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Poder Judiciário da União Justiça do Trabalho Tribunal Regional do Trabalho da 3 Região 0011608-93.2017.5.03.0000 - IUJ SUSCITANTE: MINISTRO DA 4A. TURMA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO PARTE R : DESEMBARGADOR 1 VICE-PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 3 REGIÃO CERTIDÃO DE DECURSO DE PRAZO CERTIFICO que em 31 de julho de 2018 decorreu o prazo para interposição de recurso em relação r. decisão do Tribunal Pleno (acórdão Id. d9bdc06). Dou fé Belo Horizonte, 27 de setembro de 2018. Paulo Sérgio Lage Riggio SETPOE Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: [PAULO SERGIO LAGE RIGGIO ] https://pje.trt3.jus.br /segundograu/Processo /ConsultaDocumento /listView.seam 18092710243257900000031165745 https://pje.trt3.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/do... 1 de 2 03/05/2019 23:25 https://pje.trt3.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/do... 2 de 2 03/05/2019 23:25 Documento assinado pelo Shodo Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região - 2º Grau O documento a seguir foi juntado ao autos do processo de número 0011608-93.2017.5.03.0000 em 19/07/2018 13:11:03 e assinado por: - MARCIA JUNQUEIRA DE CARVALHO 18071913102648100000028245767 Consulte este documento em: https://pje.trt3.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam usando o código: 18071913102648100000028245767 TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 3a REGIÃO Secretaria do Tribunal Pleno e do Órgão Especial RESOLUÇÃO ADMINISTRATIVA N. 111, DE 12 DE JULHO DE 2018 CERTIFICO E DOU FÉ que o Egrégio Pleno do Tribunal Regional do Trabalho da Terceira Região, em sessão ordinária hoje realizada, sob a presidência do Exmo. Desembargador Márcio Flávio Saiem Vidigal (Primeiro Vice-Presidente), presentes os Exmos. Desembargadores Lucilde d'Ajuda Lyra de Almeida (Segunda Vice-Presidente), Rogério Valle Ferreira (Corregedor), Fernando Luiz Gonçalves Rios Neto (Vice-Corregedor), Maria Laura Franco Lima de Faria, Luiz Otávio Linhares Renault, Emília Facchini, Júlio Bernardo do Carmo, Maria Lúcia Cardoso de Magalhães, José Murilo de Morais, Ricardo Antônio Mohallem, Denise Alves Horta, Sebastião Geraldo de Oliveira, Paulo Roberto de Castro, César Pereira da Silva Machado Júnior, Jorge Berg de Mendonça, Emerson José Alves Lage, Jales Valadão Cardoso, Fernando Antônio Viégas Peixoto, José Eduardo de Resende Chaves Júnior, Paulo Chaves Corrêa Filho, Maria Stela Álvares da Silva Campos, Taisa Maria Macena de Lima, Rosemary de Oliveira Pires, Ana Maria Amorim Rebouças, José Marlon de Freitas, Maria Cecília Alves Pinto, Lucas Vanucci Lins, Paula Oliveira Cantelli, Adriana Goulart de Sena Orsini, Marco Antônio Paulinelli de Carvalho e Rodrigo Ribeiro Bueno, e a Exma. Procuradora-Chefe da Procuradoria Regional do Trabalho da Terceira Região, Adriana Augusta de Moura Souza, apreciando o processo TRT n. 0011608- 93.2017.5.03.0000 IUJ, RESOLVEU, I. por maioria de votos, vencidos os Exmos. Desembargadores Márcio Flávio Salem Vidigal, Emília Facchini, Júlio Bernardo do Carmo, José Murilo de Morais, Ricardo Antônio Mohallem, Paulo Roberto de Castro, César Pereira da Silva Machado Júnior, Jales Valadão Cardoso, Maria Stela Álvares da Silva Campos e Maria Cecília Alves Pinto, rejeitar questão de ordem suscitada pela Exma. Desembargadora Maria Cecília Alves Pinto, que julgava prejudicado o Incidente, em face da decisão prolatada pelo Exmo. Min. Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, na Reclamação 13.467 MG; II. ainda por maioria, vencidos os Exmos. Desembargadores Maria Stela Álvares da Silva Campos e Marco Antônio Paulinelli de Carvalho, conhecer do Incidente de Uniformização de Jurisprudência; III. no mérito, por maioria simples de votos, vencidos, integralmente, os Exmos. Desembargadores Emília Facchini, Ricardo Antônio Mohallem, Jales Valadão Cardoso, Maria Stela Álvares da Silva Campos, Rosemary de Oliveira Pires, José Marlon de Freitas e Maria Cecília Alves Pinto, e, parcialmente, os Exmos. Desembargadores Sebastião Geraldo de Oliveira, Paulo Roberto de Castro, César Pereira da Silva Machado Júnior, Jorge Berg de Mendonça e Emerson José Alves Lage, TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 3a REGIÃO Secretaria do Tribunal Pleno e do Órgão Especial EDITAR a Tese Jurídica Prevalecente n. 23 do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da Terceira Região, com a redação a seguir transcrita e com fundamento nos acórdãos abaixo referidos: RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TERCEIRIZAÇÃO. ENTE PÚBLICO. FISCALIZAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. É do ente público o ônus da prova quanto à existência de efetiva fiscalização dos contratos de trabalho de terceirização, para que não lhe seja imputada a responsabilidade subsidiária. PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS 2a Turma 0010169-89.2017.5.03.0083 RO (PJe) Rei. Des. Maristela íris da Silva Malheiros DEJT- Disponibilização: 30/10/2017 3a Turma 0011079-49.2016.5.03.0149 RO (PJe) Rei. Des. Camilla Guimarães Pereira Zeidler DEJT- Disponibilização: 13/09/2017 4a Turma 0010395-88.2017.5.03.0085 RO (PJe) Rei. Des. Paulo Chaves Corrêa Filho DEJT- Disponibilização: 9/11/2017 5a Turma 0010939-38.2016.5.03.0012 RO (PJe) Rei. Des. OswaldoTadeu Barbosa Guedes DEJT - Disponibilização: 28/08/2017 6a Turma 0011592-91.2016.5.03.0092 ROPS (PJe) Rei. Des. Jorge Berg de Mendonça DEJT- Disponibilização: 20/11/2017 7a Turma 0010028-67.2017.5.03.0181 RO (PJe) Rei. Des. Marcelo Lamego Pertence DEJT- Disponibilização: 7/11/2017 TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 3a REGIÃO Secretaria do Tribunal Pleno e do Órgão Especial 8a Turma 0010610-91.2016.5.03.0055 RO (PJe) Rei. Des. Márcio Ribeiro do Vaíle DEJT - Disponibilização: 27/10/2017 9a Turma 0010906-87.2016.5.03.0096 RO (PJe) Rei. Des. Mônica Sette Lopes DEJT - Disponibilização: 22/06/2017 10a Turma 0001542-03.2015.5.03.0072 RO (01542-2015-072-03-00-1 RO) Rei. Des. Rosemary de Oliveira Pires DEJT- Publicação: 31/10/2017 11a Turma 0010281-58.2017.5.03.0083 RO (PJe) Rei. Des. Luiz Antônio de Paula lennaco DEJT- Disponibilização: 19/10/2017 TELMA LÚCIA BRETZ PEREIRA Diretora Judiciária do TRT da 3a Região Cristina Oarvalko de Menezes Assessora da Diretoria Judiciária Tribunsi Regional do Trabalho da 3a Documento assinado pelo Shodo Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região - 2º Grau O documento a seguir foi juntado ao autos do processo de número 0011608-93.2017.5.03.0000 em 22/06/2018 18:09:21 e assinado por: - MARILIA BUZELIN DE ALMEIDA 18062218083366500000027191646 Consulte este documento em: https://pje.trt3.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam usando o código: 18062218083366500000027191646 Documento assinado pelo Shodo Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região - 2º Grau O documento a seguir foi juntado ao autos do processo de número 0011608-93.2017.5.03.0000 em 22/06/2018 18:09:21 e assinado por: - MARILIA BUZELIN DE ALMEIDA 18062218083366500000027191646 Consulte este documento em: https://pje.trt3.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam usando o código: 18062218083366500000027191646 EXMO(A) SENHOR(A) DESEMBARGADOR(A) VICE PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 3ª REGIÃO - MG Processo IUJ-0011608-93.2017.5.03.0000 PROPOSTA DE VERBETE: RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ERCEIRIZAÇÃO. ENTE PÚBLICO. FISCALIZAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. I - Reconhecida a nulidade do contrato de trabalho firmado entre o Poder Público (Tomador) com a prestadora de serviços em virtude de terceirização ilícita de atividade fim, embora não possa gerar vinculo empregatício por força do disposto no art. 37, inciso II e § 2º, da Constituição Federal, remanesce,contudo, sua responsabilidade subsidiária pela quitação das verbas legais e normativas asseguradas aos empregados da tomadora, integrantes da respectiva categoria em respeito ao princípio da isonomia. (obs. Adaptação do item I e II da súmula n. 49) II - O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não transfere automaticamente ao tomador a responsabilidade pelo pagamento , seja em caráter solidário ou subsidiário, entretanto, também não há como impor ao trabalhador, parte vulnerável o ônus da prova acerca dos riscos da atividade empresarial sob pena de violar os preceitos fundamentais, ficando ao encargo do julgador caso a caso apurar se é hipótese de responsabilidade solidária ou subsidiária. PAULO RONALDO GOMES SANTARELLI, brasileiro, advogado inscrito nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil Seção Minas Gerais sob n. 128.287, endereço na Rua Juiz de Fora, 284, sala 1010, Barro Preto, Capital/MG, cep. 30.180.060, email psa1.adv@gmail.com, tel. 3087-1098, celular 99984-3757 Pós Graduado em Direito Público pelo Instituto Elpidio Donizete, militante na área trabalhista e direito público, vem, respeitosamente perante V.Exa., como amigo da corte, solicitar que V.Exa possa levar em consideração os apontamentos que abaixo serão feitos em virtude da relevância das matérias que serão abordadas no presente incidente: https://pje.trt3.