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Economia Internacional - Livro Texto - Unidade I

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Autor: Prof. Euclides Pedrozo Junior
Colaborador: Prof. Maurício Felippe Manzalli
Economia Internacional
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Professor conteudista: Euclides Pedrozo Junior
Economista pela Universidade São Judas Tadeu, mestre e doutor em Economia pela Fundação Getulio Vargas 
(FGV). Atualmente, é professor titular da Universidade Paulista (UNIP) no Curso de Ciências Econômicas. Também 
leciona como professor convidado nos cursos de mestrado profissionalizante em Economia da Escola de Economia 
de São Paulo (EESP/FGV) e pós‑graduação em Direito dos Contratos na Escola de Direito de São Paulo (FGV Direito 
SP‑GVLaw). Como pesquisador e consultor, possui larga experiência em avaliação de impacto socioeconômico de 
políticas públicas, organização industrial e economia internacional. Autor dos livros Microeconomia em Concorrência 
Perfeita e Microeconomia em Concorrência Imperfeita.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
P372e Pedrozo Junior, Euclides.
Economia Internacional. / Euclides Pedrozo Junior. – São Paulo: 
Editora Sol, 2016..
184 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXII, n. 2‑074/16, ISSN 1517‑9230.
1. Economia Internacional. 2. Contas Nacionais. 3. Mercado de 
Câmbio. I. Título.
CDU 33(100)
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Ana Luiza Fazzio
 Juliana Mendes
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Sumário
Economia Internacional
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 TEORIA DO COMÉRCIO INTERNACIONAL: PRODUTIVIDADE DO TRABALHO 
E VANTAGENS COMPARATIVAS ..................................................................................................................... 11
1.1 O mercantilismo e os primórdios da Teoria do Comércio Internacional ....................... 11
2 O CONCEITO DE VANTAGENS ABSOLUTAS ............................................................................................ 13
2.1 Vantagens comparativas e ganhos do comércio ..................................................................... 22
3 O CONCEITO DE CUSTO DE OPORTUNIDADE ........................................................................................ 24
3.1 Razões para a existência de comércio internacional ............................................................. 26
4 O MODELO RICARDIANO .............................................................................................................................. 27
4.1 Caracterização do Modelo Ricardiano: mercados competitivos ....................................... 28
4.2 Caracterização do Modelo Ricardiano: Fronteiras de Possibilidade de 
Produção (FPP) .............................................................................................................................................. 33
4.3 Determinação do nível de produção ............................................................................................ 39
4.4 Determinação dos preços.................................................................................................................. 42
4.5 Modelagem do comércio internacional ...................................................................................... 44
4.6 Ganhos na troca ................................................................................................................................... 52
Unidade II
5 AS BASES DO COMÉRCIO: DOTAÇÃO DE FATORES E MODELO HECKSHER‑OHLIN ............... 58
5.1 O Modelo de Fatores Específicos .................................................................................................... 58
5.1.1 Estrutura do modelo .............................................................................................................................. 59
5.1.2 Fronteira de possibilidades de produção ....................................................................................... 60
5.1.3 Preços, salários e alocação de trabalho entre os setores ........................................................ 63
5.1.4 Comércio internacional e distribuição de renda ........................................................................ 67
5.2 O Modelo Hecksher‑Ohlin (H‑O) .................................................................................................... 74
5.2.1 Estrutura básica do Modelo H‑O ...................................................................................................... 75
5.2.2 Hipóteses do Modelo H‑O ................................................................................................................... 75
5.2.3 Efeitos do comércio internacional no Modelo H‑O .................................................................. 87
5.2.4 Efeitos de mudanças nos preços relativos no comércio internacional ............................. 91
5.2.5 Preço dos fatores, preço dos bens e distribuição de renda .................................................... 96
5.2.6 Comércio internacional entre economias com dois fatores de produção ...................... 98
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6 RESTRIÇÕES À PRÁTICA DE COMÉRCIO INTERNACIONAL ............................................................100
6.1 Efeitos do livre‑comércio sobre o bem‑estar ..........................................................................100
6.2 Efeitos de tarifa sobre as importações ......................................................................................106
6.3 Efeitos de quotas sobre as importações ...................................................................................110
6.4 Efeitos da aplicação de dumping.................................................................................................114
6.5 Outros instrumentos de política comercial .............................................................................117
Unidade III
7 CONTAS NACIONAIS DE UMA ECONOMIA ABERTA, BALANÇO DE PAGAMENTOS 
E TAXA DE CÂMBIO ..........................................................................................................................................1197.1 Contas Nacionais de uma economia aberta ...........................................................................119
7.1.1 Contas Nacionais e agregados macroeconômicos .................................................................. 119
7.1.2 Conta‑corrente ..................................................................................................................................... 127
7.1.3 Poupança e conta‑corrente ............................................................................................................. 128
7.1.4 Poupança privada e poupança do governo .............................................................................. 129
7.2 Balanço de pagamentos ..................................................................................................................135
7.2.1 Características gerais e estrutura .................................................................................................. 135
7.2.2 Identidade fundamental do balanço de pagamentos .......................................................... 142
7.2.3 Transações com reservas oficiais ................................................................................................... 143
7.3 Taxa de câmbio ....................................................................................................................................145
8 MERCADO DE CÂMBIO, MERCADO DE MOEDA E TAXA DE JUROS ...........................................150
8.1 Equilíbrio do mercado de câmbio ................................................................................................151
8.1.1 Paridade descoberta de juros ...........................................................................................................151
8.1.2 Paridade coberta de juros ................................................................................................................. 157
8.1.3 Prêmio de risco ......................................................................................................................................161
8.2 Mercado monetário, taxa de juros e câmbio ..........................................................................161
8.2.1 O mercado monetário ........................................................................................................................ 162
8.2.2 Interações de curto prazo dos mercados monetário e cambial ........................................ 168
8.2.3 Interações de longo prazo ................................................................................................................ 172
8.3 Integrando os elementos: dinâmica da taxa de câmbio a médio e longo prazos .............173
8.4 Limites da política monetária: armadilha da liquidez e estagnação prolongada ..............176
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APRESENTAÇÃO
Num ambiente pós‑crise financeira de 2008, em que os Estados Unidos, o Brasil e outras economias 
avançadas do mundo continuam a sofrer com taxas de crescimento do PIB persistentemente baixas, 
taxas altas de desemprego e movimentos políticos que provocam, cada vez mais, ações econômicas 
protecionistas – e, por vezes, xenófobas –, as discussões relativas ao livre‑comércio são repletas de 
emoção, tensão e histeria.
Entretanto, o comércio internacional exerceu um papel fundamental no crescimento econômico 
dos países. Ademais, as transações internacionais têm se tornado extremamente importantes para os 
países que almejam os diversos benefícios que acompanham as trocas de bens e serviços entre nações. 
Isso também é verdade em relação ao movimento internacional de capitais, que dá origem a diversas 
transações que compõem as finanças internacionais, com impacto na taxa de câmbio, na taxas de juros 
e nos investimentos estrangeiros diretos.
O objetivo deste livro‑texto é permitir que os estudantes do curso de Economia não se deixem levar 
pelas emoções e soluções superficiais e obtenham uma compreensão abrangente dos modelos teóricos 
que orientam o comércio e as finanças internacionais. A principal característica deste material é a 
apresentação desses modelos teóricos e a discussão de suas implicações no contexto das aplicações em 
um mundo real.
Armados de uma compreensão abrangente dos fundamentos teóricos, que levam bens, serviços, 
capitais e ideias a serem transacionados além das fronteiras nacionais, os estudantes de Economia 
Internacional poderão prever os efeitos de alterações nas políticas comercial e macroeconômica dos 
países. Contarão, ainda, com ferramentas para a tomada de decisões sensatas e bem‑informadas para 
si e as instituições globais.
Nesse contexto, o objetivo da disciplina Economia Internacional é apresentar ferramentas analíticas e 
modelos de avaliação do impacto das políticas comercial e macroeconômica no bem‑estar da sociedade. 
Além disso, procura mostrar as soluções de livre‑comércio que podem melhorar a situação dos indivíduos 
afetados pelas imperfeições dos mercados, seja via intervenção governamental, seja via mercado.
O livro‑texto é uma introdução à Economia Internacional e destinado a estudantes que estão tomando 
seu primeiro contato com o assunto. O nível de exigência não é mais do que aquele padrão de cursos 
introdutórios de Economia. Aqueles que tiveram os fundamentos básicos das teorias microeconômica e 
macroeconômica vão encontrar as ferramentas necessárias para a compreensão dos modelos ensinados 
no contexto desta obra.
Este material não tem o objetivo de seguir rigorosamente todos os modelos microeconômicos e 
macroeconômicos existentes. No entanto, serve de referência para os fundamentos e as ferramentas 
necessários aos alunos, que devem conhecê‑los tanto do ponto de vista acadêmico quanto do profissional. 
Em razão disso, sempre que possível, é indicado ao aluno complementar os tópicos aqui contidos com a 
leitura dos principais livros de Economia Internacional Intermediária, como Krugman, Obstfeld e Melitz 
(2015), Feenstra e Taylor (2014) e Appleyard, Field e Cobb (2010).
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Por ser uma obra condensada, o texto corrido é substituído pela apresentação de modelos, 
gráficos e muitos exemplos de aplicação. Para aqueles alunos com dificuldades na utilização de 
ferramentas microeconômicas e macroeconômicas, é indicada a leitura de Pindyck e Rubenfeld 
(2014) e Mankiw (2014).
Apesar de o conhecimento dos modelos econômicos e a realização dos exercícios serem essenciais 
para a formação do aluno, é preciso que ele absorva a intuição por trás dos modelos, ou seja, tenha uma 
compreensão elementar sobre o funcionamento da economia internacional.
As ferramentas aqui apresentadas são utilizadas para analisar algumas questões importantes da 
sociedade contemporânea, como: vantagens comparativas e absolutas decorrentes do livre‑comércio, 
mobilidade de fatores de produção, distribuição de renda, leis do salário mínimo, tarifas sobre 
importações, barreiras comerciais, taxas de câmbio, balança de pagamentos, finanças internacionais, 
mobilidade internacional de capitais e crise financeira.
Sem recorrer a gráficos e equações, alguns livros de divulgação da Ciência Econômica ajudam a 
entender esses problemas de maneira objetiva. Os principais autores, nesse sentido, são Harford (2007, 
2009), Wheelan (2014) e Akerloff e Shiller (2015).
Bons estudos!
INTRODUÇÃO
Iniciaremos nosso estudos elucidando o que é comércio internacional com os principais tópicos: 
Modelo Ricardiano de Comércio; efeito do livre‑comércio sobre salários e emprego; comércio 
interindustrial e intraindustrial; barreiras comerciais, como tarifas, quotas e barreiras não tarifárias; 
estratégias comerciais, dumping e direitos compensatórios.Serão apresentados os princípios básicos que norteiam as transações comerciais entre países, ou seja, 
as vantagens comparativas. Serão expostos os ganhos decorrentes do comércio em salário e emprego, 
isto é, as razões para que possamos crer que o livre‑comércio internacional seja benéfico a todos os 
agentes econômicos. O primeiro modelo a ser estudado com esse objetivo é o ricardiano, demonstrando 
que dois países poderão negociar para seu benefício mútuo, mesmo quando um deles for mais eficiente 
do que o outro na produção.
Em seguida veremos modelos que retratam a importância dos fatores de produção e o 
resultado em bem‑estar decorrentes da prática de política comercial. Demonstraremos o impacto 
do uso de fatores específicos e não específicos nas trocas. Em relação ao papel dos recursos 
no comércio internacional, seguiremos com a apresentação do Modelo Hecksher‑Ohlin. Esse 
modelo, em particular, fornecerá informações referentes ao benefício do comércio quando os 
países exportarem mercadorias cuja produção fizer uso intensivo dos fatores abundantes no 
local de produção, ao mesmo tempo que importarem as mercadorias cuja exigência de recursos 
for escassa localmente.
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Também serão retratados os ganhos e as perdas de bem‑estar decorrentes da aplicação política que 
reduzem a prática do livre‑comércio, como a instituição de tarifas e quotas de importação, barreiras 
comerciais não tarifárias e dumping.
Estudaremos as finanças internacionais, em específico, as práticas de políticas macroeconômicas 
globais, como:
• Déficits de transações correntes não sustentáveis, investimento estrangeiro direto, influxo de 
capitais de curto prazo e seus efeitos sobre a taxa de câmbio.
• Políticas monetária e fiscal, demanda por moeda, resultados de balança comercial, paridade de 
juros e seus efeitos sobre a taxa de câmbio.
• Políticas cambiais: câmbio fixo versus câmbio flexível.
• Bolhas de preços de ativos especulativos e contágio global.
Por fim, examinaremos as formas pelas quais se realizam e se registram os pagamentos 
internacionais – balanço de pagamentos, taxa de câmbio e ajuste automático da balança de 
pagamentos – que servirão de base para a abordagem do mercado de ativos para inferirmos o 
equilíbrio entre moeda, taxa de juros e taxa de câmbio. Por esse aspecto, a paridade de juros 
será a relação fundamental a ser estudada. Finalmente, utilizaremos esse modelo para analisar o 
overshooting da taxa de câmbio, as metas de inflação, o comportamento das taxas de câmbio reais, 
o efeito das crises de balança de pagamentos sob taxas de câmbio fixas, bem como as causas e os 
efeitos da intervenção do Banco Central no mercado cambial.
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ECONOMIA INTERNACIONAL
Unidade I
1 TEORIA DO COMÉRCIO INTERNACIONAL: PRODUTIVIDADE DO TRABALHO E 
VANTAGENS COMPARATIVAS
1.1 O mercantilismo e os primórdios da Teoria do Comércio Internacional
A partir do século XVI, houve grande crescimento econômico mundial proporcionado pela expansão 
das Grandes Navegações e pelas descobertas de novas terras na América, na Ásia e na África. Crescimento 
este que promoveu o aparecimento de uma classe capitalista e o nascimento dos Estados Nacionais, ávidos 
por enriquecimento e poder. Esses desejos, em conjunto, geraram a doutrina e a prática mercantilistas. O 
mercantilismo pregava que o Estado deveria ser forte o suficiente para garantir o transporte marítimo e 
a proteção das colônias; assim, essa doutrina requeria grandes gastos para manter exércitos e armadas. 
Desse modo, para preservar os impérios, havia a necessidade de controle de toda a atividade econômica 
com o objetivo de assegurar incremento de riqueza.
O mercantilismo focava a maximização da balança comercial, e as exportações de 
matérias‑primas (produtos agrícolas, especiarias etc.) eram cada vez mais incentivadas a fim 
de proporcionar saldos comerciais (medidos em metais preciosos) ao país: quanto mais ouro e 
prata o país acumulasse, mais rico ele seria. As importações, porém, eram desencorajadas por altas 
tarifas sobre os produtos estrangeiros.
 Observação
Balança comercial é a diferença entre o valor das exportações e o valor 
das importações determinada pelas condições macroeconômicas do país.
Portanto, o comércio para os mercantilistas era um jogo de soma zero, com vencedores que 
ganhavam apenas às expensas dos perdedores.
 Lembrete
Na teoria econômica, um jogo de soma zero se refere àquele em que 
o ganho de um agente econômico representa, necessariamente, a perda 
para o outro. Em contrapartida, no jogo de soma não zero não haverá, 
necessariamente, um perdedor, podendo o ganho de um agente ser bom 
para o outro.
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Unidade I
Um efeito colateral do acúmulo de riquezas em metais preciosos – a partir da troca por bens exportados 
– era o crescimento da demanda por moeda (metais preciosos), que acarretava aumento da inflação. 
Essa situação, regularmente, arruinava os países que adotavam a política mercantilista. O filósofo e 
ensaísta escocês David Hume, em 1752, foi o primeiro a articular a Teoria Quantitativa da Moeda em que, 
simplesmente, aumentar a quantidade de dinheiro na economia não representava nada para o aumento da 
riqueza real (APPLEYARD et al., 2010). Na verdade, o crescimento quantitativo da moeda significava apenas 
que era necessário mais dinheiro para trocar pelos mesmos produtos e serviços que antes.
 Saiba mais
Os agentes econômicos acumulam moeda para liquidar transações. 
Assim, a quantidade de moeda existente na economia está intimamente 
relacionada à quantidade de dinheiro ($) necessária para pagamentos pela 
aquisição de bens e serviços. A equação quantitativa da moeda fornece a 
relação entre quantidade de moeda e valor total das transações realizadas 
e liquidadas em moeda:
M x V = P x T
Onde: M = quantidade de moeda; V = velocidade de circulação da 
moeda; P = nível geral de preços; e T = número de transações.
Para saber mais acerca do assunto, leia:
MANKIW, N. G. Inflação: causas, efeitos e custos sociais In: 
Macroeconomia. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2014. Cap. 6.
O mercantilismo predominou do século XVI a meados do século XVIII. Entretanto, nesse mesmo 
período, articulava‑se uma revolução cultural, religiosa, política, social e econômica que culminou no 
estabelecimento de doutrinas liberais e, consequentemente, no predomínio do liberalismo a partir da 
segunda metade do século XVIII.
Embora o mercantilismo seja apresentado aqui apenas num contexto histórico, é importante observar 
que o espírito inerente a essa teoria permanece vivo ao longo da história econômica. Exportações e 
importações, de modo geral, são qualificadas do ponto de vista normativo: exportações são consideradas 
um “bem” para a economia, enquanto as importações são tratadas como um “mal”, por “eliminar” postos 
de trabalho. Esse senso comum sempre vai aflorar quando o crescimento econômico desacelerar.
O mercantilismo tem apelo popular e uma intuição perigosa. Por sua vez, o livre‑comércio, como 
será explicado ao longo deste livro‑texto, não é intuitivo, não é fácil de ser compreendido e é difícil de 
ser defendido com sucesso, especialmente quando se estiver vivendo em meio a uma desaceleração 
econômica profunda e duradoura.
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2 O CONCEITO DE VANTAGENS ABSOLUTAS
Adam Smith foi o primeiro a articulara possibilidade de que o comércio internacional não seja um 
jogo de soma zero e, de fato, uma dependência excessiva das exportações possa ser contraproducente. 
Ele mostrou que diferentes países usam quantidades variadas de insumos para a produção dos mesmos 
bens. Desse modo, as diferenças internacionais no custo de produção nas diversas atividades poderiam 
incentivar a troca de mercadorias entre os países.
 Saiba mais
Foi em sua obra máxima, A Riqueza das Nações, publicada em 1776, 
que Adam Smith formulou sua teoria sobre a defesa do comércio exterior, 
expondo que, se cada país se especializasse na atividade econômica em 
que fosse mais eficiente e se houvesse livre‑comércio entre os vários países, 
todos ficariam numa melhor situação em comparação com a situação sem 
comércio exterior.
Para saber mais acerca do assunto, leia:
SMITH, A. A riqueza das nações: uma investigação sobre sua natureza e 
suas causas. v. 1. São Paulo: Nova Cultural, 1996. (Coleção Os Economistas).
Assim, cada país deveria especializar‑se apenas na fabricação dos bens que pudesse produzir com a 
menor quantidade de recursos (insumos de produção); dessa forma, a produção mundial seria maximizada. 
Em seguida, com o livre‑comércio, cada país, ao final da negociação, culminaria numa maior quantidade 
de bens produzidos e consumidos do que antes do comércio, no emprego dos mesmos recursos e, portanto, 
na melhoria de bem‑estar de todos os países. Essa teoria proposta por Adam Smith foi chamada de Teoria 
das Vantagens Absolutas, pois compara as diferenças absolutas de custo de produção entre os países.
 Lembrete
Vantagem absoluta: cada país deve exportar as mercadorias que 
produzem mais eficientemente, pois o trabalho absoluto requerido por 
unidade produzida é menor que o do parceiro comercial.
A Teoria das Vantagens Absolutas de Adam Smith pode ser vista a partir de um modelo com as 
seguintes hipóteses:
• O mundo é composto por dois países: A e B.
• Cada país pode produzir dois bens: produtos têxteis (T) e produtos alimentícios (F).
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Unidade I
• Há apenas um fator de produção: o trabalho (L). Dessa forma, as funções de produção de T e F 
podem ser descritas como:
T = f(L) e F = f(L)
A quantidade de trabalho requerida para produzir uma unidade de um bem é denominada de 
coeficiente técnico de produção e pode ser denotada da seguinte forma:
 
