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21/05/2019 Contabilidade Intermediária I https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/contabilidade_intermediaria/ebook_html/unidade_4/index.html 1/25 CONTABILIDADE INTERMEDIÁRIA I CAPÍTULO 4 - SE A CONTABILIDADE É REGISTRADA PELO REGIME DE COMPETÊNCIA, COMO SÃO CONTROLADAS AS ENTRADAS E SAÍDAS DE VALORES MONETÁRIOS? Claudineia Kudlawicz Franco INICIAR 21/05/2019 Contabilidade Intermediária I https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/contabilidade_intermediaria/ebook_html/unidade_4/index.html 2/25 Introdução Você já pensou o que seria da contabilidade sem os demonstrativos financeiros? Já parou para pensar em como a divulgação das informações da contabilidade, seja sobre o imobilizado, fluxo de caixa ou outro, é importante para a transparência da profissão? Cada relatório possui sua finalidade e traz informações muito importantes para os seus usuários. Alguns relatórios têm informações sob o regime de competência, outros pelo regime caixa. Um complementa o outro e todos apresentam a vida da empresa. Como fazer, então, para que esses relatórios sejam divulgados de forma correta? É preciso que todas as informações da empresa estejam registradas na contabilidade. Neste capítulo, você poderá conhecer os diversos relatórios da contabilidade. Saberá como fazer a divulgação das informações do imobilizado. Aprenderá a elaborar e divulgar o fluxo de caixa. Você perceberá como é importante que as empresas divulguem suas informações, como essas informações auxiliam na prática contábil, na transparência e na confiabilidade das empresas. Agora, vamos ao aprendizado. Temos muito ainda para aprender e melhorar nosso conhecimento sobre a contabilidade. 4.1 Operações com o imobilizado: divulgação A divulgação das informações do imobilizado informam os investimentos da empresa em sua atividade, mas você sabe quais os critérios para fazer esta divulgação? Existem relatórios contábeis específicos que apresentam os fatos contábeis. As informações do imobilizado são apresentadas no balanço patrimonial, no grupo do não circulante. Além disso, você sabe como é feita a divulgação dos bens do imobilizado? Você sabe como distinguir um bem do imobilizado de um bem adquirido para investimento? Ao estudar os conteúdos a seguir você poderá responder a essas e a outras questões sobre este grupo do ativo não circulante, o imobilizado. 21/05/2019 Contabilidade Intermediária I https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/contabilidade_intermediaria/ebook_html/unidade_4/index.html 3/25 Segundo o CPC 27 (CPC, 2009b), os itens do imobilizado devem ter seus valores revisados, pela determinação do seu valor recuperável. O valor recuperável é o maior valor entre o valor justo líquido da venda e seu valor em uso (CPC, 2010a). Para se estimar o valor líquido de venda são apresentadas três formas pelo CPC 01 (CPC, 2010a): 1) valor líquido de venda com base nas melhores e mais confiáveis informações disponíveis; 2) preço de mercado no caso de existência de mercado ativo; 3) preço do contrato de venda, deduzindo as despesas dessa venda. O valor em uso deve conter: 1) estimativa de fluxo de caixa futuro; 2) valor do dinheiro no tempo; 3) outros fatores como: influência da incerteza quanto ao risco, falta de liquidez, possíveis variações no fluxo de caixa futuro. Vamos considerar, como exemplo, que um dos bens da empresa Gama Ltda. está registrado na contabilidade por R$ 100.000,00. Seu valor recuperável é de R$ 92.000,00. O valor recuperável é o maior montante entre o seu valor justo líquido de venda e o seu valor em uso (RIBEIRO, 2012). Neste caso, o valor líquido desse bem seria o obtido por meio de sua venda e caso a empresa optasse por vender este bem ela o faria por R$ 90.000,00. O valor em uso representa os fluxos de caixa estimados e futuros, resultante do uso do bem estimado pela empresa Gama no valor de R$ 92.000,00. O valor líquido desse bem pode ser encontrado por meio de uma avaliação econômica do fluxo de caixa descontado, estimando as entradas e saídas de caixa futuras decorrentes do uso desse bem. A empresa deve fazer os lançamentos contábeis que ajustem este valor: débito – perdas por desvalorização de ativos (DRE) no valor da diferença que é R$ 8.000,00; crédito – perdas por desvalorização também no valor de R$ 8.000,00 (conta redutora do Ativo). Esta deterioração do bem também é chamada de impairment. Um exemplo de situação em que o bem do imobilizado deve ser avaliado é em decorrência de estragos físicos e de obsolescência. A análise da deterioração do bem e a contabilização do seu valor recuperável devem ser feita periodicamente pelas empresas. Também pode haver casos nos quais o valor desta perda se altera de forma negativa, ou seja, pode acontecer de o item não estar mais deteriorado e, então, o seu valor recuperável pode ter aumentado, então dizemos que houve uma recuperação da perda. 