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O Princípio da Economicidade na FAB

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O princípio constitucional da economicidade aplicado aos 
pagamentos de diárias na Força Aérea Brasileira 
The constitutional principle of economy applied on the daily allowance 
payments in the Brazilian Air Force 
Carlos Roberto Ramos Santos1 
Oraide Serafim Batista Katayama2 
RESUMO 
Esta pesquisa apresenta a economia gerada pela substituição dos pagamentos de diárias 
por Ajudas de Custo ao efetivo do Esquadrão Onça, para realização de missões 
operacionais da Força Aérea Brasileira, durante o ano de 2013. Foi desenvolvido um estudo 
de caso, a fim de se analisarem todos os deslocamentos realizados pelo Esquadrão naquele 
ano, de modo a verificar e mensurar os valores pagos em diárias e os pagos em ajudas de 
custo, assim como compará-los ao total de valores correspondentes em diárias, caso todas 
as missões fossem indenizadas somente por esta forma de pagamento. Tal estudo 
concentrou-se numa amostra de 16 militares do Esquadrão Onça, que se enquadraram nos 
parâmetros estabelecidos nesta pesquisa. A importância do estudo se revela no seu 
pioneirismo e, sobretudo, na necessidade de se conhecer a efetividade do atendimento ao 
princípio constitucional da economicidade – disposto no Art. 70 da Constituição Federal de 
1988 – no modelo de pagamento adotado pela Portaria 785/GC6, de 18 de agosto de 2009. 
Palavras-chave: Princípio da economicidade, Ajudas de custo, Diárias. 
ABSTRACT 
This study presents the savings generated by the replacement of daily allowance payments 
for allowances to military personnel from Onça Squadron, to perform Brazilian Air Force’s 
operational missions during the year of 2013. A case study was developed in order to 
analyze all the movements made by the squadron that year, in order to verify and measure 
the amount paid in daily allowances, as well as to compare them to the total corresponding 
values in daily, if all missions were compensated only by this form of payment. This study 
focused on a sample of 16 military of Onça Squadron that meet the criteria established for 
this research. The importance of the study is revealed in its pioneering and above all, the 
need to know the effectiveness of care the constitutional principle of economy, according to 
the provisions of article 70 of the 1988’s Constitution of, and the on payment model adopted 
by Ordinance 785/GC6, of August 18, 2009. 
Keywords: Principle of economy, Allowances, Daily allowance. 
 
 
1
 Graduando em Ciências Contábeis pela Faculdade Estácio de Sá Campo Grande, MS. 
2
 Orientadora. 
2 
 
1 INTRODUÇÃO 
 Quando se consideram os gastos no setor público, é imperativa a 
contemplação do destino de cada unidade monetária. É necessário saber com 
exatidão onde foi empregado cada centavo de real gasto do Erário, a fim de se 
obter um eficiente controle e prestação de contas ao cidadão, que arduamente 
custeia as necessidades públicas. Para isso, desde o surgimento do Sistema 
Burocrático no Brasil – em substituição ao Sistema Patrimonial – há a preocupação 
com a eficiência e com o controle dos gastos públicos, assim como sua prestação 
de contas. Esforço esse, abarcado pelas diversas reformas Administrativas, todas 
com o intuito de promover maior transparência, eficiência e responsabilidade na 
gestão dos recursos públicos. Tal preocupação avulta-se com o advento da Lei 
Maior de 1988, que trouxe expressamente a fiscalização quanto à economicidade, 
atribuindo-a ao Congresso Nacional mediante controle externo e aos órgãos de 
controle interno de cada poder. Após a inclusão da economicidade no texto 
constitucional, de forma integrada, o TCU e os Tribunais de Conta dos Estados 
passaram a exercer o controle amplo na Administração Pública, ou seja, o controle 
externo não se restringiu apenas à legalidade, mas abarcou, ainda, a eficiência, a 
eficácia e a economicidade, que foi elevada ao mesmo grau de importância das 
demais, buscando, assim, a excelência da qualidade da despesa pública. 
 Tais esforços para melhorar a qualidade dos gastos públicos não teriam efeito 
se, na prática, não fossem obedecidos e aplicados diariamente na execução da 
despesa pública, por isso, este trabalho buscará conhecer o quanto o princípio 
constitucional da economicidade foi atendido no pagamento do direito pecuniário 
de ajuda de custo em substituição a diárias ao efetivo aeronavegante do Primeiro 
Esquadrão do Décimo Quinto Grupo de Aviação, no cumprimento de missões 
operacionais durante o ano de 2013, a fim de nortear futuros pagamentos de 
diárias ou ajuda de custo, face à importância da qualidade dos gastos públicos. 
 
3 
 
2 OBJETIVOS 
2.1 OBJETIVO GERAL 
 Conhecer o valor economizado com os pagamentos de ajudas de custo em 
substituição aos de diárias efetuados ao efetivo do Esquadrão Onça, nos 
deslocamentos de militares para o cumprimento de missões da Força Aérea 
Brasileira, durante o ano de 2013. 
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 Analisar os gastos com pagamentos de Ajuda de Custo em substituição às 
Diárias, durante o ano de 2013, efetuados ao efetivo do Esquadrão Onça; 
 Comparar os gastos realizados com Ajuda de Custo com os gastos 
apresentados se o pagamento fosse realizado apenas com despesas de Diárias; e 
 Verificar qual das formas de pagamento apresenta maior economicidade. 
3 JUSTIFICATIVA 
 O presente estudo surgiu da necessidade de o pesquisador – que é um 
servidor público militar e atua na execução e controle dos gastos com diárias e 
ajudas de custo do Esquadrão Onça (1º do 15º Grupo de Aviação, sediado na Base 
Aérea de Campo Grande) – saber em que nível a economicidade é alcançada por 
meio dos processos de pagamento efetuados aos aeronavegantes da sua 
Organização, pois todas as despesas de pessoal executadas para realização de 
missões da Unidade visam a atender ao princípio constitucional da economicidade, 
todavia, sem ferramentas que possibilitem medir a efetividade no alcance desse 
resultado. Exsurge então a importância do estudo, para verificar a que ponto os 
gastos com diárias e ajudas de custo na Força Aérea Brasileira (FAB) atendem à 
economicidade prevista no Art. 70 da Constituição Federal de 1988. Os resultados 
desta pesquisa poderão ser utilizados como ferramenta gerencial em todos os 
Esquadrões da FAB, que, igualmente ao Esquadrão Onça, diuturnamente cumprem 
4 
 
missões operacionais, assim como para concessão de ajudas de custo aos demais 
militares da FAB, nos deslocamentos a serviço da União, em território nacional. 
4 REVISÃO DA LITERATURA 
4.1 CONTABILIDADE 
 Segundo o I Congresso Brasileiro de Contabilidade, ocorrido na cidade do Rio 
de Janeiro, no período de 16 a 24 de agosto de 1924, “Contabilidade é a ciência que 
estuda e pratica as funções de orientação, de controle e de registro, relativos aos 
atos e aos fatos de administração econômica” apud CFC (2008; p. 13). “Com o 
passar do tempo, o governo começa a utilizar-se dela para arrecadar impostos e a 
torna obrigatória para a maioria das empresas” MARION (2009; p. 28). 
 Apesar de ter se fortalecido pela exigência do governo em função da 
arrecadação – como uma forma de acompanhar o crescimento das empresas e 
poder aumentar, assim, o recolhimento dos tributos – a contabilidade evoluiu da 
simples escrituração e controle do patrimônio em atendimento ao fisco para uma 
valiosíssima fonte gerencial, utilizada na administração das empresas como forma 
de alcançar a racionalidade no emprego dos recursos e maximizar os lucros. Houve 
então a necessidade de se padronizar e tornar a informação contábil fidedigna e útil 
para ser adequadamente empregada na tomada de decisão, é o que disciplina o 
Pronunciamento Conceitual Básico (R1): “para que a informação contábil seja útil, 
ela precisa ser relevante e representar com fidedignidade o que se propõe a 
representar[...]”. No entanto, não basta ser fidedigna e útil, deve ser constantemente 
melhorada. Por isso, o mesmo pronunciamento versa que “[...] a utilidade da 
informação contábil-financeira é melhorada se ela for comparável, verificável, 
tempestiva e compreensível”. Essas são as características qualitativas da 
informação contábil-financeira útil. Segundo Moraes Junior (2013; p. 6), essas 
características “têm o objetivo de identificar os tipos de informações que serão mais 
úteis aos usuários primários no processo de tomada de decisão”. 
 Por outro lado, não basta atender somente a essas características. Para que 
as informações contábeis divulgadas sejam uniformes e confiáveis, além de úteis 
para os usuários internos e externos, é obrigatória a observância dos Princípios de 
5 
 
Contabilidade no exercício da profissão, o que constitui condição de legitimidade das 
Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC). Conforme trata a Resolução CFC nº 
750/93, com redação dada pela Resolução CFC nº 1.282/10, no que tange aos 
Princípios de Contabilidade é necessário se observar, ainda, a essência das 
transações e não a sua forma, como segue: 
 
Art. 1º [...] 
[...] 
§ 2º Na aplicação dos Princípios de Contabilidade há situações 
concretas e a essência das transações deve prevalecer sobre seus 
aspectos formais. 
Art. 2º Os Princípios de Contabilidade representam a essência das 
doutrinas e teorias relativas à Ciência da Contabilidade, consoante o 
entendimento predominante nos universos científico e profissional de 
nosso País. Concernem, pois, à Contabilidade no seu sentido mais 
amplo de ciência social, cujo objeto é o patrimônio das entidades. 
Art. 3º São Princípios de Contabilidade: 
I) o da ENTIDADE; 
II) o da CONTINUIDADE; 
III) o da OPORTUNIDADE; 
IV) o do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL; 
V) o da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA; (Revogado pela Resolução 
CFC nº. 1.282/10) 
VI) o da COMPETÊNCIA; e 
VII) o da PRUDÊNCIA. 
[..] 
Art. 9º O Princípio da Competência determina que os efeitos das 
transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que 
se referem, independentemente do recebimento ou pagamento. 
 
