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Ementa e Acórdão 08/04/2015 PLENÁRIO AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 5.163 GOIÁS RELATOR : MIN. LUIZ FUX REQTE.(S) :PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA INTDO.(A/S) :GOVERNADOR DO ESTADO DE GOIÁS ADV.(A/S) :SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS INTDO.(A/S) :ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE GOIÁS ADV.(A/S) :SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS AM. CURIAE. :ASSOCIAÇÃO DE CABOS E SOLDADOS DA PM E BM DO ESTADO DE GOIÁS - ACS/PM/BM - GO ADV.(A/S) :ANA CAROLINE DE OLIVEIRA FERREIRA AM. CURIAE. :ASSOCIAÇÃO DOS SUBTENENTES E SARGENTOS DA PM E BM DO ESTADO DE GOIÁS - ASSEGO ADV.(A/S) :ANA CAROLINE DE OLIVEIRA FERREIRA EMENTA: CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI Nº 17.882/2012 DO ESTADO DE GOIÁS. SERVIÇO DE INTERESSE MILITAR VOLUNTÁRIO (SIMVE). INOBSERVÂNCIA DA REGRA CONSTITUCIONAL IMPOSITIVA DO CONCURSO PÚBLICO. VIOLAÇÃO AOS ART. 37, II, E 144, § 5°, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. PREVISÃO GENÉRICA E ABRANGENTE DE CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA: OFENSA AOS ARTS. 37, II, IX, E 144, CAPUT, DA CRFB/88. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL. LEI ESTADUAL QUE CONTRARIA NORMAS GERAIS EDITADAS PELA UNIÃO. AÇÃO JULGADA PROCEDENTE. 1. O postulado do concurso público traduz-se na necessidade essencial de o Estado conferir efetividade a diversos princípios constitucionais, corolários do merit system, dentre eles o de que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza (CRFB/88, art. 5º, caput). 2. A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, conquanto instituições públicas, pressupõem o ingresso na carreira por meio de concurso público Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354506. Supremo Tribunal FederalSupremo Tribunal Federal Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 80 Ementa e Acórdão ADI 5163 / GO (CRFB/88, art. 37, II), ressalvadas as funções administrativas para trabalhos voluntários (Lei nº 10.029/2000), restando inconstitucional qualquer outra forma divergente de provimento. 3. À luz do conteúdo jurídico do art. 37, inciso IX, da Constituição da República e da jurisprudência firmada por esta Suprema Corte em sede de Repercussão Geral (RE 658.026, Relator Min. Dias Toffoli, Tribunal Pleno, DJe 31.10.2014), a contratação temporária reclama os seguintes requisitos para sua validade: (i) os casos excepcionais devem estar previstos em lei; (ii) o prazo de contratação precisa ser predeterminado; (iii) a necessidade deve ser temporária; (iv) o interesse público deve ser excepcional; (iv) a necessidade de contratação há de ser indispensável, sendo vedada a contratação para os serviços ordinários permanentes do Estado, e que devam estar sob o espectro das contingências normais da Administração, mormente na ausência de uma necessidade temporária. 4. No caso sub examine, não há qualquer evidência de necessidade provisória que legitime a contratação de policiais temporários para o munus da segurança pública, mercê de a lei revelar-se abrangente, não respeitando os pressupostos básicos de norma que almeja justificar a sua excepcionalidade frente à regra da Carta Magna (CRFB/88, art. 37, II e IX). 5. A competência legislativa concorrente entre a União e os Estados- membros (CRFB/88, art. 24), nos casos em que cabe àquela estabelecer normas gerais (§ 1º) e a estes normas suplementares (§ 2º), submete-se ao exame de constitucionalidade em sede de fiscalização normativa abstrata quando configurada inconstitucionalidade direta, imediata e frontal. Precedentes do Plenário:; ADI 1366 AgR, Rel. Min. Celso de Mello, Tribunal Pleno, DJe 20-09-2012; ADI 2656/SP, Rel. Min. Maurício Corrêa, Tribunal Pleno, DJ 01.08.2003; ADI 311 MC, Rel. Min. Carlos Velloso, Tribunal Pleno, DJ 14-09-1990. 6. É que afronta o texto maior lei estadual que regule fora das peculiaridades locais e de sua competência suplementar, atentando contra as normas gerais de competência da União em manifesta usurpação de competência (CRFB/88, arts. 22, XXI, e 24, § 2º). 7. É inconstitucional, por vício formal, lei estadual que inaugura 2 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354506. Supremo Tribunal Federal ADI 5163 / GO (CRFB/88, art. 37, II), ressalvadas as funções administrativas para trabalhos voluntários (Lei nº 10.029/2000), restando inconstitucional qualquer outra forma divergente de provimento. 3. À luz do conteúdo jurídico do art. 37, inciso IX, da Constituição da República e da jurisprudência firmada por esta Suprema Corte em sede de Repercussão Geral (RE 658.026, Relator Min. Dias Toffoli, Tribunal Pleno, DJe 31.10.2014), a contratação temporária reclama os seguintes requisitos para sua validade: (i) os casos excepcionais devem estar previstos em lei; (ii) o prazo de contratação precisa ser predeterminado; (iii) a necessidade deve ser temporária; (iv) o interesse público deve ser excepcional; (iv) a necessidade de contratação há de ser indispensável, sendo vedada a contratação para os serviços ordinários permanentes do Estado, e que devam estar sob o espectro das contingências normais da Administração, mormente na ausência de uma necessidade temporária. 4. No caso sub examine, não há qualquer evidência de necessidade provisória que legitime a contratação de policiais temporários para o munus da segurança pública, mercê de a lei revelar-se abrangente, não respeitando os pressupostos básicos de norma que almeja justificar a sua excepcionalidade frente à regra da Carta Magna (CRFB/88, art. 37, II e IX). 5. A competência legislativa concorrente entre a União e os Estados- membros (CRFB/88, art. 24), nos casos em que cabe àquela estabelecer normas gerais (§ 1º) e a estes normas suplementares (§ 2º), submete-se ao exame de constitucionalidade em sede de fiscalização normativa abstrata quando configurada inconstitucionalidade direta, imediata e frontal. Precedentes do Plenário:; ADI 1366 AgR, Rel. Min. Celso de Mello, Tribunal Pleno, DJe 20-09-2012; ADI 2656/SP, Rel. Min. Maurício Corrêa, Tribunal Pleno, DJ 01.08.2003; ADI 311 MC, Rel. Min. Carlos Velloso, Tribunal Pleno, DJ 14-09-1990. 6. É que afronta o texto maior lei estadual que regule fora das peculiaridades locais e de sua competência suplementar, atentando contra as normas gerais de competência da União em manifesta usurpação de competência (CRFB/88, arts. 22, XXI, e 24, § 2º). 7. É inconstitucional, por vício formal, lei estadual que inaugura 2 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354506. Inteiro Teor do Acórdão - Página 2 de 80 Ementa e Acórdão ADI 5163 / GO relação jurídica contraposta à legislação federal que regula normas gerais sobre o tema, substituindo os critérios mínimos estabelecidos pela norma competente. 8. In casu, a Lei nº 17.882, de 27 de dezembro de 2012, do Estado do Goiás, ao instituir o Serviço de Interesse Militar VoluntárioEstadual (SIMVE) na Polícia Militar e no Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás, instituiu uma classe de policiais temporários, cujos integrantes, sem o indispensável concurso público de provas e títulos, passam a ocupar, após seleção interna, função de natureza policial militar de maneira evidentemente inconstitucional. 9. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente. 10. Proposta a modulação temporal pelo Relator, não se obteve, no Plenário, o quorum necessário para a sua aprovação. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência do Senhor Ministro Ricardo Lewandowski, na conformidade da ata de julgamentos e das notas taquigráficas, por unanimidade e nos termos do voto do Ministro Luiz Fux (Relator), em julgar procedente o pedido formulado na ação, para declarar a inconstitucionalidade formal e material da Lei nº 17.882, de 27 de dezembro de 2012, da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás. Após o voto do Relator, que modulava a decisão para que lhe fosse dada eficácia a partir de novembro de 2015, no que foi acompanhado pela maioria, exceto pelo Ministro Marco Aurélio, que não modulava, e pela Ministra Cármen Lúcia, que modulava apenas para que outras forças fossem convocadas, de imediato, pelo Estado de Goiás, até no máximo o mês de novembro de 2015, com a nomeação dos concursados, o Tribunal, sob a presidência da Ministra Cármen Lúcia, vencido o Ministro Marco Aurélio, decidiu suspender o julgamento para aguardar o voto do Ministro Ricardo Lewandowski (Presidente). Colhido o voto do Ministro Ricardo Lewandowski (Presidente), que acompanhou 3 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354506. Supremo Tribunal Federal ADI 5163 / GO relação jurídica contraposta à legislação federal que regula normas gerais sobre o tema, substituindo os critérios mínimos estabelecidos pela norma competente. 