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107 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 INDICADORES ECONÔMICOS E SOCIAIS Unidade II 5 O PERFIL SOCIAL DO DESEMPREGO Será abordado o perfil social do desemprego no Brasil. Como visto anteriormente, o país passou por uma ampla transformação econômica, com elevado crescimento econômico, forte apoio do financiamento e das empresas do Estado, em momentos específicos, o que levou a uma mudança social bastante significativa. Porém, é importante destacar que o mercado de trabalho no Brasil nunca foi muito estruturado. Baltar (2014) chama a atenção para o restrito papel exercido pelo poder público no tocante à estruturação do mercado de trabalho, de maneira a destacar que o poder público não se empenhou, de forma suficiente, historicamente a: • organizar a entrada e a saída das pessoas no mercado de trabalho; • evitar a elevada rotatividade nos empregos; • aumentar o poder de compra das remunerações dos trabalhadores, de acordo com o avanço da produtividade, decorrente do desenvolvimento econômico; • facilitar o fortalecimento da organização sindical dos trabalhadores e a contratação coletiva do trabalho, colaborando a superar a resistência patronal à organização de seus empregados. Os efeitos disso são diversos, podendo‑se salientar que a alta rotatividade dificultou o desenvolvimento profissional e as ocupações não garantiam o eixo para uma melhor estruturação da sociedade. Apesar do intenso desenvolvimento econômico, do elevado crescimento do emprego e do aumento da produtividade, a massa salarial não aumentou proporcionalmente a esses ganhos do valor agregado; o que prevaleceu foi a baixa participação dos salários na renda. Ao impossibilitar uma ampliação mais generalizada do poder de compra dos salários, o resultado foi uma distribuição da renda muito desigual e concentrada numa estreita cúpula da população. A desproporção da renda do trabalho frente a outras formas de apropriação da renda relacionadas com a propriedade aumentou. A própria distribuição de renda muito desigual e concentrada afetou a forma de absorção da população ativa, destacando‑se o elevado peso das ocupações em prestação de serviços pessoais e familiares para a cúpula da população com poder de compra necessário para pagar por esses serviços. Essas atividades acabam sendo atendidas por trabalhadores por conta própria, o que torna o trabalho desorganizado, uma vez que são ocupações muito instáveis do ponto de vista do vínculo empregatício. O lento crescimento do PIB, desde 1980, e os efeitos sobre o mercado de trabalho da abertura da economia na década de 1990 agravaram sobremaneira a situação das pessoas em termos de condição de atividade e tipo de ocupação, aumentando a taxa de desemprego aberto que era menos 108 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 Unidade II de 5% e passou a mais de 10% da População Economicamente Ativa (PEA), ao mesmo tempo que diminuiu fortemente o peso dos empregos formais na ocupação das pessoas que atualmente não passa de 46,5% da PEA (PNAD‑2012) (BALTAR, 2014, p. 96). Figura 36 – O desemprego volta às ruas Para avançar nesta análise, iremos recorrer aos dados do IBGE, especificamente à Pnad, para tratar dos efeitos deletérios sobre o mercado de trabalho, nos anos 1990, após a crise econômica dos anos 1980, a abertura econômica dos anos 1990, conforme analisado por Quadros (2009). É preciso atentar‑se para a repentina elevação da taxa de desemprego aberto que passou de 5%, na década de 1980, para mais de 10% da população economicamente ativa (PEA), ao mesmo tempo que reduziu largamente o peso dos empregos formais na ocupação das pessoas. Saiba mais Há duas principais formas de acompanhar os indicadores de desemprego: Pelo IBGE, que faz uma pesquisa mensal conhecida como Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que realiza mensalmente a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED). Para maiores detalhes, visite as seguintes páginas: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua ‑ PNAD Contínua, [s.d.]c. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/estatisticas‑novoportal/sociais/ trabalho/9173‑pesquisa‑nacional‑por‑amostra‑de‑domicilios‑continua‑ trimestral.html?=&t=o‑que‑e>. Acesso em: 1º set. 2018. 109 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 INDICADORES ECONÔMICOS E SOCIAIS DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICA E ESTUDOS SÓCIOECONÔMICOS. Sistema de Pesquisa e Desemprego, [s.d.]. Disponível em: <https://www.dieese.org.br/analiseped/ped.html>. Acesso em: 1º set. 2018. Metodologicamente, de maneira a capturar mais detalhes, o pesquisador Waldir Quadros, utilizando‑se dos critérios do IBGE, define que ocupados são aqueles que declaram estar ocupados na semana da pesquisa. Porém, para capturar a parcela mais significativa do desemprego oculto pelo desalento, optou‑se por ampliar para dois meses o tempo de procura por ocupação que, atualmente, no desemprego aberto oficial se limita ao mês em que é realizada a PNAD. Dessa maneira, a tabela a seguir mostra a proporção de desocupados por extrato de renda. Tabela 17 – Brasil: % de desocupados na PEA Anos Alta classe média Média classe média Baixa classe média Massa trabalhadora Miseráveis Total 1981 4,1 5.3 5.6 5,3 5.1 5.9 1982 3.7 4.9 5.0 5.0 4.7 5.3 1983 3.6 4.9 5.9 5.7 5.9 6.2 1984 2.8 4.6 4.8 4.8 5.2 5.2 1985 2.5 3.6 4.2 4.1 3.8 4.2 1986 2.5 3.1 3.4 3.4 3.4 3.5 1987 2.6 3.6 4.5 4.3 4.8 4.6 1988 2.9 3.8 4.8 4.9 5.5 5.2 1989 2.6 3.7 3.9 4.4 5.0 4.5 1990 2.8 3.8 4.7 4.6 4.8 5.0 1992 4.0 6.2 6.8 6.9 7.8 7.6 1993 4.6 5.8 7.1 7.6 8.7 8.1 1995 4.1 6.1 7.0 7.7 9.1 8.0 1996 4.5 6.8 8.0 8.7 10.3 9.0 1997 5.7 7.4 9.0 9.4 10.8 10.0 1998 5.8 9,1 10,3 10.5 11.6 11.1 1999 6.6 9.3 10.9 11.1 13.6 11.9 2001 5.8 7.9 9.8 11.0 14.7 11.6 2002 6.6 8.2 9.8 11.3 15.0 11.7 2003 6.0 8.4 9.9 11.6 16.1 12.2 2004 5.1 7.1 9.2 10.8 15.4 11.1 2005 5.9 8.2 9.8 12.6 15.9 11.7 2006 5.5 7.4 9.1 12.3 17.0 10.9 2007 5.1 7,1 9,0 11.8 15.9 10.3 Fonte: Quadros (2009, p. 4). 110 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 Unidade II Observando os dados de desemprego, é possível verificar que a taxa aumentou significativamente nos anos 1990, chegando ao auge em meados dos anos 2000. Durante toda a década de 1990, foram os miseráveis que mais sofreram com o aumento do desemprego, tendo a taxa de desemprego aumentado em 206% e a classe que menos sentiu o efeito, apesar do elevado percentual de crescimento de desemprego de 107%, foi a alta classe média. Exceto para os miseráveis, os demais terão as taxas de desemprego amenizadas a partir de 2003. Para uma análise regional, Quadros (2009) separa em duas grandes regiões: • Região A: engloba regiões com rendimentos mais elevados: o Distrito Federal e os estados do sudeste e sul. Subdivide‑se em: região metropolitana (inclui as regiões metropolitanas do Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre) e demais localidades (abrange o “interior” dos estados que possuem regiões metropolitanas e o total dos estados que não as possuem, a saber, Espírito Santo e Santa Catarina). • Região B: engloba regiões com níveis intermediários de rendimentos, os estados do norte e centro oeste, além das três metrópoles do nordeste. Subdivide‑se em: regiões metropolitanas (incluindo as regiões metropolitanas do nortee nordeste: Belém, Fortaleza, Recife e Salvador) e demais localidades (incluindo as áreas não rurais dos estados de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima e Amapá, e também o “interior” não rural do Pará, bem como o total da população dos estados de Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás). • Região C: engloba regiões com níveis inferiores de rendimentos, incluindo, sem subdivisões, o “interior” dos estados do Ceará, Pernambuco e Bahia, além do total dos estados de Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas e Sergipe. Isto é, abrange os estados do nordeste, exceto suas regiões metropolitanas. Tabela 18 – Taxas regionais de desemprego (% PEA) Regiões 2002 2003 2004 2005 2006 2007 A ‑ Metrópoles 14,6 15,2 14,0 13,9 13,0 11,9 A ‑ Demais localidades 10,2 10,6 9,1 9,9 9,1 8,9 B ‑ Metrópoles 18,6 19,0 18,4 18,5 17,7 16,6 B ‑ Demais localidades 10,7 11,3 9,4 11,1 9,8 10,0 C 9,1 9,4 9,4 9,9 9,7 8,9 Total Brasil 11,7 12,2 11,1 11,7 10,9 10,3 Fonte: Quadros (2009, p. 7). Tanto as metrópoles da região A como B tiveram maiores reduções nas taxas de desemprego. Apesar disso, a região metropolitana da região B continua sendo a região com maior taxa de desemprego. Essa região considera os níveis intermediários de rendimentos, ou seja, os estados do norte e centro‑oeste e mais três metrópoles do nordeste. 111 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 INDICADORES ECONÔMICOS E SOCIAIS Observando a composição social dos desempregados, conforme demonstrado na tabela a seguir, a partir de 2004, piorou gradualmente, de maneira decrescente, a situação da massa trabalhadora, da baixa classe média, da média classe média e da alta classe média e melhorou para os miseráveis e indigentes. Em termos de ocupação, a partir de 2004, melhorou significativamente para a baixa classe média e a massa trabalhadora e piorou para os miseráveis. Tabela 19 – Composição social dos desocupados e ocupados no Brasil Estratos sociais 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Proporcão de desocupados (%) Alta classe média 4,4 3,7 3,2 3,9 4,3 4,6 Média classe média 8,4 7,4 7,2 8,5 8,8 9,9 Baixa classe média 26,7 26,5 26,3 29,9 31,0 33,5 Massa trabalhadora 27,7 27,4 30,2 36,9 35,5 33,2 Miseráveis 22,4 24,2 23,8 12,1 12,5 10,6 Indigentes 10,3 10,7 9,3 8,7 7,8 8,3 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Proporção de ocupados (%) Alta classe média 8,4 8,1 7,5 8,3 9,3 9,8 Média classe média 12,6 11,2 11,8 12,7 13,7 15,1 Baixa classe média 32,8 33,9 32,7 36,4 38,1 39,5 Massa trabalhadora 29,1 29,1 31,5 34,1 31,4 29,0 Miseráveis 17,1 17,7 16,5 8,5 7,6 6,6 Indigentes ‑ ‑ ‑ ‑ ‑ ‑ Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Fonte: Quadros (2009, p. 10). Outro recorte analítico possível, a partir dos dados da Pnad, é pelo perfil socioeconômico. A primeira abordagem é separar por faixa etária. A partir de dados da Pnad de 2007, a tabela na sequência nos mostra que apenas três faixas etárias respondem por 61% dos desempregados, a saber: 15 – 19 anos (24%), 20 – 24 anos (22%) e 25 – 29 anos (15%). Caso somarmos a faixa de 30 – 34 anos, este percentual sobe para 71%. Logo, há uma concentração do desemprego entre jovens e adultos jovens, o que é prejudicial para a estruturação do mercado de trabalho. Tabela 20 – Faixa etária dos desocupados – Brasil – 2007 Faixas etárias n° de pessoas (mil) % 10‑14 anos 274 2,8 15‑19 anos 2.327 23,5 20‑24 anos 2.184 22,1 25‑29 anos 1.499 15,2 30‑34 anos 1.006 10,2 112 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 Unidade II 35‑39 anos 802 8,1 40‑44 anos 627 6,4 45‑49 anos 491 5,0 50‑54 anos 317 3,2 55‑59 anos 191 1,9 60‑64 anos 97 1,0 65 ou +anos 64 0,6 Total 9.880 100,0 Fonte: Quadros (2009, p. 14). Detalhando mais os dados, é possível analisar de acordo com a abertura por gênero e cor, a partir das faixas etárias. Observando as três faixas mais numerosas, de 15 a 34 anos, verifica‑se que entre os jovens desocupados de 15 a 19 anos existe uma evidente hierarquia fortemente determinada pela cor, em que predominam as jovens negras (com 28,5%) seguidas pelos negros (26,5%), brancas (24,5%) e brancos (20,4%). Já na faixa de 20 a 24 anos ganha destaque a questão de gênero, avançando a participação das mulheres negras (32%) e brancas (26,6%), que assumem a segunda pior posição. Os homens negros ficam com a terceira (23,9%) e os brancos são os relativamente menos afetados (17,5%). Tabela 21 – Faixa etária, cor e gênero dos desocupados (em %) – Brasil – 2007 Faixas etárias Homem branco Mulher branca Homem negro Mulher negra Total 10‑14 anos 19,8 14,0 41,9 24,3 100,0 15‑19 anos 20,4 24,5 26,5 28,5 100,0 20‑24 anos 17,5 26,6 23,9 32,0 100,0 25‑29 anos 15,7 28,4 19,9 36,0 100,0 30‑34 anos 14,1 29,9 19,4 36,6 100,0 35‑39 anos 13,9 32,4 18,3 35,5 100,0 40‑44 anos 16,6 27,8 20,5 35,0 100,0 45‑49 anos 20,5 30,5 20,3 28,8 100,0 50‑54 anos 24,9 24,7 27,0 23,4 100,0 55‑59 anos 32,2 20,4 27,0 20,3 100,0 60‑64 anos 33,4 14,3 30,9 21,4 100,0 65 ou +anos 37,6 14,9 34,4 13,1 100,0 TOTAL 18,2 26,8 23,4 31,6 100,0 Fonte: Quadros (2009, p. 15). Chama bastante atenção quando analisamos o grau de escolaridade dos desempregados. As tabelas a seguir tratam dessa relação com desemprego e depois analisamos por faixa etária. 113 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 INDICADORES ECONÔMICOS E SOCIAIS Tabela 22 – Escolaridade do total de desocupados – Brasil – 2007 Escolaridade dos segmentos Homem branco Mulher branca Homem negro Mulher negra Total 1° grau 48,6 39,1 54,3 43,5 45,8 2° grau 41,2 49,2 39,6 48,7 45,3 3° grau 10,2 11,7 6,1 7,8 8,9 Total 100,0 100,0 100.0 100,0 100,0 Fonte: Quadros (2009, p. 17). Tabela 23 – Escolaridade da faixa de 15 a 19 anos – Brasil – 2007 Escolaridade dos segmentos Homem branco Mulher branca Homem negro Mulher negra Total 1° grau 34,8 19,0 43,7 29,3 31,7 2° grau 58,8 70,7 52,2 65,4 61,8 3° grau 6,4 10,3 4,1 5,4 6,5 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Fonte: Quadros (2009, p. 17). Tabela 24 – Escolaridade da faixa de 20 a 24 anos – Brasil – 2007 Escolaridade dos segmentos Homem branco Mulher branca Homem negro Mulher negra Total 1° grau 32,0 25,3 35,3 26,3 29,2 2° grau 45,7 56,7 54,3 63,0 56,2 3° grau 22,3 18,0 10,4 10,7 14,6 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Fonte: Quadros (2009, p. 17). Tabela 25 – Escolaridade da faixa de 25 a 29 anos – Brasil – 2007 Escolaridade dos segmentos Homem branco Mulher branca Homem negro Mulher negra Total 1° grau 41,0 43,2 48,5 38,3 42,1 2° grau 44,4 44,5 43,3 51,1 46,6 3° grau 14,5 12,3 8,2 10,6 11,2 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Fonte: Quadros (2009, p. 17). De acordo com Quadros (2009, p. 16), Inicialmente não discriminando por gênero e cor, ou seja, considerando apenas a coluna de total de cada tabela, verifica‑se que as três faixas etárias 114 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 Unidade II apresentam uma menor proporção de desocupados com o 1º grau que o total de desocupados, que é de 45,8%. Por sua vez, a faixa de 25 a 29 anos se destaca negativamente com uma taxa de 42,1%. Em contrapartida, nas três faixas é maior a proporção de desocupados com o 2º grau, sobressaindo‑se os jovens de 15 a 19 anos com 61,8%. Entre estes, as mulheres apresentam taxas ainda maiores: 70,7% das brancas e 65,4% das negras. Por fim, a faixa de 20 a 24 anos chama atenção por sua maior proporção de desocupados com 3º grau (14,6%), com os brancos sobressaindo‑se:22,3% dos homens e 18% das mulheres. Analisando atentamente, uma conclusão viável é que os desocupados acompanharam o movimento de mobilidade social ascendente dos estratos sociais inferiores, concentrando‑se majoritariamente na baixa classe média (remediada) e na massa trabalhadora (pobre). Assim, esses dois estratos sociais que cresceram significativamente no período de expansão econômica (2004‑2008), ao mesmo tempo, encontram‑se bastante vulneráveis no novo cenário mais desfavorável, de maneira que podem sofrer sério processo de mobilidade descendente também. Mais à frente, quando formos tratar dos cenários mais recentes e da tendência, este tema será retomado. 