a
L
x
Lx
y
y
y=
 (1.1)
Onde: aLx é a quantidade de trabalho requerida para produzir uma unidade do bem x no país 
y; Ly é a força de trabalho disponível no país y; e xy é a quantidade do bem x produzida no país y. 
Assim, por exemplo, os coeficientes técnicos de produção de têxteis e alimentos no país A podem 
ser denotados por:
t xteis a
L
T
alimentos a
L
T
T
A
A
A F
A
F
Fê : ; := =
Como exemplo, utilizaremos as unidades de trabalho requeridas para a produção dos bens em cada 
país disponibilizadas na tabela a seguir:
Tabela 1 – Quantidades de trabalho requeridas na produção dos países A e B
País Produtos têxteis (t)(em homens/metro)
Produtos alimentícios (f)
(em homens/saca)
Razão de preços 
(autarquia)
A aT
A =1 aF
A = 4 1F:4T (ou 1T : 1/4F)
B aT
B = 2 aF
B = 3 1F : 3/2T (ou 1T : 2 / 3F)
Pela tabela anterior, podemos observar que no país A são necessários: um trabalhador para produzir 
uma unidade (um metro) de tecido e dois trabalhadores para produzir uma unidade (uma saca) de 
produtos alimentícios. No país B, por sua vez, são necessários: dois trabalhadores para produzir um 
metro de tecido e três trabalhadores para produzir uma saca de alimentos. Nota‑se, dessa forma, que:
• No país A, a quantidade de homens que esse país necessita para produzir uma unidade de 
alimentos poderia ser deslocada para o setor têxtil, produzindo, assim, quatro vezes mais unidades 
de tecidos. De outro modo, com a mesma quantidade de trabalhadores necessários para produzir 
um metro de tecido, o setor agrícola produziria apenas 0,25 saca de alimentos, por isso a razão de 
preços em autarquia entre os dois produtos é igual a 1F:4T (ou 1T: 0,25F).
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• No país B, dada a quantidade de homens que esse país necessita para produzir uma saca de 
alimentos, ele poderia produzir uma unidade e meia de tecido. Alternativamente, com a mesma 
quantidade de trabalhadores requeridos para produzir uma unidade de produto têxtil, o setor 
alimentício produziria apenas 2/3 de uma saca, por isso a razão de preços em autarquia entre os 
dois produtos é igual a 1F : 1,5T (ou 1T : 0,67F).
 Observação
Na teoria econômica, autarquia é a qualidade de um país ser 
autossuficiente. Esse termo se aplica ao país que mantém as suas atividades 
sem comércio exterior.
Comparando agora os resultados dos setores, internacionalmente:
• O país A, em comparação ao país B, é mais produtivo no setor têxtil, pois requer apenas uma 
unidade de trabalho para produzir uma unidade do produto, enquanto o outro país necessita de 
dois trabalhadores para produzir o mesmo bem. Portanto, A é mais produtivo na fabricação de têxteis, 
ou seja, possui vantagem absoluta na produção desse bem.
• O país B, em comparação ao país A, é mais produtivo no setor alimentício, pois requer apenas três 
unidades de trabalho para produzir uma unidade do produto, enquanto o outro país ocupa quatro 
trabalhadores para produzir o mesmo bem. Logo, o país B é mais produtivo em alimentos, ou seja, 
possui vantagem absoluta na produção desse bem.
Dessa forma, conclui‑se que é mais vantajoso para o país A alocar toda a sua mão de obra na 
produção de têxteis e importar alimentos do país B, por ser mais barato que produzi‑lo localmente. Já 
para o país B é mais vantajoso alocar toda a sua mão de obra na produção de alimentos e importar 
tecidos do país A, por ser mais barato que produzi‑lo domesticamente.
Podemos verificar as diferenças de produtividade entre os países por meio de uma ferramenta 
gráfica. Para tanto, lançaremos mão de um conceito microeconômico essencial – Fronteira de 
Possibilidades de Produção (FPP), que representa todas as possibilidades de produção alcançadas 
em um país com os insumos e as tecnologias existentes. Também representa a medida da eficiência 
produtiva de um país, de tal sorte que uma alocação de insumos será dita eficiente se não for possível 
aumentar a produção de um bem sem diminuir a de outro. A eficiência produtiva e a FPP são ilustradas 
graficamente na figura a seguir. Toda a área interior à curva representa o conjunto de possibilidades 
de produção de um país.
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Unidade I
Características da Fronteira de Possibilidades 
de Produção (FPP):
• A FPP mostra todas as combinações de produção 
das mercadorias T e F, que são Pareto‑eficientes.
• O ponto E1 encontra‑se sobre a FPP: não é possível 
aumentar (diminuir) a produção de T sem diminiur 
(aumentar) a de F. O mesmo ocorre no ponto E2.
• No ponto E3 é possível aumentar (diminuir) 
a produção de F sem alterar a produção de T. 
Entretanto, o ponto E3 não representa a eficiência 
produtiva no sentido de Pareto, pois não se 
encontra sobre a FPP. 
E1A1
A2
B2B1
E2
FPP
E3
Produção do 
bem T
Produção do 
bem F
Figura 1 – Fronteira de Possibilidade de Produção (FPP) e eficiência produtiva de um país
Na Teoria Microeconômica, sabemos que uma função de produção está associada a modelos lineares 
e não lineares, dependendo da quantidade de insumos utilizada. Em uma função de produçãonão 
linear, além de certo nível de eficiência, os custos para produzir uma unidade a mais de cada produto 
tornam‑se maiores. Nesse caso, temos uma indústria de custos crescentes.
Custos totais 
($/unidade)
• Região de custos 
decrescentes: em razão 
do uso de insumos 
aquém do nível de 
eficiência máxima
Eficiência máxima
• Região de custos 
crescentes: em razão 
do uso de insumos 
além do nível de 
eficiência máxima
Curva de 
custo médio
Produção do 
bem T
Figura 2 – Curva de custo médio e regiões de produção de acordo com o nível de eficiência
Com custos crescentes, à medida que se vai abrindo mão de um bem pelo outro, mantendo‑se 
constante o nível de produção total, os custos totais vão aumentando. Nesse caso, a FPP assume um 
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ECONOMIA INTERNACIONAL
formato côncavo, como poderá ser visto no gráfico (a) da figura seguinte. Para efeito de análises, 
utilizaremos modelos de FPP lineares que caracterizam indústrias com custos constantes, ou seja, cada 
unidade produzida de dois bens diferentes custa o mesmo, independentemente da produção total. Com 
custos constantes, a FPP se caracteriza por apresentar uma forma linear, como demonstrado no gráfico 
(b) a seguir.
Produção 
do bem T
Produção 
do bem F
(a) FPP não linear – Custos crescentes
Produção 
do bem T
Produção 
do bem F
(b) FPP não linear – Custos constantes
Figura 3 – FPP não linear e FPP linear
De acordo com o nosso exemplo, as FPPs dos países A e B assumiriam os formatos identificados na 
figura a seguir. Note que a declividade da FPP do país A (–4) é maior (em valores absolutos) que a do país 
B (–1,5). Isso denota que A produz mais o bem T (têxteis), enquanto B produz mais o bem F (alimentos).
Produção 
do bem T
Produção 
do bem F
4
1
3
2
(a) FPP do país A (b) FPP do país B
Produção 
do bem T
Produção 
do bem F
inclina o FPP a aF
A
T
Açã ⇒−( ) = − = −/ /4 1 4
inclina o FPP a aF
B
T
Bçã ⇒−( ) = − = −/ / ,3 2 15
Figura 4 – FPPs dos países A e B para a produção dos bens T e F
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Unidade I
As quantidades produzidas pelas firmas, em cada país, dependem das condições de demanda. Os consumidores 
domésticos vão adquirir as mercadorias de acordo com suas preferências. Assim, eles procurarão maximizar seu 
bem‑estar consumindo combinações dos bens T e F de forma tal que lhes proporcione a máxima satisfação, dada a 
sua renda limitada por uma restrição orçamentária. Assumindo‑se indústria de custos constantes, a FPP será igual à 
restrição orçamentária. Nesse caso, na ausência de comércio internacional, a produção doméstica (Y) e o consumo 
doméstico (C) deverão ocorrer no mesmo ponto, ou seja, onde a mais alta curva de indiferença encontra a FPP, 
conforme a figura a seguir. Essa proposição também é conhecida como condição de market clearing.
 Lembrete
A condição de market clearing é aquela em que há um preço que iguala as 
quantidades ofertadas e demandadas em um determinado mercado. Quando 
um país consumir apenas o que for capaz de produzir internamente, será dito 
que ele produz e consome em seu ponto de autarquia.
Produção 
do bem T
Produção 
do bem F
4
1
Y = C Y = CQT
QT
QF QF 3
2
(a) Produção do país A (b) Produção do país B
Produção 
do bem T
Produção 
do bem F
Figura 5 – Produção dos bens T e F nos países A e B
A base para o comércio (troca de mercadorias) entre os países ocorrerá quando ambas as nações se 
especializarem na produção da mercadoria com menor custo e importarem o bem produzido de modo 
mais barato em outro país.
Exemplo de aplicação
Ausência de comércio
Seja uma economia mundial composta por dois países, Inglaterra (I) e Portugal (P), que produzem dois 
produtos, tecido (T) e vinho (V), mas não comercializam entre si. Os coeficientes técnicos de produção 
estão expostos a seguir:
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ECONOMIA INTERNACIONAL
Tabela 2 
País
Coeficientes técnicos
Tecido 
(horas/metro)
Vinho 
(horas/barril)
Inglaterra aT
I =1 aV
I = 4
Portugal aT
P = 2 aV
P = 3
Inglaterra e Portugal possuem uma força de trabalho de 1.200 horas/trabalhador (L1 = 1.200 e LP = 1.200). 
Cada país aloca metade de suas horas de trabalho na produção de tecido e vinho. Dessa forma:
L L
L L
T
I
V
I
T
P
V
P
= =
= =
600
600
Qual o nível de produção nacional na ausência de comércio (autarquia)?
Para obtermos a produção de cada setor, basta dividir a quantidade de trabalho pelo coeficiente 
técnico de produção. Dessa forma, a produção dos dois segmentos econômicos nos países será:
T1 = 600/1 = 600
V1 = 600/4 = 150
TP = 600/2 = 300
VP = 600/3 = 200
Considerando que a demanda agregada da economia desses países é exatamente igual à produção 
(condição de market clearing), os valores de produção (Y) e consumo (C), nacional e internacional, 
podem ser verificados na tabela seguinte:
Tabela 3 
País
Produção (Y) Consumo (Y = C)
Tecido Vinho Total Tecido Vinho Total
Inglaterra 600 150 750 600 150 750
Portugal 300 200 500 300 200 500
Total 900 350 1.250 900 350 1.250
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Unidade I