8. In casu, a Lei nº 17.882, de 27 de dezembro de 2012, do Estado do Goiás, ao instituir o Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual (SIMVE) na Polícia Militar e no Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás, instituiu uma classe de policiais temporários, cujos integrantes, sem o indispensável concurso público de provas e títulos, passam a ocupar, após seleção interna, função de natureza policial militar de maneira evidentemente inconstitucional. 9. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente. 10. Proposta a modulação temporal pelo Relator, não se obteve, no Plenário, o quorum necessário para a sua aprovação. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência do Senhor Ministro Ricardo Lewandowski, na conformidade da ata de julgamentos e das notas taquigráficas, por unanimidade e nos termos do voto do Ministro Luiz Fux (Relator), em julgar procedente o pedido formulado na ação, para declarar a inconstitucionalidade formal e material da Lei nº 17.882, de 27 de dezembro de 2012, da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás. Após o voto do Relator, que modulava a decisão para que lhe fosse dada eficácia a partir de novembro de 2015, no que foi acompanhado pela maioria, exceto pelo Ministro Marco Aurélio, que não modulava, e pela Ministra Cármen Lúcia, que modulava apenas para que outras forças fossem convocadas, de imediato, pelo Estado de Goiás, até no máximo o mês de novembro de 2015, com a nomeação dos concursados, o Tribunal, sob a presidência da Ministra Cármen Lúcia, vencido o Ministro Marco Aurélio, decidiu suspender o julgamento para aguardar o voto do Ministro Ricardo Lewandowski (Presidente). Colhido o voto do Ministro Ricardo Lewandowski (Presidente), que acompanhou 3 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354506. Inteiro Teor do Acórdão - Página 3 de 80 Ementa e Acórdão ADI 5163 / GO a Ministra Cármen Lúcia no sentido de que outras forças fossem convocadas de imediato, pelo Estado de Goiás, até no máximo o mês de novembro de 2015, com a nomeação dos concursados, não foi atingido o quorum para modulação dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade. Brasília, 8 de abril de 2015. Ministro LUIZ FUX – Relator Documento assinado digitalmente 4 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354506. Supremo Tribunal Federal ADI 5163 / GO a Ministra Cármen Lúcia no sentido de que outras forças fossem convocadas de imediato, pelo Estado de Goiás, até no máximo o mês de novembro de 2015, com a nomeação dos concursados, não foi atingido o quorum para modulação dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade. Brasília, 8 de abril de 2015. Ministro LUIZ FUX – Relator Documento assinado digitalmente 4 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354506. Inteiro Teor do Acórdão - Página 4 de 80 Relatório 26/03/2015 PLENÁRIO AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 5.163 GOIÁS RELATOR : MIN. LUIZ FUX REQTE.(S) :PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA INTDO.(A/S) :GOVERNADOR DO ESTADO DE GOIÁS ADV.(A/S) :SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS INTDO.(A/S) :ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE GOIÁS ADV.(A/S) :SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS AM. CURIAE. :ASSOCIAÇÃO DE CABOS E SOLDADOS DA PM E BM DO ESTADO DE GOIÁS - ACS/PM/BM - GO ADV.(A/S) :ANA CAROLINE DE OLIVEIRA FERREIRA AM. CURIAE. :ASSOCIAÇÃO DOS SUBTENENTES E SARGENTOS DA PM E BM DO ESTADO DE GOIÁS - ASSEGO ADV.(A/S) :ANA CAROLINE DE OLIVEIRA FERREIRA R E L A T Ó R I O O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): Cuidam os autos de Ação Direta de Inconstitucionalidade, aparelhada com pedido de medida liminar, ajuizada pelo i. Procurador-Geral da República, tendo por objeto a Lei Estadual nº 17.882, de 27 de dezembro de 2012, da lavra da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, impugnada em face dos artigos 22, inciso XXI, 37, incisos II e IX, e 144, caput, e § 5º, todos da Constituição da República. Impõe-se, para melhor exame, reproduzir in totum a lei acoimada de inconstitucionalidade, verbis: “Art. 1º Esta Lei institui o Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE– na Polícia Militar e no Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás, facultado, nos termos do parágrafo único do art. 4° da Lei federal n° 4.375, de 17 de agosto de 1964, regulamentado na forma do art. 11 e seguintes do Decreto n° 57.654, de 20 de janeiro de 1966. Art. 2° O Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. Odocumento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354507. Supremo Tribunal Federal 26/03/2015 PLENÁRIO AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 5.163 GOIÁS RELATOR : MIN. LUIZ FUX REQTE.(S) :PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA INTDO.(A/S) :GOVERNADOR DO ESTADO DE GOIÁS ADV.(A/S) :SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS INTDO.(A/S) :ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE GOIÁS ADV.(A/S) :SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS AM. CURIAE. :ASSOCIAÇÃO DE CABOS E SOLDADOS DA PM E BM DO ESTADO DE GOIÁS - ACS/PM/BM - GO ADV.(A/S) :ANA CAROLINE DE OLIVEIRA FERREIRA AM. CURIAE. :ASSOCIAÇÃO DOS SUBTENENTES E SARGENTOS DA PM E BM DO ESTADO DE GOIÁS - ASSEGO ADV.(A/S) :ANA CAROLINE DE OLIVEIRA FERREIRA R E L A T Ó R I O O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): Cuidam os autos de Ação Direta de Inconstitucionalidade, aparelhada com pedido de medida liminar, ajuizada pelo i. Procurador-Geral da República, tendo por objeto a Lei Estadual nº 17.882, de 27 de dezembro de 2012, da lavra da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, impugnada em face dos artigos 22, inciso XXI, 37, incisos II e IX, e 144, caput, e § 5º, todos da Constituição da República. Impõe-se, para melhor exame, reproduzir in totum a lei acoimada de inconstitucionalidade, verbis: “Art. 1º Esta Lei institui o Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE– na Polícia Militar e no Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás, facultado, nos termos do parágrafo único do art. 4° da Lei federal n° 4.375, de 17 de agosto de 1964, regulamentado na forma do art. 11 e seguintes do Decreto n° 57.654, de 20 de janeiro de 1966. Art. 2° O Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354507. Inteiro Teor do Acórdão - Página 5 de 80 Relatório ADI 5163 / GO –SIMVE– destina-se à execução de atividades militares de competência estadual, bem como de outras necessárias à proteção e Defesa Civil da comunidade, sob a orientação e coordenação da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. Art. 3° O Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE–, que tem assento e fundamento na hierarquia e disciplina, reger-se-á pelas normas estatutárias e pela legislação estadual pertinente à Polícia Militar e ao Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. Art. 4° As atribuições dos integrantes do Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE– serão compatíveis com as da graduação de Soldado de 3ª Classe da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. Art. 5° Para ingresso no Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE– instituído por esta Lei, o candidato deverá atender às seguintes condições: I – ter idade mínima de 19 (dezenove) anos e máxima de 27 (vinte e sete); II – residir no Estado de Goiás; III – ter concluído o Ensino Médio na data da seleção; IV – ser portador de Certificado de Reservista de Primeira ou Segunda Categoria ou possuir Certificado de Dispensa de Incorporação -CDI- de