6 O TRABALHO NA BASE DA PIRÂMIDE SOCIAL BRASILEIRA: A NOVA CLASSE MÉDIA? Neste momento, a questão que se coloca é se o Brasil superou sua condição de país pobre, subdesenvolvido, desigual. A transformação social vivida após os anos 2000 necessita de análises mais profundas para a real verificação do surgimento de uma nova classe média. Sobre esse tema, a leitura será calcada na análise minuciosa do economista e pesquisador Márcio Pochmann. Em Nova classe média? O trabalho na base da pirâmide social brasileira (2012) e O mito da grande classe média: capitalismo e estrutura social (2014), apesar das transformações recentes na estrutura social brasileira, não haveria ascendido uma nova classe média, pois o fato de uma massa de trabalhadores terem ascendido socialmente, ainda os feitos não são suficientes para torná‑los classe média. No debate da sociologia e da ciência política, para se tornar classe média é preciso não apenas o acesso ao mercado de consumo, mas escolaridade, empregos qualificados, acesso à cultura e esses elementos ainda não foram conquistas pela chamada nova classe média. Vejamos como essa ascensão se deu. A informalidade sempre foi parte da caracterização do mercado de trabalho brasileiro. Porém, estava presente onde o mercado de trabalho não estava organizado pelas empresas privadas (grandes e médias) e pelo setor público. Portanto, era composto por uma parcela da população que buscava trabalho para obter renda a partir de ocupações por conta própria ou até sem remuneração nos pequenos negócios autônomos. É preciso observar que, mesmo que as ocupações informais tendessem a almejar o mesmo nível de proteção social e trabalhista dos empregados formalizados, o que prevaleceu foi a desproteção e a marginalização dessa parcela da população (POCHMANN, 2012). Ainda de acordo com Pochmann (2012), a situação de informalidade não foi contida, entre outros elementos, uma vez que não houve transformações estruturais mais profundas como reformas clássicas 115 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 INDICADORES ECONÔMICOS E SOCIAIS do capitalismo contemporâneo: agrária, tributária e social. O grau de informalidade, nos anos 2000, reduziu significativamente, dado o quadro histórico, porém o abandono do projeto de desenvolvimento nacional, principalmente a partir dos anos 1980, levou a uma situação de baixo crescimento econômico com pouca dinamização setorial, o que resultou numa incapacidade de expandir emprego no mesmo patamar do crescimento da população economicamente ativa. De modo concomitante ao crescimento do desemprego aberto e das ocupações precárias, houve também a ampliação da concentração de renda e riqueza, o que terminou favorecendo, mais uma vez, a expansão do trabalho barato de prestação de serviços a famílias. Não somente as ocupações tradicionais identificadas pelo tradicional trabalho doméstico voltaram a aumentar, como também ganharam importância atividades mais sofisticadas, como as de piloto de lanhas, aviões ou helicópteros particulares, de assistência pessoal especializada (personal trainer, pesonal stylist, embelezamento, entre outros) e de serviços de administração da própria riqueza (consultorias financeiras e planejamento tributário, por exemplo) (POCHMANN, 2012, p. 25) Aqueles empregos vinculados ao trabalho para famílias de renda elevada tenderam, muitas vezes, a incorporar também valores e/ou ideologia dessas famílias. Assim, a ascensão da população mais empobrecida não veio acompanhada pela visão crítica da sociedade, mas, pelo contrário, houve a reprodução do pensar da elite, das classes mais elevadas de renda. Dessa maneira, essa é uma das hipóteses de porque essa parcela pauperizada não necessariamente reivindica ampliação da proteção social e trabalhista. Para analisar a dinâmica dos diferentes padrões de trabalho ao longo das décadas, vejamos a evolução do nível ocupacional e do rendimento recebido pelo conjunto dos trabalhadores na figura a seguir. Anos 1970 ‑10.000.000 Sem remuneração 3 a 5 s. m. Até 1,5 s. m. Mais de 5 s. m. 1,5 a 3 s. m. Total ‑5.000.000 5.000.000 0 10.000.000 15.000.000 20.000.000 25.000.000 Anos 1980 Anos 1990 Anos 2000 Figura 37 – Brasil: evolução do saldo das ocupações segundo faixa de remuneração 116 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 Unidade II Nos anos 1970 e 1980, uma parte significativa de empregos criados foi para a constituição da mão de obra e, na década de 1970, dos 17,2 milhões de empregos líquidos (empregos criados menos os destruídos), 34,2% foram de remuneração mensal de até 1,5 salário mínimo e 16,6% acima de 5 salários mínimos mensais. Já na década seguinte, dos 18,1 milhões de empregos criados, 25,3% eram de remuneração até1,5 s.m. mensal e 32,9% de 5 ou mais s.m. mensais. Nos anos 1990, observando o gráfico, é possível verificar que esse padrão se alterou. Dos 11 milhões de novos postos de trabalho, 53,5% não previam remuneração, 8,6% eram de postos cuja remuneração era de 5 ou mais s.m. e foram destruídas 2,7% de empregos de até 1,5 s.m. mensal. Já na primeira década de 2000, o perfil dos empregos criados mudou radicalmente, conforme é possível perceber na figura a seguir. Depois de uma queda no total de empregos líquidos gerados, nos anos 1990, os anos 2000 ficaram caracterizados pela retomada de geração de empregos e, na primeira década, criou 21 milhões de postos de trabalho, sendo desses 94,9% com remuneração até 1,5 salário mínimo mensal e 29,1% com remuneração entre 1,5 e 3 salários mínimos mensal. Houve redução líquida de 5,1% de postos sem remuneração e 20,4% de postos de trabalho com rendimento acima de 5 salário mínimo mensal. Essas mudanças representaram um avanço das ocupações na base da pirâmide social brasileira. Além do fato da ampliação de criação de vagas, de 11 milhões de postos de trabalho para 21 milhões de postos de trabalho entre os anos 1990 e 2000, um grande volume de empregos criados ficaram concentrados na base da pirâmide social, o que contribuiu para a redução da desigualdade entre as diferentes remunerações do trabalho. Segundo o autor, A ampliação da massa de remuneração do trabalho, especialmente por conta da forte geração de ocupações com remuneração levemente acima do salário mínimo, potencializa e sustenta a dinâmica da economia em novas bases sociais ne modo praticamente sem paralelo durante os últimos quarenta anos no Brasil. Na década de 2000, por exemplo, os empregos com remuneração de até 1,5 salário mínimo foram os que mais cresceram (6,2% em média ao ano), o que equivaleu ao ritmo 2,4 vezes maior que o conjunto de todos os postos de trabalho (2,6%). As ocupações sem remuneração (‑0,9%) e aquelas com rendimento de cinco ou mais salários mínimos mensais (‑3,3%) sofreram redução líquida no mesmo período (POCHMANN, 2012, p. 31). 117 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 INDICADORESECONÔMICOS E SOCIAIS Anos 1970 ‑4,0 Sem remuneração 3 a 5 s. m. Até 1,5 s. m. Mais de 5 s. m. 1,5 a 3 s. m. Total ‑2,0 2,0 0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 Anos 1980 Anos 1990 Anos 2000 Figura 38 – Brasil: variação média anual das ocupações segundo a faixa de remuneração (em %) Ainda de acordo com a pesquisa de Pochmann (2012), no caso dos trabalhadores de salário de base de até 1,5 salário mínimo mensal, houve uma concentração nas seguintes atividades, nos anos 2000: • serviços: 6,1 milhões de novos postos de trabalho, o equivalente a 31% da ocupação total; • comércio: 2,1 milhões de novos postos de trabalho; • construção civil: 2 milhões; • escriturários: 1,6 milhão; • indústria têxtil e de vestuário: 1,3 milhão; • atendimento público: 1,3 milhão. Somente essas seis ocupações corresponderam a 14,4 milhões de novos empregos criados, o que equivaleu a 72,4% de todas as ocupações com remuneração de até 1,5 salário mínimo mensal. Para a compreensão detalhada desse fenômeno, é preciso decifrar mais características. Passamos agora a analisar a questão por sexo, isto é, houve diferenciação de gênero nos empregos gerados nos salários de base? A figura a seguir apresenta uma evolução sobre essa decomposição por sexo. 118 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 Unidade II Anos 1980 0 10 20 30 40 50 60 70 Anos 1990 Masculino Feminino Anos 2000 Figura 39 – Brasil: composição das ocupações geradas para trabalhadores de salário de base segundo o sexo Dos anos 1980 aos anos 1990, houve um aumento significativo na proporção entre homens e mulheres nos trabalhos de salário de base, sendo que a contratação de mulheres aumentou de menos de 50% para mais 60% nos trabalhos de salário de base. Isso significa que, nesse segmento de rendimento, houve incorporação de mais mulheres ao longo dos anos, porém, nos anos 2000, essa proporção caiu para pouco menos de 60%. ‑1.500.000 Até 13 anos 14 a 24 anos Anos 1980 Anos 1990 Anos 2000 25 a 34 anos 35 a 44 anos 45 a 54 anos 55 a 64 anos 65 anos ou mais ‑1.000.000 ‑500.000 0 500.000 1.000.000 1.500.000 2.000.000 2.500.000 3.000.000 3.500.000 4.000.000 4.500.000 Figura 40 – Brasil: saldo líquido de ocupações geradas para trabalhadores de salário de base segundo a faixa etária Quando se analisa essa distribuição por idade, nos anos 2000, nota‑se que a maior parte das ocupações para essa faixa de rendimento ficou concentrado na faixa dos 25 aos 34 anos de idade, seguido pelas faixas 45 a 54 anos e 35 a 44 anos, respectivamente. Comparativamente aos anos 1980 e 1990, houve um aumento significativo da presença dos trabalhadores entre 45 e 54 anos no mercado de trabalho para os rendimentos de salário de base. Enquanto, nos anos 119 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 INDICADORES ECONÔMICOS E SOCIAIS 1980, havia uma concentração juvenil (até 34 anos), essa característica se alterou nas décadas seguintes. Nos anos 1990, havia uma concentração de trabalhadores de remuneração baixa na faixa dos 35 a 44 anos. 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Anos 1990 Anos 2000 Branco Não branco Figura 41 – Brasil: composição das ocupações geradas para trabalhadores de salário de base mensais segundo a cor/raça (em %) No tocante à faixa de escolaridade, a figura a seguir apresenta dados dos anos 1980, 1990 e 2000. Ao longo das décadas, houve uma redução líquida de postos de trabalho para aqueles que declararam nunca terem estudado, uma redução significativa para os que haviam estudado o ensino fundamental e um aumento considerável para os que obtiveram o ensino médio. De acordo com o autor da pesquisa, perto de 85% do total de vagas abertas destinaram‑se a trabalhadores de salário de base com escolaridade equivalente ao ensino médio. ‑5.000,000 ‑3.000,000 ‑1.000,000 1.000,000 3.000,000 5.000,000 7.000,000 9.000,000 11.000,000 Anos 1980 Anos 1990 Anos 2000 Nunca estudou Ensino superior Ensino fundamental Mestrado ou doutrorado Ensino médio Figura 42 – Brasil: saldo líquido de ocupações geradas para trabalhadores de salário de base segundo a faixa de escolaridade 120 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 Unidade II Com relação ao vínculo, nos anos 1990, houve uma redução de mais de 260 mil postos de trabalho de salário de base e os chamados conta própria foram os que mais cresceram no Brasil. Nos anos 2000, houve uma expansão do trabalho assalariado com carteira de trabalho: “para cada grupo de dez ocupações abertas para trabalhadores de salário de base, sete foram de empregos formais, e a cada vaga aberta de emprego assalariado informal, três outras eram criadas para o trabalho com carteira assinada” (POCHMANN, 2012, p. 38). Essa ampliação da formalização do mercado de trabalho é importante, pois garante proteção social aos trabalhadores, principalmente, previdência social. Isso se deve, porque a previdência social cobre apenas os trabalhadores formalizados do mercado de trabalho ou aqueles que pagam autonomamente. Além disso, é importante lembrar que o trabalho formal também garante outros direitos trabalhistas, como férias remuneradas, descanso semanal, entre outros. A política de valorização de salário mínimo injetou R$ 1 trilhão nos rendimentos de trabalhadores de salário de base somente no período 2003 a 2010. Esse aspecto é crucial, pois geração de emprego é também renda adicional na economia de um país e, portanto, crescimento econômico. 7 O BRASIL REAL: A DESIGUALDADE PARA ALÉM DOS INDICADORES Na busca da melhor compreensão das sociedades, economistas, estatísticos, cientistas sociais, dentre outras profissões, sejam acadêmicos ou pesquisadores de instituições públicas ou privadas que pensam o desenvolvimento, criaram uma série de indicadores. Anteriormente, foram levantados inúmeros indicadores, calculados em grande medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que auxiliam na caracterização socioeconômica do país. Em termos globais, a utilização de indicadores sociais para a análise da realidade de um País é um avanço em relação ao uso exclusivo de indicadores econômicos como o Produto Interno Bruto (PIB). Se o PIB de determinado país mede quanto uma nação produziu em determinado ano, índices como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o índice de Gini procuram chamar atenção para temas como saúde, educação e distribuição de renda. No entanto, os próprios indicadores sociais possuem limitações e, muitas vezes, os dados que fornecem ficam distantes das complexas realidades e contradições dos países. Ao analisarmos a economia brasileira, os indicadores como o PIB, IDH, índice de Gini e até mesmo os indicadores calculados pelo IBGE mostram apenas parte da realidade socioeconômica. O objetivo é justamente chamar atenção para fatores estruturais da sociedade brasileira que dão luz para a maior compreensão do por que o País figura entre as nações mais desiguais do planeta. Dados da World Inequality Lab (2018) mostram que o Brasil, na análise do 1% mais rico, no ano de 2015, era o país que detinha a maior concentração de renda do mundo. A pesquisa foi liderada pelo economista francês Thomas Piketty e mostra que 27,8% da renda produzida pelo país no ano de 2015 estavam concentrados nas mãos de 1% da população. 