21/05/2019 Contabilidade Intermediária I https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/contabilidade_intermediaria/ebook_html/unidade_4/index.html 4/25 Alguns exemplos de casos nos quais ocorre a recuperação da perda são o aumento significativo no valor de mercado do bem, o melhor desempenho econômico que o esperado (evidências confiáveis), entre outros citados no CPC 01 (2010a). Esta reversão da perda deve ser reconhecida em conta de resultado do período na mesma proporção de seu reconhecimento no momento da estimativa da perda. Utilizando o exemplo acima, vamos considerar que no exercício seguinte, por questões de mercado, a procura pelo bem aumentou e seu valor foi elevado. Esta perda por desvalorização deve ser revertida do seguinte modo: débito – perda por desvalorização no valor de R$ 8.000,00 (conta redutora do Ativo); crédito – receita com perda por desvalorização no valor de R$ 8.000,00 (DRE). Este valor da reversão da perda do bem não pode ser maior que o valor contábil do bem registrado na contabilidade. Os bens do imobilizado distinguem-se dos destinados para a obtenção de lucros, de receitas que não estejam ligadas à atividade-fim da empresa. Um bem adquirido para investimento pode ser um imóvel sobre o qual a empresa espera valorização do capital ou ela poderá alugá-lo para obter ganho. Segundo o conceito de imobilizado apresentado no CPC 27 (CPC, 2009b), “ativo imobilizado é o item tangível que: (a) é mantido para uso na produção ou fornecimento de mercadorias ou serviços, para aluguel a outros, ou para fins administrativos...”. O CPC 28 (CPC, 2009c), que trata das propriedades para investimentos, traz o seguinte conceito: “propriedade para investimento é a propriedade (terreno ou edifício, ou parte de edifício, ou ambos) mantida (pelo proprietário ou pelo arrendatário em arrendamento financeiro) para auferir aluguel ou para valorização do capital ou para ambas”. Ambos os CPC, 27 (imobilizado) e 28 (propriedades para investimento) mencionam bens para aluguel. O que os diferencia? Quando um bem para aluguel é classificado como imobilizado e quando é classificado como propriedade para investimento? O Comitê de Pronunciamentos Contábeis emitiu um parecer técnico de interpretação ICPC 10 (2009d) esclarecendo a diferença entre um bem classificado para investimento e um bem classificado como imobilizado. No imobilizado, o aluguel deve estar relacionado com um ativo que o complemente na atividade da empresa, seja produção de bens ou prestação de serviços. Por exemplo, uma fazenda pode ter casas nas quais os empregados moram e essas casas podem são 21/05/2019 Contabilidade Intermediária I https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/contabilidade_intermediaria/ebook_html/unidade_4/index.html 5/25 alugadas para esses empregados. Esses bens, as casas, fazem parte do imobilizado utilizado para que aatividade da empresa possa ser realizada. Quando a empresa não utiliza esses bens para sua atividade e os adquire para obter outro tipo de receita (aluguel) ou deseja fazer outro tipo de investimentos que não em uma instituição financeira, o bem deve ser classificado como propriedade para investimento. Este bem não está vinculado à atividade da empresa, por isso, não deve ser classificado como imobilizado, mas como propriedade para investimento. CASO A mineradora Santo André, de Minas Gerais, adquiriu uma nova mina. Por se tratar de uma região de difícil acesso, a empresa também adquiriu 3 casas nos arredores para os empregados no valor de R$ 20.000,00 cada uma. Essas casas serão utilizadas pelos empregados durante o período em que estiverem trabalhando pela empresa e pagarão um pequeno aluguel para a empresa no valor de R$ 300,00. Como contabilizar a aquisição dessas casas? Débito – Imóveis no valor de R$ 60.000,00 (Imobilizado); Crédito – Banco no valor de R$ 60.000,00 (Ativo Circulante); O valor o aluguel é uma receita e deve ser contabilizado do seguinte modo: Débito – Banco no valor de 300,00 (Ativo Circulante); Crédito – Receita com aluguéis no valor de R$ 300,00 (DRE). Passados três meses a mineradora Santo André optou por investir suas sobras em um apartamento no centro da cidade de Belo Horizonte, o valor pago foi de R$ 350.000,00 e deve ser contabilizado do seguinte modo: Débito – Propriedades para investimento no valor de R$ 350.000,00 (Ativo não Circulante, Investimentos); Crédito – Banco no valor de R$ 350.000,00 (ativo circulante). 21/05/2019 Contabilidade Intermediária I https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/contabilidade_intermediaria/ebook_html/unidade_4/index.html 6/25 Diferentemente das casas, se um apartamento for adquirido, por exemplo, no centro da cidade de Belo Horizonte e não for utilizado na atividade-fim da empresa, então, esta a aquisição foi para obtenção de receita com aluguel. Neste caso, o imóvel será classificado como propriedade para investimento, no Ativo não Circulante- Investimento. Os itens do Ativo Imobilizado devem seguir algumas normas para sua apresentação no balanço patrimonial. Segundo Iudícibus et al. (2010a) deve ser feito do seguinte modo: as principais classes do imobilizado e seus tipos devem ser demonstrados de forma separadas. Pequenos saldos podem ser agrupados quando forem iguais ou menores que um décimo do valor total do grupo a que pertencem. Também pode ser apresentado no balanço o total global do imobilizado e ser demonstrado e o desdobramento das referidas contas nas notas explicativas; o custo e a conta redutora de depreciação, exaustão ou amortização acumulada devem ser demonstrados separadamente, permitindo que seja identificado o valor do bem e sua