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Arcadismo. CONTEXTO HISTORICO No século XVIII, época profundamente demarcada por grandes transformações sociais. Uma delas, a Revolução Industrial, trouxe consigo o êxodo rural e, consequentemente, o crescimento urbano. Emergia, assim, a mão de obra assalariada, tendo como consequência o progresso tecnológico e científico, colocado a serviço da produção de bens. A aristocracia foi perdendo seu poder de força e, consequentemente, entrava em declínio o absolutismo monárquico, passando a ceder lugar à burguesia. Cabe afirmar que o Iluminismo tinha por finalidade formar uma sociedade mais igualitária e esclarecida, razão pela qual o século XVIII ficou conhecido como o Século das Luzes. Tendo em vista essa série de influências um tanto quanto decisivas para o movimento em referência, principalmente no tocante à racionalidade, podemos dizer que o Arcadismo também é conhecido como Neoclassicismo, concebido como uma retomada aos valores clássicos, baseados, principalmente, nas ideias aristotélicas. O reinado da fé foi substituído pela crença na racionalidade. Grandes filósofos, como Descartes, Voltaire, Diderot, Rousseau e Montesquieu, adotam a razão como parâmetro para analisar as crenças tradicionais, as opiniões políticas e a organização social. Para eles, a razão e a ciência seriam os "faróis" que guiariam o ser humano para longe do obscurantismo e da ignorância que haviam predominado em séculos anteriores. Por esse motivo, a razão é metaforicamente apresentada nesse momento como a luz interior. Essa postura, que valoriza o conhecimento científico e racional, foi definida como iluminista. Grandes filósofos, como descartes, Voltaire, Rousseau e Montesquieu, adotam a razão como parâmetro para analisar as crenças tradicionais, as opiniões políticas e a organização social. Existiram vários escritores ou filósofos que defendiam o Iluminismo mas os 3 mais conhecidos eram: Voltaire – com o seu livro “cândido” e o seu tratado sobre a tolerância. Montesquieu – com o seu livro “O Espírito das Leis” Rousseau – com o seu livro “Do contrato Social. O movimento literário do século XVIII desponta em meio a momentos marcantes da história mundial. Como o Iluminismo (movimento cultural da elite europeia que visava ao esclarecimento – século das Luzes –, levando ao espírito enciclopédico: difusão do conhecimento); a Independência dos Estados Unidos a Revolução Francesa (1789), que pregava os princípios de liberdade, igualdade e fraternidade; a Inconfidência Mineira (1789), movimento que busca a independência do Brasil em relação a Portugal; a Economia: desenvolvimento industrial e comercial; o Despotismo esclarecido do Marquês de Pombal; e a Fundação da Arcádia Lusitana (1756 – Academia Literária de Portugal). ARCADISMO Movimento literário inspirado em uma lendária região da Grécia antiga, a Arcádia, lugar montanhoso que, segundo a mitologia, teria sido o berço de Zeus e dominada pelo deus Pã, amante das fontes, das sombras dos bosques e da companhia das Ninfas, e habitada por pastores, que viviam de modo simples e espontâneo e se divertiam cantando, fazendo disputas poéticas e celebrando o amor e o prazer. Na Grécia Antiga, a Arcádia era uma região localizada na parte central no Peloponeso, de relevo montanhoso e habitada por pastores. Já na Antiguidade, a região foi associada a um lugar especial, quase mítico, dominado pelo deus Pan, onde seus habitantes uniam o trabalho à poesia, cantando o paraíso rústico em que viviam. O Arcadismo (ou Neoclassicismo) surge em 1756 com a fundação da Arcádia Lusitana: movimento de reação ao Barroco. O Arcadismo procurava restabelecer o equilíbrio, a harmonia e a simplicidade da literatura renascentista, rompida pelo período da contrarreforma protestante. Com a proposta de eliminar os rebuscamentos e os ornamentos exagerados da estética barroca, o poeta árcade baseia-se nos preceitos do Iluminismo (movimento filosófico de bases racionalistas e antirreligiosas). Esse nome sugere que o movimento tratará de um novo olhar e um novo conceito, com relação à realidade. Esse novo olhar chegou para acabar com a estética do Barroco, que já estava demonstrando sinais de declínio. O movimento surgiu no ano de 1756 quando foi fundada a Arcádia Lusitana. O Arcadismo, ou Setecentismo (anos 1700) ou Neoclassicismo Objetivo Os autores do Arcadismo rejeitavam as coisas inúteis e prezavam pelo contato com a natureza que, para eles, significava a felicidade