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RECURSO DE APELAÇÃO - ANDRE NUCLEO DE PRATICA JURIDICA

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UNIVAG – CENTRO UNIVERSITÁRIO – NÚCLEO DE PRÁTICAS JUDÍRICAS (NPJ) 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA ESPECIALIZADA DE FAMILIA E SUCESSOES DA COMARCA DE VARZEA GRANDE-MT.
PROCESSO N°: 5441.71.2003.8.11.0002 CÓDIGO: 59761
INVENTARIANTE: ANDRÉ APARECIDO DOS SANTOS 
INVENTARIADO: APARECIDO GOMES DOS SANTOS E OUTRO
ANDRÉ APARECIDO DOS SANTOS, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, por seu advogado que esta subscreve, conforme procuração anexa, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, tempestivamente, com fundamento no art. 994 a art. 1008 e especialmente art. 1009 a 1014 do Código de Processo Civil, interpor o presente RECURSO DE APELAÇÃO em face da sentença prolatada por este Juízo ás fls. 277 nestes autos em epigrafe, pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos.
Nestes termos, requer:
Que seja recebido e admitido o presente recurso, haja vista que estão presentes todos os requisitos admissibilidade.
Que o Apelado seja intimado para que, caso tenha interesse, manifeste-se e apresente as suas contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, na forma do art. 1.010, §1 do Código de Processo Civil.
Caso Vossa Excelência não entenda pelo cumprimento dos requisitos de admissibilidade legais, que seja estes autos remetidos ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso, fulcro no art. 1.010, §3° do Código de Processo Civil.
Que a presente demanda seja recebida em seu efeito suspensivo e devolutivo, na forma do art. 1.012 e 1.013 do Código de Processo Civil.
Que seja os autos encaminhado ao Egrégio TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MATO GROSSO.
Termos em que,
P. Deferimento.
Várzea Grande/MT, 23 de Maio de 2019.
AFONSO WINTER JUNIOR
OAB/MT 7.099
RAZOES DE RECURSO DE APELAÇÃO
PROCESSO N.: 5441-71.2003.8.11.0002 CÓDIGO: 59761
INVENTARIANTE: ANDRÉ APARECIDO DOS SANTOS
INVENTARIADO: APARECIDO GOMES DOS SANTOS E OUTRO
EGRÉGIA TURMA,
NOBRES JULGADORES.
A Recorrente, inconformada com a r. sentença proferida pelo juízo a quo, não encontrou alternativa a não ser utilizar do plano recursal, a fim de ter o Direito constitucional reconhecido.
Em Ação de Inventário, o d. Magistrado singular extinguiu o presente feito sem resolver o mérito por suposta desídia conforme citado abaixo.
O Magistrado “a quo” em sua sentença fundamenta sua decisão no seguinte sentido:
“Diante de inercia da Inventariante em promover os atos necessários ao deslinde do feito, e, considerando a impossibilidade do processo permanecer paralisado indefinidamente, não há alternativa a não ser a extinção do processo. Ante o exposto e por tudo mais que nos autos consta JULGO EXTINTO O PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO, com fundamento no art. 485, III, do Código de Processo Civil.”
Contudo, Excelências, o fato e extinção do feito indicado acima prejudica tão somente o Inventariante, o que não pode prosperar
DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE
O Apelante é parte legítima, com interesse sucumbencial, devidamente representado pelo seu Advogado, conforme se verifica, estando, portanto, preenchidos os pressupostos processuais objetivos e subjetivos de admissibilidade.
DA TEMPESTIVIDADE
Aduz o art. 1.003, §5° do Código de Processo Civil, o seguinte:
Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão.
(...)
§ 5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias. (Grifos nossos)
Contudo, o Código de Processo Civil, com a finalidade de igualar e equilibrar as relações processuais, trouxe consigo a benesse processual a qual permite, aos escritórios de prática jurídica das faculdades de Direito, reconhecidas na forma da lei, e às entidades que prestam assistência jurídica gratuita em razão de convênios firmados com a Defensoria Pública, gozar de prazo em dobro para todas as suas manifestações realizadas no processo. Vejamos:
Art. 186. A Defensoria Pública gozará de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais.
(...)
§ 3o O disposto no caput aplica-se aos escritórios de prática jurídica das faculdades de Direito reconhecidas na forma da lei e às entidades que prestam assistência jurídica gratuita em razão de convênios firmados com a Defensoria Pública. (grifos nossos)
Assim, diante do beneficio no que tange ao prazo em dobro, verifica-se que houve a devolução do prazo em 03 de abril de 2019, e sua efetiva publicação em 08 de abril de 2019, a qual o prazo final ocorrerá, excluindo os dias que não houve expediente forense, em 24 de maio de 2019.