depreciação, exaustão ou amortização. A estrutura da apresentação das informações do imobilizado no balanço patrimonial deve ser feito do seguinte modo: Ativo não circulante Realizável a longo prazo Investimentos Imobilizado Terrenos Móveis e utensílios (-) Depreciação acumulada de móveis e utensílios Máquinas e equipamentos (-) Depreciação máquinas e equipamentos Edifícios (-) Depreciação acumulada edifícios 21/05/2019 Contabilidade Intermediária I https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/contabilidade_intermediaria/ebook_html/unidade_4/index.html 7/25 O Comitê de Pronunciamentos Contábeis em seu pronunciamento de número 27 – Ativo imobilizado (CPC, 2009b), apresenta os critérios para a divulgação dos bens do imobilizado. Estas informações estão do item 73 ao 79 do referido pronunciamento. Para saber mais acesse: < (https://goo.gl/ZMUCMi)https://goo.gl/ZMUCMi (https://goo.gl/ZMUCMi)>. Uma forma alternativa de apresentar as informações do imobilizado é apresentando o valor total no balanço e seus detalhes nas notas explicativas. O CPC 26 (CPC, 2011) estabelece que nas notas explicativas devem estar divulgadas as informações que não tenham sido apresentadas nas demonstrações contábeis em conformidade com os pronunciamentos do CPC 26. O CPC 27 (2009b), por sua vez, estabelece que as empresas devem divulgar para cada classe (agrupamento de ativos), as seguintes informações em suas notas explicativas: os critérios que foram utilizados para a mensuração do item, na determinação do seu valor contábil. Por exemplo, o que compreende o custo do imobilizado: preço de aquisição, custos para se colocar o bem no local e em funcionamento, impostos e outros; os métodos e taxas que foram utilizados para calcular a depreciação, informando se a empresa utiliza o método das taxas, das unidades produzidas ou outro; o valor contábil do bem e da depreciação acumulada no início e no final do período. Por exemplo, o valor da depreciação em 31.12.2016 e em 31.12.2017; o valor dos gastos com o bem durante sua construção. Como exemplo desses gastos temos os materiais, a mão de obra, o frete entre outros custos incorridos na construção do bem; a natureza e o efeito de mudanças de estimativa contábil que tenham impacto no período corrente ou subsequentes. Como exemplo temos as mudanças na vida útil dos bens, no método de depreciação utilizado, nos custos de remoção entre outros. VOCÊ QUER LER? 4.2 Relatórios contábeis 21/05/2019 Contabilidade Intermediária I https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/contabilidade_intermediaria/ebook_html/unidade_4/index.html 8/25 A contabilidade registra todos os acontecimentos que de alguma forma afetam o patrimônio, os bens, os direitos e as obrigações das empresas, mas quem são os interessados pela informação contábil? Além dos sócios, quem mais se interessa pelas informações geradas pela contabilidade? As empresas consolidam suas informações periodicamente para que todos os interessados tenham acesso à suas informações. Os sócios precisam saber a rentabilidade de seu investimento e os fornecedores precisam saber sobre a capacidade de pagamento da empresa. As informações são divulgadas para que seus interessados possam comparar as informações, analisar, consultar. Este é o objetivo das demonstrações contábeis: evidenciar a situação patrimonial estática da sociedade. 4.2.1 Demonstrações financeiras da contabilidade Algumas empresas possuem atividades diferenciadas e necessitam seguir alguns critérios em sua contabilidade. É o caso das empresas que compram e vendem imóveis, prontos ou em construção. Com a aprovação da norma NBC TG 47 (CFC, 2016), do IFRS, número 15, o reconhecimento da receita passa a ter novas normas e procedimentos para reconhecimento. A NBC TG 47 tem por objetivo estabelecer os princípios para reconhecimento das receitas e a transferência do bem que originou esta receita e será entregue a quem tenha direito. Quando se tem imóveis em construção, o reconhecimento de sua receita deve ser feito com base na transferência do controle do item, independente de venda à vista ou a prazo. O contrato firmado com o comprador influencia na prática contábil adotada, portanto, é necessário que seja feita uma análise dos contratos para alinhá-lo com as normas aceitas. A receita reconhecida deve estar relacionada com o fluxo de caixa da empresa, mesmo que seja uma relação futura. A receita deve ser reconhecida retratando a transferência do bem ao cliente e refletindo o valor que a empresa espera obter em troca. Para isso é necessária a identificação e análise do contrato com o cliente, a definição do preço da operação e o reconhecimento da receita conforme o processo vai acontecendo. Quando um imóvel é vendido quando ainda está em construção (na planta), a contabilização fica do seguinte modo: No momento da venda já efetuada, pelo recebimento do valor total ou financiamento do imóvel 21/05/2019 Contabilidade Intermediária I https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/contabilidade_intermediaria/ebook_html/unidade_4/index.html9/25 Débito – Banco ou clientes, conforme se venda à vista ou a prazo (Ativo) R$ 200.000,00; Crédito – Receita com imóveis em andamento (Passivo) R$ 200.000,00; Pelos custos incorridos com a construção do imóvel Débito – Custo