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82 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 10 /1 5 Unidade II Unidade II 5 COMPROMISSOS MUNDIAIS A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD) – Rio‑92 aconteceu no Rio de Janeiro, entre 3 e 14 de junho de 1992. Mais de 100 chefes de estado se reuniram para discutir um desenvolvimento econômico que não causasse danos ao meio ambiente. A Rio‑92 discutiu o desenvolvimento sustentável de forma a aumentar a conscientização dos povos de que os países desenvolvidos são responsáveis pela maior parte da poluição mundial. Os países em desenvolvimento deveriam ter ajuda financeira para atingir o desenvolvimento sustentável. A Rio‑92, também chamada de Cúpula da Terra, tinha o mesmo objetivo da Conferência de Estocolmo, realizada em 1972. Vinte anos depois, estratégias para reduzir a degradação ambiental e preservar o ambiente para as gerações futuras ainda estavam sendo discutidas. O objetivo central era promover o desenvolvimento sustentável, utilizando a educação ambiental como principal ferramenta para conscientizar a população de que era necessário modificar o estilo de vida, consumindo menos, desperdiçando menos recursos naturais e procurando manter o equilíbrio ecológico. Naquele momento, os representantes de governo concordaram com a importância da questão ambiental. As discussões resultaram nos seguintes documentos: • Agenda 21; • Convenção da Biodiversidade; • Convenção das Mudanças Climáticas; • Declaração de Princípios sobre Florestas; • Declaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento; • Carta da Terra. A Carta da Terra trata dos princípios fundamentais para o desenvolvimento sustentável, visando a uma sociedade justa. Tem como objetivo estimular a responsabilidade individual e coletiva em relação às questões ambientais que estão intimamente ligadas ao bem‑estar e à qualidade de vida das gerações atuais e futuras. Reconhece que a questão ambiental não pode ser tratada isoladamente, mas precisa estar dentro do contexto social, econômico e político. A Carta da Terra levou mais de dez anos para ser concluída. Ela foi elaborada num proceso participativo de iniciativa das Nações Unidas e teve a adesão de 4.500 organizações. A redação da Carta da Terra envolveu o 83 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 10 /1 5 CONTROLE AMBIENTAL E RECURSOS NATURAIS processo mais participativo associado à criação de uma declaração internacional. Esse processo é a fonte básica de sua legitimidade como um marco de guia ético. A legitimidade do documento foi fortalecida pelo alto índice de adesão das organizações, que incluem vários organismos governamentais e organizações internacionais. A Carta da Terra foi baseada em quatro princípios fundamentais que visam fomentar um modelo de desenvolvimento sustentável de forma ética: • respeitar e cuidar da comunidade de vida; • integridade ecológica; • justiça social e econômica; • democracia, não violência e paz. A carta mostra valores globais e uma declaração que pode ser utilizada pelos povos de todas as religiões, culturas e raças. Além disso, promove valores que já foram publicados em outros documentos e que devem servir de guia para ações dos cidadãos para melhoria da qualidade de vida. Saiba mais Para mais informações, leia a Carta da Terra na íntegra: A CARTA da Terra. 2000. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/ estruturas/agenda21/_arquivos/carta_terra.pdf>. Acesso em: 8. out. 2014. A Convenção da Biodiversidade garante que os recursos naturais sejam usados de forma racional, sem desperdícios. Esse documento deve ser aprovado pelo Congresso Nacional de cada país participante. No Brasil, ele entrou em vigor em 1993 visando à conservação do meio ambiente, ao uso sustentável de seus recursos e à divisão equilibrada de seus benefícios para a sociedade. Ao todo, 168 países assinaram o documento, comprometendo‑se em respeitar o acordo. Os Estados Unidos levaram mais de um ano para assinar o documento, alegando que traria prejuízos econômicos (MARTINS, 2012; BRASIL, 2000). Saiba mais Para mais informações, leia a Convenção sobre Diversidade Biológica na íntegra: BRASIL. Convenção sobre diversidade biológica. Brasília, 2000. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/sbf_chm_rbbio/_arquivos/cdbport_ 72.pdf>. Acesso em: 13 out. 2015. 84 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 10 /1 5 Unidade II A Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento contém 27 princípios que reforçam a Declaração da Conferência de Estocolmo, em 1972. O documento promove o ativismo ambiental. Cada país tem o direito de explorar os recursos naturais dentro do seu território com responsabilidade, estabelecendo políticas de conservação ambiental e sustentabilidade. O documento foi assinado em 12 de agosto de 1992 (MARTINS, 2012; BRASIL, 1992b). Saiba mais Para mais informações, leia a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento na íntegra: BRASIL. Declaração do Rio sobre meio ambiente e desenvolvimento. Brasília, 1992b. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/sdi/ea/ documentos/convs/decl_rio92.pdf>. Acesso em: 9 out. 2015. A Convenção do Clima foi um tratado internacional estabelecido durante a Rio‑92. Tinha como objetivo propor a redução da concentração de gases do efeito estufa (GEE) na atmosfera para evitar alterações no clima. A convenção só começou a vigorar em 1994. Os países responsáveis pelas maiores emissões deveriam ter a maior redução. A partir dessa convenção, muitos documentos importantes foram elaborados, entre eles o protocolo de Quioto (MARTINS, 2012; BRASIL, [s.d.]a). Saiba mais Para mais informações, leia o documento Convenção do Clima na íntegra acessando: BRASIL. Protocolo de Quioto. Brasília, [s.d.]b. Disponível em: <http:// www.mct.gov.br/upd_blob/0012/12425.pdf>. Acesso em: 9 out. 2015. A Agenda 21 foi o documento mais importante gerado na Rio‑92. Nele, foi estabelecido um plano de ação mundial para o desenvolvimento sustentável, considerando a proteção ambiental e a justiça social e econômica. O documento foi dividido em 40 capítulos, que tratam dos seguintes temas (BRASIL, 1992a): • Dimensões econômicas e sociais – promover o desenvolvimento sustentável nos países em desenvolvimento, focando em estratégias de diminuição da pobreza, da miséria e alterações nos padrões de consumo, além do controle do crescimento populacional. Em suma, promove o aumento da qualidade de vida dos países. 85 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 10 /1 5 CONTROLE AMBIENTAL E RECURSOS NATURAIS • Conservação e questão dos recursos para o desenvolvimento – promove a conservação do ar, do solo, dos mares, da água doce, das matas, e da biodiversidade. Estabelece ações que promovam a melhoria dos níveis de educação da mulher, assim como a sua participação em todas as atividades que levem ao desenvolvimento e à gestão ambiental. Foram ainda discutidas medidas de proteção da juventude e dos povos indígenas. • Revisão dos instrumentos necessários para a execução das ações propostas – leva em consideração mecanismos econômicos e jurídicos internacionais, assim como a produção e a oferta de tecnologias ecologicamente corretas para a promoção do desenvolvimento sustentável a partir da educação e da construção de uma consciência ambiental. Foi aprovada por todos os países participantes da CNUMAD. Gerou a criação da Comissão de Desenvolvimento Sustentável (CDS), vinculada ao Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (Ecosoc). A CDS tem como objetivo acompanhar os países naelaboração e implementação das agendas nacionais. Somente a China elaborou sua agenda nacional e já deu início à sua implantação. A Agenda 21 é um poderoso instrumento para estabelecer um novo paradigma de desenvolvimento, levando em consideração o respeito à natureza, buscando um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a preservação da natureza, e garantindo, assim, a qualidade de vida para os povos. A Agenda 21 teve grande importância política para o estabelecimento de um novo modelo de desenvolvimento. Saiba mais Para mais informações sobre a Agenda 21, acesse: BRASIL. Agenda 21 Global. Brasília, 1992a. Disponível em: <http:// www.mma.gov.br/responsabil idade‑socioambiental/agenda‑21/ agenda‑21‑global>. Acesso em: 9 out. 2015. 5.1 Protocolo de Quioto A Conferência de Quioto foi realizada no Japão em 11 de dezembro de 1997. Nela, 38 países industrializados concordaram com a diminuição, até 2012, de suas emissões de gases causadores de efeito estufa a níveis abaixo dos detectados em 1990. Os Estados Unidos concordaram com 7% de redução, a União Europeia, com 8%, e o Japão, com 6%. A maioria dos países precisaria rever suas fontes energéticas e os países desenvolvidos teriam alto custo para se adaptar à nova realidade. Os Estados Unidos decepcionaram ao não fornecerem números objetivos para reduzir a poluição em 1997. Bill Clinton, então presidente dos Estados Unidos, anunciou que o país pretendia estabilizar as emissões nos níveis de 1990 até o ano de 2012. No entanto, o mundo esperava reduções mais acentuadas, devido à condição crítica global causada pelo efeito estufa. 