 Para Marion (2009; p. 31) “os princípios contábeis são os pilares da 
Contabilidade, são suas regras básicas”. 
 Carvalho, Ceccato (2014; p. 3) ampliam o entendimento, aplicando-os no 
campo da Contabilidade Pública, como segue: 
A Contabilidade Aplicada ao Setor Público constitui ramo da Ciência 
Contábil e deve observar os Princípios de Contabilidade, que 
representam a essência das doutrinas e teorias relativas a essa 
ciência, consoante o entendimento predominante nos universos 
científico e profissional do país. 
4.1.1 CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO 
 No Brasil contemporâneo, a contabilidade pública foi disciplinada a partir da 
publicação da Lei 4.320/1964, que Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para 
6 
 
elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos 
Municípios e do Distrito Federal. Essa Lei foi recepcionada com status de Lei 
Complementar pela Constituição Federal de 1988, que ainda criou e permitiu a 
criação de dispositivos legais infraconstitucionais de modo a tratar de forma ampla, e 
por vezes concorrente, acerca da contabilidade aplicada ao setor público, dando 
especial atenção às matérias de controle, prestação de contas e accountability na 
Administração Pública – como é o caso da Lei Complementar nº 101/00, conhecida 
como Lei de Responsabilidade Fiscal e a Lei nº 10.180/01, que organiza e disciplina 
os Sistemas de Planejamento e de Orçamento Federal, de Administração Financeira 
Federal, de Contabilidade Federal e de Controle Interno do Poder Executivo Federal 
– transformando algumas dessas matérias em princípios expressamente elencados 
em seu texto, elevando a gestão pública a uma visão gerencial e mais responsável. 
 Conforme descreve a NBCT 16.1, itens 3 e 4: 
A Contabilidade Aplicada ao Setor Público é o ramo da ciência 
contábil que aplica, no processo gerador de informações, os 
Princípios de Contabilidade e as normas contábeis direcionados ao 
controle patrimonial de entidades do setor público. 
O objetivo da Contabilidade Aplicada ao Setor Público é fornecer aos 
usuários informações sobre os resultados alcançados e os aspectos 
de natureza orçamentária, econômica, financeira e física do 
patrimônio da entidade do setor público e suas mutações, em apoio 
ao processo de tomada de decisão; a adequada prestação de 
contas; e o necessário suporte para a instrumentalização do controle 
social. 
 A norma supracitada é parte de um conjunto de normas contábeis aplicadas 
ao setor público (NBCASP), que atribuem à contabilidade pública, dentre outras, a 
mesma característica gerencial da contabilidade empresarial, bem como a converge 
às Normas Internacionais de Contabilidade Pública. Conforme aborda Rosa (2013; 
p. 4), “essas normas, além de ser consideradas um marco conceitual, constituem 
uma verdadeira revolução na Contabilidade do setor público brasileiro”. 
 Consoante ao que vimos anteriormente, a Contabilidade Pública também 
deve obedecer aos princípios gerais da contabilidade. Nesse contexto, a Resolução 
CFC 1.111/07 aborda na sua introdução ao enunciado: 
O ponto de partida para qualquer área do conhecimento 
humano deve ser sempre os princípios que a sustentam. Esses 
princípios espelham a ideologia de determinado sistema, seus 
postulados básicos e seus fins. Vale dizer, os princípios são 
7 
 
eleitos como fundamentos e qualificações essenciais da ordem 
que institui. 
Os princípios possuem o condão de declarar e consolidar os 
altos valores da vida humana e, por isso, são considerados 
pedras angulares e vigas-mestras do sistema. 
 Não obstante, o Contador Público deve obedecer também aos princípios 
básicos da Administração Pública, no qual todo agente público deve pautar sua 
conduta e se nortear no exercício de sua função, conforme elenca o caput do Art. 37 
da Constituição Federal de 1988: “A administração pública direta e indireta de 
qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios 
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e 
eficiência [...]”. 
4.1.1.1 A CONTABILIDADE NA FORÇA AÉREA BRASILEIRA 
 Na FAB, o Comandante instituiu por meio da Portaria nº 43/GC3, de 15 de 
janeiro de 2014, o Sistema de Contabilidade do Comando da Aeronáutica 
(SISCONTAER), normatizado pela Portaria nº 373/GC3, de 24 de março de 2014, 
com a finalidade de registrar e evidenciar os atos e fatos da gestão do patrimônio 
público sob responsabilidade do Comando da Aeronáutica, relacionados às 
execuções orçamentária e financeira, bem como à administração dos bens 
patrimoniais, com vistas a orientar processos de prestação de contas e a subsidiar 
processos de tomada de decisão (Brasil, 2014). Todavia, antes da publicação desse 
dispositivo e criação do Sistema, já existia um órgão central regulador da 
contabilidade na instituição, a Secretaria de Finanças da Aeronáutica (SEFA), que 
disciplinava a matéria, por meio do Manual de Execução Orçamentária, Financeira e 
Patrimonial do Comando da Aeronáutica – MCA 172-3, documento com orientações 
de caráter normativo, oriundas da SEFA, sobre procedimentos de execução 
orçamentária, financeira e patrimonial aplicáveis às Unidades Gestoras do Comando 
da Aeronáutica, sediadas no País e no Exterior. 
 
8 
 
4.2 GASTOS, CUSTOS E DESPESAS 
 Martins (2010; p. 24) define gasto como a “compra de um produto ou serviço 
qualquer, que gera sacrifício financeiro para a entidade (desembolso), sacrifício esse 
representado por entrega ou promessa de entrega de ativos (normalmente 
dinheiro)”. 
 Já a definição de Custos na contabilidade está ligada diretamente à atividade 
industrial e é estudada com profundidade na contabilidadede custos. Considera 
todos os gastos envolvidos no processo de produção de um bem industrializado, 
classificando-os de diversas formas, conforme seu emprego na transformação da 
matéria prima em produto acabado. Martins (ibid; p. 25) conceitua custo como o 
“gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços.” 
 Por sua vez, Despesa é o “bem ou serviço consumido direta ou indiretamente 
para a obtenção de receitas” Martins (ibid; p. 25). 
4.3 ECONOMICIDADE 
 No campo da Contabilidade Aplicada ao Setor Público, esta pesquisa verificou 
uma grande escassez de material na literatura acerca do conceito de 
economicidade, todavia, o tema é amplamente abordado em outras áreas do 
conhecimento e principalmente no campo jurídico, no que concerne à Administração 
Pública, revelado de modo expresso e implícito em diversos dispositivos, algo 
natural, considerando o princípio da legalidade, basilar para o seu funcionamento da 
máquina pública. 
 Ricardo Lobo Torres apud Bugarin (2011; p. 110) destaca que: 
[...] o conceito de economicidade se origina na linguagem dos 
economistas, tendo como correspondente no plano normativo, o de 
justiça. Implica, nesse plano, na obtenção da melhor relação possível 
na gestão financeira e execução dos recursos orçamentários, 
obtendo a melhor posição possível na relação custos-benefícios 
sociais. [...] justa adequação e equilíbrio entre as duas vertentes das 
finanças públicas. 
 Na Teoria Geral da Administração, a economicidade nasceu das ideias 
revolucionárias de Henry Ford, na intitulada Administração Científica, no início do 
século XX, entre os anos de 1905 e 1910, quando implantou a produção em massa, 
9 
 
com o objetivo de popularizar a venda de veículos, antes fabricados artesanalmente 
e vendidos a um seleto mercado de milionários. 
Para obter um esquema caracterizado pela aceleração da produção 
por meio de um trabalho ritmado, coordenado e econômico, Ford 
adotou três princípios básicos: 
[...] 
Princípio de economicidade. Reduzir ao mínimo o volume do estoque 
da matéria-prima em transformação, fazendo com que o automóvel 
fosse pago à empresa antes de vencido o prazo de pagamento dos 
salários e da matéria-prima adquirida. A velocidade de produção 
deve ser rápida: "o minério sai da mina no sábado e é entregue sob a 
forma de um carro ao consumidor, na terça-feira, à tarde". 
[...] 
(CHIAVENATO; 2003; P. 65) 
 Na área das ciências econômicas, o conceito de economicidade é definido da 
seguinte forma: 
O vocábulo economicidade se vincula, finalisticamente, no plano da 
ciência econômica e da teoria geral da administração, à ideia 
fundamental de desempenho qualitativo. Trata-se da obtenção do 
melhor resultado estratégico possível de uma determinada alocação 
de recursos financeiros, econômicos e/ou patrimoniais em um dado 
cenário econômico. BUGARIN (op. cit.; p. 103). 
 Segundo Sá (2008; p. 271) apud Basso (2013; p. 40): 
A economicidade é um dos conceitos formadores da Teoria das 
Funções Sistemáticas do Patrimônio das Células Sociais, encontra-
se, a economicidade, percebida como a capacidade de vitalidade 
patrimonial que garante a sobrevivência da riqueza e que traduz a 
participação desta, interna e externamente, ao mundo aziendal. (grifo 
nosso) 
 A concepção de economicidade foi introduzida na Contabilidade Pública 
brasileira juntamente com os primeiros esforços para a implantação da visão 
gerencial na Administração Pública. O marco zero foi “uma ambiciosa reforma das 
estruturas do Estado e dos procedimentos burocráticos, chamada de A revolução 
silenciosa pelo ministro Hélio Beltrão, que a concebeu e a executou durante o 
estado autoritário” Martins (ENAP; 1997). O propulsor dessa reforma foi o visionário 
Decreto-lei 200/67, que buscou transformar a Administração Pública, aproximando-a 
da administração de empresas particulares. Prevê o Decreto, no seu art. 79: “A 
contabilidade deverá apurar os custos dos serviços, de forma a evidenciar os 
resultados da gestão”. Quando o dispositivo estabelece a apuração dos custos como 
forma de evidenciação dos resultados da gestão pública, entende-se que o 
legislador preocupou-se (de modo implícito) em definir, já naquela época, uma 
10 
 
