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Direito Civil I- notas de aulas

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Direito Civil I 
 
André Teles Página 1 
 
leandrolpparaense@hotmail.com 
http://direitocivil1universo.blogspot.com.br/ 
Livros: 1 – Cristiano Chaves de Farias e Nelson 
Rosenwald – Teoria Geral do Direito civil – Lumen Juris 
ou Jus Podium. 2 – Carlos Alberto Gonçalves - Curso de 
direito Civil Brasileiro – Saraiva. 3 – Pablo Stolze e R. 
Pamplona – Saraiva. 4 – Maria Helena Diniz 
Pessoa Natural 
ANTENÇÃO: o conteúdo destas notas de aulas refletem o minha compreensão sobre o que foi 
ministrado em sala de aula. Ao estudar por apontamentos de outro aluno, você estará lendo o 
entendimento deste, e não necessariamente o que foi dito pelo professor. Ademais, as notas de 
aulas podem sofrer alterações na esquematização, na ordem, bem como acréscimos de outras fontes 
de pesquisa (geralmente transcritas usando fonte itálico). 
1 – Caracterização 
Código civil - CAPÍTULO I 
DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE 
Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem 
civil. 
 
Refere-se a todos que tem personalidade jurídica. O 
ser humano é identificado por seus pais serem 
humanos, não importando o grau de deformação que 
tenha. O que determina a humanidade é a sua 
proveniência. 
1.1 – Início da personalidade 
Pessoa – qualquer ente físico ou coletivo suscetível de direitos e 
deveres. Todo ente natural e também alguns agrupamentos humanos 
ou patrimoniais que a lei atribui personalidade. Personalidade é a 
aptidão de titularizar relações jurídicas ou ser titular de direitos e 
deveres. Na acepção jurídica, pessoa é o ente físico ou moral, 
suscetível de direitos e obrigações. Nesse sentido, pessoa é sinônima 
de sujeito de direito ou sujeito da relação jurídica. No direito moderno, todo ser humano é pessoa no 
sentido jurídico. Mas, além dos homens, são também dotadas de personalidade certas organizações 
ou coletividades, que tendem à consecução de fins comuns. 
2 – Pessoa x personalidade 
Capacidade (de fato) habilidade de exercer os direitos e obrigações, ou seja, ter discernimento para 
exercer a vida civil. Tem que ter capacidade de comunicação, ou exprimir a sua vontade. A noção de 
capacidade, que se entrosa com a de personalidade e a de pessoa. Com efeito, os diversos elementos 
da primeira constituem a segunda, que se concretiza ou se realiza na terceira. Capacidade é a aptidão 
para adquirir direitos e exercer, por si ou por outrem, atos da vida civil. O conjunto desses poderes 
constitui a personalidade, que, localizando-se ou concretizando-se num ente, forma a pessoa. 
2.1 – Espécies de Capacidade 
a) Capacidade de Direito ou de Gozo (confundida com a personalidade) é ínsita (DIC. INSERIDO; 
INTRODUZIDO) ao ente humano, pois o CCB de modo enfático diz no art. 1º que “toda pessoa é capaz 
pro.ve.ni.ên.cia 
s. f. 1. Lugar de onde alguma 
coisa provém. 2. Fonte, origem, 
procedência. 
Dic. Michaelis - UOL 
 
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de direitos e obrigações na ordem civil”. Ela é a aptidão para gozar dos direitos (subjetivos), 
estendida a todas as pessoas humanas, incondicionalmente. 
b) Capacidade de gozo e Legitimação – do ponto de vista doutrinário, a capacidade de gozo, 
distingue-se da Legitimação, pois muitas vezes a pessoa tem a capacidade de gozo, mas pode achar-
se inibida de praticar determinados atos jurídicos “em virtude de sua posição especial em relação a 
certos bens, certas pessoas ou certos interesses”. Cf. Washington de Barros Monteiro, Curso de Direito Civil, Op. Cit., p. 
61. Exemplo: O (pai) proprietário tem direito de alienar livremente seus bens (capacidade de gozo), 
mas para vendê-los a um dos descendentes (filho), carecerá do prévio consentimento dos demais, ou 
seja, de legitimação. – Serpa Lopes, Apud.Washington de Barros Monteiro, Curso de Direito Civil, Op. Cit., p. 61. Confira os 
Exemplos: Código Civil - Art. 496 (e 1.647). É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os 
outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido. 
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da 
separação obrigatória. 
 
c) Capacidade de Fato ou de Exercício (capacidade negocial) – é a possibilidade de exercer 
diretamente (por si só) os direitos e praticar os atos da vida civil, ou seja, aptidão reconhecida à 
pessoa natural para exercitar os seus direitos e deveres. Se a capacidade de gozo é imanente, 
conatural a todo o ser humano, a capacidade de fato ao contrário pode ser retirada. 
A capacidade de fato acha-se vinculada a determinados fatores objetivos, como: idade, manifestação 
da vontade, estado de saúde, sanidade mental, cultura etc. Ela é um exercício de direitos e pressupõe 
realmente consciência e vontade. Obs.: A capacidade de fato pressupõe a capacidade de direito, mas 
esta pode substituir independentemente daquela. O ordenamento registra, ainda, as chamadas 
capacidades especiais (35 anos para o cargo de Presidente, Vice-presidente e Senador da República – 
(art. 14, § 3º, VI da CF) e as proibições legais (doação à concubina por parte do cônjuge adúltero – 
art. 550 do CCB e doação de todos os bens, sem reserva para a subsistência do doador – art. 548 do 
CCB). 
Personalidade - A personalidade é um atributo ou valor jurídico. Ela tem início com o nascimento com 
vida, no momento da primeira respiração, ainda que o nascituro ainda esteja ligado à mãe pelo 
cordão umbilical ou nem tenha forma humana. O nascimento com vida atribui personalidade, ainda 
que advenha a morte posterior e os direitos adquiridos sejam transmitidos. Os direitos do nascituro 
também são resguardados, já que possui expectativa de vida, estando seus direitos assegurados sob 
condição suspensiva. A personalidade começa do nascimento com vida, mas a lei põe a salvo os 
direitos do nascituro. Essa contradição é chamada de tautologia. Art. 2º A personalidade civil da pessoa 
começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. A 
personalidade possui alguns atributos tais como capacidade e nome. A individualização da 
personalidade se dá através do nome, que torna possível o reconhecimento da pessoa no seio da 
família e da sociedade. A pessoa identifica-se pelo nome, pelo estado e pelo domicílio. 
Existem alguns direitos da personalidade que são disponíveis, como os direitos autorais (Lei 
5.988/73), o direito à imagem (Lei 9807/99), direito ao corpo (art. 13 CC), direito da família (art. 1513 
CC – protege a privacidade) 
2.2 – Teoria natalista - Para os adeptos dessa teoria, só é pessoa quando efetivamente nasce com 
vida. Esta corrente defende que houve um equívoco da lei, foi empregado o termo (direito) de forma 
errada, assim para ter direito é necessário: 
 
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2.2.1 – Nascimento - nascer 
2.2.2 – Vitalidade – nascer com vida, tendo ciclo cardiorrespiratório e extrauterino. 
2.2.3 – Viabilidade – este não é requisito, não importa quanto tempo vai permanecer vivo, por 
exemplo, o anencéfalo, que é pessoa com o nascimento. Também não é exigida aparência humana. 
2.3 – Teoria condicionalista - Desde a concepção já é vida, mas está condicionada ao nascimento 
com vida, ou seja, desde que nasça com vida. Nascendo com vida seu direito é reconhecido desde a 
concepção. Nascendo morto não teria nenhum direito. É uma teoria que acarreta muitos problemas, 
pois é dado um direito que no futuro próximo pode ser revogado, se o nascituro nascer sem vida 
(Art. 130. Ao titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou resolutiva, é permitido praticar os 
atos destinados a conservá-lo). Esta ideia não é admitida no Direito Brasileiro, que trabalha com a teoria 
condicionalista em outras situações,como no caso do concepturo, que é a chamada prole eventual, a 
qual pode ser destinatária de benefícios testamentário, desde que o mesmo seja concebido até 2 anos 
após a morte do testador - Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder: 
I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a 
sucessão; art. 
Art. 1.800. No caso do inciso I do artigo antecedente, os bens da herança serão confiados, após a liquidação ou 
partilha, a curador nomeado pelo juiz. 
§ 4º Se, decorridos dois anos após a abertura da sucessão, não for concebido o herdeiro esperado, os bens 
reservados, salvo disposição em contrário do testador, caberão aos herdeiros legítimos. 
 
