Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
O princípio constitucional da economicidade aplicado aos pagamentos de diárias na Força Aérea Brasileira The constitutional principle of economy applied on the daily allowance payments in the Brazilian Air Force Carlos Roberto Ramos Santos1 Oraide Serafim Batista Katayama2 RESUMO Esta pesquisa apresenta a economia gerada pela substituição dos pagamentos de diárias por Ajudas de Custo ao efetivo do Esquadrão Onça, para realização de missões operacionais da Força Aérea Brasileira, durante o ano de 2013. Foi desenvolvido um estudo de caso, a fim de se analisarem todos os deslocamentos realizados pelo Esquadrão naquele ano, de modo a verificar e mensurar os valores pagos em diárias e os pagos em ajudas de custo, assim como compará-los ao total de valores correspondentes em diárias, caso todas as missões fossem indenizadas somente por esta forma de pagamento. Tal estudo concentrou-se numa amostra de 16 militares do Esquadrão Onça, que se enquadraram nos parâmetros estabelecidos nesta pesquisa. A importância do estudo se revela no seu pioneirismo e, sobretudo, na necessidade de se conhecer a efetividade do atendimento ao princípio constitucional da economicidade – disposto no Art. 70 da Constituição Federal de 1988 – no modelo de pagamento adotado pela Portaria 785/GC6, de 18 de agosto de 2009. Palavras-chave: Princípio da economicidade, Ajudas de custo, Diárias. ABSTRACT This study presents the savings generated by the replacement of daily allowance payments for allowances to military personnel from Onça Squadron, to perform Brazilian Air Force’s operational missions during the year of 2013. A case study was developed in order to analyze all the movements made by the squadron that year, in order to verify and measure the amount paid in daily allowances, as well as to compare them to the total corresponding values in daily, if all missions were compensated only by this form of payment. This study focused on a sample of 16 military of Onça Squadron that meet the criteria established for this research. The importance of the study is revealed in its pioneering and above all, the need to know the effectiveness of care the constitutional principle of economy, according to the provisions of article 70 of the 1988’s Constitution of, and the on payment model adopted by Ordinance 785/GC6, of August 18, 2009. Keywords: Principle of economy, Allowances, Daily allowance. 1 Graduando em Ciências Contábeis pela Faculdade Estácio de Sá Campo Grande, MS. 2 Orientadora. 2 1 INTRODUÇÃO Quando se consideram os gastos no setor público, é imperativa a contemplação do destino de cada unidade monetária. É necessário saber com exatidão onde foi empregado cada centavo de real gasto do Erário, a fim de se obter um eficiente controle e prestação de contas ao cidadão, que arduamente custeia as necessidades públicas. Para isso, desde o surgimento do Sistema Burocrático no Brasil – em substituição ao Sistema Patrimonial – há a preocupação com a eficiência e com o controle dos gastos públicos, assim como sua prestação de contas. Esforço esse, abarcado pelas diversas reformas Administrativas, todas com o intuito de promover maior transparência, eficiência e responsabilidade na gestão dos recursos públicos. Tal preocupação avulta-se com o advento da Lei Maior de 1988, que trouxe expressamente a fiscalização quanto à economicidade, atribuindo-a ao Congresso Nacional mediante controle externo e aos órgãos de controle interno de cada poder. Após a inclusão da economicidade no texto constitucional, de forma integrada, o TCU e os Tribunais de Conta dos Estados passaram a exercer o controle amplo na Administração Pública, ou seja, o controle externo não se restringiu apenas à legalidade, mas abarcou, ainda, a eficiência, a eficácia e a economicidade, que foi elevada ao mesmo grau de importância das demais, buscando, assim, a excelência da qualidade da despesa pública. Tais esforços para melhorar a qualidade dos gastos públicos não teriam efeito se, na prática, não fossem obedecidos e aplicados diariamente na execução da despesa pública, por isso, este trabalho buscará conhecer o quanto o princípio constitucional da economicidade foi atendido no pagamento do direito pecuniário de ajuda de custo em substituição a diárias ao efetivo aeronavegante do Primeiro Esquadrão do Décimo Quinto Grupo de Aviação, no cumprimento de missões operacionais durante o ano de 2013, a fim de nortear futuros pagamentos de diárias ou ajuda de custo, face à importância da qualidade dos gastos públicos. 3 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Conhecer o valor economizado com os pagamentos de ajudas de custo em substituição aos de diárias efetuados ao efetivo do Esquadrão Onça, nos deslocamentos de militares para o cumprimento de missões da Força Aérea Brasileira, durante o ano de 2013. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Analisar os gastos com pagamentos de Ajuda de Custo em substituição às Diárias, durante o ano de 2013, efetuados ao efetivo do Esquadrão Onça; Comparar os gastos realizados com Ajuda de Custo com os gastos apresentados se o pagamento fosse realizado apenas com despesas de Diárias; e Verificar qual das formas de pagamento apresenta maior economicidade. 3 JUSTIFICATIVA O presente estudo surgiu da necessidade de o pesquisador – que é um servidor público militar e atua na execução e controle dos gastos com diárias e ajudas de custo do Esquadrão Onça (1º do 15º Grupo de Aviação, sediado na Base Aérea de Campo Grande) – saber em que nível a economicidade é alcançada por meio dos processos de pagamento efetuados aos aeronavegantes da sua Organização, pois todas as despesas de pessoal executadas para realização de missões da Unidade visam a atender ao princípio constitucional da economicidade, todavia, sem ferramentas que possibilitem medir a efetividade no alcance desse resultado. Exsurge então a importância do estudo, para verificar a que ponto os gastos com diárias e ajudas de custo na Força Aérea Brasileira (FAB) atendem à economicidade prevista no Art. 70 da Constituição Federal de 1988. Os resultados desta pesquisa poderão ser utilizados como ferramenta gerencial em todos os Esquadrões da FAB, que, igualmente ao Esquadrão Onça, diuturnamente cumprem 4 missões operacionais, assim como para concessão de ajudas de custo aos demais militares da FAB, nos deslocamentos a serviço da União, em território nacional. 4 REVISÃO DA LITERATURA 4.1 CONTABILIDADE Segundo o I Congresso Brasileiro de Contabilidade, ocorrido na cidade do Rio de Janeiro, no período de 16 a 24 de agosto de 1924, “Contabilidade é a ciência que estuda e pratica as funções de orientação, de controle e de registro, relativos aos atos e aos fatos de administração econômica” apud CFC (2008; p. 13). “Com o passar do tempo, o governo começa a utilizar-se dela para arrecadar impostos e a torna obrigatória para a maioria das empresas” MARION (2009; p. 28). Apesar de ter se fortalecido pela exigência do governo em função da arrecadação – como uma forma de acompanhar o crescimento das empresas e poder aumentar, assim, o recolhimento dos tributos – a contabilidade evoluiu da simples escrituração e controle do patrimônio em atendimento ao fisco para uma valiosíssima fonte gerencial, utilizada na administração das empresas como forma de alcançar a racionalidade no emprego dos recursos e maximizar os lucros. Houve então a necessidade de se padronizar e tornar a informação contábil fidedigna e útil para ser adequadamente empregada na tomada de decisão, é o que disciplina o Pronunciamento Conceitual Básico (R1): “para que a informação contábil seja útil, ela precisa ser relevante e representar com fidedignidade o que se propõe a representar[...]”. No entanto, não basta ser fidedigna e útil, deve ser constantemente melhorada. Por isso, o mesmo pronunciamento versa que “[...] a utilidade da informação contábil-financeira é melhorada se ela for comparável, verificável, tempestiva e compreensível”. Essas são as características qualitativas da informação contábil-financeira útil. Segundo Moraes Junior (2013; p. 6), essas características “têm o objetivo de identificar os tipos de informações que serão mais úteis aos usuários primários no processo de tomada de decisão”. Por outro lado, não basta atender somente a essas características. Para que as informações contábeis divulgadas sejam uniformes e confiáveis, além de úteis para os usuários internos e externos, é obrigatória a observância dos Princípios de 5 Contabilidade no exercício da profissão, o que constitui condição de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC). Conforme trata a Resolução CFC nº 750/93, com redação dada pela Resolução CFC nº 1.282/10, no que tange aos Princípios de Contabilidade é necessário se observar, ainda, a essência das transações e não a sua forma, como segue: Art. 1º [...] [...] § 2º Na aplicação dos Princípios de Contabilidade há situações concretas e a essência das transações deve prevalecer sobre seus aspectos formais. Art. 2º Os Princípios de Contabilidade representam a essência das doutrinas e teorias relativas à Ciência da Contabilidade, consoante o entendimento predominante nos universos científico e profissional de nosso País. Concernem, pois, à Contabilidade no seu sentido mais amplo de ciência social, cujo objeto é o patrimônio das entidades. Art. 3º São Princípios de Contabilidade: I) o da ENTIDADE; II) o da CONTINUIDADE; III) o