ferramenta para demonstração, dentre outros, do aspecto da economicidade no 
emprego dos recursos, em comparação com o que foi realizado pelo administrador 
público, isto é, o que foi feito e o quanto custou, podendo ser comparado a 
alternativas de o quanto poderia ter custado. Assim, com a evidenciação dos custos 
dos serviços, qualquer interessado poderia facilmente comparar o gasto realizado, 
com alternativas para a realização daquilo que foi feito pelo administrador, 
buscando, dessa forma, saber se houve ou não razoável economicidade na 
aplicação do recurso público. Esse artigo do Decreto também trouxe um esforço 
primário para implantação do que é hoje chamado de accontability na Administração 
Pública. 
 Na ceara do direito financeiro, a economicidade é elevada a Princípio pela 
Constituição Federal de 1988, na qual aparece expressa pela primeira vez no 
ordenamento jurídico brasileiro, “por influência do art. 114 da constituição alemã.” 
TORRES (2010; p. 99). 
 Prevê a Carta Magna de 1988: 
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional 
e patrimonial da União e das entidades da administração direta e 
indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação 
das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo 
Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de 
controle interno de cada Poder. 
 Para Carvalho, Ceccato (op. cit; p. 993) “a avaliação sistemática dos 
princípios da Eficiência, Eficácia, Economicidade e Efetividade representa uma 
contribuição dos órgãos de controle para um país mais idôneo, justo e melhor 
administrado.” Nesse ínterim, a Constituição Federal de 1988 deixa clara a 
estreita relação da economicidade com o controle dos gastos públicos e sua 
fiscalização pelo Congresso Nacional, com o auxílio do Tribunal de Constas da 
União (art. 71) e os controles internos de cada poder. Brito, Fontenelle (2013; p. 364) 
ensinam que “ o Controle Interno é exercido dentro de um mesmo poder, seja no 
âmbito hierárquico, seja por meio de órgãos especializados. Já o Controle Externo é 
exercido por um dos poderes sobre os atos administrativos praticados por outro”. 
 
 
11 
 
 De forma convergente, Pascoal apud Brito, Fontenelle (ibid; p. 365) instrui: 
Nos Estados modernos, o Controle Externo da Administração Pública 
é exercido por meio de dois sistemas: 
 
• TRIBUNAIS DE CONTAS (ou Conselhos de Contas); 
• CONTROLADORIAS (ou Auditorias Gerais). 
O que é confirmado pela Lei Orgânica do Tribunal de Contas da União – lei nº 8.443, 
de 16/07/1992, especialmente nos artigos 1º § 1º; 43, II e 90 § 2º - que dispõem o 
seguinte acerca do tema em análise: 
Art. 1º Ao Tribunal de Constas da União, órgão de controle externo, 
compete, nos termos da Constituição Federal e na forma 
estabelecida nesta lei: 
[...] 
§ 1º No julgamento de constas e na fiscalização que lhe compete, o 
Tribunal decidirá sobre a legalidade, a legitimidade e a 
economicidade dos atos de gestão e das despesas deles 
decorrentes, bem como sobre a aplicação de subvenções e a 
renúncia de receitas. 
Art. 43. Ao proceder à fiscalização de que trata este Capítulo, o 
Relator ou o Tribunal: 
[...] 
II – se verificar a ocorrência de irregularidade quanto à legalidade ou 
economicidade determinará a audiência do responsável para, no 
prazo estabelecido no Regimento Interno, apresentar razões de 
justificativa” 
 Art. 90. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional 
e patrimonial do Tribunal de Contas da União será exercida pelo 
Congresso Nacional, na forma definida no seu regimento comum.[...] 
§ 2° No relatório anual, o Tribunal apresentará análise da evolução 
dos custos de controle e de sua eficiência, eficácia e economicidade. 
 Ainda no campo do Direito Financeiro, Torres (op. cit.; p. 99) discorre: 
 [...] 
Do ponto de vista do controle, a economicidade entende como 
exame e fiscalização material da execução orçamentária, em 
contraponto com o formal, que é o da legalidade. [...] Controle da 
economicidade significa controle da eficiência na gestão financeira e 
na execução orçamentária, consubstanciada na minimização de 
custos e gastos públicos e na maximização da receita e da 
arrecadação. Transcende o mero controle da economia de gastos, 
entendida como aperto ou diminuição de despesa, pois abrange 
também a receita e principalmente, a justa adequação e equilíbrio 
entre as duas vertentes das finanças públicas. (grifo nosso) 
 
 
12 
 
 Já a Lei 8.666, de 21/06/1993 – Estatuto das Licitações e Contratos – aborda 
o tema da seguinte forma: 
Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão: 
[...] 
IV – ser divididas em tantas parcelas quantas necessárias para 
aproveitar as peculiaridades do mercado, visando economicidade. 
 Basso (op. cit; p. 43): 
Princípio constitucional de natureza gerencial, intrínseco à noção de 
eficiência, eficácia e efetividade na gestão racional de recursos e 
bens, cuja aplicação pelos agentes públicos deve ser balizada pela 
legalidade, moralidade e justiça dos atos, visando à obtenção do 
melhor resultado possível para determinada composição de recursos 
físicos, financeiros, econômicos, humanos e tecnológicos, em um 
dado cenário socioeconômico e temporal. 
 Não obstante, no campo da Contabilidade Pública, Assumpção (2012; p. 25), 
ensina que: 
A contabilidade tornou-se uma fonte inesgotável de informações que 
demonstram a situação das entidades num determinado momento. 
Nesse sentido, o objetivo maior da Contabilidade aplicada ao Setor 
Público é justamente ser essa fonte de informações, evidenciando a 
situação orçamentária, financeira e patrimonial de uma entidade, 
bem como o atendimento da legislação, especialmente quanto à 
legalidade, economicidade, eficiência e eficácia. 
 Ampliando o entendimento, Bugarin (op. cit.; p. 97) assevera que: 
O princípio da economicidade constitui-se, com efeito, em importante 
elemento de valorização da gestão pública séria, competente e 
compromissada com o amplo conjunto de legítimas demandas 
sociais, exprimindo-se em dupla e complementar atuação. 
 Diante disso, infere-se que a qualidade nos gastos do governo é percebida 
excelente, quando – além de atendida a legalidade, a eficiência e a eficácia – há 
ainda a concretização da efetividade e da economicidade. São requisitos 
complementares e interdependentes, que, quando atendidos como um conjunto na 
sua totalidade, demonstram a excelência na alocação dos recursos públicos. Se um 
dos requisitos deixar de existir na execução do gasto público, extinta também é a 
sua excelência. Exemplo disso é a administração pública realizar processo licitatório, 
no qual foram atendidas todas as exigências legais, e adquirir, por meio da oferta 
mais vantajosa, desfibriladores para equipar um determinado órgão de atendimento 
ao público, sem, todavia, capacitar seus servidores para operar tal equipamento. 
Houve o atendimento à legalidade, à eficiência, à eficácia e à economicidade no 
processo de aquisição do equipamento, no entanto, não atendeu ao requisito da 
13 
 
efetividade, uma vez que o desfibrilador adquirido, de fato, não será utilizado, por 
falta de pessoal qualificado para operá-lo. A não observância de um dos requisitos 
invalida todos os demais, pois, conforme exemplo do caso citado, a efetividade será 
alcançada somente quando a Administração realizar um treinamento para capacitar 
seus servidores a operar o equipamento adquirido. 
 A legalidade é a base para a boa conduta do agente público, baseia-se na 
máxima de que a administração pública somente pode agir quando expressamente 
autorizada por lei. Mesmo quando há liberdade para o gestor público escolher entre 
várias opções a ele apresentadas, essa discricionariedade é autorizada e limitada 
pela lei. Não obstante, durante sua atuação, o gestor também deve agir com 
eficiência, buscando atingir “a maior produtividade, em contraposição aos velhos 
hábitos e rotinas burocráticas que sempre nortearam a atividade pública. A eficiência 
está ligada a uma noção de Administração mais moderna, mais gerencial, 
preocupada com resultados” Knoplock (2014; p. 90). A eficácia, conforme ensina 
Chiavenato (op. cit.; p. 155), “é uma medida do alcance dos resultados”, “quando a 
administração realiza aquilo que se propôs, atuando e realizando obras que estavam 
previstas, por exemplo. já efetividade está ligada àquilo o que de fato a sociedade 
deseja” Knoplock (ibid; p. 90). Finalmente, emerge o atendimento à economicidade 
como requisito para que seja alcançada a excelência na aplicação do dinheiro 
público. A economicidade deve ser buscada não somente pelo ordenador da 
despesa, mas, assim como a legalidade, a eficiência e os demais princípios da 
Administração Pública, por todo agente público. Cita-se como exemplo, o agente 
público que, após lavar suas mãos, deixa a torneira vazando, por não tê-la fechado 
corretamente. Esse agente público não atendeu à economicidade no emprego dos 
recursos do seu órgão, levando-o ao fracasso na busca da excelência na alocação 
do dinheiro público. Portanto, conclui-se que o atendimento a este requisito é 
complementar àqueles e, somente assim, o gestor agirá com responsabilidade social 
e o cidadão terá a percepção da excelência no emprego dos gastos do governo, 
conforme ilustra a figura abaixo: 
 
14 
 
FIGURA 1 – Responsabilidade social na realização dos gastos públicos 
 
Fonte: Santos, 2014. 
 Convergente a esse entendimento, a Fundação Nacional da Qualidade – FNQ 
(2008; p. 10) aborda o assunto da seguinte maneira: 
Os fundamentos da Excelência expressam conceitos reconhecidos 
internacionalmente e que se traduzem em práticas ou fatores de 
desempenho encontrados em organizações líderes, de Classe 
Mundial, que buscam constantemente se aperfeiçoar e se adaptar às 
mudanças globais. Os fundamentos em que se baseiam os Critérios 
Rumo à Excelência e Compromisso com a Excelência são: 
[...] 
11 – Responsabilidade social. 
[...] 
A Responsabilidade Social na atuação do gestor é definida pela 
“relação ética e transparente da organização com todos os públicos 
com os quais se relaciona, estando voltada para o desenvolvimento 
sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e 
culturais para gerações futuras; respeitando a diversidade e 
promovendo a redução das desigualdades sociais como parte 
integrante da estratégia da organização. (ibid; p.14) 
 Portanto, a atuação do gestor público deve objetivar sempre o bem estar 
social, pois essa é a função primordial do Estado e a razão pela qual foi organizado, 
buscando aproximar-se ao máximo do Welfare state (Estado de bem-estar pleno). 
Os requisitos elencados acima são apenas um norte, pelo qual o administrador 
público se guiará para o suprimento das necessidades sociais, visando ao 
desenvolvimento econômico sustentável, definido pela Comissão Mundial sobre 
Meio ambiente como a “capacidade de suprir as necessidades da geração atual, 
sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações". 
15 
 