2.3.1 – Teoria concepcionista - A concepção ocorre com a nidação (deslocamento do óvulo para o 
útero com início da formação da placenta). Portanto a pílula do dia seguinte, mesmo tomada 72 
horas após o coito, não caracteriza aborto. Ele tem personalidade prévia ou precária, só adquirindo 
personalidade plena quando do seu nascimento. Essa personalidade precária ou parcial lhe confere 
apenas alguns direitos, os direitos personalíssimos, inerentes à personalidade como a honra, a 
imagem, a vida, a saúde, etc. Essa personalidade precária não lhe confere direitos patrimoniais, em 
regra, a exceção feita à estipulação em favor de terceiros, como um seguro, ao testamento, à 
doação, e às obrigações tributárias daí advindas, sendo que em todos esses casos, tais direitos 
dependem da condição de o feto nascer com vida, pois se houver aborto ou for natimorto, tais 
direitos patrimoniais cessam como se nunca tivessem existido, salvo os alimentos (pensão que o 
nascituro tiver pleiteado). A adoção desta teoria é evidente pela leitura do art. 2º do Código Civil e pelo 
enunciado 1 do CJF: “a proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos 
direitos da personalidade, tais como nome, imagem e sepultura”. 
22/08/2013 
3 – Pessoa x Capacidade 
3.1 – Incapacidade absoluta 
3.1.1 - Causas (art. 3º) 
I – Menores de 16 anos - Esse é o limite etário estabelecido pelo legislador desde o Código de 
1916 para considerar a pessoa absolutamente incapaz de atuar na órbita do Direito. Vale 
notar que a Constituição Federal no art. 7º, XXXIII, também estabelece a mesma idade para 
proibir qualquer tipo de trabalho para menores, salvo na condição de aprendiz, a partir de 14 
(quatorze) anos e, o Estatuto da Criança e do Adolescente no art. 2º considera criança a 
 
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pessoa até os 12 (doze) anos e adolescente entre 12 (doze) e 18 (dezoito) anos, 
estabelecendo, também, no art. 142 que os menores de 16 anos serão representados por 
seus pais, tutores ou curadores, considerando-os como absolutamente incapazes. Nesse tipo 
de incapacidade a pessoa não emite a sua vontade sendo sempre representado pelo 
responsável. Os menores de 16 anos (antigo menor impúbere) de um e de outro sexo, são 
incapazes em razão de seu exíguo (Adj. De pequenas proporções; diminuto) desenvolvimento 
mental e social, ou seja, por seu exíguo desenvolvimento carecem de auto-orientação, pois 
são facilmente influenciáveis por outrem. - Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer 
pessoalmente os atos da vida civil: 
I - os menores de dezesseis anos; 
II – Portadores de Deficiência Mental Profunda - O Código Civil, acolhendo os argumentos 
doutrinários, usa de uma expressão mais técnica ao referir-se à ausência do discernimento para os 
atos da vida civil, estabelecendo: “os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o 
necessário discernimento para a prática desses atos”. Parece-nos que fez bem o legislador do código 
Civil em abandonar a amplíssima expressão “loucos de todo o gênero”, o que o permitiu estabelecer 
gradação para a debilidade mental, pois no art. 4º ao conceituar como “relativamente incapazes os 
que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido”, situação essa já estabelecida desde o 
revogado Dec.nº. 24.559/34, pois no seu art. 26 determinava que os psicopatas, assim declarados por 
perícia médica, são absolutamente ou relativamente incapazes, isto dava ao Juiz poderes para limitar 
a ação do administrador ou do curador. Entre os deficientes mentais que podem ser enquadrados 
nesse artigo podemos citar: os portadores de enfermidades físico-psíquicas (demência ou fraqueza 
mental senil, demência afásica, degeneração, psicastenia, psicose tóxica, psicose autotóxica, psicose 
infectuosa, paranoia, demência arteriosclerótica, demência sifilítica, mal de Parkinson senil, etc.) e os 
portadores de deficiência mental ou anomalia psíquica (alienados mentais, psicopatas, mentecaptos, 
maníacos, imbecis, dementes loucos furiosos, ou não, etc.). 
 
A incapacidade absoluta deve ser reconhecida, oficialmente, por meio do procedimento de interdição, 
estabelecido nos arts. 1.177 a 1.186 do CPC. Todavia a doutrina e a jurisprudência admitem a 
incapacidade natural, quando a doença ou deficiência não se encontra judicialmente declarada. P.Ex: 
Doutrina – Silvio Rodrigues42 – “o ato praticado pelo psicopata não interditado será válido, se a 
outra parte estava de boa-fé (princípio geral de direito). É evidente que, se o que praticou o ato com o 
incapaz sabia de sua doença, não poderá invocar sua boa-fé, e o ato será nulo”. 42 Cf. Silvio 
Rodrigues, Direito Civil-Parte Geral, Op. Cit., p. 47. 40 
 
Jurisprudência do STF 43 - O ato praticado pelo louco é nulo, esteja ele interditado ou não. O STF 
decidiu que não é a sentença de interdição que cria a incapacidade e, sim, a loucura; a sentença 
apenas reconhece. É bom lembrar ainda que, o Código não considera válidos os atos praticados pelo 
incapaz nos seus intervalos de lucidez. - Art. 3º - II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não 
tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; 
 
III – Os incapazes de exprimir sua vontade, ainda que por causas transitórias - Qualquer tipo de 
doença que impeça a comunicação. Alcoólicos, drogados, pessoas em coma, são também incapazes 
temporários. Na grande maioria dos casos é necessário o laudo de um especialista (médico, 
psiquiatra) para ter uma autorização judicial. Se for por causa transitória, é dispensado o processo de 
interdição embora, via de regra, bancos e órgãos públicos tendam a exigir um alvará, que seria um 
procedimento muito mais simplificado, pois deste modo eles se resguardam por essa decisão judicial 
(alvará). Exemplos de causa temporária: coma, paralisia, afasia, embriaguez, síncopes em geral. 
 
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O Código não se refere aos surdos-mudos como absolutamente incapaz, pois a própria lei anterior já 
autorizava ao juiz, ao pronunciar a interdição deles, estabelecer os limites da sua incapacidade. 
Todavia o art. 3º, II estabelece: os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o 
necessário discernimento para a prática desses atos, combinado com o previsto no inciso III do 
mesmo artigo: “os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade”, alarga o 
campo de abrangência da incapacidade absoluta, o que permite ao juiz, conforme o caso, considerar 
absolutamente incapaz o surdo-mudo que não puder exprimir sua vontade. Em contra partida o 
inciso III, conceitua, também, os que não tiveram o discernimento necessário, ainda que por causa 
transitória para a prática dos atos da vida civil, situação já admitida pela doutrina e pela 
jurisprudência, como, por exemplo, a pessoa embriagada ou quem tenha ingerido drogas 
alucinógenas, os portadores de arteriosclerose que não possam compreender o seu ato. Art. 3º - III - 
os deficientes mentais, os ébrios habituais e os viciados em tóxicos. 
3.1.2 – Integração da Capacidade -Os absolutamente incapazes são representados (representação), 
se por idade (menor idade) o seu representante é um tutor (TUTELA), se por outros motivos tem um 
curador (CURATELA). 
3.1.3 – Restrição - o absolutamente incapaz tem todas as restrições. Há nulidade dos atos praticados 
pelo incapaz. Quem pratica os atos por eles é o representante. 
3.2 – Incapacidade relativa - Neste tipo de incapacidade a deficiência é menos marcante, não 
afetando com tal intensidade a compreensão do indivíduo. Este tipo de incapaz emite vontade 
incompleta, que precisa ser completada pela emissão de vontade do assistente. Há duas emissões de 
vontade. O assistente só pode complementar a vontade do relativamente incapaz, cabendo sempre a 
iniciativa ao assistido (ato anulável). Exemplo: Casamento de uma pessoa com 17 anos de idade. É 
preciso que o assistido manifeste sua vontade de casar, para que o assistente complemente essa 
vontade. Se o assistido não manifestar a vontade, não haverá casamento, mas se o assistente negar-
se, o Juiz poderá supri-la. 
3.2.1 – Causas 
I – Menores de 18 e maiores de 16 - Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os 
exercer: 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
Maiores de 16 anos e menor de 18 anos podem livremente: 
Servir de testemunha, inclusive em testamento; testar; ser mandatário; firmar recibos de 
pagamentos de benefício da Previdência Social a critério da instituição; equipara-se ao maior 
quanto às obrigações resultantes de atos ilícitos; não se exime de obrigações quando 
dolosamente oculta sua idade; alistar-se como eleitor; requerer, pessoalmente e isento de 
multa, o registro de seu nascimento; pleitear perante a justiça do trabalho sem assistência 
do pai ou tutor; celebrar contrato de trabalho; exercer na justiça criminal o direito de queixa, 
renúncia e perdão; comerciar; movimentar depósitos nas Caixas Econômicas; etc. 
 