Portanto, as produções da Inglaterra e de Portugal sob autarquia serão, respectivamente, de 750 e 
500 unidades de produto. Já a produção mundial será de 1.250 unidades de produto. Os gráficos a seguir 
mostram as FPPs de cada país. Esses gráficos demonstram que Inglaterra e Portugal são produtivos, 
respectivamente, em tecido e vinho.
T T
V V
600
300
L/aT = 1.200
L/aT = 600
Y = 500
Incl. = –1,5
Y = 750
Incl. = –4
L/av = 300 L/aT = 400150 200
(a) FPP da Inglaterra (b) FPP de Portugal
Figura 6 
Produção quando os dois países decidirem abrir-se ao comércio
Pelos dados anteriores, Inglaterra tem vantagem absoluta em produzir tecidos e Portugal 
tem vantagem absoluta em produzir vinhos. Considerando que haja especialização completa, 
ou seja, Inglaterra e Portugal passem a alocar toda a sua força de trabalho na produção de 
tecidos e vinhos, respectivamente (LT
I =1 200. e LV
P =1 200. ), a produção de cada setor passa 
a ser:
TI = 1.200/1 = 1.200
VP = 1.200/3 = 400
Como o consumo máximo de tecido na Inglaterra é de 600 unidades, haverá um excedente 
de 600 unidades (1.200 – 600 = 600) que poderá ser exportado para Portugal. Em contrapartida, 
o consumo máximo de vinho em Portugal é de 200 unidades, de modo que haverá um excedente 
de 200 unidades (400 – 200 = 200), que poderá ser exportado para a Inglaterra. A produção 
e o consumo de cada segmento – nacional e internacional – poderão ser representados pela 
seguinte tabela:
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ECONOMIA INTERNACIONAL
Tabela 4 
País
Produção (Y) Consumo (Y = C)
Tecido Vinho Total Tecido Vinho Total
Inglaterra 1.200 0 1.200 600 200 800
Portugal 0 400 400 600 200 800
Total 1.200 400 1.600 1.200 400 1.600
Nesse caso, as produções da Inglaterra e de Portugal sob livre‑comércio serão, respectivamente, 
de 1.200 e 400 unidades de produto. Com isso, a produção mundial aumentará para 1.600 unidades 
de produto. Por sua vez, o consumo doméstico dessas mercadorias, em ambos os países, é de 800 
unidades, considerando o montante de produtos importados de cada paíse o consumo dos produtos 
fabricados domesticamente.
T T
V V
600
300
L/aT = 1.200
L/aT = 600
M
M X
X
C = 800
C = 800
L/av = 300 L/aT = 400150 200 200
(a) FPP da Inglaterra
Obs.: M = importação; X = exportação
(b) FPP de Portugal
Figura 7 
Observa‑se que o consumo agregado, como medida do bem‑estar da sociedade, aumentou nos dois 
países sob livre‑comércio. Logo, o comércio foi mutuamente benéfico, representando um jogo de soma 
positiva. Ademais, os gráficos anteriores demonstram que o comércio internacional altera a declividade 
da FPP, ampliando as possibilidades de produção e consumo.
Esse exemplo mostra que a especialização e as trocas aumentam a eficiência do trabalho e, com isso, 
proporcionam acréscimo na produção e melhoria no bem‑estar, conforme afirmava Adam Smith.
De acordo com a Teoria das Vantagens Absolutas, as razões pelas quais os países comercializam bens 
uns com os outros podem ser assim elencadas:
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• Diferenças na tecnologia utilizada em cada país.
• Diferenças nas quantidades totais de recursos disponíveis (trabalho, por exemplo).
• Diferenças de custos de offshoring (processo de produção em vários países e montagem final em 
um único país).
• Razões geográficas: proximidade e abundância de recursos naturais.
2.1 Vantagens comparativas e ganhos do comércio
As limitações da Teoria da Vantagem Absoluta decorrem de vários fatores. O primeiro deles, de acordo 
com nosso exemplo de aplicação anterior, advém da introdução de um terceiro país na negociação 
comercial, que não é nem o mais eficiente produtor de têxteis, nem o mais eficiente produtor de itens 
alimentícios. Infelizmente, de acordo com a Teoria das Vantagens Absolutas de Adam Smith, esse terceiro 
país seria alijado do comércio internacional.
Mesmo quando apenas dois países negociarem entre si, verificaremos que uma pequena alteração 
nas quantidades requeridas de trabalho impedirá a ocorrência de livre‑comércio. Consideremos o 
seguinte exemplo descrito na tabela a seguir:
Tabela 5 – Condições de produção em Portugal e na Inglaterra
País
Vinho (V)
(em horas/
barril)
Tecido (T)
(em horas/
metro)
Razão de Preços 
(autarquia)
Portugal (P) aV
P = 8 aT
P = 9 1V : 8/9T (ou 1T : 9/8V)
Inglaterra (I) aV
I =12 aT
I =10 1V : 6/5T (ou 1T : 5/6F)
Ao analisar os dados da tabela anterior, verificamos que Portugal possui vantagens absolutas tanto 
na produção de vinho (8 horas versus 12 horas) quanto na de tecido (9 horas versus 10 horas). Nesse 
caso, pela Teoria das Vantagens Absolutas, não haveria comércio, pois para Portugal é mais barato 
fabricar localmente os produtos dos dois segmentos econômicos.
David Ricardo, no início do século XIX, demonstrou que não era necessária a existência de 
vantagem absoluta para que a especialização e o comércio fossem vantajosos. Mesmo que um país 
apresentasse vantagens absolutas em todos os segmentos econômicos sobre o outro, ainda seria 
vantajoso o comércio, desde que ele se especializasse na produção do bem em que sua vantagem 
absoluta fosse maior. Ao mesmo tempo, o país que apresentasse desvantagem absoluta poderia 
obter o máximo concentrando os seus recursos na produção do bem em que sua desvantagem 
absoluta fosse menor.
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No exemplo apresentado na tabela anterior, observamos que:
• Em primeiro lugar, Portugal pode superar a Inglaterra na produção de ambas as mercadorias. 
Todavia, sua vantagem absoluta é maior na produção de vinho e menor na de tecido (1V:8/9T). 
Logo, Portugal tem vantagem comparativa na produção de vinho – sua vantagem absoluta é 
maior (custos menores de produção) – e desvantagem comparativa na produção de tecido – sua 
vantagem absoluta é menor (custos maiores de produção). Dessa forma, Portugal ganha ao se 
especializar na produção de vinho e adquirir tecido da Inglaterra.
• Por sua vez, a Inglaterra tem desvantagem absoluta na produção de ambas as mercadorias. Todavia, 
sua vantagem absoluta é maior na produção de tecido e menor na produção de vinho (1T:5/6F). 
Dessa forma, a Inglaterra tem vantagem comparativa na produção de tecido – sua desvantagem 
absoluta é menor (custos menores de produção) – e desvantagem comparativa na produção de 
vinho – sua desvantagem absoluta é maior (custos maiores de produção). Logo, a Inglaterra ganha 
ao se especializar em tecido e adquirir vinho de Portugal.
Portanto, de acordo com os dados da tabela anterior, tanto Portugal quanto Inglaterra 
podem beneficiar‑se com o comércio, desde que cada um deles se especialize de acordo com sua 
vantagem comparativa. Neste caso, Portugal produzirá vinho para consumo próprio e o excedente 
será exportado para a Inglaterra em troca do tecido produzido por lá. Já a Inglaterra produzirá 
tecido para o seu próprio consumo e o excedente será exportado para Portugal em troca do vinho 
produzido por este.
Tanto a vantagem absoluta quanto a vantagem comparativa podem ser formalmente representadas 
pelos coeficientes técnicos de produção. Dados dois bens, X e Y; dois países, Local e Estrangeiro 
(denotado por *); e um fator de produção, o trabalho (L), os coeficientes técnicos de produção podem 
ser descritos como:
• aLX = quantidade de trabalho requerida para produzir uma unidade do bem X no país Local;
• aLX
* = quantidade de trabalho requerida para produzir uma unidade do bem X no país Estrangeiro;
• aLY = quantidade de trabalho requerida para produzir uma unidade do bem Y no país Local;
• aLY
* = quantidade de trabalho requerida para produzir uma unidade do bem Y no país Estrangeiro.
Dessa forma, um país apresenta vantagem absoluta no comércio internacional caso:
• a aLX LX<
*
: nesse caso, o país Local tem vantagem absoluta na produção de X;
• a aLY LY
* < : nesse caso, o país Estrangeiro tem vantagem absoluta na produção de Y.
Por sua vez, uma vantagem comparativa no comércio internacional pode ser demonstrada da 
seguinte forma:
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a
a
a
a
LX
LY
LX
LY
<
*
*
 (1.2)
Nesse caso, o país Local tem vantagem comparativa na produção de X e o país Estrangeiro tem 
vantagem comparativa na produção de Y. De acordo com a equação (1.2), portanto, um país terá vantagem 
comparativa nos produtos e serviços se ele produzir mais eficientemente do que outro país.
3 O CONCEITO DE CUSTO DE OPORTUNIDADE
Para entendermos melhor a questão da eficiência relativa na produção – contida na definição 
das vantagens comparativas no comércio entre países –, devemos apresentar o conceito de custo 
de oportunidade.
 Observação
Em microeconomia, custo de oportunidade representa aquilo que um 
agente econômico pode deixar de ganhar em uma ação econômica por 
escolher uma segunda opção.
O custo real em termos microeconômicos, em oposição ao custo representado em unidades 
monetárias, é denominado custo de oportunidade. Para exemplificar esse conceito, podemos utilizar 
novamente os dados da tabela anterior como comparação dos custos de oportunidade do tecido em 
termos do vinho, em ambos os países. Em Portugal, para se obter um metro de tecido, é necessário 
deixar de produzir 1,125 barril de vinho. Na Inglaterra, obtém‑se um metro de tecido deixando‑se de 
produzir 0,833 barril de vinho. Ao mesmo tempo, o custo de um barril de vinho é 0,889 metro de tecido 
em Portugal e 1,2 metro de tecido na Inglaterra. Dessa forma, recursos produtivos escassos devem ser 
utilizados na produçãodo bem com maior potencial.
Generalizando, o custo real de um bem X pode ser medido em termos do custo de oportunidade 
de outros bens, por exemplo, um bem Y cuja produção (ou consumo) é sacrificada para se produzir 
(ou consumir) uma unidade do bem X. O custo de oportunidade de produzir uma unidade do bem X 
em termos do bem Y pode ser calculado a partir da quantidade de trabalho requerida para produzir 
uma unidade do bem X, dividida pela quantidade de trabalho requerida para produzir uma unidade 
de Y. Logo, o custo de oportunidade em um dado país, Local ou Estrangeiro, pode ser representado, 
respectivamente, pelas fórmulas:
 