86 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 10 /1 5 Unidade II Assim, os Estados Unidos não submeteram seu desenvolvimento econômico a esse acordo, não assinando o protocolo. O Brasil assinou o Protocolo de Quioto em 2002, mesmo sendo um dos documentos propostos mais polêmicos. Para cada país foi proposto um índice de redução, com base em seu histórico de poluição. Para os países em desenvolvimento, o índice era menor do que para os países desenvolvidos. Todos os anos ocorrem reuniões para discutir as regras e dificuldades para a implantação do protocolo. Várias cidades já sediaram esses encontros, como: Berlim (1995), Genebra (1996), Quioto (1997) – adotado o Protocolo de Quioto –, Buenos Aires (1998), Bonn (1999), Haia e Bonn (2000), Marrakech (2001), Nova Délhi (2002), Milão (2003), Buenos Aires (2004), Montreal (2005), Nairóbi (2006), Bali (2007), ´Poznan (2008), Copenhague (2009), Cancun (2010) e Durban (2011). 5.2 Rio+20 A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, também conhecida como Rio+20, ocorreu no Rio de Janeiro, de 13 a 22 de junho de 2012. Após 20 anos da Rio‑92, o encontro teve como objetivo renovar o compromisso político assumido para o desenvolvimento sustentável, analisar os progressos e os problemas enfrentados até aquele momento pelos países participantes na implementação dos acordos assinados e abordar novos desafios (ORLANDI, 2012). O encontro gerou um documento de 53 páginas, que foi assinado por 188 países, estabelecendo um guia para o desenvolvimento sustentável. Governantes, empresários e membros da sociedade apresentaram várias ações para promover o desenvolvimento sustentável, englobando questões sobre energia alternativa e transporte. Seriam investidos 50 bilhões de dólares em energia sustentável para ajudar 1 bilhão de pessoas. A população do planeta cresceu 26% entre 1992 e 2011, o que gerou um aumento do consumo. A demanda por alimentos aumentou 45% nos últimos 20 anos e a exploração de materiais de fontes naturais aumentou 41%. A produção de plástico dobrou e aumentou em 40% a emissão de gases poluentes. Se o consumo de recursos naturais continuar crescendo, vamos precisar de mais de três planetas em 2050 para atender às necessidades da população (ORLANDI, 2012). Na conferência foram abordados dois temas: economia verde para o desenvolvimento sustentável e a extinção da pobreza; e a estrutura organizacional para o desenvolvimento sustentável. Se investirmos 2% do PIB mundial em dez setores‑chaves, a economia se tornará mais sustentável. Contudo, existe o temor de que os países com menos recursos econômicos teriam que importar tecnologia e continuariam “dominados” pelos países ricos. A sustentabilidade continua sendo um objetivo vital a longo prazo, mas é preciso tornar a economia mais verde para chegarmos lá. Talvez o mito mais difundido seja o de que há uma troca inevitável entre preservação ambiental e progresso econômico. Agora há evidência substancial de que o “esverdeamento” de economias não inibe a criação de riqueza ou oportunidades de emprego (ONU, 2012, p. 9‑10). Sabemos que a sustentabilidade não está relacionada apenas com o meio ambiente, mas engloba também aspectos sociais e econômicos. Como todas as ações relacionadas ao meio ambiente exigem 87 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 10 /1 5 CONTROLE AMBIENTAL E RECURSOS NATURAIS investimentos a curto prazo, mas podem gerar lucro a médio e longo prazo, isso também ocorre com a economia verde. A economia verde não é um privilégio dos países desenvolvidos, ela já vem acontecendo em vários setores do mundo em desenvolvimento. No documento final gerado na conferência, os países renovaram seu compromisso com o desenvolvimento sustentável e com a promessa de melhoria na qualidade de vida da população, levando em consideração os aspectos econômico, social e ambiental e preservando o planeta para as gerações atuais e futuras. Os países participantes também reafirmaram os princípios enunciados na Rio‑92 e em diversas conferências que aconteceram em seguida sobre desenvolvimento sustentável. Foram estabelecidas políticas econômicas que serão utilizadas para o desenvolvimento da economia verde e, assim, atingir o desenvolvimento sustentável. Nota‑se que o mundo está aprendendo, com o compartilhamento de experiências, a viver de maneira mais sustentável. Os países participantes promoveram um fórum político sobre desenvolvimento sustentável para discutir como integrar os aspectos social, econômico e ambiental no desenvolvimento sustentável. Concordaram, também, em ampliar o financiamento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e em financiar o desenvolvimento sustentável para atender aos compromissos acordados na Rio‑92. Um comitê formado por 30 especialistas com representação geográfica equitativa ficou responsável pela implantação deste projeto até 2014, mas ele ainda não saiu do papel. Foram adotadas diretrizes para produção e consumo sustentáveis para a próxima década. Um grupo de estados foi nomeado para promover medidas necessárias para a implantação do desenvolvimento sustentável. O documento final da Rio+20 propõe o intercâmbio de informações, o desenvolvimento de tecnologias ambientalmente saudáveis e o estabelecimento de mecanismos facilitados de transferência de tecnologia. O Produto Interno Bruto (PIB) não reflete o desenvolvimento de um país nas dimensões social e ambiental do desenvolvimento sustentável, assim, serão necessários outros parâmetros para complementá‑lo. Empresas de capital aberto e grandes organizações foram estimuladas a considerar fatores ambientais e divulgá‑los em seus relatórios anuais. Os resultados alcançados na Rio+20 são importantes para ajudar a resolver problemas críticos, como o crescimento das emissões de poluentes, que continuam causando as mudanças climáticas e a devastação da biodiversidade. O mundo vem enfrentando vários desafios, como (ORLANDI, 2012): • dois terços dos serviços que a natureza oferece para a humanidade estão em declínio, assim como a maioria dos hábitats, e o ritmode espécies em extinção parece estar acelerando; • as emissões globais anuais de dióxido de carbono de combustíveis cresceram 38% entre 1990 e 2009, com aumento maior após o ano 2000; 88 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 10 /1 5 Unidade II • 20% da população mundial ainda carece de acesso à eletricidade e 2,7 bilhões de pessoas ainda dependem de biomassa para cozinhar; • 85% de todas as espécies de peixes estão sobre‑exploradas, esgotadas, em recuperação ou plenamente exploradas; • globalmente, a pobreza ainda mantém 57 milhões de crianças fora da escola primária e cerca de 16% dos adultos – 793 milhões, dos quais um terço é mulher – carecem de habilidades básicas de alfabetização; • o mundo ainda está perdendo cobertura florestal em uma taxa alarmante, cerca de 5,2 milhões de hectares de perda líquida por ano, apesar de a taxa de desmatamento mostrar agora sinais de redução. 5.3 Panorama da degradação da terra no Brasil A degradação ambiental acontece em todas as partes do mundo e tem acompanhado a evolução do Homem. Com o passar do tempo, a humanidade, em busca de melhores condições de vida, utilizando novas tecnologias e buscando desenvolvimento econômico, provocou a degradação que vemos atualmente. As principais causas são a intervenção humana, o crescimento populacional, práticas agropecuárias inadequadas e construções de aglomerados de indústrias. Podemos citar como principais responsáveis as práticas agropecuárias, que modificam o cenário do campo por meio de processos de modernização de plantio e colheita (SÁNCHEZ, 2008). A degradação ambiental pode ser interpretada como o desgaste provocado à natureza pelas ações humanas com função econômica e de aspectos populacionais e biológicos. Para o povo brasileiro, essa questão também é provocada pela agropecuária, atividade de grande importância econômica. Assim, como alternativa, surgem novas técnicas de agricultura praticadas de maneira sustentável, conhecidas como agroecologia. A agroecologia busca valorizar o saber produtivo do agricultor e a conservação do ambiente, propiciando um instrumento de combate à pobreza e à degradação. Lemos (2001) desenvolveu estudos sobre a degradação ambiental e formulou um Índice de Degradação (ID) para avaliar a região Nordeste do Brasil. Outros estudos foram realizados a partir dele para observar a degradação ambiental em outras partes do país. Os impactos ambientais são causados pelo ser humano por meio de modificações na paisagem natural. Para entender a complexidade dos impactos gerados pela degradação ambiental são necessários estudos multidisciplinares sobre o manejo do solo ou de outros elementos naturais para podermos alcançar recuperação da área (SÁNCHEZ, 2008). A degradação ambiental pode ser causada pelo uso intensivo do solo, levando a matéria orgânica (nutrientes) à degradação e compactando o solo por meio de equipamentos agrícolas. Ainda podemos citar a utilização de agrotóxicos, que também causa impactos para a saúde humana, além de poluir o ambiente (SÁNCHEZ, 2008). 