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Obs.: Se o menor, com mais de dezesseis anos, contrai obrigação desassistido por seu 
representante, ela é anulável, a não ser quando o relativamente incapaz, espontaneamente 
se declara maior no ato de se obrigar. - Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, 
para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra 
parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior. 
A nossa lei civil dispõe que aos 18 anos completos, acaba a menoridade, ou seja, o indivíduo torna-se 
maior no primeiro momento do dia em que perfazem os 18 anos. Obs.: Os nascidos em ano bissexto, 
a 29 de fevereiro, alcançam a maioridade no 18º ano, mas em 1º de março. 
II – Ébrios habituais e toxicômanos – Art. 4º - II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por 
deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; 
III – Deficiência mental e excepcionais sem desenvolvimento completo, ou seja, tem um 
discernimento reduzido. Art. 4º - III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; 
O Código, nos incisos II e III do art. 4º procura estabelecer de forma descritiva, as pessoas que ficam 
tolhidas de exercer a plenitude dos atos da vida civil, necessitando de assistência. Trata o inciso II dos 
“ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que por deficiência mental, tenham o discernimento 
reduzido”. Acreditamos que as fontes inspiradoras desse dispositivo foram o Decreto nº 24.559/34 e 
o Decreto-lei nº 891/38. Tal qual o previsto nos dispositivos anteriores caberá ao juiz avaliar o caso 
concreto e com auxílio da perícia médica definir o grau de incapacidade, pois sabemos que nem 
sempre a situação de ebriedade ou a toxicomania será tal que possa implicar qualquer “capitis 
deminutio”. O juiz decidirá por meio de provas e pelo contato pessoal, sendo o interrogatório do 
interditando peça fundamental para a sua decisão (art. 
1.181 do CPC), conforme o determinado no art. 1770 do 
CCB transcrevo: “Art. 1.771. Antes de pronunciar-se acerca da 
interdição, o juiz, assistido por especialistas, examinará 
pessoalmente o arguido de incapacidade”. Uma vez 
interditados não poderão praticar atos da vida civil sem 
assistência do curador. 
IV – Pródigos - O gastador compulsivo. O Código também considera relativamente incapaz o pródigo, 
ou seja, aquele que, desordenadamente, gasta e destrói seus haveres, sem proporção com os seus 
rendimentos. Gastar de modo desenfreado é difícil de constatar, é mais comum a identificação 
através de algum vício como a jogatina. Quando se gasta também para manter um vício (que não 
altera o nível de percepção) ou alguma mania como colecionar coisas sem ter condições financeiras. 
Outros exemplos viáveis: vício em jogo de azar, distúrbio de humor bipolar (antiga PMD). Legitimados 
a requerer sua interdição: Art. 1.768 (abaixo) 
Com essa nova situação o juiz, no caso concreto, deve aferir a legitimidade do requerente, 
principalmente pelo estabelecido no inciso II do art.1.768, tendo cônjuge ou descendente, não pode 
ser deferida a legitimidade aos colaterais para a interdição. “A inclusão do pródigo entre os 
relativamente incapazes é considerada por alguns juristas como uma violência à liberdade 
individual”. A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, 
alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado e praticar, em geral, atos que não sejam de mera 
Significado de capitis diminutio: 
Locução Substantiva 
Rubrica: termo jurídico: perda total ou 
parcial da capacidade jurídica ou dos 
direitos de cidadão. 
http://bemfalar.com/significado/capitis-diminutio.html 
 
 
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administração. - Art. 1.782. A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar 
quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera 
administração. 
O pródigo pode casar e exercer sua profissão, ou seja, ele pode praticar todos os atos da vida civil que 
não o conduza ao empobrecimento. Portanto o pródigo não fica privado do poder familiar, do 
exercício de sua profissão ou atividades. 
Obs.: Em relação aos atos pessoais, isto é, não patrimoniais, como é o casamento, o pródigo é 
plenamente capaz, prescindindo-se da assistência do curador. Ressalte-se, entretanto, que mesmo no 
casamento haverá necessidade de assistência do curador para a escolha do regime de bens, cujo 
conteúdo é patrimonial, independentemente de qual seja o regime. 
A nossa legislação prevê algumas outras igualmente importantes para a defesa dos interesses de 
incapazes, das quais podemos destacar as seguintes: 
“Não corre a prescrição contra os absolutamente incapazes (art. 198 do CCB)”; 
“Mútuo feito a menor não pode ser reavido” (art. 588 do CCB.); 
“Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um incapaz, se não provar que reverteu 
em proveito dele a importância paga” (art. 181 do CCB); 
“Partilha, em que há incapazes, não pode ser convencionada amigavelmente” (art. 2.015 do CCB); 
“Pode o menor, ou interdito, recobrar dívida de jogo, que voluntariamente pagou” (art. 814 do CCB); etc. 
3.2.2. Integração da Capacidade: Assistência 
Legitimados a requerer sua interdição: Art. 1.768. A interdição deve ser promovida: 
I - pelos pais ou tutores; 
II - pelo cônjuge, ou por qualquer parente; 
III - pelo Ministério Público. 
27/08/2013 
3.2.2 – Integração - Os relativamente incapazes são assistidos (assistência) e não representados, pois 
eles necessitam de autorização para praticar certos atos ou depois estes atos têm de ser ratificados 
ou confirmados por seu assistente, (pode praticar certos atos desde que ninguém reclame ou anule). 
Só éconsiderado toxicômano quando o uso de qualquer agente químico altera o nível de 
consciência, reduzindo o discernimento. 
Diferença entre anulável e nulo: o anulável (anulabilidade) nasce válido, mas pode ser invalidado, 
anulado, enquanto o nulo não tem possibilidade de validade. Um contrato feito por alguém 
absolutamente incapaz, mas que não existe uma avaliação de especialista e sentença, este contrato 
ainda é nulo, a incapacidade absoluta é “ex tunc” (retroage), enquanto que a incapacidade relativa 
ainda não confirmada, como mencionado, o contrato é válido, não é anulável e não retroage, “ex 
nunc”. 
3.2.3 – Restrição - Possibilidade de praticar atos, desde que assistido ou que sejam tais atos 
posteriormente ratificados. São anuláveis, se praticados sem assistência. 
 
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29/08/2013 
3.3 – Capacidade plena 
3.3.1 – Causas 
I - regular – cessação das causas incapacitantes 
II - excepcional – a emancipação é excepcional porque a causa incapacitante não cessou, mas o 
menor adquiriu capacidade plena. Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa 
fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. 
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: 
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente 
de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; 
II - pelo casamento; 
III - pelo exercício de emprego público efetivo; 
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; 
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função 
deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. 
 
a) Voluntária - quando os pais consentem e fazem uma declaração pública em cartório e não há 
necessidade de homologação do juiz. Quando for um tutor só com a aprovação do juiz. Ambos os 
casos o pré-requisito é ter 16 anos. Esta emancipação só tem validade para a vida civil. O adolescente 
continua sendo menor, ganha apenas a capacidade civil. 
b) Emancipação - mesmo sem querer quando pelo casamento. Não existe idade mínima para o 
casamento, a lei recomenda a partir da idade núbio que é 16 anos. 
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou 
de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil. 
Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (art. 
1517), para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez. 
 
c) Exercício de emprego público efetivo - é raro, mas pode acontecer de um menor de 18 anos 
conseguir um emprego público tendo o exercício público efetivo. 
d) Colação de Grau em Curso de Ensino Superior - outra possibilidade de emancipação é a colação 
de grau superior, neste caso acontecendo, a emancipação é automática não sendo necessário a 
aprovação de um juiz. 
e) Relação de Emprego com economia própria, se menor púbere - por emprego, por 
estabelecimento civil ou empresarial obtém economia própria com mais de 16 anos. O 
estabelecimento não se refere a um prédio, uma sala, mas a qualquer tipo de negocio que lhe renda 
o suficiente para independência financeira. 
3.4 - Capacidade X Legitimação - Embora capaz de praticar genericamente quaisquer atos, por vezes 
a pessoa pode ser proibida de praticar um ato específico, em função da proteção de interesses 
alheios. Nestes casos, esta proibição não significa a incapacidade (que é sempre genérica) do sujeito, 
 