 Todavia, conforme ensina Carvalho e Ceccato (op. cit.; p. 825): 
Geralmente os gestores não sabem dizer se as ações oferecidas à 
sociedade são bem ou malsucediadas. Quando se veem diante da 
necessidade de realizar cortes orçamentários (economia), o fazem 
sem o real discernimento de que estão cortando serviços “supérfluos” 
ou “essenciais”. Faltam-lhes, muitas vezes informações objetivasquanto aos resultados alcançados. A busca de alternativas que 
reduzam custos e otimizem a efetividade, eficiência e economicidade 
dos serviços prestados à sociedade pelos órgãos públicos tem 
representado grandes desafios para administradores comprometidos 
com o erário, pois, em realidade, a preocupação normalmente se 
restringe, fundamentalmente a procedimentos mais voltados ao 
atendimento de aspectos legais e de controle vigentes no país, não 
se analisando os aspectos concernentes à gestão de custos e 
consequentes resultados. Para tanto, Normas Brasileiras de 
Contabilidade Aplicadas ao Setor Público citam a Demonstração do 
Resultado Econômico, que evidencia eficiência na gestão dos 
recursos no serviço público. 
 Em convergência ao que prevê a resolução CFC nº 1.437/2013 – altera a 
NBCT 16 – Assumpção (op. cit.; p. 197) instrui que por meio da análise da 
Demonstração do Resultado Econômico (DRE), é possível constatar se o resultado 
econômico apurado dos “programas ou ações da entidade estão gerando deficit, 
superavit ou se está equilibrada, do ponto de vista da economicidade”. Entende-se, 
assim, que a ferramenta contábil do setor público utilizada para mensuração da 
economicidade é a Demonstração do Resultado Econômico, pois “surge para 
satisfazer a necessidade de implantação de um sistema de informações que permita 
a evidenciação de resultados alcançados sob a ótica da eficiência, eficácia e 
efetividade da gestão pública” Carvalho e Ceccato (op. cit.; p. 827), assim como dá 
publicidade a esse requisito da excelência no emprego do gasto público. 
 A Demonstração do Resultado Econômico foi introduzida no campo da 
Contabilidade Pública pela Resolução CFC 1.133/2008 – aprova a NBC T 16.6, 
conforme aborda Rosa (op. cit; p. 579). Já Carvalho e Ceccato (op. cit.; p. 826) 
salientam a exclusão dessa demonstração da citada NBC T, da seguinte forma: 
“[...] a Demonstração do Resultado do Econômico foi excluída da 
NBC T 16.6, norma essa específica que trata das demonstrações 
contábeis utilizadas pela Contabilidade Pública. 
A NBC T 16.6 foi alterada por duas resoluções: Resolução CFC nº 
1.268/09, modificou alguns conceitos e disposições acerca dos 
demonstrativos, e Resolução CFC nº 1.437/13, que excluiu a 
Demonstração do Resultado Econômico e incluiu a Demonstração 
das Mutações do Patrimônio Líquido. 
A Demonstração do Resultado Econômico também passou a não 
constar mais no MCASP/STN desde a 5ª edição.” 
16 
 
[...] 
Apesar da Resolução CFC nº 1.437/13 ter excluído a Demonstração 
do Resultado Econômico da NBC T 16.6 – Demonstrações 
Contábeis, essa mesma resolução promoveu a inclusão desse 
demonstrativo na NBCT 16.11 – Sistema de Informação de Custos 
do Setor Público, como demonstrativo para análise de custo no setor 
público. 
[...] ela consta citada em título destacado nos itens 25, 26 e 27 da 
NBC T 16.11 [...] como um possível demonstrativo de utilização 
gerencial.” 
 
 A Parte V da 4ª edição do Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público 
traz o seguinte modelo de Demonstração do Resultado Econômico: 
QUADRO 1 – Modelo de Demonstração do Resultado do Econômico 
<ENTE DA FEDERAÇÃO> 
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ECONÔMICO 
EXERCÍCIO: PERÍODO (MÊS): DATA DA EMISSÃO: PÁGINA: 
 
ESPECIFICAÇÃO Exercício 
Atual 
Exercício 
Anterior 
1. Receita econômica dos serviços prestados ou dos bens e produtos 
fornecidos 
2. (-) Custos diretos identificados com a execução da ação pública 
3. (=) Margem Bruta 
4. (-) Custos indiretos identificados com a execução da ação pública 
 
 
5. (=) Resultado Econômico Apurado 
Fonte: MPCASP (2011; p. 45) 
A Demonstração do Resultado Econômico, cuja elaboração é 
facultativa, tem como premissa os seguintes conceitos: 
Custo de oportunidade (CO) - valor que seria desembolsado na 
alternativa desprezada de menor valor entre aquelas consideradas 
possíveis para a execução da ação pública. 
Receita Econômica (RE) - valor apurado a partir de benefícios 
gerados à sociedade pela ação pública, obtido por meio da 
multiplicação da quantidade de Serviços Prestados (N), bens ou 
produtos fornecidos, pelo Custo de Oportunidade (CO), daí: RE = N x 
CO 
Custo de Execução (CE) - valor econômico despendido pela 
Entidade na ação objeto da apuração do Resultado Econômico 
Apurado. É dividido em custos diretos e indiretos. 
O Resultado Econômico Apurado (REA) é, pois, o incremento líquido 
de benefícios gerados à sociedade a partir da ação eficiente e eficaz 
do gestor público, calculado a partir da diferença entre a Receita 
Econômica (RE) e o Custo de Execução (CE) da ação, conforme 
fórmula a seguir: 
 
REA = RE – CE, ou 
REA = (N*CO) – CE 
 
17 
 
Em realidade, o REA pode ser considerado como um “termômetro”, 
que, se corretamente aferido, evidenciará o quanto, de fato, houve de 
economia na ação pública. 
 No que tange aos gastos militares, O’Sullivan (2004; p. 10) ensina que o custo 
de oportunidade com esses gastos corresponde a uma necessidade social não 
atendida, devido ao emprego desse recurso no gasto militar e não no atendimento 
dessa necessidade social, conforme ilustra o exemplo do autor: 
O princípio do custo de oportunidade pode ser usado para investigar 
o custo dos gastos militares. A Malásia comprou dois navios de 
guerra em 1992, pagando um preço equivalente ao de fornecer água 
potável para 5 milhões dos seus habitantes. Em outras palavras, o 
custo de oportunidade dos navios de guerra correspondia ao 
fornecimento de água potável para 5 milhões de pessoas. 
 Todavia, podemos simplificar esse entendimento com os ensinamentos de 
Carvalho, Ceccato (op. cit.; p. 829): 
“O custo de oportunidade nada mais é do que o valor do recurso no 
seu melhor uso alternativo. Portanto, a lógica da Economia sobre o 
custo está intimamente ligada à análise das opções/alternativas 
possíveis para a satisfação de uma demanda. Exemplo: Serviço 
presidiário: o custo mensal ou anual de um penitenciário. Para as 
Ciências Contábeis o custo de um presidiário é o valor que foi 
efetivamente gasto pelo Estado com o serviço prisional, obtido 
mediante rateio e alocação das despesas [...]. Já o custo de 
oportunidade de um presidiário, considerando duas opções possíveis 
para o serviço prisional, quais sejam: o Estado executar diretamente 
o serviço ou terceirizá-lo para a iniciativa privada, será o menor valor 
a ser gasto dentre essas duas alternativas”. 
 Aplicando esse entendimento ao contexto em estudo, o custo de oportunidade 
com os gastos de diária ou ajudas de custo na Força Aérea Brasileira é a realização 
da despesa mais econômica entre essas duas alternativas, a fim de custear o 
deslocamento de um militar para fora de sua sede, para cumprir missão operacional 
da instituição. Assim, o custo de oportunidade se revela na escolha de uma das 
alternativas, a mais vantajosa para a Administração. 
 Acerca da análise dos resultados da Demonstração do Resultado Econômico, 
a 4ª edição do MPCASP (op. cit.; p. 46), versa o seguinte: 
A análise da Demonstração do Resultado Econômico tem como 
objetivo determinar se do ponto de vista da economicidade a 
atividade, programa ou ação da entidade do setor público está 
gerando déficit, equilíbrio ou superávit econômico. A análise deve ser 
feita ainda com base na avaliação da atividade, programa ou ação, 
considerando: 
• Déficit Econômico: situação em que a receita econômica é 
menor que os custos diretos e indiretos apropriados à atividade. 
18 
 