da OPORTUNIDADE; IV) o do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL; V) o da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA; (Revogado pela Resolução CFC nº. 1.282/10) VI) o da COMPETÊNCIA; e VII) o da PRUDÊNCIA. [..] Art. 9º O Princípio da Competência determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento ou pagamento. Para Marion (2009; p. 31) “os princípios contábeis são os pilares da Contabilidade, são suas regras básicas”. Carvalho, Ceccato (2014; p. 3) ampliam o entendimento, aplicando-os no campo da Contabilidade Pública, como segue: A Contabilidade Aplicada ao Setor Público constitui ramo da Ciência Contábil e deve observar os Princípios de Contabilidade, que representam a essência das doutrinas e teorias relativas a essa ciência, consoante o entendimento predominante nos universos científico e profissional do país. 4.1.1 CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO No Brasil contemporâneo, a contabilidade pública foi disciplinada a partir da publicação da Lei 4.320/1964, que Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para 6 elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Essa Lei foi recepcionada com status de Lei Complementar pela Constituição Federal de 1988, que ainda criou e permitiu a criação de dispositivos legais infraconstitucionais de modo a tratar de forma ampla, e por vezes concorrente, acerca da contabilidade aplicada ao setor público, dando especial atenção às matérias de controle, prestação de contas e accountability na Administração Pública – como é o caso da Lei Complementar nº 101/00, conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal e a Lei nº 10.180/01, que organiza e disciplina os Sistemas de Planejamento e de Orçamento Federal, de Administração Financeira Federal, de Contabilidade Federal e de Controle Interno do Poder Executivo Federal – transformando algumas dessas matérias em princípios expressamente elencados em seu texto, elevando a gestão pública a uma visão gerencial e mais responsável. Conforme descreve a NBCT 16.1, itens 3 e 4: A Contabilidade Aplicada ao Setor Público é o ramo da ciência contábil que aplica, no processo gerador de informações, os Princípios de Contabilidade e as normas contábeis direcionados ao controle patrimonial de entidades do setor público. O objetivo da Contabilidade Aplicada ao Setor Público é fornecer aos usuários informações sobre os resultados alcançados e os aspectos de natureza orçamentária, econômica, financeira e física do patrimônio da entidade do setor público e suas mutações, em apoio ao processo de tomada de decisão; a adequada prestação de contas; e o necessário suporte para a instrumentalização do controle social. A norma supracitada é parte de um conjunto de normas contábeis aplicadas ao setor público (NBCASP), que atribuem à contabilidade pública, dentre outras, a mesma característica gerencial da contabilidade empresarial, bem como a converge às Normas Internacionais de Contabilidade Pública. Conforme aborda Rosa (2013; p. 4), “essas normas, além de ser consideradas um marco conceitual, constituem uma verdadeira revolução na Contabilidade do setor público brasileiro”. Consoante ao que vimos anteriormente, a Contabilidade Pública também deve obedecer aos princípios gerais da contabilidade. Nesse contexto, a Resolução CFC 1.111/07 aborda na sua introdução ao enunciado: O ponto de partida para qualquer área do conhecimento humano deve ser sempre os princípios que a sustentam. Esses princípios espelham a ideologia de determinado sistema, seus postulados básicos e seus fins. Vale dizer, os princípios são 7 eleitos como fundamentos e qualificações essenciais da ordem que institui. Os princípios possuem o condão de declarar e consolidar os altos valores da vida humana e, por isso, são considerados pedras angulares e vigas-mestras do sistema. Não obstante, o Contador Público deve obedecer também aos princípios básicos da Administração Pública, no qual todo agente público deve pautar sua conduta e se nortear no exercício de sua função, conforme elenca o caput do Art. 37 da Constituição Federal de 1988: “A administração pública direta e indireta de qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência [...]”. 4.1.1.1 A CONTABILIDADE NA FORÇA AÉREA BRASILEIRA Na FAB, o Comandante instituiu por meio da Portaria nº 43/GC3, de 15 de janeiro de 2014, o Sistema de Contabilidade do Comando da Aeronáutica (SISCONTAER), normatizado pela Portaria nº 373/GC3, de 24 de março de 2014, com a finalidade de registrar e evidenciar os atos e fatos da gestão do patrimônio público sob responsabilidade do Comando da Aeronáutica, relacionados às execuções orçamentária e financeira, bem como à administração dos bens patrimoniais, com vistas a orientar processos de prestação de contas e a subsidiar processos de tomada de decisão (Brasil, 2014). Todavia, antes da publicação desse dispositivo e criação do Sistema, já existia um órgão central regulador da contabilidade na instituição, a Secretaria de Finanças da Aeronáutica (SEFA), que disciplinava a matéria, por meio do Manual de Execução Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Comando da Aeronáutica – MCA 172-3, documento com orientações de caráter normativo, oriundas da SEFA, sobre procedimentos de execução orçamentária, financeira e patrimonial aplicáveis às Unidades Gestoras do Comando da Aeronáutica, sediadas no País e no Exterior. 8 4.2 GASTOS, CUSTOS E DESPESAS Martins (2010; p. 24) define gasto como a “compra de um produto ou serviço qualquer, que gera sacrifício financeiro para a entidade (desembolso), sacrifício esse representado por entrega ou promessa de entrega de ativos (normalmente dinheiro)”. Já a definição de Custos na contabilidade está ligada diretamente à atividade industrial e é estudada com profundidade na contabilidadede custos. Considera todos os gastos envolvidos no processo de produção de um bem industrializado, classificando-os de diversas formas, conforme seu emprego na transformação da matéria prima em produto acabado. Martins (ibid; p. 25) conceitua custo como o “gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços.” Por sua vez, Despesa é o “bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para a obtenção de receitas” Martins (ibid; p. 25). 4.3 ECONOMICIDADE No campo da Contabilidade Aplicada ao Setor Público, esta pesquisa verificou uma grande escassez de material na literatura acerca do conceito de economicidade, todavia, o tema é amplamente abordado em outras áreas do conhecimento e principalmente no campo jurídico, no que concerne à Administração Pública, revelado de modo expresso e implícito em diversos dispositivos, algo natural, considerando o princípio da legalidade, basilar para o seu funcionamento da máquina pública. Ricardo Lobo Torres apud Bugarin (2011; p. 110) destaca que: [...] o conceito de economicidade se origina na linguagem dos economistas, tendo como correspondente no plano normativo, o de justiça. Implica, nesse plano, na obtenção da melhor relação possível na gestão financeira e execução dos recursos orçamentários, obtendo a melhor posição possível na relação custos-benefícios sociais. [...] justa adequação e equilíbrio entre as duas vertentes das finanças públicas. Na Teoria Geral da Administração, a economicidade nasceu das ideias revolucionárias de Henry Ford, na intitulada Administração Científica, no início do século XX, entre os anos de 1905 e 1910, quando implantou a produção em massa, 9 com o objetivo de popularizar a venda de veículos, antes fabricados artesanalmente e vendidos a um seleto mercado de milionários. Para obter um esquema caracterizado pela aceleração da produção por meio de um trabalho ritmado, coordenado e econômico, Ford adotou três princípios básicos: [...] Princípio de economicidade. Reduzir ao mínimo o volume do estoque da matéria-prima em transformação, fazendo com que o automóvel fosse pago à empresa antes de vencido o prazo de pagamento dos salários e da matéria-prima adquirida. A velocidade de produção deve ser rápida: "o minério sai da mina no sábado e é entregue sob a forma de um carro ao consumidor, na terça-feira, à tarde". [...] (CHIAVENATO; 2003; P. 65) Na área das ciências econômicas, o conceito de economicidade é definido da seguinte forma: O vocábulo economicidade se vincula, finalisticamente, no plano da ciência econômica e da teoria geral da administração, à ideia fundamental de desempenho qualitativo. Trata-se da obtenção do melhor resultado estratégico possível de uma determinada alocação de recursos financeiros, econômicos e/ou patrimoniais em um dado cenário econômico. BUGARIN (op. cit.; p. 103). Segundo Sá (2008; p. 271) apud Basso (2013; p. 40): A economicidade é um dos conceitos formadores da Teoria das Funções Sistemáticas do Patrimônio das Células Sociais, encontra- se, a economicidade, percebida como a capacidade de vitalidade patrimonial que garante a sobrevivência da riqueza e que traduz a participação desta, interna e externamente, ao mundo aziendal. (grifo nosso) A concepção de economicidade foi introduzida na Contabilidade Pública brasileira juntamente com os primeiros esforços para a implantação da visão gerencial na Administração Pública. O marco zero foi “uma ambiciosa reforma das estruturas do Estado e dos procedimentos burocráticos, chamada de A revolução silenciosa pelo ministro Hélio Beltrão, que a concebeu e a executou durante o estado autoritário” Martins (ENAP; 1997). O propulsor dessa reforma