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mas a sua falta de legitimação (que é sempre específica e pontual) para a prática daquele ato em 
concreto. Legitimação não se confunde com legitimidade, que é a possibilidade de pleitear em juízo 
um direito próprio ou, por vezes, alheio. 
4 – Capacidade civil 
Estado Civil - São os atributos próprios da pessoa que, junto ao seu domicílio e seu nome, bem como 
à profissão hodiernamente, formam a qualificação e individualização da pessoa. 
4.1 – individual - engloba o estado civil três categorias: 
I – Capacidade 
II – Idade – se for maior ou menor (púbere que é relativamente incapaz ou impúbere que é 
absolutamente incapaz) 
III – Gênero - Feminino ou masculino 
4.2 - Estado familiar - Matrimonial (solteiro, casado, divorciado ou viúvo) e parentesco (em regra, é 
definido pela filiação). 
4.3 – Estado político – nacionalidade (brasileiro nato, naturalizado ou estrangeiro). 
05/09/2013 
5 – Nome civil 
5.1 – Noção - é uma forma de identificação sócio-jurídica da pessoa. O nome compõe-se de prenome 
(primeiro nome), nome ou patronímico (sobrenome) e agnome (Júnior, Neto, Filho, etc.). Registro de 
Nascimento – art. 51 e 55 Lei 6015/73 – deve ser realizado dentro do prazo estipulado em lei, sob 
pena de multa, e no local onde ocorreu o parto. Registro do Óbito – art. 78 lei 6015/73. Alteração do 
nome, através de pedido justificado – Art. 46 da lei 6015/73. O nome de família, via de regra, não 
poderá ser alterado. 
5.2 - Natureza - Direito da Personalidade, ou seja, extrapatrimonial, 
5.3 - Características – o nome tem características peculiares e próprias que nenhum outro direito 
tem. 
I – Absolutismo (produz efeitos erga omnes) tem o mesmo efeito em todos os lugares, e se desejar 
se pode obrigar a todos na usarem o seu nome civil. Hoje existe a possibilidade de se adotar um 
nome social, especialmente no caso de transgênicos. 
II – Obrigatoriedade (art. 50 da lei 6015/73), todos tem que ter um nome, inclusive dos natimortos, 
III – Indisponibilidade/Intransmissibilidade (pode permitir o uso, mas não cede, etc), o nome pode 
virar uma marca como Walt Disney, mas não foi vendido o nome, este permanece. 
IV – Inexpropriabilidade (não desapropriável; obviedade decorrente da indisponibilidade) 
 
Direito Civil I 
 
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V – Imprescritibilidade – não prescreve, (tempo de acionar a justiça) não há prazo para se exigir, por 
exemplo, que se pare de usar o nome. 
VI – Irrenunciabilidade – Não pode ser renunciado 
VII – Perpetuidade – Válido até após a morte, pois a sociedade ou os parentes tem direito à 
memória. Obs. O morto não tem direito, quando se viola um túmulo se está violando o direito da 
sociedade. 
VIII – Exclusividade - só para pessoas jurídicas porque existe a homonímia, mesmo nome civil em 
duas pessoas. 
Tanto a pessoa natural quanto a jurídica possuem esse atributo da personalidade. 
Nome Civil X Nome Comercial. 
Merece, também, uma breve alusão, a questão do nome comercial, que apresenta traços 
expressivos, que o distinguem nitidamente do nome civil, senão vejamos: 
O nome civil só tem valor Moral, o nome comercial tem valor Pecuniário, patrimonial, sendo, 
pois um valor transmissível “inter vivos” ou “mortis causa”, embora só possa ser cedido, 
normalmente, com o fundo de negócio; 
O nome civil não é Exclusivo, já o nome comercial tem Exclusividade e cabe ação ordinária 
com pedido cominatório, para forçar o réu a abster-se de utilizá-lo; 
O nome civil é Imprescritível, já o nome comercial é Prescritível. 
5.4 - Composição - Prenome (simples ou composto) + Sobrenome (ou patronímico) + Agnome 
(indicação de parentesco como filho, neto, sobrinho, etc.) O Sobrenome pode ser original. Nomes 
vexatórios podem ser vetados. Art. 55, Lei 6015/73 - Quando o declarante não indicar o nome completo, o 
oficial lançará adiante do prenome escolhido o nome do pai, e na falta, o da mãe, se forem conhecidos e não o 
impedir a condição de ilegitimidade, salvo reconhecimento no ato. (Renumerado do art. 56, pela Lei nº 6.216, 
de 1975). Obs.:1ª - Patronímico, cognome ou apelido de família são termos que têm o mesmo significado de 
sobrenome; 
2ª - Agnomes são partículas atribuídas às pessoas para diferenciar de parentes que tenham o mesmo 
nome – Júnior, Filho, Neto, Sobrinho, Segundo ou II (não é de nosso costume) etc.; 
3ª - Apelido, Alcunha ou Epíteto é a designação atribuída a alguém, em razão de alguma 
peculiaridade – Pelé, Zico etc.; 
4ª - Nome Vocatório, nome pelo qual as pessoas são chamadas ou conhecidas – Pontes de Miranda 
(prenome, Francisco); 
5.5 - O Pseudônimo - O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao 
nome. É um nome falso ou suposto, em geral adotado por um escritor, por um artista, etc. (Tristão de 
 
Direito Civil I 
 
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Ataíde é o pseudônimo de Alceu de Amoroso Lima). - Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades 
lícitas goza da proteção que se dá ao nome. 
10/09/2013 
5.6 – Mutabilidade 
5.6.1 – Imotivada - até um ano após completar a maior idade se pode mudar de nome, não sendo 
necessário nenhum tipo de justificativa. Art. 56, Lei 6015/73 - O interessado, no primeiro ano após ter 
atingido a maioridade civil, poderá, pessoalmente ou por procurador bastante, alterar o nome, desde que não 
prejudique os apelidos de família, averbando-se a alteração que será publicada pela imprensa. (Renumerado do 
art. 57, pela Lei nº 6.216, de 1975). 
 
5.6.2 - Motivada 
a) Prenome 
I – Exposição a ridículo ou acentuado exotismo - o juiz não é obrigado a aceitar o nome imposto. Art. 
55, §único, Lei 6015/73 Registros Públicos - Parágrafo único. Os oficiais do registro civil não registrarão 
prenomes suscetíveis de expor ao ridículo os seus portadores. Quando os pais não se conformarem com a 
recusa do oficial, este submeterá por escrito o caso, independente da cobrança de quaisquer emolumentos, à 
decisão do Juiz competente. 
 
II – Erro de grafia (pode ocorrer o erro no ato do registro, podendo gerar inclusive alteração do nome 
de família). 
III – Inclusão ou substituição por apelido notório. Art. 58, §único - Parágrafo único. Poderá também ser 
averbado, nos mesmos termos o nome abreviado, usado como firma comercial registrada ou em qualquer 
atividade profissional. 
 
IV – Adoção 
V – Homonímia depreciativa – (quando o nome gera transtorno por possibilitar duplo sentido ou algo 
que deprecie a pessoa, como ter o mesmo prenome de algum criminoso, quando causa um mal estar 
pessoal mesmo que aparentemente seja um nome comum, mas representa algo para a própria 
pessoa ou para a família. Exemplo: um nome histórico e o detentor detesta o que aquele 
personagem representa). 
VI – Tradução (exemplo italianos: Danielle e Gabrielle) Ex. Quando não está no nosso alfabeto, 
quando o nome é impronunciável em português, (só consoantes ou símbolos não usados em nosso 
alfabeto) é necessário escrever do modo como se pronuncia. 
VII – Transgenitalização (mudança de gênero masculino ou feminino) ainda pode-se mudar o registro 
do nome sem a cirurgia de mudança de gênero. 
B) Sobrenome 
I – Adoção - art. 47, §5º do ECA - O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será inscrita no 
registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá certidão. Art. 1627 CC - A decisão confere ao 
adotado o sobrenome do adotante, podendo determinar a modificação de seu prenome, se menor, a pedido do 
adotante ou do adotado. 
 
 
Direito Civil I 
 
André Teles Página 12 
 
II – Casamento - Art. 1.571. A sociedade conjugal termina: 
I - pela morte de um dos cônjuges; 
 