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/do... 1 de 8 03/05/2019 23:20 1ª Abordagem que deve ser levada em Conta: A decisão a ser tomada no presente IUJ também teria o condão de alcançar as hipóteses de Terceirização Ilegal/Ilícita ou apenas àquelas hipóteses em que a empresa interposta encontra-se inadimplente com os empregados terceirizados? Ilustres Desembargadores, a relevância dessa indagação é de grande destaque para todos aqueles que militam no âmbito da justiça do trabalho, principalmente quando a temática envolve a TERCEIRIZAÇÃO ILÍCITA para o exercício de atividade fim das empresas tomadoras. Essa é a preocupação inicial, já que há inúmeros casos de terceirização ilícita por burla contratual tramitando no Tribunal que em principio, não teria qualquer tipo de relação com o presente IUJ. Outra preocupação da militância trabalhista é se esses processos (Terceirização ilegal) também restariam afetados pela decisão que ora vai se pronunciar neste incidente ou não. O item III da súmula n. 49 do Regional se manteria intacto? Qual teria sido a verdadeira intenção do Ministro DALAZEN ao afetar o presente IUJ à corte local? Essas são apenas algumas indagações preliminares que com toda certeza serão levadas em conta por V.Exas., já estamos diante de duas premissas completamente distintas. A primeira diz respeito aos casos de típica fraude contratual onde o próprio ente público utiliza-se de empresas interpostas para execução de sua atividade fim (cito por exemplo, os casos de isonomia bancária entre CAIXA ECONOMICA FEDERAL e diversas empresas terceirizadas). E a segunda para os casos em que o poder público contrata empresas interpostas de forma regular e essas empresas, de alguma forma, não quitam as respectivas verbas trabalhistas, surgindo então a discussão acerca da responsabilidade do ente contratante (se solidária ou subsidiária) em relação às verbas trabalhistas não adimplidas. Sem embargo de dúvidas que o IUJ em discussão trata dessa segunda premissa. Mas na prática do dia a dia, não apenas os feitos que envolvam tal matéria estão sendo suspensos nas turmas do regional. Tanto outros feitos vêm sofrendo suspensão no âmbito desse regional https://pje.trt3.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/do... 2 de 8 03/05/2019 23:20 sem que haja qualquer relação de fato e jurídica com o caso ora abordado neste IUJ, o que por si só justifica a real necessidade desta corte laboral de se posicionar quanto à abrangência deste IUJ. Apenas à título de colaboração, cito como exemplo os processos ns. RO-0010337-10.2017.5.03.0013, 0011673-71.2016.5.03.0017 e ROPS-0010358-13.2017.5.03.0004, ambos movidos por este signatário em face de Ação Contact Center (prestadora) e Caixa Econômica Federal (Tomadora), onde se discute o direito à isonomia por terceirização ilícita, inexistindo qualquer relação de fato e de direito com o presente incidente, mas que mesmo assim, referidos processos foram suspensos até conclusão da temática "Responsabilidade Subsidiária", "ônus da Prova", "Fiscalização" ora em debate. Ora, é claro que nos casos de terceirização ilegal/ilícita sequer haveria a necessidade de se fixar uma tese acerca de quem seria a responsabilidade, mesmo porque, se há uma ilegalidade não se exige a comprovação de que contratante e contratado agiram em desconformidade ao ordenamento jurídico. E se agiram de forma não permitida pelo ordenamento jurídico a responsabilidade só pode ser solidária ou subsidiária, independente de qualquer ônus probatório acerca de fiscalização, já que o próprio poder público optou em ferir o principio da legalidade e moralidade administrativa. Ou seja, há uma grande preocupação dos advogados militantes nesta especializada acerca do alcance do presente incidente de uniformização, principalmente se tal incidente vai abordar toda e qualquer situação que envolva à terceirização (inclusive as ilegais), ou apenas àqueles casos de inadimplência em relação ao prestador e seus empregados e a tomadora por ser a beneficiada do serviço contratado. A nosso ver, o presente IUJ cuida tão somente da segunda hipótese, vale dizer, a tese jurídica a ser firmada diz respeito apenas aos casos de inadimplência entre empresa interposta - trabalhador e Tomador, não abrangendo, portanto, outras hipóteses além da que consta da orientação do Ministro do TST João Orestes Dalazen. Essa é a primeira abordagem que pedimos permissão para ser analisada e https://pje.trt3.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/do... 3 de 8 03/05/2019 23:20 principalmente levada em conta por esta corte. 2ª abordagem. Terceirização Ilegal x Terceirização permitida. Necessidade do Incidente Enfrentar e Distinguir os dois Casos para Fins de Preservar a Segurança Jurídica - Harmonização Entre os precedentes da própria corte. Uma segunda abordagem não menos importante do que a primeira diz respeito a necessidade desta corte laboral apreciar o presente incidente sob a ótica das terceirização permitidas e não permitidas para se fixar uma tese harmônica com os demais precedentes já sedimentados por esta casa julgadora. Uma coisa é discutir acerca da responsabilidade do tomador de serviço em relação às terceirizações legais e outra coisa totalmente diferente é enfrentar esse mesmo tema quando a terceirização não é permitida. Uma coisa é a empresa interposta contratar trabalhadores de forma legal para prestar serviços voltados à atividade meio do tomador, tal como ocorre nos casos de vigilância, segurança, conservação e limpeza e outra coisa totalmente diferente é a tomadora contratar empresas interpostas para fins de executar atividade voltadas para sua própria natureza (atividade fim). SÃO COISAS TOTALMENTE DISTINTAS. Uma coisa é discutir a responsabilidade (solidária ou subsidiária) do tomador em decorrência da inadimplência do prestador nos casos relacionados à atividade meio e outra coisa é a responsabilidade do tomador quando a execução for direcionada para a atividade fim. Pois bem. A relevância da abordagem que ora se propõe é bastante simples, já que nos casos em que o tomador utiliza de empresas interpostas para execução de atividades fim não há discussão acerca do ônus da prova ou de qual tipo de responsabilidade, uma vez que ela própria deu causa ao ato impugnado. https://pje.trt3.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/do...4 de 8 03/05/2019 23:20 Por exemplo, vamos supor que a CAIXA ECONOMICA FEDERAL resolva por meio de contrato de prestação de serviço terceirizar a atividade de negociação, cobranças, renegociações de dívidas dos diversos produtos que ela comercializa. Qual seria sua responsabilidade acaso viesse a sofrer uma demanda trabalhista em conjunto com a empresa interposta por burla contratual? De quem seria o ônus da prova nesse caso? Necessitaria de demonstrar algum tipo de fiscalização? Veja que nesse caso especifico, diga-se de passagem é de conhecimento comum de V.Exas nãohaveria qualquer tipo de necessidade de se discutir ônus da prova, fiscalização ou o tipo de responsabilidade, uma vez que a contratação é irregular e sendo irregular fere os princípios da legalidade e moralidade por burla ao principio do concurso público e a consequência é a responsabilidade solidária do contratante e contratado por todas as verbas deferidas à título de ISONOMIA. Agora vamos pensar em outro exemplo: O Banco do Brasil celebra contrato de prestação de serviço com empresa de vigilância e segurança interna. A empresa interposta não paga o piso salarial correto, as horas extras, não confere direito a intervalo de almoço, não paga lanche e refeição e ainda por cima deixa de recolher FGTS e INSS. Acionado na justiça qual seria a responsabilidade do Banco do Brasil? De quem seria o ônus da prova acerca da Fiscalização? Qual seria o tipo de responsabilidade? Perceberam que são dois casos totalmente distintos que envolvem o fenômeno da terceirização que o presente IUJ precisa harmonizar com os precedentes já existentes no âmbito deste regional. 3ª Abordagem - Observância ao Princípio da Proteção do Trabalhador - Necessidade de se Imprimir uma interpretação Conforme à Constituição. Uma terceira abordagem diz respeito a necessidade de se observar o principio da proteção do trabalhador, parte mais vulnerável na relação laboral. Para isso, dentre outros casos emblemáticos chamo a atenção de V.Exas para o caso ADSERVIS, famosa prestadora de serviços que tinha como clientes o Poder Público a qual encerrando suas atividades de forma irregular deixou milhares de trabalhadores sem receber seus respectivos créditos trabalhistas. https://pje.trt3.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/do... 5 de 8 03/05/2019 23:20 Se essa corte entender que cabe ao trabalhador o ônus da prova acerca da ausência de fiscalização do contrato de prestação de serviço e que não há responsabilidade solidária ou subsidiária estará se criando uma autorização jurisdicional para o inadimplemento de verbas trabalhistas em verdadeira afronta a Constituição Federal. Daí a necessidade de se enfrentar o presente incidente com lastro no principio hermenêutico da interpretação conforme à constituição. Foi essa a linha de raciocínio da Ministra Rosa Weber como se viu no julgado do Supremo já relatado pelo Núcleo de Jurisprudência do Regional e que descabe mencioná-lo novamente. Com efeito, é por demais sabido que não há transferência automática para o Poder Público acerca do inadimplemento das verbas trabalhistas das empresas interpostas. Claro que não há essa transferência automática, como também não pode haver uma liberação irrestrita para o inadimplemento de tais encargos laborais. O presente incidente deve ser pautado na observância horizontal do direito do trabalho à luz da Constituição Federal, a fim de que o trabalhador, parte mais frágil dessa relação não fique ainda mais fragilizado. 