a
a
e
a
a
LX
LY
LX
LY
*
*
 (1.3)
Na tabela seguinte podemos observar os custos de oportunidade de Portugal e Inglaterra na 
produção de cada bem. Em destaque, as células que representam as vantagens comparativas, 
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ECONOMIA INTERNACIONAL
conforme a equação (1.2). A eficiência relativa de cada país, portanto, é retratada pelo menor custo 
de produção relativo, medido pelo custo de oportunidade.
Tabela 6 – Custos de oportunidade em Portugal e na Inglaterra
País
Vinho (V) Tecido (T)
Unidades de
trabalho
Custo de
oportunidade
Unidades de
trabalho
Custo de
oportunidade
Portugal (P) aV
P = 8 a aV
P
T
P/ / ,= =8 9 0 889 aT
P = 9 a aT
P
V
P/ / ,= =9 8 1125
Inglaterra (I) aV
I =12 a aV
I
T
I/ / ,= =12 10 12 aT
I =10 a aT
I
V
I/ / ,= =10 12 0 833
Com base no que acabamos de aprender sobre custo de oportunidade, podemos formular o conceito 
definitivo de vantagem comparativa.
 Lembrete
Vantagem comparativa: um país A possuirá vantagem comparativa na 
produção do bem X se o custo de oportunidade de produzir uma unidade 
de X em A (em termos de Y) for menor do que o custo de oportunidade de 
se produzir uma unidade de X em B (em termos de Y).
Exemplo de aplicação
Seja uma economia mundial composta por dois países, Local e Estrangeiro, que produzem café (X) e 
chá (Y). Os coeficientes técnicos de produção, em unidades de trabalho, são os seguintes:
Tabela 7 
País
Coeficientes técnicos
Café (X) Chá (Y)
Local aLX = 1 aLY = 2
Estrangeiro aLX
* = 8 aLY
* = 4
Os custos de oportunidade na produção de café e chá, em ambos os países, são verificados na tabela 
a seguir:
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Unidade I
Tabela 8 
País
Café (X) Chá (Y)
Unidades de
trabalho
Custo de
oportunidade
Unidades de
trabalho
Custo de
oportunidade
Local aLX = 1 aLX/aLY = 1/2 = 0,5 aLY = 2 aLY/aLX = 2/1 = 2
Estrangeiro aLX
* = 8 a aLX LY
* */ /= =8 4 2 aLY
* = 4 a aLY LX
* */ / ,= =4 8 0 5
Portanto, para produzir uma unidade de café (em termos de chá) no país Local é requerida 0,5 
unidade de trabalho. Nesse caso, se uma unidade de trabalho for transferida para o segmento produtivo 
de café, a produção desse bem dobrará. Esse resultado é idêntico para a produção de chá no país 
Estrangeiro. Aplicando a relação (1.2), em termos da produção de café, obtemos:
a
a
a
a
LX
LY
LX
LY
< ⇒ <
*
* ,0 5 2
O custo de oportunidade de produzir uma unidade de café, em termos de chá, no país Local é menor 
do que no país Estrangeiro. Logo, existe vantagem comparativa para o país Local produzir café. Quanto 
à produção de chá, temos que:
a
a
a
a
LY
LX
LY
LX
*
* ,< ⇒ <0 5 2
Dessa forma, o custo de oportunidade para produzir uma unidade de chá, em termos de café, no país 
Estrangeiro é menor do que no país Local. Logo, existe vantagem comparativa para o país Estrangeiro 
produzir chá.
3.1 Razões para a existência de comércio internacional
A partir dos conceitos de vantagem comparativa e custo de oportunidade, o livre‑comércio 
internacional proporcionaria benefícios a todos os participantes. As principais vantagens, ou seja, 
as razões básicas para a existência de comércio internacional, seriam os ganhos com as trocas e 
a especialização.
De acordo com a Teoria das Vantagens Comparativas, os motivos pelos quais os países deveriam 
participar do comércio internacional seriam:
• As diferenças entre os países em quantidade e utilização de recursos.
• A possibilidade de se auferir economias de escala, ou seja, redução nos custos médios de produção 
à medida que a escala produtiva aumenta.
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ECONOMIA INTERNACIONAL
Assim, um país Local possuirá vantagem comparativa sobre outro país estrangeiro na produção 
de determinada mercadoria X quando seu custo médio de produção (CMex), em comparação ao custo 
médio de produção de outras mercadorias (CMey), for mais baixo do que o custo médio de produção 
dessa mercadoria no país Estrangeiro ( CMex
* ), em relação ao custo médio de outras mercadorias 
nesse país ( CMey
* ). Logo, a vantagem comparativa na produção de um bem por um país pode ser 
representada por:
CMe
CMe
CMe
CMe
x
y
x
y
<
*
*
 Observação
Vantagem absoluta: um país é mais eficiente do que o outro.
Vantagem comparativa: um país tem menos custos de oportunidade 
(eficiência relativa) do que o outro.
4 O MODELO RICARDIANO
Veremos um exemplo detalhado do Modelo Ricardiano de Comércio entre dois países, Local e 
Estrangeiro. As hipóteses básicas desse modelo são as seguintes:
I. Existência de dois países: Local (economia doméstica) e Estrangeiro (representado por *).
II. Cada país produz dois segmentos econômicos: têxtil (T) e agrícola (A).
III. Utilização de um único fator escasso de produção: o trabalho (L).
IV. Toda mão de obra é homogênea e recebe a mesma remuneração (w) em todos os setores. Logo, só 
existe diferença de remuneração entre os países.
V. A produtividade da mão de obra é constante.
VI. As economias dos países são perfeitamente competitivas.
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Unidade I
 Saiba mais
Ao contrário da escola mercantilista, David Ricardo argumentou que 
um país deve exportar ativamente, porém evitando altas tarifas sobre 
importações de bens estrangeiros. Ricardo sofisticou a Teoria do Comércio 
Exterior ao propor um modelo de vantagens comparativas pelo qual mostrou 
que os países poderiam ser beneficiados ao se engajarem no livre‑comércio. 
A Teoria do Comércio sem Barreiras de Ricardo é o princípio fundamental de 
muitas instituições internacionais, como a Organização das Nações Unidas, 
o Banco Mundial e a Organização Mundial do Comércio.
Para saber mais acerca do assunto, leia:
RICARDO, A. Princípios de Economia Política e Tributação. São Paulo: 
Nova Cultural, 1996. (Coleção Os Economistas).
4.1 Caracterização do Modelo Ricardiano: mercados competitivos
A fim de obter uma melhor compreensão dos principais conceitos do Modelo Ricardiano, tomaremos, 
inicialmente, a hipótese (III), segundo a qual o trabalho é o único fator de produção para ambos os 
produtos. As quantidades de produção têxtil no Local e no Estrangeiro são denotadas, respectivamente, 
por QT e QT
* . Por sua vez, as quantidades de produção agrícola, em cada país, são representadas por QA e 
QA
* . Considerando que em L e L* a oferta de trabalho no país Local e no Estrangeiro, respectivamente, é 
alocada para gerar especificamente cada um dos produtos, podemos representar os coeficientes técnicos 
de produção, ou seja, a tecnologia de produção empregada, como:
 