89 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 10 /1 5 CONTROLE AMBIENTAL E RECURSOS NATURAIS O uso de fertilizantes é outro ponto importante, pois provoca impactos ao meio ambiente mesmo propiciando a fertilização das plantações; sua utilização em excesso e de forma inadequada causa o comprometimento da fertilização em longo prazo da mesma maneira que os agrotóxicos provocam prejuízos à saúde humana. A irrigação também piora a degradação, pois pode agravar os danos à hidrografia, além de causar a lixiviação de fertilizantes, que são fortes poluidores de lagos e rios e podem provocar a erosão de solos. Finalmente, devemos mencionar a manipulação de genomas das plantas, mais um fator causador de degradação ambiental. Essas alterações visam aumentar, geneticamente, a produtividade das plantas, mas ainda são dependentes do uso de agrotóxicos e fertilizantes, que necessitam ser utilizados com frequência e, como consequência, causam prejuízos ambientais (SÁNCHEZ, 2008). A diferença entre a agroecologia e a agricultura para produção capitalista é que a primeira tem um enfoque de produção de longo prazo, enquanto a segunda tem um enfoque de produção de curto prazo. Assim, a agroecologia usa melhor a terra para que a produção diminua seus impactos no meio e venha a gerar mais lucro por um período maior de tempo. Estudos realizados no Acre mostraram que o grau de degradação encontrado foi uma média de ID de 30,74%, valores muito abaixo dos encontrados no Nordeste. Foi observado que muitos municípios do estado do Acre apresentaram ID igual a zero, ou próximos disso. Contudo, algumas regiões do estado apresentam um ID maior que 60% de degradação ambiental, ficando evidente que o estado do Acre possui, em média, um bom estado de conservação ambiental (SÁNCHEZ, 2008). A degradação ambiental brasileira possui um impacto diferente, dependendo da região do país. Os aspectos climáticos do Nordeste devem ser levados em consideração na análise da degradação ambiental dessa região. Temos ainda que considerar a interferência da pobreza, pois ela também é responsável pela degradação do ambiente. Foi observado que a degradação ambiental se comporta de forma heterogênea nas diversas regiões do país. Notamos que na região de Minas Gerais e no Centro‑Oeste do Brasil existe um agravamento da questão devido à agropecuária, forte atividade geradora de renda na região (SÁNCHEZ, 2008). Os estudos do ID analisam a degradação ambiental durante um determinado período do tempo. Dessa forma, os resultados obtidos são restritos a um determinado espaço do tempo, não sendo possível analisar a evolução da degradação ao longo de um período. As questões socioeconômicas deveriam ser consideradas, mas, infelizmente, não foram em nenhum dos estudos. Assim, é necessário analisar outros indicadores, como os econômicos e políticos. A degradação ambiental pode acontecer devido à má utilização dos recursos naturais ou dos resíduos gerados como resultado do consumo e do processo de produção. Assim, podemos considerar essa ação do homem como um aspecto social. Podemos ainda estudar a relação entre a degradação ambiental e os aspectos socioeconômicos para analisar como os aspectos podem causar algum tipo de impacto um no outro. 90 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 10 /1 5 Unidade II 5.3.1 A poluição, causas e consequências 5.3.1.1 Poluição da água De acordo com Miller Jr. (2007), a poluição da água é qualquer tipo de alteração química, biológica ou física na qualidade da água que prejudique os organismos vivos ou torne a água inadequada para o consumo, como agentes infecciosos, substâncias químicas orgânicas e inorgânicas ou mesmo o excesso de calor. Os principais agentes infecciosos que podem estar presentes na água são as bactérias, os vírus, os protozoários e os vermes parasitas. Muitas vezes, dejetos de animais e seres humanos presentes no esgoto são lançados em corpos de água sem o tratamento adequado, poluindo a água e podendo causar várias doenças à população. Resíduos orgânicos, como esterco animal e resíduos de vegetais, podem ser decompostos por bactérias aeróbicas e são provenientes de esgoto, animais em confinamento, fábricas de papel e estações de processamento de alimentos. Provocam o crescimento de grandes populações de bactérias que decompõem esses resíduos e degradam a qualidade da água, pois esgotam o oxigênio nela dissolvido e acarretam a morte de peixes e outras formas de vida aquáticas que precisam de oxigênio. Substâncias químicas inorgânicas solúveis em água (por exemplo, ácidos), compostos demetais tóxicos – arsênio (As), chumbo (Pb) e selênio (Se) – sais como cloreto de sódio (NaCl) da água do mar e outros fluoretos (F‑) encontrados em alguns solos, geralmente provenientes de escoamento superficial, efluentes industriais e produtos de limpeza doméstica, podem deixar a água inutilizável para consumo humano ou irrigação, provocar câncer de pele e danos ao pescoço e à coluna vertebral, como paralisia. Ainda, podem comprometer o sistema nervoso, o fígado e os rins (Pb e Se), prejudicar peixes e outras formas de vidas aquáticas, diminuindo a produção das plantações e acelerando a corrosão de metais expostos a essa água. Substâncias químicas orgânicas, como petróleo, gasolina, plástico, pesticidas, solventes de limpeza e detergentes, provenientes de efluentes industriais, produtos de limpeza doméstica, escoamento superficial de fazendas e jardins, podem ameaçar a saúde da população causando danos ao sistema nervoso (alguns pesticidas), doenças no aparelho reprodutor (alguns solventes) e certos tipos de câncer (gasolina, petróleo e determinados solventes), além de prejudicar peixes e animais selvagens. Os nutrientes vegetais, como compostos solúveis em água, contendo nitrato (NO3 ‑), fosfato (PO4 3‑) e íons de amônio (NH4 +) provenientes de esgoto, esterco e escoamento de fertilizantes agrícolas e urbanos, podem causar o crescimento excessivo de algas e outras plantas aquáticas, que morrem, decompõem‑se, esgotam o oxigênio dissolvido da água e matam peixes. Água potável com níveis excessivos de nitrato reduz a capacidade do sangue de transportar oxigênio e pode matar fetos e bebês. Os sedimentos, como solo e silte, provenientes da erosão do solo, podem obscurecer a água e reduzir a fotossíntese, prejudicando as cadeias alimentares aquáticas, transportar pesticidas, bactérias e outras substâncias nocivas, deslocar e destruir recifes de corais e os locais de alimentação e reprodução de peixes, assim como obstruir e assorear lagos, reservatórios artificiais, canais, rios e portos. 91 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 10 /1 5 CONTROLE AMBIENTAL E RECURSOS NATURAIS Materiais radioativos, como isótopos radioativos de iodo, radônio, urânio, césio e tório, provenientes das usinas nucleares e de queima de carvão, mineração e processamento de urânio e outros minérios, produção de armas nucleares e fontes naturais causam mutações genéticas, abortos, defeitos de nascença e certos tipos de câncer. Por fim, a poluição térmica é o calor excessivo proveniente do resfriamento por água de usinas elétricas e alguns tipos de fábricas. Nos Estados Unidos, cerca de metade da água retirada por ano destina‑se ao resfriamento de usinas geradoras de energia elétrica. O calor reduz os níveis de oxigênio dissolvido na água e torna os organismos aquáticos mais vulneráveis a doenças, parasitas e substâncias químicas tóxicas. Quando uma usina de energia abre ou é fechada para consertos, os peixes e outros organismos adaptados a certa faixa de temperatura podem morrer com a mudança abrupta na temperatura da água, também conhecida como choque térmico. As principais fontes de poluição da água são agricultura, indústrias e mineração. As atividades agrícolas são a principal causa de poluição da água. Os sedimentos vindos da erosão de terras agrícolas e de sobrepastejo são a maior fonte. Outros grandes poluidores são os pesticidas e fertilizantes, bactérias de animais e resíduos de processamento de alimentos, além do sal em excesso dos solos de plantações irrigadas. As instalações industriais são outra grande fonte de poluição da água. A mineração superficial prejudica a superfície terrestre, criando uma grande fonte de sedimentos erodidos e o escoamento das substâncias químicas tóxicas. Observação A Resolução nº 20 (CONAMA, 1986b) classifica os cursos de água de acordo com seus usos preponderantes. Para cada grupo são estabelecidos padrões de qualidade que contêm os limites máximos das características que a água pode apresentar. 5.3.1.2 Poluição do ar Segundo Miller Jr. (2001), a poluição do ar é a presença de substâncias químicas na atmosfera em concentrações altas o suficiente para prejudicar organismos e materiais (como metais e pedras utilizadas em construções e estátuas) e para alterar ao clima. Os efeitos da poluição do ar podem causar de simples mal‑estar à morte. A origem dos poluentes do ar pode ser natural ou humana. As de origem natural incluem o pó removido por ventos da superfície terrestre, incêndios florestais, erupções vulcânicas, substâncias químicas orgânicas voláteis liberadas por plantas, decomposição de vegetais e rajadas provenientes do mar. A maioria das fontes naturais de poluição do ar é espalhada, exceto pela erupção vulcânica e por alguns incêndios, e raramente atinge níveis nocivos. 