III – Separação, divórcio ou anulação do casamento - neste caso a mulher não fica obrigada a retirar o 
nome acrescentado do marido, diferente da anulação que imediatamente a alteração do nome é 
desfeita. Art. 1.571. A sociedade conjugal termina: 
II - pela nulidade ou anulação do casamento; 
IV – Inclusão de sobrenome de ascendente (mas não substituição) 
V – União estável (hétero e homoafetiva) 
O STJ e as possibilidades de mudança no registro civil 
O nome é mais que um acessório ou simples denominação. Ele é de extrema relevância na vida social, por ser 
parte intrínseca da personalidade. Tanto que o novo Código Civil trata do assunto em seu Capítulo II, 
esclarecendo que toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome. 
Ao proteger o nome, o Código de 2002 nada mais fez do que concretizar o princípio constitucional da dignidade 
da pessoa humana. Essa tutela é importante para impedir que haja abuso, o que pode acarretar prejuízos e, 
ainda, para evitar que sejam colocados nomes que exponham ao ridículo seu portador. 
Porém, mesmo com essa preocupação, muitos não se sentem confortáveis com o próprio nome ou sobrenome: 
ou porque lhes causam constrangimento, ou porque querem apenas que seu direito de usar o nome de seus 
ascendentes seja reconhecido. E, nestes casos, as pessoas recorrem à justiça. 
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) vem firmando jurisprudência sobre o tema, com julgados que inovam nessa 
área do Direito de Família. Recentemente, no dia 9 de setembro, a Quarta Turma decidiu que é possível 
acrescentar o sobrenome do cônjuge ao nome civil durante o período de convivência do casal. De acordo com o 
colegiado, a opção dada pela legislação, de incluir o sobrenome do cônjuge, não pode ser limitada à data do 
casamento, podendo perdurar durante o vínculo conjugal (REsp 910.094). 
Em outro julgado, no qual o prenome causava constrangimento a uma mulher, a Terceira Turma autorizou a 
sua mudança. A mulher alegou que sofria grande humilhação com o prenome “Maria Raimunda” e, assim, 
pediu a sua mudança para “Maria Isabela” (REsp 538.187). 
A relatora, ministra Nancy Andrighi, acolheu as razões de que não se tratava de mero capricho, mas de 
“necessidade psicológica profunda”, e, ademais, ela já era conhecida em seu meio social como Maria Isabela, 
nome que escolhera para se apresentar, a fim de evitar os constrangimentos que sofria. 
Retificação/alteração 
No direito brasileiro, a regra predominante é a da imutabilidade do nome civil. Entretanto, ela permite 
mudança em determinados casos: vontade do titular no primeiro ano seguinte ao da maioridade civil; decisão 
judicial que reconheça motivo justificável para a alteração; substituição do prenome por apelido notório; 
substituição do prenome de testemunha de crime; adição ao nome do sobrenome do cônjuge e adoção. 
A Terceira Turma do STJ, em decisão inédita, definiu que uma pessoa pode mudar o seu nome, desde que 
respeite a sua estirpe familiar, mantendo os sobrenomes da mãe e do pai. Os ministros do colegiado 
entenderam que, mesmo que vigore o princípio geral da imutabilidade do registro civil, a jurisprudência tem 
apresentado interpretação mais ampla, permitindo, em casos excepcionais, o abrandamento da regra (REsp 
1.256.074). 
 
Direito Civil I 
 
André Teles Página 13 
 
No caso, a decisão permitiu que uma menor, representada pelo pai, alterasse o registro de nascimento. Ela 
queria retirar de seu nome a partícula “de” e acrescentar mais um sobrenome da mãe (patronímico materno). 
Para o relator da questão, ministro Massami Uyeda, afirmou que há liberdade na formação dos nomes, porém 
a alteração deve preservar os apelidos de família, situação que ocorre no caso. 
Homenagem aos pais de criação também já foi motivo de pedido de retificação dos assentos constantes do 
registro civil de nascimento de uma mulher. Em seu recurso, ela alegou que, não obstante ser filha biológica de 
um casal, viveu desde os primeiros dias de vida em companhia de outro casal, que considera como seus pais 
verdadeiros. Assim, desejando prestar-lhes homenagem, pediu o acréscimo de sobrenomes após a maioridade. 
A Terceira Turma autorizou a alteração,ao entendimento de que a simples incorporação, na forma pretendida 
pela mulher, não alterava o nome de família (REsp 605.708). 
O mesmo colegiado entendeu, em outro julgamento, que não é possível alterar ou retificar registro civil em 
decorrência de adoção da religião judaica. No caso, a esposa ajuizou ação de registro civil de pessoa natural 
alegando que, ao casar, optou por acrescentar o sobrenome do marido ao seu. Este, por sua vez, converteu-se 
ao judaísmo após o casamento, religião que é praticada pelo casal e por seus três filhos (REsp 1.189.158). 
O casal sustentou que o sobrenome do marido não identificava a família perante a comunidade judaica, razão 
pela qual pediram a supressão do sobrenome do esposo e sua substituição pelo da mulher. Em seu voto, a 
relatora, ministra Nancy Andrighi, destacou que, por mais compreensíveis que sejam os fundamentos de ordem 
religiosa, é preciso considerar que o fato de a família adotar a religião judaica não necessariamente significa 
que os filhos menores seguirão tais preceitos durante toda a vida. 
A Corte Especial do STJ também já enfrentou a questão. No caso, um cidadão brasileiro, naturalizado 
americano, pediu a homologação de sentença estrangeira que mudou seu sobrenome de Moreira de Souza para 
Moreira Braflat. Ele alegou que, nos Estados Unidos, as pessoas são identificadas pelo sobrenome e que, por ser 
o sobrenome Souza muito comum, equívocos em relação à identificação de sua pessoa eram quase diários, 
causando-lhe os mais diversos inconvenientes (SEC 3.999). 
Para o relator, ministro João Otávio de Noronha, é inviável a alteração de sobrenome quando se tratar de 
hipótese não prevista na legislação brasileira. “O artigo 56 da Lei de Registros Públicos autoriza, em hipóteses 
excepcionais, a alteração do nome, mas veda expressamente a exclusão do sobrenome”, afirmou o ministro. 
Vínculo socioafetivo 
Se a intenção é atender ao melhor interesse da criança, a filiação socioafetiva predomina sobre o vínculo 
biológico. O entendimento foi aplicado pela Terceira Turma do STJ, que decidiu que o registro civil de uma 
menina deveria permanecer com o nome do pai afetivo (REsp 1.259.460). 
No caso, o embate entre pai biológico e pai de criação já durava sete anos. A criança, nascida da relação 
extraconjugal entre a mãe e o homem que, mais tarde, entraria com ação judicial pedindo anulação de registro 
civil e declaração de paternidade, foi registrada pelo marido da genitora, que acreditava ser o pai biológico. 
Nem o exame de DNA, que apontou resultado diverso, o fez desistir da paternidade. 
A relatora do caso, ministra Nancy Andrighi, reconheceu a ilegitimidade do pai biológico para propor a ação. 
Segundo ela, o Código Civil atribui ao marido o direito de contestar a paternidade dos filhos nascidos de sua 
mulher e dá ao filho a legitimidade para ajuizar ação de prova de filiação. Entretanto, a ministra ressaltou que, 
no futuro, ao atingir a maioridade civil, a menina poderá pedir a retificação de seu registro, se quiser. 
A Quarta Turma do STJ, também levando em consideração a questão socioafetiva, não permitiu a anulação de 
registro de nascimento sob a alegação de falsidade ideológica. O relator, ministro João Otávio de Noronha, 
 
Direito Civil I 
 
André Teles Página 14 
 
ressaltou que reconhecida espontaneamente a paternidade por aquele que, mesmo sabendo não ser o pai 
biológico, admite como seu filho de sua companheira, é totalmente descabida a pretensão anulatória do 
registro de nascimento (REsp 709.608). 
No caso, diante do falecimento do pai registral e da habilitação do filho da companheira na qualidade de 
herdeiro em processo de inventário, a inventariante e a filha legítima do falecido ingressaram com ação 
negativa de paternidade, objetivando anular o registro de nascimento sob a alegação de falsidade ideológica. 
“É possível afirmar que a mera paternidade biológica não tem a capacidade de se impor, quando ausentes os 
elementos imateriais que efetivamente demonstram a ação volitiva do genitor em tomar posse da condição de 
pai ou mãe. Mais do que isso, como também nas relações familiares o meta-princípio da boa-fé objetiva deve 
ser observado, a coerência comportamental é padrão para aferir a correção de atos comissivos e omissivos 
praticados dentro do contexto familiar”, afirmou o ministro. 
Em outro julgamento, a Terceira Turma negou o pedido de anulação de registro civil, formulado sob a alegação 
de que o reconhecimento da paternidade deu-se por erro essencial. No caso, o pai propôs a ação com o objetivo 
de desconstituir o vínculo de paternidade com filho, uma vez que o seu reconhecimento se deu diante da 
pressão psicológica exercida pela mãe do então menor. Após o exame de DNA, ficou comprovado não ser ele o 
pai biológico (REsp 1.078.285). 
Na contestação, o filho sustentou que o vínculo afetivo, baseado no suporte emocional, financeiro e 
educacional a ele conferido, estabelecido em data há muito anterior ao próprio registro, deve prevalecer sobre 
o vínculo biológico. Refutou, também, a alegação de erro essencial, na medida em que levou aproximadamente 
22 anos para reconhecer a filiação, não havendo falar em pressão psicológica exercida por sua mãe. 
Para o relator do processo, ministro Massami Uyeda, a ausência de vínculo biológico entre o pai registral e o 
filho registrado, por si só, não tem o condão de taxar de nulidade a filiação constante no registro civil, 
principalmente se existente, entre aqueles, liame de afetividade. 
Mudança de sexo 
O transexual que tenha se submetido à cirurgia de mudança de sexo pode trocar nome e gênero em registro 
sem que conste anotação no documento. A decisão, inédita, foi da Terceira Turma, em outubro de 2009. O 
colegiado determinou, ainda, que o registro de que a designação do sexo foi alterada judicialmente conste 
apenas nos livros cartorários, sem constar essa informação na certidão (REsp 1.008.398). 
A relatora do recurso, ministra Nancy Andrighi, afirmou que a observação sobre alteração na certidão 
significaria a continuidade da exposição da pessoa a situações constrangedoras e discriminatórias. 
Anteriormente, em 2007, o colegiado analisou caso semelhante e concordou com a mudança desde que o 
registro de alteração de sexo constasse da certidão civil (REsp 678.933). 
A ministra destacou que, atualmente, a ciência não considera apenas o fato biológico como determinante do 
sexo. Existem outros elementos identificadores do sexo, como fatores psicológicos, culturais e familiares. Por 
isso, “a definição do gênero não pode ser limitada ao sexo aparente”, ponderou. Conforme a relatora, a 
tendência mundial é adequar juridicamente a realidade dessas pessoas. 
Não é raro encontrar outras decisões iguais, posteriores a do STJ, na justiça paulista, por exemplo. Em maio de 
2010, a 2ª Vara da Comarca de Dracena (SP) também foi favorável à alteração de nome e gênero em registro 
para transexuais. Para o juiz do caso, estava inserido no conceito de personalidade o status sexual do indivíduo, 
que não se resume a suas características biológicas, mas também a desejos, vontades e representações 
 