4ª Abordagem - Necessidade de se criar um verbete intermediário - Diante de tal quadro o mais ideal seria a criação de uma tese jurídica uniforme equilibrada. Um entendimento intermediário que seria capaz de abranger tanto os casos de terceirização ilícita como também nos casos de terceirização legal. Diante disso, como amigo da corte, proponho a seguinte proposta de elaboração de verbete sumular ou de tese jurídica prevalecente. https://pje.trt3.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/do... 6 de 8 03/05/2019 23:20 RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ERCEIRIZAÇÃO. ENTE PÚBLICO. FISCALIZAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. I - Reconhecida a nulidade do contrato de trabalho firmado entre o Poder Público (Tomador) com a prestadora de serviços em virtude de terceirização ilícita de atividade fim, embora não possa gerar vinculo empregatício por força do disposto no art. 37, inciso II e § 2º, da Constituição Federal, remanesce, contudo, sua responsabilidade subsidiária pela quitação das verbas legais e normativas asseguradas aos empregados da tomadora, integrantes da respectiva categoria em respeito ao princípio da isonomia. (obs. Adaptação do item I e II da súmula n. 49) II - O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não transfere automaticamente ao tomador a responsabilidade pelo pagamento , seja em caráter solidário ou subsidiário, entretanto, também não há como impor ao trabalhador, parte vulnerável o ônus da prova acerca dos riscos da atividade empresarial sob pena de violar os preceitos fundamentais, ficando ao encargo do julgador caso a caso apurar se é hipótese de responsabilidade solidária ou subsidiária. CONCLUSÃO. ANTE O EXPOSTO, ANCORADO NO ART. 138 DO CPC, ESTE SIGNATÁRIO PUGNA PELO RECEBIMENTO DESTA MANIFESTAÇÃO COMO AMIGO DA CORTE, DE MODO A COLABORAR COM A TESE JURIDICA QUE ORA SE PRETENDE CRIAR, DEIXANDO ESSAS SINGELAS OBSERVAÇÕES EM FORMA DE ABORDAGENS REFLEXIVAS A SEREM OPORTUNAMENTE ENFRENTADAS. APRESENTA, AINDA, PROPOSTA DE CRIAÇÃO DE VERBETE SUMULAR CONFORME ACIMA DECLINADO. Pede deferimento. Belo Horizonte, 13 de abril de 2018. PAULO RONALDO GOMES SANTARELLI OAB/MG 128.287 Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: [PAULO RONALDO GOMES SANTARELLI] https://pje.trt3.jus.br 18041316274785200000024655192 https://pje.trt3.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/do... 7 de 8 03/05/2019 23:20 /segundograu/Processo /ConsultaDocumento /listView.seam https://pje.trt3.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/do... 8 de 8 03/05/2019 23:20 Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região - 2º Grau O documento a seguir foi juntado ao autos do processo de número 0011608-93.2017.5.03.0000 em 04/04/2018 18:14:36 e assinado por: - DAVI MONTEIRO DINIZ 18040418135274500000024291217 Consulte este documento em: https://pje.trt3.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam usando o código: 18040418135274500000024291217 ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO PROCURADORIA-GERAL FEDERAL PROCURADORIA FEDERAL NO ESTADO DE MINAS GERAIS Rua Santa Catarina, nº 480, 15º andar, Tel.: 3029-3302, *3029-3301 – Lourdes – CEP 30.170-080 Belo Horizonte - Minas Gerais - e-mail: pfmg@agu.gov.br EX.MO RELATOR JOSÉ EDUARDO DE RESENDE CHAVES JÚNIOR DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA TERCEIRA REGIÃO Processo: IUJ 0011608-93.2017.5.03.0000 Partes: SUSCITANTE: Ministro da 4a. Turma do Tribunal Superior do Trabalho PARTE RÉ: Desembargador 1º Vice-Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região Tema: Responsabilidade Subsidiária. Terceirização. Ente público. Fiscalização. Ônus da Prova A PROCURADORIA-GERAL FEDERAL NO ESTADO DE MINAS GERAIS, órgão vinculado à Advocacia-Geral da União, incumbida da representação judicial e extrajudicial das autarquias e fundações públicas federais, nos termos da Lei nº 10.480/02, vem, respeitosamente, perante V.Ex.a, com fundamento no art. 543-C, §4º, do CPC, requerer o ingresso, na qualidade de amicus curiae, nos autos do processo em epígrafe, objetivando contribuir para o debate sobre o tema Responsabilidade Subsidiária. Terceirização.Ente público. Fiscalização. Ônus da Prova, nos termos adiante expostos. Inicialmente, é de se parabenizar o Eg. TRT da 3ª Região, na figura do Ex.mo Relator, pela louvável iniciativa de convocar uma audiência pública, assim dando voz a todos os interessados no tema, de modo a permitir que os diversos ângulos da questão sejam apresentados. A medida, com certeza, empresta legitimidade às ações do Poder Judiciário, especialmente em processos que poderão repercutir com efeitos transcendentes, ainda que, como no caso, para uniformizar a jurisprudência. Consoante a finalidade dessa intervenção, apresentar-se-á depoimento sobre a experiência da Procuradoria-Geral Federal a respeito do tema, trazendo aos autos como se formou, entre as Procuradoras e Procuradores Federais, a firme convicção no sentido de ser necessário melhor se esclarecer o alcance da responsabilidade subsidiária da Administração Pública, em sede de terceirização. ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO PROCURADORIA-GERAL FEDERAL PROCURADORIA FEDERAL NO ESTADO DE MINAS GERAIS Rua Santa Catarina, nº 480, 15º andar, Tel.: 3029-3302, *3029-3301 – Lourdes – CEP 30.170-080 Belo Horizonte - Minas Gerais - e-mail: pfmg@agu.gov.br Registre-se, inicialmente, que a Procuradoria-Geral Federal atua principalmente junto à Administração Indireta, ou seja, em Autarquias e Fundações que lidam vis-à-vis com a prestação de serviços públicos à sociedade. Essa prestação, como se sabe, liga-se primordialmente à concretização de direitos sociais fundamentais, como se vê nas áreas de saúde, educação e previdência social. Nessa perspectiva, a Procuradoria-Geral Federal vive cotidianamente os sucessos e dificuldades da gestão do Estado brasileiro e suas repercussões na sociedade. Sublinhe-se que a missão da Procuradoria-Geral Federal ocorre tanto em nível consultivo como em nível contencioso, ou seja, não só ela deve esclarecer os gestores a respeito das normas administrativas, como também defender suas políticas, ações e decisões, quando desafiadas por reclamações oferecidas nos Tribunais. Assim, convivemos com a terceirização e seus conflitos em mais de uma centena de autarquias e fundações federais, que atuam em todo o país. Nessa profícua experiência se formou o convencimento da Procuradoria-Geral Federal, como também, percebe-se, da Advocacia Pública em todos os níveis da Federação, no sentido de que os entes da Administração Pública não podem ser igualados a empresas privadas. Ao contrário, merecem ser reconhecidas as suas diferenças. Em síntese, tais desigualdades, entre Administração Pública e empresas privadas, são profundas e devem ser levadas em conta, ao se decidirem os conflitos trabalhistas. Rememore-se que expressiva parte dos órgãos da Administração Pública diferencia-se das empresas privadas, tanto na sua organização interna, como nas suas relações com terceiros, não se mostrando razoável, e sendo até mesmo injusto, equiparar de modo indistinto entes públicos a particulares. Para ilustrar tais diferenças, rememore-se que, inversamente ao que seria provável nas relações econômicas entre particulares, eventualmente ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO PROCURADORIA-GERAL FEDERAL PROCURADORIA FEDERAL NO ESTADO DE MINAS GERAIS Rua Santa Catarina, nº 480, 15º andar, Tel.: 3029-3302, *3029-3301 – Lourdes – CEP 30.170-080 Belo Horizonte - Minas Gerais - e-mail: pfmg@agu.gov.br atrasar, ou limitar, o pagamento de salários de servidores ou terceirizados não tornará o ente público mais rico ou em melhor situação patrimonial. Diferentemente, o principal interesse do gestor público é o de que o serviço público seja prestado, o órgão funcione, os objetivos legais sejam cumpridos e, também, o de que ele não seja acusado de negligência ou omissão pelos diversos atores que demandam, fiscalizam e julgam os serviços públicos. Deveras, é sabido que o ente público federal atua por balizas legais cogentes, em que a autonomia da vontade é marginal. Então, note-se, o ente público não terá, nem o poder, nem os meios, que normalmente estão disponíveis a uma grande empresa privada que contrata outra para prestar serviços terceirizados. Assim, se um contratado começa a falhar na execução do contrato, o ente público não pode imediatamente rescindir o respectivo contrato e chamar outra empresa, mas, em regra, deverá primeiro conceder ampla defesa no bojo do devido processo administrativo, para só depois agir. Do mesmo modo, as ações de gestão do contrato administrativo que ele pode adotar são aquelas previstas nas normas, não podendo ele exigir do contratado mais do que está nelas. Assim, por exemplo, se o Estado brasileiro decide, por seu Poder Legislativo, que a Administração Pública deve dar preferência a contratar pequenas empresas para estimular a economia, não há como os entes públicos selecionarem apenas empresas de capital robusto. Do mesmo modo, a fiscalização que o ente público pode realizar é aquela prevista nas normas, com o limitado poder que elas lhe concedem. O ente público não pode ultrapassar essas balizas de poder, sob pena de se expor a ser acusado de abuso e ser sancionado pelo Judiciário. Na Administração Pública federal, há um conjunto de normas que prescrevem como a fiscalização de contratos em sede de terceirização deve ocorrer. Elas detalham como essa fiscalização deve se dar, considerando momentos e modos distintos: ela será distribuída em tempos - inicial, mensal ou diária - e em fases, de maneira especifica para alguns documentos, ou por amostragem para outros. ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO PROCURADORIA-GERAL FEDERAL PROCURADORIA FEDERAL NO ESTADO DE MINAS GERAIS Rua Santa Catarina, nº 480, 15º andar, Tel.: 3029-3302, *3029-3301 – Lourdes – CEP 30.170-080 Belo Horizonte - Minas Gerais - e-mail: pfmg@agu.gov.br No momento em que, por um lado, há uma força no sentido de que o ente público deveria fiscalizar além da norma estabelecida pelo Estado; porém, em sentido oposto, outra dizendo que seu poder de fiscalizar limitar-se-ia ao que prescrevem as normas, instaura-se a perplexidade e a insegurança do gestor, na sua tarefa de conduzir a Administração Pública. Desse quadro emerge, na Advocacia Pública, a percepção de a tensão subjacente a esse confronto ser imensamente prejudicial à prestação dos serviços públicos, devendo ser solucionada. Indaga-se, então, como os agentes públicos, os quais concretizam as ações estatais, devem proceder para cumprir a lei e evitar que o ente público seja condenado a indenizar por culpa. Entretanto, uma vez que o instituto da culpa se expressa pela violação de um dever preexistente, dever posto em lei, dever posto em norma jurídica, dever esse cuja violação o agente acusado poderia e deveria evitar, resulta cristalino que, sem definição clara de qual são os deveres preexistentes, justamente, tais deveres, as ações que os gestores deverão concretizar em milhares de órgãos administrativos por todo o país, o eventual julgamento desses gestores perderá em aspectos estruturantes e ganhará forte imprevisibilidade. Assim, enquanto não se pacificar, nos Tribunais, entendimento explícito sobre qual a extensão e conteúdo do dever legal dos gestores em face do contrato administrativo, e ainda, como provar que esses deveres foram atendidos, caberá, sim, aos advogados públicos de todas as esferas, debater o ponto até a matéria encontrar leito estável. Por outro lado, ao se tentar medir essesdeveres por expressões incomensuráveis, tais como, “fiscalização efetiva”, “fiscalização eficaz” ou outras congêneres, assim se evitando, ainda que por balizas pretorianas, finalmente se esclarecer qual seria a conduta específica a ser adotada, o instituto da culpa perderá consistência, pois terá seu conteúdo definido somente após o fato. Ou seja, somente após realizada a conduta saber-se-á o que era ilícito, assim se procedendo para editar condenação por culpa. ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO PROCURADORIA-GERAL FEDERAL PROCURADORIA FEDERAL NO ESTADO DE MINAS GERAIS Rua Santa Catarina, nº 480, 15º andar, Tel.: 3029-3302, *3029-3301 – Lourdes – CEP 30.170-080 Belo Horizonte - Minas Gerais - e-mail: pfmg@agu.gov.br Nessa linha, antes de se debater questões de índole eminentemente processual, tal como inversão de ônus da prova, necessário se faz esclarecer o que deve ser provado. Sem embargo, o que deve ser regularmente provado, em sede de culpa, é o desatendimento a deveres especificados em normas. Se não se especifica o que deverá ser provado, o debate sobre inversão do ônus da prova meramente ocultará o fato de eventualmente se condenar pessoas por culpa extracontratual, em face de terceiro, sem lhes conceder o elementar direito de saberem qual ilícito foi cometido. É de se avaliar, portanto, quão diabólica se configuraria a prova de fato indeterminado. Assim, não raro, a Administração poderá trazer aos autos trabalhistas prova que cumpriu as determinações legais, para, em seguida, tal prova ser declarada insuficiente. Como importante consequência deletéria, o gestor sequer saberá como agir futuramente para evitar condenação similar, pois, na hipótese imaginada, cumpriu as normas, mas a Administração restou condenada, sendo inclusive lhe imputada culpa, ou seja, conduta ilícita. Imagine, V.Ex.a, o possível efeito nos gestores, ler numa sentença que a Administração Pública quase nunca fiscaliza os contratos administrativos, e que ela, sob a direção dele, teria sido negligente, apesar de ter cumprido todas as normas incidentes à espécie. Principalmente, considere-se que, ao se condenar alguém por culpa, esta culpa, em princípio, é por fato próprio, não por fato alheio. Não se trata meramente de imputar responsabilidade por fato de terceiro. Está se declarando alguém culpado, com os eventuais efeitos que tal imputação poderá acarretar para o condenado. Não resta dúvida que, contemporaneamente, fortalece-se no Brasil a consciência de ser prejudicial ao Estado de Direito declarar as pessoas culpadas sem se esclarecer, de modo comprovado, que ilícito cometeram. Por fim, relativamente ao ônus da prova, reitera-se, na espécie, o entendimento adotado pelo STF no julgamento do R.E. 760.931, consoante ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO PROCURADORIA-GERAL FEDERAL PROCURADORIA FEDERAL NO ESTADO DE MINAS GERAIS Rua Santa Catarina, nº 480, 15º andar, Tel.: 3029-3302, *3029-3301 – Lourdes – CEP 30.170-080 Belo Horizonte - Minas Gerais - e-mail: pfmg@agu.gov.br explicitado pela recente jurisprudência do Eg. TST, em suas diversas Turmas, como a seguir se transcreve: “EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ENTE PÚBLICO. AUSÊNCIA DE CARACTERIZAÇÃO DA CULPA IN VIGILANDO. Restou expressamente consignado no v. acórdão embargado: "uma vez que a condenação subsidiária da entidade pública não está amparada na prova efetivamente produzida nos autos, de que incorreu em culpa ' in vigilando' , ante a ausência de fiscalização dos direitos trabalhistas dos empregados da empresa prestadora de serviços, mas sim em mera presunção, pela atribuição do ônus da prova ao ente público, inviável a condenação subsidiária da tomadora de serviços, pois em desacordo com o atual entendimento do Supremo Tribunal Federal" (pág. 491 - sem grifos no original), conclusão esta embasada na "recente decisão do STF no RE nº 760.931, com repercussão geral, que atribuiu o ônus da prova da ausência de fiscalização ao trabalhador" (pág. 491). Com efeito, a leitura dos embargos de declaração nos permite concluir que a autora limita-se a se insurgir contra decisão que lhe foi desfavorável, o que não encontra respaldo na via eleita. Assim sendo, não há que se falar em contradição ou obscuridade no acórdão ora embargado. Inexistem quaisquer dos vícios especificados nos artigos 897-A da Consolidação das Leis do Trabalho (omissão ou contradição) e 1.022 do Código de Processo Civil. Pelo contrário, o que se verifica é o inconformismo da embargante com o resultado colhido, não sendo os embargos declaratórios o meio adequado para a reforma da decisão. Embargos de declaração conhecidos e desprovidos. ( ED-RR - 1574- 35.2010.5.09.0001 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento: 07/02/2018, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 09/02/2018)” I - AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. LEI Nº 13.015/2014. ENTE PÚBLICO. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. 1 - Preenchidos os pressupostos de admissibilidade previstos no art. 896, § 1º-A, da CLT. 2 - Aconselhável o provimento do agravo de instrumento para melhor exame do recurso de revista quanto à alegada violação do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93. 3 - Agravo de instrumento a que se dá provimento. II - RECURSO DE REVISTA. LEI Nº 13.015/2014. ENTE PÚBLICO. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. 1 - Conforme o Pleno do STF (ADC nº 16/DF e Agravo Regimental em Reclamação nº 16.094) e o Pleno do TST (item V da Súmula nº 331), relativamente às obrigações trabalhistas, é vedada a transferência automática para o ente público, tomador de serviços, da ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO PROCURADORIA-GERAL FEDERAL PROCURADORIA FEDERAL NO ESTADO DE MINAS GERAIS Rua Santa Catarina, nº 480, 15º andar, Tel.: 3029-3302, *3029-3301 – Lourdes – CEP 30.170-080 Belo Horizonte - Minas Gerais - e-mail: pfmg@agu.gov.br responsabilidade da empresa prestadora de serviços; a responsabilidade subsidiária não decorre do mero inadimplemento da empregadora, mas da culpa do ente público no descumprimento das obrigações previstas na Lei nº 8.666/93. 2 - No voto do Ministro Relator da ADC nº 16/DF, Cezar Peluso, constou a ressalva de que a vedação de transferência consequente e automática de encargos trabalhistas, "não impedirá que a Justiça do Trabalho recorra a outros princípios constitucionais e, invocando fatos da causa, reconheça a responsabilidade da Administração, não pela mera inadimplência, mas por outros fatos". Contudo, a Sexta Turma do TST, por disciplina judiciária, a partir da Sessão de Julgamento de 25/3/2015, passou a seguir a diretriz fixada em reclamações constitucionais nas quais o STF afastou a atribuição do ônus da prova ao ente público nessa matéria. 