121 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 INDICADORES ECONÔMICOS E SOCIAISA situação se contrasta quando olhamos para o PIB brasileiro de 2015. Apesar de, naquele ano, ter havido uma forte queda do produto econômico (‑3,8%), a economia brasileira figurava como a nona maior economia do mundo, ficando à frente, nesse quesito, de muitas nações desenvolvidas. As diferenças entre as “posições” do Brasil no campo econômico e social nos levam a questionar e buscar explicações para tais constatações. Analisaremos a posição do Brasil nas óticas do Índice de Desenvolvimento Humano e do índice de Gini, procurando chamar atenção para pontos estruturais da sociedade brasileira que auxiliam na manutenção e/ou aprofundamento das desigualdades. Também veremos a análise da concentração de terras no País, ressaltando a raiz histórica da estrutura fundiária desigual no Brasil e sua manutenção na atualidade. É destacada a relação entre a estrutura fundiária e a utilização da terra no Brasil para fins econômicos. Outro ponto estrutural para a explicação da especificidade da desigualdade brasileira é a forma como foi realizada a industrialização do País, ressaltando que alguns processos do período da industrialização, como a concentração do setor produtivo na região sudeste e, por consequência, uma forte migração de moradores do norte e nordeste sem o devido acompanhamento do governo, ocasionaram distorções na distribuição de renda e problemas de acesso aos serviços essenciais, como saúde, educação e moradia. O terceiro elemento analisado para explicar a desigualdade social são os gastos realizados pelos governos em função das áreas de destinação. Nessa parte fica claro que setores que têm como função a oferta de serviços e bens com função social recebem pouca atenção no orçamento público. Enquanto alguns itens, como o pagamento de juros e amortizações da dívida pública, são responsáveis por parcela significativa do orçamento público. E, por fim, destacamos a forma como é feita a tributação no Brasil, a incidência dos impostos e seus efeitos para o aprofundamento da desigualdade social. Procuramos salientar a complexidade da realidade socioeconômica brasileira, chamando a atenção para elementos que auxiliam na explicação das desigualdades sociais, para além da análise única e exclusiva de indicadores. 7.1 O Índice de Desenvolvimento Humano – IDH O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) foi criado pela Organização das Nações Unidas, como uma forma de demonstrar o grau de desenvolvimento dos países. A publicação dos índices é realizada pelos Relatórios de Desenvolvimento Humano (RDH) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O cálculo do IDH agrega variáveis de renda, saúde e de educação. A ideia de desenvolvimento contida no índice está relacionada a questões de saúde, educação e renda. 122 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 Unidade II O campo da saúde está ligado à longevidade. Nessa perspectiva, o desenvolvimento tem a função de evitar mortes prematuras, garantindo um ambiente saudável para que as pessoas atinjam elevados padrões de saúde física e mental. Na variável educação, a ideia é que o acesso ao conhecimento é um fator imprescindível para exercer liberdades individuais e autonomia para tomadas de decisões. A renda, por sua vez, é o instrumento para o acesso às necessidades básicas de sobrevivência dos indivíduos, tais como água, alimentação e moradia. A ausência de renda pode limitar o acesso às essencialidades da vida (ATLAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO NO BRASIL, 2013): • Variável de renda: renda per capita. O quanto a economia de um determinado país produziu em relação à sua população. Esse indicador se ajusta de forma a demonstrar a paridade poder de compra (PPP) entre os países. • Variável de saúde: expectativa de vida. A média de anos que as pessoas vivem nos países (esperança de vida ao nascer). • Variação educação: nesse indicador são utilizadas duas informações para o cálculo. A primeira é a taxa de alfabetização de adultos e a segunda é um somatório de pessoas matriculadas no ensino fundamental, médio e superior dividido pelo número de pessoas total na faixa etária entre 6 e 22 anos de idade. Após inúmeras transformações estatísticas, as variáveis trazem um resultado numérico que varia entre 0 e 1. O IDH é uma média simples entre a soma dessas três variáveis. Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país e quanto mais próximo de zero menos desenvolvido é o país (PAULANI; BRAGA, 2007). Se o país apresentar IDH maior ou igual a 0,8, os países são classificados com alto desenvolvimento humano; entre 0,5 e 0,8 os países apresentam médio desenvolvimento humano; e IDH menor ou igual a 0,5 são países com baixo desenvolvimento humano. O Brasil, de acordo com o IDH, é um país que possui um médio desenvolvimento econômico com um número de 0,754 (ano de 2015). O país fica atrás de alguns vizinhos latino‑americanos – Cuba, Uruguai e Argentina, que possuem IDH 0,775; 0,795; 0,827, respectivamente (figura a seguir). 0 No rue ga Ale ma nh a Est ad os Un ido s Esp an ha Ch ile Arg en tin a Ur ug ua i Cu ba Mé xic o Bra sil Pe ru Co lôm bia Pa rag ua i Áfr ica do Su l Índ ia Ha iti Eti oó pia Nig eri a 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 0,949 0,926 0,920 0,884 0,847 0,827 0,795 0,775 0,762 0,754 0,74 0,727 0,693 0,666 0,624 0,493 0,448 0,353 1 Figura 43 – Índice de Desenvolvimento Humano, 2015 – países selecionados 123 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 INDICADORES ECONÔMICOS E SOCIAIS É importante ressaltar que o IDH brasileiro apresentou uma melhora ao longo do tempo (em 1975, o índice foi de 0,639; em 1980 foi de 0,672; em 1985 foi de 0,687; e em 1990 foi de 0,708). Esses números colocam o país, de acordo com as constatações do IDH, como um país próximo de um alto desenvolvimento humano. Observação A primeira vez que o índice foi apresentado ocorreu no ano de 1990, no primeiro RDH do PNUD. O índice foi idealizado pelo economista paquistanês Mahbub ul Haq, com a colaboração de Amartya Sen. 7.2 O índice de Gini O índice de Gini, já tratado anteriormente, é uma das abordagens mais comuns para a análise da distribuição de renda das nações. Aqui, iremos apresentar informações do índice de Gini do Brasil e de outros países selecionados que constam no relatório da PNUD de 2016. No referido relatório foi realizado um cálculo médio do índice de Gini para todos os países entre os anos de 2010‑2015. De acordo com a metodologia utilizada pelo relatório, um valor de zero expressa uma igualdade absoluta de renda e um valor de 100 uma desigualdade absoluta. Ou seja, quanto mais próximo de 0 melhor será a distribuição de renda do país e quanto mais próximo de 100 pior será a distribuição de renda. Saiba mais Os Relatórios de Desenvolvimento Humano (RDH) estão disponíveis na página do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e podem ser acessados através do link: ONU. Relatórios de desenvolvimento humano globais, [s.d.]. Disponível em: <http://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/idh0/ relatorios‑de‑desenvolvimento‑humano/rdhs‑globais.html>. Acesso em: 1º set. 2018. Os dados apresentados no relatório mostram que o Brasil apresenta um número mais alto se comparado a alguns de seus vizinhos latino‑americanos. Sua taxa de 51,5 fica mais próxima de realidades de países como Haiti (60,8) e África do Sul (63,4) do que com países desenvolvidos, como Noruega (25,9), Alemanha (30,1) e Espanha (35,9) (figura a seguir). 124 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : Jef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 Unidade II 0 No rue ga Ale ma nh a Est ad os Un ido s Esp an ha Ch ile Arg en tin a Ur ug ua i Mé xic o Bra sil Pe ru Co lôm bia Pa rag ua i Áfr ica do Su l Ha iti 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0 25,9 30,1 35,9 41,1 41,6 42,7 44,1 48,2 50,5 51,5 51,7 53,5 60,8 63,4 100,0 Figura 44 – Índice de Gini, média 2010‑2015, países selecionados A má distribuição de renda no Brasil, demonstrada por meio do índice de Gini, é contrastada quando olhamos para o resultado da produção econômica no período entre 2010‑2015 do país. A economia brasileira figurou de 2010 a 2014 entre as sete maiores economias do mundo e, em 2015, era a nona maior economia do planeta. Toda essa riqueza produzida não foi distribuída, o que fica constado pela informação do índice de Gini. Na tabela a seguir é possível constatar que no ano de 2010 a economia brasileira era a sétima maior economia do mundo, à frente da Itália e da Índia, posição esta que se repetiu no ano de 2011. Tabela 26 – Maiores economias do mundo: PIB a preços correntes, em bilhões de US$, 2012‑2022 País 2012 2013 2014 2015 Estados Unidos 16.155,25 16.691,50 17.393,10 18.036,65 China 8.570,35 9.635,03 10.534,53 11.226,19 Japão 6.203,21 5.155,72 4.848,73 4.382,42 Alemanha 3.545,95 3.753,69 3.885,44 3.365,29 Reino Unido 2.655,46 2.721,49 3.002,39 2.863,30 França 2.682,90 2.809,39 2.843,67 2.420,16 Índia 1.828,12 1.857,24 2.033,65 2.088,16 Itália 2.073,97 2.131,16 2.155,15 1.825,82 Brasil 2.464,05 2.471,72 2.456,05 1.801,48 Adaptado de: Brasil (2017). A magnitude da produção econômica brasileira é gigantesca. Mesmo em 2015 apresentando uma queda, passando de 2,4 trilhões para 1,8 trilhão, esses valores ainda mantém o Brasil entre as 10 maiores economias do mundo, mais especificamente na nona posição. 125 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 INDICADORES ECONÔMICOS E SOCIAIS 7.3 Desigualdade para além dos indicadores 7.3.1 A concentração de terras no Brasil A estrutura fundiária no Brasil é um dos principais fatores que influenciam na formação de uma sociedade desigual no país. De acordo com dados do Sistema de Cadastro Rural, nos últimos dez anos, a participação da grande propriedade no total da área rural do País apresentou crescimento. Em 2003, as grandes propriedades ocupavam 51,3%, em 2010, 55,8% e em 2014 ocupavam 59,5% do total da área rural do País. Em contrapartida, as médias e pequenas propriedades e os minifúndios perderam espaço no total da área rural (tabela a seguir). Tabela 27 – Brasil: evolução da concentração de terra no Brasil (2003/2010/2014) Classificação imóveis 2003 2010 2014 Número de imóveis Área ocupada (%) Número de imóveis Área ocupada (%) Número de imóveis Área ocupada (%) Minifúndio 2.736.052 9,3% 3.318.077 8,2% 3.761.005 7,8% Pequena propriedade 1.142.937 17,7% 1.338.300 15,5% 1.462.861 14,7% Média propriedade 297.220 21,1% 380.584 19,9% 402.809 17,9% Grande propriedade 112.463 51,3% 130.515 55,8% 135.294 59,5% 1) Improdutiva 58.331 31,9% 69.233 40,0% 65.047 27,1% 2) Produtiva 54.132 19,4% 61.282 15,8% 65.840 14,9% Total 4.290.482 100% 5.181.645 100% 5.761.969 100% * Há 4.407 grandes propriedades que não foram classificadas em relação a sua produtividade Adaptada de: Sistema... ([s.d.]). Mais grave ainda são as representações das grandes propriedades de terras improdutivas. Em 2003, 31,9% do total da área rural do País eram compostas por grandes propriedades improdutivas, em 2010 essa taxa aumentou para 40%, quase metade da área rural era de grandes propriedades improdutivas. Em 2014, ano em que mais de 4.400 grandes propriedades rurais não foram classificadas em relação a sua produtividade, as grandes propriedades improdutivas representaram 27,1%, o que nos leva a pensar que essa taxa esteja subestimada, pois não houve nenhuma alteração estrutural de divisão de terras nem em suas produtividades no período. Essa estrutura pode ser explicada pelas formas de acesso à terra que perduraram no País por muitos anos desde a chegada dos portugueses em território brasileiro. A primeira forma de acesso foi através do Sistema Sesmarias. Nesse sistema, a Coroa Portuguesa concedia grandes porções de terras a donatários portugueses, que teriam a obrigação de pagar tributos e proteger a terra à Coroa. Somente os “amigos” do rei alcançavam terras no Brasil. Entre 1500 e 1850 essa foi a única forma de acesso a terras no País, período que perdurou por mais de três séculos. No ano de 1850, já no Brasil Império, foi promulgada a 126 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 Unidade II Lei de Terras. A partir daquele momento só poderia ter acesso a terras quem pudesse pagar por uma. Levando em conta a estrutura social brasileira do período, em que a mão de obra escrava predominava, a maioria não teria condições de arcar com a compra de um pedaço de terra, com as taxas de cartório do terreno, com os tributos e nem com investimento para a produção. Ou seja, a Lei de Terras auxiliou na concentração de terras. Ao longo do século XX, a regulação em relação ao acesso a terras no País apresentou avanços, como o Estatuto da Terra, em 1964, a Constituição de 1988 e a Lei 8.629/93 (Lei da Reforma Agrária). No entanto, efetivamente não foi realizado o que de fato essas leis preconizavam. Figura 45 – Plantação de soja: área de plantação de soja próxima ao município de Brasnorte, noroeste de Mato Grosso Historicamente e na atualidade, a grande propriedade serve e serviu como instrumento para o cultivo de produtos primários voltados para a exportação. Ainda no século XVI, a cana‑de‑açúcar foi o principal produto cultivado no País. Com base no latifúndio agrário, o Brasil figurava entre os maiores ofertantes do produto para o mercado externo. As plantações de café utilizaram‑se de grandes propriedades para seu cultivo. O cultivo do produto se tornou a principal fonte de renda da economia brasileira, desde o século XIX até meados do século XX. Dando um salto para a atualidade, a produção de soja e o cultivo de gado, os quais se utilizam da grande propriedade, possuem grande importância para as exportações e para o agregado da produção econômica. O complexo do agronegócio, mesmo envolvendo não só as atividades agropecuárias, mas também industriais, comerciais e de serviços, possui como eixo central as atividades primárias. A ilustração a seguir auxilia no melhor entendimento do complexo do agronegócio. 127 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 INDICADORES ECONÔMICOS E SOCIAIS Atividade pré-porteira Indústria e comércio que fornecem insumos para a produção rural Produtos: fertilizantes, defensivos químicos, máquinas e equipamentos. Atividade pós-porteira Atividades de serviços, comércio e indústria realizadas para preparação dos produtos finais. Principais atividades: transportes, indústria de embalagens, venda dos produtos. Atividades dentro da porteira Atividades agropecuárias propriamente ditas. Principais produtos: soja, gado, café, milho, frango. Figura 46 – Organograma do complexo do agronegócio A importância econômica do complexo do agronegócio pode ser observada em sua participação no Produto Interno Bruto ao longo dos anos (figura a seguir). 