com imóveis em andamento (Passivo) R$ 150.000,00. Crédito - Estoques com imóveis em andamento (Ativo) R$ 150.000,00; Por ocasião da venda, os custos proporcionais ao imóvel vendido são transferidos para a conta redutora do passivo. Após a conclusão do imóvel e entrega das chaves ao proprietário, a receita precisa ser reconhecida e o custo apropriado. Pelo reconhecimento da receita Débito – Receita com imóveis em andamento (Passivo) R$ 200.000,00 Crédito – Receita com venda de imóveis (DRE) R$ 200.000,00 Pelo reconhecimento e apropriação do custo Débito – Custo com imóveis em andamento (DRE) Crédito – Custo com imóveis em andamento (Passivo) R$ 150.000,00 Em alguns casos, é necessário reconhecer a construção da provisão de contratos onerosos, quando podem ocorrer perdas. Por exemplo, um contrato com custo de R$ 100.000,00 e com receita de R$ 90.000,00, gerando uma perda no valor de R$ 10.000,00, é contabilizado da seguinte forma: débito – despesa com perdas em contratos de construção (DRE) R$ 10.000,00; crédito – provisão com perdas com imóveis em andamento (Passivo) R$ 10.000,00. 21/05/2019 Contabilidade Intermediária I https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/contabilidade_intermediaria/ebook_html/unidade_4/index.html 10/25 As empresas precisam divulgar em suas demonstrações contábeis e notas explicativas as receitas referentes aos contratos e como foram determinados os estágios de execução dos contratos. Quando o contrato ainda estiver em andamento devem ser divulgados o montante dos custos que estão incorrendo e o valor dos adiantamentos recebidos em caso de vendas já efetuadas. VOCÊ SABIA? O termo “obrigação de desempenho” ou “obrigação de performance” é utilizado para definir um momento específico em que um produto ou serviço destinado é entregue para o cliente. A identificação da obrigação de desempenho deve considerar os termos do contrato firmado. Vamos a um exemplo prático de contabilização das obras em andamento. A empresa Alfa é uma construtora e recentemente adquiriu um terreno para a construção de dez imóveis. Para contabilizar os gastos com a obra, a empresa deverá seguiu alguns passos. Inicialmente comprou materiais de construção para utilização futura no valor de R$ 100,00: débito – estoque de materiais de construção R$ 100,00 (Ativo Circulante); crédito – banco R$ 100,00 (Ativo Circulante). Estes itens referentes aos materiais de construção devem ser contabilizados em conta de estoque até o momento em que forem utilizados na obra. A contabilização da utilização dos itens do estoque deve ser feita na medida em que forem utilizados, com seus respectivos valores. Contabilizando o valor somente dos materiais do imóvel 01 no valor de R$ 50,00, temos: débito – obras em andamento no valor do item, referente ao imóvel 01 R$ 50,00 (Ativo Circulante); crédito – estoque de materiais em construção no valor do item R$ 50,00 (Ativo Circulante). 21/05/2019 Contabilidade Intermediária I https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/contabilidade_intermediaria/ebook_html/unidade_4/index.html 11/25 Primeiramente, todos os custos pagos devem ser classificados em uma conta de ativo circulante, obras em andamento de imóveis destinados à venda, para depois serem considerados como custo do item vendido. Quando os itens do estoque são utilizados na obra, além da baixa do estoque, é feita a apropriação do custo de cada uma das casas. A apropriação do custo deve ser feita por critério de rateio definido pela empresa, como vemos a seguir. A empresa Alfa é uma construtora e finalizou a construção dos seus imóveis e os colocou à venda. Antes disso, contabilizou todos os gastos em uma conta única e agora precisa fazer a separação entre as unidades no valor de R$ 100.000,00 cada, mas com um total de R$ 1.000.000,00 para 10 imóveis: débito – estoque de imóveis à venda R$ 1.000,00 (Ativo Circulante); crédito – obras em andamento, referente ao imóvel 01 (Ativo Circulante); débito – estoque de imóveis à venda R$ 1.000,00; crédito – obras em andamento, referente ao imóvel 02 (Ativo Circulante). E assim o fez para cada um dos dez imóveis. Por fim, a empresa efetuou a venda de um dos imóveis por R$ 200.000,00 a prazo e contabilizou do modo como vemos a seguir. Pelo contrato da venda efetuado Débito – Clientes R$ 200.000,00 (Ativo Circulante ou no longo prazo, a depender do prazo do contrato); Crédito – Adiantamento de clientes R$ 200.000,00 (Passivo não Circulante); Para registrar o custo o imóvel vendido no valor de R$ 100.000,00 Débito – Custo de imóveis vendidos R$ 100.000,00 (DRE); Crédito – Estoque de imóveis à venda R$ 100.000,00 (Ativo Circulante). O registro desse custo na DRE será feito à medida que os imóveis forem sendo vendidos. Ao receber as parcelas da venda do imóvel, no valor de R$ 10.000,00 cada uma: 21/05/2019 Contabilidade Intermediária I https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/contabilidade_intermediaria/ebook_html/unidade_4/index.html 12/25 débito – banco R$ 10.000,00 (ativo circulante); crédito – clientes R$ 10.000,00 (ativo circulante). Assim, a empresa foi contabilizando todas as parcelas no dia em que as recebeu. A empresa também deve registrar a receita pelo valor integral da venda: débito – adiantamento de clientes R$ 200.000,00 (Passivo não