a
L
Q
a
L
Q
LT
T
T
LT
T
T
= =; *
*
*
 (2.1)a
L
Q
a
L
Q
LA
A
A
LA
A
A
= =; *
*
*
 (2.2)
Onde:
• aLT = quantidade de trabalho requerida para produzir uma unidade de produto têxtil no país 
Local;
• aLT
* = quantidade de trabalho requerida para produzir uma unidade de produto têxtil no 
país Estrangeiro;
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ECONOMIA INTERNACIONAL
• aLA = quantidade de trabalho requerida para produzir uma unidade de produto agrícola no 
país Local;
• aLA
* = quantidade de trabalho requerida para produzir uma unidade de produto agrícola no 
país Estrangeiro.
As quantidades produzidas de determinado bem ou serviço dependem da tecnologia 
disponível no país. Assumimos que as produções têxteis e agrícolas no país Local possam ser 
representadas genericamente como uma função da quantidade de trabalho alocada em cada 
setor, ou seja:
 QT = f(LT) (2.3)
 QA = f(LA) (2.4)
A produtividade marginal (PMg) e a produtividade média (MPe) são medidas formais das 
características da tecnologia utilizada na produção. A produtividade média do país Local na produção 
de têxteis e bens agrícolas é obtida pela divisão da quantidade total produzida de cada bem pela 
quantidade de trabalho alocada em cada setor:
PMeL
Q
LT
T
T
=
PMeL
Q
LA
A
A
=
A produtividade marginal do país Local na produção de têxteis e bens agrícolas, por sua vez, é 
determinada a partir da derivação das funções de produção, definidas em (2.3) e (2.4), em relação às 
respectivas quantidades de mão de obra alocada em cada setor:
 