2007 20,12 15,00 16,00 17,00 18,00 19,00 20,00 21,00 2010 19,17 2013 16,98 200820,23 2011 18,62 2014 16,88 2009 19,06 2012 17,19 2015 18,17 2016 20,00 Figura 47 – Participação do Agronegócio no PIB (%) Entre 2007 e 2016, o agronegócio contribuiu com uma média de 18,64% para o crescimento econômico. Em 2016, a taxa alcançou 20%. Se, por um lado, são utilizados dados econômicos para “legitimar” essa forma de desenvolvimento, a existência da estrutura fundiária concentrada pode atrapalhar o desenvolvimento socioeconômico do País, na medida em que a maioria das pessoas que não possui acesso a um pedaço de terra terá que buscar emprego e outros meios para sua subsistência em outras localidades, por exemplo, nos centros urbanos. 128 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 Unidade II Caso essas pessoas alcançassem um pedaço de terra, ocupando terrenos que são improdutivos ou que nada produzem, os possíveis impactos positivos poderiam ser muitos: • Econômicos: aumento da produção de produtos agrícolas. Com isso, famílias poderiam tirar o autossustento através da produção de alimentos e comercializariam o excedente, aumentando a renda das famílias nas regiões. Isso poderia ser um estímulo para o desenvolvimento de serviços e comércios locais. • Sociais: diminuição da concentração de terras. Isso poderia trazer um impacto na diminuição das desigualdades sociais. As possibilidades de vida no meio rural poderiam aumentar, diminuindo o número de pessoas migrando do campo para as cidades. Esse processo traria efeitos positivos não só para a área rural, mas também para as áreas urbanas. Os serviços de saúde, educação, transporte e os problemas de moradias nas cidades poderiam ser minimizados com mais pessoas acessando terras no campo. Saiba mais Outra fonte importante sobre o assunto é o site do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Lá você poderá encontrar artigos, dados e notícias sobre a questão da terra no Brasil. <http://www.mst.org.br/>. A reforma agrária A política para mais pessoas acessarem terras no Brasil é a reforma agrária. Essa política consiste na reorganização e distribuição de terras de maneira mais justa. Um dos principais instrumentos para isso é a desapropriação de terras improdutivas ou que os proprietários não estejam cumprindo com suas obrigações tributárias perante a área. Muitos países considerados desenvolvidos já realizaram uma: EUA, Espanha, França e Alemanha. É importante ressaltar que o Brasil possui uma legislação progressista no tema. Durante o século XX foram estabelecidas normas e leis de caráter democrático na questão agrária. Em destaque podemos citar o que consta na Constituição de 1988, que toda terra precisa cumprir sua função social, ou seja, não pode ficar “parada” somente como instrumento de especulação e/ou ser improdutiva. 7.3.2 A industrialização brasileira e seus impactos sociais O processo de industrialização brasileiro carregou as raízes de um capitalismo atrasado e subdesenvolvido. 129 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 INDICADORES ECONÔMICOS E SOCIAIS É certo que o salto industrial dado pelo País entre 1930 e 1980 trouxe impactos positivos em termos econômicos, mas foi acompanhado, em paralelo, com processos que distanciavam ainda mais as posições entre as classes sociais. Ainda, vale ressaltar, que em boa parte do período de industrialização o País conviveu em contextos políticos que pouco se alinhavam com os preceitos de uma democracia liberal. O processo de industrialização atingiu momentos de destaque com o Plano de Metas de Juscelino Kubistchek, no período do Milagre Econômico nos governos de Costa e Silva e Médici e durante o II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND) no governo Geisel. Durante esses governos foram iniciados e estruturados os setores de bens de consumo duráveis (eletrodomésticos e automóveis), de bens de capital (máquinas e equipamentos) e a indústria de base (química). A indústria de transformação galgou espaços no diz respeito à sua participação no PIB (figura a seguir). 40,00 35,00 30,00 25,00 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00 19 50 19 54 19 58 19 62 19 66 19 70 19 74 19 52 19 56 19 60 19 64 19 68 19 72 19 76 19 78 19 51 19 55 19 59 19 63 19 67 19 71 19 75 19 53 19 57 19 61 19 65 19 69 19 73 19 77 19 79 Figura 48 – Participação da indústria de transformação no PIB, 1950‑1980 A indústria de transformação passou de uma participação de 19,29% em 1950 e foi se consolidando como importante setor para o crescimento econômico, chegando a representar 33,15% em 1979. A economia brasileira entre 1950 e 1980 apresentou crescimento médio de 7,41%. Entre 1968 e 1978 a média de crescimento foi de 9,13%, com destaque para os anos de 1972, 1973 e 1976 que apresentaram crescimento econômico de 11,94%, 13,97%, 10,26%, respectivamente. Autoritarismo O Brasil viveu seu auge de crescimento econômico nos anos finais da década de 1960 e início dos anos 1970. Se por um lado a economia passara pelo seu melhor momento, no cenário político o período se caracterizou pela falta de liberdade de expressão e a utilização da violência e até tortura para quem se opusesse ao governo. A ditadura militar no Brasil durou de 1964 até 1985. É importante relembrar esse momento histórico, pois o fator político daquele período contribuiu para que a desigualdade social aumentasse. Os sindicatos de trabalhadores sofreram interferência do governo e alguns foram fechados à força pelo governo. Isso enfraqueceu a organização e a luta de trabalhadores por melhores salários. Ainda, mesmo que alguma entidade sindical conseguisse negociar, teria que conviver com índices de inflação 130 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 Unidade II subestimados propositalmente pelo governo, o que ficou comprovado anos mais tarde. Esses fatores contribuíram para que os salários perdessem poder de compra no período. O desenvolvimento econômico brasileiro alcançado durante a industrialização colocou o País em um patamar de competição no mercado internacional com grandes potências econômicas, no entanto, esse mesmo processo de industrialização ocasionou diversos desequilíbrios na esfera social. Figura 49 – Indústria A industrialização brasileira forçou a migração de milhões de pessoas das regiões norte e nordeste para as regiões sul e, principalmente, a sudeste. Grande parte dos investimentos dos governos foi concentrada nos grandes centros urbanos do sudeste e no setor industrial. O aumento dos desequilíbrios regionais corresponde a uma tendência natural de concentração da atividade econômica em torno da região polarizada do sistema, agravada por uma política econômica de incentivos à industrialização que na prática correspondia à transferência de renda das regiões menos desenvolvidas para as mais desenvolvidas (TAVARES, 1975, p. 106). A área rural do País se modernizou, mas não foi inclusiva, pelo contrário, a inserção de máquinas no setor e a manutenção da estrutura fundiária desigual foram fatores que expulsaram milhões de famílias das áreas rurais. A população urbana apresentou um aumento significativo durante o processo de industrialização, o que podemos constatar no gráfico a seguir. A população se tornou majoritariamente urbana durante os anos da década de 1960. Em 1980, a população urbana já era mais que o dobro da população rural. Enquanto havia mais de 80 milhões vivendo nas áreas urbanas, a população na área rural não chegava a 40 milhões. 131 Re vi sã o: Fab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 INDICADORES ECONÔMICOS E SOCIAIS 10.000.000 0 1950 1960 1970 1980 20.000.000 30.000.000 40.000.000 50.000.000 60.000.000 70.000.000 80.000.000 90.000.000 População urbana População rural Figura 50 – População urbana x população rural no Brasil – 1950, 1960, 1970 e 1980 O ligeiro crescimento da população rural entre as décadas de 1950‑1960 e 1960‑1970 é fruto das altas taxas de fecundidade daqueles períodos. Em linhas gerais, a população rural era atraída pelas oportunidades nos centros urbanos e expulsa das regiões rurais por estas não oferecerem alguma forma de possibilidade de vida no campo. No entanto, grande parte das pessoas vindas do campo não foi absorvida pelo setor industrial, o que culminou na marginalização de parte da população que morava nas cidades. Ainda, a produção de bens de consumo duráveis, por exemplo, exigia maior inserção de capital em detrimento da força de trabalho. Esse processo fez com que aumentasse o exército industrial de reserva, o que aumentou o poder de barganha para o lado das indústrias que impunham baixos salários aos que conseguissem se inserir no mercado de trabalho. Adicionado a isso, a falta de planejamento urbano por parte do governo, no que diz respeito à industrialização e ao processo migratório, trouxe problemas relacionados à oferta de serviços urbanos e de moradia. O déficit habitacional no Brasil teve forte crescimento junto ao processo de industrialização. Esse problema se manifestou com mais veemência nas grandes cidades. As ocupações irregulares e a construção de casas sem padronização mínima e sem cuidados básicos, começaram a ser prática comum nas cidades que concentravam parques industriais. A formação da periferia urbana antecede o advento da nova fase de industrialização no país, porém com esta, seu crescimento, sua reprodução se farão em escalas e velocidades nunca antes constatadas (MARICATO, 1979, p. 83). A demanda por serviços de transportes, saúde e educação aumentou com o crescimento da população nas grandes cidades, e não houve o acompanhamento da expansão proporcional desses serviços por parte do governo. 132 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 Unidade II 7.3.3 Orçamento público Francisco de Oliveira (1993) chama a atenção para a importância do fator “orçamento público” para a maneira como uma nação se desenvolve e quais interesses são os prioritários. De acordo com o autor as disputas entre trabalhadores e empresários não findariam nos chãos das fábricas, ou seja, não se reduziriam, por exemplo, de quanto seriam os salários pagos pelos empresários aos trabalhadores. Na ótica de Oliveira (1993), a alocação de recursos no orçamento público seria uma forma de disputa de interesses. Em suas palavras, a luta de classes estaria também na esfera do orçamento público do Estado. Os valores que são gastos em determinadas áreas do governo podem delinear a forma como é organizada a estrutura social do País. Os dados de execução orçamentária do Senado Federal, o que de fato foi gasto pelo governo no ano de 2017, mostram uma fatia significativa dos gastos públicos com compromissos financeiros. Tais gastos não resultam em uma melhor condição social para a maioria da população. Diferentemente com o que aconteceria se fossem direcionadas grandes parcelas do orçamento com os gastos em áreas sociais. Na figura a seguir podemos observar que os gastos com os “juros e encargos da dívida” representaram 8,18% dos gastos realizados pelo governo no ano de 2017. Os gastos com “amortização/ refinanciamento da dívida”, por sua vez, representaram uma significativa fatia de 31,53%. Juntos, somaram 39,71% dos gastos públicos no ano de 2017. 12,22% 8,18% 2,55% 44,79% 0,74% Pessoal e encargos sociais Juros e encargos da dívida Outras despesas correntes Investimentos Inversões financeiras Amortização/refinanciamento da dívida 31,53% Figura 51 – Execução Orçamentária por Grupo Natureza de Despesa – GND, 2017 * O grupo “outras despesas correntes” inclui todos os gastos com a manutenção de todos os órgãos do governo. A observação das execuções realizadas pelo governo por funções, nos permite perceber as áreas que são mais prejudicadas no diz respeito à participação do total gasto realizado pelo governo. Entre 2002 e 2017, áreas como cultura, urbanismo, habitação, saneamento, ciência e tecnologia, organização agrária, transporte e lazer, em nenhum ano, os aportes para essas áreas alcançaram a taxa de 1% do total dos gastos governamentais (tabela a seguir). 133 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 INDICADORES ECONÔMICOS E SOCIAIS A tabela na sequência nos mostra também que áreas como saúde e educação representam uma parcela pequena no total dos gastos executados pelos governos. Essas duas áreas caminharam a passos curtos nas prioridades dos governos. Em 2017, as áreas de saúde e educação, representaram na totalidade dos gastos executados pelo governo 4,14% e 4,10%, respectivamente. Tabela 28 – Execução orçamentária por função Função (Cod/Desc) 2017 2015 2013 2011 2006 2003 2002 01 ‑ LEGISLATIVA 0,28% 0,30% 0,34% 0,36% 0,39% 0,35% 0,36% 02 ‑ JUDICIÁRIA 1,34% 1,28% 1,35% 1,34% 1,19% 0,93% 1,19% 03 ‑ ESSENCIAL À JUSTIÇA 0,28% 0,26% 0,24% 0,34% 0,25% 0,16% 0,15% 04 ‑ ADMINISTRAÇÃO 1,02% 0,91% 1,09% 1,10% 0,85% 0,80% 1,03% 05 ‑ DEFESA NACIONAL 2,54% 1,47% 1,74% 1,77% 1,37% 1,27% 1,76% 06 ‑ SEGURANÇA PÚBLICA 0,37% 0,34% 0,40% 0,41% 0,29% 0,25% 0,27% 07 ‑ RELAÇÕES EXTERIORES 0,12% 0,14% 0,12% 0,12% 0,12% 0,13% 0,20% 08 ‑ ASSISTÊNCIA SOCIAL 3,35% 3,05% 3,41% 2,85% 1,86% 0,92% 0,93% 09 ‑ PREVIDÊNCIA SOCIAL 25,66% 22,69% 24,11% 21,98% 18,57% 16,87% 18,65% 10 ‑ SAÚDE 4,14% 4,14% 4,29% 4,05% 3,16% 2,97% 3,53% 11 ‑ TRABALHO 2,79% 2,88% 3,58% 2,29% 1,42% 1,12% 1,27% 12 ‑ EDUCAÇÃO 4,10% 3,91% 3,70% 2,99% 1,49% 1,52% 1,88% 13 ‑ CULTURA 0,04% 0,04% 0,05% 0,04% 0,03% 0,02% 0,03% 14 ‑ DIREITOS DA CIDADANIA 0,06% 0,03% 0,04% 0,06% 0,06% 0,04% 0,05% 15 ‑ URBANISMO 0,07% 0,05% 0,06% 0,08% 0,06% 0,01% 0,01% 16 ‑ HABITAÇÃO 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,01% 0,00% 0,00% 17 ‑ SANEAMENTO 0,03% 0,01% 0,04% 0,02% 0,00% 0,00% 0,00% 18 ‑ GESTÃO AMBIENTAL 0,12% 0,13% 0,19% 0,15% 0,10% 0,08% 0,14% 19 ‑ CIÊNCIA E TECNOLOGIA 0,25% 0,27% 0,38% 0,31% 0,25% 0,20% 0,21% 20 ‑ AGRICULTURA 0,62% 0,80% 0,55% 0,61% 0,73% 0,73% 0,75% 21 ‑ ORGANIZAÇÃO AGRÁRIA 0,07% 0,07% 0,15% 0,14% 0,26% 0,11% 0,18% 22 ‑ INDÚSTRIA 0,09% 0,09% 0,11% 0,10% 0,17% 0,05% 0,06% 23 ‑ COMÉRCIO E SERVIÇOS 0,08% 0,05% 0,07% 0,08% 0,16% 0,21% 0,25% 24 ‑ COMUNICAÇÕES 0,05% 0,05% 0,06% 0,04% 0,04% 0,07% 0,08% 25 ‑ ENERGIA 0,07% 0,07% 0,04% 0,03% 0,03% 0,23% 1,01% 26 ‑ TRANSPORTE 0,44% 0,43% 0,59% 0,68% 0,31% 0,22% 0,50% 27 ‑ DESPORTO E LAZER 0,01% 0,03% 0,02% 0,02% 0,02% 0,01% 0,01% 28 ‑ ENCARGOS ESPECIAIS 52,00% 56,52% 53,28% 58,04% 66,78% 70,72% 65,49% Adaptada de: Brasil ([s.d.]) Apesar de a Previdência Social representar parcela significativa do orçamento público, em 2017, 25,66% dos gastos foram para a área, a conta da previdência está inserida na conta da Seguridade Social, que possui impostos exclusivos para seu financiamento. 