3 - O Pleno do STF, em repercussão geral, com efeito vinculante, no RE nº 760.931, Redator Designado Ministro Luiz Fux, fixou a seguinte tese: "O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não transfere automaticamente ao Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93". Nos debates no julgamento do RE nº 760.931, o Pleno do STF deixou claro que o art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/1993, ao estabelecer que "a inadimplência do contratado, com referência aos encargos trabalhistas, (...) não transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento", veda a transferência automática, objetiva, sistemática,e não a transferência fundada na culpa do ente público. Embora não tenham constado na tese vinculante, no julgamento do RE nº 760.931 foram decididas as seguintes questões: a) ficou vencido o voto da Ministra Relatora Rosa Weber de que o ônus da prova seria do ente público; b) a maioria julgadora entendeu que o reconhecimento da culpa do ente público exige elemento concreto de prova, não se admitindo a presunção (como são os casos da distribuição do ônus da prova e do mero inadimplemento). 4 - Recurso de revista a que se dá provimento. ( RR - 459- 70.2016.5.11.0014 , Relatora Ministra: Kátia Magalhães Arruda, Data de Julgamento: 07/02/2018, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 09/02/2018) I - AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. ESTADO DE PERNAMBUCO. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.015/2014. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TOMADOR DE SERVIÇOS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. A Corte Regional condenou o Estado de Pernambuco como responsável subsidiário sem a demonstração cabal do nexo de causalidade entre o dano ao empregado terceirizado e a conduta negligente do ente público ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO PROCURADORIA-GERAL FEDERAL PROCURADORIA FEDERAL NO ESTADO DE MINAS GERAIS Rua Santa Catarina, nº 480, 15º andar, Tel.: 3029-3302, *3029-3301 – Lourdes – CEP 30.170-080 Belo Horizonte - Minas Gerais - e-mail: pfmg@agu.gov.br no tocante à fiscalização da prestadora de serviços quanto ao cumprimento das obrigações trabalhistas. Demonstrada ofensa ao art. 71, § 1º, da Lei 8.666/93. Agravo de instrumento de que se conhece e a que se dá provimento, para determinar o processamento do recurso de revista, observando-se o disposto na Resolução Administrativa nº 928/2003. II - RECURSO DE REVISTA. ESTADO DE PERNAMBUCO. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.015/2014. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TOMADOR DE SERVIÇOS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. I. Nos termos da tese fixada pelo Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário com repercussão geral 760931/DF, "o inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não transfere automaticamente ao Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93". II. Assim, somente é cabível a responsabilidade subsidiária do ente público tomador de serviços na hipótese de caracterização cabal do nexo de causalidade entre o inadimplemento das obrigações trabalhistas e a conduta negligente dos integrantes da Administração Pública na fiscalização da prestadora de serviços. III. Caso em que a responsabilidade subsidiária foi declarada sem a comprovação efetiva de que a conduta culposa da Administração Pública é que gerou o não cumprimento das obrigações pela prestadora de serviços. IV. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento. ( RR - 1677-75.2014.5.06.0004 , Relator Ministro: Fernando Eizo Ono, Data de Julgamento: 07/02/2018, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 09/02/2018) Assim, pede-se à Egrégia Corte que, ordinariamente, não se impute culpa aos entes públicos à revelia de conduta ilícita delineada e provada nos autos. Termos em que pede deferimento. Davi Monteiro Diniz Procurador Federal EX.MO RELATOR JOSÉ EDUARDO DE RESENDE CHAVES JÚNIOR DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA TERCEIRA REGIÃO Processo: IUJ 0011608-93.2017.5.03.0000 Partes: SUSCITANTE: Ministro da 4a. Turma do Tribunal Superior do Trabalho PARTE RÉ: Desembargador 1º Vice-Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região Tema: Responsabilidade Subsidiária. Terceirização. Ente público. Fiscalização. Ônus da Prova A PROCURADORIA-GERAL FEDERAL NO ESTADO DE MINAS GERAIS, órgão vinculado à Advocacia-Geral da União, incumbida da representação judicial e extrajudicial das autarquias e fundações públicas federais, nos termos da Lei nº 10.480/02, vem, respeitosamente, perante V.Ex.a, com fundamento no art. 543-C, §4º, do CPC, requerer o ingresso, na qualidade de amicus curiae, nos autos do processo em epígrafe, objetivando contribuir para o debate sobre o tema Responsabilidade Subsidiária. Terceirização. Ente público. Fiscalização. Ônus da Prova, consoante as razões anexas. Pede deferimento. Davi Monteiro Diniz Procurador Federal Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: [DAVI MONTEIRO DINIZ] https://pje.trt3.jus.br /segundograu/Processo /ConsultaDocumento /listView.seam 18040418053691600000024291069 https://pje.trt3.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/do... 1 de 1 03/05/2019 23:18 Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região - 2º Grau O documento a seguir foi juntado ao autos do processo de número 0011608-93.2017.5.03.0000 em 04/04/2018 17:04:07 e assinado por: - LUCILENE SILVA FONTES 18040417033859600000024287755 Consulte este documento em: https://pje.trt3.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam usando o código: 18040417033859600000024287755 Estado de Minas Gerais Advocacia Geral do Estado de Minas Gerais EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DA TERCEIRA REGIÃO. Suscitante: Ministro da Quarta Turma do Tribunal Superior do Trabalho Suscitado: Desembargador 1º Vice-Presidente do TRT 3ª Região Relator: Desembargador José Eduardo de Resende Chaves Júnior Autos nº 0011608-93.2017.5.03.0000 IUJ O ESTADO DE MINAS GERAIS, pessoa jurídica de direito público, vem, por meio de seu Procurador do Estado, dispensado de juntar instrumento de mandato, conforme Súmula 436 do TST, apresentar MANIFESTAÇÃO, pelas razões de fato e de direito expostas a seguir. Em vista do entendimento fixado pelo STF no julgamento da ADC 16, aquela corte constitucional entendeu que o artigo 71, §1º, da Lei nº 8.666/93 não é inconstitucional e, portanto, deve ser observado. Após tal julgamento o Colendo TST, alterou o inciso V da Súmula 331, buscando a responsabilização em caso de culpa. Nesse sentido, o atual inciso V da Súmula 331 do TST dispõe que, para haver condenação de forma subsidiária dos entes integrantes da administração pública direta e indireta, necessário evidenciar sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei 8.666/93. Isto porque, o artigo 71, §1°, da Lei 8.666/91, ao dispor que "A inadimplência do contratado, com referência aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento, nem poderá onerar o objeto do contrato ou ou restringir a regularização e o uso das obras e edificações, inclusive perante o Registro de Imóveis" - faz-se no sentido de que os órgãos públicos (administração direta e indireta) não poderão se eximir dos deveres de vigilância https://pje.trt3.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/do... 1 de 5 03/05/2019 23:17 contratual, evitando, desta forma, qualquer interpretação que pudesse vir a reconhecer a responsabilidade sem culpa do Estado. Mais recentemente, ao julgar o RE 760931 em 30.3.2017, o Supremo Tribunal Federal, em regime de repercussão geral, consolidou a tese jurídica no sentido de que: "O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não transfere automaticamente ao Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93. Analisandoos motivos que foram expostos pelos Ministros do STF, por ocasião da construção da tese prevalecente, nos termos do art. 926 do CPC, constatamos: Os debates travados entre os Ministros foram bastante elucidativos, cumprindo reprisar o teor da proposta inicialmente apresentada pela Ministra Carmem Lúcia, ao início da retomada daquele julgamento. Disse Sua Excelência: "Na sessão do dia 30 de março, nós deliberamos que fixaríamos a tese geral, numa outra assentada, e para isso estamos agora nos debruçando. Naquela assentada, tinha sido apresentado, acho que com a anuência de alguns ministros ou pelo menos com inicial proposta de alguns ministros, a seguinte tese: Ante a ausência de prova taxativa de nexo de causalidade entre a conduta da Administração e o dano sofrido pelo trabalhador, a dizer que se tenha comprovado peremptoriamente no processo tal circunstância, subsiste o ato administrativo; e a Administração Pública exime-se da responsabilidade por obrigações trabalhistas em relação àqueles que não compõem os seus quadros. Apenas queria dizer que, em conversas com alguns ministros - Ministro Toffoli, Ministro Gilmar, enfim -, na tentativa, sempre, de tornarmos clara e direta, para evitar, como afirma o Ministro Marco Aurélio, que as nossas teses de repercussão geral tenham pontos de interrogação que possam ensejar novos questionamentos, também foi apresentada - e fui uma das que apresentou - a seguinte tese paralela àquela: Salvo comprovação cabal de culpa da Administração Pública contratante, exime-se a Entidade Pública de responsabilidade por obrigações trabalhistas dos empregados das entidades contratadas. Mas, a primeira foi a tese que até o Ministro Alexandre de Moraes dava aquiescência." (fl. 334 do acórdão). Em seguida, o Ministro Luiz Fux registrou: "E, aí, exatamente para nós elaborarmos uma redação imune de dúvidas, o que aqui se discutiu? Se