92 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 10 /1 5 Unidade II A poluição do ar por atividades humanas é proveniente da queima de combustíveis fósseis, veículos automotores, indústrias etc. Esses poluentes podem atingir níveis nocivos, sobretudo nas áreas urbanas, nas quais existe maior concentração de pessoas, carros e atividades industriais. Os poluentes do ar podem ser classificados em duas categorias: • poluentes primários – emitidos diretamente na atmosfera em uma forma nociva (fuligem, monóxido de carbono); • poluentes secundários – aqueles produzidos através de reações químicas entre os poluentes primários presentes na atmosfera e os componentes básicos do ar, formando novos poluentes. Devido às altas concentrações de carros e indústrias nos centros urbanos, as cidades costumam apresentar níveis de poluição do ar mais elevados do que as áreas rurais. Contudo, ventos predominantes podem levar poluentes primários e secundários de vida longa de áreas urbanas e industriais para o campo ou outras áreas urbanas. Estudaremos agora os principais poluentes do ar, sua origem e os efeitos nocivos causados, de acordo com Miller Jr. (2001). O monóxido de carbono (CO) é um gás incolor e inodoro tóxico para animais que respiram o ar; forma‑se durante a combustão incompleta de compostos de carbono. O CO pode ser proveniente do cigarro, combustão incompleta de combustíveis fósseis e escapamentos de veículos motorizados. O monóxido de carbono reage com a hemoglobina nas hemácias e reduz a capacidade de levar oxigênio às células e tecidos do corpo. Isso debilita a percepção e o raciocínio, retarda reflexos, causa dor de cabeça, sonolência, tontura e náusea, pode provocar ataque cardíaco e angina, danifica o desenvolvimento do feto e de crianças pequenas e agrava a bronquite crônica, o enfisema e a anemia. Em altos níveis, pode causar desmaio, coma, danos cerebrais irreversíveis e a morte. O dióxido de nitrogênio (NO2) é um gás vermelho amarronzado irritante que dá ao smog a cor marrom; na atmosfera pode ser convertido em ácido nítrico (HNO3), um importante componente da deposição ácida. Esse poluente é formado pelos combustíveis fósseis queimados em veículos motorizados e usinas elétricas e indústrias. Geralmente irrita e prejudica os pulmões, agrava a asma e a bronquite crônica e aumenta a suscetibilidade a infecções respiratórias, como gripe e resfriados comuns, principalmente em crianças e idosos. No ambiente, reduz a visibilidade. A chuva ácida com ácido nítrico pode danificar árvores, solo e vida aquática em lagos. O HNO3 pode corroer metais e destruir pedras em construções, estátuas e monumentos, e o NO2 pode danificar tecidos. O dióxido de enxofre (SO2) é um gás incolor, irritante, que se forma principalmente da queima de combustíveis fósseis que contenham enxofre, como o carvão e o petróleo. Na atmosfera, pode ser convertido em ácido sulfúrico(H2SO4), outro componente da chuva ácida. Pode ser proveniente das seguintes atividades humanas: queima de carvão nas usinas termoelétricas e processos industriais. Causam problemas respiratórios em pessoas saudáveis e obstrução das vias respiratórias em pessoas que sofrem de asma. A exposição crônica pode causar uma condição permanente semelhante à bronquite. 93 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 10 /1 5 CONTROLE AMBIENTAL E RECURSOS NATURAIS Pelo menos 625 milhões de pessoas são expostas a níveis perigosos de dióxido de enxofre pela queima de combustíveis fósseis. Na atmosfera, reduz a visibilidade; a chuva ácida com H2SO4 pode danificar árvores, solo e vida aquática em lagos, corroer metais e destruir pedras em construções, estátuas e monumentos. O SO2 pode danificar tinta, papel e couro. O material particulado suspenso (MPS) é composto por uma variedade de partículas e gotas (aerossóis) pequenas e leves o suficiente para permanecerem suspensas na atmosfera durante períodos curtos (partículas grandes) ou períodos longos (partículas pequenas). Ele gera fumaça, pó e neblina. Esse material é proveniente da queima do carvão em usinas elétricas e indústrias, queima de diesel e outros combustíveis em veículos, agricultura (lavra, queima de campos), estradas não pavimentadas e construções. O material particulado causa irritação no nariz e na garganta, danos aos pulmões, agrava a bronquite e a asma e diminui o tempo de vida. Partículas tóxicas como o chumbo, cádmio, PCBs (para‑clorobenzenos) e dioxinas podem causar mutações, problemas reprodutivos e câncer. No ambiente, o MPS reduz a visibilidade, contribui para chuva ácida de gotas de H2SO4 e pode danificar árvores, solo e a vida aquática nos lagos. Corrói metais, mancha e descolore construções, roupas, tecidos e tintas. Lembrete Smog é uma mistura de fumaça (smoke) + neblina (fog), que deixou o ar de Londres insalubre. O termo é usado desde 1905. O ozônio (O3) é um gás irritante altamente reativo e de odor desagradável, que se forma na troposfera como um importante componente do smog fotoquímico. O ozônio é proveniente da reação química com compostos orgânicos voláteis e óxidos de nitrogênio para formar o smog fotoquímico. Pode causar problemas respiratórios, tosse, irritação nos olhos, no nariz e na garganta; agrava doenças crônicas, como asma, bronquite, enfisema e problemas cardíacos; reduz a resistência a resfriados e pneumonia e pode acelerar o envelhecimento dos tecidos do pulmão. No ambiente, o ozônio pode danificar plantas e árvores, e o smog pode reduzir a visibilidade. Danifica a borracha, tecidos e tintas. O chumbo é um metal sólido e tóxico e seus componentes são emitidos na atmosfera como material particulado. Esse tipo de material pode ser gerado pelas tintas em casa antiga, caldeiras em refinarias de metal, fabricação de chumbo, baterias de armazenamento e gasolina chumbada, que vem sendo eliminada ao longo dos anos. Quando o chumbo se acumula no organismo humano, causa danos cerebrais no sistema nervoso, retardo mental, principalmente em crianças, problemas digestivos e outros problemas de saúde. Algumas substâncias químicas contendo chumbo podem causar câncer em cobaias. No ambiente, podem prejudicar animais selvagens. 5.3.1.3 Poluição do solo O Decreto nº 28.687 (BAHIA, 1982), art. 72, estabelece que a poluição do solo e do subsolo engloba a deposição, disposição, descarga, infiltração, acumulação, injeção ou enterramento no solo ou no subsolo de substâncias ou produtos poluentes, em estado sólido, líquido ou gasoso. 94 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 10 /1 5 Unidade II Saiba mais Para saber mais sobre como descartar resíduos perigosos, leia: BAHIA. Resolução nº 13, de 29 de julho de 1987. Aprova modificação da Resolução nº 313, de 30.05.84 e seus anexos, que dispõe sobre o Controle de Resíduos Sólidos Perigosos no Estado da Bahia. Bahia, 1987. Disponível em: <http://www.semarh.ba.gov.br/legislacao/resolucao_cepram/ Resolucao_13_29_julho_1987.pdf>. Acesso em: 9 out. 2014. O solo é um recurso natural básico, constituindo‑se em componente fundamental dos ecossistemas e dos ciclos naturais, um reservatório de água, um suporte essencial do sistema agrícola e um espaço para as atividades humanas e para os resíduos produzidos. A degradação do solo pode ocorrer por meio da desertificação, uso de tecnologias inadequadas, falta de conservação e destruição da vegetação pelo desmatamento ou pelas queimadas. A disposição sobre o solo de materiais orgânicos e/ou inorgânicos, bem como a passagem sobre esse solo de massa fluida que provoque alterações na sua constituição básica, modificando suas propriedades originais benéficas ao uso das espécies que dele dependem ou com ele tenham contato, inclusive influenciando a qualidade das águas sob esse solo, caracterizam a poluição do solo. Principais poluentes do solo Águas contaminadas: resíduos líquidos que atingem o solo e que são provenientes dos efluentes líquidos de processos industriais e, principalmente, dos esgotos sanitários que não são lançados nas redes públicas de esgotos. Eles podem chegar ao solo como parte de um procedimento técnico de tratamento de resíduos líquidos por aplicação ou como consequência de descuido e descaso. Resíduos industriais: geralmente, sob a denominação de resíduos industriais se enquadram sólidos, lamas e materiais pastosos oriundos do processo industrial e que não guardam interesse imediato pelo gerador que deseja, de alguma forma, se desfazer deles. De forma geral, a legislação classifica os resíduos sólidos em classes: • Resíduos Classe I ou perigosos: constituídos por aqueles que, isoladamente ou por mistura, em função de suas características de toxicidade, inflamabilidade, corrosividade, reatividade, radioatividade e patogenicidade em geral, podem apresentar riscos à saúde pública (com aumento de mortalidade ou de morbidade) ou efeitos adversos ao meio ambiente, se manuseados ou dispostos sem os devidos cuidados; • Resíduos Classe II ou não inertes: são aqueles que não se enquadram em nenhuma das classes anteriores; 95 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 10 /1 5 CONTROLE AMBIENTAL E RECURSOS NATURAIS • Resíduos Classe III ou inertes: são aqueles que não se solubilizam ou que não têm nenhum de seus componentes solubilizados em concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, quando submetidos a um teste padrão de solubilização (ABNT, 2000). Cada uma dessas classes traz dificuldade diferenciada para que o empresário se livre do resíduo desde o transporte até o destino final. Os métodos clássicos empregados vão desde a reciclagem no próprio processo em outra unidade da fábrica, passando pela venda ou doação, incineração e disposição em aterros. Cada um desses destinos guarda procedimentos bem definidos na legislação ambiental. O lixo é uma grande preocupação para os ambientalistas modernos. No Brasil, são 240 mil toneladas de resíduos sólidos gerados por dia. Mais de 60% dos municípios descartam seu lixo a céu aberto, sem nenhum controle. Uma possível solução? Economizar, reaproveitar e reciclar. Alguns destinos são possíveis para o lixo: depósitos a céu aberto, aterros sanitários, usinas de compostagem, onde a parte orgânica é aproveitada como adubo, e usinas de reciclagem, onde metal, vidro, papel e plástico são transformados em matéria‑prima. Lançado em qualquer lugar ou inadequadamente tratado e disposto, o lixo é uma fonte dificilmente igualável de proliferação de insetos e roedores, apresentando riscos para a saúde pública, principalmente pelo fato de que tem se tornadocada dia mais comum a presença de resíduos perigosos no lixo. O termo resíduo perigoso caracteriza um resíduo sólido ou combinação de resíduos sólidos, que, devido à quantidade, concentração e características físicas, químicas ou infecciosas, pode: • causar ou contribuir significativamente para o aumento da mortalidade ou para o aumento de doenças sérias irreversíveis ou reversíveis incapacitantes; • significar um perigo presente ou potencial para a saúde humana ou meio ambiente quando tratado, armazenado, transportado, disposto ou usado de maneira imprópria. Diferentes países adotam práticas distintas para a identificação de resíduos perigosos, dependendo do resíduo em si, do modo como é utilizado e de como foi e é disposto no ambiente. Geralmente, tais resíduos perigosos são apresentados na forma de listas de substâncias ou de processos de indústrias que os geram. Alguns países dispõem de normas ou regulamentações que estabelecem as concentrações máximas admissíveis para resíduos específicos, cujos valores podem variar ao longo do tempo à medida que as formas de ocorrência de determinadas substâncias e seus efeitos nos seres humanos e no meio ambiente são avaliadas de modo mais abrangente e preciso. Em vários estados, particularmente no estado de São Paulo, essa preocupação concretizou‑se por meio da atuação da Cetesb em Cubatão (desde 1983), na Região Metropolitana de São Paulo (desde 1989) e em outras áreas industrializadas do estado. 