foi o visionário Decreto-lei 200/67, que buscou transformar a Administração Pública, aproximando-a da administração de empresas particulares. Prevê o Decreto, no seu art. 79: “A contabilidade deverá apurar os custos dos serviços, de forma a evidenciar os resultados da gestão”. Quando o dispositivo estabelece a apuração dos custos como forma de evidenciação dos resultados da gestão pública, entende-se que o legislador preocupou-se (de modo implícito) em definir, já naquela época, uma 10 ferramenta para demonstração, dentre outros, do aspecto da economicidade no emprego dos recursos, em comparação com o que foi realizado pelo administrador público, isto é, o que foi feito e o quanto custou, podendo ser comparado a alternativas de o quanto poderia ter custado. Assim, com a evidenciação dos custos dos serviços, qualquer interessado poderia facilmente comparar o gasto realizado, com alternativas para a realização daquilo que foi feito pelo administrador, buscando, dessa forma, saber se houve ou não razoável economicidade na aplicação do recurso público. Esse artigo do Decreto também trouxe um esforço primário para implantação do que é hoje chamado de accontability na Administração Pública. Na ceara do direito financeiro, a economicidade é elevada a Princípio pela Constituição Federal de 1988, na qual aparece expressa pela primeira vez no ordenamento jurídico brasileiro, “por influência do art. 114 da constituição alemã.” TORRES (2010; p. 99). Prevê a Carta Magna de 1988: Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. Para Carvalho, Ceccato (op. cit; p. 993) “a avaliação sistemática dos princípios da Eficiência, Eficácia, Economicidade e Efetividade representa uma contribuição dos órgãos de controle para um país mais idôneo, justo e melhor administrado.” Nesse ínterim, a Constituição Federal de 1988 deixa clara a estreita relação da economicidade com o controle dos gastos públicos e sua fiscalização pelo Congresso Nacional, com o auxílio do Tribunal de Constas da União (art. 71) e os controles internos de cada poder. Brito, Fontenelle (2013; p. 364) ensinam que “ o Controle Interno é exercido dentro de um mesmo poder, seja no âmbito hierárquico, seja por meio de órgãos especializados. Já o Controle Externo é exercido por um dos poderes sobre os atos administrativos praticados por outro”. 11 De forma convergente, Pascoal apud Brito, Fontenelle (ibid; p. 365) instrui: Nos Estados modernos, o Controle Externo da Administração Pública é exercido por meio de dois sistemas: • TRIBUNAIS DE CONTAS (ou Conselhos de Contas); • CONTROLADORIAS (ou Auditorias Gerais). O que é confirmado pela Lei Orgânica do Tribunal de Contas da União – lei nº 8.443, de 16/07/1992, especialmente nos artigos 1º § 1º; 43, II e 90 § 2º - que dispõem o seguinte acerca do tema em análise: Art. 1º Ao Tribunal de Constas da União, órgão de controle externo, compete, nos termos da Constituição Federal e na forma estabelecida nesta lei: [...] § 1º No julgamento de constas e na fiscalização que lhe compete, o Tribunal decidirá sobre a legalidade, a legitimidade e a economicidade dos atos de gestão e das despesas deles decorrentes, bem como sobre a aplicação de subvenções e a renúncia de receitas. Art. 43. Ao proceder à fiscalização de que trata este Capítulo, o Relator ou o Tribunal: [...] II – se verificar a ocorrência de irregularidade quanto à legalidade ou economicidade determinará a audiência do responsável para, no prazo estabelecido no Regimento Interno, apresentar razões de justificativa” Art. 90. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do Tribunal de Contas da União será exercida pelo Congresso Nacional, na forma definida no seu regimento comum.[...] § 2° No relatório anual, o Tribunal apresentará análise da evolução dos custos de controle e de sua eficiência, eficácia e economicidade. Ainda no campo do Direito Financeiro, Torres (op. cit.; p. 99) discorre: [...] Do ponto de vista do controle, a economicidade entende como exame e fiscalização material da execução orçamentária, em contraponto com o formal, que é o da legalidade. [...] Controle da economicidade significa controle da eficiência na gestão financeira e na execução orçamentária, consubstanciada na minimização de custos e gastos públicos e na maximização da receita e da arrecadação. Transcende o mero controle da economia de gastos, entendida como aperto ou diminuição de despesa, pois abrange também a receita e principalmente, a justa adequação e equilíbrio entre as duas vertentes das finanças públicas. (grifo nosso) 12 Já a Lei 8.666, de 21/06/1993 – Estatuto das Licitações e Contratos – aborda o tema da seguinte forma: Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão: [...] IV – ser divididas em tantas parcelas quantas necessárias para aproveitar as peculiaridades do mercado, visando economicidade. Basso (op. cit; p. 43): Princípio constitucional de natureza gerencial, intrínseco à noção de eficiência, eficácia e efetividade na gestão racional de recursos e bens, cuja aplicação pelos agentes públicos deve ser balizada pela legalidade, moralidade e justiça dos atos, visando à obtenção do melhor resultado possível para determinada composição de recursos físicos, financeiros, econômicos, humanos e tecnológicos, em um dado cenário socioeconômico e temporal. Não obstante, no campo da Contabilidade Pública, Assumpção (2012; p. 25), ensina que: A contabilidade tornou-se uma fonte inesgotável de informações que demonstram a situação das entidades num determinado momento. Nesse sentido, o objetivo maior da Contabilidade aplicada ao Setor Público é justamente ser essa fonte de informações, evidenciando a situação orçamentária, financeira e patrimonial de uma entidade, bem como o atendimento da legislação, especialmente quanto à legalidade, economicidade, eficiência e eficácia. Ampliando o entendimento, Bugarin (op. cit.; p. 97) assevera que: O princípio da economicidade constitui-se, com efeito, em importante elemento de valorização da gestão pública séria, competente e compromissada com o amplo conjunto de legítimas demandas sociais, exprimindo-se em dupla e complementar atuação. Diante disso, infere-se que a qualidade nos gastos do governo é percebida excelente, quando – além de atendida a legalidade, a eficiência e a eficácia – há ainda a concretização da efetividade e da economicidade. São requisitos complementares e interdependentes, que, quando atendidos como um conjunto na sua totalidade, demonstram a excelência na alocação dos recursos públicos. Se um dos requisitos deixar de existir na execução do gasto público, extinta também é a sua excelência. Exemplo disso é a administração pública realizar processo licitatório, no qual foram atendidas todas as exigências legais, e adquirir, por meio da oferta mais vantajosa, desfibriladores para equipar um determinado órgão de atendimento ao público, sem, todavia, capacitar seus servidores para operar tal equipamento. Houve o atendimento à legalidade, à eficiência, à eficácia e à economicidade no processo de aquisição do equipamento, no entanto, não atendeu ao requisito da 13 efetividade, uma vez que o desfibrilador adquirido, de fato, não será utilizado, por falta de pessoal qualificado para operá-lo. A não observância de um dos requisitos invalida todos os demais, pois, conforme exemplo do caso citado, a efetividade será alcançada somente quando a Administração realizar um treinamento para capacitar seus servidores a operar o equipamento adquirido. A legalidade é a base para a boa conduta do agente público, baseia-se na máxima de que a administração pública somente pode agir quando expressamente autorizada por lei. Mesmo quando há liberdade para o gestor público escolher entre várias opções a ele apresentadas, essa discricionariedade é autorizada e limitada pela lei. Não obstante, durante sua atuação, o gestor também deve agir com eficiência, buscando atingir “a maior produtividade, em contraposição aos velhos hábitos e rotinas burocráticas que sempre nortearam a atividade pública. A eficiência está ligada a uma noção de Administração mais moderna, mais gerencial, preocupada com resultados” Knoplock (2014; p. 90). A eficácia, conforme ensina Chiavenato (op. cit.; p. 155), “é uma medida do alcance dos resultados”, “quando a administração realiza aquilo que se propôs, atuando e realizando obras que estavam previstas, por exemplo. já efetividade está ligada àquilo o que de fato a sociedade deseja” Knoplock (ibid; p. 90). Finalmente, emerge o atendimento à economicidade como requisito para que seja alcançada a excelência na aplicação do dinheiro público. A economicidade deve ser buscada não somente pelo ordenador da despesa, mas, assim como a legalidade, a eficiência e os demais princípios da Administração Pública, por todo agente público. Cita-se como exemplo, o agente público que, após lavar suas mãos, deixa a torneira vazando, por não tê-la fechado corretamente. Esse agente público não atendeu à economicidade no emprego dos recursos do seu órgão, levando-o ao fracasso na busca da excelência na alocação do dinheiro público. Portanto, conclui-se que o atendimento a este requisito é complementar àqueles e, somente assim, o gestor agirá com responsabilidade social e o cidadão terá a percepção da excelência no emprego dos gastos do governo, conforme ilustra a figura abaixo: 14 FIGURA 1 – Responsabilidade social na realização dos gastos públicos Fonte: Santos, 2014. Convergente a esse entendimento, a Fundação Nacional da Qualidade – FNQ (2008; p. 10) aborda o assunto da seguinte maneira: Os fundamentos da Excelência expressam conceitos reconhecidos internacionalmente e que se traduzem em práticas ou fatores de desempenho encontrados em organizações líderes, de Classe Mundial, que buscam constantemente se aperfeiçoar e se adaptar às mudanças globais. Os fundamentos em que se baseiam os Critérios Rumo à Excelência e Compromisso com a Excelência são: [...] 