discutiu que a Administração Pública não tem os encargos trabalhistas transferidos por força do inadimplemento da parte contratada. Foi isso que se discutiu. Entendemos constitucional, já em outro julgado, o § 1º do art. 71. Então, a tese mais seca que eu propunha era a seguinte: O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não transfere ao Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71 § 1º da Lei 8.666." (fls. 334/335). Dissentindo dessa compreensão, os Ministros Ricardo Lewandowski, Luis Roberto Barroso e a Ministra Rosa Weber ponderaram que a possibilidade de imputação da responsabilidade havia sido proclamada por ocasião do julgamento da ADC 16, segundo se observa da manifestação da Ministra Weber: "Senhora Presidente, com todo o respeito, a discussão não foi bem essa, porque já havia uma decisão precedente, desta Suprema Corte, na ADC 16, quando se examinou a constitucionalidade do art. 71 da Lei de Licitações, em que se proclamou que não havia transferência automática de responsabilidade. E, a partir de inúmeros votos proferidos, se ressalvou, como de resto não se poderia deixar de fazer, que, na existência de culpa, a Administração poderia vir a ser responsabilizada." (fl. 336). E prosseguiu: "A conclusão aqui, pelo que entendi, foi no sentido de que o ônus da prova é sempre do reclamante e que se exige prova robusta nessa linha. Essa, segundo entendi, a solução emprestada pela Suprema Corte ao tema em debate; com todo respeito, foi o que eu compreendi." (fl. 337). https://pje.trt3.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/do... 2 de 5 03/05/2019 23:17 Ainda em meio aos debates, com proposições e questionamentos apresentados pelos Ministros, sobreveio nova manifestação do Min. Barroso, bastante elucidativa: "O que nós entendemos, pelo menos foi isso que compreendi, é que esta responsabilização não pode ser automática, muito menos genérica, como vinha fazendo em muitas decisões o Tribunal Superior do Trabalho, que dizia assim: se há inadimplência trabalhista, há responsabilidade. Não é assim. Agora, eu acho que, comprovada a desídia do ente público... Quando é que eu acho que há desídia? Quando, comunicado da existência de uma falha em relação ao cumprimento da legislação trabalhista, nada providencia, ou se não exercer nenhum tipo de fiscalização. Mas eu me contento com uma fiscalização por amostragem minimamente séria. De modo que, a meu ver, Presidente, o que nós decidimos é que não há responsabilização automática, mas, demonstrada não de forma genérica, porém de forma cabal e específica a culpa, aí sim, pode ser caracterizada." (fls. 339/340). Mas o punctum saliens dos debates ocorreu já ao final do julgamento, quando se discutiu a responsabilidade pelo ônus da prova da fiscalização do contrato pela Administração. Suscitada a questão pelo Min. Dias Toffoli (fls. 349/350), o Min. Fux esclareceu: "Suponhamos que o reclamante promova uma demanda alegando isso. Então, ele tem que provar o fato constitutivo do seu direito: deixei de receber, porque a Administração largou o contratado para lá, e eu fiquei sem receber." Nesse cenário, mostra-se impositivo concluir ser permitida a responsabilização do ente da Administração Pública, em caráter excepcional, desde que robustamente comprovada sua conduta culposa, não se cogitando de responsabilidade objetiva ou de transferência automática da responsabilidade pela quitação dos haveres em razão do simples inadimplemento das obrigações trabalhistas pela prestadora de serviços. Ademais, tem-se que compete ao Autor da ação o ônus probatório quanto à conduta culposa do tomador de serviços. Neste sentido inclusive já decidiu o C. TST, em recente decisão, cuja ementa pela clareza transcreve-se: Publicação: 1 Data da Publicacao: 09/03/2018 Tribunal: TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO Vara: Secretaria da Quinta Turma Processo No RR-0010455-51.2015.5.03.0014 Complemento Processo Eletronico Relator Min. Douglas Alencar Rodrigues Recorrente(s) ESTADO DE MINAS GERAIS Procuradora Dra. JULIANA FARIA PAMPLONA Recorrido(s) BRUNO RAFAEL QUEIROGA Advogado Dr. Marcelo Antonio Neves Ferreira(OAB: 96179/MG) Recorrido(s) ALPHA VIGILANCIA E SEGURANCA LTDA. Intimado(s)/Citado(s): - ALPHA VIGILANCIA E SEGURANCA LTDA. - BRUNO RAFAEL QUEIROGA - ESTADO DE MINAS GERAIS Orgao Judicante - 5a Turma DECISAO: por unanimidade, conhecer do recurso de revista, por violacao do artigo 818 da CLT, e, no merito, dar-lhe provimento para afastar a responsabilidade subsidiaria do Recorrente pelos creditos trabalhistas devidos ao Reclamante. Custas inalteradas. EMENTA : RECURSO DE REVISTA. REGIDO PELA LEI 13.015/2014. RESPONSABILIDADE SUBSIDIARIA. ENTE DA ADMINISTRACAO PUBLICA. CONDUTA CULPOSA. ONUS DA PROVA. Ao julgar a ADC 16/DF e proclamar a constitucionalidade do § 1o do artigo 71 da Lei 8.666/93, a Suprema Corte nao afastou a possibilidade de imputacao da responsabilidade subsidiaria aos entes da Administracao Publica, por dividas trabalhistas mantidas por empresas de terceirizacao por eles https://pje.trt3.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/do... 3 de 5 03/05/2019 23:17 contratadas, desde que configurada conduta culposa, por omissao ou negligencia, no acompanhamento da execucao dos contratos de terceirizacao celebrados, nos moldes da Sumula 331, V, do TST. Mais recentemente, ao julgar o RE 760931, em 30/3/2017, o Supremo Tribunal Federal, em regime de repercussao geral, consolidou a tese juridica no sentido de que O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado nao transfere automaticamente ao Poder Publico contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em carater solidarioou subsidiario, nos termos do art. 71, § 1o, da Lei no 8.666/93. A tese juridica consagrada pela Excelsa Corte em nada difere da compreensao desta Corte, inscrita no item V da Sumula 331, o qual dispoe que Os entes integrantes da Administracao Publica direta e indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condicoes do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigacoes da Lei n.o 8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalizacao do cumprimento das obrigacoes contratuais e legais da prestadora de servico como empregadora. A aludida responsabilidade nao decorre de mero inadimplemento das obrigacoes trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada Cumpre ressaltar, todavia, que, na sessao do dia 26/4/2017, apos o julgamento do referido RE 760931, ressaltou a Excelentissima Ministra Carmem Lucia, no debate travado com os demais Ministros, que Ante a ausencia de prova taxativa de nexo de causalidade entre a conduta da Administracao e o dano sofrido pelo trabalhador, a dizer que se tenha comprovado peremptoriamente no processo tal circunstancia, subsiste o ato administrativo; e a Administracao Publica exime-se da responsabilidade por obrigacoes trabalhistas em relacao aqueles que nao compoem os seus quadros, concluindo, ao final, que Salvo comprovacao cabal da culpa da Administracao Publica contratante, exime-se a Entidade Publica de responsabilidade por obrigacoes trabalhistas dos empregados das entidades contratadas. Ainda no curso do debate, ponderou a Excelentissima Ministra Rosa Weber que o onus da prova e sempre do reclamante, exigindo-se prova robusta nessa linha. A partir da analise dos fundamentos lancados no debate travado no ambito do Supremo Tribunal Federal e possivel concluir ser permitida a responsabilizacao do Ente da Administracao Publica, em carater excepcional, desde que robustamente comprovada sua conduta culposa, nao se cogitando de responsabilidade objetiva ou de transferencia automatica da responsabilidade pela quitacao dos haveres em razao do simples inadimplemento das obrigacoes trabalhistas pela prestadora de servicos. Ademais, tem-se que compete ao Autor da acao o onus probatorio quanto a conduta culposa do tomador de servicos. No caso dos autos, o Tribunal Regional destacou que competia ao Ente Publico provar que fiscalizou a execucao do contrato de prestacao de servicos, concluindo, diante do contexto de ausencia de provas, configurada a culpa in vigilando da tomadora. Nesse cenario, diante da equivocada distribuicao do onus da prova, resta violado o art. 818 da CLT. Recurso de revista conhecido e provido. Aliás outra não poderia ser a conclusão, seja porque compete ao autor o ônus de provar os fatos constitutivos do seu direito, seja porque os atos administrativos possuem a presunção de legalidade. Sendo certo ao demais, que o ordinário se presume e o extraordinário se prova. Valendo sempre ressaltar, que a fiscalização estatal é sempre a posteriore, ou seja, não tem o condão de impedir o ato ilegal, mas visa tomar medidas para que o mesmo não se repita ou que seja sanado. Finalmente, ainda que se admitisse a inversão do ônus da prova ou a adoção de teorias de aptidão para a prova, o que se admite apenas para argumentar, está não pode se dar na prolação da sentença, surpreendendo a parte e desrespeitando a ampla defesa e o devido processo legal. https://pje.trt3.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/do... 4 de 5 03/05/2019 23:17 DA CONCLUSÃO Ante o exposto, o Estado de Minas Gerais pugna para que a distribuição do ônus da prova seja feita nos termos do art. 818 da CLT, devendo o Autor provar a culpa da Administração e o nexo de causalidade entre a culpa e o eventual dano. Pede deferimento. Belo Horizonte, 02 de abril de 2018. GERALDO ILDEBRANDO DE ANDRADE - OAB/MG 64.127 PROCURADOR DO ESTADO - MASP 598220-2 Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: [GERALDO ILDEBRANDO DE ANDRADE] https://pje.trt3.jus.br /segundograu/Processo /ConsultaDocumento /listView.seam Documento assinado pelo Shodo 18040210022926000000024138184 https://pje.trt3.