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O acento grave empregado nas locuções adverbiais, conjuntivas e prepositivas não provém de uma relação regencial, mas sim do fato de essas locuções virem precedidas de preposições que, comumente, possuem algum valor semântico. Desta feita diferencia-se através do acento grave os significados dos dois períodos abaixo: A noite chegou a nossa fazenda. ("a noite" é sujeito) À noite ele chegou a nossa fazenda. ("à noite" é locução adverbial de tempo) Publicamos outro dia nesta coluna: “Não há crase antes de palavra masculina”. Entre os comentários recebidos estava uma crítica de um leitor. Veja: “Acredito que há exceção a esta regra, tanto no que se refere a expressões que denotam modo/moda (Filé à Osvaldo Aranha) quanto no uso do pronome demonstrativo “aquele” com verbo que peçam a preposição “a” (Dedicou-se àquele amor por toda a vida).” Os exemplos analisados pelo leitor estão corretíssimos. Devemos usar o acento da crase nos dois casos. Quando dizemos que não há crase antes de palavras masculinas, estamos fazendo referência ao caso mais frequente da crase (preposição “a” + artigo definido feminino “a”). Antes de palavra masculina, é impossível haver o artigo definido feminino: “Andar a pé”; “Vender a prazo”; “Falar a respeito disso”. Não devemos confundir uma “dica” com regras. Os dois exemplos citados pelo leitor não são exceções. São apenas casos diferentes. “...eis‐me em frente à loja do sebo...". --> "Em frente a" é locução prepositiva, haverá crase quando houver especificação, como no caso da questão. Quando o termo posterior à locução em questão não estiver especificado, não haverá o uso da crase. A distância ou à distância? Na expressão “a distância”, ora o “a” receberá sinal indicador de crase ora surgirá sem. Veja quais são as condições para o emprego ou o não emprego da crase: Se “distância” estiver especificada, a crase será empregada: Ela estava à distância de 100 metros do ponto de táxi. [Distância está especificada (de 100 m) = crase] O ensino a distância não para de crescer. [Distância não está sendo especificada = sem crase] Observe: a forma verbal “para”, do verbo “parar”, foi empregada sem acento agudo, conforme o Novo Acordo Ortográfico: não se usa mais acento para diferenciar os pares: pára/para – pólo/polo – pêlo/pelo. Agora todas essas formas não têm acento agudo! Realmente, em regra, não cabe crase quando o termo regido é masculino, a única exceção é quando são variantes de "à moda de" ou "à maneira de". Bife a cavalo não tem crase pois não é "à moda do cavalo". Assim como frango a passarinho Em visita ao Rio, fomos à Copacabana da Bossa Nova. Quando o local vem determinado, a crase é obrigatória. De acordo com a Gramática da Língua Portuguesa, devemos utilizar o acento grave (crase) como indicativo de horas. Veja os exemplos: Retornaremos às 14h. Às sete horas inicia o meu plantão. Conto com você hoje às 20:30h. Exceções da regra: quando NÃO usar o acento grave no indicativo de horas: Há cinco preposições que não permitem a utilização de crase para a indicação de horas: "até", "após", "desde", "entre" e "para". Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) Veja os exemplos: Retornarei após as 17h. O passeio está marcado para as 8h. Estou esperando desde as 15h30. Sairemos de São Paulo entre as 14h e as 18h. O supermercado fica aberto até as 22h. Não há crase antes de pronome de tratamento. Acresce dizer que, por exceção, há três pronomes de tratamento que admitem artigo – e, por consequência, crase – antes de si: senhora, senhorita e dona. Exs.: I) "Dirigiu-se à senhora Fontes com todo o respeito"; II) "Meus respeitos à senhorita Fontes"; III) "Meus respeitos à dona Valquíria Fontes".
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