11 – Responsabilidade social. [...] A Responsabilidade Social na atuação do gestor é definida pela “relação ética e transparente da organização com todos os públicos com os quais se relaciona, estando voltada para o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para gerações futuras; respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais como parte integrante da estratégia da organização. (ibid; p.14) Portanto, a atuação do gestor público deve objetivar sempre o bem estar social, pois essa é a função primordial do Estado e a razão pela qual foi organizado, buscando aproximar-se ao máximo do Welfare state (Estado de bem-estar pleno). Os requisitos elencados acima são apenas um norte, pelo qual o administrador público se guiará para o suprimento das necessidades sociais, visando ao desenvolvimento econômico sustentável, definido pela Comissão Mundial sobre Meio ambiente como a “capacidade de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações". 15 Todavia, conforme ensina Carvalho e Ceccato (op. cit.; p. 825): Geralmente os gestores não sabem dizer se as ações oferecidas à sociedade são bem ou malsucediadas. Quando se veem diante da necessidade de realizar cortes orçamentários (economia), o fazem sem o real discernimento de que estão cortando serviços “supérfluos” ou “essenciais”. Faltam-lhes, muitas vezes informações objetivasquanto aos resultados alcançados. A busca de alternativas que reduzam custos e otimizem a efetividade, eficiência e economicidade dos serviços prestados à sociedade pelos órgãos públicos tem representado grandes desafios para administradores comprometidos com o erário, pois, em realidade, a preocupação normalmente se restringe, fundamentalmente a procedimentos mais voltados ao atendimento de aspectos legais e de controle vigentes no país, não se analisando os aspectos concernentes à gestão de custos e consequentes resultados. Para tanto, Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público citam a Demonstração do Resultado Econômico, que evidencia eficiência na gestão dos recursos no serviço público. Em convergência ao que prevê a resolução CFC nº 1.437/2013 – altera a NBCT 16 – Assumpção (op. cit.; p. 197) instrui que por meio da análise da Demonstração do Resultado Econômico (DRE), é possível constatar se o resultado econômico apurado dos “programas ou ações da entidade estão gerando deficit, superavit ou se está equilibrada, do ponto de vista da economicidade”. Entende-se, assim, que a ferramenta contábil do setor público utilizada para mensuração da economicidade é a Demonstração do Resultado Econômico, pois “surge para satisfazer a necessidade de implantação de um sistema de informações que permita a evidenciação de resultados alcançados sob a ótica da eficiência, eficácia e efetividade da gestão pública” Carvalho e Ceccato (op. cit.; p. 827), assim como dá publicidade a esse requisito da excelência no emprego do gasto público. A Demonstração do Resultado Econômico foi introduzida no campo da Contabilidade Pública pela Resolução CFC 1.133/2008 – aprova a NBC T 16.6, conforme aborda Rosa (op. cit; p. 579). Já Carvalho e Ceccato (op. cit.; p. 826) salientam a exclusão dessa demonstração da citada NBC T, da seguinte forma: “[...] a Demonstração do Resultado do Econômico foi excluída da NBC T 16.6, norma essa específica que trata das demonstrações contábeis utilizadas pela Contabilidade Pública. A NBC T 16.6 foi alterada por duas resoluções: Resolução CFC nº 1.268/09, modificou alguns conceitos e disposições acerca dos demonstrativos, e Resolução CFC nº 1.437/13, que excluiu a Demonstração do Resultado Econômico e incluiu a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. A Demonstração do Resultado Econômico também passou a não constar mais no MCASP/STN desde a 5ª edição.” 16 [...] Apesar da Resolução CFC nº 1.437/13 ter excluído a Demonstração do Resultado Econômico da NBC T 16.6 – Demonstrações Contábeis, essa mesma resolução promoveu a inclusão desse demonstrativo na NBCT 16.11 – Sistema de Informação de Custos do Setor Público, como demonstrativo para análise de custo no setor público. [...] ela consta citada em título destacado nos itens 25, 26 e 27 da NBC T 16.11 [...] como um possível demonstrativo de utilização gerencial.” A Parte V da 4ª edição do Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público traz o seguinte modelo de Demonstração do Resultado Econômico: QUADRO 1 – Modelo de Demonstração do Resultado do Econômico <ENTE DA FEDERAÇÃO> DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ECONÔMICO EXERCÍCIO: PERÍODO (MÊS): DATA DA EMISSÃO: PÁGINA: ESPECIFICAÇÃO Exercício Atual Exercício Anterior 1. Receita econômica dos serviços prestados ou dos bens e produtos fornecidos 2. (-) Custos diretos identificados com a execução da ação pública 3. (=) Margem Bruta 4. (-) Custos indiretos identificados com a execução da ação pública 5. (=) Resultado Econômico Apurado Fonte: MPCASP (2011; p. 45) A Demonstração do Resultado Econômico, cuja elaboração é facultativa, tem como premissa os seguintes conceitos: Custo de oportunidade (CO) - valor que seria desembolsado na alternativa desprezada de menor valor entre aquelas consideradas possíveis para a execução da ação pública. Receita Econômica (RE) - valor apurado a partir de benefícios gerados à sociedade pela ação pública, obtido por meio da multiplicação da quantidade de Serviços Prestados (N), bens ou produtos fornecidos, pelo Custo de Oportunidade (CO), daí: RE = N x CO Custo de Execução (CE) - valor econômico despendido pela Entidade na ação objeto da apuração do Resultado Econômico Apurado. É dividido em custos diretos e indiretos. O Resultado Econômico Apurado (REA) é, pois, o incremento líquido de benefícios gerados à sociedade a partir da ação eficiente e eficaz do gestor público, calculado a partir da diferença entre a Receita Econômica (RE) e o Custo de Execução (CE) da ação, conforme fórmula a seguir: REA = RE – CE, ou REA = (N*CO) – CE 17 Em realidade, o REA pode ser considerado como um “termômetro”, que, se corretamente aferido, evidenciará o quanto, de fato, houve de economia na ação pública. No que tange aos gastos militares, O’Sullivan (2004; p. 10) ensina que o custo de oportunidade com esses gastos corresponde a uma necessidade social não atendida, devido ao emprego desse recurso no gasto militar e não no atendimento dessa necessidade social, conforme ilustra o exemplo do autor: O princípio do custo de oportunidade pode ser usado para investigar o custo dos gastos militares. A Malásia comprou dois navios de guerra em 1992, pagando um preço equivalente ao de fornecer água potável para 5 milhões dos seus habitantes. Em outras palavras, o custo de oportunidade dos navios de guerra correspondia ao fornecimento de água potável para 5 milhões de pessoas. Todavia, podemos simplificar esse entendimento com os ensinamentos de Carvalho, Ceccato (op. cit.; p. 829): “O custo de oportunidade nada mais é do que o valor do recurso no seu melhor uso alternativo. Portanto, a lógica da Economia sobre o custo está intimamente ligada à análise das opções/alternativas possíveis para a satisfação de uma demanda. Exemplo: Serviço presidiário: o custo mensal ou anual de um penitenciário. Para as Ciências Contábeis o custo de um presidiário é o valor que foi efetivamente gasto pelo Estado com o serviço prisional, obtido mediante rateio e alocação das despesas [...]. Já o custo de oportunidade de um presidiário, considerando duas opções possíveis para o serviço prisional, quais sejam: o Estado executar diretamente o serviço ou terceirizá-lo para a iniciativa privada, será o menor valor a ser gasto dentre essas duas alternativas”. Aplicando esse entendimento ao contexto em estudo, o custo de oportunidade com os gastos de diária ou ajudas de custo na Força Aérea Brasileira é a realização da despesa mais econômica entre essas duas alternativas, a fim de custear o deslocamento de um militar para fora de sua sede, para cumprir missão operacional da instituição. Assim, o custo de oportunidade se revela na escolha de uma das alternativas, a mais vantajosa para a Administração. Acerca da análise dos resultados da Demonstração do Resultado Econômico, a 4ª edição do MPCASP (op. cit.; p. 46), versa o seguinte: A análise da Demonstração do Resultado Econômico tem como objetivo determinar se do ponto de vista da economicidade a atividade, programa ou ação da entidade do setor público está gerando déficit, equilíbrio ou superávit econômico. A análise deve ser feita ainda com base na avaliação da atividade, programa ou ação, considerando: • Déficit Econômico: situação em que a receita econômica é menor que os custos diretos e indiretos apropriados à atividade. 