A recomendação é que a administração pública reduza os custos 
para poder gerar um superávit, ou no mínimo um equilíbrio. 
• Superávit Econômico: situação em que a receita econômica é 
maior que os custos diretos e indiretos apropriados à atividade. 
A recomendação é que a administração pública continue 
produzindo o serviço, pois o faz com economicidadee eficiência. 
• Equilíbrio Econômico: situação em que a receita econômica é 
igual aos custos diretos e indiretos apropriados à atividade. A 
recomendação é que a administração pública deveria reduzir os 
custos para poder gerar um superávit. 
 Carvalho e Ceccato (op. cit.; p. 829) alertam que: 
“[...] a análise do custo de oportunidade pelos entes públicos deve 
ser tratada e dimensionada com bastante cautela, considerando que 
o Estado não visa lucro, mas sim a satisfação de suas obrigações 
perante a população (prestar educação, saúde, segurança, 
assistência aos desamparados, moradia, dentre outras). 
A eficácia, eficiência e efetividade das ações governamentais 
precisam ser prestigiadas para que ocorra a aplicação adequada dos 
recursos públicos, todavia, devem ser observados principalmente os 
objetivos finais pretendidos pelo Estado, e não imediatamente e 
simplesmente a economia de recursos.” 
 Bugarin (op. cit.; p. 163) cita como exemplo de “análise de economicidade 
com base na razoabilidade e na eficiência e, também, o exame da relevante questão 
do custo de oportunidade”, a Decisão nº 188/99 do TCU (DOU 27/05/1999) – home 
Page das contas públicas: 
O princípio da economicidade estriba-se no princípio da 
razoabilidade e no da eficiência, intrinsecamente relacionado à 
prestação do serviço público com a maior utilidade e potencialidade 
de satisfazer as necessidades sociais ao menor custo, entendido 
como o menor custo direto para a realização das atividades afetas ao 
órgão ou entidade, bem como o custo de oportunidade. 
 Freitas, apud Bugarin (op. cit.; p. 114) destaca uma “associação umbilical 
entre economicidade e proporcionalidade [ou razoabilidade], a qual se traduzia por 
uma análise de custo-benefício”. 
 No Comando da Aeronáutica (COMAER), conforme aborda Basso (op. cit.; p. 
39): 
“[..] ocorreu a citação do princípio da economicidade em diversos 
atos orientadores da gestão e da fiscalização dos agentes da 
Administração sem, contudo, haver uma conceituação para o 
princípio. Tendo sido atribuída ao Agente de Controle Interno (ACI) 
de cada Organização Militar (OM) do COMAER a tarefa de verificar a 
economicidade dos Processos Administrativos de Gestão [...]”. 
19 
 
 No que tange a Ajuda de Custo e Diária no COMAER, princípio da 
economicidade foi empregado a partir da emissão da Portaria 785/GC6, de 18 de 
agosto de 2009, do Comandante da Organização. O dispositivo, de forma implícita, 
busca a economicidade ao definir condições para o pagamento do direito pecuniário 
de Ajuda de Custo ou Diária, conforme segue: 
Art. 1º Nas movimentações ou afastamentos para o cumprimento de 
atividade ou tarefa de qualquer natureza, para fora de sede, sem 
desligamento da Organização Militar (OM) de origem, pelo período 
superior a 15 dias até três meses (90 dias), o militar fará jus ao 
direito pecuniário de menor valor, calculado entre a totalidade de 
valores correspondentes à Ajuda de Custo e às Diárias. (grifo nosso) 
 A partir da edição dessa portaria, o COMAER passou a comparar as duas formas de 
pagamento, ajudas de custo e diárias, e pagar a que apresenta maior economia para a 
União. Esse modelo de pagamento, quando utilizado para indenização de missões 
eventuais, como quando um militar não aeronavegante sai de sede para realização de 
curso, para ministrar instrução ou prestar assessoria, é de simples realização, pois missões 
desse tipo ocorrem durante certo período e não há outras etapas que as compõem. No 
entanto, quando é utilizado para retribuição de militares aeronavegantes, que cumprem 
diversas missões durante todo o ano, surgem outros fatores que devem ser considerados 
para a escolha de um tipo de pagamento em detrimento do outro. Nesse caso, a 
economicidade deve ser analisada sob outros aspectos que não apenas o da economia, 
todavia considerando que o Estado não visa lucro, e, por isso, seu objetivo principal não é 
economizar, mas sim atender as necessidades sociais, conforme já abordado. Há, assim, a 
busca da economicidade, no entanto, o foco principal é a prestação do serviço pelo Estado, 
sendo a economia analisada em segundo plano. 
4.4 AJUDA DE CUSTO E DIÁRIA 
 Antes de se abordar os conceitos de Ajuda de Custo e Diária, faz-se mister 
uma breve introdução acerca da origem dos recursos públicos: o Orçamento 
Público, pelo qual é possível a realização das atividades da Administração Pública, 
sendo ele a origem do objeto em estudo. 
 Segundo Rosa (op. cit.; p. 29): 
O sistema orçamentário brasileiro, na forma definida pela 
Constituição Federal de 1988, é composto por três normas básicas 
todas de iniciativa do Poder Executivo: a Lei do Plano Plurianual 
(PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária 
Anual (LOA). Essa estrutura legal tem por objetivo amparar a tarefa 
20 
 
do planejamento, com vistas à melhor alocação dos recursos 
públicos, promovendo a integração entre o planejamento e o 
orçamento anual. 
 Portanto, o Orçamento Público, de forma resumida, é uma Lei anual que 
estabelece para cada exercício a previsão das receitas e fixação das despesas a 
serem executadas no período, conforme os diversos programas de trabalho do 
Governo. Segundo a Lei 4.320/64: 
Art. 2º [...] 
§ 1° Integrarão a Lei de Orçamento: 
I - Sumário geral da receita por fontes e da despesa por funções do 
Govêrno; 
II - Quadro demonstrativo da Receita e Despesa segundo as 
Categorias Econômicas, na forma do Anexo nº. 1; 
III - Quadro discriminativo da receita por fontes e respectiva 
legislação; 
IV - Quadro das dotações por órgãos do Govêrno e da 
Administração. 
 Já a Constituição Federal de 1988, no § 5º do Art. 165, incisos I a III, 
estabelece que a Lei Orçamentária Anual compreenderá: 
Art. 165 [...] 
[...] 
I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus 
fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, 
inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; 
II - o orçamento de investimento das empresas em que a 
União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital 
social com direito a voto; 
III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as 
entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou 
indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e 
mantidos pelo Poder Público. 
 Carvalho, Ceccato (op. cit.; p.176) lembra que “o orçamento público é 
dinâmico. Apesar de planejado e aprovado antecipadamente, ele poderá sofrer 
modificações durante sua execução, ao longo do ano, em virtude de alterações que 
se apresentem necessárias [...]”. 
 Torres (op. cit.; p. 99) insere o princípio da economicidade como um norte a 
ser seguido na elaboração do orçamento: 
O princípio da economicidade informa simultaneamente o orçamento 
e o controle de contas. Como princípio orçamentário significa que 
deve conter o mínimo de receita capaz de produzir o máximo em 
bens e serviços. 
21 
 
 Conforme doutrina majoritária e o estabelecido pela Secretaria do Tesouro 
Nacional – STN, os gastos com Ajuda de Custo e Diárias são classificados 
economicamente no orçamento como Despesas Correntes de Custeio. 
 O anexo 3 do PCASP entendido 2014, publicado em dezembro de 2013 pela 
STN, classifica a Ajuda de Custo na conta 3.2.1.3.1.04.00 (registra as variações 
patrimoniais diminutivas com reserva remunerada e reformas dos militares, 
especificamente Ajuda de Custo); já a Diária, é classificada na conta 3.3.2.1.1.02.00 
(compreende as variações patrimoniais diminutivas provenientes da utilização de 
diárias decorrentes do deslocamento do militar da sede de sua unidade por motivo 
de serviço, destinadas à indenização das despesas de alimentação e pousada). 
Aprofundando um pouco mais nesse assunto, a legislação específica disciplina o 
tema, conforme segue. 
 Os servidores civis são regidos pela Lei 8.112, de 11de dezembro de 1990, 
que traz o seguinte texto: 
Art. 51. Constituem indenizações ao servidor: 
I - ajuda de custo; 
II - diárias; 
[...] 
Art. 52. Os valores das indenizações estabelecidas nos incisos I a III 
do art. 51, assim como as condições para a sua concessão, serão 
estabelecidos em regulamento. (Redação dada pela Lei nº 11.355, 
de 2006) 
Subseção I 
Da Ajuda de Custo 
Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as despesas de 
instalação do servidor que, no interesse do serviço, passar a ter 
exercício em nova sede, com mudança de domicílio em caráter 
permanente, vedado o duplo pagamento de indenização, a qualquer 
tempo, no caso de o cônjuge ou companheiro que detenha também a 
condição de servidor, vier a ter exercício na mesma sede. (Redação 
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) 
§ 1o Correm por conta da administração as despesas de transporte 
do servidor e de sua família, compreendendo passagem, bagagem e 
bens pessoais. 
§ 2o À família do servidor que falecer na nova sede são assegurados 
ajuda de custo e transporte para a localidade de origem, dentro do 
prazo de 1 (um) ano, contado do óbito. 
§ 3o Não será concedida ajuda de custo nas hipóteses de remoção 
previstas nos incisos II e III do parágrafo único do art. 36. (Incluído 
pela Lei nº 12.998, de 2014) 
Art. 54. A ajuda de custo é calculada sobre a remuneração do 
servidor, conforme se dispuser em regulamento, não podendo 
exceder a importância correspondente a 3 (três) meses. 
Art. 55. Não será concedida ajuda de custo ao servidor que se 
afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de mandato eletivo. 
22 
 
Art. 56. Será concedida ajuda de custo àquele que, não sendo 
servidor da União, for nomeado para cargo em comissão, com 
mudança de domicílio. 
Parágrafo único. No afastamento previsto no inciso I do art. 93, a 
ajuda de custo será paga pelo órgão cessionário, quando cabível. 
Art. 57. O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de custo 
quando, injustificadamente, não se apresentar na nova sede no 
prazo de 30 (trinta) dias. 
 
