de circulação do oceano na região do Atlântico Norte, é 
movida pela formação de gelo no Ártico e banha o oeste da Europa com águas quentes, especialmente 
no inverno. Ela mantém temperaturas mais altas do que em outros pontos da mesma latitude.
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Cientistas do Instituto para Pesquisa do Impacto Climático em Potsdam, na Alemanha, preveem o 
possível colapso da Corrente do Golfo por causa do aquecimento global. Como resultado, boa parte da 
Europa irá esfriar.
6.3.4 Ilha de calor
Constatou‑se no mundo que as temperaturas atmosféricas nas metrópoles tendem a aumentar da 
periferia urbana para as regiões centrais da cidade, configurando uma verdadeira “ilha de calor” nas 
áreas centrais. A retirada da cobertura vegetal para a construção de edifícios no centro cria um “labirinto 
de refletores” constituído de prédios, aumentando a emissão de calor e limitando a circulação de ar.
6.3.5 Inversão térmica
Inversão térmica consiste no fenômeno da concentração de ar frio junto ao solo, impedindo a 
dispersão de poluentes eventualmente nele lançados. Ela ocorre no inverno em centros urbanos onde 
as condições descritas se apresentam. As principais áreas de ocorrência são a Cidades do México e 
São Paulo.
 Saiba mais
Para mais informações, procure:
CÉSAR, E. Poluição urbana sobre a floresta. Pesquisa Fapesp, São 
Paulo, ed. 219, mai. 2014. Disponível em: <http://revistapesquisa.fapesp.
br/2014/05/15/poluicao‑urbana‑sobre‑floresta/>. Acesso em: 2 jun. 2014.
7 O mOdelO de deSenvOlvimentO e O cuStO ambiental
A sustentabilidade do sistema econômico não é possível sem que haja estabilização dos níveis de 
consumo per capita de acordo com a capacidade de carga do Planeta. Caberia, portanto, à sociedade 
como um todo, através do Estado ou de outra forma de organização coletiva, decidir sobre o uso dos 
recursos de modo a evitar perdas irreversíveis e potencialmente catastróficas. O capital natural crítico 
seria avaliado pelo trabalho científico interdisciplinar, levando em conta tanto os aspectos ecológicos 
(capacidade de carga) como também os socioeconômicos (como padrões mínimos de segurança). 
Devemos considerar também a desigualdade que se configura entre países ricos e países pobres.
Conflitos ambientais serão cada vez mais frequentes no mundo contemporâneo, principalmente 
devido ao aumento de tensões pelo acesso a recursos naturais. Não resta dúvida de que a produção de 
mercadorias em larga escala estimula a confrontação pelo uso da natureza. Ela foi transformada em 
recurso para acumulação capitalista e é reproduzida em bens de consumo, duráveis ou não. A produção 
crescente necessita de uma base material também em expansão, o que não é possível para toda gama 
de materiais empregados pela economia capitalista (RIBEIRO apud ALIER, 2007).
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Uso de Recurso
Processamento 
Modificação
Recursos
Transporte Consumo
Resíduo/Impacto Resíduo/Impacto Resíduo/Impacto
Energia
O Enfoque Linear Humano
Resíduo/Impacto
Figura 48 ‑ Modelo atual de desenvolvimento
Na obra Ecologismo dos Pobres (2007), Alier fala da ecologia política e estuda conflitos ecológicos 
distributivos, além de abranger vários campos de estudo (geógrafos, sociólogos, entre outros).
O movimento ecologista ou ambientalista global permanece dominado por três correntes principais: 
a do culto ao silvestre (ou do mundo selvagem), a do ambiente comprometido por ações antrópicas e 
aquela que defende a “justiça ambiental”, “ecologismo popular” ou “ecologismo dos pobres”, que está se 
ampliando cada vez mais.
Em toda a obra de Alier (2007), o tema central é criticar os abusos da ação humana no meio natural 
e a perda de vidas ameaçadas pelas agressões ambientais. Os termos ambientalismo e ecologismo foram 
aplicados pelo autor indistintamente, mas para alguns países e autores o ambientalismo adota uma 
postura mais radical.
Dependendo da sociedade, do seu grau de desenvolvimento e do seu consumo de energia per capita 
e de materiais, como a livre disponibilidade de áreas de descarte de resíduos e depósitos temporários 
para o dióxido de carbono, haverá, em contrapartida, as consequências ambientais.
Os estudos na área socioeconômica e ambiental estão fundamentados no crescimento econômico 
sustentável na busca de soluções de ganhos ecológicos “win‑win” (expressão inglesa que significa que 
todos podem obter o que desejam).
A modernização dos estudos ecológicos caminha sob diferentes vertentes. Há uma econômica, que 
defende os ecoimpostos e mercados de licenças de emissão, e outra ecológica, que apoia medidas 
e atitudes voltadas para a economia de energia e de matérias‑primas. Há ainda outra, que aponta 
para o ecologismo dos pobres, popular ou movimento de justiça ambiental, denominado, em inglês, de 
livelihood (subsistência, “ganha pão”).
Essa terceira corrente assinala que grupos indígenas e camponeses têm assegurado a conservação 
da biodiversidade para sua subsistência.
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No entanto, outros grupos atuam na contramão, muitas vezes apropriando‑se do conhecimento 
prático desses povos para se utilizarem de recursos da natureza, apreenderem seus usos, patenteá‑los e 
comercializá‑los.
Uso de Recurso
Impacto minimizado pela restauração ambiental
Processamento 
Modificação
Recursos
Transporte Consumo
Resíduo/Impacto
Recuperação do 
Recurso
Energia
O Sistema Sustentável para os Humanos
Figura 49 ‑ Modelo de desenvolvimento sustentável
Do consumismo à destruição de vários aspectos da natureza, foi um trajeto muito curto. A crise 
energética e a escassez de matérias‑primas surgiram em um momento para alertar os seres humanos 
que seria difícil a sua sobrevivência se o ritmo da devastação ambiental continuasse.
Conferências nos organismos públicos como discussões de problemas de ordem ambiental não 
passavam de arranjos para políticos aumentarem seus créditos orçamentários. Cogitava‑se a diminuição 
da emissão de poluentes – com decorrente desaceleração da economia –, mas seria possível que os 
países ricos aceitassem se submeter aos países mais populosos e mais pobres da América Latina, da 
África ou da Ásia?
 Observação
Em troca dos artigos que enriquecem sua vida, os indivíduos vendem 
não só seu trabalho, mas também seu tempo livre. As pessoas residem em 
concentrações

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