134 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 Unidade II Essa discussão sobre orçamento público nos leva ao último ponto estrutural que trataremos para explicar a desigualdade social no Brasil: a arrecadação por meio dos impostos. Figura 52 – Protesto em frente ao Ministério do Planejamento 7.3.4 Tributação no BrasilUma das importantes funções do governo em determinada sociedade é sua função distributiva. O resultado distributivo da renda, fruto da organização e da produção de uma economia, pode, em determinado momento, não sair como o desejado pela sociedade (GIAMBIAGI; ALÉM, 2011). Dessa forma é função do governo o atendimento do que a sociedade acha justo, realizando uma distribuição de renda mais equânime. Para isso, um dos principais instrumentos é a realização de uma redistribuição direta da renda com a cobrança de impostos. De modo didático, através do esquema de transferências, pode ser realizada uma tributação com alíquotas maiores às pessoas pertencentes às camadas de renda mais alta (GIAMBIAGI; ALÉM, 2011). Entretanto, em determinadas economias, os impostos podem não auxiliar para uma melhor distribuição de renda e, pior, a forma da tributação pode ser mais um elemento para o aprofundamento das desigualdades sociais. No Brasil, a maior parte da incidência dos impostos é direcionada aos bens e serviços de consumo. Relativamente, as classes menos abastadas é que consomem mais, pois gastam grande parte de suas remunerações – até mesmo toda sua renda ou além dela – no consumo de bens e serviços. As classes mais abastadas gastam uma pequena parte no consumo e conseguem poupar a maior parte de sua renda. Tal renda poupada é passível de tributação, mas, em um país como o Brasil, a incidência de impostos para rendimentos financeiros é inferior à taxação ao consumo, o que contribui para uma maior desigualdade social. 135 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 INDICADORES ECONÔMICOS E SOCIAIS Essa realidade pode ser observada nos números apresentados na tabela a seguir. Nos anos de 2015 e 2016, quase metade da arrecadação por impostos no Brasil foi através da incidência tributária nos bens e serviços, 49,37% em 2015 e 47,39% em 2016. O segundo item em que mais se arrecada no Brasil são os descontos em folha de salários. Em 2015 e 2016, os impostos advindos das folhas de pagamento representaram 26,11% e 26,31%, respectivamente. Tabela 29 ‑ Carga tributária e variações por base de incidência (2016 x 2015) Incidência Arrecadação 2015 2016 Valor (R$ milhões) % da arrecadação % do pib Valor (R$ milhões) % da arrecadação % do pib Renda 352.368,74 18,30% 5,88% 404.817,40 19,97% 6,47% Folha de salários 502.676,82 26,11% 8,38% 533.235,87 26,31% 8,52% Propriedade 85.572,80 4,44% 1,43% 94.602,37 4,67% 1,51% Bens e serviços 950.610,78 49,37% 15,85% 960.556,63 47,39% 15,35% Transações financeiras 34.686,30 1,80% 0,58% 33.644,91 1,66% 0,54% Outros ‑464,30 ‑0,02% ‑0,01% 157,30 0,01% 0,00% Total 1.925.451,14 100% 32,11% 2.027.014,48 100% 32,38% Adaptado de: Brasil (2017). É importante notar como impostos sobre a propriedade e transações financeiras têm pouca participação no total arrecadado. Os impostos sobre a propriedade representaram 4,44% em 2015 e 4,67% em 2016. E sobre as transações financeiras alcançaram as pequenas parcelas de 1,80% em 2015 e 1,65% em 2016 do total arrecadado. Figura 53 – Produtos de supermercado e faixa sobre impostos. No Dia da Liberdade de Impostos mercadorias são expostas em um posto de gasolina para conscientizar o cidadão sobre a carga tributária embutida nos produtos 136 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 Unidade II Lembrete No Brasil, a maior parte da incidência dos impostos é direcionada aos bens e serviços de consumo. Vale destacar também a importância da arrecadação tributária para o produto da economia. Em 2015, representou 32,11% e em 2016, 32,38% do total produzido. Só a arrecadação de bens e serviços já possui uma importância significativa para o PIB. Em 2015 representaram 15,85% e em 2016, 15,35% do total produzido na economia. Finalmente, é importante salientar que o fator consumo é importante não só por induzir a economia à produção, mas também a arrecadação realizada pelo governo em cima dos produtos de bens e serviços. Dívida fiscal de proprietários rurais Em relatório realizado pela Oxfam em 2016, é apontado o problema do não pagamento de impostos por parte dos proprietários rurais como um dos empecilhos para um justo uso da terra rural no País. Mais do que isso, o relatório mostra os valores das dívidas ativas de proprietários rurais, que chegou, em 2015, à marca de mais de R$ 900 bilhões. Esse dinheiro poderia estar sendo utilizado para o financiamento de inúmeros programas sociais e áreas que recebem pouca atenção dos governos, como a saúde, educação e habitação. Esse fato denota uma injustiça fiscal, pois as classes médias e pobres não têm como “escolher” se irão pagar ou não impostos, uma vez que a maior parte dos impostos está inserida nos bens e serviços que consomem. Saiba mais Para mais detalhes sobre a concentração de terras no Brasil e as dívidas tributárias dos proprietários rurais, ver o relatório da Oxfam (2015), disponível em: OXFAM BRASIL. Terrenos da desigualdade: terra, agricultura e desigualdades no Brasil rural. Nov. 2016. Disponível em: <https://www.oxfam. org.br/sites/default/files/arquivos/relatorio‑terrenos_desigualdade‑brasil. pdf>. Acesso em: 1º set. 2018. 137 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 INDICADORES ECONÔMICOS E SOCIAIS 8 ECONOMIA E SOCIEDADE BRASILEIRAS E SUAS TENDÊNCIAS A economia e a sociedade brasileira tiveram significativas mudanças a partir do início do Plano Real, em 1994. No período anterior, que envolve a década de 1980 e início dos anos de 1990, a economia sofria com uma elevada inflação crônica, com características de hiperinflação. Além disso, o baixo crescimento, a demanda reprimida, o elevado desemprego e as dificuldades fiscais e cambiais também foram aspectos recorrentes do período anterior a 1994. Com a reforma monetária implementada em 1994, finalmente a inflação foi reduzida e controlada. Porém, a manutenção de um câmbio muito valorizado e de elevada taxa básica de juros resultaram tanto na crise cambial vivenciada em 1998, quanto no baixo crescimento e aumento das importações. A partir de 1999 houve uma alteração na política econômica com a implementação do tripé macroeconômico, com o objetivo de manter a estabilidade do balanço de pagamentos, das contas públicas e da inflação. O governo Lula, por sua vez, em um contexto internacional mais favorável, conseguiu avançar em programas sociais, reduzir a pobreza e a desigualdade, aumentar o consumo de massa e fomentar o crescimento econômico, mantendo o tripé macroeconômico e alcançando as metas de superávit primário e de inflação. Mesmo diante da crise econômica mundial de 2008, as medidas contracíclicas adotadas pelo governo reverteram o impacto negativo e conduziram a economia para uma elevada taxa de crescimento em 2010 com geração de empregos. No governo Dilma, no entanto, ainda em um contexto internacional ruim por conta dos reflexos da crise econômica de 2008 e o surgimento de nova crise, agora em território europeu, as medidas econômicas contracíclicas adotadas não evitaram uma piora dos indicadores econômicos. Após a reeleição da presidenta, em 2014, foram adotadas políticas fiscais e monetárias restritivas e houve uma piora da crise política e econômica. Assim, o PIB retraiu 3,5% em 2015 e 3,5% em 2016, registrando uma das mais fortes crises econômicas da história do País. Nesse contexto, a presidenta Dilma sofreu um impeachment de forma questionável, assumindo o seu vice Michel Temer. Michel Temer adotou um novo programa econômico, aprofundando as políticas monetárias e fiscais restritivas já em andamento.Além disso, em seu governo, foram realizadas as reformas fiscal e trabalhista e novas rodadas de vendas de empresas estatais. Essas medidas não surtiram efeitos positivos, e a economia brasileira não reagiu, uma vez que os níveis de atividade e do desemprego apresentaram piora. Ainda, as condições de vida da população se deterioraram. A partir de uma breve contextualização da economia a partir do Plano Real, objetiva‑se apresentar as tendências econômicas e sociais com bases nas medidas adotadas pelo governo Temer. 8.1 Contextualização econômica histórica: do Plano Real ao governo Dilma Rousseff 8.1.1 Do Plano Real ao segundo governo FHC (1994‑2002) O Plano Real teve seu início em 1993 no governo do Itamar Franco. Esse plano foi elaborado após o insucesso dos planos de estabilização de combate à inflação que foram adotados ao longo da segunda metade da década de 1980 e do início da década de 1990. O principal objetivo do Plano Real era reduzir e controlar a elevada inflação vigente no período. Além disso, ressalta‑se que no 138 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 Unidade II início dos anos 1990 houve uma maior abertura da economia brasileira ao exterior, renegociação da dívida externa e privatizações. Observação Destacam‑se os seguintes planos de estabilização que foram adotados na década de 1980 e início da década de 1990: Cruzado (1986), Bresser (1987), Verão (1989), Collor I (1990), Collor II (1991) e Real (1994). Para saber mais sobre esses planos, ver Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. (2012). Figura 54 – Fernando Henrique Cardoso em uma palestra em 2015 A economia brasileira possuía uma situação externa mais confortável, sendo essa considerada um dos principais aspectos que favoreceu a implantação do Plano Real. Esse contexto consistia em uma renegociação da dívida externa, abertura financeira, possibilidade de financiamento externo, reingresso de recursos externos e situação do balanço de pagamentos mais favorável, com acúmulo de reservas. Como a inflação foi diagnosticada com um significativo componente inercial, o Plano Real foi adotado de forma gradual por meio da chamada “substituição natural” da moeda. Além disso, o déficit público também foi considerado um dos fatores que impactavam a inflação e que deveria ser revertido. O Plano Real foi dividido em três fases. A primeira fase foi o ajuste fiscal prévio, que consistia, principalmente, em corte de despesas, aumento de impostos e diminuição das transferências. A segunda fase foi a indexação da economia à Unidade Real de Valor (URV), que era corrigida diariamente por uma composição dos principais índices de inflação e que tinha paridade com o dólar. A função principal da URV era de unidade de conta com o objetivo de conversão de preços e salários da economia para não serem prejudicados da elevada inflação da moeda vigente. Já a terceira fase foi a reforma monetária, com a implementação do Real (R$ 1,00 = 1 URV = US$ 1,00 = CR$ 2.750,00) no dia 1º de julho de 1994. Com a implementação da terceira fase, o Plano Real conseguiu reduzir significativamente a inflação e controlá‑la pelos anos seguintes. 139 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 INDICADORES ECONÔMICOS E SOCIAIS Lembrete Criado pelo então ministro Fernando Henrique Cardoso, o principal objetivo do Plano Real era reduzir e controlar a elevada inflação vigente no período. 90,0 80,0 70,0 82,4 47,4 2,4 0,2 3,0 14,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 ‑10,0 de z/8 4 de z/8 6 de z/8 8 de z/9 0 de z/9 2 de z/9 4 de z/9 6 de z/9 8 de z/0 0 de z/8 5 de z/8 7 de z/8 9 de z/9 1 de z/9 3 de z/9 5 de z/9 7 de z/9 9 de z/0 1 de z/0 2 Figura 55 – Evolução do IPCA de dez. 1984 até dez. 2002 (Var. % ao mês) Para o controle dos preços internos, ainda no final do governo Itamar foi mantida a chamada âncora cambial, com a taxa de câmbio muito valorizada, chegando à R$ 0,84/US$ em novembro de 1994. Esse processo se, por um lado, trouxe resultados positivos para a diminuição nos preços, uma vez que o aumento do número de produtos importados na economia pressionava a baixa dos preços dos produtos nacionais, por outro trouxe resultados negativos em termos produtivos, pois muitas empresas não estavam preparadas para a concorrência dos produtos importados. Já no primeiro governo Fernando Henrique Cardoso (FHC) destaca‑se a chamada âncora monetária, com a manutenção de uma taxa de juros muito elevada, especialmente para atrair recursos externos. A estabilização da inflação proporcionou uma recomposição dos mecanismos de crédito e uma maior capacidade de os agentes econômicos elaborarem prognósticos. No entanto, apesar de uma demanda que estava reprimida, as perspectivas de que, com a estabilização da inflação ocorreria uma forte retomada do crescimento econômico, não se concretizaram. A taxa de crescimento econômico médio de 1995 a 1998 foi de 2,5%. A políticas monetária e cambial referidas anteriormente resultaram em uma piora das contas externas, com déficits comerciais e em transações correntes, uma vez que as importações aumentaram de forma significativa no período e os valores das exportações declinaram, levando a uma forte queda das reservas internacionais. Ademais, o contexto da economia mundial estava instável, com a crise do México em 1995 e, posteriormente, as crises asiática e russa. A combinação desses fatores tornou insustentável a manutenção da taxa de câmbio valorizada, principalmente após a crise cambial brasileira de 1998, quando o governo FHC recorreu ao FMI para a captação de US$ 42 bilhões. 140 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 Unidade II 19 94 19 95 19 96 20 01 20 05 20 09 20 13 20 17 19 97 20 02 20 06 20 10 20 14 19 98 20 03 20 07 20 11 20 15 19 99 20 00 20 04 20 08 20 12 20 16 5,85 4,22 2,2 3,4 0,3 0,5 4,4 1,4 3,1 1,1 5,8 3,2 4,0 6,1 5,1 7,5 4,0 1,9 3,0 0,5 1,0 ‑3,5‑3,5 ‑0,1 Figura 56 – Evolução do PIB de1994 até 2017 (em %) No início do segundo governo FHC, em 1999, foi implementada uma nova base da política macroeconômica, o chamado tripé. Os pilares do tripé são: 1) Sistema de metas de inflação: política monetária focada em atingir meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN); 2) Superávit primário: arrecadação superior às despesas, não incluindo gastos com juros da dívida pública; e 3) Câmbio flutuante. A partir da adoção do câmbio flutuante, houve uma desvalorização do câmbio, mesmo com uma política monetária muito restritiva, com a taxa básica de juros (Selic) chegando a 45% a.a. Saiba mais Para mais detalhes sobre processos históricos da economia brasileira e opiniões sobre o Plano Real, assista ao filme: O BRASIL deu certo. E agora? Dir. Louise Sottomaior. Brasil: Cultura Maior, 2013. 