PMgL
Q
LT
T
T
=
∂
∂ (2.5)
 
PMgL
Q
LA
A
A
=
∂
∂ (2.6)
Assumimos que as expressões do produto marginal do trabalho estabelecidas em (2.5) e (2.6) 
obedecem à Lei dos Rendimentos Decrescentes do fator de produção variável.
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Unidade I
 Observação
A Lei dos Rendimentos Decrescentes de fator, considerando que o 
fator de produção variável seja o trabalho (L), é definida pela redução da 
produtividade marginal desse fator à medida que se acrescentam unidades 
de trabalho na produção. Supondo que os demais fatores de produção 
diferentes de L sejam fixos, podemos descrever a Lei da seguinte forma:
∂
∂
<
PMgL
L
0
De acordo com a hipótese (V), os países apresentam produtividade da mão de obra constante. 
Isso significa dizer que as produtividades marginal e média do trabalho, independentemente do bem 
produzido, são idênticas (PMgL = PMeL). Para provar essa hipótese, sejam:
 PMeL
Q
L
= (2.7)
 
PMgL
Q
L
=
∂
∂ (2.8)
Tomando a derivada de (2.7) em relação à quantidade produzida (Q), obtemos:
∂
∂
=
∂
∂
−
∂
∂ =
∂
∂
− = 



∂
∂
−



PMeL
Q
Q
L
L Q
L
L
L
Q
L
L
L
Q
L L
Q
L
Q
L2 2 2
1 1 1
Rearranjando os termos e utilizando as expressões definidas em (2.7) e (2.8):
∂
∂
⋅ = −
PMeL
Q
L PMgL PMeL
 
PMgL PMeL
PMeL
Q
L= +
∂
∂
⋅
 (2.9)
Pela hipótese (IV) do modelo, temos que ∂PMeL/∂Q = 0, ou seja, o acréscimo de unidades de trabalho 
na produção não altera a produtividade média do fator de produção. Aplicando essa hipótese em (2.9), 
obtemos, finalmente:
PMgL = PMeL
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ECONOMIA INTERNACIONAL
Esta é a Hipótese Ricardiana de Retornos Constantes de Escala. Esse resultado pode ser replicado 
tanto para os diversos segmentos econômicos de produção quanto para os países em destaque.
Exemplo de aplicação
Seja a economia de um país cujo produto doméstico (Q) é obtido a partir da seguinte função 
de produção:
Q = f(L) = 600L2 – L3
Onde L é a oferta total de trabalho no país. As produtividades média e marginal desse país 
são, respectivamente:
PMeL
Q
L
L L
L
L L= =
−
= −
600
600
2 3
2
PMgL
Q
L
L L=
∂
∂
= −1 200 3 2.
A fim de obter a quantidade de trabalhadores necessária para alcançar a produção máxima nesse 
país, devemos tomar a produtividade marginal de L e igualá‑la a zero:
PMgL = 0
1.200L — 3L2 = 0
L(1.200 –3L) = 0
L = 400
Portanto, 400 trabalhadores proporcionam a máxima produção desse país: 32.000.000 de unidades. 
O produto per capita (por trabalhador) seria de 80.000. Qual número de trabalhadores permite que as 
produtividades média e marginal sejam iguais? Fazendo PMeL = PMgL, obtemos:
600L – L2 = 1.200L – 3L2
1.200 – 600L = 3L2 – L2
600L – 2L2 = 0
L(600 – 2L) = 0
L = 300
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Unidade I
De fato, quando tomarmos a derivada de PMeL em relação a L e igualarmos a zero, encontraremos 
o produto médio máximo:
∂
∂
=
PMeL
Q
0
600 – 2L = 0
L = 300
Aplicando esse valor (L = 300) nas expressões de PMeL e PMgL, chegamos ao mesmo resultado, 
90.000, que é o produto máximo alcançado por trabalhador nesse país.
Pela hipótese (VI) do modelo, a qual assegura que as economias são competitivas, temos que as 
firmas devem maximizar lucro igualando a receita marginal ao custo marginal de produção. Como todas 
as informações de produção e consumo são completas e os agentes são tomadores de preço, o lucro 
econômico de longo prazo deve tender a zero.
O custo total de produção (CT) de uma firma competitiva, em qualquer setor ou país, deve ser 
representado por:
 CT = CF + CV(Q) (2.10)
Em que CF é a parcela de custos fixos de produção e CV é a parcela de custos variáveis, ou seja, 
variam de acordo com a produção (Q), que é definida conforme a função de produção: Q = f(L)
De acordo com a hipótese (IV) do modelo, consideraremos uma remuneração w homogênea para 
cada trabalhador L. Dessa forma, podemos reescrever (2.10) como:
 CT = CF + wL (2.11)
O custo marginal de produção (CMg) é obtido a partir da derivação de (2.11) em relação a Q:
 CMg
CT
Q
wL
Q
w
L
Q
=
∂
∂
=
∂( )
∂
=
∂
∂ (2.12)
Sabemos por (2.8) que PMgL = ∂Q/∂L. Substituindo esse resultado em (2.12), obtemos, finalmente:
 