qualquer uma das Forças Armadas brasileiras; V – apresentar autorização da Força Armada a que prestou serviço militar obrigatório ou carta de apresentação da Instituição à qual serviu; VI – ser considerado aprovado na seleção para matrícula no Curso de Formação de Soldados Voluntários para a Polícia Militar ou o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. Art. 6° Para fins de seleção ao ingresso no Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE– será obedecida, de acordo com a quantidade de vagas disponíveis pelas Corporações Militares estaduais, a seguinte ordem de 2 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354507. Supremo Tribunal Federal ADI 5163 / GO –SIMVE– destina-se à execução de atividades militares de competência estadual, bem como de outras necessárias à proteção e Defesa Civil da comunidade, sob a orientação e coordenação da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. Art. 3° O Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE–, que tem assento e fundamento na hierarquia e disciplina, reger-se-á pelas normas estatutárias e pela legislação estadual pertinente à Polícia Militar e ao Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. Art. 4° As atribuições dos integrantes do Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE– serão compatíveis com as da graduação de Soldado de 3ª Classe da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. Art. 5° Para ingresso no Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE– instituído por esta Lei, o candidato deverá atender às seguintes condições: I – ter idade mínima de 19 (dezenove) anos e máxima de 27 (vinte e sete); II – residir no Estado de Goiás; III – ter concluído o Ensino Médio na data da seleção; IV – ser portador de Certificado de Reservista de Primeira ou Segunda Categoria ou possuir Certificado de Dispensa de Incorporação -CDI- de qualquer uma das Forças Armadas brasileiras; V – apresentar autorização da Força Armada a que prestou serviço militar obrigatório ou carta de apresentação da Instituição à qual serviu; VI – ser considerado aprovado na seleção para matrícula no Curso de Formação de Soldados Voluntários para a Polícia Militar ou o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. Art. 6° Para fins de seleção ao ingresso no Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE– será obedecida, de acordo com a quantidade de vagas disponíveis pelas Corporações Militares estaduais, a seguinte ordem de 2 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354507. Inteiro Teor do Acórdão - Página 6 de 80 Relatório ADI 5163 / GO prioridades: I – os reservistas de primeira categoria com, no mínimo, 04 (quatro) anos de serviço militar obrigatório nas Forças Armadas e detentores de cursos na área operacional ou equivalentes; II – os reservistas de primeira categoria com, no mínimo, 04 (quatro) anos de serviço militar obrigatório nas Forças Armadas; III – os reservistas de primeira categoria, após terem cumprido o serviço militar obrigatório nas Forças Armadas; IV – os reservistas de segunda categoria com, no mínimo, 06 (seis) meses de serviço militar obrigatório nas Forças Armadas; V – os dispensados de incorporação, desde que existam vagas remanescentes não preenchidas por candidatos descritos nos incisos I a IV deste artigo; VI – as mulheres maiores de 19 (dezenove) anos e menores de 25 (vinte e cinco), desde que existam vagas remanescentes não preenchidas na forma deste artigo e não superem a quantidade de 10% (dez por cento) do quantum máximo de vagas oferecidas. § 1° Poderão ser convocadas a integrar o Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE– as classesde reservistas de até 05 (cinco) anos anteriores ao ano de convocação para o SIMVE, observada a ordem prevista neste artigo. § 2° Para os fins do processo seletivo poderão ser aproveitados exames médicos, inspeções de saúde e dados da vida social e profissional do candidato inscrito, cedidos pela Força Armada a que serviu. Art. 7° O quantitativo de vagas para o Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE–, tendo em vista as necessidades de cada Corporação, será definido por ato do Governador do Estado, observadas as disposições do art. 27 desta Lei e seu parágrafo único. Art. 8° Os candidatos ao Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE– deverão inscrever-se à seleção de 3 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354507. Supremo Tribunal Federal ADI 5163 / GO prioridades: I – os reservistas de primeira categoria com, no mínimo, 04 (quatro) anos de serviço militar obrigatório nas Forças Armadas e detentores de cursos na área operacional ou equivalentes; II – os reservistas de primeira categoria com, no mínimo, 04 (quatro) anos de serviço militar obrigatório nas Forças Armadas; III – os reservistas de primeira categoria, após terem cumprido o serviço militar obrigatório nas Forças Armadas; IV – os reservistas de segunda categoria com, no mínimo, 06 (seis) meses de serviço militar obrigatório nas Forças Armadas; V – os dispensados de incorporação, desde que existam vagas remanescentes não preenchidas por candidatos descritos nos incisos I a IV deste artigo; VI – as mulheres maiores de 19 (dezenove) anos e menores de 25 (vinte e cinco), desde que existam vagas remanescentes não preenchidas na forma deste artigo e não superem a quantidade de 10% (dez por cento) do quantum máximo de vagas oferecidas. § 1° Poderão ser convocadas a integrar o Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE– as classes de reservistas de até 05 (cinco) anos anteriores ao ano de convocação para o SIMVE, observada a ordem prevista neste artigo. § 2° Para os fins do processo seletivo poderão ser aproveitados exames médicos, inspeções de saúde e dados da vida social e profissional do candidato inscrito, cedidos pela Força Armada a que serviu. Art. 7° O quantitativo de vagas para o Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE–, tendo em vista as necessidades de cada Corporação, será definido por ato do Governador do Estado, observadas as disposições do art. 27 desta Lei e seu parágrafo único. Art. 8° Os candidatos ao Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE– deverão inscrever-se à seleção de 3 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354507. Inteiro Teor do Acórdão - Página 7 de 80 Relatório ADI 5163 / GO soldados voluntários em local designado pelo Comando-Geral das Instituições militares do Estado. Art. 9° A seleção dos candidatos ao Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar será realizada por Comissão Multiprofissional a ser designada pelos respectivos órgãos de gestão de recursos humanos e financeiros. Art. 10. A Comissão Multiprofissional de seleção ao Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar avaliará o candidato nas seguintes etapas: I – prova escrita; II – teste de aptidão física; III – avaliação médica e psicológica; IV – investigação social da vida pregressa; V – títulos. Parágrafo único. As etapas da seleção previstas nos incisos I ao II são de caráter classificatório e eliminatório e as previstas nos incisos III e V são de caráter eliminatório e classificatório, respectivamente. Art. 11. Os candidatos ao Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar, aprovados nas etapas da seleção a que se refere o art. 10, serão matriculados no Curso de Formação de Soldados Voluntários, também de caráter eliminatório. Parágrafo único. O Curso de Formação de Soldados Voluntários será regido pelas Normas para o Planejamento e Conduta do Ensino do Comando da Polícia Militar ou do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. Art. 12. Os candidatos aprovados no Curso de Formação de Soldados Voluntários serão convocados para a prestação de serviço na Corporação em que foram selecionados, na condição de soldados de 3ª Classe. Parágrafo único. O voluntário que aceitar a convocação e preencher os requisitos será considerado como membro do Quadro de Pessoal Transitório da respectiva Corporação, 4 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354507. Supremo Tribunal Federal ADI 5163 / GO soldados voluntários em local designado pelo Comando-Geral das Instituições militares do Estado. Art. 9° A seleção dos candidatos