Circulante); crédito – receita de vendas de imóveis R$ 200.000,00 (DRE). No momento da venda. Quando a empresa vendeu o imóvel pagou a comissão do vendedor, uma despesa com vendas no valor de R$ 5.000,00: débito – despesa com vendas R$ 5.000,00 (DRE); crédito – banco R$ 5.000,00 (Ativo Circulante). Os demais imóveis construídos e não vendidos ficam em conta de estoque de imóveis a comercializar. O valor do estoque desses imóveis deve conter todos os gastos incorridos para sua construção, desde a aquisição do terreno, materiais, mão de obra, entre outros. Os gastos com a construção de estandes ou apartamentos-modelo devem ser registrados como imobilizado, pois fazem parte da atividade da empresa (IUDÍCIBUS et al., 2010a). As contas contábeis provenientes dos contratos de construção incluem o balanço patrimonial e a DRE. No Ativo Circulante são contabilizados os itens que ainda não estão sendo utilizados na obra, os imóveis concluídos que estão aguardando a venda são contabilizados na conta de estoque. Na DRE estão os custos e as receitas e além do balanço patrimonial e da DRE também são evidenciados os fatos dos contratos de construções nos diversos relatórios contábeis. VOCÊ O CONHECE? 21/05/2019 Contabilidade Intermediária I https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/contabilidade_intermediaria/ebook_html/unidade_4/index.html 13/25 Considerado o patrono da contabilidade pela criação do “Dia do Contador”, João de Lyra Tavares é contador e autor de livros didáticos e técnicos. Foi responsável pelo estudo e reestruturação da contabilidade feita no Tesouro Nacional, em 1914. A “Medalha João Lyra” é concedida ao profissional contábil que possui carreira sólida e escritor de obra que agregue valor para a profissão e para o meio acadêmico. A contabilidade possui um conjunto de relatórios contendo informações que retratam a situação das empresas, seus bens, suas dívidas e direitos. Esses relatórios devem ser divulgados periodicamente, sendo compostos por: relatório da administração, demonstrações contábeis e notas explicativas. Esses relatórios são destinados aos seus diversos usuários, sejaminternos ou externos às empresas. As empresas devem elaborar seus relatórios utilizando o regime de competência, exceto a demonstração do fluxo de caixa (DFC), que deve ser feita pelo regime de caixa. Esses relatórios devem ser elaborados periodicamente, conforme determina a legislação. O regime de competência é corresponde ao período em que os fatos ocorrem, independente de recebimento ou pagamento desses fatos. O regime de caixa é feito com base nas datas de desembolso quando ocorrem os pagamentos e recebimentos. Um dos relatórios contábeis que auxiliam muito o contador é o balancete de verificação. Trata-se de um relatório interno que exprime as contas extraídas com seus respectivos saldos devedores e credores (RIBEIRO, 2012). Este relatório separa os valores das contas em duas colunas, uma de débito e outra de crédito, O total da coluna dos débitos deve ser igual ao total da coluna dos créditos. O balancete apresenta as contas patrimoniais na ordem das contas do Balanço (ordem de liquidez do Ativo e exigibilidade do Passivo) e as contas de resultado na ordem da DRE (receitas, custos e despesas). Isso facilita na verificação de algum equívoco de lançamento. A tabela a seguir apresenta um modelo de balancete de verificação: 21/05/2019 Contabilidade Intermediária I https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/contabilidade_intermediaria/ebook_html/unidade_4/index.html 14/25 O balancete de verificação facilita a análise das contas credoras e devedoras. Sua elaboração, geralmente, é feita por meio do sistema contábil utilizado pela empresa. Ou, se feito de forma manual, deve ser preenchido a cada lançamento contábil, com os respectivos valores de débito e crédito. O filme Enron: os mais espertos da sala é um documentário do ano de 2005. Feito com base na falência da empresa Enron, no ano de 2002, alvo de diversas denúncias de fraudes contábeis e manipulação de seus relatórios contábeis. O documentário possui termos de economia e mostra o retrato de uma megacorporação que empregava milhares de pessoas e cujas ações na bolsa de valores eram muito altas. Enfim, a empresa tinha toda uma estrutura com base em mentiras e especulações com base em seus relatórios contábeis. Você pode acessá-lo em: < https://goo.gl/Kqe8jo (https://goo.gl/Kqe8jo) >. Outro relatório importante na contabilidade é a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL). Este demonstrativo financeiro fornece a movimentação ocorrida durante o exercício nas diversas contas que compõe o patrimônio líquido (IUDÍCIBUS et al., 2010a). Além disso, ele indica a origem e os valores de cada um dos acréscimos ou diminuições do patrimônio líquido do exercício. Tabela 1 - Modelo de balancete de verificação. Fonte: Elaborado pela autora, 2018. VOCÊ QUER VER? Deslize sobre a imagem para Zoom 21/05/2019 Contabilidade Intermediária I https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/contabilidade_intermediaria/ebook_html/unidade_4/index.html 15/25 Os saldos para a elaboração da DMPL são extraídos das contas do Livro Razão, proveniente de todos os lançamentos feitos na contabilidade no período, ou seja, basta apenas consultar a movimentação