CMg w
PMgL
=
1
 (2.13)
Logo, o custo marginal de produção é igual à multiplicação da remuneração do fator trabalho pelo 
inverso de sua produtividade marginal.
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ECONOMIA INTERNACIONAL
A receita total de vendas (RT) de uma firma é dada pela multiplicação das quantidades produzidas 
(Q) e pelo preço de mercado do bem (P):
 RT = PQ (2.14)
A receita marginal de vendas (RMg) é obtida a partir da derivação de (2.14) em relação a Q:
 
RMg
RT
Q
PQ
Q
P
Q
Q
P=
∂
∂
=
∂( )
∂
=
∂
∂
=
 (2.15)
Portanto, de acordo com (2.15), a receita marginal de vendas de uma firma competitiva deve 
igualar‑se ao preço de mercado do bem.
Igualando a receita marginal (2.15) com ao custo marginal (2.13), obtemos a relação de market 
clearing, em que:
 
P
w
PMgL
=
 (2.16)
4.2 Caracterização do Modelo Ricardiano: Fronteiras de Possibilidade de 
Produção (FPP)
Para caracterizar o Conjunto de Possibilidades de Produção (CPP) dos países, devemos partir da 
definição das necessidades de unidades de trabalho na produção. Como exemplo, vamos representar a 
produção de têxteis na economia Local:
QT = f(LT)
Nesse segmento econômico, as quantidades de trabalho requeridas para a produção, de acordo com 
(2.1), podem ser representadas por:
 
a
L
QLT
T
T
=
 (2.17)
Rearranjandoos termos da equação (2.17) em termos de QT, chegamos a:
Q
L
aT
T
LT
=
 
Q
L a
T
T LT
=
1
 (2.18)
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Unidade I
O que a equação (2.18) nos diz é que a produtividade média do trabalho no setor têxtil é igual 
ao inverso da necessidade de trabalho requerida nesse setor. Portanto, de acordo com a premissa 
(V) do modelo:
∂
∂
= = =
Q
L
PMgL PMeL
a
T
T
T T
LT
1
Assim, a quantidade requerida de trabalho no setor têxtil passa a ser representada por:
 
a
PMgLLT t
=
1
 (2.19)
Como PMgL = PMeL, a relação expressa em (2.19) passa a ser descrita por:
a
PMeLLT t
=
1
a
Q L
L
QLT T T
T
T
= =
1
/
A quantidade de trabalho unitária requerida no setor têxtil é dada pelo inverso da produtividade 
média do setor, que é igual à razão entre a quantidade de trabalhadores alocada nesse segmento e a 
quantidade produzida, conforme apontado na equação (2.17). Refazendo essa expressão em termos do 
total de mão de obra alocada no setor têxtil, obtemos:
 LT = aLT ⋅ QT (2.20)
Logo, a oferta de trabalho do setor têxtil será contratada de acordo com sua produtividade média e 
o nível de produção do segmento. Por analogia, o outro setor e os outros países terão como resultado:
 L a QA LA A= ⋅ (2.21)
 L a QT LT T
* * *= ⋅ (2.22)
 L a QA LA A
* * *= ⋅ (2.23)
Entretanto, cada país pode gerar produtos têxteis e agrícolas conforme a tecnologia e a 
quantidade de mão de obra disponível. Nesse caso, a restrição do fator trabalho, em cada país, 
deve ser apresentada como:
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ECONOMIA INTERNACIONAL
L L LT A+ ≤
L L LT A
* * *+ ≤
De acordo com os segmentos econômicos utilizados, a FPP de um país deve mostrar a 
possibilidade máxima de produção do setor têxtil do país, dada uma determinada produção de 
bens agrícolas. Os pontos sobre a FPP mostram que os recursos estão plenamente empregados 
na produção dos setores têxtil e agrícola.
Usando as restrições tecnológicas e de trabalho, podemos representar o CPP da indústria do país 
Local da seguinte forma:
L L LT A+ ≤
a Q a Q LLT T LA A+ ≤
 
Q
L
a
a
a
QA
LA
LT
LA
T≤ −
 (2.24)
O CPP é o conjunto composto por todas as possíveis combinações de produção dos setores têxteis 
e agrícolas. O fator limitante, dada a tecnologia, é apenas a oferta disponível de mão de obra em cada 
país. O CPP da indústria doméstica também pode ser observado na figura a seguir:
A
L/aLA
CPP
Custo de oportunidade: –aLT/aLA
L/aLT T
FPP Q
L
a
a
a
QA
LA
LT
LA
T: =
Figura 8 – FPP do país Local para a produção de produtos têxteis (T) e agrícolas (A)
Na figura anterior, todos os pontos interiores (abaixo da FPP) representam a CPP, ou seja, as 
possibilidades de produção da indústria doméstica. L/aLA denota a oferta de trabalho máxima a ser 
alocada no setor agrícola. Analogamente, L/aLT deve representar a oferta de trabalho máxima a ser 
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Unidade I
alocada no setor têxtil. Além disso, a FPP do país Local pode ser descrita conforme a equação (2.23), 
porém sem o sinal de desigualdade, isto é:
 
Q
L
a
a
a
QA
LA
LT
LA
T= −
 (2.25)
Isso denota o limite máximo de produção da indústria doméstica ou, ainda, o pleno emprego dos 
fatores de produção. Ao derivarmos (2.25) em termos de QT, obtemos:
 
∂
∂
= −
Q
Q
a
a
A
T
LT
LA (2.26)
Esta é a inclinação da FPP. Além disso, o resultado em (2.26) representa o custo de oportunidade de 
produção de têxteis em termos de produtos agrícolas domesticamente.
Similarmente ao procedimento anterior, a FPP do país Estrangeiro será:
 
Q
L
a
a
a
QA
LA
LT
LA
T
*
*
*
*
*
*= −
 (2.27)
De forma análoga, ao derivarmos (2.27) em termos, agora, de QT
*
, obtemos:
 