ao Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar será realizada por Comissão Multiprofissional a ser designada pelos respectivos órgãos de gestão de recursos humanos e financeiros. Art. 10. A Comissão Multiprofissional de seleção ao Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar avaliará o candidato nas seguintes etapas: I – prova escrita; II – teste de aptidão física; III – avaliação médica e psicológica; IV – investigação social da vida pregressa; V – títulos. Parágrafo único. As etapas da seleção previstas nos incisos I ao II são de caráter classificatório e eliminatório e as previstas nos incisos III e V são de caráter eliminatório e classificatório, respectivamente. Art. 11. Os candidatos ao Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar, aprovados nas etapas da seleção a que se refere o art. 10, serão matriculados no Curso de Formação de Soldados Voluntários, também de caráter eliminatório. Parágrafo único. O Curso de Formação de Soldados Voluntários será regido pelas Normas para o Planejamento e Conduta do Ensino do Comando da Polícia Militar ou do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. Art. 12. Os candidatos aprovados no Curso de Formação de Soldados Voluntários serão convocados para a prestação de serviço na Corporação em que foram selecionados, na condição de soldados de 3ª Classe. Parágrafo único. O voluntário que aceitar a convocação e preencher os requisitos será considerado como membro do Quadro de Pessoal Transitório da respectiva Corporação, 4 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354507. Inteiro Teor do Acórdão - Página 8 de 80 Relatório ADI 5163/ GO compondo o Quadro Policial Militar Variável –QPMV– de cada uma delas, na graduação de Soldado de 3ª Classe. Art. 13. A atividade e condição dos soldados de 3ª Classe integrantes do SIMVE serão reguladas em ato próprio do Comandante-Geral da Polícia Militar ou do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. Art. 14. O soldado de 3ª Classe aluno do Curso de Formação de Soldados Voluntários perceberá, a título de subsídio, uma bolsa de estudos correspondente a 70% (setenta por cento) daquele previsto no art. 15, bem como auxílio fardamento. Art. 15. O soldado de 3ª Classe, após a conclusão do Curso de Formação de Soldados Voluntários, perceberá subsídio mensal no valor de R$ 1.341,90 (um mil, trezentos e quarenta e um reais e noventa centavos). Parágrafo único. O subsídio do soldado de 3ª Classe será regido, naquilo que não for tratado em norma específica, de acordo com as regras de subsídio da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. Art. 16. O Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE– terá duração de 12 (doze) meses, podendo ser prorrogado até o limite máximo de permanência, que será de 33 (trinta e três) meses contados da data de apresentação do interessado. Art. 17. O desligamento do integrante do Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE– dar-se-á das seguintes formas: I – ex officio; II – a pedido; III – com base em sua conduta irregular. § 1° O desligamento ex officio ocorrerá após o término do período de tempo previsto no art. 16, vedada a reinclusão na mesma modalidade de serviço. § 2° O desligamento a pedido do integrante do Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE– poderá se dar a qualquer momento após sua matrícula no Curso de Formação 5 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354507. Supremo Tribunal Federal ADI 5163 / GO compondo o Quadro Policial Militar Variável –QPMV– de cada uma delas, na graduação de Soldado de 3ª Classe. Art. 13. A atividade e condição dos soldados de 3ª Classe integrantes do SIMVE serão reguladas em ato próprio do Comandante-Geral da Polícia Militar ou do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. Art. 14. O soldado de 3ª Classe aluno do Curso de Formação de Soldados Voluntários perceberá, a título de subsídio, uma bolsa de estudos correspondente a 70% (setenta por cento) daquele previsto no art. 15, bem como auxílio fardamento. Art. 15. O soldado de 3ª Classe, após a conclusão do Curso de Formação de Soldados Voluntários, perceberá subsídio mensal no valor de R$ 1.341,90 (um mil, trezentos e quarenta e um reais e noventa centavos). Parágrafo único. O subsídio do soldado de 3ª Classe será regido, naquilo que não for tratado em norma específica, de acordo com as regras de subsídio da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. Art. 16. O Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE– terá duração de 12 (doze) meses, podendo ser prorrogado até o limite máximo de permanência, que será de 33 (trinta e três) meses contados da data de apresentação do interessado. Art. 17. O desligamento do integrante do Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE– dar-se-á das seguintes formas: I – ex officio; II – a pedido; III – com base em sua conduta irregular. § 1° O desligamento ex officio ocorrerá após o término do período de tempo previsto no art. 16, vedada a reinclusão na mesma modalidade de serviço. § 2° O desligamento a pedido do integrante do Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE– poderá se dar a qualquer momento após sua matrícula no Curso de Formação 5 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354507. Inteiro Teor do Acórdão - Página 9 de 80 Relatório ADI 5163 / GO de Soldados Voluntários, mediante requerimento por ele escrito e assinado. § 3° O integrante do Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual da Polícia Militar ou do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás que durante o transcurso do serviço não apresentar interesse, rendimento, aptidão, praticar infração penal ou, de algum modo, infringir as normas daquelas Corporações, será desligado. § 4° O desligamento de que trata o § 3° será precedido obrigatoriamente de procedimento apuratório, escrito e sumário, garantidos ao integrante do Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE– o contraditório e a ampla defesa. Art. 18. Os integrantes do Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás serão agraciados, para fins de titulação em concurso público de provas e títulos para ingresso como membros efetivos das mesmas Corporações, com 1,0 (um) ponto, nos casos em que: I – concluírem o Curso de Formação de Soldados Voluntários com aproveitamento igual ou superior a 70% (setenta por cento); II – forem portadores de cursos na área operacional ou equivalentes, com carga horária superior a 140 (cento e quarenta) horas aula; III – forem portadores de cursos de formação de cabos, sargentos ou oficiais temporários das Forças Armadas. Parágrafo único. A pontuação referente à titulação definida neste artigo será cumulativa até o limite de 30% (trinta por cento) do total da distribuição de pontos do processo seletivo para ingresso nos quadros de militares efetivos e de carreira das duas Corporações do Estado de Goiás. Art. 19. O soldado de 3ª Classe integrante dos Quadros de Policiais ou Bombeiros Militares Variáveis terá direito a usar os uniformes, insígnias e emblemas utilizados pela Polícia Militar ou pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás, com a 6 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354507. Supremo Tribunal Federal ADI 5163 / GO de Soldados Voluntários, mediante requerimento por ele escrito e assinado. § 3° O integrante do Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual da Polícia Militar ou do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás que durante o transcurso do serviço não apresentar interesse, rendimento, aptidão, praticar infração penal ou, de algum modo, infringir as normas daquelas Corporações, será desligado. § 4° O desligamento de que trata o § 3° será precedido obrigatoriamente de procedimento apuratório, escrito e sumário, garantidos ao integrante do Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE– o contraditório e a ampla defesa. Art. 18. Os integrantes do Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás serão agraciados, para fins de titulação em concurso público de provas e títulos para ingresso como membros efetivos das mesmas Corporações, com 1,0 (um) ponto, nos casos em que: I – concluírem o Curso de Formaçãode Soldados Voluntários