ocorrida durante o período em que se quer fazer a demonstração. Como exemplo temos as seguintes movimentações, além dos saldos anteriores, totalizando R$ 3.600,00 listados na primeira linha da demonstração (Saldo em 31.12.x1): lucro líquido do exercício R$ 3.000,00; aumento de capital em dinheiro R$ 4.000,00; aumento de capital proveniente das reservas R$ 1.000,00; distribuições do lucro: reserva legal R$ 500,00; Reserva estatutária R$ 300,00; reserva para contingência R$ 50,00; dividendos R$ 250,00. A DMPL ficaria do seguinte modo: As contas que formam o PL podem sofrer diversos tipos de alterações, tais como lucros ou prejuízos, aumento ou redução do capital, entre outras alterações que são evidenciadas no DMPL, como no exemplo anterior. Tabela 2 - Exemplo de DMPL. Fonte: Elaborado pela autora, 2018. VOCÊ QUER LER? Deslize sobre a imagem para Zoom 21/05/2019 Contabilidade Intermediária I https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/contabilidade_intermediaria/ebook_html/unidade_4/index.html 16/25 O Comitê de Pronunciamentos Contábeis em seu pronunciamento CPC 02 (2010b) tem por objetivo definir a base para a apresentação das demonstrações contábeis, assegurando a comparabilidade entre as empresas e os relatórios. Este pronunciamento também estabelece os requisitos mínimos do conteúdo dessas demonstrações. Você pode acessá-lo em: <https://goo.gl/Xv54vW (https://goo.gl/Xv54vW)>. A Demonstração do Valor Adicionado (DVA), por sua vez, tem por objetivo informar o valor da riqueza que a empresa criou e como ela distribuiu esta riqueza (IUDÍCIBUS et al., 2010a). A diferença entre DRE e DVA está na forma como se apresenta a riqueza, ou seja, o DRE apresenta a riqueza gerada pela empresa pertencente aos sócios e acionistas e o DVA apresenta a riqueza gerada pela empresa pertencente aos empregados, governo, terceiros. A tabela a seguir apresenta um exemplo de DVA com valores retirados da DRE e do Balanço Patrimonial: Tabela 3 - Exemplo de DVA. Fonte: Elaborado pela autora, baseado em IUDÍCIBUS, 2010. Deslize sobre a imagem para Zoom 21/05/2019 Contabilidade Intermediária I https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/contabilidade_intermediaria/ebook_html/unidade_4/index.html 17/25 Assim, a função da DVA é evidenciar o quanto de riqueza a empresa produziu no período e de que modo essa riqueza foi distribuída. Esta distribuição é o valor pago de salários aos empregados, impostos, distribuição de lucros para os acionistas entre outros e também apresenta a riqueza que não foi distribuída. 4.3 DFC: conceitos A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) apresenta a composição do resultado pelo regime de competência, mas você sabe como as informações pelo regime de caixa são divulgadas? As informações referentes às entradas e saídas de dinheiro, origens e aplicações de recursos da empresa são apresentadas na Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC). Você sabe o que é uma DFC? Você sabe qual é o objetivo de uma DFC? A DFC traz informações úteis para a empresa? Ao estudar os conteúdos apresentados nesta seção você compreenderá o que é e para que serve uma DFC e conseguirá responder a essas e muitas outras perguntas. A DFC é um relatório que apresenta as entradas e saídas de caixa da empresa, ou seja, entradas e saídas de dinheiro da empresa. O objetivo da DFC é apresentar informações úteis aos usuários para avaliar as necessidades de recursos de curto prazo e capacidade de geração de caixa (SANTOS, 2014). Esta demonstração sintetiza os fatos que envolvem o dinheiro da empresa, fatos devidamente registrados na contabilidade debitando e creditando as contas caixa e bancos. VOCÊ SABIA? Antes da publicação da Lei 11.638/07 (BRASIL, 2007), a DFC não era obrigatória. Depois da promulgação desta lei, a DFC tornou-se obrigatória em substituição à Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos (DOAR), mas as regras de sua elaboração foram estabelecidas pelo CPC com o pronunciamento técnico CPC 03 (CPC, 2010c). Quando analisadas em conjunto com os demais relatórios da contabilidade, a DFC possibilita que os usuários avaliem diversos itens como: 1) capacidade da empresa em gerar caixa; 2) capacidade da empresa em honrar seus compromissos; 3) liquidez e solvência da empresa; 4) os efeitos das transações de investimento e financiamento (IUDÍCIBUS et al., 2010a). Segundo Iudícibus et al. (2010a), para cumprir sua finalidade, 21/05/2019 Contabilidade Intermediária I https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/contabilidade_intermediaria/ebook_html/unidade_4/index.html 18/25 a DFC deve atender alguns requisitos como aevidenciação do período das transações e separá-las em atividades operacionais, de investimento e financiamento, além de conciliar o resultado líquido com o caixa gerado ou consumido. Para a elaboração da DFC é necessário considerar o conceito de caixa e equivalente de caixa. Caixa é o dinheiro em poder da empresa: dinheiro no banco e em conta corrente, aplicações financeiras de altíssima liquidez (RIBEIRO, 2012). O equivalente a caixa são as aplicações financeiras com características de liquidez imediata, que ser resgatados no momento em que a empresa quiser. No Brasil, as aplicações financeiras em títulos de renda fixa, por um prazo de até três meses