70 minutos. A adoção do Plano Real e a política econômica dos dois governos FHC tiveram um sucesso na queda e controle da inflação. No entanto, a manutenção de um câmbio muito valorizado combinado com uma política monetária e fiscal restritiva tiveram como resultado um baixo crescimento econômico, aumento do desemprego, que chegou a 13% no início de 2002, baixos investimentos, aumento das importações, especialmente de bens manufaturados, em detrimento da produção doméstica e aumento do endividamento. Ademais, além da restrição externa, refletida na balança de transações correntes,e da crise cambial de 1998/1999, em 2001 houve uma crise energética no País, fruto de falta de investimentos no setor. Conceitos econômicos importantes Inflação: aumento no nível geral de preços em uma economia. Resultado primário: saldo entre a arrecadação fiscal e os gastos do governo, exceto despesas com juros. 141 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 INDICADORES ECONÔMICOS E SOCIAIS Taxa Selic: taxa básica de juros da economia brasileira que é utilizada como o principal instrumento de política monetária. Transações correntes: saldo da balança comercial + balança de serviços + balança de rendas. Taxa desemprego: quantidade de pessoas procurando emprego em relação à população economicamente ativa em um determinado período de tempo. 8.1.2 Governo Lula (2003 a 2010) As eleições do ano de 2002 geraram um ambiente de instabilidade que foi conhecido como “crise eleitoral”. Isso ocorreu devido, inicialmente, à perspectiva de que o candidato Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), sairia vitorioso da disputa com o candidato José Serra (PSDB), partido da situação, e, depois, na concretização dessa vitória. Historicamente, o PT se posicionava como um partido de esquerda e contrário a diversas medidas que foram adotadas, principalmente ao longo da década de 1990, gerando dúvidas sobre como seria a condução do governo e da política econômica. Figura 57 – Lula discursando O câmbio foi uma das variáveis econômicas que foi impactada pela crise eleitoral. A taxa de câmbio em relação ao dólar passou de R$ 2,30 em março de 2002 para R$ 3,90 em setembro de 2002. Após esse pico, houve uma tendência de queda até o primeiro semestre de 2008. Como forma de combater a falta de credibilidade, Lula emitiu a chamada “Carta ao Povo Brasileiro”, transmitindo o compromisso com a defesa dos contratos e de manutenção das bases da política econômica. Além disso, nomeou Antonio Palocci como Ministro da Fazenda e Henrique Meirelles, vindo do mercado financeiro, como presidente do Banco Central. 142 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 Unidade II No que se refere às políticas econômicas, no primeiro mandato de Lula houve a manutenção do tripé macroeconômico, uma revisão das metas de inflação e de superávit primário, e a taxa de juros muito elevada. Ademais, houve a implementação do programa de transferência de renda Bolsa Família com intuito de reduzir a extrema pobreza no País. As famílias, ao receberem o benefício do Bolsa Família, necessariamente acessam outros serviços fundamentais para o pleno desenvolvimento humano. A vinculação do programa a outros direitos sociais como o acompanhamento da saúde, que inclui pré‑natal, o acompanhamento da situação nutritiva de todos os entes da família; a matrícula e frequência de 85% na escola para os integrantes da família em idade escolar e a participação de programas de educação alimentar promovidos pelo governo, mudaram significativamente a condição básica de vida e saúde de uma parcela da sociedade brasileira que vivia privada de direitos básicos. O PBF é um dos mais importantes programas do Partido dos Trabalhadores. Seu impacto foi muito positivo na vida das famílias beneficiadas. É considerado um dos principais programas de combate à pobreza no mundo, inclusive, com reconhecimento de organizações internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU) (DEPIERI, 2016, p. 77). O cenário econômico externo se apresentava positivo, especialmente no que se refere à alta dos preços das commodities, impactando positivamente na economia brasileira. Ressalta‑se que o governo conseguiu atingir as metas definidas, com diminuição do endividamento, acúmulo de reservas, melhora nas transações correntes e no desempenho econômico. ju l/9 4 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 3,9 2,1 0,8 2,4 4,0 3,9 ju l/9 7 ju l/0 0 ju l/0 3 ju l/0 6 ju l/0 9 ju l/1 2 ju l/1 5 ju l/1 8 ab r/9 5 ab r/9 8 ab r/0 1 ab r/0 4 ab r/0 7 ab r/1 0 ab r/1 3 ab r/1 6 ja n/ 96 ja n/ 99 ja n/ 02 ja n/ 05 ja n/ 08 ja n/ 11 ja n/ 14 ja n/ 17 ou t/9 6 ou t/9 9 ou t/0 2 ou t/0 5 ou t/0 8 ou t/1 1 ou t/1 4 ou t/1 7 Figura 58 – Evolução da taxa de câmbio (R$/US$) de julho/94 a julho de 2018 143 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 INDICADORES ECONÔMICOS E SOCIAIS A partir do início do segundo mandato de Lula, em 2007, a política econômica adotada tinha como objetivo fomentar o crescimento econômico. No entanto, em 2008 estoura a crise financeira internacional do subprime que afetou fortemente a economia mundial, inclusive a economia brasileira. Com o intuito de conter os impactos negativos, a equipe econômica do governo adotou diversas medidas contracíclicas, com foco na manutenção dos investimentos públicos e das estatais, desonerações tributárias, corte na taxa Selic, manutenção do nível de crédito, via os bancos públicos (BNDES, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil). Enquanto as principais economias do mundo apresentaram forte recuo e aumento do desemprego, o Brasil rapidamente retomou o crescimento, atingindo em 2010 um aumento do PIB de 7,5% e uma queda do desemprego, chegando a 5%. Além de um relevante crescimento econômico com estabilização do nível de preços e equilíbrio fiscal, o governo Lula teve sucesso diante da crise internacional e foi reconhecido como o governo que criou empregos e diminuiu a pobreza. Portanto, além de resultados positivos em termos econômicos, registrou importantes avanços sociais e regionais. 14,0 12,9 10,5 10,9 9,6 8,4 8,4 7,4 6,8 6,8 5,3 4,7 4,6 4,3 4,3 6,9 12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 0,0 ma r/0 2 20 04 20 07 20 10 20 13 20 02 20 05 20 08 20 11 20 14 20 03 20 06 20 09 20 12 20 15 Figura 59 – Taxa de desemprego de 2002 a 2015 8.1.3 Governo Dilma (2011 a 2016) No último ano do mandato Lula (2010), sua aprovação estava muito elevada. Assim, nas eleições presidenciais, o PT conseguiu eleger Dilma Rousseff para presidência. A presidenta manteve o ministro da Fazenda do segundo governo Lula, o economista Guido Mantega, e adotou uma agenda econômica considerada desenvolvimentista, visando, principalmente, impulsionar o setor produtivo, a indústria e os investimentos. 144 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 Unidade II Figura 60 – Cerimônia de posse de Dilma no Palácio do Planalto em 2015 Como principais medidas econômicas adotadas no primeiro mandato, destacam‑se: • Redução dos juros: o Comitê de Política Monetária (Copom) cortou a taxa básica de juros (Selic) de 12,50% para 7,25% entre 2011 e 2013, chegando ao menor nível até então. Além da queda da taxa Selic, o governo pressionou os bancos privados a reduzirem os spreads, no qual utilizou os bancos públicos para competirem no mercado de crédito • Financiamentos do BNDES: elevado montante de recursos emprestados por meio de linhas de crédito subsidiadas com o objetivo de fomentar atividades produtivas e investimentos. • Desonerações tributárias: diversos setores da economia foram desonerados, com destaque para folhas de pagamentos, IPI e PIS/Cofins. • Reforma do setor elétrico: em setembro de 2012 foi editada uma medida provisória para baratear em 20% opreço da energia elétrica com intuito de reduzir custos da indústria e dos consumidores. • Desvalorização cambial: tinha como objetivo aumentar a competitividade da produção doméstica. Assim, de fevereiro de 2012 a agosto de 2013, a taxa de câmbio (R$/US$) passou de 1,7 para 2,4. • Proteção ao produto nacional: aumento de alíquotas de impostos para produtos importados e/ou que não tivessem uma quantidade mínima de conteúdo local. Além disso, as compras governamentais também favoreciam a produção nacional. Apesar das medidas econômicas que visavam impulsionar a economia, iniciou‑se uma tendência de piora dos indicadores de nível de atividade, do mercado de trabalho, aumento da inflação e piora nas contas públicas. Adicionalmente, o contexto internacional estava ruim, com destaque para a piora da crise da Europa a partir de 2011. 145 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 INDICADORES ECONÔMICOS E SOCIAIS Com o aumento do descontentamento dos principais setores empresarias e do mercado financeiro, formou‑se uma grande pressão, especialmente nos veículos da grande mídia, contra o ministro da Fazenda, a presidenta e as políticas econômicas adotadas. Além disso, em junho de 2013, houve uma enorme manifestação da população, especialmente contra a corrupção e diversos serviços públicos. Nesse quadro, há uma reversão da política monetária, com um forte aperto monetário com o objetivo de combate a aceleração inflacionária. Após a taxa Selic ter alcançado seu menor nível entre o final de 2012 e início de 2013, quando chegou a 7,25% a.a., ocorreram aumentos até atingir 14,25% a.a. em julho de 2015. Apenas a partir de outubro de 2016, teve início os cortes na Selic até chegar, em março de 2018, em 6,5% a.a. m ar /9 9 m ar /0 1 m ar /0 3 m ar /0 5 m ar /0 7 m ar /0 9 m ar /1 1 m ar /1 3 m ar /1 5 m ar /1 7 m ar /0 0 m ar /0 2 m ar /0 4 m ar /0 6 m ar /0 8 m ar /1 0 m ar /1 2 m ar /1 4 m ar /1 6 m ar /1 8 0,0 15,0 30,0 5,0 20,0 35,0 10,0 25,0 40,0 45,0 42,0 26,5 13,8 7,3 14,3 6,5 Figura 61 – Taxa Selic de março de 1999 até julho 2018 Adaptado de: BCB O crescimento do PIB reduziu, passando de 3% em 2013 para 0,5% em 2014. Com a diminuição do crescimento econômico combinado com as desonerações fiscais, houve uma piora das contas públicas. Além disso, o avanço da operação Lava Jato não só aumentou o descontentamento da população sobre a classe política no que se refere à corrupção, mas também impactou o desempenho da economia. Foi nesse contexto que ocorreram as eleições presidenciais de 2014, na qual houve uma disputa acirrada entre a presidenta Dilma e o candidato do PSDB Aécio Neves. Após a vitória de Dilma para seu segundo mandato, o governo alterou sua política fiscal, visando adotar o chamado ajuste fiscal. Assim, não só a política monetária era contracionista, mas também a política fiscal, o que acentuou a crise política e a crise econômica no País. Em 2015, a inflação atingiu 10,7% e o PIB retraiu 3,5%. Com a piora da crise econômica e política, a presidenta Dilma sofreu um impeachment em 2016, assumindo seu vice, Michel Temer. Temer alterou a equipe econômica e aprofundou as medidas restritivas que vinham sendo colocadas em prática no governo Dilma. 146 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 Unidade II Figura 62 – Sessão de votação do impeachment da presidenta Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados 8.2 Tendências econômicas e sociais O impeachment da presidenta Dilma pode ser analisado no âmbito da disputa de interesses entre as diferentes classes sociais no Brasil. De acordo com Armando Boito Jr. (2016), as duas características interligadas que foram definidoras da crise política no Brasil foram: “a ofensiva política restauradora da direita neoliberal [...] e a decisão do governo neodesenvolvimentista de Dilma Rousseff de adotar uma política de recuo passivo diante de tal ofensiva”. A chamada direita neoliberal, em grande parte voltada para os interesses do capital internacional (multinacionais e mercado financeiro), tinha como objetivo a retomada do poder e implementação de políticas econômicas de seu interesse. Aliado a esse setor da sociedade, a classe média, associações empresariais, como a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), a Força Sindical (central sindical) e a grande mídia, também foram apoiadores do impeachment. É importante ressaltar que o movimento pró‑impeachment teve o seu início logo após a vitória da presidenta Dilma nas eleições de 2014, não só pela coligação dos partidos de oposição que foram derrotados nas urnas, mas também por grande parcela da classe média e média alta que foram incitadas a irem às ruas por um forte movimento pela internet e nas grandes mídias que se baseava nas denúncias no âmbito da operação Lava Jato e nas decisões do judiciário. Por outro lado, diante da ofensiva neoliberal da direita, a classe popular e os movimentos sociais acabaram tendo que fazer oposição ao governo Dilma, devido à adoção de uma agenda econômica neoliberal que focava em cortes de gastos e de benefícios sociais. Portanto, o governo Dilma, diante dessa situação, tinha baixo apoio político e social nos setores da sociedade que a elegeram. O impeachment mantém‑se como um processo muito questionável, desde a sua aceitação pelo então presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha até pelos argumentos presentes na denúncia. As passeatas pró‑impeachment, por sua vez, tinham como principal demanda o fim das corrupções no governo, e isso era associado à figura da presidenta e de seu partido político. No entanto, é importante destacar, que em nenhum momento a presidente Dilma foi condenada por corrupção e crime de responsabilidade fiscal. 