com aproveitamento igual ou superior a 70% (setenta por cento); II – forem portadores de cursos na área operacional ou equivalentes, com carga horária superior a 140 (cento e quarenta) horas aula; III – forem portadores de cursos de formação de cabos, sargentos ou oficiais temporários das Forças Armadas. Parágrafo único. A pontuação referente à titulação definida neste artigo será cumulativa até o limite de 30% (trinta por cento) do total da distribuição de pontos do processo seletivo para ingresso nos quadros de militares efetivos e de carreira das duas Corporações do Estado de Goiás. Art. 19. O soldado de 3ª Classe integrante dos Quadros de Policiais ou Bombeiros Militares Variáveis terá direito a usar os uniformes, insígnias e emblemas utilizados pela Polícia Militar ou pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás, com a 6 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354507. Inteiro Teor do Acórdão - Página 10 de 80 Relatório ADI 5163 / GO designação (SV), correspondente ao Serviço Variável da Corporação de que for integrante. Art. 20. A precedência hierárquica entre os soldados de 3ª Classe integrantes do Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE– da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás será definida em ordem crescente, de acordo com a classificação final no Curso de Formação de Soldados Voluntários, e, na Corporação, terão precedência sobre eles os soldados de 2ª Classe. Art. 21. São vedadas aos integrantes do Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás as seguintes ações: I – policiamento tático, em todas as modalidades; II – policiamento montado; III – policiamento com cães; IV – policiamento aéreo; V – operações especiais; VI – operações de choque; VII – segurança e proteção de dignitários; VIII – serviços de inteligência; IX – serviços administrativos envolvendo material e/ou informações controlados; X – ações equivalentes às descritas nos incisos I a IX, definidas por ato administrativo do Comando-Geral do Corpo de Bombeiros Militar. Art. 22. O soldado-aluno e o soldado de 3ª Classe integrantes do Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE– estarão sujeitos à legislação militar e às normas específicas da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. Art. 23. A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás devem, no prazo de 30 (trinta) dias contados da publicação desta Lei, editar normas complementares, no âmbito de suas competências, visando à regulamentação da execução do Serviço de Interesse Militar 7 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354507. Supremo Tribunal Federal ADI 5163 / GO designação (SV), correspondente ao Serviço Variável da Corporação de que for integrante. Art. 20. A precedência hierárquica entre os soldados de 3ª Classe integrantes do Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE– da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás será definida em ordem crescente, de acordo com a classificação final no Curso de Formação de Soldados Voluntários, e, na Corporação, terão precedência sobre eles os soldados de 2ª Classe. Art. 21. São vedadas aos integrantes do Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás as seguintes ações: I – policiamento tático, em todas as modalidades; II – policiamento montado; III – policiamento com cães; IV – policiamento aéreo; V – operações especiais; VI – operações de choque; VII – segurança e proteção de dignitários; VIII – serviços de inteligência; IX – serviços administrativos envolvendo material e/ou informações controlados; X – ações equivalentes às descritas nos incisos I a IX, definidas por ato administrativo do Comando-Geral do Corpo de Bombeiros Militar. Art. 22. O soldado-aluno e o soldado de 3ª Classe integrantes do Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE– estarão sujeitos à legislação militar e às normas específicas da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. Art. 23. A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás devem, no prazo de 30 (trinta) dias contados da publicação desta Lei, editar normas complementares, no âmbito de suas competências, visando à regulamentação da execução do Serviço de Interesse Militar 7 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354507. Inteiro Teor do Acórdão - Página 11 de 80 Relatório ADI 5163 / GO Voluntário Estadual –SIMVE. Art. 24. As Forças Armadas Nacionais poderão acompanhar e integrar o processo seletivo para o Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual – SIMVE. Art. 25. Fica instituída a Comissão Permanente de Avaliação do Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual, à qual compete avaliar a eficácia e eficiência do SIMVE, emitindo relatório trimestral à Secretaria da Segurança Pública e Justiça, aos Comandos da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás e às Forças Armadas das quais são oriundos os soldados de 3ª Classe dele integrantes. § 1° A Comissão será composta por representantes das seguintes áreas da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás: I – Primeira Seção do Estado Maior da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás; II – Segunda Seção do Estado Maior da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás; III – órgãos de gestão de pessoal e financeiros da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás; IV – órgãos de gestão da saúde integral dos servidores militares da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. § 2° A Comissão designada pelas Forças Armadas poderá integrar a Comissão Permanente de Avaliação do Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual. § 3° O presidente da Comissão Permanente de Avaliação do Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual será definido por convenção interna em deliberação tomada durante sua primeira reunião. § 4° A Comissão Permanente de Avaliação do Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual apresentará seu regulamento em 30 (trinta) dias contados de sua primeira reunião, que será homologado pelos Comandos-Gerais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. 8 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354507.Supremo Tribunal Federal ADI 5163 / GO Voluntário Estadual –SIMVE. Art. 24. As Forças Armadas Nacionais poderão acompanhar e integrar o processo seletivo para o Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual – SIMVE. Art. 25. Fica instituída a Comissão Permanente de Avaliação do Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual, à qual compete avaliar a eficácia e eficiência do SIMVE, emitindo relatório trimestral à Secretaria da Segurança Pública e Justiça, aos Comandos da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás e às Forças Armadas das quais são oriundos os soldados de 3ª Classe dele integrantes. § 1° A Comissão será composta por representantes das seguintes áreas da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás: I – Primeira Seção do Estado Maior da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás; II – Segunda Seção do Estado Maior da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás; III – órgãos de gestão de pessoal e financeiros da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás; IV – órgãos de gestão da saúde integral dos servidores militares da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. § 2° A Comissão designada pelas Forças Armadas poderá integrar a Comissão Permanente de Avaliação do Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual. § 3° O presidente da Comissão Permanente de Avaliação do Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual será definido por convenção interna em deliberação tomada durante sua primeira reunião. § 4° A Comissão Permanente de Avaliação do Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual apresentará seu regulamento em 30 (trinta) dias contados de sua primeira reunião, que será homologado pelos Comandos-Gerais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. 