96 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 10 /1 5 Unidade II A quantidade de resíduos perigosos presentes no meio ambiente atualmente é bastante grande e cresce a uma taxa elevada, o que torna complexa a elaboração de qualquer classificação. Os problemas quanto à classificação e quanto ao estabelecimento de valores de concentrações admissíveis prejudicam o estabelecimento de mecanismos legais sobre o assunto. O lixo domiciliar contém restos do que consumimos no cotidiano: papel, embalagens (plásticas, de vidro, de papelão, isopor etc.), tecido, madeira, latas, entulho e restos de comida. O lixo doméstico gerado em São Paulo está melhor disposto no ambiente (SÃO PAULO, 2010). Os aterros de lixo doméstico classificados como adequados estão presentes em 30,6% dos 645 municípios paulistas; em 1997, eram de 4,2%. Atualmente, apenas 10,9% do lixo doméstico são dispostos de maneira adequada. A destinação final das quase 20 mil toneladas/dia de lixo produzidas no estado vêm melhorando desde quando se iniciou, em 1997, o programa de orientação e controle junto às administrações municipais. Em 2000, o número de aterros inadequados diminuiu 31,1%. Em 1999, os aterros ou “lixões” municipais representavam 50,4%. Atualmente, 78% dos municípios do estado de São Paulo dispõem lixo de forma inadequada. O inventário da Cetesb (SÃO PAULO, 2010), porém, apresenta uma estatística social preocupante: o aumento do número de catadores nos aterros. Foi registrada a presença de 3.238 catadores adultos e 448 crianças com 14 anos ou menos, cerca de mil pessoas a mais que o ano anterior, quando a Cetesb iniciou esse tipo de pesquisa. Segundo o levantamento, os números foram obtidos por meio de contagens em campo e devem ser interpretados como indicativo de ordem de grandeza, em razão da falta de cadastros ou vínculos oficiais das pessoas com as instalações. Cabe às prefeituras e administradores de aterro manter fiscalização intensiva para barrar a presença de catadores, pois, além de infecções e doenças provenientes do lixo, a circulação de tratores e caminhões nos aterros é grande e pode provocar acidentes graves com a circulação indevida dos catadores, principalmente crianças. O lixo hospitalar de clínicas, laboratórios de pesquisa e companhias farmacêuticas apresentam comumente características patogênicas e infecciosas. Podemos citar alguns exemplos: • resíduos cirúrgicos e patológicos; • animais usados para experiências e cadáveres; • embalagens e resíduos químicos e de drogas; • bandagens, panos e tecidos empregados em práticas médicas; • utensílios usados, como agulhas, seringas etc.; e • equipamentos, alimentos e outros resíduos contaminados. 97 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 10 /1 5 CONTROLE AMBIENTAL E RECURSOS NATURAIS Resíduos químicos e quimioterápicos, resíduos orgânicos (solventes) e resíduos radioativos não são, normalmente, considerados como resíduos biomédicos, embora possam ter sido gerados em atividades relacionadas. Isso decorre da especificidade desses resíduos com relação ao manuseio e de normas e legislação pertinentes. Resíduos hospitalares devem ser esterilizados ou incinerados no próprio local onde são gerados. As cinzas resultantes desse processo são dispostas em aterro sanitário. Caso essa incineração não seja efetuada, a disposição dos resíduos é efetuada em aterros, sofrendo um processo de tratamento anterior à disposição final. Deve‑se evitar a disposição desses resíduos de forma inadequada na rede pública de esgotos sanitários, não permitindo, assim, que possam atingir os corpos de água utilizados, de alguma maneira, pela população. O lixo industrial pode apresentar papel, materiais sintéticos (plástico, isopor, borracha) e embalagens inflamáveis e/ou impregnadas de substâncias químicas tóxicas ou venenosas. A presença de resíduos químicos no lixo, industrial ou doméstico, tornou‑se recentemente uma fonte de preocupação. Foram detectados muitos problemas causados pelo descarte inadequado de resíduos químicos tóxicos realizado no passado. Teme‑se, entretanto, que esses problemas representem apenas uma pequena parcela de todos os problemas gerados e cujos efeitos ainda estão por vir. Do ponto de vista tecnológico, o tratamento necessário para diminuir o impacto dos resíduos varia de caso para caso, de acordo com sua natureza. Existe, aparentemente, uma tendência de se tentar amenizar o problema, mas os custos envolvidos nesses tratamentos podem ser excessivos para alguns agentes poluidores. Os resíduos químicos perigosos podem ser orgânicos ou inorgânicos. Os resíduos orgânicos persistentes (ou de lenta degradação) representam uma fonte de grande preocupação e têm sido objeto de estudos, principalmente aqueles que podem sofrer bioacumulação. Muitos resíduos químicos inorgânicos, como alguns compostos de mercúrio, chumbo, cádmio e arsênio, são tóxicos, mesmo em baixas concentrações, e podem ser bioacumulados nas cadeias alimentares e atingir concentrações nocivas para os seres humanos e outros organismos. Esses metais tóxicos são lançados na atmosfera pela queima de determinadas substâncias. Também podem ser lançados no meio aquático, direta ou indiretamente, ou no solo. A existência de chuva ácida e o aumento da concentração de gás carbônico na atmosfera diminuem o pH do meio aquático. Assim, tais compostos tornam‑se mais solúveis e, portanto, são transportados mais facilmente no meio ambiente. O lixo nuclear, desde o início da era atômica, e as centenas de experiências com material nuclear têm jogado quantidades enormes de resíduos radioativos na atmosfera. As correntes de ar, por sua vez, se encarregam de distribuir esse material para todas as regiões da Terra. Com o tempo, a suspensão é trazida para o solo e para os oceanos, onde será absorvida e incorporada pelos seres vivos. Além da liberação direta de material radioativo, existe o grave problema do lixo atômico produzido pelas usinas nucleares, que apresenta uma série de dificuldades de armazenamento dos materiais radiativos. O estrôncio‑90 radioativo liberado por vazamentos ou explosões nucleares pode causar sérios problemas 98 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rson - 1 3/ 10 /1 5 Unidade II quando assimilado. Uma vez na corrente sanguínea, ele é confundido com o cálcio e absorvido pelo tecido ósseo, onde será fixado. Fazendo parte dos ossos, sua radiação provoca sérias mutações, câncer e queimaduras. O lixo nuclear deve ser isolado em embalagens especiais, pois pode provocar contaminação radioativa. A maioria dos resíduos sólidos provenientes de aglomerados urbanos (lixo, esgoto) e de atividades industriais e agrícolas tem sido depositada no solo sem qualquer controle e tratamento. Eles contaminam facilmente solo e lençóis freáticos, além de produzirem gases tóxicos, que também provocam efeitos ambientais graves, como chuva ácida e efeito estufa. Por exemplo, o metano produzido pela decomposição anaeróbica de lixo e esgoto pode se acumular em bolsas no solo, causando risco de explosão. Agrotóxicos e fertilizantes sintéticos Para encontrar um novo equilíbrio ecológico e lutar contra os animais e plantas prejudiciais, o uso de produtos químicos teve início já há vários anos. O número desses produtos, bem como a eficácia, não parou de aumentar. A adição de fertilizantes ao solo visa aumentar a produtividade das lavouras, fornecendo nutrientes em quantidades que permitam atender a demanda das culturas. Cerca de dezesseis elementos precisam ser assimilados pelo vegetal, principalmente a partir de suas formas minerais ou mineralizadas encontradas em solução nos solos. Os principais macronutrientes são: nitrogênio, fósforo e potássio. Em seguida, temos os macronutrientes secundários: cálcio, magnésio e enxofre. Por fim, os macronutrientes, como o ferro, manganês, cobre, zinco, boro, molibdênio e cloro. Mesmo quando o fertilizante é aplicado com a melhor técnica e de modo que seja mais facilmente absorvido pelo vegetal, a assimilação nunca é total. Dessa forma, uma parcela é incorporada ao solo, fixando‑se à sua porção sólida ou dissolvendo‑se e movimentando‑se em conjunto com sua fração líquida. Observação Eutrofização é o processo por meio do qual um corpo d’água desenvolve alta