 
 
Subseção II 
Das Diárias 
Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em caráter 
eventual ou transitório para outro ponto do território nacional ou para 
o exterior, fará jus a passagens e diárias destinadas a indenizar as 
parcelas de despesas extraordinária com pousada, alimentação e 
locomoção urbana, conforme dispuser em regulamento. (Redação 
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) 
§ 1o A diária será concedida por dia de afastamento, sendo devida 
pela metade quando o deslocamento não exigir pernoite fora da 
sede, ou quando a União custear, por meio diverso, as despesas 
extraordinárias cobertas por diárias.(Redação dada pela Lei nº 9.527, 
de 10.12.97) 
§ 2o Nos casos em que o deslocamento da sede constituir exigência 
permanente do cargo, o servidor não fará jus a diárias. 
§ 3o Também não fará jus a diárias o servidor que se deslocar 
dentro da mesma região metropolitana, aglomeração urbana ou 
microrregião, constituídas por municípios limítrofes e regularmente 
instituídas, ou em áreas de controle integrado mantidas com países 
limítrofes, cuja jurisdição e competência dos órgãos, entidades e 
servidores brasileiros considera-se estendida, salvo se houver 
pernoite fora da sede, hipóteses em que as diárias pagas serão 
sempre as fixadas para os afastamentos dentro do território 
nacional. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) 
Art. 59. O servidor que receber diárias e não se afastar da sede, por 
qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las integralmente, no prazo 
de 5 (cinco) dias. 
Parágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar à sede em prazo 
menor do que o previsto para o seu afastamento, restituirá as diárias 
recebidas em excesso, no prazo previsto no caput. 
 Já os militares, obedecem à Medida Provisória 2.215-10, de 31 de agosto de 
2001, no que tange aos seus direitos remuneratórios. O dispositivo estabelece o 
seguinte: 
Art. 2º Além da remuneração prevista no art. 1º desta Medida 
Provisória, os militares têm os seguintes direitos remuneratórios: 
I - observadas as definições do art. 3º desta Medida Provisória: 
a) diária; 
[...] 
c) ajuda de custo; 
[...] 
Art. 3º Para os efeitos desta Medida Provisória, entende-se como: 
23 
 
[...] 
IX - diária - direito pecuniário devido ao militar que se afastar de sua 
sede, em serviço de caráter eventual ou transitório, para outro ponto 
do território nacional, destinado a cobrir as correspondentes 
despesas de pousada, alimentação e locomoção urbana, conforme 
regulamentação; 
[...] 
XI - ajuda de custo - direito pecuniário devido ao militar, pago 
adiantadamente, conforme regulamentação: 
a) para custeio das despesas de locomoção e instalação, exceto as 
de transporte, nas movimentações com mudança de sede; e 
b) por ocasião de transferência para a inatividade remunerada, 
conforme dispuser o regulamento; 
[...] 
QUADRO 2 – Valores de ajudas de custo 
SITUAÇÕES VALOR REPRESENTATIVO FUNDAMENTO 
a 
Militar, com dependente, nas movimentações com 
desligamento da organização militar. 
Duas vezes o valor da remuneração Art. 1º e art. 3º, 
inciso XI, alínea 
"a". 
b 
Militar, com dependente, nas movimentações para 
comissão superior a três e igual ou inferior a seis 
meses, sem desligamento de organização militar. 
Duas vezes o valor da remuneração na 
ida e uma vez na volta. 
c 
Militar, com dependente, nas movimentações para 
comissão superior a quinze dias e igual ou inferior a 
três meses, sem desligamento de organização militar. 
Uma vez o valor da remuneração na ida e 
outra na volta. 
d 
Militar, com dependente, quando transferido para 
Localidade Especial Categoria "A" ou de uma 
Localidade Especial Categoria "A" para qualquer outra 
localidade, nas movimentações com desligamento da 
organização militar. 
Quatro vezes o valor da remuneração. 
e 
Militar, sem dependente, nas situações "a", "b", "c" e 
"d" desta tabela. 
Metade dos valores representativos 
estabelecidos para as situações "a", "b", 
"c", e "d" desta tabela. 
f 
Militar, com ou sem dependente, por ocasião de 
transferência para a inatividade remunerada. 
Oficial – quatro vezes o valor da 
remuneração calculado com base no 
soldo do último posto do círculo 
hierárquico a que pertencer o militar. 
Art. 1º e art. 3º, 
inciso XI, alínea 
"b". 
Praça – quatro vezes o valor da 
remuneração calculado com base no 
soldo de Suboficial. 
Fonte: Anexo IV da Medida Provisória 2.215-10, de 31 de agosto de 2001 
24 
 
 O Decreto 4.307, de 18 de julho de 2002 - alterado pelo Decreto nº 6.907, de 
21 de julho de 2009 - regulamenta a Medida Provisória supracitada e trata o assunto 
da seguinte forma: 
Art. 18. A diária é devida ao militar, por dia de afastamento, quando 
este se der por até três meses, nos seguintes valores e 
situações:(Redação dada pelo Decreto nº 6.907, de 2009). 
I - pelo valor integral: 
a) quando ocorrer o pernoite fora de sua sede; e (Redação dada pelo 
Decreto nº 6.907, de 2009). 
b) se não for fornecido alojamento em OM ou concedida, sem ônus 
para o militar, outra pousada pela União, pelos Estados, pelos 
Municípios ou por instituições públicas ou privadas; 
II - pela metade do valor: 
a) quando o afastamento não exigir pernoite fora de sua sede; 
b) quando for fornecido alojamento em OM ou concedida, sem ônus 
para o militar, outra pousada pela União, pelos Estados, pelos 
Municípios ou por instituições públicas ou privadas; e 
c) no dia do retorno à sua sede. 
§ 1o Nas hipóteses previstas na alínea “b” do inciso I e na alínea “b” 
do inciso II deste artigo, o militar deverá indenizar a alimentação, 
pelo valor da etapa da localidade para a qual se tenha afastado, caso 
seja fornecida por OM. (Incluído pelo Decreto nº 6.907, de 2009). 
§ 2oNa hipótese de afastamento acima de três meses, será devida 
somente a ajuda de custo. (Incluído pelo Decreto nº 6.907, de 2009). 
§ 3o No caso de enquadramento simultâneo em hipótese de diária 
ou ajuda de custo, será devido ao militar o direito pecuniário de 
menor valor.(Incluído pelo Decreto nº 6.907, de 2009). 
Art. 19. Não serão concedidas diárias nas seguintes situações: 
I - quando a alimentação, a pousada e a locomoção urbana forem 
garantidas pela União, pelos Estados, pelos Municípios ou por 
instituições públicas ou privadas, nem quando o afastamento for 
inferior a oito horas consecutivas; 
II - cumulativamente com a ajuda de custo; e 
III - cumulativamente com a gratificação de representação, devida 
com base no parágrafo único do art. 14 deste Decreto. 
Parágrafo único. Nas movimentações com mudança de sede e 
desligamento de OM, não cabe o pagamento de diárias. (Redação 
dada pelo Decreto nº 6.907, de 2009). 
Art. 20. As diárias serão pagas tomando-se como referência o 
horário local da sede do militar, e os seus valores são os 
estabelecidos no Anexo III a este Decreto. (Redação dada pelo 
Decreto nº 6.907, de 2009). 
§ 1o Nos afastamentos com direito à percepção de diária, será 
concedido acréscimo, por localidade de destino, para cobrir as 
despesas de deslocamento até o local de embarque e do 
desembarque ao local de trabalho ou de hospedagem e vice-versa, 
conforme valor fixado no Anexo IV a este Decreto. (Redação dada 
pelo Decreto nº 6.907, de 2009). 
§ 2o O acréscimo de que trata o § 1o não será devido aos militares 
que se utilizarem de veículos oficiais para efetuar o deslocamento até 
o local de embarque e do desembarque ao local de trabalho ou de 
hospedagem e vice-versa. 
25 
 
Art. 21. Serão restituídas pelo militar as diárias recebidas: 
I - na integralidade: quando não se afastar da sede, por qualquer 
motivo; ou 
II - na parcela a maior: na hipótese de o militar retornar à sede, em 
prazo menor do que o previsto para o seu afastamento. 
Parágrafo único. A restituição deverá ser efetivada no prazo máximo 
de cinco dias úteis: 
I - da data fixada para o afastamento, na situação do inciso I 
do caput; ou 
II - do dia de retorno à sede, naquela mencionada no inciso II 
do caput. 
Art. 22. O militar afastado de sua sede, para acompanhar autoridade 
superior, fará jus à diária da respectiva autoridade, desde que 
designado em ato próprio, onde conste a obrigatoriedade de sua 
hospedagem no mesmo local daquela autoridade. 
Art. 22-A. As despesas com diárias dos militares integrantes de 
comitivas oficiais do Presidente da República, do Vice-Presidente da 
República e dos Ministros de Estado, no País, correrão à conta dos 
recursos orçamentários consignados à Presidência da República e 
seus órgãos, à Vice-Presidência da República e aos 
Ministérios. (Redação dada pelo Decreto nº 6.907, de 2009). 
[...] 
 
ANEXO III 
(Anexo III ao Decreto nº 4.307, de 18 de julho de 2002.) 
QUADRO 3 – Valor da Indenização de Diárias aos Militares, no País 
CÍRCULO/POSTO/GRADUAÇÃO 
Deslocamentos 
para Brasília 
Manaus/Rio de 
Janeiro 
Deslocamentos para 
Belo 
Horizonte/Fortaleza/ 
Porto Alegre/Recife/ 
Salvador/São Paulo 
Deslocamentos 
para outras 
capitais de 
Estados 
Demais 
deslocamentos 
A) Comandantes da Marinha, Exército e 
Aeronáutica, cargos de Natureza 
Especial 
406,70 386,37 364,00 321,29 
B) Oficiais-Generais 321,10 304,20 287,30 253,50 
C) Oficiais-Superiores 267,90 253,80 239,70 211,50 
D) Oficiais-Intermediários, Oficiais 
Subalternos, Guardas-Marinha e 
Aspirante a Oficial 
224,20 212,40 200,60 177,00 
E) Suboficiais, Subtenentes, Sargentos, 
Aspirantes e Cadetes 224,20 212,40 200,60 177,00 
F) Alunos do Centro de Formação de 
Oficiais da Aeronáutica, de órgão de 
preparação de oficiais de reserva, 
alunos do Colégio Naval e das escolas 
preparatórias de cadetes 
186,20 176,40 166,60 147,00 
G) Demais Praças e Praças Especiais 186,20 176,40 166,60 147,00 
Fonte: Decreto 4.307, de 18 de julho de 2002 
 