147 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 INDICADORES ECONÔMICOS E SOCIAIS Outro autor que analisa a crise política do governo Dilma Rousseff é Andre Singer em seu texto intitulado Cutucando Onças com Varas Curtas, de 2015. Em resumo, o autor elenca alguns fatores que explicam o descontentamento e a oposição de setores econômicos que representavam grandes interesses ao governo Dilma, dentre eles estão: • Política de diminuição da taxa de juros. A burguesia empresarial produtiva está muito voltada a ganhos no mercado financeiro, diminuindo sua parcela de rentabilidade no âmbito da produção e da economia real, ocasionando em aumento das importações e elevação das aplicações financeiras especulativas. Além disso, o autor destaca que inúmeras empresas produtivas estão sob o controle de bancos e instituições financeiras. • Aumento da luta de classes. Uma maior intervenção estatal levou a um aumento do emprego e, assim, do poder de negociação da classe trabalhadora e dos sindicatos por aumentos salariais acima da inflação. • Atuação do governo para baixar os spreads bancários e as tarifas de energia. A existência de uma ideologia neoliberal rentista, contrários à intervenção estatal, em diversos setores sociais, inclusive nos meios de comunicação, criticavam constantemente políticas de caráter intervencionista da presidenta. • Desgaste político. Dilma abriu muitas frentes de conflitos com diferentes setores, como, por exemplo, para evitar privatizações em projetos de infraestrutura e logística, reordenação do setor de energia elétrica e na redução do spread, confrontando o setor bancário. Diante desse contexto de crise política e econômica, Dilma sofreu impeachment e MichelTemer, então vice‑presidente, assume o cargo de presidente da República. Figura 63 – Michel Temer em evento na Fiesp Desde o início de seu governo, Temer sofreu com questões de legitimidade. As pesquisas de satisfação em relação ao governo mostravam a impopularidade do presidente. “Em junho de 2016, logo no início de sua gestão, o índice que consideravam o governo ruim/péssimo era de quase 40%, e esse índice só 148 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 Unidade II foi subindo, chegando aos 55% em março de 2017 (Pesquisa CNI‑Ibope), até alcançar 61% em maio de 2017 (Datafolha)” (DEPIERI, 2017, p. 12). Esse cenário de incertezas políticas, que ainda se configura em 2018, é um empecilho para o próprio crescimento econômico. Ainda não há elementos que comprovem a relação da incerteza política do país com queda de investimentos na economia, porém um dos principais economistas, John Maynard Keynes, em sua Teoria Geral do Juro do Emprego e da Moeda (1936), já apontava para a importância da não existência de um grande contexto de incertezas para os investimentos fluírem de maneira mais natural possível. Um processo político frágil como foi o impeachment de Dilma Rousseff pode trazer desconfiança até mesmo para os que apoiaram a queda da presidenta, ocasionando um amplo cenário de incertezas na sociedade. A despeito das incertezas políticas, o governo Temer conseguiu a aprovação de duas agendas estruturais com o apoio dos congressistas. A primeira delas foi no âmbito fiscal, com a aprovação da Emenda Constitucional 95 no final de 2016. Essa medida congelou os gastos públicos por vinte anos. Isso significa dizer que todas as áreas de atuação do governo só serão reajustadas com base na inflação do período. Essa medida dificultará ainda mais a oferta de bens e serviços essenciais, como saúde, educação, cultura e habitação, áreas estas que necessitariam receber maiores investimentos, pois se encontram em posições fragilizadas em relação ao orçamento público. A outra medida estrutural do governo Temer foi a Reforma Trabalhista, aprovada no segundo semestre de 2017. Essa reforma liberaliza o mercado de trabalho brasileiro com medidas que fragilizam os empregados em favor dos empresários, retirando da legislação alguns direitos trabalhistas. Dentre as alterações, uma das importantes medidas diz respeito ao campo das negociações entre trabalhadores e empresários. A partir da Reforma, o negociado se sobressairá ao legislado. Essa é uma medida que enfraquece o lado do trabalho, uma vez que são poucas as organizações de trabalhadores que conseguem permanecer fortalecidas e negociar para conseguir ganhos salariais e benefícios. A maioria dos setores não é organizada; para essa parcela, a antiga lei trabalhista os protegia e preconizava alguns limites mínimos e, mesmo que não houvesse negociação, deveria ser cumprido o que constava na legislação. Outra novidade da nova lei trabalhista é a ampliação dos tipos contratações. Com as novas regras, as terceirizações, trabalhos intermitentes e por tempo parcial foram ratificadas. Para os defensores da Reforma Trabalhista, essa medida iria impactar positivamente na criação de postos de trabalho, uma vez que seriam facilitadas as formas de contratações. No entanto, as perspectivas econômicas podem ser ruins para os próprios empregadores, e a Reforma Trabalhista ser um tiro no pé. Os empregos intermitentes e sem vínculos empregatícios podem impactar negativamente no consumo dos empregados. A incerteza da não permanência em seus empregos pode frear iniciativas de consumos de longo prazo, na compra de automóveis ou casas próprias, por exemplo. 149 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 INDICADORES ECONÔMICOS E SOCIAIS Outro importante tema, de interesse nacional, que foi alvo de alterações do governo Temer foi o pré‑sal. O governo alterou as regras de exploração das camadas do pré‑sal, permitindo uma maior participação das multinacionais na exploração do petróleo brasileiro. Adicionalmente, iniciou um plano de desinvestimento na Petrobras e alterou a política de preços dos combustíveis, atrelando à variação cambial e à cotação internacional do petróleo. Essa medida fez com que houvesse uma relevante instabilidade e aumentos no preço dos combustíveis domésticos, o que resultou na greve dos caminhoneiros no final de maio de 2018, gerando uma forte crise de abastecimento em todo o País e impactando as atividades produtivas. Outra medida importante foi a alteração da taxa de juros praticada pelo BNDES, da TJLP (taxa de juros de longo prazo) para a TLP (taxa de longo prazo). Na prática, essa alteração eleva as taxas de juros praticadas nas operações de empréstimos do banco, o que, muito provavelmente, irá desincentivar a realização de investimentos. Além disso, o BNDES reduziu significativamente seus empréstimos, passando de R$ 188 bilhões em 2014 para R$ 71 bilhões em 2017. No mercado de trabalho, o desemprego registrou um grande aumento, principalmente a partir de 2016. De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), divulgada pela IBGE, no final de 2014, a taxa de desemprego, que era de 6,5% no final de 2014, subiu para 13,1% no primeiro trimestre de 2018. 4º trim. 2014 6,5 7,9 8,3 8,9 9,0 10,9 11,3 11,8 12,0 13,7 13,0 12,4 11,8 13,1 3º trim. 2015 2º trim. 2016 1º trim. 2017 4º trim. 2017 1º trim. 2015 4º trim. 2015 3º trim. 2016 2º trim. 2017 1º trim. 2018 2º trim. 2015 1º trim. 2016 4º trim. 2016 3º trim. 2017 Figura 64 – Taxa de desocupação trimestral (em %), do 4º trimestre de 2014 até o 1º trimestre de 2018 Porém, há uma significativa diferença das taxas de desemprego nos diferentes estados do País. Ainda com base na PNAD Contínua, no primeiro trimestre de 2018, enquanto Santa Catarina tinha uma taxa 6,5%, no Amapá atingiu 21,5%. Já a taxa de desemprego na Bahia chegou a 17,9%, Rio de Janeiro 15% e São Paulo 14%. 150 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 Unidade II Am ap á Per na mb uc o Rio de Ja ne iro Sã o P au lo Mi na s G era is Ma to Gr oss o Sa nta Ca tar ina Ba hia Ma ran hã o Rio Gr an de do No rte Am azo na s Pa ran á Rio Gr an de do Su l 21,5 17,9 17,7 15,6 15,0 14,9 14,0 13,9 12,6 9,6 9,3 8,5 6,5 Figura 65 – Taxa de desocupação trimestral (em %) por Unidades da Federação, 1º trimestre de 2018 A piora dos indicadores do mercado de trabalho é reflexo da intensificação da crise econômica e das medidas econômicas restritivas. O PIB de 2017 cresceu somente 1% depois de dois recuos de 3,5% em 2015 e 2016. Como resultado, alguns números da realidade social do país vêm apresentando piora significativa, especialmente com relação ao aumento de pessoas vivendo em situação de extrema pobreza. Figura 66 – Moradores de rua em São Paulo, em 2016 A combinação das reformas adotadas pelo governo Temer tende a aprofundar a desigualdade social, precarizar ainda mais o mercado de trabalho e reduzir e piorar a qualidade dos serviços públicos ofertados. Torna‑se imprescindível um maior debate sobre as reformas implementadas para que as mudanças sejam voltadas para uma distribuição mais equânime da renda e da diminuição das desigualdades, e não em seu aprofundamento. 151 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 INDICADORES ECONÔMICOS E SOCIAISResumo O crescimento econômico recente até 2007 não alterou radicalmente a estrutura social dos desempregados, portanto não reduziu de modo considerável a massa e a proporção de desocupados. Os desocupados seguiram o movimento de mobilidade social ascendente dos estratos sociais inferiores, situando‑se majoritariamente na baixa classe média (remediada) e na massa trabalhadora (pobre). No período de expansão econômica forte, entre 2004 e 2008, esses estratos sociais cresceram significativamente. Observando o perfil dos desocupados em 2007, nota‑se que eles continuam fortemente concentrados nas faixas etárias mais jovens, com uma proporção de jovens negras superior àquela das mulheres negras no conjunto dos desocupados, em que igualmente são majoritárias. Nos segmentos mais jovens de desocupados predominam aqueles com 2º grau de escolaridade, com taxas expressivas de 3º grau nas faixas etárias pertinentes. A informalidade sempre foi parte da caracterização do mercado de trabalho brasileiro. A partir de 2003, houve uma significativa melhora no quadro de informalidade. Na década de 2000, houve a criação líquida de 21 milhões de novos postos de trabalho. A maior parte dos novos postos criados nos anos 2000 foi de rendimento de até 1,5 salário mínimo mensal, concentrado nas seguintes atividades econômicas: serviços, comércio, construção civil, indústria têxtil e de vestuário, principalmente. Dos anos 1980 aos anos 1990, houve um aumento significativo na proporção entre homens e mulheres nos trabalhos de salário de base, sendo que a contratação de mulheres aumentou de menos de 50% para mais 60% nos trabalhos de salário de base. Na distribuição da ocupação por idade, nos anos 2000, nota‑se que a maior parte das ocupações para essa faixa de rendimento ficou concentrado na faixa dos 25 aos 34 anos de idade, seguido pelas faixas 45 a 54 anos e 35 a 44 anos, respectivamente. Comparativamente aos anos 1980 e 1990, houve um aumento significativo da presença dos trabalhadores entre 45 e 54 anos no mercado de trabalho para os rendimentos de salário de base. 152 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 Unidade II O economista e pesquisador Márcio Pochamnn critica a suposição de que esse aumento das ocupações nos salários de base havia permitido a ascensão social de uma parcela da população mais empobrecida à classe média. O ponto central da argumentação é que ainda é preciso muito mais que acesso ao mercado de bens para se tornar classe média, como na maioria dos países. Dessa maneira, é preciso muito mais do Estado e da economia para tornar essa população uma real classe média. Alguns indicadores sociais, como o IDH e o Índice de Gini, expressam somente parte dos problemas socioeconômicos das nações. As análises de fatores de cunho histórico e político são essenciais para a melhor compreensão das complexidades que são as realidades sociais dos países. A análise comparativa dos resultados que os indicadores socioeconômicos nos mostram entre os números do Brasil e de outras nações nos passa ideias importantes, como, por exemplo, a constatação, pelo IDH, de que o Brasil figura entre os países que possuem um médio desenvolvimento nos quesitos renda per capita, qualidade de vida e educação. Entretanto, ao aprofundar a análise para outros temas, foram abertas novas perspectivas para a explicação da desigualdade social. Procuramos elencar temas estruturais da nossa sociedade como a concentração de terras, o processo de industrialização do Brasil, a incidência de impostos e as destinações dos gastos do governo por área. Dois deles se debruçam mais em elementos históricos, são eles: a concentração de terras e a industrialização brasileira. Esta última foi uma análise exclusivamente histórica, que mostrou o reflexo na atualidade de um período no qual o País mais se desenvolveu economicamente, mas produzindo problemas sociais. No elemento “concentração de terras” foi mostrada a raiz histórica desse fenômeno, desde a chegada dos portugueses, mas também foi destacado que essa situação se mantém na atualidade e se reproduz. Os fatores “incidência de impostos” e “execução orçamentária” foram analisados por meio de dados do Senado Federal e da Receita Federal/ Ministério da Fazenda. A análise da execução orçamentária mostra as prioridades dos governos em relação ao direcionamento dos gastos para as diferentes áreas. Essa análise ajuda a explicar a dificuldade da expansão dos serviços públicos, como os de saúde e educação e de programas de assistência e moradia. Serviços e programas que beneficiariam as camadas mais baixas da população. 153 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 INDICADORES ECONÔMICOS E SOCIAIS O exame realizado sobre a incidência de impostos no Brasil auxilia na desmistificação de que parcela da população arca com a carga tributária. Esse custo é bancado pelas camadas mais pobres no Brasil. Os dados apresentados mostram que os impostos sobre o consumo de bens e serviços, além de possuírem importância no total arrecadado, são importantes para o próprio crescimento do PIB. Após quase uma década de tentativas para acabar com a inflação no Brasil, em 1994, sob o governo Itamar Franco, seu então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso lança o Plano Real. A partir daquele momento, a economia e a sociedade brasileira passariam por grandes transformações. O combate à inflação, naquela oportunidade, foi bem‑sucedido, com a redução e controle do nível de preços. Porém, um dos instrumentos utilizados foi a manutenção de um câmbio muito valorizado e da elevada taxa básica de juros, o que impactou negativamente em termos produtivos e em uma deflagração de uma crise cambial em 1998. Após essa crise, o governo FHC adota alterações na política econômica, utilizando o tripé macroeconômico: câmbio flutuante, superávit fiscal e metas de inflação. O governo Lula conviveu em um contexto econômico internacional mais favorável e, mesmo adotando as mesmas rígidas medidas estruturais de política econômica, conseguiu avançar em programas sociais e levar a economia brasileira, em alguns anos, a taxas de crescimento significativas com estabilidade inflacionária. Além disso, mesmo diante da crise econômica mundial de 2008, o Brasil, por meio de medidas econômicas contracíclicas, apresentou um bom desempenho, chegando a crescer 7,5% em 2010. Uma das marcas do governo Lula foi o Programa Bolsa Família, o qual foi responsável por tirar milhões de famílias da miséria e foi reconhecido mundialmente como uma política de transferência de renda bem‑sucedida. O governo Dilma, por sua vez, conviveu com um pior contexto econômico internacional. A crise econômica havia atingido a Europa em 2010 e seus efeitos, a partir de 2011, atingiram outros continentes. Apesar de diversas medidas econômicas contracíclicas adotadas, houve uma