concentração de nutrientes, como nitrogênio e fósforo. Os nutrientes provocam o crescimento de plantas aquáticas, bem como a produção de fotossíntese de bactérias azuis‑esverdeadas e algas. Os teores de matéria orgânica que naturalmente se apresentam nas águas poderão aumentar com a presença de fertilizantes, ocasionando diferentes formas de poluição. Uma delas é a contaminação, que ocorre quando esses teores atingem níveis tóxicos à flora, à fauna e ao homem em particular. A outra é a eutrofização, causada pelo teor excessivo de nutrientes das águas, que passam a produzir enormes quantidades de algas. As algas eliminam muitas espécies aquáticas e restringem severamente os benefícios que podem ser extraídos da água. 99 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 10 /1 5 CONTROLE AMBIENTAL E RECURSOS NATURAIS A parcela que se fixou ao solo tende a acumular‑se em concentrações crescentes que poderão torná‑lo impróprio à agricultura. Mesmo se a parcela dissolvida for assimilada pelas plantas em quantidades crescentes, ela poderá alterar a composição do tecido celular. Essas plantas, ao serem utilizadas como alimento pelo gado, incorporam‑se à cadeia alimentar, podendo contaminar o homem. As consequências desse processo só serão conhecidas passadas algumas gerações. Os defensivos agrícolas são outra classe de produtos que poluem o solo. Entre eles, destacam‑se os pesticidas (fungicidas e inseticidas), agrotóxicos e herbicidas. Contudo, o lançamento de quantidades maciças de pesticidas e herbicidas, além de matar os “indesejáveis”, destrói muitos seres vivos que interferem na construção do solo, impedindo a sua regeneração. Os produtos tóxicos, acumulando‑se nos solos, podem permanecer ativos durante longos anos. As plantas cultivadas nos terrenos infectados podem absorver as substâncias tóxicas mesmo quando estas não foram utilizadas para o seu próprio tratamento. Assim se explica a existência de pesticidas nos nossos alimentos principais, como o leite e a carne, ocorrendo uma acumulação que pode se dar fundamentalmente no homem, que se encontra no fim das cadeias alimentares. Os sistemas agrícolas intensivos com uso de grandes quantidades de pesticidas e adubos podem provocar a acidez dos solos e a mobilidade dos metais pesados e originar a salinização do solo e/ ou a toxidade das plantas com excesso de nutrientes. A pulverização, levada pelo vento, ajuda sua propagação, causando males inclusive nos próprios agricultores. Os pesticidas mais conhecidos são os organoclorados. Pequenas quantidades dessas substâncias químicas se acumulam nos corpos dos animais e seguem adiante na cadeia alimentar. Seu uso é proibido em muitos países desenvolvidos, mas devido ao seu baixo custo, essas substâncias ainda estão sendo empregadas em alguns lugares, principalmente nas regiões mais pobres do mundo. Cada vez mais os agricultores estão aumentando as doses de pesticidas devido à resistência que alguns insetos e pragas adquiriram. Meios biológicos são capazes de controlar muitas pragas, substituindo o uso de pesticidas. A população das espécies nocivas é mantida em níveis aceitáveis pela introdução de um predador natural ou microrganismo que lhe cause doença. O chamado manejo integrado de pragas, como é conhecido o método, visa controlar a população das pragas, sem que seja preciso eliminá‑las completamente. Nesse processo, deve‑se procurar a origem da maioria das pragas conhecidas. A aplicação concomitante de diversos métodos é a forma encontrada para solucionar os problemas envolvidos na redução populacional das pragas: controle biológico, mudanças no padrão de plantio, plantas geneticamente modificadas para que se tornem mais resistentes e o uso cuidadoso e seletivo de agrotóxicos para manter o nível de produção agrícola e a saúde humana. 100 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 10 /1 5 Unidade II 6 INSTRUMENTOS DE GESTÃO E CONTROLE AMBIENTAL 6.1 ISO 14000 Nos últimos anos, a importância das auditorias ambientais como instrumento de gestão ambiental vem aumentando. Isso ocorreu quando os gestores ambientais perceberam que a disponibilidade de tecnologias e o monitoramento dos resultados não eram suficientes para alcançar bons resultados nessa área e o emprego das auditorias foi imprescindível. A competição internacional gerou exigências ambientais que se transformaram em barreiras não tarifárias, levando à elaboração e implementação das normas ISO 14001 e do correspondente sistema de auditoria e certificação ao redor do mundo, ISO 19001. O processo acelerado de aquisições e fusões de empresas passou a exigir um levantamento de passivos ambientais eventuais que podem ser avaliados através de auditorias ambientais. A migração de indústrias internacionais para países em desenvolvimento obrigou as matrizes das empresas a estabelecerem processos sistemáticos de verificação dos cuidados com o meio ambiente em suas filiais, visando evitar problemas graves que possam ferir sua imagem. De acordo com Philippi Jr., Romero e Bruna (2004), o conceito de auditoria pode variar de acordo com o ramo do conhecimento e do contexto de trabalho. Não devemos confundir as auditorias com outros processos de avaliação, como as inspeções e fiscalizações realizadas pelos órgãos de planejamento numa das etapas iniciais do processo. A auditoria é um instrumento de gestão que visa identificar se uma determinada organização cumpre certos requisitos estabelecidos. Podemos considerar a seguinte definição: [...] um exame e/ou avaliação independente, relacionada a um determinado assunto, realizada por um especialista no objeto de exame, que façauso de julgamento profissional e comunique o resultado aos interessados (clientes). Ela pode ser restrita aos resultados de um dado domínio ou mais ampla, abrangendo aspectos operacionais, de decisão e de controle (PHILIPPI Jr.; ROMERO; BRUNA, 2004, p. 809). Segundo Valle (2012), a ISO 14000 possui normas que regulamentam sua própria utilização e que definem as qualificações daqueles que deverão auditar sua aplicação, incluindo os critérios de qualificação dos auditores. Propõe‑se a normalizar as referências ambientais de outras normas (Guia ISO 64 – Guia para Consideração de Questões Ambientais em Normas de Produtos). Poderá influenciar a decisão do consumidor final nos pontos de venda e nas gôndolas dos supermercados, com a utilização de símbolos de conformidade ambiental, estampados nos produtos ou em embalagens (Norma ISO 14020 e seguintes – Rotulagem Ambiental). Esse sistema de normalização possui o mérito de proteção das organizações responsáveis contra concorrentes predadores que, como não respeitam as leis nem o ambiente, não consideram esses custos em seus produtos e serviços, que acabam sendo pagos pela sociedade. A generalização dos princípios do desenvolvimento sustentável e dos cuidados com o meio ambiente entre todas essas empresas têm um efeito positivo, que pode ser traduzido na expressão “quando todos pagam, cada um paga menos”. 101 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 10 /1 5 CONTROLE AMBIENTAL E RECURSOS NATURAIS Por outro lado, o sistema de normalização da série ISO 14000 também pode ter um efeito negativo se usado para mascarar interesses corporativos e mecanismo de proteção comercial. Essa ameaça pode ser iniciada nos setores produtivos obsoletos ou alguns países que procuram se proteger de novos fornecedores externos mais eficientes, que empregam tecnologias de menor impacto ambiental e utilizam matérias‑primas menos poluentes (VALLE, 2012). Outro ponto importante dessa série de normas é a globalização de conceitos e procedimentos, sem perder de vista características e valores regionais. As normas ambientais ultrapassam as fronteiras nacionais e colocam a gestão ambiental no mesmo plano já galgado pela gestão da qualidade, propiciando mais uma ferramenta que as empresas podem usar para obter êxito, principalmente entre as organizações que fazem exportação e disputam uma posição no mercado globalizado. No mundo globalizado é necessário conciliar as características ambientais dos produtos e serviços com a conservação ambiental. Este é um requisito essencial para que as empresas sejam competitivas e mantenham as posições comerciais conquistadas. Por outro ponto de vista, as empresas que buscam na qualidade ambiental um fator de sucesso para se posicionar bem no mercado no qual atuam se baseiam nas normas da série ISO 14000 para se valorizar. Para Valle (2012), uma das vantagens do sistema de normas da ISO 14000 é a uniformidade das rotinas e procedimentos necessários para uma organização certificar‑se ambientalmente, cumprindo um mesmo roteiro de exigências com validade internacional. A norma que orienta a certificação ambiental é a ISO 14001 (2004), denominada Sistema de Gestão Ambiental – Requisitos com Orientações para Uso. Para que essa certificação seja reconhecida mundialmente é preciso que o procedimento de certificação seja realizado por um terceiro, ou seja, uma organização especializada e independente, reconhecida em um organismo autorizado de credenciamento. A certificação ambiental internacional beneficia as empresas que são obrigadas a comprovar a adequação de seus produtos e processos aos novos paradigmas ambientais, cumprindo as exigências de cada país para onde exportam. A conformidade com uma norma reconhecida de maneira internacional, como a ISO 14001, minimiza o número de auditorias ambientais independentes exigidas por clientes, agências ambientais ou órgãos de certificação. Para alcançar a certificação ambiental, uma empresa