26 
 
Seção III 
Da Ajuda de Custo 
Art. 55. A ajuda de custo, paga adiantadamente, é devida ao militar: 
I - para custeio das despesas de locomoção e instalação, exceto as 
de transporte, nas movimentações com mudança de sede; ou 
II - por ocasião de transferência para a inatividade remunerada. 
Parágrafo único. Fará jus à ajuda de custo, de que trata o inciso I 
deste artigo, também, o militar deslocado com a OM que tenha sido 
transferida de sede, desde que, com isso, seja obrigado a mudar de 
residência. 
Art. 56. Para efeito do cálculo do seu valor, determinação do 
exercício financeiro e constatação de dependentes, tomar-se-á como 
base a data do ajuste de contas do militar beneficiado com a 
concessão da ajuda de custo. 
Art. 57. Não terá direito à ajuda de custo o militar: 
I - movimentado por: 
a) interesse próprio; 
b) operação de guerra; ou 
c) manutenção da ordem pública; 
II - por ocasião do regresso à OM de origem, quando desligado de 
curso ou escola por falta de aproveitamento ou trancamento 
voluntário de matrícula. 
Art. 58. O militar restituirá o valor recebido em espécie como ajuda 
de custo, quando deixar de seguir destino: 
I - em cumprimento de ordem superior; 
II - por motivo outro independente de sua vontade, acatado pela 
autoridade competente; ou 
III - por interesse próprio. 
Parágrafo único. A restituição será previamente comunicada ao 
militar. 
Art. 59. Nas restituições de que trata o art. 58, aplicam-se as 
disposições do art. 40 deste Decreto. 
§ 1o Nas hipóteses dos incisos I e II do art. 58, do valor a ser 
restituído serão descontadas as despesas que, comprovadamente, 
tiverem sido efetuadas com o objetivo do transporte. 
§ 2o Na hipótese do inciso III do art. 58, o valor recebido em espécie 
será restituído, integralmente, em parcela única. 
§ 3o Na restituição citada neste artigo, será observada a legislação 
que trata de atualização dos débitos com a Fazenda Nacional. 
Art. 60. Ocorrendo a movimentação de militares cônjuges ou 
companheiros estáveis, por interesse do serviço ou ex officio, para 
uma mesma sede, será devida ajuda de custo somente a um dos 
militares, com base na maior remuneração, sendo o outro 
considerado seu dependente. 
 As totalidades das fases ou módulos das missões realizadas ou a serem 
realizadas pelo militar, cuja retribuição seja por meio de Ajuda de Custo, são 
chamadas de comissão, conforme disciplina o § 2º do item V do art. 3º da Portaria 
785/CG6, de 18 de agosto de 2009. Essa comissão tem como critérios os requisitos 
os seguintes: 
27 
 
a) Exigência de que, pelo menos, uma de suas fases ou módulos seja superior a 15 
dias ininterruptos e que a duração total não ultrapasse seis meses (180 dias); e 
b) todas as fases e módulos devem ter a mesma natureza e característica, 
constituindo etapas de uma mesma atividade ou tarefa atribuída ao militar (§ 3º do 
dispositivo em voga). 
 Por conseguinte, intitula-se comissionamento o total de missões a serem 
realizados por um militar, cujo direito pecuniário a ser recebido é a ajuda de custo, 
nos termos do disposto acima. 
5 METODOLOGIA 
 A economicidade aplicada aos gastos públicos é tema nobre para qualquer 
estudo na área da Contabilidade Pública, apesar de muito escassos na literatura 
especializada. Estudar a economicidade na prática torna-se então ainda mais 
relevante para aferir a eficiência do ordenador de despesa pública no exercício de 
sua função de servidor, no sentido mais literal que tal vocábulo possa exprimir. 
Assim, certamente é um grande desafio discorrer sobre tema tão pouco 
aprofundado, o que o torna de grande interesse para o pesquisador, que buscou 
analisá-lo sob a instigante ótica desse ramo da Contabilidade, considerando todas 
as suas variáveis, conforme descrito nos métodosabaixo. 
 Esta pesquisa, de acordo com o que ensina Prodanov, Freitas (2013; p. 155) 
é classificada como Monografia, pois é “resultante de investigação científica que se 
caracteriza pela abordagem de um tema único, específico, com a finalidade de 
apresentar uma contribuição importante, original e pessoal à ciência”, apresentada 
como trabalho de conclusão de curso de graduação em Ciências Contábeis. Já os 
procedimentos aqui utilizados classificam-na como pesquisa bibliográfica, 
documental, quantitativa, análise comparativa e estudo de caso. 
 A classificação em pesquisa bibliográfica se dá pelo levantamento efetuado 
na literatura contábil e jurídica acerca do tema em estudo, utilizando, como 
complemento, doutrinas das áreas da administração e economia. Ressalta-se que o 
objeto em estudo – a economicidade – é tema comum em diversas áreas do 
conhecimento, todavia, buscou-se aqui aprofundá-lo sob a perspectiva da 
28 
 
contabilidade pública e inevitavelmente no campo jurídico, devido ao princípio 
fundamental da Administração Pública: o princípio da legalidade. Conforme aborda 
Fachin (2006; p. 120) a “pesquisa bibliográfica, em termos genéricos, é um conjunto 
de conhecimentos reunidos em obras de toda natureza. Tem como finalidade 
conduzir o leitor à pesquisa de determinado assunto, proporcionando o saber. [...] é 
a base para as demais pesquisas”. Barros, Lehfeld (2007; p. 30) assevera que “o 
levantamento e a seleção de uma bibliografia concernente é pré-requisito 
indispensável para a construção e demonstração das características do objeto de 
estudo”. 
 Não obstante, este trabalho classifica-se como pesquisa documental, pois 
houve a necessidade de buscar e analisar todos os documentos que autorizaram os 
deslocamentos do efetivo do Esquadrão Onça no ano de 2013, os valores dos 
pagamentos de diárias e ajudas de custo no Portal da Transparência e nos boletins 
internos da Organização Militar, assim como a legislação pertinente ao tema em 
análise. Consoante a Fachin (op. cit.; p. 146). “A pesquisa documental corresponde 
a toda informação coletada, seja de forma oral, escrita ou visualizada. Ela consiste 
na coleta, classificação, seleção difusa e utilização de toda a espécie de 
informações, compreendendo também as técnicas e os métodos que facilitam a sua 
busca e a sua identificação.” 
 É classificado também como pesquisa quantitativa, pois houve o 
levantamento do número de missões, número de diárias e respectivos valores pagos 
em diárias e em ajuda de custo no ano em análise. 
A pesquisa quantitativa considera tudo o que pode ser quantificável, 
o que significa traduzir em números, opiniões e informações para 
classificá-las e analisá-las. Requer o uso de recursos e de técnicas 
estatísticas (percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão, 
coeficiente de correlação, análise de regressão, etc). PRODANOV, 
FREITAS (op. cit.; p. 70) 
 Para se conseguir atingir o objetivo desta pesquisa, houve ainda a análise 
comparativa das informações coletadas no estudo de caso realizado. Comparou-se 
o valor total das ajudas de custo pagas à amostra em estudo no ano de 2013 pelo 
Esquadrão Onça com os gastos estimados, se o pagamento fosse realizado apenas 
com despesas de diárias, a fim de se verificar qual das formas de pagamento 
apresenta maior economicidade. 
29 
 
 Finalmente, podemos classificar este trabalho como um estudo de caso, “por 
ser um estudo intensivo. [...] levando-se em consideração, principalmente, a 
compreensão, como um todo, do assunto investigado” FACHIN (op. cit; p. 45). 
Convergente é a definição de Beuren (2004; p. 84) apud Prodanov, Freitas (op. cit; 
p. 70) “a pesquisa do tipo estudo de caso caracteriza-se principalmente pelo estudo 
concentrado de um único caso. Este estudo é preferido pelos pesquisadores que 
desejam aprofundar seus conhecimentos a respeito de determinado caso 
específico.” 
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES 
Ao estudar na prática o princípio da economicidade, esta pesquisa constatou 
a extrema relevância do tema, algo que, em escala nacional, congrega de modo 
direto os esforços para o desenvolvimento sustentável do nosso país. A economia 
nos gastos do dinheiro público é certamente um dos aspectos mais relevantes e um 
dos caminhos que o Brasil deve inevitavelmente trilhar para deixar de ser uma nação 
em desenvolvimento e alcançar o patamar seguinte. Todavia, tal vereda começa 
com mudança cultural dos brasileiros e com a conscientização de que o bem público 
é de todos nós (e não de ninguém, conforme vemos impregnado na nossa cultura). 
Independentemente da classe social ou nível de instrução, poucos são aqueles que 
se preocupam em economizar e cuidar do que é coletivo. Atitudes pequenas e 
individuais – no entanto, igualmente repreensíveis, como qualquer desvio de 
conduta, a exemplo de jogar lixo no chão ou passar por uma torneira aberta num 
parque público e não fechá-la – demonstram que ainda temos muito o que evoluir 
nesse sentido. Por conseguinte, avulta-se sobremaneira a economicidade nos 
gastos públicos, dada a sua importância para o desenvolvimento nacional, ainda 
mais quando consideramos o tamanho da máquina pública e o leque de serviços 
prestados pelo Estado brasileiro aos seus cidadãos. 
 Conforme já abordado anteriormente, a ideia de se estudar a economicidade 
na prática surgiu de uma curiosidade pessoal do pesquisador durante o 
desenvolvimento de suas atividades laborais. No órgão em análise, grande 
burocracia foi criada para se atender ao princípio da economicidade, todavia, sem 
ferramentas que o permitam a mensuração efetiva do quanto está se economizando 
30 
 