8 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354507. Inteiro Teor do Acórdão - Página 12 de 80 Relatório ADI 5163 / GO Art. 26. O soldado de 3ª Classe, para garantir a prorrogação de sua permanência no Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE–, deverá frequentar curso de nível superior para qualificá-lo ao mercado de trabalho futuro ou para garantir sua participação no processo seletivo aos quadros efetivos da Polícia Militar ou do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. § 1° Será desligado ex officio do Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE–, ao final de 12 (doze) meses, o soldado de 3ª Classe que não estiver matriculado em curso de Ensino Superior. § 2° A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás deverão firmar convênios, por intermédio da Secretaria da Segurança Pública e Justiça, com instituições de ensino superior públicas ou privadas para facilitar o acesso dos integrantes do Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE– ao ensino de terceiro grau. Art. 27. O Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE– será implementado a partir de 2013, com o ingresso de 1.300 (um mil e trezentos) soldados de 3ª Classe e de igual quantitativo em 2014. Art. 28. O integrante do Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE– contribuirá para o Regime-Geral de Previdência Social, podendo filiar-se ao Instituto de Assistência dos Servidores Públicos do Estado de Goiás – IPASGO. Art. 29. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.” Em amparo de sua pretensão, o requerente invoca, preliminarmente, a inconstitucionalidade formal da lei, por invasão da competência legislativa da União para editar normas gerais de organização das polícias militares e corpo de bombeiros militares (CRFB/88, art. 22, XXI). Para tanto, afirma que a norma contraria critérios mínimos estabelecidos pela competente Lei nº 10.029, de 20 de outubro de 2000, que veicula “normas gerais para a prestação voluntária de serviços administrativos e de 9 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354507. Supremo Tribunal Federal ADI 5163 / GO Art. 26. O soldado de 3ª Classe, para garantir a prorrogação de sua permanência no Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE–, deverá frequentar curso de nível superior para qualificá-lo ao mercado de trabalho futuro ou para garantir sua participação no processo seletivo aos quadros efetivos da Polícia Militar ou do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. § 1° Será desligado ex officio do Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE–, ao final de 12 (doze) meses, o soldado de 3ª Classe que não estiver matriculado em curso de Ensino Superior. § 2° A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás deverão firmar convênios, por intermédio da Secretaria da Segurança Pública e Justiça, com instituições de ensino superior públicas ou privadas para facilitar o acesso dos integrantes do Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE– ao ensino de terceiro grau. Art. 27. O Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE– será implementado a partir de 2013, com o ingresso de 1.300 (um mil e trezentos) soldados de 3ª Classe e de igual quantitativo em 2014. Art. 28. O integrante do Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual –SIMVE– contribuirá para o Regime-Geral de Previdência Social, podendo filiar-se ao Instituto de Assistência dos Servidores Públicos do Estado de Goiás – IPASGO. Art. 29. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.” Em amparo de sua pretensão, o requerente invoca, preliminarmente, a inconstitucionalidade formal da lei, por invasão da competência legislativa da União para editar normas gerais de organização das polícias militares e corpo de bombeiros militares (CRFB/88, art. 22, XXI). Para tanto, afirma que a norma contraria critérios mínimos estabelecidos pela competente Lei nº 10.029, de 20 de outubro de 2000, que veicula “normas gerais para a prestação voluntária de serviços administrativos e de 9 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354507. Inteiro Teor do Acórdão - Página 13 de 80 Relatório ADI 5163 / GO serviços auxiliares de saúde e de defesa civil nas Polícias Militares e nos Corpos de Bombeiros Militares”. Ressalta que o diploma vergastado indica, em seu art. 1º, ter sido editado com esteio no artigo 4°, parágrafo único, da Lei federal nº 4.375, de 17 de agosto de 1964 (Lei do Serviço Militar), regulamentado pelos artigos 11 e 12 do Decreto federal n° 57.654, de 20 de janeiro de 1966. Ocorre que, segundo o autor, não haveria autorização na mencionada lei para a criação de serviço de interesse militar voluntário nas Polícias Militares e nos Corpos de Bombeiros Militares dos Estados. Sustenta, ainda, o vício de inconstitucionalidade material da lei.No ponto, indica violação à cláusula constitucional do concurso público (CRFB/88, art. 37, II e IX), por estabelecer hipótese genérica e abrangente de contratação temporária, além de ultraje ao art. 144, caput e § 5º, por delegar exercício da segurança pública a agentes não estatais. Por derradeiro, o requerente pleiteia a inconstitucionalidade in totum da Lei n° 17.882, de 27 de dezembro de 2012, do Estado de Goiás, pleiteando, como preliminar, a concessão de medida liminar para suspender sua eficácia normativa. Na sequência, proferi despacho determinando a adoção do rito previsto no art. 12 da Lei nº 9.868/99. Em atendimento à solicitação, a Assembleia Legislativa estadual defendeu a constitucionalidade da lei estadual, argumentando que a criação do SIMVE objetivou "contribuir para minimizar ao máximo, dois dos maiores problemas do Estado de Goiás: as dificuldades da preparação do jovem para o mercado de trabalho e o déficit de efetivo das forças militares estaduais" (fl. 5). Ademais, ressaltou que o artigo 142, § 3°, inciso VIII, da Constituição da República, teria excluído os militares da aplicabilidade da exigência do concurso público para investidura em cargo público e da contratação por 10 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354507. Supremo Tribunal Federal ADI 5163 / GO serviços auxiliares de saúde e de defesa civil nas Polícias Militares e nos Corpos de Bombeiros Militares”. Ressalta que o diploma vergastado indica, em seu art. 1º, ter sido editado com esteio no artigo 4°, parágrafo único, da Lei federal nº 4.375, de 17 de agosto de 1964 (Lei do Serviço Militar), regulamentado pelos artigos 11 e 12 do Decreto federal n° 57.654, de 20 de janeiro de 1966. Ocorre que, segundo o autor, não haveria autorização na mencionada lei para a criação de serviço de interesse militar voluntário nas Polícias Militares e nos Corpos de Bombeiros Militares dos Estados. Sustenta, ainda, o vício de inconstitucionalidade material da lei. No ponto, indica violação à cláusula constitucional do concurso público (CRFB/88, art. 37, II e IX), por estabelecer hipótese genérica e abrangente de contratação temporária, além de ultraje ao art. 144, caput e § 5º, por delegar exercício da segurança pública a agentes não estatais. Por derradeiro, o requerente pleiteia a inconstitucionalidade in totum da Lei n° 17.882, de 27 de dezembro de 2012, do Estado de Goiás, pleiteando, como preliminar, a concessão de medida liminar para suspender sua eficácia normativa. Na sequência, proferi despacho determinando a adoção do rito previsto no art. 12 da Lei nº 9.868/99. Em atendimento à solicitação, a Assembleia Legislativa estadual defendeu a constitucionalidade da lei estadual, argumentando que a criação do SIMVE objetivou "contribuir para minimizar ao máximo, dois dos maiores problemas do Estado de Goiás: as dificuldades da preparação do jovem para o mercado de trabalho e o déficit de efetivo das forças militares estaduais" (fl. 5). Ademais, ressaltou que o artigo 142, § 3°, inciso VIII, da Constituição da República, teria excluído os militares da aplicabilidade da exigência do concurso público para investidura em cargo público e da contratação por 10 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354507. Inteiro Teor do Acórdão - Página 14 de 80 Relatório ADI 5163 / GO prazo determinado. Destaca a possibilidade de coexistência do Serviço Auxiliar Voluntário (SAV), instituído pela Lei estadual nº 14.012, de 18 de dezembro de 2001, e do SIMVE, na Polícia Militar e no Corpo de Bombeiros Militar goianos. O Governador do Estado de Goiás manifestou-se pela constitucionalidade da lei, afirmando