tendência de piora dos indicadores econômicos. Em seu segundo mandato, após a reeleição em 2014, a crise econômica e política se acentuaram e a insatisfação de diversos setores e classes sociais aumentaram, resultando em um processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff em 2016. Michel Temer, então vice‑presidente, assumiu o governo. Ele adotou um novo programa econômico, aprofundando as políticas monetárias e fiscais restritivas e implementou algumas reformas. Destacam‑se a Emenda 154 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 Unidade II Constitucional nº 95, que colocou um teto de gastos, a Reforma Trabalhista e as alterações no setor de petróleo e gás. Após o impeachment deDilma, o PIB registrou queda de 3,5% em 2016. As reformas promovidas pelo governo Temer não surtiram efeitos, e a economia brasileira cresceu apenas 1% em 2017 depois de dois anos seguidos de recessão (2015 e 2016). Já o mercado de trabalho apresentou uma relevante piora, em que a taxa de desemprego superou 13%, mas ficou ainda maior em alguns estados, como, por exemplo, no Amapá, cuja taxa está perto de 22%. Como consequência desse quadro, há o aumento da pobreza nas diversas regiões do País. Caso as reformas e medidas econômicas adotadas pelo governo Temer não sejam revistas e/ou modificadas, há uma tendência de aprofundamento da desigualdade social, precarização do mercado de trabalho e redução e piora da qualidade dos serviços públicos ofertados. Exercícios Questão 1. (FMP‑RS/TCE‑RS 2011). O desemprego pode apresentar diversos tipos em uma economia capitalista. Sobre as definições apresentadas a seguir, assinale a alternativa INCORRETA. a) O desemprego friccional surge devido a incessante movimentação de pessoas entre as regiões e diversos empregos e por diferentes estágios do ciclo da vida. Este surge devido a que tanto os trabalhadores como as firmas necessitarem de tempo para realizar um matching (casamento das vagas com indivíduo) e processar as informações. b) O desemprego cíclico surge quando a demanda por mão de obra é baixa. Ocorre durante as recessões, quando os empregos caem como resultado do desequilíbrio entre a oferta e a demanda agregada no longo prazo. c) O desemprego voluntário, também chamado de desemprego de espera, reflete o fato de que algumas pessoas que estão na força de trabalho não desejam trabalhar ao nível de salário vigente no mercado. d) O desemprego involuntário ocorre quando os indivíduos estão dispostos e são capazes de trabalhar, pelas taxas salariais vigentes, mas não conseguem encontrar emprego. e) O desemprego estrutural é causado pelo rápido desenvolvimento tecnológico, que tende a marginalizar a parcela da mão de obra que não tem habilidades para acompanhar as mudanças tecnológicas. Resposta correta: alternativa B. 155 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 INDICADORES ECONÔMICOS E SOCIAIS Análise das alternativas A) Alternativa correta. Justificativa: o desemprego friccional ocorre pela simples movimentação de pessoas que estão em busca de outras oportunidades. A qualquer momento surgem novas oportunidades de trabalho e outras que acabam, o que faz com que haja um fluxo de entradas e saídas de trabalhadores no mercado de trabalho. Assim, o tempo que o indivíduo demora a procurar esses novos postos de trabalho e a respectiva transição de emprego faz com que haja sempre trabalhadores no desemprego. B) Alternativa incorreta. Justificativa: o desemprego cíclico ocorre no curto prazo, quando a economia produz abaixo do nível de pleno emprego, dadas as condições de funcionamento da própria economia por conta do ciclo econômico, sendo que aumenta em períodos de recessão e diminui em períodos de expansão. C) Alternativa correta. Justificativa: o desemprego voluntário significa a recusa ou a incapacidade de determinado trabalhador em aceitar uma remuneração equivalente à sua produtividade marginal. D) Alternativa correta. Justificativa: o desemprego involuntário ocorre no caso de uma ligeira elevação dos preços dos bens de consumo de assalariados relativamente aos salários nominais, assim, tanto a oferta agregada de mão de obra disponível a trabalhar pelo salário nominal corrente quanto a procura agregada da mesma ao dito salário são maiores que o volume de emprego existente. E) Alternativa correta. Justificativa: o desemprego estrutural pode resultar da inadequação entre as exigências do mercado de trabalho e as aptidões dos trabalhadores, nomeadamente a nível geográfico ou no âmbito das tecnologias. Questão 2. (COPS‑UEL 2010, adaptado). Analise a charge a seguir: 156 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 Unidade II Com base na charge e nos conhecimentos sobre a chamada “nova classe média” brasileira que emergiu especialmente entre 2008 e 2014, é correto afirmar: I. O crescimento da “nova classe média” brasileira foi favorecido pela extensão do crédito a amplos setores da população, além da implementação de programas sociais por parte do governo federal. II. Dentre os países emergentes, o Brasil constituiu‑se como caso particular de crescimento da classe média, tendência ausente em outras nações em desenvolvimento. III. O crescimento da “nova classe média” brasileira manteve características tradicionais do país, como é o caso da desigualdade social, que continuou aumentando no transcurso da primeira década dos anos 2000. IV. A expansão da “nova classe média” no país foi acompanhada pela elevação dos índices de escolaridade e pela maior presença de empregos com carteira assinada, reduzindo, assim, a informalidade. Assinale a alternativa CORRETA. a) Somente as afirmativas I e IV são corretas. b) Somente as afirmativas II e III são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas. Resposta desta questão na plataforma. 157 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 FIGURAS E ILUSTRAÇÕES Figura 1 FEIJÓ, C. Contabilidade social: o novo sistema de contas nacionais do Brasil. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2008, p. 10. Figura 3 Grupo UNIP‑Objetivo. Figura 4 POLUICAO_2.JPG. Disponível em: <http://imagens.ebc.com.br/o7sC‑3rMy6mIOIFf3Px6rB_ IFds=/1100x370/smart/http://www.ebc.com.br/sites/_portalebc2014/files/atoms_image/poluicao_2. jpg>. Acesso em: 29 ago. 2018. Figura 5 HUSSON, M. Finança, hiper‑concorrência e reprodução do capital. In: A finança capitalista. Paris: PUF, 2006. p. 2. Figura 6 CHESNAIS, F. O capital portador de juros: acumulação, internacionalização, efeitos econômicos e políticos. In: A finança mundializada: raízes sociais e políticas, configuração, consequências. São Paulo: Boitempo, 2005, p. 59. Figura 7 20072011_DINHEIROBANCOUSP006.JPG. Disponível em: <http://imagens.ebc.com.br/n2SheW_ wrIeRPOHTfr5NrMe‑weQ=/1100x370/smart/http://www.ebc.com.br/sites/_portalebc2014/files/atoms_ image/20072011_dinheirobancousp006.jpg>. Acesso em: 29 ago. 2018. Figura 8 CRANFORD, C. J.; VOSKO, L. F.; ZUKEWICH, N. Precarious employment in the canadian labour market: a statistical portrait. In: Forum on Precarious Employment Just Labour, Canadá, v. 3, 2003, p. 5. Figura 9 SABOIA, J. Um novo índice para o mercado de trabalho urbano no Brasil. Revista de Economia Contemporânea, Rio de Janeiro, v. 4, n.1, p. 131, jan./jun. 2000. 158 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 Figura 10 FREIRE, J. A. Dinâmica do mercado de trabalho metropolitano no Brasil pós anos 90: que mudou, mudou! Mas mudou o suficiente? In: XI Encontro Nacional de Economia Política. Vitória: SBEP, 2006, p. 24. Figura 11 FREIRE, J. A. Dinâmica do mercado de trabalho metropolitano no Brasil pós anos 90: que mudou, mudou! Mas mudou o suficiente? In: XI Encontro Nacional de Economia Política. Vitória: SBEP, 2006, p. 24. Figura 12 DE TONI, M. Para onde vai o mercado de trabalho? A tendência à precarização das relações de trabalho: um estudo da região metropolitana de Porto Alegre. Tese de doutoramento. Programa de pós‑graduação do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. PortoAlegre, 2004, p. 208. Figura 13 DE TONI, M. Para onde vai o mercado de trabalho? A tendência à precarização das relações de trabalho: um estudo da região metropolitana de Porto Alegre. Tese de doutoramento. Programa de pós‑graduação do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2004, p. 219. Figura 14 05072012CARTEIRADETRABALHO018.JPG. Disponível em: <http://imagens.ebc.com.br/V4v256C905Fk8f JD6W7SUmno8L8=/1100x370/smart/http://www.ebc.com.br/sites/_portalebc2014/files/atoms_image/0 5072012carteiradetrabalho018.jpg>. Disponível em: 29 ago. 2018. Figura 15 SEP. Convênio SEADE – DIESSE. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED. São Paulo: Secretaria de Economia e Planejamento, 2009, p. 86 . Adaptada. Figura 16 MOTHER‑388663.JPG. Disponível em: <http://imagens.ebc.com.br/c3o‑Wb93Gtu4xofnVw0NU0ZzeA 8=/1100x370/smart/http://www.ebc.com.br/sites/_portalebc2014/files/atoms_image/mother‑388663. jpg>. Acesso em: 29 ago. 2018. 159 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 Figura 17 POCHMANN, M. Estrutura social no Brasil: mudanças recentes. Serviço Social & Sociedade, São Paulo, n. 104, p. 639, out./dez. 2010. Figura 18 POCHMANN, M. Estrutura social no Brasil: mudanças recentes. Serviço Social & Sociedade, São Paulo, n. 104, p. 639, out./dez. 2010. Figura 19 POCHMANN, M. Estrutura social no Brasil: mudanças recentes. Serviço Social & Sociedade, São Paulo, n. 104, p. 642, out./dez. 2010, p. 642. Figura 20 IPEADATA. Disponível em: <http://www.ipeadata.gov.br/Default.aspx>. Acesso em: 1 set. 2018. Adaptada. Figura 21 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira. Rio de Janeiro: IBGE, 2017. Coordenação de População e Indicadores Sociais. p. 59. Figura 22 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira. Rio de Janeiro: IBGE, 2017. Coordenação de População e Indicadores Sociais. p. 59. Figura 23 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira. Rio de Janeiro: IBGE, 2017. Coordenação de População e Indicadores Sociais. p. 61. Figura 24 RD81NOT03IMG03.JPG. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/desafios/images/stories/ed81/ imagens/reportagens/rd81not03img03.jpg>. Acesso em: 29 ago. 2018. 160 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 Figura 25 CAMARANO, A. A.; KANSO, S.; FERNANDES, D. A população brasileira e seus movimentos ao longo do século XX. In: CAMARANO, A. A. (Org.). Novo regime demográfico: uma nova relação entre população e desenvolvimento? Rio de janeiro: IPEA, 2014, p. 84. Figura 26 CAMARANO, A. A.; KANSO, S.; FERNANDES, D. A população brasileira e seus movimentos ao longo do século XX. In: CAMARANO, A. A. (Org.). Novo regime demográfico: uma nova relação entre população e desenvolvimento? Rio de janeiro: IPEA, 2014, p. 102. Figura 27 CAMARANO, A. A.; KANSO, S.; FERNANDES, D. A população brasileira e seus movimentos ao longo do século XX. In: CAMARANO, A. A. (Org.). Novo regime demográfico: uma nova relação entre população e desenvolvimento? Rio de janeiro: IPEA, 2014, p. 104. Figura 28 KANSO, S. Compressão da mortalidade no Brasil. In: CAMARANO, A. A. (Org.). Novo regime demográfico: uma nova relação entre população e desenvolvimento? Rio de janeiro: IPEA, 2014, p. 157. Figura 29 KANSO, S. Compressão da mortalidade no Brasil. In: CAMARANO, A. A. (Org.). Novo regime demográfico: uma nova relação entre população e desenvolvimento? Rio de janeiro: IPEA, 2014, p. 158. Figura 30 CERQUEIRA, D.; MOURA, R. L. de. Demografia e homicídios no Brasil. In: CAMARANO, A. A. (Org.). Novo regime demográfico: uma nova relação entre população e desenvolvimento? Rio de janeiro: Ipea, 2014, p. 360. Figura 31 SILHUETA‑DE‑CORPOS_ALERTAM‑PARA‑ASSASSINATOS_RJ_9563‑1024X681.JPG. Disponível em: <http://imagens.ebc.com.br/DcyR_bFCGUOWEYzBPYlmw8DkXf4=/1100x370/smart/http://www.ebc. com.br/sites/_portalebc2014/files/atoms_image/silhueta‑de‑corpos_alertam‑para‑assassinatos_ rj_9563‑1024x681.jpg>. Acesso em: 29 ago. 2018. 161 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 Figura 32 CAMARANO, A. A.; KANSO, S.; FERNANDES, D. A população brasileira e seus movimentos ao longo do século XX. In: CAMARANO, A. A. (Org.). Novo regime demográfico: uma nova relação entre população e desenvolvimento? Rio de janeiro: IPEA, 2014, p. 91. Figura 33 CAMARANO, A. A.; KANSO, S.; FERNANDES, D. A população brasileira e seus movimentos ao longo do século XX. In: CAMARANO, A. A. (Org.). Novo regime demográfico: uma nova relação entre população e desenvolvimento? Rio de janeiro: IPEA, 2014, p. 93. Figura 34 IPEADATA. Disponível em: <http://www.ipeadata.gov.br/Default.aspx>. Acesso em: 1 set. 2018. Adaptada. Figura 35 BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria de Políticas de Previdência Social. Informe de Previdência Social. Brasília, v. 28, n. 12, dezembro de 2016. p. 49. Figura 36 GENTE_NAS_RUAS.JPG. Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/sites/default/files/atoms/image/ gente_nas_ruas.jpg>. Acesso em: 29 ago. 2018. Figura 37 POCHMANN, M. Nova classe média?: o trabalho na base da pirâmide social brasileira. São Paulo: Boitempo, 2012, p. 49. Figura 38 POCHMANN, M. Nova classe média?: o trabalho na base da pirâmide social brasileira. São Paulo: Boitempo, 2012, p. 51. Figura 39 POCHMANN, M. Nova classe média?: o trabalho na base da pirâmide social brasileira. São Paulo: Boitempo, 2012, p. 52. 162 Re vi sã o: F ab ríc ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 3/ 09 /1 8 Figura 40 POCHMANN, M. Nova classe média?: o trabalho na base da pirâmide social brasileira. São Paulo: Boitempo, 2012, p. 52. Figura 41 POCHMANN, M. Nova classe média?: o trabalho na base da pirâmide social brasileira. São Paulo: Boitempo, 2012, p. 53. Figura 42 POCHMANN, M. Nova classe média?: o trabalho na base da pirâmide social brasileira. São Paulo: Boitempo, 2012, p. 53. Figura 43 ONU. Human Development Report 2016. New York, 2016, p. 198‑199. Disponível em: <http://www. br.undp.org/content/dam/brazil/docs/RelatoriosDesenvolvimento/undp‑br‑2016‑human‑development‑ report‑2017.pdf>. Acesso em: 29 ago. 2018. Figura 44 ONU. Human Development Report 2016. New York, 2016, p. 198‑199. Disponível em: <http://www. br.undp.org/content/dam/brazil/docs/RelatoriosDesenvolvimento/undp‑br‑2016‑human‑development‑ report‑2017.pdf>. Acesso em: 29 ago. 2018. Figura 45 1020871‑MT_23032016DSC_9285‑.JPG?ITOK=BU0DOKUM. Disponível em: http://imagens.ebc.com.br/ NXup9sZEZPrk9NZlBQqkYqf5ywU=/1140x760/smart/http://agenciabrasil.ebc.com.br/sites/default/files/ atoms/image/1020871‑mt_23032016dsc_9285‑.jpg?itok=Bu0DOKuM>. Acesso em: 29 ago. 2018. Figura 46 RAMOS, M. O que é agronegócio. Agronegócios online, 22 fev. 2016. 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