e a harmonia. Os cenários da poesia árcade são as paisagens do campo e paisagens bucólicas, o que contrastava bastante com o cenário da época, que era justamente de avanço da indústria. Na poesia árcade, as situações são artificiais, não é o próprio poeta que fala de si e de seus reais sentimentos. Nos poemas, quase sempre um pastor confessa o seu amor a uma pastora e a convida para aproveitarem a vida junto à natureza. Tem-se, porém, a impressão de que se trata sempre de um mesmo homem, de uma mesma mulher e de um mesmo tipo de amor. Não há variações emocionais de um poema para o outro nem de poeta para poeta. Isso ocorre devido ao convencionalismo amoroso, que impede a livre expressão dos sentimentos. Ou seja, o que mais importava ao poeta árcade era seguir a convenção, fazer poemas de amor como os poetas clássicos e não expressar os sentimentos. O distanciamento amoroso entre os amantes que se verificava na poesia clássica se mantém, e a mulher continua sendo vista como um ser superior, inalcançável e imaterial. As ideias simplistas estavam muito presentes nas obras deste movimento e foram muito influenciadas pelo filósofo Rousseau, que criou a teoria do Bom Selvagem, na qual ele propunha que a figura do índio era idealizada, pois como ele vivia na natureza, ainda não tinha sido corrompido pela sociedade. Características FUGERE URBEM. “Fugir da cidade”. O “mito do bom selvagem” (“o homem nasce naturalmente bom, a sociedade é que o corrompe”) de Rousseau aliado à expansão constante do meio urbano provocou o bucolismo, ou seja, a evocação nostálgica do campo e da natureza, o viver de modo simples e natural, no campo, longe dos centros urbanos. Durante o Arcadismo, os autores adotaram pseudônimos pastoris inspirados na Arcádia grega. O cenário campestre é constantemente usado como pano de fundo. Na verdade o Neoclassicismo criou um “universo artificial” de enfoque bucólico e pastoril, em que os poetas assumiam “personas” poéticas, adotando pseudônimos que remontavam à velha Arcádia. a poesia árcade retrata uma natureza tranquila e serena, procurando o “Lócus Amoenus”, um refúgio calmo que se contrastava com os centros urbanos monárquicos. O burguês culto buscava na natureza o oposto da aristocracia. os árcades buscavam uma vida simples, próxima da natureza, longe das confusões urbanas. A modernização das cidades trazia os problemas dos conglomerados urbanos. A alternativa era mudar-se para os prados e campos. INUTILIA TRUNCAT. “Corta o inútil”. Esse clichê é uma reação aos excessos formais barrocos. Ao contrário do rebuscamento da escola anterior, os árcades preferiam a clareza, a simplicidade e a ordem direta na linguagem. As inutilidades eram cortadas. A linguagem era depurada, sem exageros ou o rebuscamento da poesia barroca. Os poetas árcades eram contidos em sua expressão poética. CARPE DIEM. “Colher o dia”. Os árcades, como os barrocos, tinham consciência da fugacidade do mundo material, da efemeridade da vida. Vale lembrar que esse clichê também fazia parte do ideário barroco, mas por razões diferentes. Enquanto aqueles procuravam viver intensamente, embora com o peso da culpa cristã sobre suas cabeças, em função da angustiante certeza da decrepitude da morte, os árcadeso fazem por serem materialistas e racionais: se a vida é fugaz, aproveitemo-la. Significa aproveitar o dia, viver o momento com grande intensidade. Foi a atitude assumida pelos poetas-pastores, que acreditavam que o tempo não parava e, por isso, deveria ser vivido plenamente em todos os sentidos. LOCUS AMOENUS. “Lugar ameno”. Os neoclássicos viam a natureza como um lugar ameno, aprazível, onde o homem poderia encontrar equilíbrio e paz interior. AUREA MEDIOCRITAS. (o dourado meio-termo, a dourada mediania). A tradução literal desse clichê não conduz à ideia que ele busca expressar. Seria algo como “equilíbrio de ouro”, baseado na máxima latina In medio est virtus, ou seja, “a virtude está no meio”. Os árcades pregavam o ideal de vida simples, feliz, sem miséria, nem riqueza, em que a posse do essencial à manutenção física do homem proporcionasse tempo para a virtude e a arte. É a oposição a vida luxuosa e triste da cidade e a proposta de uma vida medíocre materialmente mas rica em realizações espirituais. os poetas, autointitulados pastores, exaltavam a vida simples, equilibrada, espontânea e humildade. Para ser feliz, bastava estar em comunhão com a natureza. Universalismo: os árcades não compactuam com o individualismo. Tratam dos