com as atividades realizadas. Por isso, a necessidade de se estudar os pagamentos 
efetuados no ano de 2013, pelo Esquadrão Onça, a fim de se constatar, e caso 
encontrada, quantificar a economia gerada pelo modelo de pagamento adotado na 
Portaria 785/CG6, de 18 de agosto de 2009. 
 Para melhor entendimento dos resultados encontrados, faz-se mister a 
divisão do conteúdo em três partes, conforme seguem, tendo, essa divisão, o 
objetivo de melhor elucidar a conclusão da pesquisa. Por conseguinte, abordam-se 
as características e a atividade fim da Organização em estudo, em subsequência, o 
processo administrativo para concessão das ajudas de custo no Esquadrão Onça e, 
finalmente, revela-se a economia alcançada pela Unidade nos pagamentos 
realizados no ano de 2013. 
6.1 O 1º/15º GRUPO DE AVIAÇÃO – ESQUADRÃO ONÇA 
 O Primeiro Esquadrão do Décimo Quinto Grupo de Aviação (1º/15º GAV), o 
Esquadrão Onça, é uma Unidade de transporte aeroterrestre e aéreo-lógístico da 
Força Aérea Brasileira, ou seja, transporta tropas militares e cargas em apoio ao 
Ministério da Defesa e demais órgão civis públicos ou de caráter público no território 
brasileiro e eventualmente no exterior. Além disso, o Esquadrão realiza missões de 
infiltração e exfiltração aeromédica, em caráter de pronto-emprego a qualquer hora 
do dia ou da noite, permanentemente. Para o cumprimento dessa missão, o 1º/15º 
GAV conta com um número de 79 militares, dos quais 25 pertencem às áreas de 
apoio (administrativas) e 54 são aeronavegantes (os tripulantes das aeronaves: 
pilotos, mecânicos e mestres de carga), 02 aeronaves modelo C-105 Amazonas, 
utilizadas para transporte de carga e tropa em território nacional ou no exterior e 01 
aeronave C-98 Grand-Caravan, utilizada para transporte apenas de passageiros, em 
território nacional. 
 Devido a sua atividade permanente, os planejamentos de missões a serem 
cumpridas pelo Esquadrão não se limitam a um ano, podendo, tal planejamento, 
ultrapassar até dois anos, conforme necessidade operacional da Unidade. Por isso, 
para restringir o objeto em estudo ao ano de 2013, foram analisadas somente as 
Ajudas de Custo completas, pagas no decorrer desse ano, em conformidade com o 
princípio contábilda competência. 
31 
 
6.2 PROCESSO ADMINISTRATIVO DE GESTÃO PARA CONCESSÃO DE 
AJUDAS DE CUSTO 
 Para que seja concedido ao militar o pagamento da ajuda de custo, o 
Esquadrão deve efetuar o planejamento das missões a serem realizadas, 
apresentando-o em planilha eletrônica. A Unidade Aérea envia esse planejamento a 
seu órgão superior – a Quinta Força Aérea (V FAE) – solicitando autorização para 
abertura dos comissionamentos necessários para a realização das missões a serem 
cumpridas pelo Esquadrão. Por sua vez, a V FAE, coordenando as demais Unidades 
à sua subordinação operacional, envia tal planejamento para o Comando de 
Operações Aéreas (COMGAR), que tem a delegação do Comandante da 
Aeronáutica para autorizar os dispêndios solicitados para o cumprimento de missões 
operacionais. Após a Unidade Aérea receber tal autorização, é montado um 
Processo Administrativo de Gestão (PAG), no qual constam: 
a) O pedido de abertura do comissionamento ao órgão superior, com respectiva 
planilha de previsão das missões a serem executadas; 
b) A autorização recebida do COMGAR, via V FAE, para a abertura do 
comissionamento solicitado; 
c) Portaria de abertura do comissionamento, assinada pelo Comandante da Base 
Aérea de Campo Grande, à qual o Esquadrão Onça é administrativamente 
subordinado; 
d) Item de publicação da Portaria, publicado em sistema interno de Boletins do 
Comando da Aeronáutica; 
e) Planilha comparativa entre ajuda de custo e diária, conforme anexo XXI; e 
f) Item de publicação da concessão da ajuda de custo, pela ida, ao militar que irá 
realizar as missões, publicado em sistema interno de Boletins do Comando da 
Aeronáutica. 
 Após o trâmite, esse PAG é arquivado na Seção de Pessoal da Unidade a 
qual o militar pertence para fins de controle, e o militar recebe a primeira parcela da 
sua ajuda de custo a que faz jus, nos moldes do Anexo IV da MP 2.215/01. 
32 
 
 Aberto o comissionamento, a Seção de Comando do Esquadrão controla a 
realização das missões, contabilizando-as em planilha eletrônica, até que o valor 
correpondente às diárias ultrapasse a remuneração a que o militar tem direito, 
conforme descrito na tabela de Ajuda de Custo, constante do anexo supracitado. 
Todavia, nem todas as missões realizadas pelo militar serão contabilizadas nessa 
modalidade de pagamento. Por solicitação de órgão superior, o militar comissionado 
pode realizar algumas missões recebendo diárias, conforme prevê o art. 5º da 
Portaria 785/CG6/09, devendo ser, o valor utilizado para o pagamento dessas 
diárias, custeados com recursos alocados ao órgão superior solicitante, o que não 
implica no recebimento em duplicidade pelo trabalho realizado (ajuda de custo mais 
diária), caso esse vedado expressamente pela legislação vigente. O que ocorre é 
que, por vezes, há o “congelamento” do comissionamento aberto, para que, durante 
certo período, haja a execução dos créditos recebidos para o pagamento de diárias, 
assim, todas as missões pagas com recursos alocados para diárias não serão 
contabilizadas no comissionamento do militar, evitando-se a percepção cumulativa 
de indenizações por uma mesma missão (bis in idem). Quando ocorre a diminuição 
no saldo desse crédito, as missões voltam a ser contabilizadas no comissionamento. 
 O comissionamento do militar, além dos parâmetros expressamente previstos 
na legislação, é limitado implicitamente pelo número máximo de dias que cada 
profissional pode cumprir fora de sede, de acordo com a sua remuneração. Nesse 
caso, os militares de graduações e postos mais altos (aqueles que recebem maiores 
remunerações) podem passar mais dias fora de sede com um único 
comissionamento, visto que sua remuneração assim o permite. A título de exemplo 
acompanhe os cálculos abaixo, referente a um militar componente da amostra 
estudada: 
 Em 2013, um 1º Tenente recebia uma remuneração (bruta) de R$ 8.160,85. 
Caso o militar não tivesse dependente e cumprisse todas as missões em localidades 
classificadas como “Demais deslocamentos” no anexo III do Decreto 4.307/02, faria 
jus ao menor valor de diária, correspondente a R$ 177,00; assim, passaria o número 
máximo de 46 dias fora de sede. Por outro lado, caso todas as missões fossem 
cumpridas em localidade classificadas na maior faixa de diárias (Brasília, Manaus ou 
Rio de Janeiro), faria jus ao valor correspondente a R$ 224,20 por dia e deveria 
passar no máximo 36 dias fora de sede. Efetuando-se a média dos valores de 
33 
 
diárias referentes às localidades nas quais o militar poderia ter realizado as missões 
previstas, temos como resultado 40 dias fora de sede, conforme cálculo abaixo: 
N = R / X das diárias 
Onde: 
N: Número máximo de dias fora de sede; 
R: Remuneração do militar; 
X das diárias: Média aritmética dos valores de diárias da tabela constante do anexo 
III do Decreto 4.307/02. 
Portanto, no caso em estudo, temos: 
N = R / X 
N = R$ 8.160,85 / [ (224,20 + 212,40 + 200,60 + 177,00) / 4 ] 
N = 40 dias 
 No entanto, caso o militar possuísse dependente, esse cálculo deveria ser 
feito com o valor dobrado da remuneração, conforme Tabela I do Anexo IV da 
Medida Provisória 2.215/01. Dessa forma, princípio da economicidade é atendido 
quando o valor das diárias correspondentes às missões realizadas pelo militar 
ultrapassa o valor de sua remuneração – somando-se os direitos pecuniários 
devidos no início e no término do comissionamento. No caso acima, considerando 
que o militar não possui dependente, receberia a metade da remuneração no início 
do comissionamento e o restante no seu término. O número de dias fora de sede 
poderia variar entre 36 e 46 dias, conforme demonstrado. 
6.3 ANÁLISE DOS PAGAMENTOS DE AJUDA DE CUSTO 
 Para se analisar os gastos com pagamentos de ajuda de custo em 
substituição aos de diárias realizados durante o ano de 2013 ao efetivo do 
Esquadrão Onça, foram verificados todos os comissionamentos iniciados e 
terminados naquele ano, de um total de 53 militares. Constatou-se que, desse total, 
30% se enquadraram no objetivo dessa pesquisa, ou seja, 16 militares, enquadrados 
na letra “E” do Quadro 3, receberam ajudas de custo completas – por início e 
término do comissionamento – no ano estudado. Assim, os que perceberam os 
34 
 
direitos pecuniários no ano de 2013, mas iniciaram seus comissionamentos no ano 
anterior ou os que terminariam no ano seguinte, foram excluídos da amostra, por 
força do princípio contábil da competência, pois tais valores se referem a missões 
realizadas em 2012 ou que seriam realizadas em 2014, respectivamente. A tabela 
constante do anexo II ilustra as ajudas de custo completas pagas no ano de 2013 
pelo Esquadrão Onça à amostra encontrada. 
6.3.1 ANÁLISE DOS PAGAMENTOS DE DIÁRIAS 
 Para se comparar os gastos realizados com ajuda de custo com os gastos 
apresentados se o pagamento fosse realizado apenas com despesas de diárias, foi 
necessária a busca de todos os documentos que autorizaram os deslocamentos 
realizados por cada profissional, com fito de se identificarem as missões pagas com 
diárias e aquelas pagas com ajudas de custo a cada um, o que originou a tabela do 
anexo I, que demonstra todas as missões realizadas pelo Esquadrão Onça no ano 
de 2013, discriminando a tripulação componente de cada missão, o local de destino, 
data da saída, data do retorno, a Ordem de Serviço (OS) ou a Ordem de Missão 
(OM) que autorizou o deslocamento do militar. As missões pagas com ajudas de 
custo estão com os valores zerados na tabela, já os valores das diárias recebidas 
foram lançados. 
 Constatou-se que as missões autorizadas com OM são aquelas chamadas de 
missões orgânicas do Esquadrão. Em suma, são missões rotineiras, cuja realização 
faz parte da missão institucional da organização. As OM designam os tripulantes de 
cada aeronave, quando da realização de uma missão;

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