18 A recomendação é que a administração pública reduza os custos para poder gerar um superávit, ou no mínimo um equilíbrio. • Superávit Econômico: situação em que a receita econômica é maior que os custos diretos e indiretos apropriados à atividade. A recomendação é que a administração pública continue produzindo o serviço, pois o faz com economicidadee eficiência. • Equilíbrio Econômico: situação em que a receita econômica é igual aos custos diretos e indiretos apropriados à atividade. A recomendação é que a administração pública deveria reduzir os custos para poder gerar um superávit. Carvalho e Ceccato (op. cit.; p. 829) alertam que: “[...] a análise do custo de oportunidade pelos entes públicos deve ser tratada e dimensionada com bastante cautela, considerando que o Estado não visa lucro, mas sim a satisfação de suas obrigações perante a população (prestar educação, saúde, segurança, assistência aos desamparados, moradia, dentre outras). A eficácia, eficiência e efetividade das ações governamentais precisam ser prestigiadas para que ocorra a aplicação adequada dos recursos públicos, todavia, devem ser observados principalmente os objetivos finais pretendidos pelo Estado, e não imediatamente e simplesmente a economia de recursos.” Bugarin (op. cit.; p. 163) cita como exemplo de “análise de economicidade com base na razoabilidade e na eficiência e, também, o exame da relevante questão do custo de oportunidade”, a Decisão nº 188/99 do TCU (DOU 27/05/1999) – home Page das contas públicas: O princípio da economicidade estriba-se no princípio da razoabilidade e no da eficiência, intrinsecamente relacionado à prestação do serviço público com a maior utilidade e potencialidade de satisfazer as necessidades sociais ao menor custo, entendido como o menor custo direto para a realização das atividades afetas ao órgão ou entidade, bem como o custo de oportunidade. Freitas, apud Bugarin (op. cit.; p. 114) destaca uma “associação umbilical entre economicidade e proporcionalidade [ou razoabilidade], a qual se traduzia por uma análise de custo-benefício”. No Comando da Aeronáutica (COMAER), conforme aborda Basso (op. cit.; p. 39): “[..] ocorreu a citação do princípio da economicidade em diversos atos orientadores da gestão e da fiscalização dos agentes da Administração sem, contudo, haver uma conceituação para o princípio. Tendo sido atribuída ao Agente de Controle Interno (ACI) de cada Organização Militar (OM) do COMAER a tarefa de verificar a economicidade dos Processos Administrativos de Gestão [...]”. 19 No que tange a Ajuda de Custo e Diária no COMAER, princípio da economicidade foi empregado a partir da emissão da Portaria 785/GC6, de 18 de agosto de 2009, do Comandante da Organização. O dispositivo, de forma implícita, busca a economicidade ao definir condições para o pagamento do direito pecuniário de Ajuda de Custo ou Diária, conforme segue: Art. 1º Nas movimentações ou afastamentos para o cumprimento de atividade ou tarefa de qualquer natureza, para fora de sede, sem desligamento da Organização Militar (OM) de origem, pelo período superior a 15 dias até três meses (90 dias), o militar fará jus ao direito pecuniário de menor valor, calculado entre a totalidade de valores correspondentes à Ajuda de Custo e às Diárias. (grifo nosso) A partir da edição dessa portaria, o COMAER passou a comparar as duas formas de pagamento, ajudas de custo e diárias, e pagar a que apresenta maior economia para a União. Esse modelo de pagamento, quando utilizado para indenização de missões eventuais, como quando um militar não aeronavegante sai de sede para realização de curso, para ministrar instrução ou prestar assessoria, é de simples realização, pois missões desse tipo ocorrem durante certo período e não há outras etapas que as compõem. No entanto, quando é utilizado para retribuição de militares aeronavegantes, que cumprem diversas missões durante todo o ano, surgem outros fatores que devem ser considerados para a escolha de um tipo de pagamento em detrimento do outro. Nesse caso, a economicidade deve ser analisada sob outros aspectos que não apenas o da economia, todavia considerando que o Estado não visa lucro, e, por isso, seu objetivo principal não é economizar, mas sim atender as necessidades sociais, conforme já abordado. Há, assim, a busca da economicidade, no entanto, o foco principal é a prestação do serviço pelo Estado, sendo a economia analisada em segundo plano. 4.4 AJUDA DE CUSTO E DIÁRIA Antes de se abordar os conceitos de Ajuda de Custo e Diária, faz-se mister uma breve introdução acerca da origem dos recursos públicos: o Orçamento Público, pelo qual é possível a realização das atividades da Administração Pública, sendo ele a origem do objeto em estudo. Segundo Rosa (op. cit.; p. 29): O sistema orçamentário brasileiro, na forma definida pela Constituição Federal de 1988, é composto por três normas básicas todas de iniciativa do Poder Executivo: a Lei do Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA). Essa estrutura legal tem por objetivo amparar a tarefa 20 do planejamento, com vistas à melhor alocação dos recursos públicos, promovendo a integração entre o planejamento e o orçamento anual. Portanto, o Orçamento Público, de forma resumida, é uma Lei anual que estabelece para cada exercício a previsão das receitas e fixação das despesas a serem executadas no período, conforme os diversos programas de trabalho do Governo. Segundo a Lei 4.320/64: Art. 2º [...] § 1° Integrarão a Lei de Orçamento: I - Sumário geral da receita por fontes e da despesa por funções do Govêrno; II - Quadro demonstrativo da Receita e Despesa segundo as Categorias Econômicas, na forma do Anexo nº. 1; III - Quadro discriminativo da receita por fontes e respectiva legislação; IV - Quadro das dotações por órgãos do Govêrno e da Administração. Já a Constituição Federal de 1988, no § 5º do Art. 165, incisos I a III, estabelece que a Lei Orçamentária Anual compreenderá: Art. 165 [...] [...] I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público. Carvalho, Ceccato (op. cit.; p.176) lembra que “o orçamento público é dinâmico. Apesar de planejado e aprovado antecipadamente, ele poderá sofrer modificações durante sua execução, ao longo do ano, em virtude de alterações que se apresentem necessárias [...]”. Torres (op. cit.; p. 99) insere o princípio da economicidade como um norte a ser seguido na elaboração do orçamento: O princípio da economicidade informa simultaneamente o orçamento e o controle de contas. Como princípio orçamentário significa que deve conter o mínimo de receita capaz de produzir o máximo em bens e serviços. 21 Conforme doutrina majoritária e o estabelecido pela Secretaria do Tesouro Nacional – STN, os gastos com Ajuda de Custo e Diárias são classificados economicamente no orçamento como Despesas Correntes de Custeio. O anexo 3 do PCASP entendido 2014, publicado em dezembro de 2013 pela STN, classifica a Ajuda de Custo na conta 3.2.1.3.1.04.00 (registra as variações patrimoniais diminutivas com reserva remunerada e reformas dos militares, especificamente Ajuda de Custo); já a Diária, é classificada na conta 3.3.2.1.1.02.00 (compreende as variações patrimoniais diminutivas provenientes da utilização de diárias decorrentes do deslocamento do militar da sede de sua unidade por motivo de serviço, destinadas à indenização das despesas de alimentação e pousada). Aprofundando um pouco mais nesse assunto, a legislação específica disciplina o tema, conforme segue. Os servidores civis são regidos pela Lei 8.112, de 11de dezembro de 1990, que traz o seguinte texto: Art. 51. Constituem indenizações ao servidor: I - ajuda de custo; II - diárias; [...] Art. 52. Os valores das indenizações estabelecidas nos incisos I a III do art. 51, assim como as condições para a sua concessão, serão estabelecidos em regulamento. (Redação dada pela Lei nº 11.355, de 2006) Subseção I Da Ajuda de Custo Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as despesas de instalação do servidor que, no interesse do serviço, passar a ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio em caráter permanente, vedado o duplo pagamento de indenização, a qualquer tempo, no caso de o cônjuge ou companheiro que detenha também a condição de servidor, vier a ter exercício na mesma sede. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 1o Correm por conta da administração as despesas de transporte do servidor e de sua família, compreendendo passagem, bagagem e bens pessoais. § 2o À família do servidor que falecer na nova sede são assegurados ajuda de custo e transporte para a localidade de origem, dentro do prazo de 1 (um) ano, contado do óbito. § 3o Não será concedida ajuda de custo nas hipóteses de remoção previstas nos incisos II e III do parágrafo único do art. 36. (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014) Art. 54. A ajuda de custo é calculada sobre a remuneração do servidor, conforme se dispuser em regulamento, não podendo exceder a importância correspondente a 3 (três) meses. Art. 55. Não será concedida ajuda de custo ao servidor que se afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de mandato eletivo. 22 Art. 56. Será concedida ajuda de custo àquele que, não sendo servidor da União, for nomeado para cargo em comissão, com mudança de domicílio. Parágrafo único. No afastamento previsto no inciso I do art. 93, a ajuda de custo será paga pelo órgão cessionário, quando cabível. Art. 57. O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de custo quando, injustificadamente, não se apresentar na nova sede no prazo de 30 (trinta) dias. Subseção II Das Diárias Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em caráter eventual ou transitório para outro ponto do território nacional ou para o exterior, fará jus a passagens e diárias destinadas a indenizar as parcelas de despesas extraordinária com pousada, alimentação e locomoção urbana, conforme dispuser em regulamento. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 1o A diária será concedida por dia de afastamento, sendo devida pela metade quando o deslocamento não exigir pernoite fora da sede, ou quando a União custear, por meio diverso, as despesas extraordinárias cobertas por diárias.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 2o Nos casos em que o deslocamento da sede constituir exigência permanente do cargo, o servidor não fará jus a diárias. § 3o Também não fará jus a diárias o servidor que se deslocar dentro da mesma região metropolitana, aglomeração urbana ou microrregião, constituídas por municípios limítrofes e regularmente instituídas, ou em áreas de controle integrado mantidas com países limítrofes, cuja jurisdição e competência dos órgãos, entidades e servidores brasileiros considera-se estendida, salvo se houver pernoite fora da sede, hipóteses em que as diárias pagas serão sempre as fixadas para os afastamentos dentro do território nacional. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 59. O servidor que receber diárias e não se afastar da sede, por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las integralmente, no prazo de 5 (cinco) dias. Parágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar à sede em prazo menor do que o previsto para o seu afastamento, restituirá as diárias recebidas em excesso, no prazo previsto no caput. Já os militares, obedecem à Medida Provisória 2.215-10, de 31 de agosto de 2001, no que tange aos seus direitos remuneratórios. O dispositivo estabelece o seguinte: Art. 2º Além da remuneração prevista no art. 1º desta Medida Provisória, os militares têm os seguintes direitos remuneratórios: I - observadas as definições do art. 3º desta Medida Provisória: a) diária; [...] c) ajuda de custo; [...] Art. 3º Para os efeitos desta Medida Provisória, entende-se como: 23 [...] IX - diária - direito pecuniário devido ao militar que se afastar de sua sede, em serviço de caráter eventual ou transitório, para outro ponto do território nacional, destinado a cobrir as correspondentes despesas de pousada, alimentação e locomoção urbana, conforme regulamentação; [...] XI - ajuda de custo - direito pecuniário devido ao militar, pago adiantadamente, conforme regulamentação: a) para custeio das despesas de locomoção e instalação, exceto as de transporte, nas movimentações com mudança de sede; e b) por ocasião de transferência para a inatividade remunerada, conforme dispuser o regulamento; [...] QUADRO 2 – Valores de ajudas de custo SITUAÇÕES VALOR REPRESENTATIVO FUNDAMENTO a Militar, com dependente, nas movimentações com desligamento da organização militar. Duas vezes o valor da remuneração Art. 1º e art. 3º, inciso XI, alínea "a". b Militar, com dependente, nas movimentações para comissão superior a três e igual ou inferior a seis meses, sem desligamento de organização militar. Duas vezes o valor da remuneração na ida e uma vez na volta. c Militar, com dependente, nas movimentações para comissão superior a quinze dias e igual ou inferior a três meses, sem desligamento de organização militar. Uma vez o valor da remuneração na ida e outra na volta. d Militar, com dependente, quando transferido para Localidade Especial Categoria "A" ou de uma Localidade Especial Categoria "A" para qualquer outra localidade, nas movimentações com desligamento da organização militar. Quatro vezes o valor da remuneração. e Militar, sem dependente, nas situações "a", "b", "c" e "d" desta tabela. Metade dos valores representativos estabelecidos para as situações "a", "b", "c", e "d" desta tabela. f Militar, com ou sem dependente, por ocasião de transferência para a inatividade remunerada. Oficial – quatro vezes o valor da remuneração calculado com base no soldo do último posto do círculo hierárquico a que pertencer o militar. Art. 1º e art. 3º, inciso XI, alínea "b". Praça – quatro vezes o valor da remuneração calculado com base no soldo de Suboficial. Fonte: Anexo IV da Medida Provisória 2.215-10, de 31 de agosto de 2001 24 O Decreto 4.307, de 18 de julho de 2002 - alterado pelo Decreto nº 6.907, de 21 de julho de 2009 - regulamenta a Medida Provisória supracitada e trata o assunto da seguinte forma: Art. 18. A diária é devida ao militar, por dia de afastamento, quando este se der por até três meses, nos seguintes valores e situações:(Redação dada pelo Decreto nº 6.907, de 2009). I - pelo valor integral: a) quando ocorrer o pernoite fora de sua sede; e (Redação dada pelo Decreto nº 6.907, de 2009). b) se não for fornecido alojamento em OM ou concedida, sem ônus para o militar, outra pousada pela União, pelos Estados, pelos Municípios ou por instituições públicas ou privadas; II - pela metade do valor: a) quando o afastamento não exigir pernoite fora de sua sede; b) quando for fornecido alojamento em OM ou concedida, sem ônus para o militar, outra pousada pela União, pelos Estados, pelos Municípios ou por instituições públicas ou privadas; e c) no dia do retorno à sua sede. § 1o Nas hipóteses previstas na alínea “b” do inciso I e na alínea “b” do inciso II deste artigo, o militar deverá indenizar a alimentação, pelo valor da etapa da localidade para a qual se tenha afastado, caso seja fornecida por OM. (Incluído pelo Decreto nº 6.907, de 2009). § 2oNa hipótese de afastamento acima de três meses, será devida somente a ajuda de custo. (Incluído pelo Decreto nº 6.907, de 2009). § 3o No caso de enquadramento simultâneo em hipótese de diária ou ajuda de custo, será devido ao militar o direito pecuniário de menor valor.(Incluído pelo Decreto nº 6.907, de 2009). Art. 19. Não serão concedidas diárias nas seguintes situações: I - quando a alimentação, a pousada e a locomoção urbana forem garantidas pela União, pelos Estados, pelos Municípios ou por instituições públicas ou privadas, nem quando o afastamento for inferior a oito horas consecutivas; II - cumulativamente com a ajuda de custo; e III - cumulativamente com a gratificação de representação, devida com base no parágrafo único do art. 14 deste Decreto. Parágrafo único. Nas movimentações com mudança de sede e desligamento de OM, não cabe o pagamento de diárias. (Redação dada pelo Decreto nº 6.907, de 2009). Art. 20. As diárias serão pagas tomando-se como referência o horário local da sede do militar, e os seus valores são os estabelecidos no Anexo III a este Decreto. (Redação dada pelo Decreto nº 6.907, de 2009). § 1o Nos afastamentos com direito à percepção de diária, será concedido acréscimo, por localidade de destino, para cobrir as despesas de deslocamento até o local de embarque e do desembarque ao local de trabalho ou de hospedagem e vice-versa, conforme valor fixado no Anexo IV a este Decreto. (Redação dada pelo Decreto nº 6.907, de 2009). § 2o O acréscimo de que trata o § 1o não será devido aos militares que se utilizarem de veículos oficiais para efetuar o deslocamento até o local de embarque e do desembarque ao local de trabalho ou de hospedagem e vice-versa. 25 Art. 21. Serão restituídas pelo militar as diárias recebidas: I - na integralidade: quando não se afastar da sede, por qualquer motivo; ou II - na parcela a maior: na hipótese de o militar retornar à sede, em prazo menor do que o previsto para o seu afastamento. Parágrafo único. A restituição deverá ser efetivada no prazo máximo de cinco dias úteis: I - da data fixada para o afastamento, na situação do inciso I do caput; ou II - do dia de retorno à sede, naquela mencionada no inciso II do caput. Art. 22. O militar afastado de sua sede, para acompanhar autoridade superior, fará jus à diária da respectiva autoridade, desde que designado em ato próprio, onde conste a obrigatoriedade de sua hospedagem no mesmo local daquela autoridade. Art. 22-A. As despesas com diárias dos militares integrantes de comitivas oficiais do Presidente da República, do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado, no País, correrão à conta dos recursos orçamentários consignados à Presidência da República e seus órgãos, à Vice-Presidência da República e aos Ministérios. (Redação dada pelo Decreto nº 6.907, de 2009). [...] ANEXO III (Anexo III ao Decreto nº 4.307, de 18 de julho de 2002.) QUADRO 3 – Valor da Indenização de Diárias aos Militares, no País CÍRCULO/POSTO/GRADUAÇÃO Deslocamentos para Brasília Manaus/Rio de Janeiro Deslocamentos para Belo Horizonte/Fortaleza/ Porto Alegre/Recife/ Salvador/São Paulo Deslocamentos para outras capitais de Estados Demais deslocamentos A) Comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica, cargos de Natureza Especial 406,70 386,37 364,00 321,29 B) Oficiais-Generais 321,10 304,20 287,30 253,50 C) Oficiais-Superiores 267,90 253,80 239,70 211,50 D) Oficiais-Intermediários, Oficiais Subalternos, Guardas-Marinha e Aspirante a Oficial 224,20 212,40 200,60 177,00 E) Suboficiais, Subtenentes, Sargentos, Aspirantes e Cadetes 224,20 212,40 200,60 177,00 F) Alunos do Centro de Formação de Oficiais da Aeronáutica, de órgão de preparação de oficiais de reserva, alunos do Colégio Naval e das escolas preparatórias de cadetes 186,20 176,40 166,60 147,00 G) Demais Praças e Praças Especiais 186,20 176,40 166,60 147,00 Fonte: Decreto 4.307, de 18 de julho de 2002 26 Seção III Da Ajuda de Custo Art. 55. A ajuda de custo, paga adiantadamente, é devida ao militar: I - para custeio das despesas de locomoção e