deve cumprir três exigências básicas expressas na norma ISO 14001, que é a certificadora da série de normas ISO 14000: • possuir um Sistema de Gestão Ambiental implantado; • cumprir a legislação ambiental no local de instalação, quando aplicável; • ter compromisso com a melhoria contínua do seu desempenho ambiental. De acordo com Valle (2012), para obter a certificação ambiental pela norma ISO 14001, devem ser mostrados os compromissos e princípios gerenciais da empresa em sua política ambiental. Com a 102 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 10 /1 5 Unidade II implantação dessa política são definidos os objetivos, as metas da empresa e os procedimentos a serem seguidos por todos os colaboradores. Precisam ser criados procedimentos de controle da documentação e deve ser realizado o treinamento do pessoal. Numa fase seguinte, faz‑se um diagnóstico ou pré‑auditoria, que permite identificar os pontos vulneráveis existentes nos procedimentos ambientais da empresa, visando a sua correção. Empresas que já tinham a preocupação ambiental e já implantaram o sistema de gestão ambiental próprio têm maior facilidade em se adequar à ISO 14001, podendo alcançar a certificação num prazo menor. O próximo passo do processo é a certificação efetiva, na qual a empresa deve contratar uma entidade credenciada para emitir o correspondente certificado de conformidade com a norma ISO 14001. Nessa fase, a empresa se submete a uma auditoria ambiental e deve comprovar sua conformidade com os padrões de qualidade exigidos pela legislação ambiental e pelos manuais de qualidade instituídos e usados pela própria empresa. Como a norma requer uma concordância com os requisitos legais aplicáveis, este é um pré‑requisito essencial para certificar uma empresa. Essa certificação é restrita a um local físico definido. A certificação é válida para um estabelecimento instalado num determinado local e fica vinculada ao cumprimento de toda a legislação ambiental que seja aplicável. Com o objetivo de minimizar os impactos causados por suas atividades sobre o meio ambiente, a empresa que busca a certificação pela ISO 14001 compromete‑se com a melhoria contínua de suas atividades. Para isso, deverá identificar e aplicar tecnologias adequadas para tratar ou dar o destino adequado a seus resíduos, além de prever que seus produtos ao final de seu ciclo de vida também se tornarão resíduos. A adesão à ISO 14001 não tem pré‑requisito, assim como as normas da série ISO 9000. As séries de normas são independentes, embora a certificação do conjunto seja mais econômica. Segundo Valle (2012), a ISO 14000 é um sistema estruturado de normas gerenciais que cobrem um leque de atividades e temas relacionados com a gestão ambiental. Entre esses temas, incluem‑se normas específicas sobre como avaliar e interpretar o ciclo de vida de um produto e sobre como devem ser estruturados os rótulos e as declarações ambientais que deem respaldo a suas qualidades. A avaliação do ciclo de vida (ACV) de um produto leva em consideração todos os estágios de sua produção, utilização e descarte, identificando os impactos causados ao meio ambiente desde a extração de matérias‑primas, energia consumida na fabricação e na utilização, quando é o caso, até seu descarte final. A ACV é uma ferramenta importante para o marketing de bons produtos e de boas empresas. No entanto, se for usada com fins comerciais velados, pode constituir verdadeira barreira ambiental contra a utilização de matérias‑primas e produtos intermediários. Alguns setores industriais são muito afetados por pressões comerciais que podem estar baseadas em análises e interpretações tendenciosas do ciclo de vida de seus produtos por parte de importadores e compradores de outras regiões.Dessa forma, é importante possuir um banco de dados específico para as condições locais e regionais, que permita demonstrar as eventuais vantagens competitivas dos produtos e serviços do vendedor‑exportador. 103 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 10 /1 5 CONTROLE AMBIENTAL E RECURSOS NATURAIS A rotulagem ambiental, também conhecida como selo verde, é outra ferramenta importante no processo de identificação de produtos que provocam menores impactos ambientais durante seus ciclos de vida. Esses selos são marcas usadas para orientar o consumidor final sobre a qualidade ambiental de um produto. A concessão do selo é feita por organismos de certificação independentes. A série de normas ISO 14000 inclui um conjunto de normas para tratar especificamente da rotulagem ambiental. A ISO 14000 tem como objetivo central um sistema de gestão ambiental que auxilia a empresa a cumprir os compromissos assumidos em benefício do meio ambiente. Como os objetivos decorrentes, as normas criam sistemas de certificação, tanto das empresas como de seus produtos e serviços, que possibilitam distinguir as empresas que atendem à legislação ambiental e cumprem os princípios do desenvolvimento sustentável. Para Valle (2012), as normas não substituem a legislação ambiental vigente, na verdade, reforçam as leis aos exigirem seu cumprimento integral para que seja concedida a certificação da empresa. As normas também estabelecem padrões de desempenho, que devem ser estabelecidos pela própria empresa e devem estar em concordância com sua política ambiental. O sistema de gestão ambiental estabelece diretrizes para auditorias ambientais, avaliação de desempenho ambiental da empresa, rotulagem ambiental e avaliação do ciclo de vida dos produtos, tornando possível a transparência da empresa com relação aos aspectos ambientais. As normas servem como modelo para implantação desses programas no campo de ação da empresa, permitindo harmonizar procedimentos e diretrizes aceitas internacionalmente com a experiência e tradição empresarial local. A ISO 14000 está estruturada de maneira que possamos entender dois grupos básicos: um conjunto de normas direcionado à empresa e outro ao processo produtivo e produtos. 6.1.1 Normas sobre o Sistema de Gestão Ambiental – SGA (ISO 14001, ISO 14004, ISO 14005) As primeiras normas tratam do Sistema de Gestão Ambiental. A ISO 14001 é uma especificação para o SGA e foi desenvolvida para utilização na certificação por terceiras partes, embora possa ser também usada internamente para fins de autodeclaração e como cláusula nos contratos da organização. A ISO 14004 destina‑se ao uso interno da empresa como suporte para gestão ambiental, e não visa à certificação (VALLE, 2012). A certificação ambiental é baseada no cumprimento da ISO 14001, mesmo não havendo a exigência de que a empresa já possua o melhor desempenho ambiental possível, nem esteja usando as melhores tecnologias disponíveis. O conceito da melhoria contínua foi inserido nessa norma com o objetivo de estimular a melhoria do sistema de gestão ambiental depois de assegurar que ele tenha sido implantado plenamente. Ainda que as normas não incluam exigências relacionadas com a segurança do trabalho e a saúde ocupacional de seus colaboradores, nada impede que esses tópicos sejam incorporados ao SGA, antecipando‑se à tendência de tratar saúde, segurança e meio ambiente de forma conjunta. A OHSAS 18001 pode ser adotada para habilitar a empresa à certificação dos três temas abordados. Nesse caso, ao invés de ter uma política ambiental, a empresa passa a possuir uma política de meio ambiente, saúde e segurança. 104 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 10 /1 5 Unidade II 6.1.2 Normas sobre as Auditorias Ambientais (ISO 14015, ISO 19011) De acordo com Valle (2012), as auditorias ambientais desempenham papel bastante importante no sistema de normas ISO 14000, pois são elas que asseguram a base de credibilidade a todo processo de certificação ambiental, de acordo com a sua concepção. As auditorias visam às auditorias de terceiras partes, nas quais uma entidade externa e independente verifica, pela SGA, os compromissos estabelecidos internamente pela empresa e que devem estar escritos em sua política ambiental. A credibilidade é assegurada pelo processo de certificação que inclui um organismo de acreditação reconhecido internacionalmente, o qual credencia o organismo de certificação credenciado (OCC), que por sua vez procede às auditorias nas instalações da organização que pleiteia a certificação ambiental. Os procedimentos de auditoria para o sistema ISO 14000 (meio ambiente) e ISO 9000 (qualidade) são compatíveis e geraram a norma ISO 19011 – Diretrizes para Auditoria de Sistemas de Gestão da Qualidade e/ou Ambiental, que substituiu as normas específicas para auditoria ambiental ISO 14010, 14011 e 14012 (VALLE, 2012). A ISO 14015 auxilia a empresa a identificar e avaliar os aspectos ambientais e suas consequências nos processos de transferências de propriedades e na definição de responsabilidades e obrigações entre as partes envolvidas. 6.1.3 Norma sobre a Avaliação do Desempenho Ambiental (ISO 14031) Segundo Valle (2012), a norma de Avaliação do Desempenho Ambiental propõe como fazer a medição, análise e determinação do desempenho ambiental de uma organização para permitir confrontar os dados com os critérios estabelecidos anteriormente em seu SGA. A norma não estabelece parâmetros a serem atendidos; esses parâmetros devem ser estabelecidos pela própria empresa, geralmente em função das suas necessidades, levando em consideração o desempenho ambiental da empresa de maneira que seu resultado seja mensurável no seu sistema de gestão ambiental. Os indicadores de desempenho ambiental escolhidos pelas empresas devem ser específicos para determinada área e podem considerar números de incidentes ambientais relatados, quantidades de efluentes, emissões atmosféricas e de resíduos sólidos perigosos gerados por unidade de produto, peso de embalagem por unidade produzida, distância percorrida pelos veículos de distribuição, entre outros. Os critérios para escolha de um indicador de desempenho ambiental devem ser sua representatividade no conjunto das atividades da empresa, sua previsibilidade e seu custo em relação aos resultados desejados. Devem ser indicadores cientificamente válidos, relevantes e de fácil comprovação. 