∂
∂
= −
Q
Q
a
a
A
T
LT
LA
*
*
*
*
 (2.28)
Esta é a inclinação da FPP. Além disso, o resultado em (2.28) representa o custo de oportunidade 
entre gerar produtos têxteis e agrícolas no exterior.
Tomemos, como exemplo, as necessidades unitárias de trabalho no país doméstico descritas na 
tabela a seguir:
Tabela 9 – Necessidades unitárias de trabalho nos países Local e Estrangeiro
País
Coeficientes técnicos de produção 
(unidades de trabalho)
Produtos têxteis (T) Produtos agrícolas (A)
Local aLT = 1 aLA = 2
Estrangeiro aLT
* = 8 aLA
* = 4
Nesse caso, o custo de oportunidade no país Local (T/A) pode ser definido da seguinte forma: 
para produzir uma unidade a mais de produto têxtil, deve‑se abrir mão de 0,5 unidade de trabalho 
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ECONOMIA INTERNACIONAL
no setor agrícola. Por esse mesmo exemplo, o custo de oportunidade no país Estrangeiro (T/A) é 
entendido da seguinte forma: para produzir uma unidade a mais de produto têxtil, deve‑se abrir 
mão de duas unidades de trabalho no setor agrícola.
Em ambos os casos estamos apresentando uma situação tal que um setor deve abrir mão de unidades 
de trabalho e, consequentemente, reduzir sua produção em favor do aumento de unidades de trabalho 
em outro segmento, acompanhado de aumento em sua produção, sem que os recursos deixem de ser 
plenamente empregados.
Portanto, essa é uma relação negativa que combina com o sinal negativo das expressões (2.26) e 
(2.28), bem como com o formato decrescente da FPP na figura anterior. Além disso, a FPP linear de 
ambos os países denota que o custo de oportunidade dos produtos têxteis em termos dos produtos 
agrícolas é constante.
Exemplo de aplicação
FPP do país Local
Suponha que no país Local sejam produzidos dois tipos de mercadorias: têxteis (T) e agrícolas (A). 
As necessidades unitárias de trabalho requeridas na produção desses bens estão transcritas na tabela 
anterior. Dessa forma:
aLT = 1; aLA = 2
A oferta total de mão de obra no país Local é de 1.000 trabalhadores (L = 1.000). Para encontrar a 
FPP do país Local, devemos substituir os valores desse exemplo na equação (2.25):
Q
L
a
a
a
QA
LA
LT
LA
T= −
Q QA T= −
1 000
2
1
2
.
QA = 500 – 0,5 QT
As produções máximas de mercadorias têxteis e agrícolas são dadas por:
Q
L
aT LT
= = =
1 000
1
1 000
.
.
Q
L
aA LA
= = =
1 000
2
500
.
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Unidade I
O custo de oportunidade, por sua vez, é definido a partir do resultado em (2.26):
− = − = −
a
a
LT
LA
1
2
0 5,
Dessa forma, a FPP do país Local pode ser definida conforme a figura a seguir:
A
L/aLA = 500
CPP
FPP: QA = 500 – 0,5QT
L/aLT=1.000 T
Custo de oportunidade:
a aLT LA/ ,= − =
1
2
0 5
Figura 9 
FPP do país Estrangeiro
Suponha que no país Estrangeiro sejam produzidos dois tipos de mercadorias: têxteis (T) e agrícolas 
(A). As necessidades unitárias de trabalho requeridas na produção desses bens foram apresentadas 
também na tabela anterior. Dessa forma:
a aLT LA
* *= =8 4;
A oferta total de mão de obra no país Estrangeiro é de 6.000 trabalhadores (L* = 6 000. ). Para 
encontrar a FPP do país Estrangeiro, devemos substituir os valores desse exemplo na equação (2.27):
Q
L
a
a
a
QA
LA
LT
LA
T
*
*
*
*
*
*= −
Q QA T
* *.=−
6 000
4
8
4
Q QA T
* *.= −1 500 2
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ECONOMIA INTERNACIONAL
As produções máximas de mercadorias têxteis e agrícolas são dadas por:
Q
L
a
T
LT
*
*
*
.
= = =
6 000
8
750
Q
L
a
A
LA
*
*
*
.
.= = =
6 000
4
1 500
O custo de oportunidade, por sua vez, é definido a partir do resultado em (2.28):
− = − = −
a
a
LT
LA
*
*
8
4
2
Dessa forma, a FPP do país Estrangeiro pode ser definida conforme a figura a seguir:
A
L*/a*LA = 1.500
CPP
FPP: Q*A = 1.500 – 2Q
*
T
L*/a*LT=750 T
Custo de oportunidade:
− = − = −a aLT LA
* */
8
4
2
Figura 10 
4.3 Determinação do nível de produção
A menos que a produção de um país seja direcionada por um planejador central, os produtores 
domésticos de bens e serviços devem ser orientados a produzir a quantidade desejada pelos 
consumidores, que varia de acordo com as preferências deles. Há duas regras básicas oriundas da 
Teoria Microeconômica que norteiam as preferências dos consumidores:
• Os consumidores são racionais, logo preferem sempre mais de uma determinada cesta de mercadorias.
• A satisfação dos consumidores no consumo de determinada cesta de mercadorias cresce a uma 
taxa decrescente (utilidade marginal decrescente), ou seja, há um ponto de máxima satisfação 
(ou bem‑estar) no consumo de determinada cesta de mercadorias.
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Unidade I
Essas hipóteses indicam como os consumidores escolhem suas mercadorias. Nesse caso, eles 
escolherão sempre as cestas de mercadorias (conjunto de bens de consumo) que se situam sobre a curva 
de indiferença mais à direita possível.
 Saiba mais
Uma curva de indiferença indica um nível de utilidade ou satisfação 
constante em todas as cestas de consumo situadas sobre essa curva. 
Nesse caso, o consumidor estaria igualmente satisfeito (ou indiferente) 
com a escolha dessas cestas de mercadorias, que estão sobre a mesma 
curva de indiferença.
Sobre essas proposições da Teoria do Consumidor, bem como as 
derivações matemáticas dessas curvas, leia:
PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Demanda Individual e Demanda de 
Mercado. In: Microeconomia. 8. ed. São Paulo: Pearson, 2014.
No entanto, o consumidor não poderá escolher qualquer cesta de mercadorias. Ele deverá obedecer a 
uma restrição orçamentária, que define o conjunto de cestas que um consumidor pode comprar (QT; QA), dado 
um montante limitado de renda (Y) e os preços dessas mercadorias (PT; PA). Assim, o consumidor maximiza seu 
bem‑estar consumindo a cesta de mercadorias, que se encontra sobre a curva de indiferença que tangencia 
a restrição orçamentária.
A
T
QA
Y/PA
E
U2
U2
U0
Y/PTQT
Preço relativo:
PT/PA
Curvas de 
indiferença
Restrição orçamentária:
Q
Y
P
P
P
QA
A
T
A
T= −
Figura 11 – Decisão de consumo doméstico entre dois bens (T e A)
No gráfico da figura anterior, qualquer cesta de consumo abaixo da reta de restrição orçamentária 
poderia ser adquirida pelo consumidor, mas lhe geraria uma satisfação menor. As cestas acima da reta 
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ECONOMIA INTERNACIONAL
de restrição orçamentária não poderiam ser consumidas. A única cesta de consumo que maximiza o 
bem‑estar do consumidor encontra‑se no ponto E.
A inclinação da restrição orçamentária representa o número de unidades de produtos agrícolas 
de que o consumidor deve abrir mão para obter uma unidade adicional de produto têxtil. Portanto, a 
inclinação da restrição orçamentária pode ser representada por:
 
∂
∂
= −
Q
Q
P
P
A
T
T
A (2.29)
Na cesta ótima E, a reta orçamentária é tangente à curva de indiferença. Nesse ponto, a inclinação da 
restrição orçamentária (–PT/PA) e da curva de indiferença são iguais. Podemos constatar, também, que o 
formato da restrição orçamentária é muito parecido com o da FPP (figura anterior). Isso se deve ao fato de 
que os preços dos bens precisam ser determinados pelo seu custo de produção. Dessa forma, o trade‑off, 
que discutimos na análise da FPP, reflete‑se na análise da restrição orçamentária ao mostrar simplesmente 
o preço relativo entre dois bens. Logo, em nível nacional, FPP e restrição orçamentária são idênticas.
 Observação
Em contabilidade social, podemos dizer que a identidade entre FPP 
e restrição orçamentária é similar à identidade fundamental das contas 
nacionais: a Renda Nacional Bruta (RNE) deve ser igual ao Produto 
Nacional Bruto (PNB).
A
PT/PA
OR
DR
T
QA
L/aT
aLT/aLA
U1
E*’E*
QT L/aLT
Preço relativo:
PT/PA
QT/QA QT/QA
FPP Q
L
a
a
a
QA
LA
LT
LA
T: = −
Figura 12 – Produção doméstica de dois bens (T e A) e equilíbrio de autarquia
Portanto, produção e consumo são determinados a partir das quantidades consumidas que 
maximizam o bem‑estar do consumidor, dada a restrição orçamentária. O ponto E*, na figura anterior, 
42
Re
vi
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o:
 A
na
 F
az
zi
o 
- 
Di
ag
ra
m
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ão
: M
ár
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o 
- 
26
/0
9/
20
16
Unidade I
é conhecido como ponto de autarquia. Nele, a oferta é igual à demanda e não existe excesso nem 
escassez (de oferta ou demanda).
A partir desse ponto, é possível traçar as curvas de oferta relativa (OR) e demanda relativa (DR):
OR
Q
Q
DR
Q
Q
L a
L a
a
a
A
T
A
T
LA
LT
LT
LA
=
= = =






/
/
Em equilíbrio, temos que OR= DR. Isso significa que, na ausência de comércio internacional, a 
economia doméstica vai produzir mercadorias têxteis ou agrícolas de tal forma que os preços relativos 
sejam iguais às suas necessidades relativas de trabalho (custo de oportunidade):
OR DR
a
a
P
P
LT
LA
T
A
= ⇒ =
Já o ponto E*’representa o equilíbrio do mercado doméstico com economia fechada. Nesse ponto, o 
país não necessita participar de nenhuma interação econômica global. Além disso, sabemos agora que, 
se ambos os bens estiverem sendo produzidos domesticamente, os preços desses bens serão dados pela 
inclinação da FPP.
4.4 Determinação dos preços
Vimos que o preço de mercado que vigora conforme as firmas maximizam o lucro numa economia 
competitiva (CMg = RMg) deve ser aquele expresso na equação (2.16), em que é igualado à razão entre 
o salário pago aos trabalhadores de cada setor (w) e a produtividade marginal do trabalho (PMgL).
Para determinarmos a produção, devemos observar os preços relativos dos dois bens produzidos em 
cada país:
• PT: preço do produto têxtil ($/unidade);
• PA: preço do produto agrícola ($/unidade).
Utilizando o resultado da condição de maximização de lucro em (2.16) para o setor têxtil, obtemos:
P
w
PMgLT
T
T
=
Por (2.19), o inverso da produtividade marginal do trabalho (1/PMgLT) é exatamente a quantidade de 
trabalho unitária requerida para produzir uma unidade de produto têxtil. Logo:
43
Re
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 A
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16
ECONOMIA INTERNACIONAL
P
w
a
w aT
T
LT
T LT= = ⋅1/
Rearranjando os termos da equação anterior para w:
 
w
P
aT
T
LT
=
 (2.30)
O salário a ser pago no setor têxtil deve representar a relação entre o preço do produto têxtil e as 
quantidades unitárias de trabalho requeridas para produzir uma unidade de produto desse setor. De 
modo análogo, a remuneração do trabalho no setor agrícola será:
 
w
P
aA
A
LA

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