instalação, exceto as de transporte, nas movimentações com mudança de sede; ou II - por ocasião de transferência para a inatividade remunerada. Parágrafo único. Fará jus à ajuda de custo, de que trata o inciso I deste artigo, também, o militar deslocado com a OM que tenha sido transferida de sede, desde que, com isso, seja obrigado a mudar de residência. Art. 56. Para efeito do cálculo do seu valor, determinação do exercício financeiro e constatação de dependentes, tomar-se-á como base a data do ajuste de contas do militar beneficiado com a concessão da ajuda de custo. Art. 57. Não terá direito à ajuda de custo o militar: I - movimentado por: a) interesse próprio; b) operação de guerra; ou c) manutenção da ordem pública; II - por ocasião do regresso à OM de origem, quando desligado de curso ou escola por falta de aproveitamento ou trancamento voluntário de matrícula. Art. 58. O militar restituirá o valor recebido em espécie como ajuda de custo, quando deixar de seguir destino: I - em cumprimento de ordem superior; II - por motivo outro independente de sua vontade, acatado pela autoridade competente; ou III - por interesse próprio. Parágrafo único. A restituição será previamente comunicada ao militar. Art. 59. Nas restituições de que trata o art. 58, aplicam-se as disposições do art. 40 deste Decreto. § 1o Nas hipóteses dos incisos I e II do art. 58, do valor a ser restituído serão descontadas as despesas que, comprovadamente, tiverem sido efetuadas com o objetivo do transporte. § 2o Na hipótese do inciso III do art. 58, o valor recebido em espécie será restituído, integralmente, em parcela única. § 3o Na restituição citada neste artigo, será observada a legislação que trata de atualização dos débitos com a Fazenda Nacional. Art. 60. Ocorrendo a movimentação de militares cônjuges ou companheiros estáveis, por interesse do serviço ou ex officio, para uma mesma sede, será devida ajuda de custo somente a um dos militares, com base na maior remuneração, sendo o outro considerado seu dependente. As totalidades das fases ou módulos das missões realizadas ou a serem realizadas pelo militar, cuja retribuição seja por meio de Ajuda de Custo, são chamadas de comissão, conforme disciplina o § 2º do item V do art. 3º da Portaria 785/CG6, de 18 de agosto de 2009. Essa comissão tem como critérios os requisitos os seguintes: 27 a) Exigência de que, pelo menos, uma de suas fases ou módulos seja superior a 15 dias ininterruptos e que a duração total não ultrapasse seis meses (180 dias); e b) todas as fases e módulos devem ter a mesma natureza e característica, constituindo etapas de uma mesma atividade ou tarefa atribuída ao militar (§ 3º do dispositivo em voga). Por conseguinte, intitula-se comissionamento o total de missões a serem realizados por um militar, cujo direito pecuniário a ser recebido é a ajuda de custo, nos termos do disposto acima. 5 METODOLOGIA A economicidade aplicada aos gastos públicos é tema nobre para qualquer estudo na área da Contabilidade Pública, apesar de muito escassos na literatura especializada. Estudar a economicidade na prática torna-se então ainda mais relevante para aferir a eficiência do ordenador de despesa pública no exercício de sua função de servidor, no sentido mais literal que tal vocábulo possa exprimir. Assim, certamente é um grande desafio discorrer sobre tema tão pouco aprofundado, o que o torna de grande interesse para o pesquisador, que buscou analisá-lo sob a instigante ótica desse ramo da Contabilidade, considerando todas as suas variáveis, conforme descrito nos métodosabaixo. Esta pesquisa, de acordo com o que ensina Prodanov, Freitas (2013; p. 155) é classificada como Monografia, pois é “resultante de investigação científica que se caracteriza pela abordagem de um tema único, específico, com a finalidade de apresentar uma contribuição importante, original e pessoal à ciência”, apresentada como trabalho de conclusão de curso de graduação em Ciências Contábeis. Já os procedimentos aqui utilizados classificam-na como pesquisa bibliográfica, documental, quantitativa, análise comparativa e estudo de caso. A classificação em pesquisa bibliográfica se dá pelo levantamento efetuado na literatura contábil e jurídica acerca do tema em estudo, utilizando, como complemento, doutrinas das áreas da administração e economia. Ressalta-se que o objeto em estudo – a economicidade – é tema comum em diversas áreas do conhecimento, todavia, buscou-se aqui aprofundá-lo sob a perspectiva da 28 contabilidade pública e inevitavelmente no campo jurídico, devido ao princípio fundamental da Administração Pública: o princípio da legalidade. Conforme aborda Fachin (2006; p. 120) a “pesquisa bibliográfica, em termos genéricos, é um conjunto de conhecimentos reunidos em obras de toda natureza. Tem como finalidade conduzir o leitor à pesquisa de determinado assunto, proporcionando o saber. [...] é a base para as demais pesquisas”. Barros, Lehfeld (2007; p. 30) assevera que “o levantamento e a seleção de uma bibliografia concernente é pré-requisito indispensável para a construção e demonstração das características do objeto de estudo”. Não obstante, este trabalho classifica-se como pesquisa documental, pois houve a necessidade de buscar e analisar todos os documentos que autorizaram os deslocamentos do efetivo do Esquadrão Onça no ano de 2013, os valores dos pagamentos de diárias e ajudas de custo no Portal da Transparência e nos boletins internos da Organização Militar, assim como a legislação pertinente ao tema em análise. Consoante a Fachin (op. cit.; p. 146). “A pesquisa documental corresponde a toda informação coletada, seja de forma oral, escrita ou visualizada. Ela consiste na coleta, classificação, seleção difusa e utilização de toda a espécie de informações, compreendendo também as técnicas e os métodos que facilitam a sua busca e a sua identificação.” É classificado também como pesquisa quantitativa, pois houve o levantamento do número de missões, número de diárias e respectivos valores pagos em diárias e em ajuda de custo no ano em análise. A pesquisa quantitativa considera tudo o que pode ser quantificável, o que significa traduzir em números, opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas (percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão, etc). PRODANOV, FREITAS (op. cit.; p. 70) Para se conseguir atingir o objetivo desta pesquisa, houve ainda a análise comparativa das informações coletadas no estudo de caso realizado. Comparou-se o valor total das ajudas de custo pagas à amostra em estudo no ano de 2013 pelo Esquadrão Onça com os gastos estimados, se o pagamento fosse realizado apenas com despesas de diárias, a fim de se verificar qual das formas de pagamento apresenta maior economicidade. 29 Finalmente, podemos classificar este trabalho como um estudo de caso, “por ser um estudo intensivo. [...] levando-se em consideração, principalmente, a compreensão, como um todo, do assunto investigado” FACHIN (op. cit; p. 45). Convergente é a definição de Beuren (2004; p. 84) apud Prodanov, Freitas (op. cit; p. 70) “a pesquisa do tipo estudo de caso caracteriza-se principalmente pelo estudo concentrado de um único caso. Este estudo é preferido pelos pesquisadores que desejam aprofundar seus conhecimentos a respeito de determinado caso específico.” 6 RESULTADOS E DISCUSSÕES Ao estudar na prática o princípio da economicidade, esta pesquisa constatou a extrema relevância do tema, algo que, em escala nacional, congrega de modo direto os esforços para o desenvolvimento sustentável do nosso país. A economia nos gastos do dinheiro público é certamente um dos aspectos mais relevantes e um dos caminhos que o Brasil deve inevitavelmente trilhar para deixar de ser uma nação em desenvolvimento e alcançar o patamar seguinte. Todavia, tal vereda começa com mudança cultural dos brasileiros e com a conscientização de que o bem público é de todos nós (e não de ninguém, conforme vemos impregnado na nossa cultura). Independentemente da classe social ou nível de instrução, poucos são aqueles que se preocupam em economizar e cuidar do que é coletivo. Atitudes pequenas e individuais – no entanto, igualmente repreensíveis, como qualquer desvio de conduta, a exemplo de jogar lixo no chão ou passar por uma torneira aberta num parque público e não fechá-la – demonstram que ainda temos muito o que evoluir nesse sentido. Por conseguinte, avulta-se sobremaneira a economicidade nos gastos públicos, dada a sua importância para o desenvolvimento nacional, ainda mais quando consideramos o tamanho da máquina pública e o leque de serviços prestados pelo Estado brasileiro aos seus cidadãos. Conforme já abordado anteriormente, a ideia de se estudar a economicidade na prática surgiu de uma curiosidade pessoal do pesquisador durante o desenvolvimento de suas atividades laborais. No órgão em análise, grande burocracia foi criada para se atender ao princípio da economicidade, todavia, sem ferramentas que o permitam a mensuração efetiva do quanto está se economizando 30 com as atividades realizadas. Por isso, a necessidade de se estudar os pagamentos efetuados no ano de 2013, pelo Esquadrão Onça, a fim de se constatar, e caso encontrada, quantificar a economia gerada pelo modelo de pagamento adotado na Portaria 785/CG6, de 18 de agosto de 2009. Para melhor entendimento dos resultados encontrados, faz-se mister a divisão do conteúdo em três partes, conforme seguem, tendo, essa divisão, o objetivo de melhor elucidar a conclusão da pesquisa. Por conseguinte, abordam-se as características e a atividade fim da Organização em estudo, em subsequência, o processo administrativo para concessão das ajudas de custo no Esquadrão Onça e, finalmente, revela-se a economia alcançada pela Unidade nos pagamentos realizados no ano de 2013. 