Direito Civil I 
 
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psíquicas. Ele também determinou que a alteração não constasse no registro. 
http://direitocivil1universo.blogspot.com.br/ acesso em 03 de outubro de 2013. 
12/09/2013 
6 - Extinção da Pessoa Natural 
6.1 - Caracterização (na presença do corpo ou com a parte essencial deste, como a cabeça. Ocorre 
pela cessação dos sinais vitais ou cessação da atividade cerebral (morte encefálica, artigo 3 da lei de 
transplantes). 
6.2 – Consequências 
I – Encerramento do registro - ocorre efetivamente na confecção da certidão de óbito o que 
caracteriza o encerramento do registrode nascimento. 
II – Extinção do casamento e da união estável - este é automático no encerramento do registro de 
nascimento. 
III – Transmissão do patrimônio (Bens). É automático no encerramento do registro de nascimento, 
isso de modo abstrato, ou seja, antes do processo de inventário para partilha. 
IV – Abertura da sucessão (testamento) - deve ocorrer assim que o sujeito morre a fim de verificar o 
patrimônio herdado. É obrigatória até para quem não deixou bens. 
V – Extinção das obrigações personalíssimas “é o tipo de obrigação que só a pessoa pode cumprir”, 
não se extingue as dívidas, estas devem ser sanadas com os bens, se necessário. (Ex. Um show 
musical com um artista específico) 
VI – Enterro ou cremação - A família fica obrigada a cuidar do corpo e na falta de parentes o Estado 
fica obrigado. Neste caso o Estado não pode fazer a cremação, é ilegal. “A violação do corpo do 
cadáver é considerado crime de vilipendio”. São proibidos no Brasil enterro na água, no ar e 
mumificação como cerimonia de falecimento. 
6.3 - Morte Real 
6.3.1 - Verificação - São exames necessários para verificação dos sinais vitais e cerebral, 
necessariamente atestado por um médico. Obs. Quando o médico atesta causa da morte como 
desconhecida, deve-se aguardar 24h para o enterro. 
6.3.2 – Comoriência - é a presunção de morte simultânea quando não se pode determinar quem 
morreu primeiro. Morte simultânea de duas ou mais pessoas, quando não se consegue determinar a 
hora da morte de cada indivíduo para fins de herança, serve para determinar quem efetivamente 
tem direito a herança e que não existira herança entre ambos no caso de parentes. Art. 8º Se dois ou 
mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos 
outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. 
 
6.4 - Morte Presumida sem Decretação da Ausência - Art. 7º - “Pode ser declarada a morte presumida, 
sem decretação de ausência”: 
 
Direito Civil I 
 
André Teles Página 16 
 
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; 
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término 
da guerra. 
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de 
esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. 
6.5 – Morte presumida por ausência - Desaparecimento não habitual sem situação de risco 
6.5.1 – Caracterização 
6.5.2 – Requisitos - Desaparecimento Excepcional; Sentença Judicial 
6.5.3 – Fases 
I – Curatela dos Bens - quando não existe procurador, entrada após o desaparecimento, depende do 
tempo de entrada do beneficiário, o pedido depende do levantamento total dos bens. 
II – Sucessão Provisória - Um ano após a curatela 
III – Sucessão Definitiva - são dez anos de espera, daí se tem a morte presumida 
6.5.4 – Fase da curatela ou Curadoria 
6.5.5 - Hipótese de decretação - Sumiço - Sem procurador ou com procurador sem poderes 
suficientes. “Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver 
deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer 
interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador”. “Art. 23. Também se 
declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não possa 
exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes”. 
I - Poderes e funções do curador - “Art. 24. O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os poderes e 
obrigações, conforme as circunstâncias, observando, no que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores e 
curadores”. 
II – Nomeação - O juiz deve nomear um curador que vai administrar os bens com base no artigo 25 
CC. “Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois 
anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador”. 
 1o. incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o 
cargo. 
2o. Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos. 
3o. Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador. 
O Curador vai atuar como um tutor normal, deve recolher os bens, apresentar ao juiz e administra-
los. 
 
 
 
 
 
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6.5.5 – Fase da sucessão provisória 
I – O Artigo 26 CC estabelece o prazo para o curador que é um ano a partir da arrecadação dos bens 
ou três anos a partir do desaparecimento quando foi deixado um procurador. Passado um ano da 
publicação do primeiro edital ou três anos quando o ausente deixou representante ou procurador, 
sem que dele se saiba, poderão os interessados, respeitando a linha sucessória, requerer que se abra, 
provisoriamente, a sucessão. A sentença só produzirá efeitos 180 dias depois de publicada pela 
imprensa, mas logo que passe em julgado, proceder-se-á a abertura do testamento, se houver, ou do 
inventário e posterior partilha de bens devendo os herdeiros requerer os procedimentos. 
II – Prazo – Hipóteses de abertura. Um ano da arrecadação dos bens sem curador e 03 anos do 
sumiço com curador que pula a fase da curatela. Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do 
ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados 
requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão. 
III – Interessados – Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram interessados: 
I - o cônjuge não separado judicialmente; 
II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários; 
III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte; 
IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas. 
O cônjuge separado de fato, a mais de dois anos, mas não separado judicialmente, pode pedir a 
sucessão provisória. 
IV – Processamento - nomeia um curador, ver quais são os herdeiros, objetiva assegurar a 
preservação dos bens. “Art. 29. Antes da partilha, o juiz, quando julgar conveniente, ordenará a conversão 
dos bens móveis, sujeitos a deterioração ou a extravio, em imóveis ou em títulos garantidos pela União”. 
V – Garantia – ADC (acedente, descendente e cônjuge) não precisam deixar garantia para ter posse 
dos bens. “Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão garantias da 
restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos”. 
§ 1º. Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia exigida neste artigo, será 
excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a administração do curador, ou de outro herdeiro 
designado pelo juiz, e que preste essa garantia. 
§ 2o. Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua qualidade de herdeiros, poderão, 
independentemente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente. 
VI – Reaparecimento de boa-fé (Fruição dos bens) - Art. 33. O descendente, ascendente ou cônjuge que 
for sucessor provisório do ausente, fará seus todos os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os 
outros sucessores, porém, deverão capitalizar metade desses frutos e rendimentos, segundo o disposto no art. 
29, de acordo com o representante do Ministério Público, e prestar anualmente contas ao juiz competente. 
Parágrafo único. Se o ausente aparecer, e ficar provado que a ausência foi voluntária e injustificada, perderá 
ele, em favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimentos. 
 
Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depoisde estabelecida a posse provisória, 
cessarão para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, ficando, todavia, obrigados a tomar as medidas 
assecuratórias precisas, até a entrega dos bens a seu dono. 
 
 
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01/10/2013 
6.5.6 – Sucessão Definitiva 
I – prazo de dez anos a partir da abertura da sucessão provisória, quando a pessoa tem mais de 75 
anos pode se pedir a ausência, instalando a curatela ou esperar 5 anos e pedir a sucessão definitiva. 
A sucessão definitiva é o mesmo que a morte normal, porém é presumida. 
II – Reaparecimento – após a declaração da sucessão definitiva ainda restam 10 anos para o 
reaparecimento e reinvindicação dos bens. Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à 
abertura da sucessão definitiva, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os 
bens existentes no estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e 
demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo. 
 