contados da data de aquisição, são consideradas equivalentes de caixa (IUDÍCIBUS et al., 2010a). As entradas e saídas de caixa são classificadas conforme suas atividades: atividades operacionais, atividades de investimentos e atividades de financiamento. As atividades operacionais são decorrentes das operações da empresa. Atividades operacionais são as principais atividades geradoras de receita da entidade e outras atividades que não são de investimento e tampouco de financiamento, segundo o CPC 03 (2010c). Há, ainda, entradas e saídas de caixa operacionais. Como exemplo de entradas de caixa operacional temos o recebimento das vendas ou prestação dos serviços, recebimento de juros e dividendos sobre o capital próprios ou qualquer outro recebimento que não seja originário das atividades de investimento ou financiamento. Como exemplo de saídas de caixa das atividades operacionais temos os pagamentos aos fornecedores de mercadorias e/ou serviços, pagamentos de impostos pagamento dos juros dos financiamentos e outros. Quando é efetuada uma venda a prazo, em parcelas, o valor desta venda só entra na DFC quando for recebido. Por exemplo, a empresa Alfa efetuou uma venda no valor de R$ 3.000,00 em três parcelas, sendo uma para receber em março e as demais em abril e maio de 2018. Desta forma, na DFC do mês de março estará o valor de entrada de R$ 1.000,00 referente à primeira parcela da venda. Na DFC de abril estará o valor de entrada de R$ 1.000,00 referente ao recebimento da segunda parcela e na DFC do mês de maio também estará o valor de entrada de R$ 1.000,00, referente ao recebimento da terceira parcela da venda. No caso de compras a prazo, aparecerá na DFC somente o valor da parcela paga, independente se a mercadoria já foi recebida e utilizada. O valor desta compra poderá estar como saída de caixa na DFC de quantos meses forem os pagamentos das parcelas. As atividades de investimentos estão relacionadas com os ativos de longo prazo da empresa utilizados para a produção de bens e/ou serviços. As atividades de investimento são as referentes à aquisição e à venda de ativos de longo prazo e de 21/05/2019 Contabilidade Intermediária I https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/contabilidade_intermediaria/ebook_html/unidade_4/index.html 19/25 outros investimentos não incluídos nos equivalentes de caixa, segundo o CPC 03 (CPC, 2010c). Como exemplos de caixa gerado pelas atividades de investimentos temos o recebimento de valores referentes à venda do imobilizado, resgate de aplicações financeiras que não sejam classificadas como equivalentes de caixa, entre outros. Como exemplo de saídas de caixa temos valores pagos na compra de itens do imobilizado, aplicações financeiras feitas para resgate futuro e que não se classifiquem como equivalentes de caixa. As atividades de financiamento são aquelas que resultam em mudanças no tamanho e na composição do capital próprio e no capital de terceiros da empresa, de acordo com o CPC 03 (CPC, 2010c). Como exemplo de atividades que geram entradas de caixa das atividades de financiamento temos a venda de ações, empréstimos obtidos não em instituições financeiras, mas no mercado, como as debêntures. Como exemplo de saídas de caixa das atividades de financiamento temos os pagamentos de dividendos e juros sobre o capital próprio, entre outros. Existem alguns pontos polêmicos na classificação das atividades para a elaboração da DFC. Os juros pagos, dividendos e juros sobre o capital próprio pagos representam o custo pela obtenção do financiamento (IUDÍCIBUS et al., 2010a), mas se este financiamento é classificado nas atividades de financiamento, esses itens também poderiam ser assim classificados. Porém, o IASB (International Accounting Standards Board) facultou a classificação em atividades operacionais ou de financiamento. As duplicatas descontadas são comentadas indiretamente no CPC 03 (CPC, 2010c), indicando que sejam classificadas como atividades operacionais. Sua origem é na venda a prazo, que é uma atividade operacional, mas o desconto propriamente dito é uma forma de obter financiamento. Desta forma, poderia também ser tratada como atividade de financiamento. Algumas operações realizadas pelas empresas não geram nem entradas nem saídas de caixa. São operações que afetam o ativo e o passivo, mas não passam pelo caixa ou bancos da empresa, como as operações de bens ganhos por doação, dívidas que se convertem em aumento de capital, entre outros. 4.4 DFC: operacionalização A demonstração do fluxo de caixa apresenta os valores das entradas e saídas do caixa da empresa. Mas você sabe como elaborar a DFC? As atividades precisam ser classificadas? Após a identificação e classificação das atividades é necessário elaborar 21/05/2019 Contabilidade Intermediária I https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/contabilidade_intermediaria/ebook_html/unidade_4/index.html 20/25 a DFC. Cada operação que envolve o caixa da empresa deve ser incluída na DFC. Os fatos para a elaboração da DFC não devem ser tomados pelo regime de competência, mas pelo regime caixa. Para sua elaboração existem dois métodos: o direto e o indireto. Você sabe o que está por trás dos métodos de elaboração da DFC? Você sabe a diferença entre esses dois métodos? Ao estudar o conteúdo apresentado