ausência de usurpação da competência da União, porque autorizada a criação do SIMVE pela Lei federal nº 4.735, de 17 de agosto de 1964, e não na Lei nº 10.029, de 20 de outubro de 2000. Quanto ao mérito, repete os argumentos da Assembleia Legislativa. Por sua vez, o Advogado-Geral da União opinou pela procedência do pedido e, consequentemente, pela declaração de inconstitucionalidade da lei. A manifestação porta a seguinte ementa, verbis: “Constitucional. Lei nº 17.882, de 27 de dezembro de 2012, do Estado de Goiás, que "Institui o Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual (SIMVE) na Polícia Militar e no Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás e dá outras providências". Inconstitucionalidade. Afronta à competência privativa da União para editar normas gerais de organização das corporações referidas (artigo 22. inciso XXI. da Carta Magna). Ausência de lacuna na legislação federal que disciplina a matéria e de peculiaridade a ser atendida por normatização específica do Estado de Goiás (artigo 24, § 2º, da Constituição). Exercício de atribuições próprias da graduação de soldado de 3º classe da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás pelos voluntários. Inobservância da regra do concurso público. Violação aos artigos 37, inciso II, e 144, § 5°, da Carta. Manifestação pela procedência do pedido”. Ato contínuo, a Procuradoria-Geral da República emitiu parecer ratificando os termos exarados na exordial, e opinando pela procedência do pedido. Assim restou ementado seu posicionamento, verbis: “CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE 11 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354507. Supremo Tribunal Federal ADI 5163 / GO prazo determinado. Destaca a possibilidade de coexistência do Serviço Auxiliar Voluntário (SAV), instituído pela Lei estadual nº 14.012, de 18 de dezembro de 2001, e do SIMVE, na Polícia Militar e no Corpo de Bombeiros Militar goianos. O Governador do Estado de Goiás manifestou-se pela constitucionalidade da lei, afirmando ausência de usurpação da competência da União, porque autorizada a criação do SIMVE pela Lei federal nº 4.735, de 17 de agosto de 1964, e não na Lei nº 10.029, de 20 de outubro de 2000. Quanto ao mérito, repete os argumentos da Assembleia Legislativa. Por sua vez, o Advogado-Geral da União opinou pela procedência do pedido e, consequentemente, pela declaração de inconstitucionalidade da lei. A manifestação porta a seguinte ementa, verbis: “Constitucional. Lei nº 17.882, de 27 de dezembro de 2012, do Estado de Goiás, que "Institui o Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual (SIMVE) na Polícia Militar e no Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás e dá outras providências". Inconstitucionalidade. Afronta à competência privativa da União para editar normas gerais de organização das corporações referidas (artigo 22. inciso XXI. da Carta Magna). Ausência de lacuna na legislação federal que disciplina a matéria e de peculiaridade a ser atendida por normatização específica do Estado de Goiás (artigo 24, § 2º, da Constituição). Exercício de atribuições próprias da graduação de soldadode 3º classe da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás pelos voluntários. Inobservância da regra do concurso público. Violação aos artigos 37, inciso II, e 144, § 5°, da Carta. Manifestação pela procedência do pedido”. Ato contínuo, a Procuradoria-Geral da República emitiu parecer ratificando os termos exarados na exordial, e opinando pela procedência do pedido. Assim restou ementado seu posicionamento, verbis: “CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE 11 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354507. Inteiro Teor do Acórdão - Página 15 de 80 Relatório ADI 5163 / GO INCONSTITUCIONALIDADE. LEI 17.882/2012, DO ESTADO DE GOIÁS. SERVIÇO DE INTERESSE MILITAR VOLUNTÁRIO (SIMVE). INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL. LEI ESTADUAL QUE CONTRARIA NORMAS GERAIS EDITADAS PELA UNIÃO. PREVISÃO GENÉRICA E ABRANGENTE DE CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA: OFENSA AOS ARTS. 37, II E IX, DA CONSTITUIÇÃO. DELEGAÇÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA A AGENTES NÃO ESTATAIS: IMPOSSIBILIDADE. 1. Não pode lei estadual dispor, fora das peculiaridades locais e de sua competência suplementar, contrariamente ou sobre normas próprias de lei geral, sob pena de inconstitucionalidade formal por invasão de competência legislativa da União. 2. Ingresso nos quadros efetivos da polícia militar e do corpo de bombeiro militar dos Estados, do Distrito Federal e dos territórios deve ser precedido de concurso público. 3. É inconstitucional lei (federal, estadual, distrital ou municipal) que, para os fins do art. 37, IX, da Constituição da República, não preveja prazo determinado ou disponha de forma genérica e abrangente sobre hipóteses ensejadoras de contratação temporária. Precedentes. 4. O policiamento ostensivo, por ser atribuição própria da polícia militar (CR, art. 144, caput e § 5º), não pode ser delegado a quem não integre, efetivamente, a corporação militar. 5. Ratificação da petição inicial e parecer pela procedência do pedido.”. Por fim, admiti o ingresso da Associação dos Subtenentes e Sargentos da PM e BM do Estado de Goiás - ASSEGO, e da Associação de Cabos e Soldados da PM e BM do Estado de Goiás - ACS/PM/BM-GO, na condição de amici curiae, eis que se acham atendidas, na espécie, as condições fixadas no artigo 7º, § 2º, da Lei nº 9.868/99. É o relatório, do qual deverão ser extraídas cópias para envio aos Senhores Ministros desta Corte. 12 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354507. Supremo Tribunal Federal ADI 5163 / GO INCONSTITUCIONALIDADE. LEI 17.882/2012, DO ESTADO DE GOIÁS. SERVIÇO DE INTERESSE MILITAR VOLUNTÁRIO (SIMVE). INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL. LEI ESTADUAL QUE CONTRARIA NORMAS GERAIS EDITADAS PELA UNIÃO. PREVISÃO GENÉRICA E ABRANGENTE DE CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA: OFENSA AOS ARTS. 37, II E IX, DA CONSTITUIÇÃO. DELEGAÇÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA A AGENTES NÃO ESTATAIS: IMPOSSIBILIDADE. 1. Não pode lei estadual dispor, fora das peculiaridades locais e de sua competência suplementar, contrariamente ou sobre normas próprias de lei geral, sob pena de inconstitucionalidade formal por invasão de competência legislativa da União. 2. Ingresso nos quadros efetivos da polícia militar e do corpo de bombeiro militar dos Estados, do Distrito Federal e dos territórios deve ser precedido de concurso público. 3. É inconstitucional lei (federal, estadual, distrital ou municipal) que, para os fins do art. 37, IX, da Constituição da República, não preveja prazo determinado ou disponha de forma genérica e abrangente sobre hipóteses ensejadoras de contratação temporária. Precedentes. 4. O policiamento ostensivo, por ser atribuição própria da polícia militar (CR, art. 144, caput e § 5º), não pode ser delegado a quem não integre, efetivamente, a corporação militar. 5. Ratificação da petição inicial e parecer pela procedência do pedido.”. Por fim, admiti o ingresso da Associação dos Subtenentes e Sargentos da PM e BM do Estado de Goiás - ASSEGO, e da Associação de Cabos e Soldados da PM e BM do Estado de Goiás - ACS/PM/BM-GO, na condição de amici curiae, eis que se acham atendidas, na espécie, as condições fixadas no artigo 7º, § 2º, da Lei nº 9.868/99. É o relatório, do qual deverão ser extraídas cópias para envio aos Senhores Ministros desta Corte. 