6.1.4 Norma sobre a Rotulagem Ambiental (ISO 14020 e seguintes) De acordo com Valle (2012), a rotulagem ambiental é praticada por muitos países, podendo variar as formas de abordagem e seus objetivos. Para harmonizar esses programas nacionais, foram inseridas na série ISO 14000 normas de rotulagem ambiental, que possuem validade internacional e orientam empresas na expressão das características ambientais de seus produtos. Espera‑se que essas normas 105 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 10 /1 5 CONTROLE AMBIENTAL E RECURSOS NATURAIS tenham como consequência a melhoria de qualidade dos produtos, o aperfeiçoamento das reivindicações ambientais e a defesa dos produtores contra barreiras comerciais não tarifárias. Essas normas não estabelecem rótulos, apenas orientam como devem ser enviadas as informações sobre o produto ou serviço, dando ênfase para as suas características ambientais e usando expressões corretas que possam ser comprovadas com informações relevantes e compreensíveis para o usuário. O consumidor do produto ou serviço deve ter acesso às informações relevantes e comprovadas das qualidades ambientais divulgadas nos produtos e serviços que compra. As qualidades ambientais do produto podem serexplicitadas mediante símbolos, declarações ou gráficos marcados sobre o produto ou sua embalagem. Essas características também podem constar na literatura do produto, boletins técnicos, anúncios, propagandas, entre outros. Os chamados selos verdes, concedidos por terceiros credenciados, conferem ao produto rotulado uma chancela de excelência que o diferencia de seus concorrentes. Os rótulos de tipo I (ISO 14024) não devem ser confundidos com as autodeclarações ambientais ou rotulagem do tipo II (ISO 14021), pelas quais o produtor identifica seu produto como reciclado, reciclável ou biodegradável. As normas não aprovam expressões vagas como “ambientalmente seguro”, “amigo do ambiente”, “produto verde”, “não poluente”. A ISO 14025 identifica produtos que recebem o rótulo de tipo III, no qual descrevem e identificam as informações de forma quantitativa, baseadas na avaliação de seus ciclos de vida. 6.1.5 Norma sobre a Avaliação do Ciclo de Vida (ISO 14040 e seguintes) O objetivo desse conjunto de normas é estabelecer relações entre as atividades produtivas e o meio ambiente, analisando o impacto causado pelos produtos, seus respectivos processos produtivos e serviços, desde a extração dos produtos naturais necessários a sua fabricação até a sua destinação final. Trata‑se de um enfoque sistemático, ao invés do enfoque tradicional dado pela indústria, que pode restringir a análise e descrição das qualidades dos produtos que a organização produz (VALLE, 2012). A Avaliação do Ciclo de Vida precisa avaliar os impactos causados ao meio ambiente e, além disso, identificar as melhorias que devem ser introduzidas para reduzi‑los. Para isso, devemos levar em consideração (VALLE, 2012): • o consumo de matéria‑prima, sua extração e produção; • o processo de produção de insumos, materiais intermediários que serão usados na fabricação do produto; • o processamento de todo material até a fabricação do produto final; • o uso do produto durante toda sua vida útil; • a reciclagem quando aplicada, o tratamento e a disposição final do material resultante do produto descartado, ao final da sua vida útil. 106 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 10 /1 5 Unidade II Com a elaboração de um balanço energético e material, devemos estudar os fluxos de energia e emissões ambientais que ocorreram e os seus efeitos no ambiente, que dependem da quantidade e qualidade do material utilizado, de sua estabilidade e a formação de subprodutos até o descarte final do produto. Para ser completa, a ACV também deve comparar seu impacto ambiental com o de outros produtos, fabricados com materiais e processos alternativos, incluindo a destinação final dos resíduos e dos materiais recuperáveis ou recicláveis em cada alternativa considerada. A aplicação dessa norma trouxe como benefício a minimização de geração de poluentes, melhoria no controle de riscos ambientais e o desenvolvimento de produtos menos tóxicos ao meio ambiente. 6.1.6 Norma sobre os Aspectos Ambientais nos Produtos (ISO Guia 64, ISO TR 14062) Guia destinado àqueles que elaboram as normas técnicas para produtos, visando alertar para os aspectos relacionados ao meio ambiente que devem ser levados em consideração quando se especifica e projeta um produto, como economia de energia e matéria‑prima, cuidados relacionados ao transporte e distribuição, destinação das embalagens, alternativas para reúso, recuperação e reciclagem de materiais. Serve também para outros fatores, como facilidade de manutenção, reparo e desmontagem final do produto. 6.1.7 Outras normas da série As normas da série ISO 14000 foram publicadas em 1993. Em seguida, notou‑se a necessidade de normalizar alguns aspectos ou atividades não incluídas no projeto original. Surge, assim, a norma ISO 14063 – Comunicação Ambiental – Diretrizes e Exemplos, que orienta as empresas quanto à maneira de comunicar seu desempenho e seus aspectos ambientais (VALLE, 2012). Devido à importância das mudanças climáticas e com o objetivo de normalização das ações que buscam minimizar e controlar as emissões gasosas que contribuem para o efeito estufa, foram inseridas as normas ISO 14064, ISO 14065 e ISO 14066. Elas tratam dos critérios de medição, validação e verificação das emissões dos gases de efeito estufa (GEEs) e os organismos usados no reconhecimento e credenciamento dessas ações. O sistema de normas ISO 14000 vem crescendo com o passar dos anos e tem incorporado novas normas e documentos técnicos relacionados com a gestão ambiental. Depois dos esforços já realizados aos gases de efeito estufa, muitos outros estão sendo estudados para laboração de novas normas. 7 FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL Existem alguns princípios que norteiam a aplicação da legislação ambiental. Podemos citar (VALLE, 2012): • princípio da precaução: quando existe dúvida científica sobre os riscos provocados por uma atividade, empreendimento, processo ou produto, deve‑se tomar medidas para evitar a concretização de lesões ao meio ambiente ou à saúde da população; 107 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 10 /1 5 CONTROLE AMBIENTAL E RECURSOS NATURAIS • princípio da prevenção: devemos dar prioridade para limitação máxima da nocividade de um resíduo, evitando sua formação ou minimizando sua quantidade, de maneira que não atinja um dano irreversível; • princípio da informação: cada indivíduo deve ter acesso apropriado a informações relativas ao meio ambiente, até sobre materiais e atividades perigosas em suas comunidades; • princípio do usuário‑pagador: os preços dos produtos e serviços devem internalizar os custos sociais do uso e esgotamento do recurso usado em sua produção. O licenciamento da atividade e das instalações é o ato que vai permitir que a organização opere em um determinado local. Esse é o principal vínculo formal que une a empresa às autoridades ambientais. A licença para implantar um novo empreendimento ou expandir um já existente deve ser solicitada pelo empreendedor ao órgão ambiental estadual. Todos os empreendimentos industriais e minerais, sistemas de tratamento e disposição de resíduos, usinas de concreto e asfalto, atividades comerciais e de serviços que usam combustíveis sólidos ou líquidos, atividades que usam incinerador, entre outras que apresentem potencial de contaminação devem solicitar a licença de instalação. Segundo Valle (2012), o processo de licenciamento é divido em três fases: • Consulta Prévia, que deve ser formulada logo que se decide implantar um empreendimento e que resultará, se aceita, em uma Licença Prévia (LP), também conhecida como licença de localização; • Licença de Instalação (LI), que deve ser requerida assim que estejam definidas as características do empreendimento e antes de se dar início às obras; • Licença de Operação (LO) ou de Funcionamento (LF), que deve ser solicitada com as obras já prontas e em condições de demonstrar que as instalações em funcionamento cumprem as condições legais e preenchem os requisitos estabelecidos na LI concedida. A consulta prévia visa obter do órgão ambiental uma primeira avaliação sobre a possibilidade de se implantar o empreendimento na região pretendida. Busca‑se esclarecer se haverá a necessidade de elaboração de um estudo de impacto ambiental para assegurar a aprovação do projeto. Para a concessão da licença de instalação, a empresa precisa obedecer a alguns pré‑requisitos como: legislação municipal quanto à ocupação do solo, ter aprovado um estudo de impacto ambiental, se exigido, e anunciar em jornal a solicitação da licença informando à sociedade sua intenção de instalar o empreendimento. O pedido de licença de instalação deve ser acompanhado de um memorial de caracterização do empreendimento,
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