temas de maneira geral ou universal. Um dos principais escritores deste movimento, do mundo todo, foi o poeta latino, Horácio, que viveu entre 68 a.C. e 8 a.C. Aspecto formal: Sonetos, versos decassílabos, rima, optativa, poesia épica. Principais autores do Arcadismo em Portugal: Manuel Maria Barbosa du BOCAGE (português) – poeta de transição entre o Arcadismo e o Pré-Romantismo. No Brasil Em 1768 foi publicada "Obras Poéticas", de Cláudio Manuel da Costa, momento que dá início ao Arcadismo no Brasil. Considerada uma literatura eminentemente poética, divide-se em três segmentos: Lírico, satírico e épico. Dois elementos inspiraram esse movimento, a frase de Horácio "Fugere urbem" - fugir da cidade - e o conceito do "bom selvagem" elaborado pelo filósofo Rousseau. Esses conceitos incorporados pelos poetas culmina na ideologia por eles adotada, que é valorização do rural, que se consagra numa postura contrária aos resquícios aristocráticos que ainda vigoravam no mundo moderno e que entraram em declínio com o impacto de três revoluções: a Revolução Francesa, a Revolução Industrial Inglesa e a independência das 13 colônias na América do Norte. No Brasil Colônia essas influências foram sentidas principalmente entre os poetas que frequentavam a academia na Europa, especialmente em Coimbra (Portugal). Assim, as obras literárias do Arcadismo buscavam contrapor os valores cultivados pela aristocracia, e para isso, voltaram-se para a natureza em busca de uma vida bucólica, simples e pastoril. Os poetas arcádicos, angustiados com os problemas urbanos e o progresso científico, propõem a volta à simplicidade da vida no campo e o aproveitamento do momento presente. Embora citadinos, recriam, em seus versos, paisagens bucólicas de outras épocas, verdadeiros fingimentos poéticos, usando pseudônimos gregos e latinos, imaginando-se pastores e pastoras amorosos, numa vida saudável idealizada, sem luxo e em pleno contato com a natureza. A poesia árcade se realiza através do soneto, com versos decassílabos e a rima optativa, e a tradição do épico, retomando os modelos do Classicismo do século XVI. A estética inovadora viria posteriormente com o Romantismo que vai procurar criar uma nova linguagem, capaz de refletir os ideais nacionalistas, uma de suas características essenciais. No Brasil, os principais autores são Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Basílio da Gama e Santa Rita Durão. No Brasil, o ano convencionado para o início do Arcadismo é 1768, quando houve a publicação de Obras, do poeta Claudio Manoel da Costa. Segundo alguns autores, no Brasil existiram duas fases desse movimento, a poética e a ideológica. Na primeira fase, os escritores pregaram um retorno à tradição clássica, fazendo uso dos seus modelos e também valorizando a natureza e a mitologia. Já a fase ideológica foi influenciada pela filosofia iluminista, que traduzia, desde a crítica da burguesia culta, até os excessos da nobreza e do clero. Segundo o crítico Alfredo Bosi em seu livro História Concisa da Literatura Brasileira (São Paulo: editora Cultrix, 2006) houve dois momentos do Arcadismo no Brasil: a) poético: retorno à tradição clássica com a utilização dos seus modelos, e valorização da natureza e da mitologia. b) ideológico: influenciados pela filosofia presente no Iluminismo, que traduz a crítica da burguesia culta aos abusos da nobreza e do clero. Mais fontes http://www.portalsaofrancisco.com.br/literatura/genero-literario http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/caderno-3/elementos-chave-do-movimento-da-estetica- arcade-1.1104973 http://conhecendoarcadismo.blogspot.com.br/2011/11/principais-representantes.html http://educacao.globo.com/literatura/assunto/movimentos-literarios/arcadismo.html http://www.soliteratura.com.br/arcadismo/ https://www.todamateria.com.br/arcadismo-no-brasil/ https://www.resumoescolar.com.br/literatura/arcadismo-contexto-historico-e-caracteristicas/ http://educacao.globo.com/literatura/assunto/movimentos-literarios/arcadismo.html https://curcep.files.wordpress.com/2015/04/2-arcadismo-2015.pdf https://www.resumoescolar.com.br/literatura/arcadismo-contexto-historico-e-caracteristicas/ http://www.nilc.icmc.usp.br/nilc/literatura/arcadismo1.htm http://www.acrobatadasletras.com.br/2014/08/arcadismo-resumo.html http://linguaemmovimento.blogspot.com.br/2012/08/arcadismo.html http://www.portalsaofrancisco.com.br/periodos-literarios/arcadismo
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