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/do... 5 de 5 03/05/2019 23:17 PROCESSO Nº 0011608-93.2017.5.03.0000 - IUJ TRIBUNAL PLENO Suscitante: Ministro da Quarta Turma do Tribunal Superior do Trabalho Suscitado: Desembargador 1º Vice-Presidente do TRT 3ª Região Relator: Desembargador José Eduardo de Resende Chaves Júnior PARECER 1. RELATÓRIO Trata-se de Incidente de Uniformização de Jurisprudência suscitado pelo Exmo. Sr. Ministro da Quarta Turma do Tribunal Superior do Trabalho, João Oreste Dalazen, nos autos do processo nº TST- RR-10522-21.2014.5.03.0153, tendo em vista a constatação da existência de decisões atuais e conflitantes no âmbito da Justiça do Trabalho da 3ª Região sobre o tema objeto do Recurso de Revista interposto naqueles autos (ID. a1a5786). Diante do dissenso jurisprudencial, o Exmo. Ministro vislumbrou a necessidade de uniformização de jurisprudência no âmbito desse Regional, sobre o tema: "Responsabilidade Subsidiária. Terceirização. Ente Público. Fiscalização. Ônus da Prova". O 1º Vice-Presidente do TRT-3 determinou a suspensão do andamento dos processos com matéria idêntica, até o julgamento do presente incidente (ID. 370a1d6). Em parecer acostado aos autos (ID. aa62c81), a Comissão de Uniformização de Jurisprudência apresentou sugestões para edição de verbete, na forma dos incisos II e III do art. 190 do Regimento Interno do TRT-3, contemplando os entendimentos apurados. Com o objetivo de demonstrar a existência de decisões atuais e conflitantes acerca da matéria, os autos foram instruídos com acórdãos proferidos no âmbito desse Tribunal (IDs. a74b2ae, 334609d, d4c4ded, 62dc7e4 e 525355f). https://pje.trt3.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/do... 1 de 17 03/05/2019 23:16 Autos remetidos ao Ministério Público do Trabalho para emissão de parecer (ID. 61aaa79). 2. FUNDAMENTAÇÃO 2.1. Do cabimento do Incidente de Uniformização de Jurisprudência Inicialmente, cabe mencionar a previsão trazida no art. 896, §3º da CLT, no sentido de que os TRTs devem proceder à uniformização de sua jurisprudência: §3º Os Tribunais Regionais do Trabalho procederão, obrigatoriamente, à uniformização de sua jurisprudência e aplicarão, nas causas da competência da Justiça do Trabalho, no que couber, o incidente de uniformização de jurisprudência previsto nos termos do Capítulo I do Título IX do Livro I da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil). O dispositivo remonta ao CPC/73, que previa a figura do Incidente de Uniformização de Jurisprudência (IUJ), não mais previsto no atual CPC/2015. Contudo, no âmbito do Processo do Trabalho, o autor Mauro Schiavi pondera que "cumpre ao Regimento Interno de cada Tribunal Regional disciplinar o procedimento para edição de súmulas correspondentes à jurisprudência dominante"[1]. Tal diretriz é estabelecida pelo art. 926 do CPC/2015 e art. 2º da Instrução Normativa TST nº 40/16: Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente. § 1º Na forma estabelecida e segundo os pressupostos fixados no regimento interno, os tribunais editarão enunciados de súmula correspondentes a sua jurisprudência dominante. Art. 2º. Após a vigência do Código de Processo Civil de 2015, subsiste o Incidente de Uniformização de Jurisprudência da CLT (art. 896, §§ 3º, 4º, 5º e 6º), observado o procedimento previsto no regimento interno do Tribunal Regional do Trabalho. (grifo nosso). O Regimento Interno do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região disciplina a matéria nos artigos https://pje.trt3.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/do...2 de 17 03/05/2019 23:16 140 a 145, dispondo, no art. 140, parágrafo único, que o incidente pode ser suscitado pelas partes, no prazo de recurso ou das contrarrazões, ou pelo MPT, ao emitir parecer: Art. 140. A uniformização da jurisprudência do Tribunal, mediante interpretação do direito sobre o qual exista iterativa, atual e relevante divergência na Corte, de competência do Tribunal Pleno, reger-se-á pelas disposições contidas nos artigos de 476 a 479 do Código de Processo Civil e neste Regimento. Parágrafo único. As partes, no prazo de recurso ou das contra-razões, e o Ministério Público do Trabalho, ao emitir parecer, poderão suscitar o incidente, comprovando divergências já configuradas, ainda que da mesma Turma. Dessa forma, permanece cabível a instauração de IUJ no âmbito do TRT-3, mesmo após a vigência do CPC/2015, merecendo, contudo, ser atualizadas as disposições regimentais que versam sobre a matéria. 2.2. Da Viabilidade do Incidente de Uniformização de Jurisprudência O presente IUJ merece ser acolhido, pois evidenciada a iterativa, atual e relevante divergência no âmbito do TRT-3, nos termos do art. 140 do Regimento Interno do Eg. TRT 3ª Região. 2.3. Do Dissenso Jurisprudencial Vê-se, no caso sob exame, divergência de entendimento na jurisprudência desse Regional, no que concerne ao ônus da prova da fiscalização do contrato de prestação de serviço, inclusive quanto ao adimplemento dos direitos trabalhistas dos empregados da empresa contratada, em caso de terceirização envolvendo ente público. O parecer da Comissão de Uniformização de Jurisprudência do TRT-3 revela a existência de duas correntes jurisprudenciais acerca do tema: 1ª corrente: "É do ente público o ônus da prova quanto à existência de efetiva fiscalização dos contratos de trabalho dos empregados terceirizados". ADEPTOS: 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, 6ª, 7ª, 8ª, 9ª, 10ª e 11ª Turmas. 2ª corrente: "É do trabalhador o ônus da prova quanto à inexistência de efetiva fiscalização dos contratos de trabalho dos empregados terceirizados pelo ente público". ADEPTOS: 1ª, 3ª e 9ª Turmas. https://pje.trt3.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/do... 3 de 17 03/05/2019 23:16 Revela, também, que, no Colendo TST, há divergência sobre o tema, podendo-se afirmar que o entendimento majoritário se filia à 2ª corrente, no sentido de que o ônus da prova é do trabalhador. Colaciona acórdãos representativos da divergência no Tribunal Superior. Para fins de uniformizar a matéria, a Comissão de Uniformização de Jurisprudência do TRT-3 sugere as seguintes redações de verbete jurisprudencial, relativamente às duas teses: Redação para a 1ª corrente: RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TERCEIRIZAÇÃO. ENTE PÚBLICO. FISCALIZAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. É do ente público o ônus da prova quanto à existência de efetiva fiscalização dos contratos de trabalho de terceirização, para que não lhe seja imputada a responsabilidade subsidiária. Redação para a 2ª corrente: RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TERCEIRIZAÇÃO. ENTE PÚBLICO. FISCALIZAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. É do empregado o ônus da prova quanto à inexistência de efetiva fiscalização pelo ente público, tomador dos serviços, dos contratos de trabalho de terceirização, para que seja imputada a este a responsabilidade subsidiária. Nota-se que a 1ª corrente é a que mais se coaduna ao Direito Processual do Trabalho, devendo recair sobre o ente público o ônus de provar que exerceu adequada fiscalização nos contratos de trabalho de seus empregados terceirizados. A discussão acerca da responsabilidade do ente público nos casos de terceirização de serviços há muito gera controvérsia jurisprudencial, razão pela qual cumpre realizar breve digressão histórica do tema. Havia na jurisprudência trabalhista consistente polêmica sobre a constitucionalidade do art. 71, §1º, da Lei nº 8.666/93, segundo o qual, "a inadimplência do contratado, com referência aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento (...)", com aparente colisão desse dispositivo com a súmula 331 do TST que, em seu item IV, preconizava a responsabilidade subsidiária automática do ente público. Ajuizada a ADC nº 16, o STF reconheceu a constitucionalidade do art. 71, §1º, da Lei nº 8.666/93, https://pje.trt3.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/do... 4 de 17 03/05/2019 23:16 embora permitindo a responsabilização subsidiária do ente público, em caso de culpa comprovada: RESPONSABILIDADE CONTRATUAL. Subsidiária. Contrato com a administração pública. Inadimplência negocial do outro contraente. Transferência consequente e automática dos seus encargos trabalhistas, fiscais e comerciais, resultantes da execução do contrato, à administração. Impossibilidade jurídica. Consequência proibida pelo art. 71, §1º, da Lei Federal nº 8.666/93. Constitucionalidade reconhecida dessa norma. Ação direta de constitucionalidade julgada, nesse sentido, procedente. Voto vencido. É constitucional a norma inscrita no art. 71, §1º, da Lei Federal nº 8.666, de 26 de junho de 1993, com a redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995. (STF, ADC 16 DF, Tribunal Pleno, Rel. Min. Cezar Peluso, julgado em 24/11/2010, publicado em 09/09/2011). Após o julgamento da ADC, a súmula 331 do TST foi alterada, com a inserção do item V, cujo teor passou a admitir a responsabilização do ente público estritamente nos casos de culpa, decorrente da omissão em cumprir seu dever de fiscalização do contrato de prestação de serviço, inclusive quanto aos encargos trabalhistas: CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE (nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) - Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 (...) IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da relação processual e conste também do título executivo judicial. V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada. VI - A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral. (grifei) A partir de então, para a configuração da responsabilidade subsidiária da Administração Pública, passou a ser necessária a demonstração de sua culpa in vigilando e/ou in elegendo. https://pje.trt3.