6.5.6 – Fase da sucessão definitiva 
I – Hipóteses de abertura - Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a 
abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das 
cauções prestadas. 
Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta oitenta anos de idade, 
e que de cinco datam as últimas notícias dele. 
 
7.4.1. Caracterização - Sumiço em situação de risco. 
7.4.2 - Hipóteses (Art. 7º Inciso I e II do CC) - Ocorre quando a pessoa em situações de risco 
desaparece e depois de esgotadas as possibilidades de encontro presumisse a morte por ausência. 
7.5 - Morte Presumida por Ausência - Desaparecimento não habitual sem situação de risco 
7.5.1 - Caracterização – o simples desaparecimento da pessoa, sem haver indícios de risco à vida. 
“Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado 
representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer 
interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador”. 
7.5.2. Requisitos – Haver desaparecimento excepcional (fora do normal); Sentença Judicial (apenas 
com a declaração do juiz é decretada a ausência). Não existe prazo para requer do juiz a declaração, 
os prazos comumente conhecidos de 24 ou 48h são apenas a recomendação. 
7.5.3. Fases 
I – Curatela dos Bens - quando não existe procurador. Entrada após o desaparecimento, depende do 
tempo de entrada do beneficiário, o pedido depende do levantamento total dos bens. 
II – Sucessão Provisória - Um ano após a curatela, o curador administra os bens 
III – Sucessão Definitiva - são dez anos de espera, daí se tem a morte presumida 
 
Direito Civil I 
 
André Teles Página 19 
 
 
7.5.4. Fase da Curatela ou Curadoria 
7.5.2 - Hipótese de decretação – Sumiço sem procurador ou com procurador sem poderes 
suficientes. “Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver 
deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer 
interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador”. “Art. 23. Também se 
declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não possa 
exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes”. 
II - Poderes e funções do curador “Art. 24. O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os poderes e 
obrigações, conforme as circunstâncias, observando, no que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores e 
curadores”. 
III - Nomeação – o cônjuge tem a preferência, mas não quer dizer que aconteça o mesmo com um 
companheiro, neste caso depende da apreciação do juiz. O juiz deve nomear um curador que vai 
administrar os bens com base no artigo 25 CC – “Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja 
separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo 
curador”. 
 1º. Incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de 
exercer o cargo. 
2º. Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos. 
3º. Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador. 
O Curador vai atuar como um tutor normal, deve recolher os bens, apresentar ao juiz e administra-
los. Curatela dos Bens (quando não existe procurador), entrada após o desaparecimento, depende 
do tempo de entrada do beneficiário, o pedido depende do levantamento total dos bens. 
7.5.5. Fase da Sucessão Provisória 
I – Hipóteses de abertura (Prazo) - Uma ano da arrecadação dos bens sem curador e três anos do 
sumiço com curador que pula a fase da curatela - Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do 
ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados 
requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão. 
II – Interessados (Legitimidade) - Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram 
interessados: 
I - o cônjuge não separado judicialmente; 
II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários; 
III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte; 
IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas. 
III – Consequências – Procedimento: nomeia um curador, ver quais são os herdeiros, objetiva 
assegurar a preservação dos bens - “Art. 29. Antes da partilha, o juiz, quando julgar conveniente, ordenará 
 
Direito Civil I 
 
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a conversão dos bens móveis, sujeitos a deterioração ou a extravio, em imóveis ou em títulos garantidos pela 
União”. 
IV – Garantias dos Herdeiros (Para ter posse dos bens) “Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse 
dos bens do ausente, darão garantias da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos 
quinhões respectivos”. 
§ 1º Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia exigida neste artigo, será 
excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a administração do curador, ou de outro herdeiro 
designado pelo juiz, e que preste essa garantia. 
§ 2º Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua qualidade de herdeiros, poderão, 
independentemente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente. 
V – Fruição dos bens - Art. 33. O descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor provisório do 
ausente, fará seus todos os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os outros sucessores, porém, 
deverão capitalizar metade desses frutos e rendimentos, segundo o disposto no art. 29, de acordo com o 
representante do Ministério Público, e prestar anualmente contas ao juiz competente. 
Parágrafo único. Se o ausente aparecer, e ficar provado que a ausência foi voluntária e injustificada, perderá 
ele, em favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimentos. 
VI – Reaparecimento do ausente - Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois 
de estabelecida a posse provisória, cessarão para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, ficando, 
todavia, obrigados a tomar as medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos bens a seu dono. 
7.5.6. Fase da Sucessão Definitiva 
I – Hipóteses de abertura - Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a 
abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das 
cauções prestadas. 
Art. 38. Pode-se requerer a sucessãodefinitiva, também, provando-se que o ausente conta oitenta anos de idade, 
e que de cinco datam as últimas notícias dele. 
II – Consequências 
III – Reaparecimento do ausente - Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da 
sucessão definitiva, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens 
existentes no estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais 
interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo. 
Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar, e nenhum interessado 
promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, 
se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, quando situados em 
território federal. 
7 – Domicílio 
7.1 – Definição – não é o mesmo que residência, domicilio é a municipalidade, é o fórum e residência 
é a casa, o barraco, etc. Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência 
com ânimo definitivo. 
 
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7.2 – Domicílio x Residência – existem também o domicílio profissional ou exerce sua profissão. 
Domicilio residencial e profissional. Art. 72 
 
7.3 – Classificação 
7.3.1 – Quanto à pluralidade (quantidade) 
I – Único – 
II – Múltiplo - Art. 71 – residencial e Art. 72 profissional. É também domicílio da pessoa natural, quanto às 
relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. 
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para 
as relações que lhe corresponderem. 
 
III – Ocasional ou aparente – circense - Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha 
residência habitual, o lugar onde for encontrada. 
 
7.3.2 – Quanto à vontade 
I – Voluntário – geral (onde se escolhe) ou especial (quando por livre vontade as partes escolhem 
uma determinada comarca para dirimir as divergências) Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os 
contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes. 
 
II – Legal/ necessário 
 
Pessoa jurídica 
1 – Noção - Um grupo de pessoas que se reúne em função de um interesse comum. 
2 – Conceito - Grupo “humano” criado na forma da lei e dotado de personalidade jurídica própria 
para realização de fins comuns. Ente criado por lei e ao qual a mesma atribuiu personalidade, 
tornando-a sujeito capaz de direitos e obrigações. Deve ser registrada nos moldes da lei, de acordo 
com o tipo de sociedade e não pode ter atividade ilícita ou diversa da prevista em seu ato 
constitutivo. A pessoa jurídica é distinta da pessoa de seus sócios, possuindo personalidade, 
patrimônio e vida próprios, podendo exercer todos os atos da vida civil que não sejam privativos das 
pessoas naturais e podendo ser sujeito ativo ou passivo de delitos (exemplo: sonegação fiscal). Art. 40. 
As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado. Art. 69. Tornando-se ilícita, 
impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do 
Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo 
disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se 
proponha a fim igual ou semelhante. 
 
3 – Natureza 
a) Teoria da ficção - apenas regula um grupo humano, é algo teórico - É a teoria clássica, originada 
no Direito Canônico, com base no Direito Romano. Segundo ela, pessoa jurídica é mero fruto da 
imaginação, expediente técnico, sujeito aparente, sela qualquer realidade. As pessoas jurídicas não 
passam de projeção de nossa mente, de pura abstração. 
 
Direito Civil I 
 
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b) Teoria da realidade ou teoria voluntarista, que pode ser objetiva, defende a existência de tal 
pessoa e esta pode ser identificada, é visível e a teoria técnica reconhece a organização estrutural. 
(Um prédio, equipamentos) - A pessoa jurídica é tão pessoa quanto as pessoas naturais, do ponto de 
vista objetivo. No mundo há organismos vivos e organismos sociais. Os organismos sociais teriam 
vontade própria, expressão da vontade de seus membros. Essa vontade deve ser protegida pelo 
Direito, que regula, assim, as pessoas jurídicas, enquanto sujeitos dotados de vontade. O Direito não 
as criou. Apenas declarou e regulou sua existência. Elas têm vontade própria e existência autônoma. 
4 – Interesse como fundamento – o que caracteriza a personalidade é o reconhecimento 
que o direito dá ao interesse que algo ou alguém tem. 
5 – Autonomia 
- Negocial - tem que permanecer dentro dos limites da natureza do empreendimento. 
- Jurídica - 
- Patrimonial - Direitos e obrigações da pessoa jurídica não se confunde coma de seus membros. 
- Ente despersonalizado – são: sociedade em comum (antigo “de fato e irregular”), espólio, massa 
falida e condomínio. São categorias criadas com o objetivo de facilitar o exercício do direito, grupos 
que têm o mesmo interesse: preservar o patrimônio. 
10/10/2013 
6 – Pressupostos (existência) e requisitos (validade) 
6.1 – Vontade válida - é necessário a vontade e esta tem que ter validade. Não é possível um 
incapaz constituir uma pessoa jurídica, esta não teria validade 
6.2 – Objeto lícito - tem que ter um objeto e este tem que ser lícito 
6.3 – Organização pessoal e patrimonial suficiente - é necessário organização pessoal e patrimonial 
suficiente 
6.4 – arquivamento dos atos constitutivos na forma da lei. Arquivar é diferente de registro. O 
registro é feito no órgão competente, junta comercial, civil, etc. e o arquivamento é a junção do 
contrato firmado entre as partes com o registro e ambos ficam guardados ou arquivados no órgão 
competente. Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do 
ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder 
Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. 
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, 
por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. 
 