Portanto, como se verifica, o presente recurso fora interposto antes mesmo de findar o prazo limite, sendo assim totalmente tempestivo.
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Por mais que nos autos consta a concessão do beneficio de Justiça Gratuita, cabe reforçar e ratificar que o Apelado não tem condições financeira de arcar com as custas recursais sem prejuízo ao sustento próprio e de sua família.
Devendo, portanto, ser mantido a gratuidade de Justiça nos moldes do art. 5°, inciso LXXIV, da Constituição Federal.
SINTESE DOS FATOS
O Apelante ora Inventariante é Herdeiro nos autos do processo em apreço.
No entanto, quando houve o nascimento dos autos, o Apelante era menor de idade, sendo, portanto, representado por sua Genitora a Sra. Valdecina Araujo da Silva qual figurou na demanda como inventariante, e assumiu a responsabilidade impostas por lei até que o Apelante pudesse atingir a capacidade plena de exercer os atos da vida civil e assumir os atos processuais que ocorreu no ano de 2012.
Assim, sua Genitora, respeitando o contraditório e ampla defesa, anuiu e efetivou o esboço de partilha apresentado as fls. 182 (Volume I), conforme manifestação às fls. 197 (Volume I), bem como por diversas vezes tentou localizar a representante do 2° Herdeiro para proceder com o pagamento mas não obtiveram êxito, haja vista que, as partes estavam, fora dos autos, caminhando para um possível acordo, conforme demonstrado as fls. 225 e 233 (Volume II).
Outrora, após o Apelante atingir sua capacidade plena de exercer os atos da vida civil, figurou como Inventariante da ação. Porém, por ter se passado alguns anos era necessário novas providencias em relação a partilha, sob o risco de ferir a igualdade entre os herdeiros.
No entanto, todos os pedidos relacionados as novas providencias foram indeferidas por este Nobre Magistrado, bem como o 2° Herdeiro está localizado em local incerto, inviabilizando assim a solução de forma mais célere.
Sem pensar, o Magistrado resolveu extinguir a ação por suposta Inercia do Inventariante ora Apelante, alegando que este não cumpriu com as determinações impostas. Sendo que, por diversas vezes, a parte autora demonstrou interesse processual pelo prosseguimento do feito.
Ante o exposto, a situação poderá acarrear prejuízo apenas ao Inventariante, vez que este não tem acesso aos bens do de cujus e tampouco se sabe sobre o paradeiro da parte contraria, dificultando a satisfação do objeto da ação.
DAS RAZOES DE REFORMA
Ocorre, Excelências, que a sentença singular não deve prosperar, visto que o inventário não se confunde a procedimento comum de litígio jurídico, devendo os autos, em caso de inercia, ser arquivado ou ter o inventariante substituído.
“Inventário. Extinção do processo sem resolução de mérito por abandono da causa (art. 485, III, do CPC). Inconformismo. Acolhimento. Conduta processual que não induz desídia. Hipótese, de qualquer forma, em que a paralisação do processo não enseja a extinção do feito, mas sim o arquivamento ou, se o caso, a remoção do inventariante. Precedentes. Prevalência da regra especial do art. 622, II, do Código de Processo Civil. Interesse público e dos demais herdeiros. Extinção inadequada. Recurso provido. (TJ-SP – APL: 07007683920118260020 SP Relator: Rômolo Russo, data de julgamento: 30/01/2019; 7ª Câmara de DireitoProvado, Data de Publicação: 30/01/2019)
INVENTÁRIO – EXTINÇÃO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO – PARALISAÇÃO DO PROCESSO POR FALTA DE JUNTADA DE DOCUMENTO ESSENCIAL – FALTA DE IMPULSO PROCESSUAL NÃO ACARRETA, NA HIPÓTESE, A EXTINÇÃO DO PROCESSO POR ABANDONO OU INÉRCIA, MAS APENAS SEU ARQUIVAMENTO – DESÍDIA QUE PODE, EM TESE, ACARRETAR A DESTITUIÇÃO DO INVENTARIANTE – PROCEDENTES DESTE E. TJSP – DECISÃO REFORMADA – APELA PROVIDO. (TJ-SP 00246322720128260566 SP, Relator: Theodureto Camargo, Data de Julgamento :17/05/2018, 8ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 17/05/2018).
