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� Carta Constitucional de 1814 Origens Surgiu no seguimento da deposição do Imperador. O governo provisório, sob presidência de Talleyrand, restaurou a dinastia dos Bourbons levando ao trono o Príncipe Luís, agora Rei Luís XVIII. Este deveria aceitar e jurar uma constituição feita pelos representantes populares e previamente aprovada em plesbito. Essa constituição foi elaborada e aprovada muito rapidamente. Cerca de um mês mais tarde o Rei não aceita a constituição, pois achava que, embora as bases fossem boas, os artigos ressentiam-se da precipitação com que foram redigidos. Assim, a 4 de Junho é outorgada a Carta Constitucional redigida pela Comissão. Características O fundamento sobre o poder político que nela se estabeleceu não é a soberania nacional mas sim a autoridade real, concretizada nos direitos e prerrogativas tradicionais da Coroa, limitados pelo Soberano. Em virtude desta limitação, certos direitos e garantias são atribuídos aos cidadãos, resultado de um acto gracioso de poder real ( Direito Público dos franceses ( afirmações de princípio e reconhecimento de certos “direitos particulares” que o estado se compromete a assegurar. Principais Órgãos Rei ( Chefe supremo do Estado; ( Detentor único do poder executivo (os ministros são responsáveis criminalmente perante as câmaras); ( Domina o poder legislativo (que pertence colectivamente ao Rei, à Câmara dos Pares, e à câmara dos Deputados); ( É fonte do poder judicial; ( Só a ele pertence a iniciativa legislativa; ( Tem direito de veto absoluto. Câmara dos Pares ( Câmara aristocrática; ( Formada por membros hereditários ou simplesmente vitalícios, nomeados pelo Soberano em n.º ilimitado; Câmara dos Deputados ( Assembleia electiva cujos componentes, eleitos por sufrágio censitário, têm um mandato de 5 anos e são anualmente renováveis em 1/5. Sistema de Governo Inspirado nas instituições políticas britânicas mas muito menos liberal que o seu modelo. Esta carta vigorou por poucos meses ( Napoleão regressa do exílio, Luís XVIII e a Corte abandonam Paris e o Imperador decreta a dissolução da Câmara dos Pares e da Câmara dos Deputados, convocando os colégios eleitorais para elaborar uma nova constituição. ( Acto Adicional às Constituições do Império (1815) ( Não difere muito da Carta de Luís XVIII; Atribui o poder legislativo ao monarca e as duas câmaras; A Câmara dos Representantes continha o princípio da representação profissional; Os ministros, nomeados pelo Imperador, seriam responsáveis perante as câmaras; Luís XVIII volta e a Carta Constitucional é reposta em vigor. Segunda vigência da Carta Constitucional O sistema evolui no sentido parlamentar ( Debate, votação separada das receitas e das despesas orçamentais, respostas aos discursos da Coroa, relatórios sobre as petições que eram dirigidas às câmaras ( fiscalização política. Os ministros seguem atentamente os trabalhos parlamentares e reiteram as propostas de lei apresentadas em nome do soberano quando verificassem não terem probabilidade de aprovação. Neutraliza-se o predomínio das câmaras com o recurso à fraude, à modificação da lei eleitoral, à alteração da Carta de modo a acabar com as eleições anuais de renovação da quinta parte da Câmara Dos Deputados, ao alongamento do mandato destes, às criações maciças e repetidas de novos pares. Agrava-se a feição censitária do sufrágio para a eleição de deputados, pois concedeu-se voto duplo à quarta parte dos maiores contribuintes de cada departamento. O mandato dos deputados aumentou quase para o dobro e cessou a renovação anual de um quinto. ( Sobe ao trono Carlos X. São tomadas medidas legislativas de excepção. A Câmara dos deputados é frequentemente dissolvida. ( Revolução de 1830 ( deposição de Carlos X ( sobe ao trono Luís Filipe, duque de Orleães ( Jura acatar fielmente as modificações aprovadas pelas câmaras ( a Carta reformada é publicada oficialmente em 14 de Agosto de 1830 Reafirmação do princípio da soberania nacional; A Religião Católica, Apostólica e Romana deixa de ser a religião do Estado; Os poderes do Rei são limitados; A Câmara dos Pares perde o carácter de assembleia aristocrática; Os membros da Câmara dos Deputados voltam a ter um mandato de 5 anos mas sem renovação anual; O sufrágio restrito é mantido. O sistema censitário combina-se no entanto com um sistema capacitário parcial, de forma a alargar a constituição dos colégios eleitorais; É banido o voto duplo. Pode dividir-se em 2 períodos 1º - Retorno ao sistema parlamentar; as Câmaras exercem a sua fiscalização sobre o executivo por meio de interpelação; a responsabilidade política dos ministros perante as Câmaras torna-se efectiva. 2º - Tentativa de governo pessoal do monarca; a recusa de proceder à reforma eleitoral e a corrupção em que o governo sistematicamente se apoia para conservar a maioria nas câmaras acabam por provocar a revolução de 1848 ( queda de Guizot e abdicação de Luís Filipe.
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