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/do... 5 de 17 03/05/2019 23:16 Não obstante a adequação da jurisprudência trabalhista à decisão do STF, a partir do julgado da ADC 16/DF proliferaram-se reclamações constitucionais ajuizadas perante o STF por entidades da Administração Pública, com vistas à cassação de decisões da Justiça do Trabalho que, segundo os reclamantes, violavam a decisão vinculante da ADC 16/DF, ao reconhecerem a responsabilidade subsidiária do Poder Público sem prova de omissão ou irregularidade na fiscalização do cumprimento dos direitos trabalhistas, pela empresa contratada. No julgamento dessas reclamações, instalou-se divergência entre as Turmas do STF em torno da configuração de culpa do Poder Público. Por volta do ano de 2015, a 1ª Turma do STF, composta pelos Ministros Roberto Barroso, Marco Aurélio, Luiz Fux, Rosa Weber e Edson Fachin, reconhecia a possibilidade de responsabilizaçãosubsidiária por culpa in vigilando quando o Poder Público não demonstrasse a realização da fiscalização contratual, o que ensejava maior incidência de decisões pela improcedência das reclamações.[2] Por sua vez, a 2ª Turma do STF, então composta pelos Ministros Cármen Lúcia, Gilmar Mendes, Celso de Mello, Dias Toffoli e Teori Zavascki, restringia a configuração de culpa do Poder Público à hipótese em que o trabalhador demandante demonstrasse a omissão fiscalizatória do Poder Público e seu nexo causal determinante do inadimplemento trabalhista, o que implicava imputar ao trabalhador o ônus da prova da omissão fiscalizatória, ensejando maior incidência de cassação de decisões da Justiça do Trabalho.[3] Nesse ambiente de incerteza em torno do tema, foi levado a julgamento o RE 760.931/DF com repercussão geral (Tema 246), sob a relatoria da Ministra Rosa Weber, interposto pela União contra decisão do TST que lhe imputou responsabilidade subsidiária em contrato de terceirização. O fundamento do recurso residia exatamente no descumprimento da decisão vinculante da ADC 16/DF, tema idêntico ao das reclamações. No julgamento do recurso, a controvérsia até então presente entre as Turmas do Tribunal se retratou na divisão de posições entre os Ministros favoráveis à configuração da responsabilidade quando constatada a omissão fiscalizatória do Poder Público, na esteira do voto da Ministra Relatora Rosa Weber (seguida pelos Ministros Edson Fachin, Roberto Barroso, Ricardo Lewandowisk e Celso de Mello) e os Ministros mais restritivos à configuração da culpa, que exigiam prova da omissão danosa, pelo trabalhador, na linha da divergência apresentada pelo Ministro Luiz Fux (seguido pelos Ministros Marco Aurélio, Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Cármen Lúcia). Configurado o empate, aguardou-se a posse do Ministro Alexandre de Moraes que, na sessão de 26/04/2017, votou com a divergência, dando provimento ao recurso extraordinário da União, para afastar sua responsabilidade no caso concreto. Ainda assim, a tese jurídica firmada não afastou a possibilidade de responsabilização do Poder Público quando comprovada sua conduta culposa em fiscalizar o contrato de prestação de serviço. Reiterando a decisão da ADC 16/DF, a tese jurídica novamente afastou a responsabilidade automática do Poder Público pelo fato do inadimplemento da empresa contratada, nos seguintes termos: "O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não transfere automaticamente ao https://pje.trt3.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/do... 6 de 17 03/05/2019 23:16 Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93". O novo julgado apenas firmou a necessidade de prova taxativa de culpa (comissiva ou omisiva) do Poder Público, por inobservância do dever de fiscalizar a execução do contrato de prestação de serviço. É o que se extrai com clareza do voto de desempate proferido pelo Ministro Alexandre de Moraes, que conduziu à formação da tese jurídica. Seguindo proposta formulada pela Ministra Cármen Lúcia, que afastava a possibilidade de responsabilização patrimonial do Poder Público quando ausente prova taxativa do nexo de causalidade entre a conduta da Administração Pública e o dano sofrido pelo trabalhador, o Ministro Alexandre de Moraes ofereceu as linhas condutoras da tese vitoriosa: (…) O Supremo Tribunal Federal fixou, na ADC 16, que a mera inadimplência não pode converter a Administração Pública em responsável por verbas trabalhistas, decidindo que não é todo e qualquer episódio de atraso na quitação de verbas trabalhistas que pode ser imputado subsidiariamente ao Poder Público, mas só aqueles que tenham se reiterado com a conivência comissiva ou omissiva do Estado. Não me parece que seja automaticamente dedutível, conclusão deste julgamento, um dever estatal de fiscalização do pagamento de toda e qualquer parcela, rubrica por rubrica, verba por verba, devida aos trabalhadores. O que pode induzir à responsabilização do Poder Público é a comprovação de um comportamento sistematicamente negligente em relação aos terceirizados; ou seja, a necessidade de prova do nexo de causalidade entre a conduta comissiva ou omissiva do Poder Público e o dano sofrido pelo trabalhador. Se não houver essa fixação expressa, clara e taxativa por esta Corte, estaremos possibilitando, novamente, outras interpretações que acabem por afastar o entendimento definitivo sobre a responsabilização da Administração Pública nas terceirizações, com a possibilidade de novas condenações do Estado por mero inadimplemento e, consequentemente a manutenção do desrespeito à decisão desta Corte na ADC 16 (…). (…) Voto, portanto, pedindo vênias a eminente Relatora, com a divergência inaugurada pelo Min. LUIZ FUX, conheço parcialmente do recurso extraordinário da União e voto pelo seu provimento. Aponto, ainda, que acompanho, como tese com repercussão geral, a sugerida pela Ilustre Presidente, Ministra CÁRMEN LÚCIA: "ante a ausência de prova taxativa do nexo de causalidade entre a conduta da Administração e o dano sofrido pelo trabalhador, a dizer, que se tenha comprovado peremptoriamente no processo tal circunstância, subsiste o ato administrativo e a Administração Pública exime-se da responsabilidade por obrigações trabalhistas em relação àqueles que não compõem seus quadros" (sem destaques no original).[4] A partir dessas noções, a maioria dos Ministros que votou pela ausência de responsabilidade da União no caso concreto, ainda assim, admitiu a possibilidade de imputação de responsabilidade patrimonial subsidiária ao Poder Público, em tese, quando comprovada sua culpa por desídia no dever de fiscalização contratual. É o que se extrai das seguintes manifestações exaradas na sessão de julgamento de 26/04/2017: O SENHOR MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO - Não tem problema. Penso, Ministra-Presidente, que a Ministra Rosa e o Ministro Lewandowski estão corretos, e li votos de Vossa Excelência e do Ministro Gilmar anteriormente em que se dizia que vai ser o pior dos mundos se nós estabelecermos que não há, em nenhuma hipótese, responsabilização possível do ente público. A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (PRESIDENTE) - Claro, até porque, às vezes, o ente não fiscaliza. https://pje.trt3.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/do... 7 de 17 03/05/2019 23:16 O SENHOR MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO - O que nós entendemos, pelo menos foi isso que compreendi, é que esta responsabilização não pode ser automática, muito menos genérica, como vinha fazendo em muitas decisões o Tribunal Superior do Trabalho, que dizia assim: se há inadimplência trabalhista, há responsabilidade. Não é assim. Agora, eu acho que, comprovada a desídia do ente público… Quando é que eu acho que há desídia? Quando, comunicado da existência de uma falha em relação ao cumprimento da legislação trabalhista, nada providencia, ou se não exercer nenhum tipo de fiscalização. Mas eu me contento com uma fiscalização por amostragem minimamente séria. De modo que, a meu ver, Presidente, o que nós decidimos é que não há responsabilização automática, mas, demonstrada não de forma genérica, porém de forma cabal e específica a culpa, aí sim, pode ser caracterizada (sem destaque no original). A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (PRESIDENTE) - É o que está no art. 71 da Lei nº 8.666. (...) O SENHOR MINISTRO ALEXANDRE DE MORAES - Presidente, até por ter dado voto mais recentemente e depois de todos os ministros, foi facilmente perceptível que mesmo as correntes majoritária e minoritária são muito próximas na questão de não se permitir uma responsabilidade objetiva, que vem ocorrendo em relação ao poder público. E aí, vamos dizer,
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