6.1 O 1º/15º GRUPO DE AVIAÇÃO – ESQUADRÃO ONÇA O Primeiro Esquadrão do Décimo Quinto Grupo de Aviação (1º/15º GAV), o Esquadrão Onça, é uma Unidade de transporte aeroterrestre e aéreo-lógístico da Força Aérea Brasileira, ou seja, transporta tropas militares e cargas em apoio ao Ministério da Defesa e demais órgão civis públicos ou de caráter público no território brasileiro e eventualmente no exterior. Além disso, o Esquadrão realiza missões de infiltração e exfiltração aeromédica, em caráter de pronto-emprego a qualquer hora do dia ou da noite, permanentemente. Para o cumprimento dessa missão, o 1º/15º GAV conta com um número de 79 militares, dos quais 25 pertencem às áreas de apoio (administrativas) e 54 são aeronavegantes (os tripulantes das aeronaves: pilotos, mecânicos e mestres de carga), 02 aeronaves modelo C-105 Amazonas, utilizadas para transporte de carga e tropa em território nacional ou no exterior e 01 aeronave C-98 Grand-Caravan, utilizada para transporte apenas de passageiros, em território nacional. Devido a sua atividade permanente, os planejamentos de missões a serem cumpridas pelo Esquadrão não se limitam a um ano, podendo, tal planejamento, ultrapassar até dois anos, conforme necessidade operacional da Unidade. Por isso, para restringir o objeto em estudo ao ano de 2013, foram analisadas somente as Ajudas de Custo completas, pagas no decorrer desse ano, em conformidade com o princípio contábilda competência. 31 6.2 PROCESSO ADMINISTRATIVO DE GESTÃO PARA CONCESSÃO DE AJUDAS DE CUSTO Para que seja concedido ao militar o pagamento da ajuda de custo, o Esquadrão deve efetuar o planejamento das missões a serem realizadas, apresentando-o em planilha eletrônica. A Unidade Aérea envia esse planejamento a seu órgão superior – a Quinta Força Aérea (V FAE) – solicitando autorização para abertura dos comissionamentos necessários para a realização das missões a serem cumpridas pelo Esquadrão. Por sua vez, a V FAE, coordenando as demais Unidades à sua subordinação operacional, envia tal planejamento para o Comando de Operações Aéreas (COMGAR), que tem a delegação do Comandante da Aeronáutica para autorizar os dispêndios solicitados para o cumprimento de missões operacionais. Após a Unidade Aérea receber tal autorização, é montado um Processo Administrativo de Gestão (PAG), no qual constam: a) O pedido de abertura do comissionamento ao órgão superior, com respectiva planilha de previsão das missões a serem executadas; b) A autorização recebida do COMGAR, via V FAE, para a abertura do comissionamento solicitado; c) Portaria de abertura do comissionamento, assinada pelo Comandante da Base Aérea de Campo Grande, à qual o Esquadrão Onça é administrativamente subordinado; d) Item de publicação da Portaria, publicado em sistema interno de Boletins do Comando da Aeronáutica; e) Planilha comparativa entre ajuda de custo e diária, conforme anexo XXI; e f) Item de publicação da concessão da ajuda de custo, pela ida, ao militar que irá realizar as missões, publicado em sistema interno de Boletins do Comando da Aeronáutica. Após o trâmite, esse PAG é arquivado na Seção de Pessoal da Unidade a qual o militar pertence para fins de controle, e o militar recebe a primeira parcela da sua ajuda de custo a que faz jus, nos moldes do Anexo IV da MP 2.215/01. 32 Aberto o comissionamento, a Seção de Comando do Esquadrão controla a realização das missões, contabilizando-as em planilha eletrônica, até que o valor correpondente às diárias ultrapasse a remuneração a que o militar tem direito, conforme descrito na tabela de Ajuda de Custo, constante do anexo supracitado. Todavia, nem todas as missões realizadas pelo militar serão contabilizadas nessa modalidade de pagamento. Por solicitação de órgão superior, o militar comissionado pode realizar algumas missões recebendo diárias, conforme prevê o art. 5º da Portaria 785/CG6/09, devendo ser, o valor utilizado para o pagamento dessas diárias, custeados com recursos alocados ao órgão superior solicitante, o que não implica no recebimento em duplicidade pelo trabalho realizado (ajuda de custo mais diária), caso esse vedado expressamente pela legislação vigente. O que ocorre é que, por vezes, há o “congelamento” do comissionamento aberto, para que, durante certo período, haja a execução dos créditos recebidos para o pagamento de diárias, assim, todas as missões pagas com recursos alocados para diárias não serão contabilizadas no comissionamento do militar, evitando-se a percepção cumulativa de indenizações por uma mesma missão (bis in idem). Quando ocorre a diminuição no saldo desse crédito, as missões voltam a ser contabilizadas no comissionamento. O comissionamento do militar, além dos parâmetros expressamente previstos na legislação, é limitado implicitamente pelo número máximo de dias que cada profissional pode cumprir fora de sede, de acordo com a sua remuneração. Nesse caso, os militares de graduações e postos mais altos (aqueles que recebem maiores remunerações) podem passar mais dias fora de sede com um único comissionamento, visto que sua remuneração assim o permite. A título de exemplo acompanhe os cálculos abaixo, referente a um militar componente da amostra estudada: Em 2013, um 1º Tenente recebia uma remuneração (bruta) de R$ 8.160,85. Caso o militar não tivesse dependente e cumprisse todas as missões em localidades classificadas como “Demais deslocamentos” no anexo III do Decreto 4.307/02, faria jus ao menor valor de diária, correspondente a R$ 177,00; assim, passaria o número máximo de 46 dias fora de sede. Por outro lado, caso todas as missões fossem cumpridas em localidade classificadas na maior faixa de diárias (Brasília, Manaus ou Rio de Janeiro), faria jus ao valor correspondente a R$ 224,20 por dia e deveria passar no máximo 36 dias fora de sede. Efetuando-se a média dos valores de 33 diárias referentes às localidades nas quais o militar poderia ter realizado as missões previstas, temos como resultado 40 dias fora de sede, conforme cálculo abaixo: N = R / X das diárias Onde: N: Número máximo de dias fora de sede; R: Remuneração do militar; X das diárias: Média aritmética dos valores de diárias da tabela constante do anexo III do Decreto 4.307/02. Portanto, no caso em estudo, temos: N = R / X N = R$ 8.160,85 / [ (224,20 + 212,40 + 200,60 + 177,00) / 4 ] N = 40 dias No entanto, caso o militar possuísse dependente, esse cálculo deveria ser feito com o valor dobrado da remuneração, conforme Tabela I do Anexo IV da Medida Provisória 2.215/01. Dessa forma, princípio da economicidade é atendido quando o valor das diárias correspondentes às missões realizadas pelo militar ultrapassa o valor de sua remuneração – somando-se os direitos pecuniários devidos no início e no término do comissionamento. No caso acima, considerando que o militar não possui dependente, receberia a metade da remuneração no início do comissionamento e o restante no seu término. O número de dias fora de sede poderia variar entre 36 e 46 dias, conforme demonstrado. 6.3 ANÁLISE DOS PAGAMENTOS DE AJUDA DE CUSTO Para se analisar os gastos com pagamentos de ajuda de custo em substituição aos de diárias realizados durante o ano de 2013 ao efetivo do Esquadrão Onça, foram verificados todos os comissionamentos iniciados e terminados naquele ano, de um total de 53 militares. Constatou-se que, desse total, 30% se enquadraram no objetivo dessa pesquisa, ou seja, 16 militares, enquadrados na letra “E” do Quadro 3, receberam ajudas de custo completas – por início e término do comissionamento – no ano estudado. Assim, os que perceberam os 34 direitos pecuniários no ano de 2013, mas iniciaram seus comissionamentos no ano anterior ou os que terminariam no ano seguinte, foram excluídos da amostra, por força do princípio contábil da competência, pois tais valores se referem a missões realizadas em 2012 ou que seriam realizadas em 2014, respectivamente. A tabela constante do anexo II ilustra as ajudas de custo completas pagas no ano de 2013 pelo Esquadrão Onça à amostra encontrada. 6.3.1 ANÁLISE DOS PAGAMENTOS DE DIÁRIAS Para se comparar os gastos realizados com ajuda de custo com os gastos apresentados se o pagamento fosse realizado apenas com despesas de diárias, foi necessária a busca de todos os documentos que autorizaram os deslocamentos realizados por cada profissional, com fito de se identificarem as missões pagas com diárias e aquelas pagas com ajudas de custo a cada um, o que originou a tabela do anexo I, que demonstra todas as missões realizadas pelo Esquadrão Onça no ano de 2013, discriminando a tripulação componente de cada missão, o local de destino, data da saída, data do retorno, a Ordem de Serviço (OS) ou a Ordem de Missão (OM) que autorizou o deslocamento do militar. As missões pagas com ajudas de custo estão com os valores zerados na tabela, já os valores das diárias recebidas foram lançados. Constatou-se que as missões autorizadas com OM são aquelas chamadas de missões orgânicas do Esquadrão. Em suma, são missões rotineiras, cuja realização faz parte da missão institucional da organização. As OM designam os tripulantes de cada aeronave, quando da realização de uma missão;
Compartilhar