a seguir, você conseguirá responder essas e a outras tantas perguntas sobre a DFC. A elaboração da DFC pode ser feita por meio de dois métodos: o direto e o indireto. O CPC 03 (CPC, 2010c) apresenta que ambos os métodos podem ser utilizados, mas exige que a empresa faça a conciliação do lucro líquido e do fluxo de caixa das atividades operacionais pelo método direto. O método direto deixa explícito as entradas e saídas de caixa dos principais componentes das atividades operacionais, o saldo final das operações exprime o volume líquido de caixa das operações durante o período (IUDÍCIBUS et al., 2010a). As empresas que optarem por este método devem detalhar o fluxo das operações em classes. Pelo método indireto, faz-se a conciliação entre o lucro líquido (DRE) e o caixa gerado pelas operações (IUDÍCIBUS et al., 2010a). Vamos a um exemplo prático de como se monta a DFC. A empresa Alfa Ltda. apresentou os seguintes demonstrativos financeiros no final do ano de 2017: Os valores para a DFC da empresa Alfa são retirados do Balanço Patrimonial, ano atual e anterior, bem como da DRE do ano atual. Também são considerados os valores de movimentações como distribuição dos lucros em forma de dividendos, compras de mercadorias, entre outras. Tabela 4 - Balanço patrimonial empresa Alfa Ltda. Fonte: Elaborado pela autora, 2018. Deslize sobre a imagem para Zoom 21/05/2019 Contabilidade Intermediária I https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/contabilidade_intermediaria/ebook_html/unidade_4/index.html 21/25 Como informações adicionais temos: dividendos distribuídos em 2017 no valor de R$ 2.000,00; compras de mercadorias em 2017 no valor de R$ 46.000,00; como imobilizado a empresa possui apenas terrenos; despesas administrativas e com vendas incorridas e pagas no período. Para a montagem da DFC vamos iniciar pela conta de clientes.Esta conta tinha um saldo de R$ 8.000,00, em 2016, e de R$ 9.000, em 2017. Calculamos o valor recebido desses clientes do seguinte modo: Saldo de clientes em 2016 = R$ 8.000,00; (+) vendas de 2017 = R$ 65.000,00; (-) saldo de clientes em 2017 = R$ 9.000; (=) recebimento de clientes no valor de R$ 64.000,00; Para o cálculo dos fornecedores pagos temos: Saldo do estoque em 2016 = R$ 7.000; (+) Compras no ano de 2017 = R$ 46.000,00; (-) estoque do ano de 2017 = R$ 10.500,00; (=) custo da mercadoria vendida no valor de R$ 42.500,00. Então: Tabela 5 - Demonstração do resultado do exercício empresa Alfa Ltda. Fonte: Elaborado pela autora, 2018. Deslize sobre a imagem para Zoom 21/05/2019 Contabilidade Intermediária I https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/contabilidade_intermediaria/ebook_html/unidade_4/index.html 22/25 Fornecedores no ano de 2016 = R$ 5.500,00; (+) Compras em 2017 = R$ 46.000,00; (-) Fornecedores em 2017 = R$ 11.000,00; Valor do pagamento aos fornecedores de R$ R$ 40.500,00; Para o cálculo do pagamento das despesas: Despesas totais em 2017 no valor de R$ 17.500,00; (-) despesas antecipadas em 2016 = R$ 1.000,00; (+) despesas antecipadas em 2017 = R$ 500,00; Valor pago nas despesas R$ 17.000,00. Agora, com todas essas informações podemos montar a DFC pelo método direto: Para a montagem da DFC pelo método indireto iniciamos pelo lucro líquido para depois fazer os ajustes necessários: Tabela 6 - DFC empresa Alfa Ltda. método direto. Fonte: Elaborado pela autora, baseado em IUDÍCIBUS et al., 2010b. Deslize sobre a imagem para Zoom 21/05/2019 Contabilidade Intermediária I https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/contabilidade_intermediaria/ebook_html/unidade_4/index.html 23/25 Para a elaboração da DFC é necessário considerar todas as movimentações que ocorreram no caixa da empresa. Para algumas contas é necessário trabalhar com os valores de entradas e saídas, para outras é necessário fazer alguns cálculos separados. Independentemente do método utilizado, se direto ou indireto, ambos precisam fechar com a variação no caixa da empresa. Tabela 7 - DFC empresa Alfa Ltda. método indireto. Fonte: Elaborado pela autora, baseado em IUDÍCIBUS et al., 2010b. Síntese Concluímos o capítulo referente à divulgação do imobilizado, os relatórios contábeis e a DFC. Agora você já conhece a forma como se estrutura o demonstrativo que evidencia a movimentação do caixa da empresa, bem como a forma de divulgar mais algumas informações da contabilidade. Neste capítulo, você teve a oportunidade de: compreender a forma de divulgação do ativo imobilizado; conhecer e efetuar lançamento que envolvem os contratos de construção; aprender a elaborar o balancete de verificação; compreender os conceitos e a função da DVA e da DMPL; entender os conceitos da DFC; Deslize sobre a imagem para Zoom 21/05/2019 Contabilidade Intermediária I https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/contabilidade_intermediaria/ebook_html/unidade_4/index.html 24/25 compreender a forma de divulgação da DFC; conhecer os métodos de elaboração da DFC. Bibliografia BETTEGA, C. Enron - Os Mais Espertos da Sala. Youtube, 2015. Disponível em: < (https://goo.gl/Kqe8jo)https://goo.gl/Kqe8jo (https://goo.gl/Kqe8jo)>. Acesso em: 05/05/2018. BRASIL. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Brasília: Diário Oficial, 2007. 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