 
 
 
 
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7 – Pessoa jurídica X ente despersonalizado 
Sociedades Despersonalizadas - a personalidade da pessoa jurídica só existe a partir do registro do 
ato constitutivo. Antes deste, o que pode existir é uma entidade de fato ou sociedade de fato, pois, 
muitos grupos de pessoas se associam, sem o formal reconhecimento do Estado, para a prática de 
atos de comércio ou negócios jurídicos de várias naturezas, colocando em risco a estabilidade das 
relações negociais. 
Sociedade irregular - Alguns estudiosos do Direito não fazem distinção entre sociedade de fato e 
sociedade irregular, empregando ambas como expressões sinônimas. Preferimos aqueles que 
consideram a sociedade irregular como a entidade que padece de vício de formação, tais como: 
formada por pessoa incapaz, falta de autorização para funcionar, a forma contrariando a lei, fins 
contrários á moral e aos bons costumes. O Código Civil dedica um subtítulo para a sociedade não 
personificada. Art. 986 - Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por ações 
em organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente e no que com ele forem 
compatíveis, as normas da sociedade simples. 
Outras entidades despersonalizadas - Além dosentes apresentados, outros existem e mesmo 
tutelando interesses coletivos, não se revestem de personalidade. Entre eles podemos citar: o espólio, 
a massa falida, a herança jacente ou vacante, o condomínio, o grupo de consórcio e o grupo de 
convênio médico. 
Pessoa jurídica - São determinados coletivos a se atribui legitimação e legitimidade para exercer 
determinados direitos e agilizar determinadas ações no interesse de seus membros, porém em nome 
próprio. É um conjunto de pessoas ou de bens, dotado de personalidade jurídica e destinado a 
realização de um fim, ao qual o direito reconheça aptidão para ser titular de direitos e obrigações na 
ordem civil. 
8 – Espécies 
Pessoa jurídica de Direito público e Pessoa jurídica de Direito privado 
Pessoa jurídica de Direito público - exercem atividades que cabem ao Estado, como educação, 
saúde, segurança, assistência social, etc. 
Pessoa jurídica de Direito público interno – Administração Direta: União, Estados Membros, Distrito 
Federal, Territórios (não existe hoje, mas poderá ser criado e deve ser considerado), Municípios; 
Administração Indireta: Autarquias (DL 200/67), Associações Públicas (Lei 11.107/05) e Fundações 
Públicas (criadas por lei). 
Pessoa jurídica de Direito público externo - Organismos internacionais como a ONU, Cruz Vermelha, 
Unesco, outros Países, frutos de tratados internacionais ou reconhecidos. 
Pessoa jurídica de Direito privado - Espécies: associações - qualquer atividade sem fins econômicos, 
(é a junção de pessoas), fundações - qualquer atividade sem fins econômicos (é a junção de bens), 
sociedades - atividade econômica com o objetivo de lucro, partidos político - objetivo disputar 
eleições, organizações religiosas - promoção de cultos e afins para contato ou transcendência com o 
 
Direito Civil I 
 
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divino e eireli - empresa individual. Empresas públicas e sociedades de economia mista estão 
submetidas ao regime das empresas privadas (art. 173, § 1o, CR/88). 
A personalidade jurídica inicia-se com o registro de seu ato constitutivo. No caso de pessoa jurídica de 
Direito Privado, depende da vontade humana e, no caso de pessoa jurídica de direito público, são 
criadas pelo poder público (Constituição da República, lei especial, tratados). 
O local onde está localizada a sede da pessoa jurídica é o seu domicílio. No caso de pessoa jurídica de 
Direito Privado o local pode ser diverso, quando houver indicação em seu ato constitutivo (foro de 
eleição). 
A personalidade jurídica se extingue por lei, por vontade dos sócios, com baixa no registro, ou por 
sentença judicial. 
17/10/2013 
Corporações X Fundações 
8.1 – Associação art. 53 a 60 - (“universitas personarum”) – entidades sem fins lucrativos, que visam 
às atividades culturais, beneficentes ou esportivas, científicas, religiosas etc. Nas associações, o 
patrimônio é constituído por contribuição de seus membros, já que o interesse é exclusivo deles. Os 
membros da associação podem deliberar livremente, sempre em benefício próprio, ou seja, dos 
associados. Mesmo não tendo objetivo econômico a associação pode desenvolver alguma atividade 
lucrativa para investir o resultado nos objetivos e aprimoramento da própria instituição. 
O legislador civil estabeleceu no art. 53 o mais peculiar dos traços das associações que é justamente 
sua finalidade não-econômica. - “Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se 
organizem para fins não econômicos. 
Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos”. 
8.1.1 – Constituição 
8.1.2 – Função e finalidade 
8.1.3 – Ato constitutivo – dois tipos: contrato social ou estatuto social (art. 53, § único). Duas ou 
mais pessoas obrigam-se reciprocamente e o estatuto social é um instrumento negocial inicialmente 
firmado por duas ou mais pessoa que constituem uma pessoas jurídica assumindo obrigações, não 
entre si, mas perante a pessoa jurídica criada. Resumindo no contrato – assume obrigações perante 
os demais sócios; 
O Estatuto - De acordo com o CCB o estatuto da associação é a peça fundamental da entidade, 
expressando a vontade do seu corpo social e o modo de deliberação. A liberdade e disciplina na 
organização das pessoas jurídicas têm por limites o estabelecido na Constituição. O estatuto conterá 
sob pena de nulidade o previsto no Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá: 
I - a denominação, os fins e a sede da associação; 
II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; 
III - os direitos e deveres dos associados; 
IV - as fontes de recursos para sua manutenção; 
V - o modo de constituição e funcionamento dos órgãos deliberativos e administrativos; 
 
Direito Civil I 
 
André Teles Página 25 
 
VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução. 
 
Os associados - Estes não mantêm relação jurídica entre si, mas com a associação. Os direitos e 
deveres dos associados são definidos em lei e nos estatutos sociais. A associação segundo o art. 56 do 
Código Civil é, em princípio, uma entidade intuitu personae, pois declara que a condição de associado 
é intransferível, mas por ser uma norma dispositiva o estatuto poderá deliberar de forma diferente, o 
que permite classificar as associações em abertas e fechadas. Segundo preceito constitucional (art.5º, 
XVII e XX) é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar, mas 
ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado. - “Art. 56. A qualidade de 
associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário. 
Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da associação, a 
transferência daquela não importará, de per si, na atribuição da qualidade de associado ao adquirente ou ao 
herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto.” 
Os órgãos administrativos - A estrutura organizacional da associação, respeitados os preceitos legais 
de ordem pública, depende do conteúdo previsto no estatuto. A Assembleia Geral é o órgão máximo 
da associação, mas é muito comum que o estatuto autorize a criação de um Conselho Administrativo 
ou Diretoria e um Conselho Fiscal. O CCB cuidou de disciplinar o campo de atuação da Assembleia 
Geral ressaltando principalmente as suas características como órgão legislativo e deliberativo 
máximo, pois pode escolher e demitir os administradores, aprovar contas, alterar o estatuto e decidir 
sobre punições aos associados. Segundo o art. 59 traz as competências privativamente à Assembleia 
Geral. Art. 59. Compete privativamente à assembleia geral: 
I - eleger os administradores; 
II - destituir os administradores; 
III - aprovar as contas; 
IV - alterar o estatuto. 
Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os incisos II e IV é exigido o voto concorde de dois 
terços dos presentes à assembleia especialmente convocada para esse fim, não podendo ela deliberar, em 
primeira convocação, sem a maioria absoluta dos associados, ou com menos de um terço nas convocações 
seguintes. 
 
Dissolução da associação - Extinta a associação, deverá ocorrer a sua dissolução. Com a fase de 
liquidação serão levantados os ativos e os passivos, havendo saldo positivo, os bens e o patrimônio 
em geral terão o destino previsto no estatuto e, no caso de omissão estatutária, por deliberação dos 
associados serão entregues á instituição municipal, estadual ou federal, desde que seja análoga. Art. 
61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as 
quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será destinado à entidade de fins não 
Econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação

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