APELAÇÃO. Ação de inventário. Indeferimento da petição inicial. Extinção do feito nos termos do arts. 321, § único e 330 IV, todos do CPC. Omissão na apresentação de documentos solicitados pelo juízo. Descumprimento da determinação. Omissão que pode ensejar a destituição do inventariante ou arquivamento do processo. A extinção do processo de inventário somente se admite em casos excepcionais, em benefício do interesse público. Decisão Reformada. REFORMADO. Recurso provido. (TJ-SP – APL: 10352181320168260002, Relator: Edson Luiz de Queiróz, Data de Julgamento: 19/02/2019, 9ª Câmara de Direito Privado, Data de publicação: 19/02/2019)”
Assim, percebe-se que a decisão do d. juízo singular foi irregular, visto que a sanção para a situação em tela é a substituição do inventariante e/ou seu arquivamento não a extinção da demanda, nos termos legais do Código de Processo Civil, vejamos:
Art. 622. O inventariante será removido de ofício ou a requerimento:
(...)
II - se não der ao inventário andamento regular, se suscitar dúvidas infundadas ou se praticar atos meramente protelatórios; (grifos nossos)
Outrossim, ordenamento processual admite a extinção do feito, sem apreciação do mérito, quando há inércia do demandante em promover as diligências e atos processuais a seu encargo, a teor do que dispõe o art. 485, III, do CPC/2015, contudo, tratando-se de inventário com bens a partilhar, ainda que configurada a inércia do inventariante, a providencia é descabida, tendo em vista o interesse público.
Afigura-se incabível a presunção de ausência de interesse processual da parte que deixa de impulsionar o processo, haja vista o inegável interesse da Fazenda Pública na continuidade do feito, a teor do disposto no artigo 155, I, da CRFB/88, já que a transmissão de bens causa mortis constitui fato gerador de tributo estadual.
Assim, a sanção cominada para a negligencia do Inventariante, a qual no caso não ocorreu, é tão somente a sua remoção, conforme estabelece os preceitos legais mencionados acima. 
De outra forma, quando há presença de demais herdeiros é necessário que estes também sejam intimados para que se manifestem antes da extinção, sob pena de anulação da sentença por manifesto error in procedendo.
Vejamos no caso em apreço, que o Magistrado agiu de forma equivocada ao extinguir uma demanda em andamento, vez que de forma alguma intimou os demais herdeiros para se manifestar acerca das determinações impostas ao processo, o que demonstra a prematuridade da sentença extintiva.
Os Magistrados dos Tribunais Pátrio Brasileiro têm aderido a esta linha de raciocínio, conforme será demonstrado nas Jurisprudências abaixo:
BENS A INVENTARIAR. INTERESSE PÚBLICO. EXTINÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. I- Em nosso ordenamento jurídico, a ação de inventário tem regramento especial, impondo o artigo 995 , inciso II , do Código de Processo Civil , que a inércia do inventariante enseja a sua remoção e não a extinção do processo, com fulcro no artigo 267 , II e III do mesmo diploma legal. II- A matéria relacionada à sucessão hereditária tem caráter público, sobretudo quando existem bens a inventariar, sendo, imprescindível, portanto, o prosseguimento do feito com a remoção do inventariante desidioso. III- Somente é cabível a extinção do processo de inventário sem a resolução de mérito nas hipóteses de inexistência de bens a inventariar ou de falsidade do atestado de óbito do autor da herança, o que não é a hipótese destes autos. RECURSO PROVIDO. SENTENÇA ANULADA. (Classe: Apelação,Número do Processo: 0000026-35.1978.8.05.0137, Relator (a): Heloísa Pinto de Freitas Vieira Graddi, Terceira Câmara Cível, Publicado em: 27/02/2015 )
EXTINÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. BENS A INVENTARIAR. INTERESSE PÚBLICO. EXISTÊNCIA. SENTENÇA TERMINATIVA. ANULAÇÃO. I – O processo de inventário ou arrolamento tem regramento especial e envolve interesse de caráter público, não admitindo que a inércia do arrolante enseje a extinção do feito sem resolução de mérito. II – A desídia do inventariante acarreta a sua remoção, a teor da regra inserta no artigo 995, II do mesmo Diploma processual. III – Anula-se a sentença que extinguiu o inventário, sem resolução do mérito, vez que patenteado está a existência de bens a inventariar e a necessidade de que o feito tenha o seu curso, com observância das regras processuais pertinentes. RECURSO PROVIDO. SENTENÇA ANULADA.
Desta forma, Apelo para os Doutos Desembargadores, que possam apreciar de forma mais técnica, como tem feito os seus colegas de profissão, a fim de anular a sentença e determinar o regular prosseguimento do feito na forma da lei.
DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer o conhecimento e provimento do presente Recurso de Apelação, a fim de anular a sentença, haja vista o error in procedendo, bem como possa conceder a manutenção da concessão dos benefícios da justiça gratuita, bem como determine o regular prosseguimento do feito nos termos legais.
Termos em que,
P. Deferimento.
Várzea Grande/MT, 23 de Maio de 2019.
AFONSO WINTER JUNIOR
OAB/MT 7.099
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