12 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354507. Inteiro Teor do Acórdão - Página 16 de 80 Voto - MIN. LUIZ FUX 26/03/2015 PLENÁRIO AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 5.163 GOIÁS V O T O O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): Conforme narrado, trata- se de ação direta de inconstitucionalidade, aparelhada com pedido de medida liminar, tendo por objeto a Lei nº 17.882, de 27 de dezembro de 2012, do Estado do Goiás, que institui o Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual (SIMVE) na Polícia Militar e no Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás, impugnada em face dos artigos 22, inciso XXI, 37, inciso IX, e 144, caput, e § 5º, todos da Constituição da República. I. Preliminar: Admissibilidade da Ação Direta Assento, de plano, a admissibilidade desta ação direta de inconstitucionalidade, ajuizada em face da Lei Estadual nº 17.882/2012, ato normativo evidentemente primário, geral e abstrato. Além disso, é patente a legitimidade ativa ad causam do requerente, o Procurador-Geral da República, para deflagrar o processo de controle concentrado de constitucionalidade, na forma do art. 103, VI, da Constituição de 1988. Registro, ainda, que a legitimidade do PGR é do tipo universal, dispensando, bem por isso, qualquer demonstração de pertinência temática para com o conteúdo material do ato normativo impugnado. Destarte, conheço da ação direta de inconstitucionalidade e passo ao exame de mérito. Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354508. Supremo Tribunal Federal 26/03/2015 PLENÁRIO AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 5.163 GOIÁS V O T O O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): Conforme narrado, trata- se de ação direta de inconstitucionalidade, aparelhada com pedido de medida liminar, tendo por objeto a Lei nº 17.882, de 27 de dezembro de 2012, do Estado do Goiás, que institui o Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual (SIMVE) na Polícia Militar e no Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás, impugnada em face dos artigos 22, inciso XXI, 37, inciso IX, e 144, caput, e § 5º, todos da Constituição da República. I. Preliminar: Admissibilidade da Ação Direta Assento, de plano, a admissibilidade desta ação direta de inconstitucionalidade, ajuizada em face da Lei Estadual nº 17.882/2012,ato normativo evidentemente primário, geral e abstrato. Além disso, é patente a legitimidade ativa ad causam do requerente, o Procurador-Geral da República, para deflagrar o processo de controle concentrado de constitucionalidade, na forma do art. 103, VI, da Constituição de 1988. Registro, ainda, que a legitimidade do PGR é do tipo universal, dispensando, bem por isso, qualquer demonstração de pertinência temática para com o conteúdo material do ato normativo impugnado. Destarte, conheço da ação direta de inconstitucionalidade e passo ao exame de mérito. Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354508. Inteiro Teor do Acórdão - Página 17 de 80 Voto - MIN. LUIZ FUX ADI 5163 / GO II. Mérito. O ato impugnado: a Lei nº 17.882, de 27 de dezembro de 2012, do Estado de Goiás II.1. INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL Primeiramente, por entender que a vexata quaestio reflete temática de densidade constitucional, pois reclama, como pano de fundo, a análise da obrigatoriedade do concurso público (art. 37, II, CRFB/88) para o ingresso no quadro da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar dos Estados da Federação, começo meu voto enfrentando o alegado vício de inconstitucionalidade material da norma, não sem antes realizar uma breve digressão histórica para contextualizar a criação do referido Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual – SIMVE no Estado de Goiás (objeto da lei impugnada). Segundo informações prestadas pelo Presidente da Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Ofício nº 077/2014 - eDoc. 2 – fl. 4), a Lei nº 17.866/2012 entrou em vigor, no dia 19 de dezembro de 2012, para solucionar a falta de quadros e a total desestruturação da Polícia Militar do Estado. O citado diploma fixou o efetivo da PM em 30.741 militares (art. 1º), a ser recomposto num prazo de dez anos (art. 3º)1. Antes mesmo da entrada em vigor da referida lei, e visando a concretizar tal comando, o governo estadual lançou concurso público de provas e títulos para 1.050 vagas, e cadastro de reserva, para o posto de “Soldado QPPM de 2ª Classe”. Concluído o concurso, o edital de 1 Merece ênfase, nesse ponto, o fato de que a carência de policiais é tamanha que o efetivo estimado em abril de 2014 não ultrapassava a marca de 12.800 policiais, ou seja, quase 1/3 do que almejado. 2 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354508. Supremo Tribunal Federal ADI 5163 / GO II. Mérito. O ato impugnado: a Lei nº 17.882, de 27 de dezembro de 2012, do Estado de Goiás II.1. INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL Primeiramente, por entender que a vexata quaestio reflete temática de densidade constitucional, pois reclama, como pano de fundo, a análise da obrigatoriedade do concurso público (art. 37, II, CRFB/88) para o ingresso no quadro da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar dos Estados da Federação, começo meu voto enfrentando o alegado vício de inconstitucionalidade material da norma, não sem antes realizar uma breve digressão histórica para contextualizar a criação do referido Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual – SIMVE no Estado de Goiás (objeto da lei impugnada). Segundo informações prestadas pelo Presidente da Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Ofício nº 077/2014 - eDoc. 2 – fl. 4), a Lei nº 17.866/2012 entrou em vigor, no dia 19 de dezembro de 2012, para solucionar a falta de quadros e a total desestruturação da Polícia Militar do Estado. O citado diploma fixou o efetivo da PM em 30.741 militares (art. 1º), a ser recomposto num prazo de dez anos (art. 3º)1. Antes mesmo da entrada em vigor da referida lei, e visando a concretizar tal comando, o governo estadual lançou concurso público de provas e títulos para 1.050 vagas, e cadastro de reserva, para o posto de “Soldado QPPM de 2ª Classe”. Concluído o concurso, o edital de 1 Merece ênfase, nesse ponto, o fato de que a carência de policiais é tamanha que o efetivo estimado em abril de 2014 não ultrapassava a marca de 12.800 policiais, ou seja, quase 1/3 do que almejado. 2 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354508. Inteiro Teor do Acórdão - Página 18 de 80 Voto - MIN. LUIZ FUX ADI 5163 / GO aprovação, publicado em 26.09.2013, resultou em 3.242 candidatos aptos e recomendados em todas as etapas. Ocorre que, 15 dias após a publicação da lei que fixou o efetivo da Polícia Militar do Estado de Goiás, foi publicada a lei ora impugnada, Lei nº 17.882, de 27 de dezembro de 2012, do Estado do Goiás, que instituiu o Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual (SIMVE) na Polícia Militar e no Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. Essa lei, a pretexto de ter fundamento de validade em lei federal (art. 4º da Lei 4.735/1964), instituiu uma classe de policiais temporários, cujos integrantes, após serem aprovados em seleção e em curso de formação, passam a ocupar cargo de natureza policial militar - soldado de 3º classe (art. 4º). Estes temporários são remunerados por subsídio (arts. 14 e 15) e se sujeitam “à legislação militar e às normas específicas da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás” (arts. 4º e 22). Nesse contexto, e pela própria leitura da lei, percebe-se que, em verdade, o que se intentou foi a realização de um corte de gastos, ou melhor, uma redução expressiva de custos relacionados com a segurança pública no Estado. Ao possibilitar que voluntários tenham funções de policiamento repressivo e preventivo, além de terem direito a usar os uniformes, insígnias e emblemas utilizados pela Polícia Militar ou pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás, com a designação SV (art. 19), recebendo inclusive subsídio (arts. 14 e 15), a lei objetiva criar policiais temporários - disfarçados sob a classificação de policiais voluntários - para a execução de atividades militares, em detrimento à exigência constitucional do concurso público. A Assembleia Legislativa Estadual, em suas informações, defende a constitucionalidade da medida aduzindo que “os militares são uma categoria especial de servidor público e não servidores públicos comuns sujeitos às regras gerais constitucionais, sendo que a própria Constituição traz uma série 3 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8354508. Supremo Tribunal Federal ADI 5163 / GO aprovação, publicado em 26.09.2013, resultou em 3.242 candidatos aptos e recomendados em todas as etapas. Ocorre que, 15 dias após a publicação da
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